You are on page 1of 9
‘Titulo original: Introduction to the Work of Melanie Klei Traduzido da segunda edigo, revista ¢ sumentada p em 1973 por The Hogarth Press Ltd., 40 William TV Street, London W. Copyright © 1964 € 1973 by Hanna Segal. Editoragdo Coordenador:; PEDRO PAULO DE SENA MADUREIRA Traducio: JOLIO CASTANON, GUIMARAES Capa: PAULO DE OLIVEIRA 1975 Direitos para a Iingua portuguesa adquiridos por IMAGO EDITORA LTDA., Av. N. Sra, de Copacabana, 330, 10? andar, tel: 255-2715, Rio de Janeiro, aque se reserva a propriedade desta tradusio. Impresso_no Brasil Printed in Brazil BIBLIOTECA DO CEPSC HANNA SEGAL INTRODUGAO A OBRA DE MELANIE KLEIN Colegio Psicologia Psicanalitica Direcao de JaYME SALOMAO Membro-Associado da Sociedade Brasileira de Ps se do Rio de Janeiro, Membro da Associacao Psiquidtriea Janeiro. Membro da Sociedade de Psicoterapia Anall Grupo do Rio de Janeiro. NP. REG.:_O00%5___ DATA: ZB_/02 JOS aauisigho: Comyn IMAGO EDITORA LTDA. Rio de Janeiro Capitulo 1V INVEJA No capitulo anterior, disse que ¢ essencial para o desenvolvi- mento favordvel do bebé, na posigio esquizo-parandide, que as fesperincias boas predominem sobre as mis. O que é a expe- rigneia verdadeira do bebe, depende de fatores tanto externos quanto intemos. A privagio externa, fisiea ou mental, impede 4 gratificagdo; mas, ainda que o ambiente seja propicio a expe- Tiéncias gratificantes, estas podem set modificadas ou mesmo impedidas por fatores internos. Melanie Klein descreve a inveja primitiva com um desses fatores, atuando a partir do nascimento e afetando substancial- mente as mais primitivas experiéncias do bebé, A inveja, natu- ralmente, ha muito tempo vem sendo reconhecida na teoria € na pratica psicanalitices como emogio de grande importancia. Freud, em especial, deu grande atengio a inveja do pénis nas mulheres, No entanto, a importancia ‘de outros tipos de inveja = a inveja que o homem tem da poténcia de outro, ou das posses ¢ da posi¢io femininas, a inveja que as mulheres tém fumas das outras — nfio tem sido tao especificamente reconheci- dda, Na literatura analitica, e na deserigdo de casos, a inveja de- Sempenha importante papel, mas, com excecio do ¢: cial da inveja do pénis, hé uma’ tendéncia a confundir inveja ‘com ciiime, E bastante interessante observar que em textos ana- fcos encontramos a mesma confusdo que na linguagem coti- ana, onde inveja € comumente chamada de ciiime. Por outro lado, & realmente muito raro o citime ser desctito como inveja; a Jinguagem cotidiana — ¢ isso se reflete também na linguagem ‘analftiea — parece evitar 0 conceito de inveja e tender a subs- titu(-lo pelo de citime, Melanie Klein, em Inveja ¢ Gratidao, estabelece uma ade- ‘quada distingdo entre as emogdes de inveja e de citime. ‘Conside- fa a inveja como sendo a mais primitiva das duas, mostrando ‘que € uma das emog&es mais primitivas e fundamentals. A inve- ja primitiva deve ser diferenciada do cite e da voracidade, st O ciémie baseia-se no amor € visa & posse do vbjeto amado A remoso do rival. Pertence a uma relacdo triangular e, por- tanto, a um periodo da vida em que os objetos s20 claramente reconhiecidos e diferenciados uns dos outros. A vez, € uma relagio de duas partes, na qual 0 suj ‘0 por alguma posse ou qu 10 precisa entrar nessa relacgo. O ciime é necessariamente uma relagio de objeto total, a0 passo que a inveja é experimen- tada essencialm > embora per= sista em relagdes de objeto total. A voracidade visa & posse de toda a bondade que possa ser to, sem qualquer consideracéo das conseqiién- ; isso pode resuitar na destruigo do objeto ¢ na danificacao de sua bondade, mas a destruigio € incidental & aquisigdo desa- piedada, A inveja vi mas, quando isso é sentido como a bondade do objeto, para remover a fonte de josos, E esse aspecto danificador da inveja que € to destrutivo para 0 desenvolvimento, visto que a propria fonte de bondade da qual 0 bebé depende € tornada mé, ¢, portanto, introj boas nfo podem ser alcangadas. A i