You are on page 1of 108
Fate io eto ot imposes qe era do dscurso de ichlPachaut nconra emseu eres, oribndo-o¢aiculogbo reslaodo pel autor ene © materia hitéseoe a pscorl Disete-se Findomenio deste arculogto, fea em torno da erica ee 0 So ottuxariano.@2 Outolconiono, que reso ©. defricbo de fama sje, derconbecedo de dntica plcna ue ai na bore do concepo sconaica do sbvdode Reto, ero, peo de Pca pion, fondo ine otro sobre 0 sonido na ducrso, 0 nog6o de seo do eso incor. Esa wiv ingen reco dos nocbes elingu « hitoeldoe, bem come rbuicbo de un nore eto {2 enuncioxSo ne quod do ordlie de dco. s para uma abordagem ant 8s entido no discurso ome mento do bac de door Sova, pd ov meenos ‘Eremtedecakescumdnd sore [pvtaod Se srua dos pene (Ecsta. Conse awndnde no compticacomae to ‘tora ee vr eer nas ‘Wrcamenins no feo onde de hewn Seu endo consis oume cont ieee esremomanteimporote © een gro toaor agus ue So Ueicemo uote Omaromacr ‘te povcionomenio ace rete 8 ‘eto, propo por Mca one Troms hate pcan, ‘ittando mosrar» necesadose de lneveneia de nice puluonal (ret doce prea de ‘pt oreo dces No ‘moto, 0 ox por lea om ‘Soni wmdo a dinars do dens ‘Sino conse doit oaseige Stora de aso eal do ‘rude daca otc ona Ne do gue fcr pom oe ae 0 ‘ioe contaco,oaneroenbrertose, ‘Sime ono ep secaprinnenenrede corde Keone 0 bande 2 ‘rondo onlaede domo rocomp ‘Pingsco mordeume gis oe Ica con ol dona lo M0 groan doer Sede cn, um who que irorce ari plo vloncontnigo ‘ac Er Pra vom Andlise de Discurso e Psicandlise lemenios pra ua abordagem do sentido no dscurso Pica Universidade Catlin do Rio Grande do Sul Chancel Dam Daseus Crings Reitor: Joan Coe Vice Reto: risa Tera Consetho Editorial ‘Antonio Maca Nase alee Ewicone Helens Noo Cary Jorge Lats Noa Ay (Presidente) Iustara Maria Rosa Mendes Ta Anton de Ass Brasit Maria Gerhart de Ober Miran Ola Paulo Roberto Girardlo Franco inetor da EDIPUCRS: “antonio Maza Nene Marlene Teixeira Analise de Discurso € Psicanalise Elementos pata uma abordagem do sentido no diseus0 2edigio e Porto Alegre, 2005, AGRADECIMENTOS: Bis yin zs mn ee detorane Tem Linguistica (PUCRS), defendida em janeiro de 1999. Agyacego Pola. Dra ec Borges Barbican (PUCRS), mink oie tador, pela erfica exigent, hick e intgant; 1 Profa. Dra Jacqueline Autier Revs (Pars Ill ~ Sorbonne Nouvelle, pela Usponibildade © abemura de ciinbios;€ ainda a Var Fores, ‘nt Maia Gageio, Maria Luiza Remédhos, Marcello de Oliveira Perera, Margarcth Schiffer, Prancisco’Setinesi © Monica Nabrega, pea stimulate toca inclecaleafetva; Rnalmen- te, auradeyo 3 ators da PUCRS e a0 CNPq, pelo apoio, APRESENTACAO denomina Anilise do Discurso tem visto surgiem, na inghsica,inimerasteoriagbes, sab diversos en foques. A propria vertente Frances, una das mais fortes nessa rea de estudos da linguagem, tem apeesentado virion ted ‘mensionamentas, produzidosprincpalmente pelo se fra do, Michel Pécheux, que, dese 1969, data da publicago de sua primeira obra, até 1983, quando de sta morte, refltn in cessantemente sobre seu trabalho, questionando-0, wazendo ced vez mais izes sa caminhada intelectual trabalho de Marlene Teixeira que qu apresertamos s tua-se na chamada terceiea épocs da Anal do Discurso de linia francesa. Com sew oar Hick, ela fax uma retetura imeligentee arguta da obra de Pécs, buscando ater segundo a propesta mesma do Mesre, Anilise do Discurso ¢ conceits da Psicnsise, para definigio de sujeto, Tats dd um estudo absolutamente origina, slestinado abi cam nos para novos extudos na discplina Bm decotrénca dessa artculagao, surge um redefinigao paraa ingca, m0 mais insra em paralgmas imanentistss, mas na qual eyularidides sto atravesadas