You are on page 1of 28
EDICAO STANDARD BRASILEIRA \ DAS OBRAS PSICOLOGICAS COMPLETAS DE CEPSC Ne. REG.:__00024 o3los|ze DATA:_28 / 02 j oz SIGMUND FREUD aauisi¢o: (ornpre _ oie Gombntnar aon JAMES STRACHEY Em Colaboragiéo com [ANNA FREUD Assistidos por ALIX STRACHEY E ALAN TYSON VOLUME Xx (1927-1931) O FUTURO DE UMA TLUSAO. O MAL-ESTAR NA CIVILIZACAO irra Castopsao-one ¢ ‘Sindicato Nacional dos Editores de Livros, RJ. OUTROS TRABALHOS : Freed, Sigmund, 1856-1939, ssz0 ‘bras piolgiss compeas de Sigmund Fred dee cise wonded. bree Sigmod Feud, som Somentinye nts de Janes Susciey Al Tyo ; traduzido do alem&o e do inglés sob a diregdo geral de Diregao da Edigéo Brasileira de JAYME SALOMAO Jayme Salomdo, — Rio ¢e Janeiro: Imago, 1996, Tradugéo de: The standard edition of the compete syehologicl works of Sigmund Freud, Apéace 1 Strachey, James. I Freud, Anna cpp 1501952 IMAGO EDITORA (CDU-- 159.90426 FREUD Rio de Janeiro 1. Psi 1895-1982. O FUTURO DE UMA ILUSAO 4 (1927) NOTA DO EDITOR INGLES ‘DIE ZUKUNFT EINER ILLUSION (@ — EDIGOES ALEMAS: 1927 Leipzig, Vienae Zurique:Internationaler Psychoanalytischer Ver- lag, 91 pags. 1928 2 ed. Mesmos editores. (Inalterada) 91 pags. 1943 G. W., 11,411-66. 1948 G. W., 14,325-380, (8) TRADUGAO INGLESA The Future of an Illusion 1928 Londres: Hogarth Presse Instituto de Psicanilise. 98 pags. (Trad. de W.D. Robson-Scott) A presente tradugo inglesa baseia-se na que foi publicada em 1928. ste trabalho foi comegado na primavera de 1927, terminado por volta de setembro e publicado em novembro do mesmo ano. No ‘Pés-Escrito’ que actescentou em 1935 a seu Autobiographical Study, Freud mencionou ‘uma mudanca significativa’ ocorrida em seus trabalhos durante a década anterior. ‘Meu icon, ‘apds ter feito uum longo détour pelas ciéncias naturais, medicina e psicoterapia, retornow 0s problemas culturais que me haviam fascinado muito tempo antes, quando ‘euniio passava de um jovem com idadeapenas suficiente para pensar’ (Standard Ed. 20,72), Naturalmente, le havi abordado por diversas vezes esses proble- mas nos anos intermediarios — especialmente em Totem e Tabu (1912-13)', Edigdio Standard Brasileira, Vol. XIIl, IMAGO Editora, 1974, mas foi © Futuro de Uma Iusdo que ingressou na série de estudos que vieram a constuir seu interesse principal pelo resto da vida. Destes, os mais immportan- tes foram O Mal-Estar na Civilicagiio (1930a), que € 0 sucessor direto do presente trabalho, o exame de filosofias de vida, tema da iltima das New 1 Sua primeira abordagem do probleme da religio foi publieada em "Obsessive Actions and Religious Practices” (19078), 3B sductory Lectures (19334), Why War? (19336), carta aberta dirigida a in, @, finalmente, Moses ard Monotheism how de 1934 em diante. Em vista do amplo pronunciamento de Freud na pag. 16 (‘Desprezo ter ‘que distinguir entre cultura e civilizaco’) e de uma observacdo semethante a0 final de Why War?, parece desnecessério empenhar-nos no enfadionho problema da tradugao correta da palavra alema ‘Kultur’, Via de regra, ainda que no invariavelmente, optamos pot eivilizago para o substantivo ‘cultural’ para o adjetivo. © FUTURODE UMA ILUSAO Quando jé se viveu por muitotempo numa civilizagio' especifica e com fregiiéncia s¢ tentou descobrir quais foram suas origens ¢ ao longo de que ‘caminho ela se desenvolveu, ficase as vezes tentado a voltar o olhar para utra direedo e indagar qual o destino que a espera e quais as tranformagoes queesta fadada a experimentar. Logo, porém, se descobre que, desde inicio, 0 valor de uma indagagio desse tipo € diminuido por diversos fatores, sobretudo pelo fato de apenas poucas pessoas paderem abranger #atividade humana em toda a sua amplitude. A maioria das pessoas foi obrigada a restringir-se a somente um ou a alguns de seus campos. Entretanto, qu ‘menos um homem conheve a respeito do passadoe do presente, ms terd de mostrar-se seu juizo sobreo futuro. Eh sinda uma outra di a de que precisamente num jufzo desse tipo as expectativas subjetivas do individuo desempenram um papel dificil de avaliar, mostrando ser de- pendentes de fatores puramente pessoais de sua propria experiéncia, do ‘maior ou menor otimismo de su atitude para com a vida, tal como Ihe foi itada por seu temperamento ou por seu sucesso ov fracasso. Finslmente, faz-se sentit 0 fato curioso de que, em geral, as pessoas experimentam seu im dizer, sem serem capazes de fazer uma primeiro de se colocar a certa distancia 40 é, 0 presente tem de se tomar 0 passado para que possa produzir pontos de observagao a partir dos quais elas julguem 0 futuro. essa maneira, qualquer pessoa que fo de emitir uma opinitio sobre o provivel futuro de nossa ci bem em se lembrar das dificuldades que acabei