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1 FOLCLORE GERAL 1.1.Origem e Conceito do Folclore ‘©cestudo de determinadofolelore regional, pressupbe o cone: mento de nogdesbisicas do Folclore Geral. Por ist, 0 iclrmos um curso de flclre potigua, objeto do presente lio, preciso que 0 testudante tena esse conheciment da cienca folelica do se conce to 0 que Follore)e do seu conteido(o que ele est “Apalava Foelae oi riada pelo arqueslogo inglés, Willi John ‘Thoms, no ano de 1846, para unificar sb a mesma denominaco todos os estudos que epoca Se pracessavam na Europa sobre a dscplina, No dia 22 de agosto daquele ano de 1846, 0 jomnal londrino “O ‘Ateneu” publicou carta de Thoms, fazendo a sugesto. Como passa dos ‘nos, 2 palava fi se tomando conhecida © hoje €aceta, em quase toda ‘mundo Por isto, oda 22 de agosto é conhecido com Dia do Folcore ‘Mas, afinal 0 que 6 Foleloret 'No conceito antigo, aquele que est implicto na carta de Thoms, © Folelore 6 o estudo das tradigoes populares, compreendendo-se que esas tradigdes obedeceriam a algumas caractersticas propria, como a antguidade, popularidade,orlidade, anonimato, ‘Modermamente, no enianto, esse conceit, em face da dinamica cults oll a deinigio mais propia do Folcloe paece-nos ado Professor Rosi Tavares de Lina, estabelecenlo que Folcloreéa cgncia Soci-cultural que estuca a cultura espontanes da gente dos campos © das eidades. ‘Como podemos ver, neste nove conceito, que nao resringe 0 v= eC ‘estudo do Folelore apenas 20 popular e 20 tradicional, a caracterisica principal do Foelore sera aespoataneidade da manifestacao cultural Tso significa que o campo do Folclore ampliou-e, modernamen Basta vero que acontece com a Literatura de Corel. © corel Tiquida de lum 86 vez com dois tabus do conceito antigo, a Oralidade, de vez que essa Literatura se express realmente por esclto, no, oralmente, © 0 ‘Anonimato, uma vez que o cordel €assinado por um autor. E, nada mais popular, nada mais olelerico, do que o corde, nos redutos onde o ovo Bina preserve defend suas trades: as pequenas ils elugarejos do imerioe Assim, pois, podemos concetuar © Folclore pela defnica0 do professor Rossini Tavares de Lima, acrescentando-the 0 componente "uadicional, como objeto de esudo das manifetacces desaparecidas. Alguns estudiososinsistom em manter 0 mesmo canceito. de Folelore do tempo de Thoms. Diante porém das tansformagoes por {que passa o mundo modemo, ja tempo de se repensar 0 rferido coneeito, lastecend-o, a fim de que as novas geragoes tenhary a ‘oportunidad de melhor conhec-lo,conhecendo-s a smesmas, como portadoras ou produtoras de flere Nao é nosso objetivo modificar a mentalidade da juventude ‘moderna, nas suas predilegdes antstico-cultuais. © que pretendemos, ao falardeflclore é mostrar a todos que 20 lado das micas erangeas, ‘9u mesmo nacionais de que eles tanto. Rostam que representam mademidade, ha todo um maravilhoso universo de manifestactes culturais que thes pertence, como brasileirs, e que continua abandonado,precisind ser revitalizadoe valorizado, através do estud. 1.2 Objeto dos Estudos Folcléricos Nae siti Seabee aro Folclore ¢0estudo da cultura espontinea da sociedad, quer dizer, de toda aquela cultura que ndo passa pelo crivo das excolas, das Universicades, das Religives Ea cultura da render, que apendeo ofc da mie, sem ninguém Ihe ensnar,simplesmente olhando-a tabalhar na almoada € cultura do Capitio de Mare-Guerra do Fandango, que aprendeu todo aquele ‘mundo de dancase cantigas vendo e ouvindo os mas velhos, no ato da fencenagio do folguedo; € a cultura do menino que ouve a advestencia {o pais "Mas iho, macaco