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GUA DO CATEQUISTA | (07 anos) Mons. Alvaro Negromonte, 1950 www.catequesecasa.wordpress.com _ INDICE GERAL Guia DO CATEQUISTA MARA O MEU CATECISMO — Ie ANO) Introdugao Observacées importantes Primeira Aula Deus Sinal-da-Cruz Deus é nosso Pai Falar com Deus Jesus Nossa Senhora Uma Visita a Igreja O Menino Jesus Noite de Natal Os Reis Magos A Sagrada Familia Jesus e as Criancas O Batismo de Jesus O Bom Jesus Jesus morreu na Cruz Deus O Meu Batismo As Promessas do Batismo Deus em Nés Os Amiguinhos de Jesus Para me confessar Jesus na Héstia A Santa Missa Est4 chegando o dia Minha Vida Crista Car www.catequesecasa.wordpress.com Vaticano, 30 de dezembro de 1950 Reverendo Padre, Por intermédio dos bons of icios do Exmo. Sr. Nicio Apostélico, o Santo Padre recebeu a devota homenagem de algumas de suas obras catequeticas. Tenho prazer, agora, de comunicar a V.Reva. que o Agusto Pontifice dignou-se nao sé aceitar este preito filial, mas também apreciay a sua nobre tarefa, cujo fim primordial ¢ oferecer ds criangas e & juventude uma visio clara da doutrina e da moral cristas. Nada mais perigoso ha, de fato, do quea ignorancia religiosa, porque corrompe areta nogdo de Deus e da Igreja e dos deveres do homem para com Deus, para com o préximo e para consigo mesmo. Com raziio, escreveu V. Reva.: a base de todaa formacio veligiosa sblida éa edu- cacao crista, porque o estudo do catecismo nao é sé instrucao, mas também e sobre- tudo formagao espiritual; nao é sé luz paraa inteligéncia, mas também calor para 0 coracio, a fim de que o cristdo, com a graca de Deus, dirija as suas agdes para o bem e viva, com conhecimento e amor, de acordo com a sua Fé. Sua Santidade, congratulando-se pela sua atividade no campo literario eno do Apostolado como Diretor do Ensino Religioso na Arquidiocese do Rio de Janeiro e em penhor de celestes favores sobre a sua dupla e santa missao em prol das crian- cas ¢ da juventude, concede, de todo 0 coragao, a Vossa Reveréncia a Béngao Apos- tolica. Com a maior consideracéo, me subscrevo De Vossa Reveréncia muito dedicado no Senhor Revmo Sr. Pe, Alvaro Negromonte Diretor do Ensino Religioso Rio de Janeiro INTRODUCAO Resisti muito a publicagiio de um "Livro do Mestre" para o MEU. CATECISMO, porque penso que nada substitui o mestre bem preparado, e desejo acima de tudo catequistas bem formados doutrinaria, pedagogica e espiritualmente. Terminei vencido pelas insisténcias, principalmente dos parocos e bispos que precisam de um instrumento imediato para facilitar e melhorar a catequese, sem descuidar emboraa preparagao dos catequistas, obra de mais fdlego e tempo. $6 0 bom mestre pode vivificar o livro (que ¢ morto) ¢ animar a aula. Por mais queo livro faca, conta sempre com o professor, que o estudara, 0 animard, dando- -lhe movimento, colorido, entonagao, calor, vida! Conto sempre com a alma do cate- quista, seu esfor¢o, seu cuidado em preparar as licdes, sua inteligéncia em interpre- tare adaptar 0 que aqui deixo escrito. E para maior seguranga, conversamos um pouco. O MEU METODO $6 os que conhecem um método sao capazes de utilizd-lo devidamente. Meus textos obedecem ao "método integral’, que denominei assim porque ele leva a crianga a praticar integralmente a vida crista. lmporta conhecé-lo. Suas caracteristicas 1). O meu método, ou "método integral" é& Indutivo: Parte do facil para o dificil, do conhecido para o desconhecido, do simples parao complexo, do concreto parao abstrato; Expositivo: Narva os fatos, expde a doutrina, faz a crianga dizer com palavras suas 0 que entendeu - e sé no fim da alguma pergunta com a resposta a decorar, depois de bem entendida; Evangélico: Baseia-se no Evangelho, fazendo conhecer a vida e sobretudo a Pessoa de Jesus, para amé-la e imita-la. 2). Tem um "esquema de lig&o" que ¢ 0 seguinte: a). Histéria b). Doutrina