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TEORIA CRITICA NAS ORGANIZAGOES Ana Paula Paes de Paula Dados Internacionais de catalogas: (Canara Brasileira do Livro, sP, Brasil Poula, Ana Paula Paes de Teoria critica nas organizagbes / Ana Paula Paes de Paula. -- Sao Paulo + + Thomson Learning, 2008. -- (Colecgo debates en administ ragao) BibLiogratia, ISBN 978-85-221-0611-0 i, Administracdo 2. gecola de Frankfurt de Sociologia 3. OrganizacSes 4, Teoria critica 07-8640 cop-658.001 indices para catélogo alatenstico: Organizagao : Teoria critica : Adminis! 658.001, 2. Teoria critica nas organizacoes + Admini tracao 656.001 COLEGAO DEBATES EM ADMINISTRAGAO Teoria Critica nas Organizagoes Ana Paula Paes de Paula rdenadores da colecao F. Gouveia de Vasconcelos Flavio Carvalho de Vasconcelos André Ofenhejm Mascarenhas THOMISON apresentacao Geren Ei Superviora Composite: Debates em Patricia La Re Produgao Gré : ERJ - Composicao ini: 4 a Fabiana Alen Editorial eAner Administragao Ve ee atc ba tgis Coane Conarl—copdesque a mee Femerds totale EB be blanco Abs Producao Editorial: E 0 fim de nosso caminho sera voltar A ‘a0 ponto de partida e perceber o mundo Raquel Maygton nossa volta como se fosse a primeira vez Vicentini ta direcao com curiosidade intelectual, buscando descobrir mais sobre dado assunto. Quando terminamos 0 nosso per- curso, estamos diferentes. Pois 0 que descobrimos em nosso caminho freqiientemente abre horizontes, destr6i preconceitos, cria alternativas que antes nao vislumbravamos. As pessoas Nossa volta permanecem as mesmas, mas a nossa percepgio Pode se modificar a partir da descoberta de novas perspectivas. O objetivo desta colegio de carter académico é introduzir 0 leitor a um tema especifico da Area de administragio, fornecendo desde indicagdes para a compreensio do assunto até as fontes de Pesquisa para aprofundamento. Assim, medida que for lendo, o leitor entrar em contato com ¢s Primeiros conceitos sobre dado tema, tendo em vista diferen- tes abordagens teéricas, e, nos capitulos posteriores, brevemente, $780 apresentadas as principais correntes sobre o tema ~ as mais importantes ~ e o leitor ter, no final de cada exemplar, acesso aos Principais artigos sobre o assunto, com um breve comentario, € 0 conhecimento transforma. A partir da leitura, vamos em cer- indicagdes bibliogréticas para pesquisa, a fim de que posea tinuar a sua descoberta intelectual. ‘Me Possa cone Esta colegio denomina-se Debates em Administragi, po serio apresentadas sucintamente as principais abordagens ete rentes a cada tema, permitindo ao leitor escolher em qual so aprofundar. Ou seja, 0 leitor descobriré quais sdo as direcbes Jo Pesquisa mais importantes sobre determinado assunto, em que aspectos se diferenciam em suas proposigées e logo qual camin. ho percorrer, dadas suas expectativas e interesses. Debates em Administracdo deve-se a0 fato de que os organi zadores acreditam que do contradit6rio e do conhecimento de di ferentes perspectivas nasce a possibilidade de escolha eo prazer da descoberta intelectual. A inovacao em determinado assunto vem do fato de se ter acesso a perspectivas diversas. Portanto, a colecao visa suprir um espaco no mercado editorial relativo a pesquisa e a iniciagao a pesquisa. Observou-se que os alunos de graduagio, na realizagao de seus projetos de fim de curso, sentem necessidade de bibliografia especifica por tema de trabalho para adquirir uma primeira refe- » Téncia do assunto a ser pesquisado e indicagdes para aprofunda- mento. Alunos de iniciagio cientifica, bem como executivos que voltam a estudar em cursos lato sensu — especializagao —e que de- vem ao fim do curso entregar um trabalho, sentem a mesma di- ficuldade em mapear as principais correntes que tratam de um tema importante na drea de administragéo e encontrar indicagbes de livros, artigos e trabalhos relevantes na area que possam set- vir de base para seu trabalho e aprofundamento de idéias. Essas mesmas raz6es sio validas para alunos de mestrado strictu sensi, seja académico ou profissional. A fim de atender a esse puiblico diverso, mas com uma neces- sidade comum ~ acesso a fontes de pesquisa confidveis, por tema de pesquisa ~ surgiu a idéia desta colegio. ‘Ana PALKA PAES DE PAULA i Jpates em Administragio é a de que ane ee rin teow pritica em uma boa pesquisa, As 180 Oat mninistracao, sao construidas a partir de estudos teori vos, quantitativos e mistos que analisam e observam a Fea ane vrectao nas organizagées. As praticas de gestao, seja Price doe estatisticos ou nos estudos qualitativos ou mistos, 10 eo base as teorias que buscam compreender e explicar tem comaticas. Por sua vez, a compreensdo das teorias permite caernrfeer a pratica. A pesquisa também busca destruir precon- ceitos e “achismos”. ‘tas vezes, as pesquisas mostram que nossas opinides pre- tines ou vachismos” baseados em experiencia individual estavam errados. Assim, pesquisas consistentes, fundamentadas em s6lida metodologia, possibilitam uma pratica mais cons- iente, com base em informagoes relevantes. Em pesquisa, outro fenémeno ocorre: a abertura de uma porta nos faz abrir outras portas, ou seja, a descoberta de um tema, com a riqueza que este revela, leva o pesquisador a dese- jar se aprofundar cada vez mais nos assuntos de seu interesse, de maneira continua e consciente de que aprender é um processo, ‘uma jomnada, sem destino final. Pragmaticamente, no entanto, o pesquisador, por mais que deseje aprofundamento no seu tema, deve saber em que momen- to parar e finalizar um trabalho ou um projeto, que constituem ‘uma etapa de seu caminho de descobertas. Acolecio Debates em Administragio, ao oferecer 0 “mapa da mina” em pesquisa sobre determinado assunto, direciona esfor- $05 ¢ iniciativa e evita que o pesquisador iniciante perca tempo, Pois, em cada livro, sero oferecidas e comentadas as principais fontes que permitirio aos pesquisadores, alunos de graduacio, especializacao, mestrado profissional ou académico produzirem um conhecimento consistente no seu ambito de interesse. vi Troms orca nas Onamezaes (Os temas serio selecionados entre os mais relevan ites de administracéo. coe Finalmente, gostariamos de ressaltar 0 ideal que i in r s que inspira colegio: a difusao social do conhecimento académico. Paes tnd académicos reconhecidos em nosso meio e que mostraram exce. Iéncia em certo campo do conhecimento serio convidados a difundir esse conhecimento para o grande puiblico. Por isso, gostariamos de ressaltar 0 prego acessivel de cada livto, cog. rente com 0 nosso objetivo. ' Desejamos ao leitor uma agradével leitura e que mui litas de cobertas frutiferas se realizem em seu percurso intelectual “4 Isabella F. Gouveia de Vasconcelos Flavio Carvalho de Vasconcelos ‘André Ofenhejm Mascarenhas SUMARIO Introdugso XI 4. AEscola de