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QUEM É O

ESPÍRITO SANTO?

Derek Prince
QUEM É O
ESPÍRITO SANTO?
“QUEM É O ESPÍRITO SANTO ?”

Copyright 2008 tradução portuguesa, Derek Prince Portugal


Originalmente publicado com o título: “Who is the Holy Spirit?”
Copyright © 1989, 1999 Derek Prince Ministries – Internacional

ISBN: 978-989-8501-23-3

Este livro foi compilado a partir das Cartas de Ensino de Derek Prince
98-3, 98-4, 99-1, 99-2, 99-3, 99-4.

Publicado em português por:


Editora Um Êxodo
Caminho Novo Lote X, Feteira
9700-360 Angra do Heroísmo
E-mail: umexodo@gmail.com

Autor: Derek Prince


Tradução: Rodrigo Bento
Redação: Christina van Hamersveld
Desenho da capa: Arnout Hendriks, DPM Nederland
Layout capa: Jorge Viegas

Derek Prince Portugal


Caminho Novo Lote X,
9700-360 Feteira AGH
Telf.: 295 663738 / 927992157
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
Índice

1 Uma Pessoa – E Não uma Pessoa ………............…… 7


2 Eterno, Omnisciente, Omnipresente …....……............ 15
3 Servo Auto-negador – Fogo Consumidor …...………. 23
4 O Espírito da Verdade …………..........………………... 31
5 As Dádivas do Espírito …………...…………………….. 39
6 O Fruto do Espírito ……………………………………… 49

Sobre o autor…………………………………………57
Derek Prince Ministries……………….…………….58

Outros Livros escritos por Derek Prince………….59


QUEM É O
ESPÍRITO SANTO?
1
UMA PESSOA –
– E NÃO UMA PESSOA

A Bíblia contém uma revelação sobrenatural e inspirada por


Deus. Mas Deus é tão mais “outro” do que nós que, por vezes,
torna-se necessário ajustar, ou expandir, a nossa forma usual de
discurso de forma a comunicarmos as revelações Bíblicas de
Deus.

Em Deus, a singularidade e a pluralidade estão ambas


eternamente combinadas. O mistério confronta-nos no versículo
inicial da Bíblia: “No princípio criou Deus os céus e a
terra.”(Gênesis 1:1) No Hebraico original, elohim (a palavra para
“Deus”) encontra-se na forma plural, mas o verbo bara (criou)
está no singular. Por outras palavras, tanto a singularidade como
a pluralidade estão combinadas.

Mais à frente, em Génesis 1:26, somos novamente confrontados


com a combinação do singular com o plural em referência a
Deus: “Também disse Deus: Façamos o homem à nossa
imagem, conforme a nossa semelhança…”. O verbo “disse” está
no singular, mas os pronomes “Nós” (façamos) e “Nossa” são
plurais.

Esta combinação de singular com plural em referência a Deus


ocorre noutras passagens da Escritura. O profeta Isaías teve
uma visão do Senhor no Seu trono e ouviu-O dizer: “A quem
enviarei, e quem há de ir por nós?” (Isaías 6:8). O pronome “Eu”

7
(enviarei) implica que é uma Pessoa a falar, mas o pronome
“Nós” indica que Ele fala em mais do que uma Pessoa.
Na revelação que se segue nas Escrituras, emergem três
Pessoas distintas, cada uma das quais é Deus: Deus o Pai, Deus
o Filho e Deus o Espírito. A primeira das três Pessoas divinas
referida individualmente é o Espírito: “…e o Espírito de Deus
pairava por sobre as águas.” (Gênesis 1:2)

A “Parábola” da Luz

Nunca poderemos “explicar” Deus na sua totalidade, mas no


mundo que Ele criou, Ele providenciou-nos algumas “parábolas”
que O revelam. Uma delas é a luz. A luz é uma parte da vida do
dia-a-dia sobre a qual, normalmente, não pensamos muito.
Contudo, neste simples fenómeno nós discernimos pluralidade
em, pelo menos, duas maneiras.

A luz é regularmente refractada em três cores primárias: azul,


amarelo e vermelho. Novamente, no arco-íris, a luz aparece em
sete cores: violeta, azul-violeta, azul, verde, amarelo, laranja e
vermelho. Assim, dentro da unidade da luz, existe a trindade das
cores primárias e a diversidade séptupla do arco-íris.

Ao longo das Escrituras, sete é o número particularmente


associado com o Espírito Santo. Apocalipse 4:5 fala dos “sete
Espíritos de Deus”. Em Isaías 11:1-2, o profeta prediz como o
Espírito Santo separará Jesus como o Messias (o Ungido). Ele
aponta sete aspectos distintos do Espírito Santo: o Espírito do
Senhor (o Espírito que fala na primeira pessoa como Deus); o
Espírito da sabedoria; o Espírito do entendimento; o Espírito do
conselho; o Espírito da fortaleza; o Espírito do conhecimento;
o Espírito do temor do Senhor.

É significativo que, até no próprio Jesus, o conhecimento


necessita de ser conjugado com temor do Senhor. De outra
forma, o conhecimento só por si pode tornar-se numa fonte de
orgulho. “O saber ensoberbece (torna-nos arrogantes)…”. (1
Coríntios 8:1)

8
Em Actos 13:2, o Espírito Santo é apresentado como sendo o
próprio Deus. Falando aos líderes da igreja em Antioquia, “disse
o Espírito Santo: Separai-me, agora, Barnabé e Saulo para a
obra a que os tenho chamado.” Claramente o Espírito Santo está
a falar na primeira pessoa, como Deus.

O Total Envolvimento de Deus na Redenção Humana

Talvez a revelação suprema da graça de Deus seja o Seu plano


para providenciar a redenção para a raça humana caída, através
do sacrifício de Jesus. Ao estudar os detalhes deste plano divino,
fiz uma excitante descoberta: em cada etapa da redenção, cada
uma das Pessoas da Divindade desempenhou um papel único e
distintivo, como indicado pelo seguinte esquema:

1. A concepção de Jesus. Deus o Pai causou a concepção


de Jesus no ventre de Maria, através do Espírito Santo.
Ver Lucas 1:35.
2. O princípio do ministério de Jesus. Quando Jesus Se
submeteu ao baptismo de João, o Espírito Santo desceu
sobre Ele na forma de uma pomba e o Pai reconheceu-O
como Seu Filho. Ver Lucas 3:21-22.
3. A continuação do ministério de Jesus. Pedro sumaria
isto em Actos 10:38: “…como Deus (o Pai) ungiu a Jesus
de Nazaré com o Espírito Santo e com poder, o qual
andou por toda a parte, fazendo o bem e curando a todos
os oprimidos do diabo, porque Deus era com ele…”.
4. O sacrifício de Jesus na cruz. “…Cristo, que, pelo
Espírito eterno (Espírito Santo), a si mesmo se ofereceu
sem mácula a Deus (o Pai)…”. Ver Hebreus 9:14.
5. A ressurreição de Jesus. Deus o Pai ressuscitou Jesus
pelo poder do Espírito Santo. Ver Romanos 1:4, 8:11.
6. Pentecostes. Exaltado à mão direita de Deus o Pai,
Jesus recebeu Dele a dádiva do Espírito Santo e
derramou-o sobre os discípulos que O esperavam. Ver
Actos 2:33.

9
Em cada etapa da redenção, o Espírito Santo desempenhou o
Seu papel, distinto e vital. Ele é justamente chamado tanto “o
Espírito de graça”, como “o Espírito de glória” – graça esta, que
leva à glória. Ver Hebreus 10:29; 1 Pedro 4:14.

Tanto Pessoal como Impessoal

Há um outro facto único sobre o Espírito santo que alarga o


nosso poder de compreensão. O Espírito é tanto pessoal como
impessoal – tanto “Ele” como “isto”.

A língua em que o Novo Testamento chegou até nós é o Grego. O


Grego tem três géneros: masculino (ele), feminino (ela) e neutro
(isto). Gramaticalmente, a palavra Grega para “espírito”,
pneuma, é neutra. Assim sendo, o pronome apropriado seria
neutro, “isto” ou “este”. Contudo, tanto “Ele” como “este” são
aplicados ao Espírito Santo (mas nunca “ela”). Por exemplo, em
João 16:13 as regras da gramática Grega são deliberadamente
postas de parte para enfatizar que o Espírito Santo é um “Ele”,
tanto quanto um “este”: “…quando vier, porém, o Espírito da
verdade, ele vos guiará…”.

Tal como no Inglês (e Português), o Grego usa o artigo definido –


correspondente ao nosso “o”. (Por outro lado, algumas outras
línguas como, por exemplo, o Latim e o Russo, não têm qualquer
palavra correspondente.) No Novo Testamento Grego a frase
“Espírito Santo” é por vezes precedida pelo artigo definido –
correspondente a “o” – e outras vezes ocorre sem este. Em
Inglês isto seria correspondente à diferença entre dizer “o
Espírito Santo” e “Espírito Santo”.

Aos ouvidos Ingleses, contudo, a frase “Espírito Santo” só por si,


soa incompleta. Por esse motivo, todas as traduções Inglesas
invariavelmente inseriram “o” antes de “Espírito Santo”, mesmo
quando não está presente no original Grego. Somente
consultando o texto Grego, é possível determinar se o “o” está
realmente lá.

10
Através do meu estudo do Novo Testamento Grego, eu cheguei à
conclusão que a presença ou ausência do “o” em conjunto com o
Espírito Santo marca uma importante distinção. Quando
“Espírito Santo” não é precedido por “o”, denota algo impessoal:
vida ou poder, a força, a presença, a influência. Por outro lado,
quando “Espírito Santo” é precedido de “o”, Ele está a ser
representado como uma Pessoa.

Uma marca muito distinta de personalidade é a capacidade de


falar. No Pentecostes, quando o Espírito Santo desceu do céu,
Ele falou em várias línguas através dos discípulos. Nisto Ele
demonstrou que tinha vindo, como uma Pessoa, para fazer
habitação na terra. Ele é agora o representante permanente e
pessoal da divindade, residindo na terra.

Daí em diante, de cada vez que o Espírito Santo vem para formar
residência, como uma Pessoa, no corpo de um crente, é
apropriado que Ele manifeste a Sua presença projectando a Sua
voz através desse crente, numa nova língua, sobrenaturalmente
comunicada. Com efeito, Ele está a dizer: “Agora sabes que Eu
estou aqui como uma Pessoa para habitar no teu corpo.”

Por esta razão, em 1 Coríntios 6:19 Paulo prefixa o artigo


definido: “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do
Espírito Santo?” Ele está a enfatizar que o falar em línguas não é
meramente uma breve experiência sobrenatural. Mais do que
isso, é um sinal divinamente dado de que o Espírito Santo, como
uma Pessoa, tomou residência no corpo do crente, tornando-o
assim num templo sagrado. Isto coloca sobre cada crente uma
obrigação solene de manter o seu corpo numa condição de
santidade que é apropriada para o templo do Senhor.