partir de amor e admiracao primitivos, tem um componente inal menos forte do que # voracidade, e € impregnada de tinto de morte, Porque ataca a fonte de vida, pode ser conside- ada como sendo a mais pri aco do instinto de morte. A inveja surge logo que o bebé se da conta do seio como fonte de vida e de experiéncia bos Go real que ele experimenta no s — tho poderosa na tenra infaneia —, faz com que todos os confortos, de alimento ¢ calor, amor, compreensio ¢ sabedori aventurada experiéncia de Satisfardo que esse mara to pode dar, aumentaré seu amor e seu de serviclo e protegé-lo; a mesma experién perta no bebé o desejo de ele proprio ser a tle experimenta penosos sentimentos de inveja, 0s quais acarre~ tam 0 desejo de danificar as qualidades do objeto que The pode dar esses sentimentos penosos. por sua inveja 0 A inveja pode de possuir toda a sua bondade, mas também para esvaziar inten mente o objeto, de modo que nao contenha nada de inve- fq mistura de inveja que freqiientemente torna a vor ‘0 danificadora e aparentemente tao intratvel na anélise. ‘a esgotar 0 objeto externo. O fo, nia medida em que é perce- ido como tendo sido parte do seio, é em si mesmo objeto de ataques invejos0s, que se voltam também para o abjeto interne ‘A iveja opera também por projecdo, ¢ freqllente © principal: mente por esse meio, Quando se sente cheio de ansiedade © maldade, © 0 seio como sendo a fonte de toda bondade, o bebé, Jim sua inveja, deseja danificar o seio, projetando nele suas pri partes més e danificado em fantasia, ataca 0 se trinando, defecando, soltando flatos, © pelo olhat projetivo, ¢ penetrante (o mau-olhado). A medida que pros: Jegue o desenvolvimento, continuam esses ataques, em relagio fo corpo da mie ¢ a seus bebés, c ao relacionamento dos pais. Em casos de desenvolvimento patolégico do complexo de Edipo Taveja do relacionamento dos pais desempenha um papel mais fante do que os verdadeiros sentimentos de citime. fere na acho de divisdo tante na posigio esqui Yio pode ser mal dovse em vista que € o objeto ideal que da origem a inveja e que fo e danificado, Isso conduz a confusto entre o bom ¢ © i ing). Como esta nao pode ser pode ser preservado, ocorre terferéncia na introjegio de um objeto ideal e na dentificagdo com este, Com isso, 0 desenvolvimento do ego tem, necessariamente, de sofrer, Fortes sentimentos de inveja condu- gem ao desespero. Um objeto ideal nio pode ser encontrado ¢, Portanto, ndo hé esperanca de amor ou de qualquer ajuda. Os Bbjetos destruidos sZo fonte de perseguicio interminavel e, pos- feriormente, de culpa, Ao mesmo tempo, a falta de introjecso boa priva o ‘capacidade de crescimento ¢ de assimila- o, a qual diminui jento de uma tremenda brecha 0 ¢ 0 objeto; surge entZo um circulo vieioso, no ; isso por sua vez. aumenta a inveja, 53 Na raiz de reagdes terapéuticas negativas e de tratamentos se muitas vezes uma poderosa inveja ete atane de algo que pode ser observado em pa- ie tém uma longa histéria de tratamentos anterior: fracassados. Isso apareceu claramente em um paciente que velo fee deeroragio ‘Quando’ comegou sua anise, logo aparecev que. 0 princpal problema era a forga de sua reacio terapéut : Fepresentava ava pork, um elemento importante nesta situa fe amor ow atragio por mulheres. As javeis eomo posses do pai, nao parecendo ser si mesmas, Se pudesse possui-las, cle, em sua as danificaria e destruiria, do mesmo modo como ten- tava danificar e destruir as outras posses de seu pai, tais como ‘ou suas realizagbes. Nessas circunstancias, nio podie de seu pai e identificar-se com cla, como rojetar, preservar ou fazer uso de minhas 1,Ne Pins ano desu nie, sonhou ue panko no por temas de se poqono ar fran he ferent men caro (aie do gee del), quand, port, cegeu ane alas, todas as ferramentas estavam spina En a sin ip Ge homes neste proceso, sa tio do penis mesmo quando iot era tak que leo despedagare seca ncapl de foes tap dee Do mesmo modo, ay interpetagSes oe sera como’ conic

You might also like