Frankfurt 1 2. Do Pés-Estruturalismo ao Neo-Humanismo 21 3, Estudos Organizacionais Criicos em uma Perspectiva Comparada: 0 Movimento Critical Management Studies @.a Produgao Nacional 37 Guerreiro Ramos - Resgatando o Pensamento de um Fenomendlogo Critico das Organizagoes 63 > Mauricio Tragtenberg - Contribuigées de um Marxista ‘Anarquizante para os Estudos Organizacionais Criticos 89 a Conclusdo 111 Bibliografia Comentada 113 Referéncias Bibliogréficas 121 cescolha pela perspectiva critica nio pode ser considerada facil, pois envolve abandonar o mundo seguro do funciona- lismo, no qual as pesquisas geram hipéteses e modelos te6- ricos derivados do trabalho empirico, para abracar a incerteza € a producio de um conhecimento que © proprio pesquisador pode questionar em um outro momento, exercitando 0 que cha- mamos de reflexividade, ou seja, colocando a prova as conclu- sbes e resultados a que se chegou. Assim, é fundamental algum grau de maturidade do pesquisador para lidar com essas ambi- valéncias e também a consciéncia de que ser critico implica bus- car uma identidade intelectual, pois a autonomia é uma de suas caracteristicas distintivas. Por outro lado, a perspectiva critica envolve leituras desafiantes, bem como conhecimento de filoso- fia, o que A primeira vista pode parecer uma barreira, embora na realidade nada mais seja do que uma questo de dominio de uma linguagem e de um repertorio de definigdes basicas que nos permitam caminhar dentro dos textos para, depois, assumir nossa propria voz. __ Uma das primeiras dificuldades com as quais um critico vai lidar é com o préprio conceito de critica. Em um debate recente, alguns estudiosos internacionais da perspectiva critica, como Boje et al. (2001) concordam que é extremamente dificil dizer o que é a titica e que um trabalho critico, de modo que se isentam de fazer definigdes mais precisas a respeito. Sem duivida, nao é dificil Teoma Gara nas Onaancacoes, concordar com eles, mas néo acredito que seja produtivo cont; alimenlando esa indigo, pois na verdade cla sat ea uuma estratégia para ocultar as oposiqies e as discordancia: existem nesse campo. Nao vejo outro caminho para evolugio' conhecimento na dea, endo trazer luz essas diferengas: ovis acimar o debate e introduzir mais rachaduras no precitio acme, gue existe entre os estudiosos sobre o que é a propria crticn ta fragilizando ainda mais um grupo que jé é marginal na acrden ‘mas acho que esse é um processo de amadurecimento do qual nz podemos nos furtar. mo Quando se examinam os anais das conferéncias do Crital Management Studies, 6 possivel constatar na pluralidade de temas apresentados pelos organizadores uma amplitude con, deravel para 0 conceito de critica, de modo que, no limite ss considera critico tudo aquilo que nao é funcionalista, E com, preensivel oentusiasmo com a emergéncia de visdes alternative, para o estudo do management e das organizacoes aps anos de hegemonia funcionalista. Sem diivida é possivel situar a critieae 0 interpretacionismo de um mesmo lado, em oposicao ao funcie. nalismo. Burrell e Morgan (1979) realizam essa separacao 0 apresentarem os paradigmas sociolégicos que podem orientara analise organizacional, pois se baseiam na oposigdo entre objet vidade e subjetividade, situando 0 funcionalismo e o estrutura- lismo radical no primeiro pélo e o humanismo radical (outra denominacao que costuma ser dada para a critica) e o interpre- tacionismo no segundo pélo. Apesar das criticas que podemos fazer ao modelo apresenta- do por Burrell e Morgan, que de algum modo interpretam 0 complexo campo da teoria sociolégic ied ra cS sociolégica de uma forma reducionis- esse modelo oferece uma importante referéncia didatica. [sso Porgue nos permite situar a dominancia da perspectiva objet Pika Ros estudos onganizacionais, que privilegiam abordgens as, como 0 contingencialismo e o institucionalismo aa os Prana Fran 08 PARA wn, 2005). A perspectiva subjetivista, fundada na se rogia, na teoria critica frankfurtiana e no existencialis- fonomenolo8t® fe vem ganhando espaco, especialmente no que mo, recenfemNestudos de inspiracio interpretacionista sobre diz resPerno cultura e simbolismo, identidade, poder, emocio, tes cide enero, estética,espiritualidade, entre outros (Vergara lage 2005), que costumam se referir 4 subjetvidade, Embora a critica e o interpretacionismo se situem no pélo da subjetividade, o proprio modelo de Burrell e Morgan aponta que subi esté no dominio da mudanca e da transformacao radical Ja cociedade, enquanto o interpretacionismo se situa no campo Ga regulacio social, ou seja, a critica pressupde um comprometi- mento com as possibilidades revolucionérias, enquanto o inter- pretacionismo se mantém no terreno do reformismo, Isso néo Quer dizer, no entanto, que nao seja possivel um “interpretacio- nismo critico”, mas que ha sempre o risco de o interpretacionis- mo se limitar ao exame e a descrigdo de fendmenos, utilizando a etnografia de forma reducionista ao realizar andlises sem reto- mar 0 contexto hist6rico e social no qual os atores estio se rela- cionando. Por outro lado, a diferenciagao entre critica e interpre- tacionismo insere uma perspectiva fundamental para a critica, que é a questo da emancipacdo. Nesse cot é (Caldas e Fachi estrutura implica salientar a importncia dos padrdes e relagdes externas que condicionam a interagio social dentro de formas institucionais especificas, e a énfase na aco significa uma busca de um entendimento da ordem social e organizacional que desta- que as praticas sociais por meio das quais os individuos criam e teproduzem instituigdes. —_ er ‘Teoma CHA Nas OnaaNZAgbES, A re (Olqiie'€ a erica final? Buscando por definigoes encontrei em uma conferéncia proferida por Fouca em dar inicio A discussdo que pretendo realizar neste li Foucault, a critica é “a arte da inservidao voluntaria, Possiveis, lt (1999) que pode vr. Para da indo. 1978, intitulada O que éa critica?, uma formulacao cilidade refletida”; em outras palavras, é uma atitude de resi. téncia em relagdo & governamentalizacio que procura sujeita @8 individlos. Na sua viso, essa definicéo nao esté muits longe da definicao que Kant dé ao esclarecimento (Auftlae rung), ou & razao iluminista, que € a saida do homem do sex estado de menoridade, isto é, a sua superacio da incapacidade de se servir de seu entendimento sem a diregio de outrem ou alcance de sua emancipacao. Considerando a questo da emancipacio, nao é dificil enten- der por quela étitica também pode ser identificada com o huma! nnismo Fadical, jé que é o humanismo, que nasce na Antigiiidade entre os fildsofos gregos e romanos e é resgatado no contexto do ‘enascimento,@ue consideta’6 homém um sujeito autodetermi- nado, autoconsciente e auténomo, capaz de refletir sobre sua realidade e fazer as escolhas que moldarao