velho no mete a mo em cumbuca!” © 3 epee, depots a casas ot rms ri angel ale an peeninciatane ton aeemisene gee Sapuratab ctu outanvsogute erst her soeketn peste ruente eaynan ean vn com rc, (0G iar ie UC Rec seillceget provera oils asm ical yoda TOT SSigpeu kate pececn atc com leper Cano pe magi lo core weno mio yur ibaa oe tos ira a clr tet ns temo on i en ens camps da corte chore 1.2.1. Usos e Costumes - Com a evolugao da sociedad, através dos tempos, modificarse os usos e os costumes e uma cosa que, em certa époea, era a coqueluche do povo, tempos depois, cai no ‘squecimentoe ninguém mais fla dela, Exempla tipico& brincadeira ‘do entud, que precedes o Carnaval Esteve na mar voga no Bras do século passad. Consistia esse olguedo, que tna uma acetagao ger, «ems oles, durante o Camaval jogarem uns nos outros bales gua ‘outros ingrediontes divers, como farina detrgo, et. Hoje ele existe apenas na meméra dos mais velhos ou nas piginas dos histriadores, ‘Muitosusos e costumes s20 objeto hoje apenas do interesse dos arquetlogos da Foelor. (Outros, porém, se tansiguram, como os provsbios, 180 0 gosto dos motorists de caminhese carretas de hoje, eciclados nas legendas de parachoque lameirs,estudados, como tants ouras manifestagoes ‘ecentes, pelos foleloristas da atualidade, 1.2.2-Crendices Superstigbes Fa € principal rea da cultura popula que contribuiy para a evolga0 dos estudosflclricos libertad. ‘sda velha dicotomla do “popularsvadicional", para a modeia ‘oncepga0 da “espontaneidade cultural” Na realidad, as supesigdes ‘io s2o um apansgio das classes populares da Sociedade. Gente da mais sta categoria sofeaifluéncia das crendices esupesticoes, presidentes ‘da Republica, patlamentares,cietisas, escritores. Pela sua atualidade, nds remos etudar mai adlant, dentro do nosso Estado, nas sas formas tadicionaise modernas. =e ie \ \.2.5 - rotguedos Populares - Os folguedos do. povo compen, en outa fas de manfetabes aca, s fos 2 danas, aos os cots, Teato de honecos algumas a, esas, as mais importantes para © Rio Grande do Norte $80 0s autos populares as dangas folelércas © 0 teatro de bonecos, que sera0 estudadas mais adiane, no hig proprio. 1.24 ~ Literatura Popular - Eta seri, de todas as divisdes do Folelore, a mais importante,» pols, temas da mais alta relevancia sto ‘aqui estudados, como 0 conto popular o romanceito velho ibérico, além de varios outros assuntos, como 0 anedotéio, o cordel, as *corentes, as “érmulas de fiado”e ouvos, mais, que sero abordados, ‘em maioresdetalhes, oportunamente a estudarmos 0 Folclore do Rio Grande do None 1.25 = Artes e Téenicas -Apesar de as elites socials haverem transfrmado as formas uiitvias do artesanato popular em objetos de ‘ostentacdo nas suas mansoes, come piles, louca de barra, bonecas de ano oatéiose santos de madeira, bats de couro, eanta coisa mals, © hhomem do povo nio produz tas objetos apenas por mero prazer, para enfitar sua casa ou a'dos ouvos. Todo trabalho que sai de suas mos, tem uma finalidade pratica e € isto que veremos adiante quando ‘estudatmos oartesanat potiguar 1.26. Folelore Infantil - © flclore infantil lém daguele vasto acervo de histras e canigas em que se embala a vide das eriangas nos prmeios anos de sua existéncia, compreende todo Um conjunto de formulas e objeto, para bvincare aprender. Esta clasifieagio das manifestagdes folléricas foi organizada pelo autor, com base em alguns sumiios de vos e em outas classi agoes, especificamente elaboradas, para atender a uma melhor sist ‘matizagdo deses estudos. Alguns detalhes importantes estario de fora esta Itreducao a0 Foelore, como a Danca Popular