O artigo definido também é prefixo quando o Espírito Santo é


representado como exercendo autoridade na Igreja, ao enviar os
apóstolos, ao nomear anciãos ou por dirigir ministros
apostólicos.

Por outro lado, quando as pessoas estão a ser baptizadas no, ou

11
cheias do Espírito Santo, o artigo definido é normalmente
omisso. Isto indicaria que o Espírito Santo é visto, nesta
situação, como algo impessoal – como vida, ou poder, ou uma
influência.

Abaixo dou-vos duas listas: a primeira com passagens onde “o” é


prefixo do “Espírito Santo”; a segunda com passagens onde
“Espírito Santo” ocorre sem o “o”.

Espírito Pessoal

Mateus 12:31 “…mas a blasfémia contra o Espírito Santo não


será perdoada.” (Compare com Marcos 3:29)
Marcos 13:11 “…não sois vós os que falais, mas o Espírito
Santo.”
Lucas 3:22 “E o Espírito Santo desceu sobre Ele (Jesus) em
forma corpórea como pomba…”
Lucas 12:12 “Porque o Espírito Santo vos ensinará… as coisas
que deveis dizer.”
João 14:26 “Mas o Consolador, o Espírito Santo… vos ensinará
todas as coisas…”
Actos 2:38 “…e recebereis o dom do Espírito Santo.”
Actos 5:2 “Ananias, por que encheu Satanás teu coração, para
que mentisses ao Espírito Santo…?”
Actos 13:2 “…disse o Espírito Santo: Separai-me, agora,
Barnabé e Saulo para a obra a que os tenho chamado.”
Actos 13:4 “Enviados, pois, pelo Espírito Santo, desceram…”
Actos 15:28 “Pois pareceu bem ao Espírito Santo e a nós…”
Actos 16:6 “…tendo sido impedidos pelo Espírito Santo de
pregar a palavra…”
Actos 20:28 “Atendei por vós e por todo o rebanho sobre o qual o
Espírito Santo vos constituiu bispos…”
Actos 21:11 “Isto diz o Espírito Santo…”
1 Cor. 6:19 “Acaso, não sabeis que o vosso corpo é santuário do
Espírito Santo, que está em vós…”

12
Espírito Impessoal *

Aqui estão algumas passagens onde o “o” é omisso.

Mateus 1:18 “…achou-se (Maria) grávida pelo Espírito Santo.”


Mateus 3:11 “Ele vos baptizará com o Espírito Santo e com o
fogo.” (Compare com Marcos 1:8; Lucas 3:16; João 1:33; Actos
1:5)
Lucas 1:15 “(João Baptista) será cheio do Espírito Santo, já do
ventre materno.” (Compare com Lucas 1:41, 67; 4:1; Actos 2:4;
6:3, 5; 9:17; 13:9, 52)
Lucas 1:35 “Descerá sobre ti (Maria) o Espírito Santo… por isso,
também o ente santo que há-de nascer será chamado Filho de
Deus.”
João 20:22 “…(Jesus) soprou sobre eles e disse-lhes: Recebei o
Espírito Santo (ou sopro santo).”
Actos 10:38 “…como Deus ungiu a Jesus de Nazaré com o
Espírito Santo e com poder…”
Romanos 14:17 “Porque o reino de Deus não é comida nem
bebida, mas justiça, e paz, e alegria no Espírito Santo.”
Romanos 15:16 “…de modo que a oferta deles (gentios) seja
aceitável, uma vez santificada pelo Espírito Santo.”
1 Cor. 12:3 “…ninguém pode dizer: Senhor Jesus!, senão pelo
Espírito Santo.
Tito 3:5 “…ele nos salvou mediante o lavar regenerador e
renovador do Espírito Santo…”
Hebreus 2:4 “…vários milagres e por distribuições do Espírito
Santo…”
Hebreus 6:4 “…e se tornaram participantes do Espírito Santo…”
2 Pedro 1:21 “…homens (santos) falaram da parte de Deus,
movidos pelo Espírito Santo.”
Judas 20 “…orando no Espírito Santo…”

Finalmente aqui estão alguns dos títulos dados ao Espírito Santo


nas Escrituras: o Espírito de graça; o Espírito de glória; o
Espírito de sabedoria; o Espírito de verdade; o Espírito de auto-
disciplina.

13
Medite no significado de cada um e procure outros por si mesmo.
Depois tire tempo para agradecer a Jesus por Ele ter cumprido a
Sua promessa e nos ter enviado o Espírito Santo.

* na língua original, nestes versículos, Espírito Santo ocorre sem


o artigo definido “o”. Nas traduções da língua Portuguesa, por
defeito, é sempre usado este artigo, pelo que achámos
necessária esta nota, de forma a não confundir o leitor.

14
2
ETERNO, OMNISCIENTE,
OMNIPRESENTE

Neste capítulo veremos mais profundamente a terceira Pessoa


da Divindade – o Espírito Santo. Existem três adjectivos com
significado profundo, que se aplicam ao Espírito Santo: eterno,
omnisciente, omnipresente.

Eterno

No final de um dos primeiros cultos Pentecostais que eu assisti, o


pregador perguntou-me: “Acreditas que és um pecador?”
Naquela altura era um filósofo profissional e tinha recentemente
terminado a minha dissertação sobre “definições” na
Universidade de Cambridge. Imediatamente percorreram a
minha mente várias definições possíveis para a palavra
“pecador”. Todas elas me assentavam que nem uma luva! Por
isso respondi: “Sim, eu acredito que sou um pecador!”

Então o pregador perguntou: “Acreditas que Cristo morreu pelos


teus pecados?” Pensei um pouco e respondi: “Para dizer a
verdade, não vejo o que a morte de Jesus Cristo há dezanove
séculos tenha a ver com os pecados que cometi durante a minha
vida.”

O pregador foi sábio em não discutir comigo, mas tenho a


certeza que ele orou por mim! Alguns dias depois tive um
encontro poderoso com Jesus Cristo, que mudou todo o curso da

15
minha vida. Particularmente, a Bíblia tornou-se um livro vivo e
com significado.

Passado algum tempo, estava a ler em Hebreus 9:14 que dizia,


“Cristo… pelo Espírito eterno, a si mesmo se ofereceu sem
mácula a Deus.” Subitamente compreendi o alcance da palavra
“eterno”. O seu significado é muito mais vasto do que apenas
algo que dura um tempo extremamente longo. Ele denota algo
que é acima e além das limitações do tempo - algo que abrange
simultaneamente o passado, o presente e o futuro.

Quando Jesus Se ofereceu na cruz, o Seu sacrifício não se


limitou ao tempo em que Ele morreu. Ele incluiu os pecados de
todas as pessoas de todos os tempos – passado, presente e
futuro. Ele incluiu os pecados que eu cometeria dezanove
séculos mais tarde.

O significado do adjectivo Grego “eterno” tem uma profundidade


insondável. É derivado do substantivo aion, de onde obtemos a
palavra Inglesa “aeon”. Um aion é uma medida de tempo e
ocorre numa variedade de expressões, como se constata nas
seguintes traduções literais:

Hebreus 7:24: “para sempre” (JFA “eternamente”) – isto é, pela


duração do tempo presente.

Judas 25: “antes de todas as eras, e agora, e por todos os


séculos” (JFA “antes de todos os séculos, agora e para todo o
sempre”).

Gálatas 1:5: “pelos séculos dos séculos” (JFA “para todo o


sempre”).

É óbvio que as traduções Inglesas (Portuguesas, no nosso


caso), não chegam sequer a tocar de leve, a profundidade do
significado das frases Gregas. Estas expressões – e outras
como estas – enchem-me com um sentimento de temor e
respeito. Sinto-me como uma pequena gota de orvalho

16
suspensa sobre um abismo sem fundo que separa duas
montanhas demasiado altas para as poder subir. A minha mente
não consegue claramente compreender que tenha havido algo
antes de todas as eras, antes de todos os séculos, muito menos
que continuará a haver pelos séculos dos séculos, eternamente.
Contudo, o eterno Espírito Santo engloba tudo isso, estendendo-
se desde o imensurável passado até ao imensurável futuro.

Começo a compreender de maneira diferente o título pelo qual


Deus é infinitamente louvado no céu: “Senhor Deus, o Todo-
Poderoso, aquele que (eternamente) era, que é e que há-de vir.”
(Apocalipse 4:8)

Omnisciente

Intimamente relacionada com a natureza eterna do Espírito


Santo está a Sua omnisciência. Em 1 João 3:20, o apóstolo
confronta-nos com uma profunda, contudo simples, revelação:
Deus conhece todas as coisas. Não há nada que Deus não
conheça. Desde o mais pequeno insecto na terra à mais distante
estrela no universo, não há nada que Deus não conheça por
completo.

Deus sabe coisas a nosso respeito que nós próprios


desconhecemos. Por exemplo, Ele sabe o número de cabelos
que temos na nossa cabeça.(Mateus 10:30)

Deus sabia o número de habitantes na cidade de Nínive (Jonas


4:11). Ele sabia (e controlava) o crescimento da planta que dava
sombra a Jonas. Ele também conhecia (e controlava) a acção do
verme que fez com que a planta secasse. (Jonas 4:6-7)

Em 1 Coríntios 2:9-10, Paulo fala das coisas que “nem olhos


viram, nem ouvidos ouviram, nem jamais penetrou em coração
humano.” E continua: “Mas Deus no-lo revelou pelo Espírito;
porque o Espírito a todas as coisas perscruta, até mesmo as
profundezas de Deus.”

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O Espírito Santo tanto sonda as mais fundas profundezas como
escala as mais elevadas alturas de tudo o que era, que é e que
há-de vir. O Seu conhecimento é infinito.

É à luz deste conhecimento infinito que cada um de nós se deve


preparar para dar contas de si mesmo a Deus. “E não há criatura
que não seja manifesta na sua presença; pelo contrário, todas as
coisas estão descobertas e patentes aos olhos daquele a quem
temos de prestar contas.” (Hebreus 4:13)

A sabedoria e o conhecimento sobrenaturais do Espírito Santo


foram manifestos durante o ministério terrestre de Jesus,
sobremaneira evidente no Seu procedimento com Judas
Iscariotes. Quando os discípulos disseram a Jesus: “Nós temos
crido e conhecido que tu és o Santo de Deus”, (João 6:69) Jesus
deu-lhes uma resposta que revelou que, ser o Messias,
implicava ser traído por um dos Seus próprios seguidores: “Não
vos escolhi eu em número de doze? Contudo, um de vós é diabo.
Referia-se Ele a Judas Iscariotes; porque era quem estava para
traí-lo, sendo um dos doze.” (João 6: 70-71) Jesus sabia, através
do Espírito Santo, que Judas o trairia, antes mesmo de Judas o
saber.