c). Formacao Ea Formacao consta de (4) quatro pontos: 1). dever; 2). conselho; 3). apostolado; 4). liturgia. Preciosas particularidades CSD Neste esquema ha pontos essenciais. Assim: a). A “histévia ¢ sempre do Evangelho" (wm fato ou uma parabola), para ligar a crianca A vida e & Pessoa de Cristo (muito mais do quea doutrina, porque criancas e pessoas simples se prendem antes As pessoas que ds ideias); b). A "doutrina" é uma ideia s6 em cada aula, porque: - as criancas sé tém capacidade para aprender pouca coisa de cada vez; - elas so por si mesmas dispersivas, e nds devemos concentra-las, e nado dissi- péclas; - -finalmente, nao é necessério ensinar muita coisa as criangas, mas sim ensinar bem o queé essencial, e encaminhar para as praticas fundamentais da vida crista. c).A "formacao" é a suprema preocupacao da catequese: nosso maior cuidado é formar o cristao, e tudo deve ser encaminhado para isto, em aula e fora de aula. Nao basta saber o catecismo: é preciso praticd-lo. O homem pode saber todo o catecismo e condenar-se, se ndo o pratica. Importa ensinar a doutrina, porém importa mais fazervive-la. Notemos ainda que tudo isto forma uma unidade: a "doutrina'’ sai da "hist6via’; a "formagao' sai da "doutrina". Por isto, a "histéria" é contada de modo orientado para a 'doutrina'; e em torno desta se retinem os quatro pontos da "formacio" Tudo em estreita relacao, como raiz, caule e flor, nas plantas. Unidade perfeita, como quer a psicologia infantil. Formagio Integral 1). Queremos formar o cristao perfeito. Para isto, s6 uma formacao integral. Ea formacao integral é aquela que inclui: a). dever; b). conselho; c). apostolado; d). li- turgia. S6 esta é a formacio perfeita do cristao. 2).De fato: a). cumprir o dever é fundamental: 0 minimo que se exige de um homem; mas nao é a perfeigao: é 0 minimo; b). a perfeicao exige que, além do dever, o homem pratique também o que é apenas conselho; o) E ficando sé nisto, o homem se fecharia em si, caindo no individualismo, que é mais que imperfeicio, ¢ erro, pois nds temos obrigacao de cuidar do proximo: obri- gacao do apostolado; Cea d). finalmente, como membros da Igreja, somos obrigados a participar de seus atos, como cada membro participa da vida do corpo: é a liturgia. Temos entao: {ir Individ: rndividal fr, Formagio integral {ves {ve Este é 0 tinico esquema que abrange toda a vida crista. Por isso, chamei o meu Social método de "método integral’. E cada aula tem de realiza-lo, sob pena de ser incom- pletae falha. Dadaa importancia da formagio, para que ela encaminhe ao catequista todos os seus cuidados: - Dé as aulas de maneira "vital", orientando a doutrina para avida; - Acompanhe cada um de seus alunos, para ver se estiio vivendo cristamente; - Dé-lhes 0 exemplo de uma boa vida crista; - Retina-os para participacao de atos religiosos, principalmente da Santa Missa; - Oriente-os para uma associacao religiosa, que facilita a perseveranca e 0 pro- gresso nas coisas espirituais; - Reze sempre por eles, que muitas vezes mais conseguimos no genuflexdrio que na sala de aulas. Somente assim podemos: Firmar bem o que for ensinado; Voltar com frequéncia aos temas essenciais; Fazer os alunos penetrarem-se deles, criando convicgdes para toda a vida; Concentrar a formacao em torno dos pontos essenciais da doutrina. A ligéo em Meu Catecismo Cada ligao dos meus textos primarios contém, pois:1). Histéria; 2). Doutrina; 3). Formagao: com: a). dever; b). conselho; c). apostolado; d) liturgia. Ela se desenvolve em duas partes: 1). Uma leitura, na qual estao a "Histéria" e a "Doutrina”’ (algumas vezes também algum ponto da formacao); 2). Os exerecios, nos quais estiio os quatro pontos da "Formacio" (ou somente (2) dois ou (3) trés, quando os outros aparecerem nas leituras). E por isso que a ligdio de Meu Catecismo s6 é completa, quando é dada na tnte- gra. Desprezar os exercicios seria ficar