por rupturis, pot os, de matrera pscanalics, 13 proposta dle uma lingitica assim vist, Marlene Teixeira recore aos esrtos de Jacqueline Auth Revuz, com quem teve priviyio de estar em Pars © conceto funda mental de heterogeneidade,erado por Authier-Rewus para ox os ini, expo com agus prepa arn Debio aqui regitrado que € com grande alegria que apre sento eats obra briante que a EDIPUCRS publica, digs mos lingoisas ¢ 2 outros especalstas da rea das ciéncias fhumangs imeresados em Andlise do Discurso. Tenho toda a certera de que as paginas que se seguem tro um grande SUMARIO avango para os esos da inguagem: Porto Alegre, abil de 2000, — oo 1) ANAUSE DE DISCUISO: A INQUIETUDE DE UMA TUE Tou 2 = 12 fee de conaoi odapostiva de ann 13 fas de consol teoa do dca 1 Aces odin dc Ss 14 Aina Gov ato 15 Bescon pr eon 151 'Acamino ds heterogeniad * 221" Oberg sobre 0 concede into 222 Obseragdes sobre 0 ea! 7 32 Acentlkciade da haga 33 Alingnisica eo que nto 6a BA Ang ese reversa 343 ‘Osutnagramas a pasa sob a plas 344 mior umn conces que ede © sere 343 Ovum mame, welaghes pucdigndics © 5 linguistic na ana de discus 4. SOBRE A ENUNGIAGAO. A HETEROGENEIDADE FUN 1 obacragbes pines. “12 Das necrogencsades as no ctncdenis stat Panes abotages 135 Netogenedode: mosradaheterogeneidade {24 asmocomeidincas do ds 125 A term da modalzago aoninics da des 4 me pecheure uti Ren posses deat ca AsasTONCIDADE EM QUESTAD 51 Considers ina 32 A ani de scum € 3 exerordade 325 Simecmenos tude e media $24 oa desde wy ot it 45.3. lementos para uma abordagem do sent no di Sat Obsenacdes gras sore o sentido S32 aniline de disuro. um gesto de desoicho © aimee. [REFERENCIAS BIBLIOGRATICAS Palas ina ‘Que me conde Stas Fique me escieve deste, pala. INTRODUCAO, ‘Una Mout: como dominga cavalo soto e louse bina Naa como prever site noi Como tar ss onde A uta, ea joguet ‘Ros pues sro Jt Chama uo Neo, 1909 Opes sober retin da patra, de ua “resistencia” em colocar-se sob o dominio dague Je que a vtliza: ela dla mais ou diz menos, diz outra cola ea mo cess de produze sends através do tempo, sentidos exe ‘nunca acabados, mais detios, Se, de uin lado, no se pode realizar uma fala “satsatéea’ de outa lado, a palavra “hata insiste em se dere € para encontri-la que seguimos falando, sa sensido de fracas dante da palava, tants vezes regisrada na produciolteriria, es também presente nas mais, cotrqueiras expresses ds lingua cortente: "Nao se se me fit entender." "Eso mesmo que vot quer dizer” “Nao compre. endo bom. "so nao quer dizer nada, roe nine 15 A lingoisica reine esas expresses, peas quais 0 falante toma o e6digo como objeto de seu discurs, sob a rubrica de fungio metalinghsiea, sem se perguntar a respeto do pro blema de que cla é, de flo, 0 sintoma a lingua que too 0 locutar toma como "insrumento de comunicacao”, freq: temente escapa acl. Ou, pa ulizar as palawas de P. Henry (4992), € uma feramonua imperfea, que acaba “sind” aquele que a uz ‘No enanto, quem pensaria em negar que falar uma lingua tem aver, esreitamente, com produzit decfarsenids? Como ‘ir Benveniste (989, p. 222), 0 proprio da linguagem 6, anes ‘do tudo, signifcar. ’Meoris do dscursa de M, Pécheux dedica-se a pensar os felts de sentido no discuss0, Sea preocupaao nunca fol a {questo "O que fo significa", mas como se insite efeitos de semiido no dscurs, no encontro entre a lingua o eet ‘Sijetlo.e a hiséria Sea bra € por cle mesmo divi em ts (Gpocas (19840), primeira cent na explora metadata da nog de maaguinaria discursio-esrasural 1995, p. 311); 4 Segunda, volada pars o estudo do entrlacamento desiual das processosdiscursivos Gid,p. 313) ¢aterceia, teres dds em fazer