Mesmo assim, Judas não poderia levar o seu plano avante sem
que Jesus dissesse algo que o libertasse. Na Última Ceia, Jesus
avisou os Seus discípulos dizendo: “Um de vós me trairá.”
Quando questionado sobre quem seria, Jesus respondeu:

“É aquele a quem eu der o pedaço de pão molhado. Tomou, pois,


um pedaço de pão e, tendo-o molhado, deu-o a Judas, filho de
Simão Iscariotes. E, após o bocado, imediatamente, entrou nele
Satanás. Então, disse Jesus: O que pretendes fazer, faze-o
depressa.” (João 13: 21-30)

Havendo recebido o pedaço de pão, Judas saiu logo – para trair


Jesus.
Estou espantado com a percepção de que Judas não podia
terminar o seu plano de trair Jesus, sem que este dissesse algo

18
que o libertasse para o fazer. Em todo este cenário foi sempre o
Traído, e nunca o traidor, que esteve no controlo absoluto da
situação.

Quando compreendemos a perfeição do conhecimento de Deus


– e em particular a Sua presciência ou conhecimento prévio – dá-
nos a segurança de que, aconteça o que acontecer, Deus nunca
é surpreendido. No reino dos céus não existem emergências.
Deus não só sabe o fim desde o princípio, como Ele próprio é o
Princípio e o Fim. (Apocalipse 21:6) E Ele está sempre em
controlo absoluto.

Em particular, Deus conhece aqueles que Ele escolheu para


estarem com Ele na eternidade. “Porquanto aos que de antemão
conheceu, também os predestinou para serem conformes à
imagem de seu Filho, a fim de que ele seja o primogénito entre
muitos irmãos.” ( Romanos 8:29)

Se pela misericórdia e graça de Deus nós conseguirmos chegar


a esse eterno e glorioso destino, Jesus nunca saudará alguém
dizendo: “Não esperava ver-te aqui!” Em vez disso dirá: “Meu
filho, tenho estado à tua espera. Não nos conseguíamos sentar à
mesa do festim sem tu chegares.”

Nesse glorioso banquete, eu creio que, cada lugar à mesa terá o


nome da pessoa para o qual foi preparado.
Até que o número dos redimidos esteja completo, Deus espera
com extraordinária paciência, “não querendo que nenhum
pereça, senão que todos cheguem ao arrependimento.”(2 Pedro
3:9)

Omnipresente

Quando dizemos que Deus é omnipresente, queremos dizer


que Ele está presente em todo o lado ao mesmo tempo. Em
Jeremias 23:23-24, o próprio Deus afirma:

“Acaso, sou Deus apenas de perto, diz o SENHOR, e não

19
também de longe? Ocultar-se-ia alguém em esconderijos, de
modo que eu não o veja? – diz o SENHOR: porventura, não
encho eu os céus e a terra? – diz o SENHOR.”

Como pode isto ser? Sabemos que Deus está sentado no Seu
trono no céu, com Jesus à Sua dextra. Então como é que Ele
pode encher os céus e a terra com a Sua presença?

Em Salmos 139:7-12, David fornece a resposta. Primeiro ele


pergunta:

Para onde me ausentarei do teu Espírito?


Para onde fugirei da tua face?

Isto revela que é através do Seu Espírito que Deus Se faz


presente em todo o lado ao mesmo tempo. Então David remata
com vívidos detalhes:

Se subo aos céus, lá estás;


se faço a minha cama no mais profundo abismo, lá estás
também;
se tomo as asas da alvorada e me detenho nos confins
dos mares, ainda lá me há-de guiar a Tua mão, e a Tua
dextra me susterá.
Se eu digo: as trevas, com efeito, me encobrirão, e a luz
ao redor de mim se fará noite, até as próprias trevas não
te serão escuras:
as trevas e a luz são a mesma coisa.

Não importa onde possamos ir, Deus está lá pelo Seu Espírito –
invisível, muitas vezes imperceptível, mas inescapável. Para o
incrédulo isto pode ser um pensamento aterrador, mas para o
crente é uma garantia que conforta e fortalece. Onde quer que
nos possamos encontrar, “ainda lá me há-de guiar a Tua mão, e a
Tua dextra me susterá.”

No Novo Testamento, Jesus dá-nos esta garantia: “De maneira


alguma te deixarei, nunca jamais te abandonarei.”(Hebreus13:5)

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Por vezes poderemos até nem estar conscientes da Sua
presença, mas pelo Seu Espírito Santo, Ele lá está. O que nos
rodeia pode parecer completamente em trevas, mas “até as
próprias trevas não te serão escuras…”

Cada um de nós precisa de cultivar uma sensibilidade interior ao


Espírito Santo, que não dependa da evidência dos nossos
sentidos físicos. Quando os nossos sentidos não nos dizem
nada acerca da Sua presença, ou mesmo quando parecem
negá-la, deve haver um lugar no mais íntimo do nosso espírito
que mantém uma ininterrupta consciência da presença do
Espírito Santo. Então compreenderemos melhor o porquê de Ele
ser chamado de “Consolador” ou “Conselheiro”. (João 14:26)
Não há forma mais apropriada de terminar este capítulo do que
agradecendo ao Pai e ao Filho de nos terem enviado o Espírito
Santo. Concorda comigo?

21
QUEM É O
ESPÍRITO SANTO?
3
SERVO AUTO-NEGADOR –
FOGO CONSUMIDOR

O Espírito Santo escolheu revelar-Se através das Escrituras. O


que elas nos dizem a Seu respeito?

A primeira revelação do Espírito Santo está contida no Seu título:


Ele é Santo. Este é o padrão pelo qual devemos julgar cada
mensagem, cada manifestação, cada movimento que afirma ser
do Espírito Santo: Será compatível com a Sua santidade?

De “Pentecostal” a “Carismático”

Alguém disse que “a familiaridade gera desprezo”. Infelizmente,


isto por vezes aplica-se a coisas do Espírito – em particular, ao
desenvolvimento do movimento Pentecostal. Quando o
baptismo e as dádivas do Espírito primeiro chocaram a Igreja,
nos anos iniciais do século vinte, não estava na moda nem era
popular ser chamado de “Pentecostal”. Havia-lhe um estigma
anexo. Havia um preço a ser pago.

Os primeiros Pentecostais, a grande maioria, não eram pessoas


com uma grande educação. Eles “tinham um parafuso a menos”.
Algumas das coisas que fizeram e disseram eram disparates. O
seu conceito de santidade era, por vezes, legalista. Mas eles
pagaram o preço. A sua experiência não foi barata.

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No decorrer do século vinte as coisas mudaram –
particularmente com o advento do movimento “Carismático”. A
palavra “Carismático” substituiu a palavra “Pentecostal”, sendo
aceite de uma forma mais respeitável. Tornou-se algo popular
ser-se “Carismático”. Na verdade, a palavra deixou de estar
confinada a Cristãos. Fiquei perplexo na primeira vez que ouvi os
“media” aplicarem o termo a um político sem escrúpulos.

A estes desenvolvimentos, ouve um lado positivo e um lado


negativo. No lado positivo, o baptismo e as dádivas do Espírito
Santo tornaram-se acessíveis a todo o corpo de Cristo. Mas, no
lado negativo, existem ministérios e práticas em que a palavra
“santo” já não se aplica. Aqui têm alguns exemplos:

1. Linguagem insolente e irreverente aplicada às


coisas sagradas de Deus.
2. Ministérios públicos motivados por uma
descarada ambição, apoiados por afirmações que
não são substanciadas ou promessas que não são
cumpridas.
3. Manifestações bizarras e indecentes atribuídas
ao Espírito Santo.

Não me surpreende que estas coisas sejam encontradas em


ministérios que afirmam ser Cristãos. Afinal de contas, ambição
e auto-servidão estão profundamente enraizadas no ser
humano. O que me espanta, contudo, é que milhões de Cristãos
professos aparentemente aceitam este tipo de comportamento
como sendo procedido do Espírito Santo. Obviamente chegou à
altura de nós olharmos para o Espírito Santo de forma inovada,
de forma diferente. Que tipo de pessoa é Ele?

Um Servo Humilde, Auto-Negador

Ainda recordo o choque que foi para mim quando percebi que a
serventia era parte da natureza divina. A maior parte das
pessoas hoje em dia vêm a serventia como algo a ser evitado;
algo lacaio e degradante. Esta atitude (falsa) é uma das

24
influências corruptíveis que está a envenenar a nossa cultura
contemporânea.

A serventia não teve origem no tempo, mas na eternidade; não


na terra, mas no céu. Jesus, o Filho eterno, é o alegre, disponível
e obediente servo de Deus o Pai. Por sua vez, o Espírito Santo é
o obediente, auto-negador, servo do Pai e do Filho. Ele não se
queixa de “vitimização” ou exige os Seus “direitos”. Ele cumpre
na perfeição a tarefa que Lhe é designada. Ele é o Deus Servo!

Isto está maravilhosamente ilustrado em Génesis, capítulo 24,


que descreve como Abraão conseguiu obter uma noiva para o
seu filho Isaac. Existem 4 “tipos” maravilhosos nesta descrição.
Abraão é o tipo de Deus o Pai; Isaac é o tipo do Filho de Deus,
Jesus; Rebeca é o tipo de noiva de Cristo, a Igreja. Mas e o servo
de Abraão? Apesar de não sabermos o seu nome, ele é o
personagem principal. Ele é o tipo de Espírito Santo. Como um
servo, ele tinha um objectivo supremo: encontrar uma jovem
mulher para ser a noiva; para equipá-la e adorná-la; e para
escoltá-la em segurança até ao noivo.

Foi para um propósito semelhante que o Espírito Santo desceu à


terra no Pentecostes. Ele está aqui com um objectivo supremo:
encontrar, equipar e adornar a noiva de Cristo – a Igreja – e
escoltá-la em segurança neste mundo e apresentá-la a Jesus –
uma noiva pura e sem mancha.