s6 na instrucio, inutilizando 0 método, e alids a propria catequese, cuja finalidade éa formagao do cristio. Por fim, vém também umas poucas perguntas com as respostas para o aluno decorar. Mas nao esqueca que elas so ponto de chegada, e nao de partida: por isso é que esto no fim da lig&o. Nunca devemn ser decoradas sem ser entendidas. E nado constituem trabalho essencial do aluno: o essencial parao aluno é entender a dou- trina e p6-la em pratica. Adaptar-se a crianca De acordo com os mais modernos principios pedagdgicos, procura o meétodo in- tegral reduzir tudo a unidade, simplificando o mais posstvel todos os elementos da aula: a). Simplifica a "Histéria’: conta o episddio, apenas o que interessa a ligdio do dia, orientando-a para a doutrina; b). Simplifica a’Doutrina': no sentido de dar em cada aula uma ideia sé, 0 que facilita a aprendizagem, penetragao e memorizacao; c). Simplifica a "Formacao": porque os quatro pontos se unem em torno da ideia central, formando um todo, 2). Para simplificar tudo ainda mais, toda a "Formagao" se reduz A graca: viver e crescer na graca (dever e conselho), fazer que os outros vivam e crescam nela (apostolado), 0 que tudo melhor se consegue pela liturgia. Em torno deste pensamento, se juntam uns poucos elementos, poucos e con- céntricos, para nao dispersarmos ainda mais as criancas. Elementos essenciais da formacao 1). O estado de graca: E o centro de tudo; no terreno individual, porque é a es- séncia da vida crista, e a santidade consiste em viver e crescer nele; no terreno apos- tdlico, porque o que a acao catdlica procura é fazer com que todos vivam e cresgam na graca divina. E natural que seja ele uma preocupacao constante na catequese. Cea 2). Os mandamentos: Sao condigdes para viver na graga: "Se queres entrar na Vida, observa os Mandamentos". Viola-los em ponto grave, sem motivo suficiente, é pecado mortal: dai a necessidade de firmar as criangas na sua observancia. Entre eles, destacamos a Missa de Preceito, por sua importancia como culto a DEUS, pela facilidace com que a perdem entre nds, e porque nela se encontra poderoso meio de perseveranca na fé ou de conversio (a pregarao). Faremos da Missa de domingo uma das mais sérias preocupacies de nossa catequese. 3). Frequéncia nos Sacramentos: Sao meios eficazes e primordiais da graca: a Confissao e a Comunhao. Enquanto o ensino diz para qué e como nos confessamos eas condigdes para comungar, os cuidados da formagao orientam para a frequén- cia consciente destes dois Sacramentos. 4). Oracao: Essencial elemento de vida cristd. Nosso cuidado é: firmar o habito da oragdo da manha e da noite; estender avida de oracdo as finalidades mais eleva- das desta (adorar, agradecer, propiciar) ; orientar para a oracao espontdnea e liber- tar nossa gente dos livros de reza, dar sentido vital & oragao. 5). Unido a Igreja: Somos cristos na medida em que nos unimos & Igreja: a seu ensino, a seu governo, a sua hierarquia. Fazer com que se aceite o que é da Igreja, nao porque se compreende, mas porque éda Igreja. Respeito, acatamento, estima. Aceitar 0 que ela aceita; repeliro que ela repele. Trabalhar pela Igreja. 6).A Liturgia: Entra aquiem cheio, como culto da Igreja. Fonte primeira davida crista, deve ser valorizada na vida de cada um de nds. Valorizar a vida sacramental: no sé os Sacramentos que se repetlem (Confissio e Comunhio), mas também os que recebemos uma sé vez (para a crianga: Batismo e Crisma). Inserir a Missa em nossa vida, de modo consciente e sdlido. A beleza do culto. O amor e 0 uso dos Sa- cramentos. 7). Deveres de Estado: Constituem a vida de cada um de nés. Sem eles, imposst- vel agradar a DEUS. Neles nos santificamos, porque sao o que DEUS quer de nés em particular. Evitar a tendéncia de certa 'devogao" muito preocupada com atos re- ligiosos, mas descuidada dos deveres de estado. 