o seu destino, Essa ‘o humanista vai ser partilhada por leitores de Hegel e de Marx, bem como pelas correntes fenomenolégicas e existencia- listas da filosofia, sendo o centro da visio moderna que cultivaa ia de que a verdade ou a falsidade de um conhecimento se relaciona a efetividade da aco humana e de que o homem cria 08 valores morais com base no mundo que o circunda. O conceito de critica também estd relacionado com o concei to'de'dialética no sentido marxista, que é baseado nas seguintes idéias (Konder, 1997):4) os processos de transformacao sio cons titufdos por perfodos lentos, que acumulam pequenas alteragbes quantitativas, e por periodos de aceleragéo, quando ocorrem alteragées qualitativas, ou seja, 10s” e modificagdes radicals (lei da passagem da quantidade a qualidade);(b) as coisas esté0 ‘An PAULA Paes OF PALLA re am-se em snterelacionadas, €08 apectos da realidade entrelagamse om inter-e jveis, quer dizer, nada pode ser compreen eee dame ead ead om onto et da Y m geral, sao fuer uma Unidad rn jos), ¢ @) toda afirmacéo pode ser interpenctra so dessa afirmacao também pode ser negada, negada, € a neBacie ge da realidade é a negacio da negacao, de modo du a essa sintese ser revista (lei da negacio da nega- Podendo rmelio da dialética marxista, exerce-se a critica, a seo ee nnervidao voluntaria’, colocando-se em questo as rea- {Mindes que nos crcundam continuadamente, ou se cada si- tese a que se chega precisa estar sob constante quest pune) dos éstudos Grganidadionais em uma perspe int tent es como Alvessonie"Deetz (1995) vem apon- tando a existéncia de duas vertentes para os estudos criticos: a teoria critica eo pés-modernismo, Nest livro, pretendo demons- ‘rar que as nogdes de critica defendidas por essas vertentes sio diferentes, e até mesmo opostas, pois a critica pos-modernista, que vou tratar como critica pés-estruturalista, por considerar 0 termo mais adequado, coloca em questdo as caracteristicas fun- damentais da critica defendida pelos teéricos criticos. Assim, no primeiro e no segundo capitulos, abordo a Escola de Frankfurt e © pés-estruturalismo para demonstrar suas principais caracteris- ticas e as diferencas entre as visées de critica defendidas por es- sas correntes. Adianto que vou defender a perspectiva da teoria critica em contraposicao perspectiva pés-estruturalista, que & mais conhecida como pés-moderna. Essa defesa é particularmente importante porque, no terceiro capitulo, pretendo evidenciar a Criginalidade e a autonomia dos estudos criticos em administra. SA0 nacionais, que se inserem em uma perspec radical, em relagio ao movimento critical manag europeu, que € predominantemente pés-e humanista studies ralista. Nesse — x Teor Grea as Onze capitulo, utlizo como base uma pesquisa realizada nos pring Bas periddicos e congressos nacionais no periodo de {yen 2004, destacando 0 pioneirismo de Alberto Guerreiro Ramos « Mauricio Tragtenberg nos estudos criticos nacionais, No quart, ¢ ne guinto capitulo, diseuto detalhadamente 0 pensamers desses autores, evidenciando suas contribuicBes para o canes da critica e abrindo, asim, um caminko de pesquisa para aye les que pretendem seguir a corrente nacional de estudos criticos, capitulo 1 teristicas da Escola de Frankfurt, destacando que esta se baseia em uma filosofia da consciéncia, isto é, na idéia de um sujeito auténomo capaz de decidir seu proprio destino. Tam- bem resgato os precursores da teoria critica, como Karl Korsch, Georg Lukacs e Ernst Bloch, demonstrando como estes estabele- ceram as diretrizes te6ricas que seriam seguidas por Max Hork- heimer e outros membros da Escola de Frankfurt, como Theodor Adomo e Herbert Marcuse, e evidenciando como a teoria critica surgiu de um confronto entre o positivismo e a dialética. Em seguida analiso dois temas fundamentais para os frank- furtianos, o esclarecimento e a indiistria cultural, destacando como a razao humana, em vez de levar a emancipacao, degene- Tou, transformando-se em uma razio opressiva. Finalizando, fa¢0 consideragées sobre o futuro da Escola de Frankfurt, abor- dando a segunda e a terceira geragées para defender uma restau- acio da filosofia da consciéncia de modo a construir uma nova visto de humanismo e apontando para a necessidade de renovar © compromisso da teoria critica com a pritica social e com as questées piblicas. N= capitulo, discuto os antecedentes e as principais carac- “Teor Ortnoa nas OROANZACDES, ANTECEDENTES E PRINCIPAIS CARACTERISTICAS De acordo com Bronner (1997) e Freitag (2004), Hi Gay sempre expressou interesse pela abolicéo da injustica soca além de um compromisso com a integridade e a liberdade de individuo, atacando a estrutura ideologica e institucional a? opressio. Seu objetivo é promover a reflexividade e uma nov base para a praxis, qlle tniria teoria e pratica realizandy x seguintes tarefas: uma oposigdo ao determinismo econdmico eg qualquer teoria etapista da Histéria, por meio da critica ao “socialismo realmente existente”; e um resgate da relacdo entre © marxismo e a filosofia para fazer uma revisdo das categorias marxistas e da teoria anacronica da revolucao inserida pela lei. tura que Lénin faz da obra de Marx, desnudando o que dificult, a prética revolucionéria e o seu desfecho emancipatério. Uma das bases da teoria critica, bem como de todo marxismo ocidental, é a recuperacao dos Manuscritos econémico-filooficos de Karl Marx (2004) de 1844, que foram contrabandeados para fora do Instituto de Marxismo-Leninismo em 1932 com a ajuda de seu diretor David Rjazanov, que pagou com a vida por esse e outros atos de integridade intelectual. Nesses manuscritos, Mab acerta suas contas com Hegel, défendendo’alperspectiva de transfor magio social e posicionando-se como um humanista e histor cista por meio da critica 4 economia politica classica, mas em uma perspectiva filos6fica e sem o rigor cientifico demonstrado mais tarde em O capital. Estabelece-se assim uma oposicio entre © “jovem Marx” fil6sofo dos Manuscritos econdmico-filosificos € 0 “velho Marx” economista e cientista de O capital, que alimenta uma polémica entre os marxistas sobre a continuidade do pens mento do jovem e do velho Marx, possibilitando tanto leituras heterodoxas quanto ortodoxas do autor. ‘Ao analisarém 6 |Capitalismiomoderno) resgatando as idéias desses manuscritos, 68 te6ricos criticos mostrarani-se iitais pre, [ana Paina Pass of PALLA marxista de superestrutura, que € 0 lugar 1 ideol6gica, do que com a nocio mar- o lugar da vida Epi 7 ope i. ia alema que a antecedeu, = ae erated pelo idealismo alemao fae ae se estendeu do século XVIII até 1860, tendo a Hegel e Schopenhauer como seus principai . O segundo periodo foi o do materialismo dialé- farx e Friedrich Engels, que publicaram seus traba- ‘os entre 1850 e 1880. O terceiro periodo foi e, que passou