e 2 Masia, nae suas figuragoes coreografieas e na representac20 gratia de suas for mas melddieas repechamente ‘Sto temas que, pela sua complexidade eespecitiidade, deverao ser abordados uum estigio posterior, em monokratias sabre dancas, eo , 1.3 Importancia do Estudo e Defesa do Folclore; No dia I7 de agosto de 1965, o entdo presidente Castelo Branco ssinou 0 Decreto 56,747, insluindo oda 22 de agosto coma Dia do Folcore no Bras (Oda 22 de agosto de 1846, conforme jt referido,assinala a data cm que 9 jomal landrino “O Aeneu”publicou a cata de William John Thoms, sugerindo a criagdo da palavra *Folk-lote’. Por isto, € comemorade mundialmente come o dia dofolclre. (Oras ocaizou a dat, aravés do ato governamental acima cad. Um dos “considerandos" do referido Decreto exclarece que © *governo desejaassegurar a mais ampla protecao 3s manifestagoes da ctiag3o popular, no 56 estimulando sua investigacao e estudo, como blnda deendendo a sobrevvéncia dos seus folguedos eartes, como elo “alliosa da continuidade tradicional brasileira” Poseriorment, no dia 27 de junho de 1967, 0 entio governador td Estado de Sao Paulo, Roberto de Abreu Sodré baixou, por sua vez, 0 DDecreto 48.310, nstuindo em S30 Paulo o mes de agosto como Més do Foelee, Neste Decreto, um dos “considerandos" observa que “o Poder Piblico nfo deve fica inaferente 3 difusd0e &defesa do folclore, pelo ‘que ele representa como espelho da alma popular e amlgama de Coahecimentos ¢ peaticas que contibuem inclusive para forlecer os laos da comunidade, da Nagao e da fratemidade humana” ‘Observase, peretamente, através da leitura dos dois Decretos 'mencionados,ointeresse do Poder Pblico em promover, nao apenas “a Investigagao estudo” das manifestagdes da etlag30 popular, mas ‘gualmente adefesa ea preservacao dessas manifetagces, a fim de que © Folclore melhor possa ser estudado em suas fonts vivas. Infelizmente, porém,apesardesses tos ocak, a defesa do nosso folclare nio tem recebido atualmente dos Grgfos governamentals @ ateneao que devera merecer. Por iso, 0 que vemos, diariamente, 6 ‘issolugso dos nossos grupos de dangas edo teatro popular de boneces, Pela auséncia total de estimulo, para sua sobrevivenca Por auto lado, o desenvolvimento apereicoamento da tecnologia, ‘com o advento dos modemnos meios de comunicacao de mass, (ro, ‘nema, TV), contbui de maneira avassaladora, para a decadéncia do ‘nosso folelore. Hoje em dia, 0 homem do poxo parece senti-se ‘envergonhado de suas dancas de seu teatro tradicional, muitas vezes neos, improvisados,rstcns,diante do. que ve na televisio, rumadinho, simetico, colorido, perfumado, Por tudo sto, 0 estudo 0 conhecimento do flclore & da maior Imodincia, para que as novas geraces possam atuar como elemento ‘de conscientizaglo de toda a sociedad, na defesa dos valores culturas autenticamente brasileiro, contra a enxurrada de enlatados que diariamente a TV empurra pela porta de nossas casas a dentro, paricularmenteenlatadosestrangeitos Porque, ndo adianta nada a ninguém que nés, folelorstas, estudiosos, administradores assumamos uma atitude passiva de ‘condenagdo formal 20 imperialism cultural extrangeiro, se nada fazernos «em defesa dos nossospropros valores cultura brasileios. Por ist, ‘tudo do nosso foelore & da maior importincia, pos, sera através dee, do peteito conhecimento do significado dessa manifetacdesculturas fm todas as suas formas, que fetoraremos Bs nossas rare cultural, buscando nelas no apenas inspraclo para acracao dos nosso artistas ‘escrtores, mas, jualment,adentificago do Brasil com a sua autétiea ‘isiea, danca, poesia, tet, todas as formas de ate e de