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Roteiro da aula

1. Definição
2. Histórico
3. Fatores que interferem na ação anestésica
4. Tipos de fibras nervosas
5. Mecanismo de ação dos anestésicos locais
6. Tipos de anestésicos locais
7. Relação estrutura-atividade
8. Propriedades físico-químicas
9. Classificação farmacocinética
10. Toxicidade dos anestésicos locais
Anestésicos locais - Definição
 São fármacos que inibem reversivelmente os processos
de excitação e condução do impulso nervoso ao longo
das fibras nervosas, sem produzir inconsciência.
 Os anestésicos locais são administrados por injeção
ou de forma tópica na área das fibras nervosas a
serem bloqueadas
 Dependendo da dose, os anestésicos locais
provocam paralisia motora.
Anestésicos locais
Injeções nas áreas onde
estão as fibras nervosas
que desejamos anestesiar

nervos
Nos dois casos, a droga
deverá difundir-se para
periferia dos nervos

A aplicação tópica é mais


aconselhada nas mucosas
Anestésicos locais - Histórico
 Nativos dos Andes – Mastigavam folhas de Erythoxylon
coca (Cocaína) – Dormência na língua
 Carl Koller (1884) – Cocaína como anestésico tópico
para cirurgias oftálmicas
 Halstead popularizou sua aplicação na infiltração e
anestesia.
 Substituição da cocaína (toxicidade e propriedades
estimulantes)
 Procaína – Substituto sintético da cocaína em 1905
ANESTÉSICOS LOCAIS
HISTÓRICO
POTENCIAL DE AÇÃO

•Despolarização da membrana

•Ativação dos canais de Na

• O estímulo é conduzido pela


despolarização seqüencial ao longo
no axônio

Queda na permeabilidade do Na e
aumento na condutância ao K →
Potencial de Repouso
MECANISMO DE AÇÃO
Bloqueio Reversível dos Canais de Sódio

Impedindo a condução do estímulo nervoso


MECANISMO DE AÇÃO
Fatores que interferem na ação
 Tamanho molecular
◦ Moléculas menores desprendem mais facilmente dos
receptores
 Solubilidade lipídica
◦ Atravessam a bainha de mielina
 Tipo de fibra bloqueada
◦ Fibras finas e de condução lenta: Efeito mais rápido
◦ Fibras grossas e de condução rápida: Efeito mais lento
 PH do meio
◦ Forma hidrossolúvel vs lipossolúvel
 Concentração do anestésico
 Associação com vasoconstrictores
◦ Prolongamento do efeito anestésico
ANESTÉSICOS LOCAIS
CLASSIFICAÇÃO DAS FIBRAS NERVOSAS
ANESTÉSICOS LOCAIS
1- Ações sobre os nervos: Os AL agem em todos os nervos
A ação depende do tamanho (diâmetro) e da mielinização

• As fibras menores (aferentes da dor) são bloqueadas primeiro


• As fibras maiores (tato e função motora) são bloqueadas
depois

2- Ações sobre outras membranas excitáveis:

• Junções neuro/efetoras (músculo estriado) são sensíveis as


ações bloqueadoras dos AL, mas sem um significado clínico
relevante.
• As ações sobre as fibras cardíacas tem importância (Lidocaína
possui ação antiarritmica).
Anestésicos Locais
• Sequência do bloqueio:
- Dor
- Frio
- Calor
- Tato e compressão profunda
- Função motora
Fármacos anestésicos locais
grupamento éster

Ésteres
 cocaína (fora do uso)
 procaína
 tetracaína (uso tópico) procaína
 benzocaína (uso tópico)

Amidas
 lidocaína grupamento amida
 prilocaína
 ropivacaína
 bupivacaína
lidocaína
 mepivacaína
Amina Terciária Anel Aromático
ÉSTER
GRUPO OU GRUPO
HIDROFÍLICO LIPOFÍLICO
AMIDA
ANESTÉSICOS DERIVADOS FÁRMACOS FACILMENTE
HIDROLISADOS
DE ÉSTERES
–Ésteres : hidrólise pela
A DURAÇÃO DO EFEITO colinesterase plasmática, e
ANESTÉSICO LOCAIS É CURTA metabólitos excretados na urina.