de assinalar, assim como da incerteza que, de ‘modo bastante geral, se acha ligada a qualquer profecia. Disso decorre, no ‘que me conceme, que devo efetuar uma retirada apressada perante tarefa to grande, e com rapidez buscar a pequena nesga de territrio que até opresente \dicado minha atengao, tio logo determinei sua posigao no esquema . izagdo humana, expressto pela qual quero significa: tudo aquilo em que a vida humana se elevou acima de sua condigio animal e difere da vvida dos animais — e desprezo ter que distinguir entre cultura e civilizagao [Ver Nota do Editor Inglés, pag. 14] —, apresenta, como sabemos, dois aspectos ao observador. Por um lado, inclui todo o conhecimento e capacidade que o homem adquiriu com 0 fim de controlar as forcas da natureza e extrair« riqueza desta para a setisfagdo das necessidades humanas; por outro, inclui todos os regulamentos necessa- trios para ajustaras relagdes dos homens uns com 05 outros e, especialmente, a distribuigio da riqueza disponivel. As dues tendéncias da civilizagao ndo sfio independentes uma da outra; em primeiro lugar, porque as relagdes ‘mituas dos homens so profundamente influenciadas pela quantidade de satisfagdo instintual que « riqueza existente toma possivel; em segundo, porque, individvalmente, um homem pode, ele proprio, vira funcionar como riqueza em relagaio a outro homem, na medida em que a outa pessoa faz uso de sua capacidade de trabalho ouo escolha como objeto sexu: ademais, porque todo individuo é virtualmente inimigo da ci bora se suponha que esta constitui um objeto de interesse humano universal E digno de nota que, por pouco que os homens sejam capazes de existir isoladamente, sintam, nfo obstante, como um pesado fardo 0s sacrificios que izagio deles espera, a fim de tomar possivel a vida comunitiria. A izaeo, portanto, tem de ser defendida contra o individuo, e seus regula- mentos, instituigSes e ordens dirigem-se a essa tarefa, Visam nfo apenas a cfetuar uma certa distribuigo da riqueza, mas também # manter essa distri- buigio; na verdade, tém de proteger contra os impulsos hostis dos homens tudo o que contribui para a conquista da natureza e a produgio de riqueza, As eriagdes humanes so facilmente destrufdas, e a ciéncia e a tecnologia, que as construiram, também podem ser utlizadas para sua aniquilagao. Fica-se assim com a impressio de que a civilizaglo é algo que foi imposto a uma maioria resistente por uma minoria que compreendeu como obter a posse dos meios de poder e coeredo, Evidentemente, é natural supor que essas dificuldades no sio inerentes a natureza da propria ci mas determinadas pelas imperfeigdes des formas culturais q\ desenvolveram. E, de fato, nfo € humanidade tenha efetuado avangos continuos em seu controle sobre a natureza, podendo esperar efetuar outros ainda maiores, no & possivel estabelecer com certeza que um progresso semelhante tenha sido feito no ‘rato dos assuntos humanos; e provavelmente em todos os periodos, tal como 16 se vale real hoje novamente, muitas pessoas se pergt izagdo que foi assim adq ia ser possivel um reordenamento das relagSes humans, removeria as fontes de insatisfagiio para com a civilizagao pela re coergiio e airepressfo dos instintos, de sorte q tea pena fruigio. Esse seria a idade de ouro, pode ser tornado realidade. Parece, antes, que toda civilizagéiotem dese sobre a coergéo e a reniincia a0 instinto; sequer parece certo se, caso cessasse a coergo, a maioria dos seres trabalho necessério & aquisigfo de novas riquezas. Acho que se tem d em conta o fato de estarem presentes em todos os destrutivas ¢, portanto, anti-sociais eanticulturas, ¢ de pessoas, essas te ia reside no controle éa natureza para o fim de adquirir perigos que a ameagam poderiam ser eliminados por meio de fo apropriada dessa rigueza e deslocow do material para o mental. A ques iro 6nus dos sacri 40s homens, reconcilié-los com aqueles que nevessariamente devem perma- necer e fornecer-Ihes uma compensagao. E tio impossivel passar sem 0 <éa massa ' por uma minoria, quanto dispenser a coergao ne trabalho ago, ji que as massas So preguigosas ep renincia instintual e nfo podem ser convencidas pelo argumento de sua inevitabilidade; os individuos que as compaem ap uns a0s outros em dar rédea livre a sua indisciplina. So através da influéncia de individu que possam forecer um exemplo € a quem reconhegam como ‘massas podem ser induidas a efetuar o trabalho e a s que a existéncia depende. Tudo correrd bem se esses pessoas ght) superior das necessidades da vida, ¢ e que os distribui- fase se com uma compreensio intern am erguido & 0 perigo de 1 Mast A paavra por ras espe jo muitoamplo. £ teadusida po nay, de Freud (19216). Ver Sta

You might also like