cultura, maul Na oveced nega a rol “91.4 Folelore nas letras’ nas artes Fonte inesgotivel de inspitagso para os artistas © escitores ‘nacional, 0 folelore brasileiro tem sido alvo dos mais calorososaplasos, ‘as sua apreseniagaes, pelo mundo a fora E claro que nio se vaicrditar estamente a0 camplexofocloico ‘© sucesso mundial de um Macunaima. Hi que se considera, sobretudo, a genialidade de Mario de Andrade, tanto quanto a do maesto Vila Lobos, no aproveitamento que ambos realizaram de temas da cultura popular. No fra no entanto esse universo de wadigoes baslias, exes autores estariam perdos os temas gerals da ultra universal que, na ‘obstante ranscendentas, foram exploados js até a exaustio, por com- Positores eesritores de outros pales. Maio, Via-Lobos, Guimaries Rosa ‘etantos outros escritorese misicosnacionalstveram oom senso superior ‘de colocar a sua inlgenciae inspracao a servo da culture popular brasil, projetando-e, desta forma, entre os maiores. DDetodos eles, o mais importante foi Miri de Andrade (1693-1944), —2— f j ae do Movimento Masa do 1922, Alm de excrevr und ob tena sobre eos dcr poplr sora Marla nda Io ser ce revo pmainran, wi ines tlle) pis e documenta do lee ras, ng i Grand do Kil andor piven coda vero aan Alem de aro, muitos ton arsine © esertorernaconis dexicaamse ee tabl de alr de nese cra pope ‘Aso indcamos alge noes, nas dvs Sen ar ear © desartes, que se desacavam polo aprovtamens dees feces, Sov pode 141.Nas Letras 1 = Miro de Andrade, escreveu Macunaima, rapsédla da cultura brasileira (V."Nomes Famosos." 2 Guimaraes Rosa, escreveu Sagarana, Grande Sertio, \Veredase muitas outras obras, O grande mineito explorou,sobretudo, a linguagem popular da regi central do Brasil 3 Aviano Suassuna,lealizador do movimento “Armorial cscreveu, principalmente, para 0 teatro indmeras pegas,inspirado na Ineratura de corde, destacando-se entre elas 0 Auto da Compadecida, +4 Jorge Amado. Autor de inimeros fomances,insprou-se ‘na cultura do povo baiano, prticularmente nas manitestacbesreligiosas da Umbanda, 5 - Dias Gomes. O pagador de promessa, cordelereligiao 60 povo brasileiro. No Rio Grande do Norte, Newton Navarro escreveu uma novela, [AMorte do. Gajeiro Curis, sobre atomatica do Fandango, auto popular ‘ordestine,Policapo Feitosa publicou Gente Arrancada (romance), ‘ambém com aproveitamento do Fandango. 1.4.2. Nas Artes Pisticas- Muitos atts nordestinos dedicaram- se 3 valorizagio da cultura popular nos seus diversos aspects. Em emamlycodestacam se: Lula Cardoso Aires e Violino. Noo Grande do Norte, Newion Navarro, Dorian Gray, Femando Gurgl,além de 1.4.3. Na Masia - No plano nacional grande nome éo de Vila- ae Lobos, al de muitos outros. No Rio Grande do Norte, destaca-se 0 maestro Osvaldo de Souza, (01.04.1908 - 22.02.1995), que, alm de importantes pesquisa sobre a misica nordesina, tem vias compos Ges inspradas na mesma, aa [BIBLIOGRAFIA - FOLCLORE GERAL - CONCETTO E OBIETO ~ Rossini Tavares de Lima ejuleta de Andrade Escola de Foelore ~ Colegio Pesquisa - Sto Paulo, 1983. ~Amétco Pellegrini Filho — Antolega de Folclore dart ‘Sto Paulo, 1982. “Laura Della Ménica ~ Manual do Follore- Fart - (23. eliio)- ‘io Paulo, 1983. “Mari de Lourdes Borges Ribeiro - Foelore - Biblioteca do MEC = Bloch -FENAME - Rio de Janeiro, 1980. * Renato mei ~ Manual de Coleta Foleliica - Campanha de Detesa do Foctoe Braileno Rio de lane, 1965. * Lu de Clara Cascudo ~ Folelre do Brasil - (2a. edicio) - ‘Fundao José Augusto, Nata, 1980. Aires do Mata Machadl Filho ~ Curso de Folfore- Livros de Portugal - Ro de Janeiro, 3

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