O CH3
H3C O
N H2N C
N
C O CH3
OH
PROCAÍNA
• Uso parenteral
O • Grupo amina aumenta a
COCAINA atividade anestésica
C
O O CH3
H
N C
• Uso tópico N
O CH3
• Causa dependência se injetada ou
injerida.
TETRACAÍNA
• SÃO MAIS ESTÁVEIS- grupo etilamina gera
metabolismo lento
ANESTÉSICOS LOCAIS
ESTRUTURA E FUNÇÃO
FÁRMACOS MAIS RESISTENTES
ANESTÉSICOS DERIVADOS À HIDROLISE
DAS AMIDAS
A DURAÇÃO DO Amidas : metabolizados por enzimas
EFEITO ANESTÉSICO É microssomais no fígado.
LONGA

O O
CH3 CH3
C N C N
N N
H H
CH3 CH3

PIRROCAÍNA
LIDOCAÍNA
• Impedimento estérico • Anelação gera restrinção conformacional
de grupos volumosos • Aumenta a potência do fármaco

Redução do metabolismo plasmático – eleva o tempo de meia vida plasmático


introdução de metilas
na posição orto – efeito orto

mudança da
função
éster-amida
RELAÇÃO ESTRUTURA-ATIVIDADE

• Potência: relacionada a solubilidade lipídica


• Latência: tempo para o início da ação. Depende da
proporção base não-ionizada / ionizada. Quanto
maior a quantidade de base não-ionizada mais
rápido é o início de ação
• Duração de Ação: relacionada à ligação com
proteínas plasmáticas
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS
LIPOSSOLUBILIDADE

ANESTÉSICO LIPOSSOLUBILIDADE POTÊNCIA


LOCAL
Lidocaína 366 1
Bupivacaína 3420 4
Ropivacaína 775 4
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS
GRAU DE IONIZAÇÃO

ANESTÉSICO pKa % IONIZADA INÍCIO


LOCAL EM pH 7,4 DE AÇÃO
Lidocaína 7,9 76 Rápido
Bupivacaína 8,1 83 Lento
Ropivacaína 8,1 83 Lento
Canal de Detalhes do
sódio
mecanismo de
Forma não-protonada ação:

A forma protonada
do anestésico local
liga-se
preferencialmente
ao canal de Na+ no
estado aberto e
inativo
Forma protonada
RELAÇÃO ESTRUTURA-ATIVIDADE
Meio Ácido
pH = 7,2
pKa = 8,1
B BH+
Ex: Infecção

Meio Alcalino
pH = 8,2

pKa = 7,8
B BH+
Ex: Adição de Bicarbonato
PROPRIEDADES FÍSICO-QUÍMICAS
LIGAÇÃO PROTEICA

ANESTÉSICO LIGAÇÃO DURAÇÃO APÓS


LOCAL PROTEICA INFILTRAÇÃO
Lidocaína 64 60-120’
Bupivacaína 95 240-480’
Ropivacaína 94 240-480’
ANESTÉSICOS LOCAIS
PROPRIEDADES FISICO-QUÍMICAS
ANESTÉSICO pKa % IONIZADO (EM COEFICIENTE LIGAÇÃO
pH=7.4) DE PROTEICA
SOLUBILIDADE
Início de ação
AMIDAS mais rápido
BUPIVACAÍNA 8,1 83 3420 95

ETIDOCAINA 7,7 66 7317 94

LIDOCAÍNA 7,9 76 366 64

MEPIVACAÍNA 7,6 61 130 77

PRILOCAÍNA 7,9 76 129 55

ROPIVACAÍNA 8,1 83 775 94


Início de ação
ESTERES
mais lento
CLORPROCAÍNA 8,7 95 810 -

PROCAÍNA 8,9 97 100 6

TETRACAÍNA 8,5 93 5822 94


Anestésicos locais – Duração da ação

Fármacos de curta duração Procaína

Lidocaína
Fármacos de ação média Prilocaína

Fármacos de ação longa Tetracaína


Bupivacaína
Etidocaína

Na prática podemos associar: um anestésico de inicio rápido de ação


com um de longa duração para manter o efeito anestésico prolongado

Lidocaína (1%) Lidocaína (1%) + Tetracaína (0,2%)