a ser mais explorado depois 1900, inaugurou a filosofia da diferenca, que abordarei no capitulo 2, ¢ influenciou, principalmente, os p6s- estruturalistas, que se oporao aos teéricos criticos. O que a teoria aritica faz 6 dialogar com a filosofia alema, rea- lizando uma sintese entre o idealismo alemo, que reduz ser a0 Pensamento, considerando o espirito, a consciéncia, as idéias e a vontade como dados primérios para resolver os problemas filosé- ficos, e © materialismo dialético marxista, que critica a filosofia i tGrica € mecanicista) propondo uma concepgao forjada pela atividade humana, ou praxis, dentro de determinadas condicdes materiais que variam no espaco e no tempo. Em linhas gerais, os te6ricos criticos so partidarios do modernismo e trabalham nos marcos dialéticos de Hegel e Marx, recuperando também o humanismo do Renascimento, que € antropocéntrico e afirma a autodeterminagao humana. Historicamente, a teoria critica esta associada ao Instituto de 23,ea bros: Max Horkheimer, que se tornou diretor em. Adorno, que comegou a participar dele em 1928, membro em Eric Fromm, cuja colaborag: 0 cupados com a nog os politica, cultural xista de estrutura, que € ove anos comecou em 1930; Herbert Marcuse, membro a partir de 1933; & Walter Benjamin, que oficialmente nunca foi membro do insti- 3 ‘Teoma Camca nas Onanscngtes ‘teoria critica”, opondo essa teoria a todas as formas “tradies, nais” de teoria, destacando que a eimer a teoria crt, ca deve unir teoria e praxis, uma vez que implica uma tentativg de realizar o contetido materialista da filosofia idealista. Assim, de acordo com Assoun (1991), Em lugar disso, 05 icos a “nao-identidade” entre objeto e professam que a verdade consis ‘as interacional entre os dois. objeto para o sujeito. O materialismo, ou seja, e real dos objetos, seria, dessa forma, um contetido hist6rico ela- borado pelos proprios homens, e essa elaboracao consiste no objetivo do esforco critico. A teoria critica tem como precursores um conjunto de pens dores heterodoxos (Bronner, 1997a), que representavam 0 mat xismo ocidental e se opunham as leituras ortodoxas da obra de Marx, cujo objetivo era enfatizar 0 método dialético e a tradici idealista do marxismo. Faziam parte desse conjunto Karl Korsch, Georg Lukacs e Ernst Bloch. Karl Korsch (Bronne! 1997b), que publicou Marsxismo e filosofia no ano da fundacio 4° Instituto, era partidério do anarquismo e influenciou marxistas heterodoxos como Anton Pannekoek, Amadeo Bordiga ¢ Ros* ‘Ana PAULA PAES DE PAULA contribuicé ra a teoria critica advém de eee ee sitive, dev sua reflexividade histérica e, Suet jpalmente, de sua critica a ideologia, que antecipou per Fes da Escola de Frankfurt ao negar a ideologia por consideré-la ‘Tpika consciéncia”, instrumento que torna os homens “marione- ter nas maos dos poderosos, para afirmé-la como um momento da propria luta: na sua vis80, os homens deveriam opor-se a0 Sistema ideol6gico dominante por meio do uso de outros siste- snus ideol6gicos que se pudessem tornar realidade. Georg Lukécs (Bronner, 1997c), introduziu, com Histéria e consciéncia de classe, também publicado.em 1923, uma interpre- em que transformaram o materialismo dialético em uma teoria da praxis, ressuscitando a visdo da utopia. PafalLUkAGS) a alie- nagdo € a experiéncia de um mundo fora do controle daqueles que 0 criaram, de modo que , Mas cujas condigGes antropolégicas nao foram discuti- as pelos marxistas ortodoxos. Na visdo de Lukai deveria ser interpretado como uma teoria da pr. os homens superem a reificagio e a alienacii como si pela qual irmando-se (08 endo se deixando transformar em objetos. Emst Bloch (Bronner, 1997¢) também influenciow a teoria cr ee especialmente na sua defesa da utopia e sua critica da ideo- logia, Que o aproxima de Korsch, pois rejeitava qualquer d uma vez que hé um conjunto latente de possi 's ndo realizadas a espera de apropriagao autocor “at Geren ts Oren ou seja, que deve passar pela subjetividade dos homen, emergir objetivamente. Apesar das pretensdes material um mundo melhor, sua visto ¢ basicamente idealista, pois Boek considera fundamental uma desideologizacio ea articulacég ip uum discurso ut6pico, que seja capaz de construir o contetde promover a realizagio de um “reino da liberdade”. 4 De acordo com Freitag (2004), Karl Korsch e Georg Lukig estavam entre os idealizadores e organizadores do Instituto de Pesquisa Social de Frankfurt, que, no inicio, tinha uma orien: io documentéria, ao procurar descrever, de acordo com a trad. 40 marxista, as mudancas estruturais na organizacio do sists ma capitalista, na relagio capital-trabalho e nas lutas ¢ movimentos operérios. Quando Max Horkheimer assumin ¢ diregdo do Instituto em 1930, houve uma mudanca de orientacip e foram estabelecidas as bases da teoria critica, marcadas pelo seu ensaio publicado em 1937, A teoria critica e a teoria tradicional, que buscava reorientar a reflexao filos6fica da época, com funds. mento em um patamar abstrato para um nivel mais concreto que nao se confundisse, no entanto, com o ativismo puro da luta par- tidaria. Nesse ensaio, Horkheimer discute © conflito existente entre o positivismo e a dialética e contrapée a filosofia de Des cartes (teoria tradicional) ao pensamento de Marx (teoria critica), denunciando o carter conservador do primeiro e enfatizandoa dimensdo humanistica e emancipatéria do segundo. Em razao da Segunda Guerra Mundial, o Instituto de Pesqui sa Social de Frankfurt esteve sediado no Estados Unidos de 1934 1950, quando seus intelectuais ficaram sob o impacto da cultt- Ta norte-americana, que 6 a expressao maxima do capitalisma modemo e da democraci y 7 S Para stas de a ‘ANA PAULA PAES OF PAULA am i iando Fromm, que se preocupa- is o ultimo, contrariando | e . eAdomo, Por’ gia social e sua relacao com a pratica pottica f va com 3 Pai insisir no desenvolvimento de uma critica d3 cinica, passou 2 Wr to de vista da teoria dos instintos de Freud, atop. a cabo anos mais tarde por Marcuse (1999a) em civilizagio. . j Eros. Sa {tro elemento importante para 0 Se ren — ica é a polemica entre Adorno e Popper. Freitag ct cre. rorreu esse confronto em 1961 na Sociedade de Socio- rosa A rAlema em Tuebingen, quando se promoveu um debate entre os dois sobre os fundamentos do positivismo e da dialéti- ta. Na ocasido, Adorno censurava a postura positivista de Popper, enquadrando-o na estrutura lgica da teoria tradicional de Hor- Kheimer. Adorno estava interessado em uma teoria que resultas- se em um sistema de sentengas e hipéteses gerais, atribuindo ao método o papel predominante no processo de conhecimento, pois esse seria o caminho para uma ciéncia “neutra” e “objetiva” que consegue trazer a tona a verdade. Adomo criticou Popper ao contestar o privilégio do método para dar acesso a verdade e a objetividade, que, no