Uma característica principal do Espírito Santo é que Ele nunca


atrai atenções para Si mesmo. Esta é uma tradução à letra do
que Jesus nos disse acerca Dele: “…ele testificará de
mim.”(João 15:26) “Não falará de si mesmo, mas dirá tudo o que
tiver ouvido…” “(Ele) há-de receber do que é meu, e vo-lo há-de
anunciar.”(João 16:13 e 14)

Mais notável ainda, em toda a revelação que o Espírito Santo


nos deu nas Escrituras, não há qualquer registo de alguém
alguma vez ter dirigido uma oração ao Espírito Santo. A
oração padrão que Jesus deu aos Seus discípulos começa com

25
as palavras “ Pai nosso ”. A isto Jesus adicionou a Sua própria
promessa: “E tudo quanto pedirdes em meu nome, isso farei, a
fim de que o Pai seja glorificado no Filho.” (João14:13)

O término de todas as orações Bíblicas é Deus o Pai. O


ministério do Espírito Santo é ajudar-nos a alcançar o Pai com as
nossas orações e não oferecer-nos um destino alternativo.
Devemos orar no Espírito, não ao Espírito. (Ver Efésios 6:18)

Em anos recentes, contudo, algumas secções da Igreja têm-se


desviado deste padrão espiritual. O foco tem sido afastado do
Pai e do Filho para o Espírito. Muitas músicas – com pouco
conteúdo espiritual – são dirigidas ao Espírito Santo. Por vezes a
principal ênfase tem sido em experiências subjectivas que
abastecem o ego dos participantes. Esta subtil, não -publicitada
troca de ênfase expôs o povo de Deus a perigos espirituais, que
muitos não conseguem discernir.

Precisamos manter dois princípios básicos em mente. Primeiro,


o Espírito Santo nunca abastece o ego humano. Segundo, o
Espírito Santo nunca atrai a atenção para Si mesmo. Ele sempre
dirige o nosso foco para Jesus.

Sempre que estes princípios são postos de lado, o resultado


pode ser muita excitação carnal e sensualidade emocional sem
qualquer espiritualidade genuína. Ou – ainda mais perigoso –
pode abrir as portas para uma imitação satânica que, por sua
vez, abre caminho para a actividade de demónios.

Um Fogo Consumidor

Uma forma pela qual o Espírito Santo, por vezes, Se manifesta é


o fogo. De facto, na última vez que o Espírito Santo aparece de
forma visível nas Escrituras é como tochas ardentes: “…diante
do trono, ardem sete tochas de fogo, que são os sete Espíritos de
Deus.” (Apocalipse 4:5)

O escritor de Hebreus faz uma simples, mas profunda

26
declaração: “…o nosso Deus é fogo consumidor.”(Hebreus
12:29) Ele não diz que Deus é como um fogo, mas que Deus é
um fogo. Por esta razão, “sirvamos a Deus de modo agradável,
com reverência e santo temor.”(Hebreus12:28) Não um medo
servil, mas “o temor do Senhor (que) é límpido e permanece para
sempre…”(Salmos 19:9)

O escritor de Hebreus não está a falar de Deus o Pai ou Deus o


Filho, mas de Deus o Espírito Santo. Ele é, na verdade, um fogo
– um fogo consumidor.

Em vários pontos da história de Israel, o Espírito Santo desceu


sob as pessoas como um fogo. No tabernáculo, no deserto,
quando Arão havia oferecido todos os sacrifícios ordenados,
saiu fogo de diante do Senhor, consumiu o holocausto e a
gordura sobre o altar; o que vendo o povo, jubilou e prostrou-se
sobre o rosto. (Levítico 9:23,24)

Outra vez, quando Salomão tinha acabado de orar na dedicação


do templo, desceu fogo do céu e consumiu o holocausto e os
sacrifícios; e a glória do Senhor encheu a casa. Os sacerdotes
não podiam entrar na Casa do Senhor, porque a glória do Senhor
tinha enchido a Casa do Senhor. (2 Crônicas 7:1,2)

Mais tarde, num tempo de apostasia, quando o Senhor


respondeu à oração de Elias no Monte Carmelo,

Então, caiu fogo do Senhor, e consumiu o holocausto, e a lenha,


e as pedras, e a terra, e ainda lambeu a água que estava no rego.
O que vendo todo o povo, caiu de rosto em terra e disse: O
Senhor é Deus! O Senhor é Deus! (1Reis 18:38,39)

De cada vez que descia fogo do céu e as pessoas caíam sobre o


seu rosto, elas não eram simplesmente movidas por uma
manifestação espiritual. Elas estavam a responder a uma
presença de Deus – Deus o Espírito Santo – que havia descido
no meio deles como um fogo consumidor. Na Sua presença elas
eram fisicamente incapazes de permanecer de pé.

27
Para Purificar ou para Destruir?

Mas o fogo tem dois lados opostos. O fogo pode ser benéfico,
mas também perigoso. O fogo pode purificar, mas também
destruir.

O mesmo acontece com o fogo do Espírito Santo. Ele pode


ministrar a bênção e o favor de Deus naqueles que são
obedientes, mas também pode ministrar a raiva de Deus e o
julgamento nos que são presunçosos e auto-determinados.

Imediatamente após a narração do fogo que caiu sobre o


sacrifício de Arão no tabernáculo, o relato continua:

Nadabe e Abiú, filhos de Arão, tomaram cada um o seu


incensário, e puseram neles fogo, e sobre este, incenso, e
trouxeram fogo estranho perante a face do Senhor, o que lhes
não ordenara. Então, saiu fogo de diante do Senhor e os
consumiu; e morreram perante o Senhor. (Levítico 10:1,2)

Que lição solene! O mesmo fogo que trouxe a bênção de Deus


sobre o sacrifício de Arão, oferecido em obediência, trouxe morte
instantânea aos seus dois filhos quando eles entraram na
presença de Deus com “fogo estranho (profano)”.

Deus já definiu o modo como nos devemos aproximar Dele: “com


reverência e santo temor”,(Hebreus12:28) “ambos (Judeus e
Gentios) temos acesso ao Pai em um Espírito (Espírito
Santo).”(Efésios2:18)

Oferecer um “fogo estranho” é aproximarmo-nos de Deus com


presunção e auto-determinação num qualquer espírito que não é
o Espírito Santo. É, portanto, uma matéria de vital importância –
na verdade, de vida ou de morte – reconhecer o Espírito Santo
em qualquer forma que Ele Se manifeste e distingui-Lo de
qualquer outro espírito falsificador.

28
De todos os Israelitas, Nadabe a Abiú, os filhos de Arão, talvez
possam ter sentido que tinham um privilégio especial em entrar
na presença de Deus usando um método à sua escolha. Por
direito de nascimento, Nadabe deveria ter sucedido a Arão como
Sumo-Sacerdote. Mas não há qualquer substituto para a
obediência à Palavra de Deus – nem status denominacional,
nem milagres dramáticos, nem o apelo das multidões. Deus não
tem uma especial e privilegiada “elite” que possa ignorar os Seus
requisitos sem sofrer as consequências.

O julgamento de Deus na auto-exaltação de Nadabe e Abiú,


mostra-nos que o Espírito Santo só concede a Sua bênção
àqueles que reúnem os Seus requisitos. Hoje, o Seu primeiro
requisito é que nos foquemos em exaltar e glorificar o Senhor
Jesus Cristo. O segundo requisito, é que sigamos
cuidadosamente as direcções que o próprio Espírito Santo nos
transmitiu nas Escrituras.

29
QUEM É O
ESPÍRITO SANTO?
4
O ESPÍRITO
DA VERDADE

“E eu rogarei ao Pai, e ele vos dará outro Consolador,


a fim de que esteja para sempre convosco, o Espírito
da verdade, que o mundo não pode receber,
porque não o vê, nem o conhece; vós os conheceis,
porque ele habita convosco e estará em vós.”
(João 14:16,17)

Quando Jesus prometeu aos Seus discípulos que Ele pediria ao


Pai para lhes enviar um Consolador divino, Ele deu um nome
especial a este Consolador: “o Espírito da verdade”. Ao mesmo
tempo, contudo, Ele avisou-os de que o mundo não seria capaz
de receber este Consolador.

Para isto, as Escrituras fornecem-nos duas razões. Primeira:


desde o tempo em que os homens se desviaram de Deus em
rebelião, eles têm-se mostrado indispostos a aceitar a verdade
que expõe os seus feitos injustos e perversos. Assim sendo, eles
“detêm a verdade pela injustiça.” (Romanos1:18)

Segunda: a rebelião contra Deus tem exposto a humanidade ao


domínio do deus desta era, “Satanás, o sedutor de todo o
mundo.” (Apocalipse12:9) O engano é a primeira arma em que
Satanás confia para manter a humanidade debaixo do seu
controlo. Uma vez a sua habilidade para enganar retirada, ele
não tem mais nada a oferecer excepto um lugar com ele no lago
de fogo eterno!
31
Ao longo de muitos séculos, a filosofia humana nunca foi capaz
de produzir uma definição satisfatória de “verdade”. Por outro
lado, a Bíblia dá uma resposta tripla. Primeiro, Jesus disse: “Eu
sou a verdade.” (João 14:6) Segundo, em oração a Deus o Pai,
Ele disse: “a tua palavra é a verdade.” (João17:17) Terceiro,
João nos diz: “o Espírito (Santo) é a verdade.”(1João 5:6)

Por conseguinte, no reino espiritual existem três coordenadas da


verdade: Jesus, as Escrituras e o Espírito Santo. Quando estes
três estão em acordo, sabemos que chegámos à verdade – à
verdade absoluta. Contudo, é importante que verifiquemos
todas as três coordenadas antes de chegarmos a uma
conclusão. Existem três perguntas que devemos fazer em
relação a qualquer questão espiritual:

Isto representa Jesus como Ele realmente é?


Está em harmonia com as Escrituras?
O Espírito Santo dá o Seu testemunho?

Historicamente, a Igreja teria sido poupada de muitos erros e


decepções se tivesse sempre verificado todas estas três
coordenadas da verdade. Não é o suficiente um professor pintar
um quadro de Jesus como um perfeito exemplo moral. Ou um
pastor desancar a sua congregação com uma inundação de
versículos Bíblicos. Ou um evangelista impressionar a sua
audiência com uma amostra emocionante do sobrenatural.
Antes que possamos aceitar como verdade o que nos é
apresentado, todas as três coordenadas têm de estar no seu
lugar: Jesus, as Escrituras, o Espírito Santo.

Na tripla apresentação da verdade, a função distinta do Espírito


Santo é dar testemunho. “E o Espírito é o que dá
testemunho.”(1João5:6)

O Espírito Santo dá testemunho de Jesus como o eterno Filho de


Deus, que derramou o Seu sangue na cruz como o todo -
suficiente sacrifício para os nossos pecados. Nas palavras de
Charles Wesley:

32
“O Espírito responde ao sangue
E diz-me que eu sou nascido de Deus.”

