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O teatro vicentino

O teatro vicentino

ü Gil Vicente é considerado uma das mais


importantes figuras do teatro português.

ü Criou cerca de 50 peças, desde 1502 até


1536, data da representação da última que
se conhece.

ü As obras vicentinas podem agrupar-se em


função da tipologia e das características que
apresentam.
O teatro vicentino

O AUTO
ü Apresenta um caráter religioso ou moral.

ü É intencionalmente moralizador.

ü Pretende recriminar os vícios e enaltecer as virtudes.

ü Constitui-se como um pequeno quadro ou flagrante alegórico.


O teatro vicentino

O AUTO

ü Transmite um ensinamento religioso ou


moral, como o Auto da Feira, onde se
mercam virtudes e vícios […] onde estes
Autos de são castigados e aquelas premiadas.
moralidade
ü As personagens são personificações
alegóricas ou tipos reais caricaturados.
[…]
O teatro vicentino

A FARSA
ü Apresenta um caráter profano.

ü É um género do modo dramático com características satíricas


que, retratando o quotidiano, pretende pôr em relevo
problemas sociais.

ü Na sua forma mais simples, é um episódio cómico baseado


na vida de uma personagem típica.
O teatro vicentino

A FARSA
ü Algumas farsas são histórias completas, com um
princípio, meio e fim.

ü Nestas farsas, a história desenrola-se através de


diálogos e as ações sucedem-se sem transição; não há
preocupação de unidade de tempo.

ü Trata-se da forma mais desenvolvida, mais excecional,


da farsa vicentina.
O teatro vicentino

A SÁTIRA

Gil Vicente denuncia, nas suas obras, a desordem e


a confusão social. Recorre, assim, à sátira para
denunciar e ridicularizar os defeitos de certas
pessoas ou certos tipos da sociedade, atingindo de
forma generalizada todos os defeitos humanos.
São, sobretudo, os tipos sociais o objeto das
intenções satíricas de Gil Vicente. Desde o povo ao
clero, as suas críticas abrangem todas as classes.
O teatro vicentino

ü A sátira vicentina centra-se na mudança rápida e geral dos costumes e


dos valores, estando sobretudo em causa a miragem da ascensão social e
económica e a resistência a empreender face ao desmoronamento dos
valores que caracterizam o Portugal economicamente agrário e
mentalmente cruzadístico de Quinhentos.

ü É este o quadro em que se movem os protagonistas vicentinos. Nele observamos


o conflito de valores, retratado num conjunto numeroso de diálogos entre as
diferentes personagens, as quais apresentam os seus próprios pontos de vista.
O teatro vicentino

A Farsa de Inês Pereira


Auto feito por Gil Vicente, representado em 1523, na corte de D. João III.

Inês Renego deste lavrar


e do primeiro que o usou!
Ò diabo que o eu dou, A farsa tem início com um monólogo
que tão mao é d'aturar! de Inês Pereira. O monólogo funciona
Ó Jesu! que enfadamento, como um desabafo e um lamento
e que raiva, e que tormento, caracterizadores da personagem.
que cegueira, e que canseira!
Eu hei-de buscar maneira
d'algum outro aviamento.
O teatro vicentino

A Farsa de Inês Pereira


ü Inês é uma jovem, em idade de casar, revoltada com
a sua condição social e com todas as tarefas e
comportamentos que lhe são exigidos. Sentindo-se
cansada da vida que é obrigada a levar, anseia
libertar-se por meio do casamento.

üA Mãe condena o facto de Inês ter abandonado o


bordado, uma das incumbências que lhe deixara. Por esta
razão, afirma que a filha é preguiçosa e que, devido a
essa fama, terá dificuldades em encontrar marido.
O teatro vicentino

ü Inês representa o tipo de moça solteira


que pretende ascender socialmente
através do casamento.
ü Recusa o perfil de mulher doméstica
da época, representado pela sua mãe.

ü Persegue os seus ideais de libertação da


monótona vida doméstica através do
casamento, casando com o escudeiro Brás
da Mata, o que veio a revelar-se desastroso
para si e para a sua ambição.
O teatro vicentino

ü Morto o Escudeiro, Inês aprende a lição e, mudando a


opinião e a postura iniciais, aceita o casamento com Pero
Marques.

ü No fim da ação, é esta personagem feminina quem “toma as


rédeas” da vida conjugal.

ü Sob o olhar ingénuo do marido, que não se apercebe da


traição, apresenta um comportamento adúltero.
O teatro vicentino
As críticas na Farsa de Inês Pereira
Tratando-se de um retrato da sociedade do século XVI, que aparece ilustrada
através de personagens que representam tipos (estratos) sociais, surgem:

ü as moças que anseiam a libertação através do casamento.

ü a mãe que aconselha a filha a casar com um homem de


posses.

ü os escudeiros fanfarrões e pobres, mas com atributos de


homem da corte.
O teatro vicentino
As críticas na Farsa de Inês Pereira

ü os lavradores e pastores que se revelam


simples e humildes.

ü as alcoviteiras com o "ofício" de arranjar


casamentos.

ü os judeus gananciosos e falsos.

üo clero que não cumpre os preceitos


religiosos.
O teatro vicentino
A sátira através do cómico
Gil Vicente recorre a artifícios, tais como a ironia e o cómico, que
contribuem para acentuar alguns traços das personagens a criticar.

TIPOS DE CÓMICO

Caráter Situação Linguagem

Aparece sobretudo Verifica-se, entre outros Visível na linguagem dos

nas personagens Pero momentos, quando Pero judeus casamenteiros ou


Marques e Escudeiro. Marques se apresenta a Inês na linguagem de Pero
e não sabe para que serve Marques.
uma cadeira.

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