8). Apostolado: Orientar para a caridade fraterna, em todos os seus aspectos: material, moral, espiritual. Fazer isto de maneira profunda, como decorréncia na- tural da condigio de cristao, e niio como um supérfluo, um favor... a Deus, ao proxi- mo. Insistir na caridade espiritual (A.C.) e nas Missdes, pois é triste que 60% da humanidade sejam ainda pagaos. Este guia do catequista £ um auxiliar do calequista: no pretende substitu(-lo, mas ajudélo, Facilita o trabalho, mas nao o dispensa. Mesmo com ele mio, para ser eficiente, ocatequista continua obrigado a: - estudar sempre a religio; - preparar cuidadosamente as suas aulas; - arranjar o material didatico necessario; - fazer as adaptagées intelectuais e espirituais indispensaveis. O que contém As ligdes aqui estado dadas, na integra! Como se fosse posstvel 0 catequista dizé- -las por inteivo aos alunos... Mas, repito, isto é apenas para facilitar 0 trabalho do mestre. Veja o livro: cada ligdo contém: Doutrina para o calequista Esquema da lig&o Revisao da aula anterior Explanagao Resumo Exercicios para casa Como usar este livro 1). Veja a "doutrina para o catequista" e siga suas indicagées: - leia o texto da "histéria" no proprio Evangelho, para sabé-lo bem, e observe como ele deve ser "ovientado' para a aula; estude um pouco da doutrina indicada, para dar mais se- guranca a si mesmo (embora sé tenha de ensinar o que aqui se encontra). 2). Fixe bem o "esquema da licao' - Leia a ligdo toda, tal como estd no Meu Cate- dina; procure nela os portos indicados no eequema, a finde tornara aula mais pessoal, e mais consciente a aplicagéo do método. 3). Leia a "explanacao', para ver: - 0 que pode aplicar tal como esta e o que deve modificar de acordo com a capa- cidade dos alunos; - qual o material que deve utilizar nesta aula; - e sobretudo como foi conduzida a aula em busca da sua unidade. Cea 4). Dé a maxima importéncia aos "exercicios para casa, porque eles servem para: - manter o interesse das criancas pela aula do catecismo; - levar para a familia a preocupagao religiosa, desgracadamente esquecida em rauitos lares. A boa aula Tudo isto feito, vamos & aula, que mais que qualquer outra, tem de ser uma boa aula. Do contrario, as criangas se desgostarao do Catecismo e, em consequéncia, da propria Religiao, caminhando para o indiferentismo religioso, tornando-se catdli- cos de nome... 0 que tem sido nosso grande mal. Procure empregar os meios que fazem uma aula agradavel. Vejamos alguns: 1). Dé explicagées claras: Que todas as criancas entendam o que é ensinado. Nao deixe nada mais ou menos compreendido: seria um perigo; tudo muito bem entendido! Repita as explicacdes, tantas vezes quantas for necessario. Ajude cada um a resolver as suas dificuldades intelectuais ou morais. Recomen- de sempre o estudo da licdo, como esta no livro, para fixar bem. 2). Fale com moderagiio: Nem alto nem baixo, nem lento nem precipitado, mas que todos ougam e enten- dam; module a voz, animando-a quando conta as histérias, para dar vida ao que diz, para traduzir melhor os sentimentos que exprime. E fale pouco de cada vez. Lembre-se de que 0 professor primario que fala mais de 2 minutos sozinho corre 0 risco de ficar falando sozinho... As criancas se cansam endo prestam mais atencdo ao que diz o professor! 3). Conserve a calma: - na voz, nos gestos (mesmo quando forem mais animados), no corpo (atitude digna, sem afetacao), nas perguntas, e principalmente quando for necessario ad- vertir, repreender ou mesmo castigar (0 que sé muito raramente aconteca). Isto contribui imensamente para manter calma também a turma, nos momentos em que elase anima um pouco mais, ou mesmo se indisciplina. Cea 4). Movimente os alunos: -mande escrever no quadro-negro e nos cadernos: quando o livro fala em escre- ver no quacro, pode ser a crianca, conforme o caso; dé-lhes pequenas tarefas, prin- cipalmente os mais inquietos (que precisam de movimentar-se): apagar 0 quadro- -negro, distribuir o material, segurar 0 quadro, tirar as oragées etc; - faga perguntas: de modo claro e breve, com toda a classe e siléncio (que é para ouvirem todos 0 que se pergunta), dando tempo a resposta; - dirija. a questao a toda a classe, e s6 depois chame um aluno para respondé-la; -tenha também o cuidado de interrogar 0 maior ntimero de alunos (e nao se re- duzir a um pequeno grupo, e sempre o mesmo); -mande desenhar, ora no quadro-negro, ora em folhas separadas, que depois serao coladas no caderno. 