O Espírito Santo também dá testemunho da verdade e


autoridade da Bíblia, como Paulo escreveu aos
Tessalonicenses: “Porque o nosso evangelho não chegou até
vós tão-somente em palavra, mas, sobretudo, em poder, no
Espírito Santo e em plena convicção…”.(1Tessalonicenses1:5)

Ananias e Safira

Não pode haver qualquer compromisso entre o Espírito Santo,


que é o Espírito da verdade, e Satanás, que “é mentiroso e pai da
mentira.” (João8:44) Isto foi demonstrado de forma dramática na
igreja primitiva, quando Ananias e Safira mentiram acerca do
dinheiro que tinham oferecido à igreja. Eles afirmaram que
tinham trazido a totalidade do valor da propriedade que haviam
vendido, quando, na realidade, eles retiveram parte desse valor.

Contudo, o Espírito da verdade em Pedro, não foi enganado. Ele


acusou Ananias de mentir não somente a homens, mas também
ao próprio Espírito Santo – aquele que é o Espírito da verdade:

“Então, disse Pedro: Ananias, por que encheu Satanás teu


coração, para que mentisses ao Espírito Santo, reservando
parte do valor do campo? Conservando-o, porventura, não seria
teu? E, vendido, não estaria em teu poder? Como, pois,
assentaste no coração este desígnio? Não mentiste aos
homens, mas a Deus. Ouvindo estas palavras, Ananias caiu e
expirou, sobrevindo grande temor a todos os ouvintes.” (Actos
5:3-5)

Três horas mais tarde Safira entrou e repetiu a mesma mentira.


Tal como o seu marido, ela pagou-o com a sua vida.

Justamente definido, o pecado pelo qual Ananias e Safira foram


culpados foi hipocrisia – pretensão (ou fingimento) religiosa.
Eles fingiam ser mais generosos e mais envolvidos com o

33
Senhor do que realmente eram. Jesus reservou as Suas
palavras mais fortes de condenação para este pecado, existente
nos líderes religiosos do Seu tempo. Sete vezes em Mateus 23,
Ele disse-lhes: “Ai de vós… hipócritas.”

O Que é Hipocrisia?

As nossas palavras Portuguesas “hipócrita” e “hipocrisia”,


derivam directamente da palavra Grega hupokrites, que significa
“actor”. Esta é a essência da hipocrisia: fazer uma actuação
religiosa. Este é provavelmente o pecado mais comum entre as
pessoas religiosas. Na verdade, algumas formas de religião
quase o exigem.

Quando as pessoas entram num edifício religioso, todo o seu


comportamento muda. Deixam de ser naturais, livres e abertas.
Parecem estar agrafadas por um qualquer tipo de grampo
invisível. Elas sentem a obrigação de colocar uma máscara
religiosa. Diferentes ramos de religião podem requerer
máscaras de diferentes tipos, mas poucos deles permitem às
pessoas serem elas próprias.

Quando o pregador condena certos pecados, tais pessoas


respondem com um submisso “Ámen!”. Mas fora da igreja elas
cometem esses mesmos pecados sem o mínimo de consciência.
Se fazem orações em público, usam um tom de voz especial e
um vocabulário a condizer. Elas não param para pensar como
um pai humano se sentiria se o seu filho o abordasse com uma
linguagem tão superficial ou usasse uma forma de
comportamento tão pouco natural apenas para o impressionar.

O Deus da Bíblia não tem tempo para hipocrisias. Isto é muito


claro na história de Job. Os três amigos de Job jorraram sobre ele
uma torrente de vulgaridades religiosas. Com efeito, eles
disseram: “Deus sempre abençoa o justo, ele nunca sofre
injustamente”. Por outro lado, “Deus sempre julga o ímpio, ele
nunca prospera.” Contudo, os factos da história demonstram
que isto não é verdade. Isto é apenas conversa religiosa!

34
Por outro lado, Job foi completamente franco. Ele disse: “Deus
não me trata com justiça. Não fiz nada para merecer tudo isto.
Mas mesmo que Ele me mate, ainda assim eu confiarei Nele.”

Em Job 42:7 o Senhor revela a Sua avaliação à conduta de Job e


dos seus amigos. “…o Senhor disse também a Elifaz, o
Temanita: A minha ira se acendeu contra ti e contra os teus dois
amigos; porque não dissestes de mim o que era recto, como o
meu servo Job.”

Precisamos de perguntar a nós mesmos: Como é que este tipo


de comportamento religioso difere do pecado de Ananias e
Safira, que lhes custou a vida?

O Momento da Verdade

Num determinado ponto da sua carreira, o Rei David foi culpado


de dois pecados terríveis. Primeiro, ele cometeu adultério com
Batseba, a esposa do seu vizinho Urias. Depois, para encobrir
este pecado, ele causou o assassinato de Urias.

Aparentemente David safou-se de tudo isto. Ele ainda continuou


com as suas regulares formas de adoração. Ele ainda acarretou
as suas responsabilidades como rei. Ele ainda viveu no palácio
real. Por fora nada mudou – até que o profeta de Deus, Natã,
confrontou David com o seu pecado. Nesse momento o destino
eterno de David ficou na corda bamba. Pela graça de Deus,
David respondeu de forma correcta. Ele não ofereceu
desculpas, não tentou encobrir o sucedido. Ele reconheceu:
“Pequei contra o Senhor.” (2 Samuel 12:1-15)

Mais tarde, em Salmos 51, David oferece uma oração de


confissão e um grito de misericórdia. Os versículos 5 e 6
começam ambos com a palavra “Certamente”, expressando
uma súbita revelação de uma verdade vital.
O versículo 5 diz: “Certamente em iniquidade fui formado, e em
pecado me concebeu a minha mãe.” David havia ficado cara a
cara com algo que somente o Espírito da verdade pode revelar:

35
não apenas os actos pecaminosos que ele havia cometido, mas
o terrível poder do mal de herdada iniquidade que habita em
todos os descendentes de Adão.

O versículo 6 revela a única base em que Deus oferece


libertação do poder do pecado residente: “Certamente tu amas a
verdade no íntimo.” Mesmo depois do seu pecado, David
continuou a encenar todas as formas exteriores de
comportamento apropriado ao seu papel de rei. Mas agora havia
uma vasta separação entre o seu comportamento exterior e a
íntima condição do seu coração. Ele tinha-se tornado num
hipócrita – um actor a encenar um papel que não mais
correspondia ao que lhe ia no coração. Para isto havia apenas
um remédio: confissão honesta e arrependimento de todo o
coração.

Do Domingo de Ramos à Sexta-feira Santa

Há uma verdade que percorre toda a Bíblia: Deus nunca se


compromete com o pecado. Isto é vivamente ilustrado em dois
dias na vida de Jesus: Domingo de Ramos e Sexta-feira Santa.

No Domingo de Ramos, Jesus entrou em Jerusalém como um


herói popular – “o profeta Jesus, de Nazaré da Galileia.” (Mateus
21:11)Toda a cidade estava aberta a Ele. Ele podia ter facilmente
posto de parte os Seus amargos inimigos, os líderes religiosos e
ter-Se estabelecido como Rei. Era isso que as pessoas
esperavam.

Contudo, Ele escolheu outra forma. Cinco dias depois Ele estava
pendurado numa cruz cruel, nu e rejeitado. Porquê? Porque
Deus nunca se compromete com o pecado e a única forma santa
de lidar com o pecado foi o sacrifício de Jesus na cruz.

Muitos Cristãos hoje em dia falam e oram por um “reavivamento”.


Eles muitas vezes não reparam no facto de que há uma barreira
para o reavivamento que nunca pode ser ultrapassada. O
pecado. Até que se lide com o pecado, nunca poderá vir um

36
verdadeiro avivamento. E só há uma forma de se lidar com o
pecado: “O que encobre as suas transgressões jamais
prosperará; mas o que as confessa e deixa alcançará
misericórdia.” (Provérbios 28:13) Dito de forma franca, muitas
secções da igreja contemporânea estão cheias de “pecados
encobertos”. Aqui estão alguns pecados que os Cristãos
frequentemente tentam encobrir:

1. Abuso de crianças – físico, emocional, sexual – ou uma


combinação.
2. Quebra dos votos matrimoniais.
3. Falta de ética no trato do dinheiro.
4. Vício de pornografia. (Eu tenho ficado chocado ao
descobrir o quão comum isto é entre líderes na igreja.)
5. Gulodice – abusos na satisfação dos nossos apetites
físicos.

O remédio de Deus é duplo: primeiro, confessar; depois,


renunciar. Raramente é fácil confessarmos os nossos pecados.
No entanto não há outro remédio. “Se confessarmos os nossos
pecados, ele é fiel e justo para nos perdoar os pecados e nos
purificar de toda injustiça.” (1João1:9) Deus nunca Se
comprometeu a perdoar pecados que não estamos dispostos a
confessar.

Mas não basta simplesmente confessarmos. Devemos também


“renunciar”. Devemos tomar uma resoluta determinação para
não continuarmos a cometer o pecado que confessámos.
Devemos seguir o sucinto conselho que Daniel deu ao rei
Nabucodonosor: “…desfaze os teus pecados pela
justiça…”(Daniel 4:27) Não existe um meio-termo entre justiça e
pecado. “Toda injustiça é pecado.”(1João5:17) O que não é
justiça, é pecado.

Está cara a cara com uma decisão difícil?

Se este capítulo o levou a questionar coisas na sua vida que têm


sido aceitáveis, ou confrontou-o com alguma área de

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desobediência, abra-se ao Espírito da verdade! Ele está pronto e
disponível para vir em seu socorro.

38
5
AS DÁDIVAS
DO ESPÍRITO

Quando Abraão enviou o seu servo de Canaã a Padã-Arã para


procurar uma noiva para o seu filho Isaque, o servo carregou dez
camelos para levar consigo. Eu tenho visto com os meus
próprios olhos, no Médio - Oriente, o quanto pode ser carregado
num camelo. É incrível!

Os dez camelos com as suas cargas eram uma evidência visível


que Abraão era um homem honrado e próspero. Incluídas na sua
carga estavam preciosas ofertas de joalharia. Quando o servo
encontrou a jovem moça que seria a noiva de Isaque, a primeira
coisa que ele fez foi colocar-lhe no rosto uma distinta jóia de usar
no nariz.

Ao aceitar a oferta, Rebeca comprometeu-se a ser a noiva de


Isaque. Caso ela tivesse rejeitado a dádiva, ela teria rejeitado e
desonrado Isaque. Ela nunca poderia ser a sua noiva.

Hoje, de um modo semelhante, Deus enviou o Seu Espírito


Santo com abundantes provisões para a noiva do Seu Filho
Jesus – a Igreja. Incluídas estão nove dádivas espirituais. Ao
aceitar estas dádivas, a Igreja está marcada como sendo a única
que está comprometida a ser a Noiva de Cristo.

