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Gênero, raça, cor... Interseccionalidades.

A Justiça e suas ilusões


como fatores de risco

Professora Doutora Gislene Aparecida dos Santos


Universidade de São Paulo (USP)
O duplo
• O uso dos temas gênero,
interseccionalidade, raça, racismo
estrutural
• O estranhamento ao ouvir nossas
falas ditas por pessoas que
demonstram pouco interesse em
efetivar medidas que transformem
a exclusão por raça, gênero, cor,
deficiência

https://alias.estadao.com.br/noticias/geral,nova-traducao-de-sigmund-freud-atualiza-conceitos-
estabelecidos,70002841266
A ilusão e o mito das cavernas

• A razão versus as ilusões


• O canto das sereias – a razão é o nosso mastro
• A razão contra os sentidos que nos enganam
• Cogito ergo sum – o método para uma razão que encontra a verdade
Toda a epistemologia moderna proveio da
construção da ideia de que haveria um centro
de observação do mundo que seria neutro,
não etnizado, universal, não localizado.
Um ponto a partir do zero no qual não se era
A hybris do observado, mas poderia ser observado sem
ser visto.
ponto zero
É um tipo de conhecimento que eleva
pretensões de objetividade e cientificidade
partindo do pressuposto de que o observador
não faz parte do que é observado.
Ver sem ser visto
Hybris do ponto zero e o desprezo pelo
corpo como fonte de conhecimento

Hybris do ponto zero é mais


É um desprezo do ato de
do que o desejo de ver sem
ver e do ser visto
ser visto

Um desprezo pelo fato dos


Um desprezo do corpo e da corpos serem
corporificação inelutavelmente entidades
situadas e contextualizadas
Razão situada e horizontes
interpretativos

• A razão é situada - É a inscrustação do


conhecedor no mundo com suas preocupações,
objetivos que revelam o mundo para ele.
• A razão existe para nós somente em termos
históricos concretos.
• O processo de entender algo se dá via as
experiencias pessoais por meio das quais
oferecemos sentidos às coisas
Silenciadas
• Vemos e pensamos tanto
quanto nosso corpo nos
permite experimentar
• A razão é situada e
moldada pela
experiência
• As identidades sociais de raça e gênero operam
inelutavelmente por meio de suas marcas
corpóreas
• Raça e gênero são tipos sociais de entidade que
tem seus significados construídos por meio de
conceitos culturais disponíveis, valores e
experiências vividas
• Identidades sociais não pode ser analisadas
adequadamente sem atenção ao papel do corpo
Corporificação como identidade visível .
• A Visibilidade possibilita entender como raça e
gênero operam no mundo social por meio da
alocação de papéis e de estruturas de interações.
• As identidades sociais são fundamentais para
determinar o tipo de mundo que cada indivíduo
habita: se eles experimentam um mundo como
hospitaleiro, amigável, crítico, cético, incomodo
ou frio.
Visibilidade da raça – Etiquetas raciais

• As etiquetas raciais são modos de explorar como a raça opera pré-conscientemente na


interação, no falado e não dito, nos gestos, afetos, posições, para revelar a riqueza do
conhecimento implícito nos corpos dos sujeitos.
• Cumprimentos, apertos de mãos, escolhas feitas sobre de quem se aproximar
espacialmente, tom de voz, tudo revela os efeitos de uma consciência racial e as premissas
de uma solidariedade ou hostilidade associada a ela. Isso é muito presente em julgamentos
• A etiqueta racial orienta a percepção do eu racializado, do eu genderizado. Como percebemos
as diferenças raciais e como esses conhecimentos ficam impregnados no corpo
Imagens de controle
• As imagens de controle são definidas por Patricia Hill Collins = modos de categorização e
hierarquização de mulheres negras em sociedades racistas e sexistas
• Essas imagens definem o modo como a sociedade imagina que as mulheres devam se
portar como se oferecerem roteiros de condutas, modos de construir e guiar a
imaginação e as práticas, as etiquetas sociais e raciais
• Imagens de controle
• A mula é mulher que trabalha como um animal , compulsoriamente e sem reclamar.
• A jezebel (ou a mulata no Brasil) é uma mulher hiper sexualizada lida enquanto uma
máquina sexual,
• A mammy (ou a mãe preta, tia Anásticia) é a empregada doméstica leal aos seus
empregadores que dedica sua vida ao emprego e a fornecer cuidado e conforto para os
brancos,
• A black lady é a mulher negra que abandona a perspectiva de construção de uma família
negra em prol de uma carreira em altos cargos.
• A mulher raivosa (lacradora, ativista, encrenqueira)
Etiqueta racial e imagens de controle
Modos como os negros são vistos e representados

A visibilidade da raça
Sistemas de justiça e suas ilusões

Riscos dessas ilusões

• Imparcialidade
• Isenção
• Não diferenciação
• É possível ser
imparcial???
É possível a todos pensar como
um negro?
É possível a todos pensar como um
subalterno?

É possível pensar como alguém que não se


é a partir de uma história que não viveu?

Como alargar nossos horizontes


interpretativos?
Nova conceituação de imparcialidade

Imparcialidade alcançada Imparcialidade com diversidade


considerando diferentes perspectivas
• Temos que considerar os riscos dessas
ilusões
• Observamos o aumento do uso dessas
expressões racismo estrutural,
interseccionalidade, justiça racial e de
gênero, diversidade
Risco dessas • Mas não basta usar as palavras sem
ilusões alterar as práticas e políticas:
• Não enxergar o feminicídio
• Não enxergar o racismo
• Não enxergar qualquer violência
associada a raça, cor, gênero, etnia,
deficiência
Temos que implementar
políticas públicas

As palavras são vazias se não forem acompanhadas por:

Politicas públicas

Letramentos

Ações afirmativas

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