5). Faga verificagao: - contada a “histéria", mostre a gravura (ou um quadyo) e mande contar o que ouviram. Assim se verifica se eles aprencderam bem, podem-se corrigir os enganos, e, ainda mais, da-se ocasiao para a formulacao propria (que ¢ excelente para afixa- cao da matéria aprendida); - dada a "doutrina’, verifique de novo, interrogando varios alunos, para ver se entenderam, e se sabem dizer com suas palavras 0 que ouviram; - faga 0 mesmo com os varios pontos da "formagao", a fim de deix4-los bem claros e bem fixados. 6). Quebre a rotina: - dé, de quando em quando, uma aula "diferente": marque uma. sabatina; faca um teste de matéria dada; organize um pequeno 4lbum de santinhos, sobre a ma- téria dada (o que é boa maneira de recapitular); realize um pequeno concurso com perguntas feitas pelos alunos; uns aos outros (com pequenos prémios aos vencedo- res); promova uma competigao com alunos de outra classe; - faga recapitulagdes através de canticos apropriados; - leve as criangas a uma igreja, para um ato religioso, também previamente pre- parado, de carater infantil e pedagégico: Missa especial para criancas, Via-Sacra (6tima recapitulagdo das aulas sobre a Redengao, Paixao e Morte de Jesus), Hora Santa Infantil (meia hora, no maximo) etc. Cea 7). Reze: - no comeco eno fim da aula; - antes e depois de sua preparacao de licao, de seu estudo, para pedir a Deus as luzes ea eficacia de que precisa, vogando também por seus alunos, o que nunca fa- zemos suficientemente; - durante a aula: suspenda a ligdo propriamente dita e reze com as criancas, fa- zendo que elas se vecolham e rezem, sozinhas ou em comum, em formulas ou em orages espontAneas. 8). Ame: -a Deus, para cuja gloria trabalha o catequista; - as criangas, para suporté-las com paciéncia, para desejar o seu convivio, para amaclas de verdade, a ponto de elas sentirem o seu amor e verem a sua alegria de ser o seu catequista. Lembre-se de que o amor é a grande forca pedagégica, que muitas vezes nos falta. Quando se ama, tudo se consegue dos alunos, como alias do proprio Deus: Ama et fac quod vis, dizia S. Agostinho: "Ama e faze o que quiseres". Padre Alvaro Negromonte OBSERVACOLS IMPORTANTES 1. Grande parte das criancas chega d escola, infelizmente, sem nenhuma ou pouquissima formacio religiosa. 2. Orientd-las para Deus, fazé-las amar e admirar o Pai do Céu, pé-las em liga- Ao com as coisas da Igreja, formar-lhes um esplrito cristio, é mais importante do que ensinar-lhes nocées. As primeiras aulas sero inteiramente consagradas asse trabalho. Nele empe- nharemos em cheio as criangas, com um minimo de ensino e um maximo de atos, praticas da propria vida infantil, sob a orientacao direta da professora e da mae (que para isto a professora convocara). 3. Essas praticas procurarao: a). No terreno social: Ajudar a crianca a enquadrar-se no ambiente novo em que se encontra: caridade fraterna (ser titil aos outros), gentileza, respeito a ordem (obrigacao criada pela vida em comum), obediéncia e respeito aos superiores, res- peito aos direitos dos colegas (nao fazer aos outros o que nao quer que lhe facam); b). No terreno moral: encaminhar as criangas na aquisicao de virtudes basicas: dominio de si (paciéncia, perseveranca, esforco), veracidade, lealdade, honestidade, responsabilidade, cumprimento do dever; c). No terreno propriamente religioso: desenvolver o sentido de Deus, tio acen- tuado nas criancas: fazer admirar a grandeza de Deus, ver Deus através das coisas visiveis, orar em siléncio, tomar atitudes religiosas (sinal-da-cruz, por e cruzar as miaos, inclinar-se, fazer genuflexdo, ajoelhar), frequentar a igreja, cumprir os deve- ves religiosos. 