seu pensa- mento, tem outra conotacao, pois a preocupacao fundamental da dialética e da teoria critica nao é meramente formal, mas mate- tial e existencial. Desse modo, os objetos precisam ser estudados como produto histérico do passado e como aspiracao de realiza- So do futuro, e a critica suscita uma atitude de desconfianca Perante 0 conhecimento, questionando os objetivos e resultados e Besquisa Adormo introduziu, assim, o principio da negativi- » um dos fundamentos de sua dialética negativa, que seria discutido de forma mai i i is exaustiva no li Soae ee ivro que levava o mesmo esiet jialstica negativa (Freitag, 2004; Bronner, 1997) um. ‘orgo permanente para evitar falsas sinteses e desconfiar das Propostas definitivas para a solucio dos problemas, rejeitande SS So TEOMA Cook Nas Ovaries toda visdo sistémica e totalizante da sociedade. Dessa f dialética negativa nunca se conforma a0 status quo, repro? do um esforco permanente de superar a realidade cotidiana nizaday é um movimento permanente da razio no sesta® resgatar do passado as dimensdes reprimidas e nao conto, das no presente, transferindoras para um futuro no qual tacoes do presente no mais existam. Dessa forma a deo adomiana, o conceito de teoria refere-se a um future melhos remetendo-se dimensio pritica. Na verdade,& possivelewrs trar tragos da dialética negativa de Adorno nas discussbe Korsch e Bloch sobre a ideologia e a utopia, conforme foi a” sentado anteriormente. 7 Adorno (Bronner, 1997e), assim como Horkheimer (Boney 197g), foi um dos frankfurtianos que bradou contra a liquids. Sao do sujeitoe da subjetividade em perigo, defendendo a foe emancipatria da subjetividade livre. Na sua visdo, a superag da fusio entre sujeito e objeto ~ a reagio & reificacio ~ poderis ocorrer em uma nova ordem que introduzisse uma harmon entre a humanidade ea natureza. O papel da teoria critica ser, por meio do pessimismo prético, criar uma tensio dialétia que impulsionasse os homens para essa nova ordem. Destacand a tensio intrinseca entre a necessidade de estruturas na sociedade © 0 modo como estas inibem a subjetividade e seu dese de liberdade, Adorno foi um dos maiores identidade. Além disso, para Adorno ni € “falsa”, mas sua pretensio de correspond servando, assim, 0 cardter critico do conceito, como fazen Korsch e Bloch. Segundo Freitag (2004), dois temas so reincidentes na ob dos frankfurtianos: a) a dialética da razao iluminist do esclarecimento) e a critica a ciéncia; e b) a dupla face @ a discussao da industria cultural. Se hé alguma com em relagao aos temas, 0 mesmo nao é verdade em relacio ‘Ana Pata PRES 06 PAULA dos autores, que possuem diferencas sensiveis .e refere A sua postura epistemolégica e as suas as. A atuacdo conjunta dos autores da oe era pao é caracterizada por um consenso, mas pela capacida~ critica tual e critica, pela reflexao dialética e pela competéncia ae opiea no questionamento radical dos pressupostos adotados as pos igbes e teorias defendidas por cada um. Esses dois temas serdo abordados a seguir. ESCLARECIMENTO E INDUSTRIA CULTURAL Conforme vimos anteriormente, a critica esté diretamente rela- cionada com o esclarecimento, de modo que nao é d har que Freitag (2004) aponte o esclarecimento como Y” que transpassa a obra de todos os frankfurtianos. nkfurt 6D icionamento Pome si no que 5 estratgias P 8 ‘Teoma rca nas Onomcngtes - — trole totalitario da natureza e a dominacao incondiciongl homens, Nesse sentido, embora a liberdade humana e soc inseparivel do pensamento esclarecedor, quando esse pon mento nao é mais capaz de refletir sobre si mesmo, nover laggy de dominacio se estabelecem, e 0 esclarecimento, que de subjugar os mitos, se converte, ele mesmo, em um mito. No excurso I, Ulises ou mito ¢esclarecimento, Adorno e Hi heimer (1985) abordam o longo retorno de Ulisses para casa, apés a Guerra de Tréia, que se constitui em uma sucess, de eventos nos quais 0 her6i aparentemente fortalece 0 seus enfrentando as divindades da natureza (mitos) e se desvianis das sedugdes que o impedem de retornar sua patria ¢ an seus bens. Ulisses tem a ilusdo de realizar um esforco auto consciente pela sua liberdade por meio de sua astiicia, mas, verdade, s6 est cedendo as exigéncias do sistema. Por exem- plo, o epis6dio no qual engana Polifemo ao se passar por “nin i a negacéo da propria identidade que o trans fo para preservar sua vida. Essa escolha pela ‘onservacao, que o her6i nao percebe se tratar do proprio sacrificio, é depois i amente explorada pelos autores em sua discussao sobre a indtstria cultural, por ser exatamente a escolha do individuo moderno: renegar sua propria identids de para garantir sua autoconservacao. No excurso II, Juliette ou esclarecimento e moral, Adorno e Hot- heimer demonstram como as boas intengdes do projeto kantiano sdo menos misericordiosas do que a sinceridade chocante dos “escritores sombrios da burguesia”, como Nietzsche e Marquts de Sade, autor de Histoire de Juliette. Isso porque mostram 0 “bu gués liberto de toda tutela”, jé que a filosofia burguesa procure! liberar 0 homem do mito, mas desencadeou uma economia de mercado que incorporou de tal forma a razao que a acabou des trocando. O esclarecimento comprometeu-se com o liber © 0 mercado livre estabeleceu a autoconservagao como a f re rr) ‘Ana PAULA PAES OF PAULA __ foe PAA PAES 08 PAU mais provavel das agbes humans. mbrios teriam sido mais aranto, a0 afirmarem que os crlcos Son "nao concordam qi filésofos morals cultivado radicais que 0S deles nem com o pluralismo moral com 0 ili myeonagens: apenas apontam que eles captaram 2 pelos sei Emo realmente ela 6 , buss como Freitag (2004), acreditam que, com a AlgUns a oe cimento, Adorno ¢ Horkheimer romperam Dinca do escarecimento, Adomo © Hornet tien com cast soo Lantiana da razdo.libertadora. No entanto, iso nao é verdadeiro, pois apés essa obra Adorno aie raria a dialética negativa, e, contradizendo-se, a propria Freitag, (2004) afirma que a dialética negativa se confunde com a razo iluminista na conceituagio de Kant e Hegel, ou seja, na sua versio emancipatéria, e admite que Adorno e Horkheimer, na verdade, negam a razao instrumental em favor de uma razio emancipatoria subjetiva, centrada no sujeito. Em outras pala- vras, a filosofia da consciéncia, ou seja, a idéia de uma razao que sustente a atitude critica do ser humano e possibilite sua autoconsciéncia ¢ autodeterminagio é preservada no pensa- mento desses frankfurtianos. Nesse contexto de racionalidade instrumental, que permeia a reproducio material da vida (civilizacio),@jmundo eSpiritiil das idéias, da arte e dos sentimentos (cultura) emerge como uma ‘via emancipatétia, No entanto, embora a obra de arte € a cultu- 1a em geral representem um protesto contra a injustica, uma vez que se convertem em bens de consumo reservados