39
Nove Dádivas Espirituais

Estas nove dádivas estão listadas em 1 Coríntios 12:8-10. Para


transparecer o exacto significado eu dou-vos a seguinte
tradução literal:

1. A palavra da sabedoria
2. A palavra da ciência (ou do conhecimento)
3. Fé
4. Dons de curas
5. Operações de milagres (literalmente, poderes)
6. Profecia
7. Discernimentos de espíritos
8. Variedade de línguas
9. Interpretação de línguas

Todas estas dádivas são “manifestações”. O Espírito Santo em


Si mesmo é invisível, mas através destas dádivas Ele Se
manifesta. Ele colide com os nossos sentidos de maneira que
conseguimos ver, ouvir ou sentir.

Todas elas são “para o proveito de todos.” Através delas os


Cristãos podem ministrar uns aos outros. Todas elas servem um
propósito prático. Elas são ferramentas e não brinquedos.

Todas estas dádivas são sobrenaturais. Elas não são o produto


de habilidade natural ou educação especial.

Uma pessoa iletrada pode receber a palavra de sabedoria ou do


conhecimento. Semelhantemente, o dom da “fé” vai além da fé
que todos precisamos para a salvação. Também é distinto do
fruto da fé, que vem por um processo de crescimento natural. É
uma fé sobrenatural que vai para além da nossa capacidade e
produz resultados sobrenaturais.

É usualmente sugerido que estes dons fossem retirados no


término da era apostólica e não estão disponíveis hoje. Contudo,
Paulo agradeceu a Deus pelos Cristãos em Corinto porque

40
“nenhum dom vos falta, aguardando a revelação de nosso
Senhor Jesus Cristo.”(1Coríntios1:7) Torna-se óbvio, então, que
os Cristãos devem continuar a exercer dons espirituais até ao
regresso de Cristo.

Os primeiros dois dons que Paulo escreve – palavra da


sabedoria e palavra do conhecimento – estão relacionados de
forma prática. Uma palavra do conhecimento dá-nos os factos
sobre uma determinada situação. Aí, a palavra da sabedoria
mostra-nos como Deus quer que lidemos com essa situação.

Alguns dos dons são plurais: dons de curas; operações de


milagres; discernimentos de espíritos; variedade de línguas. Isto
indica que cada cura, cada milagre, cada discernimento, cada
pronunciação numa determinada língua é um dom. Se um certo
dom se manifesta regularmente através de uma pessoa,
podemos afirmar que essa pessoa tem esse dom.

Dons Que Não Podem Ser Adquiridos

Deve ser enfatizado que todos estes são dons da graça de Deus.
Eles são recebidos por graça. Nunca os poderemos adquirir.
Nunca poderemos ser “suficientemente bons” para os exercitar.

Em 1941, num quarto de caserna do Exército Britânico, a meio


da noite, eu tive um poderoso encontro com Jesus Cristo que
mudou a minha vida. Cerca de uma semana depois, no mesmo
quarto, eu falei pela primeira vez numa língua desconhecida.
Então – inesperadamente – eu prossegui a falar a
“interpretação” num bonito e poético Inglês. Era um esboço do
plano de Deus para a minha vida e ministério, que tem sido
cumprido – etapa por etapa – até ao presente dia (mais de 55
anos).

41
Felizmente para mim, eu tinha demasiada “falta de espírito” para
saber que tinha de ir a uma igreja para ser salvo ou que, após
falar numa língua, tinha de esperar seis meses para receber o
dom da interpretação!

De 1957 a 1961 servi como Director de uma Universidade de


Treino de Professores, para professores Africanos, no Quénia.
Durante esse tempo tivemos a visita soberana do Espírito Santo
na nossa Universidade. Em reuniões com os meus alunos, pude
ver todos os nove dons do Espírito a operaram entre nós em
várias alturas. Eu também vi dois dos meus alunos – em
ocasiões diferentes – a ressuscitarem dos mortos. Depois,
ambos testificaram do que tinham experienciado enquanto os
seus espíritos estiveram fora dos seus corpos.

Mais tarde, na América, eu recebi um inesperado “dom” de


ministrar a pessoas que eram aleijadas. Ao sentá-las numa
cadeira e segurando os seus pés nas minhas mãos, a perna
mais curta crescia, mesmo em frente aos meus olhos e elas
ficavam curadas. Apesar disso, algumas pessoas sugeriram que
isto não era um ministério apropriado para um honrado e
instruído professor Bíblico. Decidi questionar o Senhor acerca
disto e senti que Ele me deu esta resposta: “Eu dei-te um dom.
Há duas coisas que podes fazer com ele. Podes usá-lo e ter
mais. Ou podes não usá-lo e perdê-lo.” Ali, naquele preciso
momento, eu decidi continuar a usar o que Deus me tinha dado
e, de facto, recebi mais.

Numa ocasião vi uma perna crescer cinco centímetros! O poder


sobrenatural de Deus levou a outros milagres. Num sítio, sem
que se estivesse a fazer qualquer oração especial, um homem
foi curado de três sérias enfermidades e livre do seu vício de
nicotina.

Lembro-me de uma senhora que veio com um saco de papel na


mão e um salto de 3,80 centímetros num dos sapatos. Quando
peguei nos seus pés, a perna mais curta cresceu 3,80
centímetros. Então ela abriu o saco de papel e tirou um par de

42
sapatos novos com saltos normais. Os sapatos serviram-lhe na
perfeição.

Acabei por decidir que o nome deste meu dom, de acordo com as
Escrituras, era “operação de milagres (poder)”.

Mais ou menos na mesma altura, Deus orientou-me para o que


viria a ser uma aplicação diferente do mesmo dom. Ele começou
a usar-me na expulsão pública de demónios. Mais uma vez,
havia quem discordasse das barulhentas e desordenadas
manifestações que geralmente acompanhavam este ministério.
Todavia, observei nos Evangelhos que manifestações
semelhantes acompanharam frequentemente o ministério de
Jesus e, assim, resolvi continuar. Nos anos que se seguiram eu
vi milhares de pessoas serem libertas de poder demoníaco.

Se desejarmos a livre operação de dons espirituais, temos de


nos livrar de ideias tradicionais de como nos devemos comportar
“na igreja”.

Outra chave para exercermos dons espirituais é o cultivo de


sensibilidade ao Espírito Santo e fazer lugar para que Ele Se
mova como e quando Ele desejar. Numa certa ocasião, eu e a
Ruth estávamos a almoçar com um casal Cristão e a esposa
partilhou que lhe tinha sido diagnosticado um defeito genético
que lhe inibia de utilizar certos aminoácidos. O seu cérebro
deteriorava-se progressivamente.

O marido saiu para atender outro compromisso e nós


acompanhámos a esposa a pé até ao seu apartamento. No
parque de estacionamento, parámos por uns momentos para
nos despedirmos. Movida pelo Espírito Santo, a Ruth disse:
“Deixe-me orar por si.” E logo nos separámos.

Três semanas depois o marido disse-nos que a sua esposa


estava completamente curada. Isto foi mais tarde confirmado no
mesmo hospital onde a sua condição havia sido diagnosticada.

43
Houve apenas um momento e um lugar em que Deus tinha
disponibilizado a cura. Devido à resposta de Ruth ao impulso do
Espírito Santo, a cura veio e Deus foi glorificado.

Limitações de Dons Espirituais

Sinto um “familiar” formigueiro de excitação quando penso em


algumas das formas em que vi dons espirituais se manifestarem.
Ao mesmo tempo, contudo, é importante compreendermos que
existem limites definidos em relação ao que podemos esperar
dos dons espirituais.

Primeiramente, os dons espirituais são limitados à vida presente.


Falando dos dons de profecia, línguas e palavra de
conhecimento, Paulo diz: “…mas, havendo profecias,
desaparecerão; havendo línguas, cessarão; havendo ciência,
passará; porque, em parte, conhecemos e, em parte,
profetizamos. Quando, porém, vier o que é perfeito, então, o que
é em parte será aniquilado.”(1Coríntios 13:8-10)

Ainda estamos a viver na idade do “imperfeito”. Mas quando


passarmos do tempo à eternidade e aí vestirmos os nossos
corpos da ressurreição, não mais precisaremos das bênçãos
fragmentadas que chegam até nós através de línguas ou
profecias ou uma palavra de conhecimento. O mesmo se aplica
a outras dádivas como curas ou milagres. Os nossos corpos da
ressurreição não precisarão deles!

Se as pessoas estão excessivamente preocupadas com dons


espirituais, é geralmente uma indicação que elas estão mais
interessadas com as coisas temporais do que com a eternidade.
Tais pessoas necessitam de prestar atenção ao aviso de Paulo:
“Se a nossa esperança em Cristo se limita apenas a esta vida,
somos os mais infelizes de todos os homens.”(1Coríntios 15:19)

Ainda mais importante, o exercício dos dons espirituais não dá

44
qualquer indicação sobre o carácter da pessoa. Deixem-me
ilustrar com um exemplo grosseiro. Suponhamos que uma
pessoa que é preguiçosa, enganadora e presunçosa recebe
uma dádiva não merecida de um milhão de dólares. O seu
carácter não mudará em nada. Ela continuará a ser preguiçosa,
enganadora e presunçosa. Na realidade, ela até pode-se tornar
mais presunçosa porque agora tem um milhão de dólares na sua
conta bancária!

O mesmo se aplica a uma pessoa que recebe um dramático dom


espiritual, tal como a profecia ou curas ou até milagres. Se ela
era fraca e instável antes, continuará com a mesma fraqueza e
instabilidade depois. Mas o seu novo dom dar-lhe-á uma maior
influência com pessoas e ela terá uma adicionada
responsabilidade de exercê-lo de uma forma que seja justa e
agradável a Deus.

Um grande problema neste movimento carismático é que as


pessoas tendem a avaliar os pastores ou ministros mais pelos
seus dons do que pelo seu carácter. Contudo, a experiência tem
demonstrado vez após vez que é possível para uma pessoa
exercer dramáticos e impressionantes dons e ter um carácter
muito defeituoso. Às vezes, tais pessoas poderão até usar os
seus dons para encobrir as imperfeições do seu carácter.

Houve um ministro num país Escandinavo que pregou sobre a


“última chuva” do Espírito Santo de uma forma tão poderosa que
as pessoas na sua congregação verdadeiramente sentiram o
Espírito Santo cair sobre si como gotas de chuva. No entanto, ele
saía desses serviços e cometia adultério. Quando ele foi
acusado disso, as pessoas não conseguiam acreditar que um
homem que pregava daquela maneira pudesse cometer tal
pecado – até que ele admitiu.

Enquanto jovem pregador, eu tinha uma grande admiração por


um homem mais velho que tinha um espectacular ministério de
milagres. Ele também ensinava de forma muito energética que
era possível a um Cristão viver sem nunca pecar. Contudo ele

45
divorciou-se da sua mulher, casou-se com a sua secretária e
morreu alcoólico. Outros pregadores muito conhecidos e bem
sucedidos têm experimentado semelhantes tragédias pessoais.