4. Sobre essas praticas, é preciso vo! ltay com frequencia, para que se tornem ha- bituais e espontaneas. Na formacao das virtudes, multipliquem-se os exemplos, dentro da vida infantil, ede modo muito pratico: as criangas aprendem a fazer, fan zendo; a rezar, rezando; a amar o préximo através de atos ¢ atitudes, a servir a Deus fazendo tudo por seu amor. 5 Tudo isto hd de ser ‘feito de modo infantil. A falta de vocabulirio, as criangas exprimem por gestos e atitudes; nao sabem escrever, desenham; praticam os Man- damentos antes de saber quais sdo eles; amam ao proximo, com suas delicadezas e seus pequenos servicos; adoram a Deus, com a sua admiracao. Cea Ricas de sentidos e ainda pobres de exercicio intelectual, devem ver coisas, toc&- -las (0 que supde material didatico mais abundante que nas outras séries), movi- mentar-se (dramatizacées, encenacées), desenhar e desenhar muito, pois esta éa sua escrita. Ricas de afetividade, devem exprimi-la por seus gestos (saudacies, inclinagées, beijos, sorrisos, pequenas ofertas). 6. Quase inteiramente dependentes do lar, precisam de sua assisténcia mais que as criangas maiores. Entenda-se a professora como mie, dizendo-lhe o que ela deve fazer, dé para casa tarefas que exigem o concurso mateno, e avise disto a mae (por escrito, nos cadernos); influa sobre o lar. 7. Nao esqueca a professora que o seu exemplo, suas atitudes, seu modo de viver valem mais que suas palavvas: as criancas aprendem mais pelo que veem do que pelo que escutam. 8. O livro que indico para mais esclarecimentos ao catequista é Minha Vida Crista, de minha autoria, livro simples e facil, que servira aos que nao tenham maiores conhecimentos de Religiao. PRIMEIRA AULA Nota: estas primeiras vito ligdes nao constam do livro do aluno. Serviréo para a uma iniciagdo no espirito religioso. E vantajoso dé-las antes de por o livro nas mos do aluno. DOUTRINA PARA O CATEQUISTA 1. Deus é nosso Pai. As criangas nao distinguem ainda entre Jesus e Deus Pai; nem é necessario distinguir agora. 2. Deus Filho feito homem, Jesus ¢ Deus como o Pai, com esta diferenca; Deus Pai nao tem corpo, como Jesus tem. Mas também isto nao é necessdrio ensinar agora as criangas. 3. Como 0 Pai, Jesus sabe tudo - porque é Deus. Esta em toda parte, no Céu ena Eucaristia. A ligao fala apenas na onisciéncia de Jesus. Basta eu pensar, e Jesus ja 0 sabe. 4. As intencées desta ligao sao simples: dar atitude para a oracao; ensinar a vezar em siléncio; despertar o respeito eo amor a Jesus; orientar um pouco a crianca para o préximo, tirando-a, aos poucos, do seu egocentrismo. 5. Nao indico material didatico de cada li¢o, sendo ao decorrer da mesma: a professora, ao preparar a ligao, o anotara. 6. No esquema dessas ligées preliminares conservo a forma classica do Método Integral, tal como foi exposto. E bom fixar 0 ponto de doutrina de cada uma delas e os pontos de formacao, nos quais procuraremos antes uma adaptacao da crianca. ESQUEMA DA LICAO 1. Substitutmos a ‘histdria pela imagem. 