a uma elite, Fxwm de cumprir sua promessa de emancipagio. Segundo Futas (2004), em Candter afirmativo da cultura (1937), Marcuse afirmava que se fosse alcancada a felicidade no mundo do traba, Tho, a producto artistica tornarse-ia dispensavel, no entaney ‘io fol assim que as coisas se deram, e Marcuse teve de reved ‘ais tarde suas posicdes. Benjamin, em Obra de arte na era de sue Teoma CHA NAt Onaancacoes 7 sa nessas interpretacées pessimistas de Adorno e Hi quem vee ness tia cultural um certo elitismo, na bre a indistric Horie gue se critica a massficacio da cultura, que, 20 wie tempo, amplia as oportunidades de acesso a ela. Freitag mes , No que se refere & indtistria cultural, (1985) procuram defender a tese de que a temporanea nao passa de um “produ padronizado como todos os dem: (2004) demonstra que Producio cultural con. to” to. massificado ¢ . jamin admite a possibilidade da politizacao las massas por meio da obra de arte desauratizada, embora veja {sso com certo ceticismo. Creio que nao é desejivel radicalizar nenhuma das duas posigdes, mas considerar com o devido cuida- doo que é um acesso emancipatério a um bem cultural e o que € um mero ato de consumo de um bem cultural. Na verdade, 0 grau de participacdo dos envolvidos na producio desse bem cul- tural talvez seja a chave para realizar essa distingao. dade de réplica, e as diferentes “estagdes” $6 cle concorréncia e escolha, uma vez que os programas produri. los em nada diferem. Nao ha espaco para o novo, embora se fale insistentemente em renovacdo e dinamica, pois mesmo o que pode mudar ja esta dado de antemao. A cultura, como ‘entreteni- mento, orienta-se pela padronizacao, e para os autores nesse campo “nao ha nada de novo sob 0 sol”, pois tudo jé foi classi. O/FUTURO/DA/ESCOLA'DE FRANKFURT cado pela esquematizagao da produgio. De acordo com Freitag (2004), com Di do esclarecimento Adorno e Horkheimer deslocam a énfase da classe operaria para as camadas oprimidas em geral e, depois de criticarem a razio e Essas massas acreditam que a felicidade ndo é reser} enc mergulham integralmente no tema da cultura e indtis- readalalicdsele een arniolenesenTassloniae ural como forma de manipulagio das consciéncias. disso, a “estrela de cinema” deve dar a impressao de que é quem da 0 passo decisivo da teoria critica para a teo- pessoa comum, de que todos poderiam chegar a ser ela, mas, i especialmente, a ‘a; Mas isso nao ainda assim, imprimir a distancia que existe entre ela € 0s demais, mantendo sua aura de mito e de desejo de se chegara ser ela. Nesse contexto, tica que se preserva ainda a consegue perceber e sis- Teoma Cars nas Onancsoes ——_ tematizar essa mensagem contida na miisica, na literatun pintura, na escultura, entre outras manifestacdes artistcag je vendando na obra de arte sua esséncia critica, sem submeté.. 20 processo de produgio e reprodugao de mercadorias, Com essa aproximacao da estética, Adorno afasta-se um, da teoria critica como praxis e assume uma posicgo mais conto plativa. Isso se manifesta na polémica gerada com Marcuse Telacdo ao movimento estudantil em 1968. Naquela época aside rangas estudantis fundamentavam seu protesto nas reflexdes dj Escola de Frankfurt. O movimento, no entanto, radicalizou-se de tal forma que os frankfurtianos comecaram a ver nele nitidos ta. 60s fascistas e passaram a combaté-lo. domo mandou chamara Policia quando os estudantes ameacaram invadir o institut enquanto Marcuse procurou dialogar, convencer e fazer os est dantes refletirem sobre a situacdo. As cartas trocadas entre Ador- no e Marcuse na época (Loureiro, 1999) demonstram que a conto vérsia girava em torno da questio da conversio da teoria em praxis, pois Marcuse agia de acordo com 0 movimento estudanti, uma vez que acreditava que ele poderia atuar eficazmente na sociedade, e Adorno respondia com a necessidade de uma retire: da temporéria da situacao para desenvolver novamente, no ambi- to te6rico, consciéncia das mudangas necessérias. O proprio Marcuse (1999b) interpretava que a crenca de Ador- no era a de que nao seria tarefa da teoria critica transformarse imediatamente em prética; em conseqiiéncia, a separacio ent’ teoria e pratica nao seria obra de Adorno, mas culpa da realida- de a qual ele reagiu, pois, na sua visdo, ages sem base social nfo sao expressdo da esperanga, mas, sim, do desespero, e podem tor- nar-se facilmente um joguete nas maos do inimigo. Na verdade, ‘essa questao do papel dos intelectuais na acao politica é uma di cusso interminavel. Em 2005, foi organizado no Brasil um ci de conferéncias chamado O siléncio dos intelectuais, que abordo® amplamente 0 posicionamento dos intelectuais em relasé0 aman jar a revolu nse ft ‘i jean-} jas. scas, A decisio de Jeane as conferefpe e defendet Ie mais desejavel- Por eria mais atengao para ofato ded ot rep ne ectual nao Se tos colocados de la ‘i ‘oviment desdobramentos 4 i fivida a avaliacao critica das 1 corTenobilizacio politica quanto da PrOP rn é da polé Frankfurt, preferiu afastar-se e usar a escrito. Segundo Freitag, ae i um impasse que nado ~ dee sativa nem pela teoria esttica, pois o problema nao seria salvar a azo subjetiva, mas buscar uma nova razao Comu- nicativa e intersubjetiva a ser aplicada em situac6es dialégicas nas quais os interlocutores buscassem 0 consenso possivel por meio da argumentacao. Para Habermas (1990), a questao seria abandonar a filosofia da consciéncia cultivada pelos frankfurtia- ‘nos de primeira geracdo, que centra a razdo no sujeito, para assumir uma filosofia da compreensao, que estabelece a razo comunicacional e a verdade processual, consensualmente esta- belecida, em uma tentativa de transpor a divisdo entre sujeito e objeto. Assinala, assim, a importancia da hermenéutica, ou seja, Sear a interpretacio, eestabelece a teoria da acdo comuni_ wage a ‘as, 1988), na qual faz uma distingdo entre o exiggncias fama que representa a capacidade de responder as mie eae funcionais do meio social, e @ mundo da vida, que © sujeito, como faria a filosofia da consciéncia, 1 ‘Teoma Canon nas Onaanzaccess Teoma Cenc wis Onanncactes € corresponde as formas de ' consensuadas pelos Paitea mae altura Sociale peso Segundo Bronner (19974), Hal 7 Princfpios da teoria critica, mas Sr emp dine um novo impulso democratico, ao fundi-la como nae mo americano e com a filosofia da linguagem, eter (1990) soma-se as criticas que 08 pés-estruturalistas tombe: conhecidos como “pés-modernos”, fazem da filosofia da cons ciéncia, da razo centrada no sujeito; contudo, ao contrat deles, que defendem uma remincia a todo o tipo de pretensia da existéncia de uma razdo, demonstra a possibilidade de um, tazJo comunicativa para barrar a razao instrumental. No entanto, como aponta Bronner (1997), Habermas é um tebrico do liberalismo e, como tal, nao oferece vias alternativas,o