Início de ação (min) 2 2

Duração da ação (min) 120 270


ASSOCIAÇÃO COM VASOPRESSORES
(EPINEFRINA)

Diminui absorção sistêmica

✓Diminui toxicidade
✓Aumenta duração de ação

CONTRA-INDICAÇÃO: EXTREMIDADES
ANESTÉSICOS LOCAIS
FATORES QUE INFLUENCIAM A ATIVIDADE DOS ANESTÉSICOS LOCAIS: adição
de adrenalina

DROGA AUMENTO REDUÇÃO DOS DOSE/CONCENTRA


DA NÍVEIS ÇÃO DE
DURAÇÃO SANGÜÍNEOS ADRENALINA
BUPIVACAÍNA +- 10-20 1:200000

LIDACAÍNA ++ 20-30 1:200000

MEPIVACAÍNA ++ 20-30 1:200000

ROPIVACAÍNA -- 0 1:200000
Efeitos adversos do
anestésico local
Ações cardiovasculares:
- Redução da frequência cardíaca
- Colapso cardíaco - reanimação cárdio-respiratória deve
estar ao alcance

Ações centrais:
- Ansiedade com tremores, euforia, agitação
- Convulsões
- Depressão respiratória (em doses elevadas)

Outras:
- Reações alérgicas
TOXICIDADE DOS ANESTÉSICOS LOCAIS
C < Gosto metálico na boca
O Zumbido
N Distúrbios visuais
C
Contrações musculares
E
N Convulsões
T Inconsciência
R
A Coma
Ç Depressão respiratória
Ã
O > Depressão cardiovascular
NEUROTOXICIDADE
Bloqueio de fibras Bloqueio de
inibitórias no fibras inibitórias e
córtex cerebral excitatórias

CONVULSÃO DEPRESSÃO
GENERALIZADA
DO SNC
CARDIOTOXICIDADE
EFEITOS CARDÍACOS DOS AL

✓Ação central sobre o SNA


✓Ação periférica sobre o SNA
✓Potente efeito vasodilatador direto
✓Ação direta sobre o miocárdio
✓Ação na eletrofisiologia cardíaca
TOXICIDADE RELATIVA AO SNC E RELAÇÃO DE DOSE
NECESSÁRIA PARA TOXICIDADE AO SCV versus DOSE PARA
TOXICIDADE AO SNC DOS ANESTÉSICOS LOCAIS

ANESTÉSICO TOXICIDADE TOXICIDADE


LOCAL SNC SCV
Lidocaína 1,0 7,1
Bupivacaína 4,0 8,0
Levobupivacaína 2,9 5,8
Ropivacaína 2,9 6,4
Etidocaína 2,0 8,8
Prilocaína 1,2 3,7
Procaína 0,3 1,1
Efeitos adversos do
anestésico local
8 Bupi
Levobupi
Concentração Sérica em

7 Ropi
Ovelhas (mcg/ml)

6
5
4
3
2
1
0
Convulsão Hipotensão Apnéia Colapso
Circulatório
ANESTÉSICOS LOCAIS
TOXICIDADE: CARDIOVASCULAR-prevenção

 Limitar a dose total e lentificar sua absorção.


 Evitar bupivacaína.
 Manter ventilação e oxigenação.
 Bloquedores do canal de cálcio fornecem proteção.
 Midazolam aumenta o limiar para a cardiotoxicidade
e diminui sua letalidade
Efeitos das Patologias na
Farmacocinética da Lidocaína
VDss Clearence T½
L/Kg L/Kg/h h
Normal 1,32 10 1,8
Insuficiência
0,88 6,3 1,9
Cardíaca
Doença Hepática 2,31 6,0 4,9

Doença Renal 1,2 13,7 1,3

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