Quando confrontadas com casos como estes, as pessoas


vulgarmente respondem: “Mas certamente que se uma pessoa
usar mal um destes dons, Deus o retiraria!”

No entanto a resposta é Não! Os dons do Espírito são


exactamente o que o nome implica – dádivas genuínas, não
empréstimos com condições anexas ou um prazo de
pagamento. “Porque os dons e a vocação de Deus são
irrevogáveis.”(Romanos11:29)

Uma vez que recebemos um destes dons, somos livres para o


usar bem ou mal ou simplesmente não o usar. Todavia, no final,
Deus vai requerer que prestemos contas do que fizemos ou não
fizemos.

TEMOS DE TER SEMPRE EM MENTE o aviso de Jesus:


“Assim, pois, pelos seus frutos os conhecereis”(Mateus 7:16) –
não pelos seus dons.

Seguidamente Jesus advertiu de forma bem explícita que o


exercício de dons espirituais não é necessariamente um
passaporte para o céu:

“Nem todo o que me diz: Senhor, Senhor! Entrará no reino dos


céus, mas aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos
céus. Muitos, naquele dia, hão-de dizer-me: Senhor, Senhor!
Porventura, não temos nós profetizado em teu nome, e em teu
nome não expelimos demónios, e em teu nome não fizemos
muitos milagres? Então, lhes direi explicitamente: nunca vos
conheci. Apartai-vos de mim, os que praticais a
iniquidade.”(Mateus 7:21-23)

46
Isto indica que é possível para uma pessoa exercer dons
espirituais e, ao mesmo tempo, “praticar ilegalidade”. O que é
“ilegalidade”? É uma arrogante suposição de que os padrões
morais e éticos de Deus não mais se aplicam àqueles que
conseguem exercitar dons de poder sobrenatural.

Obviamente, tais ministérios poderão por vezes confrontar-nos


com a necessidade de tomarmos decisões difíceis. Como
devermos responder?

Primeiro que tudo, devemo-nos lembrar do alerta de Paulo a


Timóteo: “Não te tornes cúmplice de pecados de outrem.
Conserva-te a ti mesmo puro.” (1Timóteo 5:22)

Em segundo lugar, também devemos ter presente o aviso que


Jesus nos deu, no que toca a tais ministérios sem ética: “O céu é
para aquele que faz a vontade de meu Pai, que está nos céus.”
Cada um de nós deve perguntar a si mesmo: “Qual é a vontade
de Deus na minha vida? O que é que o meu Pai espera de mim?

Por mim, sinto que Deus me deu uma resposta simples e clara:
“Esta é a vontade de Deus: a vossa santificação…” (1
Tessalonicenses 4:3) A isto o Espírito Santo adicionou um aviso:
“Sem santificação ninguém verá o Senhor.”(Hebreus12:14)A
minha determinação é a “busca da santificação”.

No próximo capítulo, lidarei com o outro lado da moeda: o fruto


do Espírito Santo.

47
QUEM É O
ESPÍRITO SANTO?
6
O FRUTO
DO ESPÍRITO

No capítulo anterior focámo-nos nas dádivas do Espírito Santo.


Neste capítulo focar-nos-emos no fruto do Espírito.

Há uma diferença em género entre dádivas e fruto. Isto pode ser


ilustrado comparando uma árvore de Natal com uma macieira.

Uma árvore de Natal traz presentes. Cada presente é ligado à


árvore por um simples acto e é recebido dela com um simples
acto. Não é requerido qualquer tempo ou esforço da pessoa que
recebe a oferta.

Por outro lado, é requerido tanto tempo como trabalho árduo


para cultivar uma macieira. Para produzir fruto, ela deverá
passar por uma série de etapas que demoram alguns anos.

Primeiro, a semente deve ser colocada na terra. Dela sai uma


raiz que penetra o solo e ao mesmo tempo ergue-se um rebento
em direcção à superfície. Durante alguns anos o rebento cresce
e transforma-se numa árvore. A seu tempo as primeiras flores
aparecem. Depois caem e o fruto inicia o seu desenvolvimento.

Mas se a árvore é para se tornar forte, as flores ou a fruta jovem


devem ser retiradas nos primeiros anos, para que o sistema de
raízes da árvore se desenvolva para suportar a árvore forte.
Alguns anos passarão até que as maçãs estejam próprias para

49
consumo. (Sob a Lei de Moisés eram requeridos, pelo menos,
quatro anos.)(Levítico19:23-25)

Em várias etapas do seu crescimento, uma macieira é muito


frágil. Ventos fortes podem arrancar a jovem árvore ou, num
estado mais avançado, o gelo ou granizo podem destruir as
flores ou o fruto.

Neste processo a semente e o fruto estão inseparavelmente


ligados um ao outro. O fruto cresce de uma semente, mas, por
outro lado, é necessário haver frutos para produzirem mais
sementes. No princípio da criação Deus ordenou que cada
“árvore produza fruto, cuja semente esteja nele, conforme a sua
espécie.”(Génesis 1:12)

Isto estabelece um importante princípio espiritual: Cristãos que


não produzem fruto espiritual nas suas próprias vidas, não
têm semente para semear nas vidas dos outros.

O Novo Testamento fala de dons espirituais no plural. Os nove


dons estão descritos em 1 Coríntios 12:8-10. Contudo, quando
se refere ao fruto espiritual, fala no singular. Os nove tipos de
frutos espirituais estão listados em Gálatas 5:22-23: amor,
alegria, paz, longanimidade (paciência), benignidade, bondade,
fidelidade, mansidão, domínio próprio.

Amor – o principal tipo de fruto – é o primeiro na lista. Os outros


que se seguem podem ser compreendidos como diferentes
formas em que o fruto do amor se manifesta.

Alegria é amor regozijado


Paz é amor descansado
Longanimidade é amor paciente
Benignidade é amor servindo os outros
Bondade é amor procurando o melhor para os outros
Fidelidade é amor mantendo as suas promessas
Mansidão é amor ministrando à dor dos outros
Domínio próprio é amor sob controlo

50
Poderíamos também descrever o fruto do Espírito como sendo
diferentes formas em que o carácter de Jesus se manifesta
através daqueles em que Ele habita. Quando todos os tipos de
fruto estão totalmente desenvolvidos, é como se Jesus, pelo
Espírito Santo, estivesse encarnado no Seu discípulo.

Sete Etapas de Desenvolvimento Espiritual

Em 2 Pedro 1:5-7, o apóstolo lista sete etapas sucessivas no


desenvolvimento de um carácter Cristão totalmente formado:

“Por isso mesmo, vós, reunindo toda a vossa diligência, associai


com a vossa fé a virtude; com a virtude, o conhecimento; com o
conhecimento, o domínio próprio; com o domínio próprio, a
perseverança; com a perseverança, a piedade; com a piedade, a
fraternidade; com a fraternidade, o amor.”

Pedro começa por nos avisar que percorrer todo este processo
com sucesso exigirá diligência. Paulo expressa o mesmo
sentimento quando diz: “O lavrador que trabalha deve ser o
primeiro a participar dos frutos.”(2 Timóteo2:6) Não pode haver
um verdadeiro sucesso no desenvolvimento de um carácter
Cristão sem diligência ou trabalho.

O processo que Pedro descreve pode ser comparado ao


desenvolvimento de uma semente de maçã até formar uma
maçã madura. A semente é a Palavra de Deus implantada no
coração. Isto produz fé, que é o ponto de partida indispensável.
Então à fé seguem-se sete sucessivas etapas de
desenvolvimento.

A Primeira Etapa é diferentemente traduzida por “virtude” ou


“bondade”. Originalmente, no Grego secular, a palavra era
aplicada à excelência em qualquer área da vida – moldar um
pote de barro, dirigir uma embarcação ou tocar flauta. Creio que,
também aqui no Novo testamento, o seu significado não deve
ser restringido somente ao carácter moral. Ele cobre todas as
áreas da vida.

51
Um professor que vem a Cristo deve-se tornar num excelente
professor. Uma enfermeira deve-se tornar numa excelente
enfermeira. Um homem de negócios Cristão deve distinguir-se
no seu ramo de negócio. Não existe espaço para o desleixo ou a
preguiça em nenhuma área da vida Cristã. Muito raramente
Deus chama uma pessoa que fracassa num chamado secular
para ter sucesso num chamado espiritual. Aquele que é infiel no
pouco (secular) será infiel no muito (espiritual).(Lucas16:10)

A Segunda Etapa do desenvolvimento espiritual é o


conhecimento. Existem, como é óbvio, muitos tipos diferentes
de conhecimento. O conhecimento enaltecido nas Escrituras é
primeiramente prático, não apenas teórico. É um conhecimento
que funciona. Vir a Cristo como eu vim, com um passado de
filosofia especulativa, foi isto que me impressionou na Bíblia. Ela
é tão intensamente prática!

O exemplo é o ensino do próprio Jesus. Ele não veio sob a


categoria do que chamaríamos “teologia”. Ele nunca propôs
teorias complicadas e abstractas. O Seu ensino era baseado em
actividades práticas e familiares: semear, pescar, cuidar dos
animais.

A forma de conhecimento mais essencial na vida Cristã é o


conhecimento da vontade de Deus, tal como está revelada nas
Escrituras. Isto, também, é prático. Exige um estudo sistemático
e regular de toda a Bíblia. “Toda a Escritura é inspirada por Deus
e útil para o ensino, para a repreensão, para a correcção, para a
educação na justiça, a fim de que o homem de Deus seja perfeito
e perfeitamente habilitado para toda boa obra.”(2 Timóteo
3:16,17) Tenho ficado chocado por descobrir quantas pessoas
que afirmam ser sérios Cristãos e nunca leram a Bíblia de ponta
a ponta, nem sequer uma vez. Tais pessoas definem os próprios
limites no seu desenvolvimento espiritual.

Após o conhecimento vem o domínio próprio – também


chamado de auto-disciplina. Esta é a etapa em que o Cristão

52
deve provar ser um discípulo genuíno – isto é, uma pessoa sob
disciplina – e não um mero membro de igreja.

Este tipo de disciplina deve ser aplicado em todas as principais


áreas da nossa personalidade – as nossas emoções, as nossas
atitudes, os nossos apetites, os nossos pensamentos. Ele deve
governar não somente as nossas acções, mas – mais importante
– as nossas reacções.(1Timóteo1:7)

Até que tenhamos desenvolvido este tipo de disciplina, não


poderemos mover-nos para a próxima etapa – a perseverança –
que implica a habilidade de ultrapassar os vários testes e
provações que, inevitavelmente, porão a descoberto qualquer
área fraca e indisciplinada da nossa personalidade. Isto aponta
uma das principais razões por que alguns Cristãos nunca
progridem além de uma determinada etapa no desenvolvimento
espiritual. Eles nunca cumprem estes dois requisitos de domínio
próprio e perseverança. Tirando uma ilustração da macieira, as
suas flores são arrancadas por ventos de adversidade ou o seu
fruto é morte pelo gelo da rejeição.