que contribui para desgastar o cardter critico de suas elaboracées, uma vez que os frankfurtianos de primeira geragio defendiam novas formas de socialismo em contraposicéo ao socialismo burocrético soviético. Por outro lado, as categorias de mundo da vida e sistema precisariam ser mais bem fundamentadase historicamente articuladas. Na visdo de Freitag (2004), que € declaradamente haberma- siana, a teoria critica permanece atual, principalmente por sua capacidade de renovacéo, reformulacao e autocritica. Entre tanto, acredito que ha de se resgatar o pensamento original da Escola de Frankfurt, pois muitas interpretagdes erréneas tém sido feitas sobre ele. Segundo Freitag (2004), Habermas teri apontado Adorno e Horkheimer como precursores da tendé cia pés-moderna, pois acredita que com Dialética do esclar mento teriam efetuado uma critica radical da modernidat® abandonando a crenca na razdo. Particularmente a ‘e dessa posicao, pois, como ja mencionei anteriormente, ee *. fundamentam na filosofia da consciéncia para contrape ¢ azo instrumental uma razio emancipat6ria subjetiva, de™ Pass o€ PALA pos-modernos. Na verdade, se ‘pre Adorno e Horkheimer, € totalmente dos ‘essa acusacao sol steja associado a sua descrenca na pos- ques fasta ermas faz rece que esse fato e Fr ilidade da razao cent anita da filosofia da cot No entanto, o proprio trada no sujeito, que é baseada em sua nsciéncia. Habermas nao conseguiu suplantar de fato~ filosofia da consciéncia, pois continua foresa nee seus nexitos basicos, jA que ndo rompe com a modernidade e o scijrecimento, que tem essa filosofia em seu centro. Na minha {iado, hd uma dificuldade em romper com a filosofia da cons- Géncia e, ao mesmo tempo, preservar a crenca na modernidade, pois uma vez que ela esta edificada sobre a verdade, a racionali- dade e a liberdade, pressupde uma capacidade de autonomia e s6 se viabiliza pelo sujeito autoconsciente. Em outras palavras, nio acredito que seja possivel estar do lado dos pés-modernos ma critica a filosofia da consciéncia e nao partilhar de sua des- crenga na razo, pois ainda que se coloque a possibilidade de uma razéo comunicativa, esta ainda depende da autonomia do sujeito. Na verdade, para se conservar 0 compromisso com a racionalidade, defendo que a filosofia da consciéncia seja restau- ada para construir uma nova visio do humanismo, conforme abordarei mais adiante. Asegunda geracdo da Escola de Frankfurt també a também tem como Recents Ralf Dahrendorf, Gethard Brandt, Ludwig von rg, a Negte Alfred Schmidt, mas a obra de nenhum sma tepercussio que a do trabalho d a Hiatercia german ge a do trabalho de Habermas nes, conta com nomes i lingua a eet Honneth. Ha, também, ne vote ea ea Beck, Karl-Otto Apel e Hans Joas, ss publica a Orpois temos autores que praticamen- cha Brumlik, Hauke Brunkhorst, “Teoma Qa nas OnanerAe Helmut Dubiel, Hinrich Fink-Eitel, Rainer Forst, Giinter Kenberg, Josef Friichtl, Klaus Giinther, Matthias Kettner, car Koch, Wolfgang Kuhlmann, Martin Léw-Beer, Matthias { Bachmann, James Bohman, Christoph Menke, Herta Nagl- Dy kal, Bernhard Peters, Gunzelin Schmid Noerr, Marin Sele Ly Wingert. “ Enquanto a primeira geracdo viveu os horrores da Segunds Guerra Mundial e a segunda geragio experienciou as revelaciy das atrocidades nazistas e 0 clima efervescente de 1968, ater. ra geragio nasceu no contexto dos novos movimentos sociais de 1970, convivendo com a queda do Muro de Berlim, a emergin- cia do multiculturalismo e a aceleragio da globalizacdo, As temdticas tratadas pela terceira geracao s4o abordadas na obra de Axel Honneth e, de algum modo, dialogam criticamente com © trabalho de Habermas, recuperando prinefpios da primeira geracao (Anderson, 2000): a) a concepeao de historia e de soci Sade com base no conflito entre os grupos sociais e nao no con lito entre os individuos ou entre as entidades estruturais; b)a contextualizacdo das estruturas profundas da experiéncia subje tiva, resgatando a importancia da autoconfianga, do auto-respe- to e da alta auto-estima nas relagoes intersubjetivas, que so revalorizadas pelo reconhecimento mtituo; ec) a questio do “outro da razao”, que procura dar voz aos “outros” que foram silenciados e enfatiza o poder criativo do inconsciente, 39 mesmo tempo que se compromete com a heranca emancipatéria do esclarecimento. Para Bronner (1997a; 1997h), 0 futuro da teoria critica deper de do cumprimento de sua promessa original de ser uma Por pectiva interdisciplinar que oriente a luta dos oprimidos. Por isso, 6 fundamental uma reafirmacao da importancia da prixisé de um interesse nas questoes ptiblicas. Nesse sentido, divers categorias e suposigdes devem ser reformuladas para enfrentat condigées novas, destacando seu impulso politico € afirmando Mremocrtico, Ge importante ident concretas de mento™ smentado em formas 1, como ocor” ynstrucae val oye economica © SOO%' itimas de sustentabilidse nas praticas TP or conce encase a utopia MO Fag com uh an ieterminado & a sifi bi com Oe na deplcto e sueito 4 modificas esbogo, que capitulo a ‘Do Pés-Estruturalismo a0 eo pés-estruturalismo, bem como seu rompimento com a filosofia da consciéncia, na defesa da morte do sujeito aut6- nomo e da emergéncia de um sujeito descentrado e dependente das estruturas que o governam. Ainda destaco que o pés-estru- turalismo pretende substituir o “trabalho da dialética” pelo “jogo da diferenca”, buscando uma nova nocio de critica. No entanto, demonstro que considerando 0 conceito de critica de Kant e Foucault apontado no inicio deste livro, nao € possivel considerar os pés-estruturalistas como criticos, almente Porque a idéia de uma “arte da inservidao voluntaria” nao 6 coe Tente com um sujeito descentrado. Finalizando o capitulo, ralismo romper com a visi caminho para reconstituir neo-humanismo: corrij humanista, inconscientes ¢ estruturais que tentam condicionar o si Sem descartar o seu cardter processual e sua capacidlacle de ago, Gu seja, Sua possibilidade de, por meio da conse: gus pos Por meio da consciéncia, libertar-se N este capitulo, analiso as vinculagoes entre o estruturalismo aponto a dificuldade do pés-estrutu- (0 de sujeito que cultiva, sugerindo um a filosofia da consciéncia, e fundar um git as supostas limitagdes do sujeito considerando que ha, de fato, forgas ee taecenoaean; TMI Embora muitos facam uma confusio ao identificar 6s-estn talismo com 0 pés-modernismo, é preciso notar Aa eee dois movimentos independentes e que possuem rains floss, eintencoes diferentes, Opssmademisti, dependeac do autor, costuma ser identificado como uma nova época, um Novo esti ou até mesmo uma nova ideologia. Para Lyotard (2002), po exemplo, 0 pés-modernismo nao significa o fim do modernism, mas uma Outra relacéo com ele: trata-se de um estilo, de um ete endo de um periodo, que se manifesta