2. Doutrina: Jesus é nosso Pai. 3. Formagiio: a). Dever: Respeitar e amar Jesus b). Conselho: Pedir a béncao a Jesus. c). Apostolado: Rezar pelos outros. d). Liturgia: A imagem de Jesus no Altar da Missa. CSD EXPLANAGAO (Apresentamos um quadro ou wma imagem de Jesus, de preferéncia bonito. Chame a atencao das criancas). Sabem quem é? (Deixe responderem). Muito bem: E Jesus. E nosso Pai do Céu (nao é necessario que as criancas facam a distingaio entre Jesus ¢ Deus Pai). Jesus ¢ Deus: devemos respeitar muito Jesus. Para mostrar nosso respeito a Jesus, vamos ficar de pé para saudé-lo (pausa). Agora, vamos ficar bem sentadinhos (pausa), bem quietinhos (pausa), todos olhando para Jesus (pausa) e pensando nele (pausa). (Longe de ter a eficiéncia da "licéo de siléncio" de Montessori*, ee exercicio produzira bons efeitos: ajuda a disciplina, da algum dominio de si [a professora espere que todos fiquem bem quietinhos, iméveis], ensina a interiorizar-se, a pensar, a orar em siléncio. E preciso usa-| lo frequentemente, endo apenas na aula de religiao). * A Lido do Siléncio -E 0 que mais ajuda a crianca na conquista dos préprios atos. -Nao entendemos por siléncio o tipo que se obtém como consequéncia da ordem da professora para que se acabe o alvorogo a fim de voltar a li¢do com certa violén- cia. -E um tipo de siléncio que se obtém pouco a pouco, com o controle da vontade através de exercicios repetidos, até alcancar uma absoluta imobilidade do corpo, quando se “escuta” um siléncio interior que emerge ao exterior e, pouco a pouco, cria wma atmosfera: “o siléncio da imobilidade”. -A condicao fundamental para obter esse siléncio é encontrar uma posigao cémoda. A professora, sentada ou de pé, chama a atengao das criangas para ela: esté totalmente imével ¢ silenciosa e, depois, chama uma crianca e convida-a para imita-la (nao é facil). -Em voz baixa, da algumas sugestées a fim de que a crianca tome consciéncia do seu proprio corpo. Acomode os pés, controle as pernas, o tronco, os bracos ¢ a cabeca. A respiragao também pode fazer ruido, mas é posstvel respirar regularmen- te sem que se ouga. -As outras criancas ficam encantadas vendo e, entao, todos fazem um esforco para imitar a imobilidade; assim, comeca no grupo um siléncio quase absoluto. CSD -O exercicio termina quando acatequista, fora do salao, chama pelo nome, em voz muito baixa, as criangas, uma de cada vez, iniciando por aquela que alcangou a maior perfeigao. A crianca se mexe esforgando-se por nao fazer ruido e outros es- peram ser chamados pacientemente. -Essa vitéria sobre elas mesmas da grande alegria as criancas. -No siléncio, quando os movimentos s30 ordenados, pode se desenvolver uma grande sensibilidade espiritual interior. -Os exercicios de siléncio sao um onto de partida para chegar A oracio: didlo- gocom Deus. -Deve-se ensinar as criancas esse exercicio quando estiverem tranquilas e quando houver pouco ruido no salao e n&o como meio de chamé-las & disciplina. Algumas vezes, quando o siléncio é completo, pode-se sugerir, em voz baixa e solene, um versiculo de um salmo ou canto. oe Jesus sabe tudo o que nés pensamos, tudo o que nds queremos, tudoo que faze- mos. Se eu pensar em ajudar um colega, e nao disser a ninguém, Jesus sabe? (Espe- ve as respostas). Se eu quiser ir a igreja, fazer uma visita a Jesus, e nao disser a nin- guém, Jesus sabe? (Espere as respostas). E se eu fizer alguma coisa que ninguém viu, Jesus sabe? Para saber que nds O amamos, é necessario dizermos em voz alta? Nao. Basta eu pensar: "Meus Jesus, eu vos amo’. Ele conhece os meus pensamentos e sabe o que eu pensei. Vamos dizer a Jesus que nés O amamos. Cada um de voces vai pensar em Jesus: - Pensar assim: "Meu Jesus, eu vos amo". Pensem (pausa). Agora, vamos pedir a béneSo a Jesus (mande levantarem a mao direita para Jesus e dizerem: "Béngao, Jesus"). (Ensine 0 céntico: "Viva Jesus, nossa verdade e vida. / Viva Jesus, nosso amor, nossa luz. / Nome de amor, quando a voz Te proclama, / O coracao se aviventa e se inflama'. Coro: "Viva Jesus; Viva Jesus").* *Viva Jesus - coleg&o CECILIA (no youtube do Sr. Narciso Lopes da Silva): << https://wwwyoutube.com/watch?v=5ehv3vF4yKo>>. (As criangas cantaro sé 0 coro). Muito bem. Agora ja sabem dar viva a Jesus. Jesus esta contente com voces. Vocés também estao contentes, nao ¢ verdade? Querem bem a Jesus? Querem ficar pertinho de Jesus? CSD

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