As Três Etapas Finais

Nas três etapas de desenvolvimento restantes, revela-se a


beleza de um verdadeiro carácter Cristão. A piedade é a marca
de uma pessoa cuja vida está centrada em Deus – uma pessoa
que se tornou um recipiente da presença de Deus. Onde quer
que uma tal pessoa vá, a atmosfera é penetrada por uma tímida,
mas única e penetrante fragrância. Poderá não haver qualquer
pregação ou outra actividade religiosa. Contudo as pessoas
tornam-se estranhamente conscientes de uma presença
espiritual.

O já falecido evangelista Britânico Smith Wigglesworth, relata


um incidente que ilustra o impacto que uma presença piedosa
(pessoa de Deus) pode ter numa atmosfera não - religiosa. Após
alguns momentos orando em privado, Smith tomou o seu lugar
numa carruagem de comboio. Sem que dissesse qualquer

53
palavra, o homem sentado à sua frente – um completo estranho
– proferiu abruptamente: “A sua presença convence-me do
pecado.” Smith teve então oportunidade de o apresentar a
Cristo.

As últimas duas etapas de desenvolvimento representam dois


tipos diferentes de amor. O primeiro – fraternidade – descreve a
forma como os crentes em Jesus Cristo se devem relacionar com
os seus companheiros crentes – isto é, os seus irmãos e irmãs no
Senhor.

Quando primeiro comecei a considerar a lista das sete etapas de


desenvolvimento espiritual, surpreendeu-me que “fraternidade”
– o tipo de amor que os Cristãos devem nutrir uns pelos outros –
devesse ser a penúltima etapa. Mas então percebi que a Bíblia é
muito realista. Ela não pinta um quadro sentimental e religioso do
modo como nós, como Cristãos, nos devemos relacionar com os
outros. Deixe-me dizer uma coisa que o poderá chocar, mas que
é baseado em mais de cinquenta anos de convívio próximo com
Cristãos de muitas denominações: Não é fácil para os Cristãos
amarem-se uns aos outros.

Isto é amplamente confirmado por dois mil anos de história da


Igreja. Dificilmente passou um século sem que houvesse
amargas disputas e contenções – e até ódio descarado – entre
grupos Cristãos rivais, todos eles muitas vezes proclamando
serem “a Igreja verdadeira.”

O facto de uma pessoa se ter arrependido dos seus pecados e


ter clamado salvação em Cristo, não significa que todo o seu
carácter foi instantaneamente transformado. Certamente um
processo de mudança de vital importância foi posto em
movimento, mas poderá levar muitos anos para que essa
mudança faça efeito em todas as áreas do carácter de uma
pessoa.

Quando David precisou de pedras lisas que servissem na sua


funda (arma de arremesso) para matar Golias, ele desceu ao

54
vale (1Samuel 17:40) – o lugar mais baixo da humildade. Lá, no
riacho, ele encontrou o tipo de pedras que necessitava. O que as
havia tornado lisas? Duas pressões: primeiro, a água a correr por
cima delas; segundo, os contínuos encontrões de umas contra
as outras.

Esta é uma imagem de como o carácter Cristão é formado.


Primeiro, há a contínua “lavagem de água pela palavra”.(Efésios
5:26) Segundo, enquanto as pedras roçam umas nas outras em
relacionamentos pessoais, as arestas ásperas são
gradualmente desgastadas, até que se tornem “lisas”.

Em parêntesis deixem-me adicionar que, quando Jesus precisa


de (pedras vivas) para a Sua funda, Ele também vai ao vale – o
lugar de humildade. Lá Ele escolhe pedras que se têm tornado
“lisas” pela acção da Palavra de Deus e pela pressão de
comunhões regulares com outros crentes.

Amar com sinceridade os nossos companheiros Cristãos é um


sinal de maturidade espiritual, não apenas por quem eles são,
mas pelo que eles significam para Jesus, que derramou o Seu
sangue por cada um deles.

A última etapa de desenvolvimento – amor agape – representa o


fruto perfeito e maduro do carácter Cristão. Já não é só o como
nos relacionamos com os nossos companheiros crentes. É o
amor do próprio Deus pelo ingrato e pelo ímpio. É o amor que nos
leva a “amar os (nossos) inimigos, orar pelos que (nos)
perseguem.” (Mateus5:44)

É o amor que Cristo demonstrou na cruz quando orou pelos que


o crucificaram: “Pai, perdoa-lhes, porque não sabem o que
fazem.” (Lucas23:34) Foi o mesmo amor que levou Estêvão a
orar por aqueles que o apedrejavam: “Senhor, não lhes imputes
este pecado!”(Actos7:60)

É o amor que transformou Saulo, o perseguidor, em Paulo, o


servo de Cristo, que se tornou “tudo para com todos, com o fim

55
de, por todos os modos, salvar alguns.” (1Coríntios 9:22)

Pela minha parte, quando contemplo o quadro Bíblico do fruto do


Espírito Santo completamente formado, sinto-me tanto humilde
quanto inspirado. Humilde porque ainda tenho um grande
caminho a percorrer. Inspirado porque tive um vislumbre de algo
mais bonito do que tudo o que este mundo tem para oferecer.

Faço minhas as palavras de Paulo: “Quanto a mim, não julgo


havê-lo alcançado; mas uma coisa faço: esquecendo-me das
coisas que para trás ficam e avançando para as que adiante de
mim estão, prossigo para o alvo, para o prémio da soberana
vocação de Deus em Cristo Jesus.”(Filipenses 3:13,14)

56
Sobre Derek Prince 1915 -2003

Derek Prince nasceu na India, filho de pais Britânicos. Teve formação


escolar em Grego e Latim no Colégio de Eton e na Universidade de
Cambridge, na Inglaterra. Com 24 anos ele foi professor na
Universidade Kings, em Cambridge, onde ensinou filosofia moderna e
clássica. Na segunda guerra mundial foi obrigado a entrar no exército
Britânico e foi colocado na África do Norte. Levou consigo a Bíblia
como material de estudo filosófico, a qual leu em alguns meses. Numa
noite, quando estava sozinho numa barraca, foi confrontado pela
Palavra com a realidade de Jesus Cristo.

Com este encontro com Jesus Cristo ele chegou a duas conclusões:
•Primeiro: Jesus Cristo está vivo.
•Segundo: a Bíblia é um livro verdadeiro, pertinente e actual.

Estas conclusões alteraram totalmente o curso da sua vida.

Desde esta data ele dedicou a sua vida a estudar e ensinar a Palavra de
Deus. Entretanto adquiriu reconhecimento internacional como um dos
ensinadores da Bíblia mais importantes desta época. O que faz o seu
ministério ser único não é a sua educação de alto nível nem a sua
inteligência, mas o seu ensino directo, actual e simples. O programa de
rádio "Hoje com Derek Prince" é transmitido diariamente em vários
países e línguas (por exemplo em Chinês, Espanhol, Russo, Mongol,
Arábe entre outras). Os estudos dele -mais de 40 livros em quase 50
línguas, 400 cassetes de áudio e 150 vídeos tiveram grande influência
nas vidas de muitos líderes cristãos sobre todo mundo.

Em Setembro de 2003, depois duma vida longa e frutífera, Derek Prince


faleceu com a idade de 88 anos. Derek Prince Ministries, a sua
organização, continuará a distribuir o ensino dele com livros, áudio,
vídeo, novos meios de divulgação e conferências. Há grande ênfase
nisto nas zonas ainda não abrangidas e no fortalecer das igrejas nos
países fechados.

57
DEREK PRINCE MINISTRIES
"Se não conseguires explicar um princípio duma maneira simples e em
poucas palavras, então tu próprio ainda não o percebes
suficientemente."
Esta frase de Derek Prince é característica do seu ensino bíblico. Estudos
simples e claros, os quais levam o leitor para os princípios de Deus e o
colocam cada vez diante de uma nova escolha.
Os estudos de Derek Prince têm ajudado milhões de cristãos por todo o
mundo a conhecerem melhor Deus e a porem em prática os princípios da
Bíblia no dia-a-dia das suas vidas.
DP portugal deseja cooperar nesta edificacão do corpo de Cristo:
...com o fim de preparar os santos para o serviço da comunidade, para
a edificação do corpo de Cristo, até que todos cheguemos a unidade da
fé e ao pleno conhecimento do Filho de Deus, ao homem adulto, à
medida completa da estatura de Cristo. (Efésios 4:12 e 13)

O nosso alvo é fortalecer cristãos na sua fé no Senhor Jesus Cristo, pelo


ensino bíblico de Derek Prince, com material (livros, cartas de ensino,
cartões de proclamação e mais tarde cd's e dvd's) na sua própria língua!
Em mais de 100 países o DPM é activo em fazer conhecer o maravilhoso e
libertador evangelho de Jesus Cristo. Esperamos que você também seja
inspirado e encorajado na sua fé através do material por nós (DP
Portugal) fornecido.
A nossa principal actividade neste momento é traduzir e disponibilizar
trabalhos do Derek Prince em Português. Como por exemplo:
As Cartas de Ensino, grátis. Planeamos distribuir, gratuitamente, 4 vezes
por ano, cartas de ensino orientadoras e edificadoras sobre diversos temas
da Bíblia.

Deseja saber mais sobre os materiais de Derek Prince Portugal ou deseja


receber as cartas de ensino gratuitas? Contacte-nos:
DP Portugal: Caminho Novo, Lote X,
9700-360Feteira AGH
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Tel: 295 663738 / 927992157
Blog: www.derekprinceportugal.blogspot.pt
E-mail: derekprinceportugal@gmail.com
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Outros livros por Derek Prince:

. Bênção ou Maldição
. Como passar da maldição para Bênção
. O Plano de Deus para o seu dinheiro
. Proteção contra o engano
. O Remédio de Deus para a rejeição
. Expulsarão demónios
. Orando pelo governo
. Maridos e pais
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. Guerra Espiritual
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. Arrependimento e Novo Nascimento
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. O Destino de Israel e da Igreja
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Cartões de proclamação:
. A Troca Divina
. Digam-no os remidos do Senhor
. Somente o Sangue de Jesus
. O meu Deus proverá
. O Espírito Santo em mim
. O Poder da Palavra de Deus
. Eu Obedeço à Palavra
. Emanuel, Deus Connosco
. Graça, a Imerecida Prenda
59

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