na arquitetura,na litem, tura e nas artes como movimento estético. Jameson (1997), por sua vez, rejeita a idéia de que o pés-modernismo seja uma ripti, ra em termos de cultura e experiencia, pois ele vive de vestgin € tesfduos do modemismo, e também nao acredita que ele sep um estilo, mas, sim, uma “dominante cultural”, ou seja, uma ideologia subjacente a légica do capitalismo tardio. \6 GUMS cc cordo com Peters 20), él movimento filoséfico que procura dar uma resposta ao estruti- ralismo, estabelecendo algumas rupturas, mas mantendo varias coisas em comum com ele. O estiufarlisa frances originowse da lingiifstica estrutural de Ferdinand de Saussure e Roman Jakobson, que, no comego do século XX, aderem a uma aborda- gem cientfica do estudo das linguas em contraposiio 2 uns abordagem histérica,interessando-se pela funcio dos elements lingtisticos e nfo pelas suas causas. O termo estruturalismo fi cunhado por Jakobson para designar 0 estudo das leis interms de um sistema determinado, no qual os fendmenos néo sera? estudados como um aglomerado mecinico, mas como um tede estrutural. No infcio dos anos 1940, Lévis Strauss comet! Jakobsone, com base no seu trabalho, escreveu olive Ane logie structurale, publicado em 1958, definindo a a como um ramo da semiologia. eee 2 ‘anu Pats Pass DE PALA Ct n a revolucao estruturalis- [se livro marca a emergencia de hos de Roland Barthes tana range, com anarxisme), Jacques Lacan (psiae iteratura), Louis { impulsionada por lei- is) ean age (peo a aage em 1966, UAT tures de Nica ie Eejos Unidos. De acordo com Dosse do alcangou também oS digdo que rivaliza com 0 exis- turalismo é uma tradic&o qi ° ‘ (1993), 0 estrut a ‘eitando a nogao sartrea- : The é contemporaneo, rej tencialismo que 'do-se no modo como o comporta- na de iberdade e concentrando-se no modo como o comport: rr ree, O estruturalismo também € anti-humanista © taraceriza-se por criticar a visio historicista dos fatos sociais, além de colocar o significante no lugar do sujeito e a ideologia no lugar dos sentimentos e comportamentos, tornando a estru- tura central para a compreensdo da dinamica social. Louis Althusser (1968), por exemplo, vai criticar 0 retorno ao jovem Marx dos Manuscritos econdmicofilosdficos que se baseia em um sujeito humanista agente da hist6ria e da transformacao social, pois acredita que esse retorno se da a custa da posicao cientifica do Marx de O capital, além de retroceder ao idealisino alemo, que ele considera um: burguesa. Na sua visio, existe uma clara ruptura epistemol6gica entre o Marx dos Manuscrites econdmico filosficos € 0 Marx de O capital, que subs. {tui a visio humanista por uma perspectiva cientifica funda Nemtterialismo dialético e nas relagbes e forcas de produshe thusser acredita que a melhor contribuicae da ler ‘Teoma Chinca nas Onaanczagdes ee oH adas pelos estrutura; He relacionado coma ts s franceses co; seas. bem como das interpretacoes realiz: franceses. Além disso, est diretament coberta de Nietzsche por pensadore: Dera, Klossowski e Koffman, be que Heidegger faz. de Nietzsche e com as lei feitas de Freud e Marx, respectivamente por lac ser. Na primeira geracdo do pés-estruturalismo, trabalhos de Jacques Derrida, Julia Kris tard, Gilles Deleuze, Luce Irigaray, pés-estruturalistas feitas da obra di mo D; m como com a interpest2® S estruturalistag aN © Por Alth us. , destacam-se og Zeanos, neoderrideanos atualmente procuram desenvol aplicar o pensamento da primeira geracio. O pos-estruturalismo também comp: defendida pelo estruturalismo e critica a visio de sujeito presen, te em varias construcées filoséficas herdeiras do pensamento ‘umanistalénascentista, fundadas na filosofia da consciénci, como a fenomenologia eo existencialismo, que ipoitam osu to como um ser auténomo, livre e autoconsciente, fonte de todo conhecimento e da acao moral e politica. Em substituicio. 08 pos- estruturalistas, apresentam o sujeito descentrado e dependente do sistema lingitistico, ou seja, um sujeito concebido em termos relacionais, construido discursivamente, governado por estrutu- Tas e'sistemas ¢ fruto da interseccdo entre forcas libidinais e pré- ticas socioculturais. Assim, da mesma forma que o estruturalis mo, © pés-estruturalismo promove um enérgico ataque aos Ptessupostos universalistas da racionalidade, da autonomia eda autopresenca subjacentes ao sujeito humanista, reagindo ao sub- ismo e a liberdade pessoal do existencialismo sartreano e 3 de autoconsciéncia caracteristica do hegelianismo. Além disso, também enfatiza 0 inconsciente e as estruturas ou fora’ s6cio-histéricas subjacentes que constrangem e governam 0 comportamento humano. artilha a nocdo de sujeito a [Anis PAULA PAES OF PAULA an Paa bres 0 Pas _— - ” ituralismo porque faz turalismo So erro ambito do estrutra- O poset resgatar a historia, que, NO tentativa de resgater @ da andlise sincr6nica das estruturas. taro, foi apagaca por meio “A, na descon- jismo, foi apas' ‘mutacdo, na transformacio, i tconcentfa-se na — ihuras Alem Para iss0, jalizagdo € Na tepeticao das estrul timuidade, Na Serie tificismo das ciéncias humanas, bem como ona 0 emo ea féna capacidade transformativa do oracionalismo, 0 Tea estruturalismo havia retomado do positi- aétodo cientiico oi gvida a pretensdo estruturalista de identi- vismo, colocancl is comuns a todas as culturas e A mente ficar estruturas universais . todos e 2 eo Nesse contexto, desenvolveu-se uma série de métodos pamangens como a arqueologia, a genealogia e a desconstrugio, ape serecusam a ver o conhecimento ea verdade como tepresen- tagbes precisas da realidade. i O pés-estruturalismo uma fuga do pensamento hegeliano gata o pensamnentonietzscheano, que contrapoe a celebracto do jogo da diferenga” e 0 “trabalho da dialética”. O “jogo renga’, sustenta que as oposicoes bindrias introduzidas pela dia- Tética estabelecem uma hierarquia de valor entre os polos, reco- mendando a desconstrucao para desnudar e reverter as hierarquias criadas. Em outras palayras, patalOs|pos-estrutura listas a utilizagio das oposicdes binarias para o entendimento de identidades politicas, como. nés/eles, cidadaos/nao-cidadaos, legitimo/ilegitimo, tem como efeito alexclusio’de certOs gAlipos culturais e sociais, de modo que o conceito de “diferenga” pro- porciona uma “Iégica” mais apropriada para se compreender as latas pela identidade na medida em que deixa de definir o jogo hist6rico em termos de dicotomias que implicam ex Assit jogo da diferenca” inaugura uma nova forma di jog ca” inaug sofar e forece as bases para um modo alternative de pensamen- to critico, que nao é fundado na dialética nem no marxismo. _ Segundo D’ Agostini (2002), com o livro Nietzsche e a filosofia, Gilles Deleuze demonstra que o pensamento nietzscheano tem a

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