emergie novos procedimentos de analise a part ta consideragio da heterogencilade/equivocidade do sujto do sent, este terceiro momento da teorizagio pécheutiana sobre fe dlscurso que abre a possibile de trata da queso dain ‘ompltude do sentido, que auavessa a IRertura, como exe plifica © poema de Joo Cabral as manifestagdes mais wis Gt vida cridian, Sob ess perspectiva, busco elementos para ‘compreender como se constr o sentido no disurso, lean. ‘dose em conta um sjeto que faba em dizer, porque as pala tras escapam a sev dominio, ou sea, € da equivocidade do sent Ce do sujet) que vou aqu alae. A terceita Gpoca da teoria de Pécheux coresponde 20s ‘ets itimos anos de sa tsjtéra,exatamente aqueles em que a teoria ea pritica discursivas slo. forrogadas-negadas desconsiruidas polo propo auto O contto com textos 16 onde ceaasoe pcre que constnuem essa fase revelousme que el nose cogs como wm conju de ideas elaborades, sobre a ais poder ser consrudos procedimentos de anise, His uma tare a ser antes realizada or quem quer que pense em tar esse cam no. Dito de outro modo, 4 meu ver, desea atocriica, restr ‘muito mais perguntas do que peoprlamente resposss, pos Pecheux submeteu sa teoria a um processo de desconsinao ¢ efetivamente no a reconsrui, embora tenia delaad in ‘eras indieagbes de como se pode faze, Meu empenho € 0 de buscar uma alternaitua para levar adiante 0 projn de Péchews,tentando, em primero lugat, lo Calizat, no proprio testo do autor, a eas dese desconfno! om os restos da aise de dincurs, ‘0 projeto pécheutlano de aniline de discursa constsi-se sob a artculag de is regites do conhecimento ientifico, 3 Saher 0 materialism histrico, como teora das formagbes so tials © de suas tansformagies, compreendida af teora das ‘deologias a linghstiea, como teorla dos mecanismos sit «ns ds processos de enunciago 0 mesmo tempo, a Leora {do discurs, como teora a determinagao listicn dos pro ‘esos seminticns, a tres regs atravessadas e articuladas por ‘uma teria da subjetividade de natureza pscanates (Péchieux 1 Puchs [1975] 199, p. 168, Partindo de pista deiidas pelo autor, em seus dimos textos, propono a itespretagio de que os problemas encon trades ma andlise de diseurs devem:-se, fotdaaentalmente leiura tmitada que Péchews fas do texto lacatano om Les nerds de la Paice (1975), obra que conten snes de a ( recurso 20 campo da psicanilise fire af no intuito de permit incluso, noe studs da linguagemy, dail qe Foi ectcado 0 30 de furs lingstien Formal: 0 seo & ‘0 senticlo, Buscando superar a visio de sujeito como ser rans parente ast mesmo, 0 aor empecende 0 esforgo de confer 3 Subjetvidade uma dimensio a0 mesmo tempo ideoldgie psicanaltica, sob as bases da identicagao, a meu ver equiv: Enda, entre 0 Sujeo althusseriano ¢ © Otro lacaniane. Essa identiicagao coloca osujto como predomsinantemente tome ‘do pelo imagindna eo stmbico,desconbecendo que, de aco. tdo com Lacan, das ainarras do nd dos és reqisvos ~ rel, lmagindrioe sibriico~ que ee depend para se insti Procuro retomaro alraeswamento da andlise de discurso pela tora pscanaiic da subjeteidade, a partir do reconbe- Cimento da categoria lacantana de real ~ descuidada nos {extos pécheutianos das primeiras fases ~ como constnuiter dd suet edo sentido, justamente com 0 tmagindrio e 0 stm: bate, ih convocago da tori psicanalitica da subjetivdade, nas bases indicadasacima, em raz20 de sua centrale no proj to pécheutiano (lao atravesa), nevtavelmentecoloca para a lnilse de diseursa a necessidade de operar mosliicagbes pro fundas em sev quadio conceital, Alera-se sua concep30 fem relagao 3 lingua, 3 enunciag30, 20 lugar do interpretante Feconfigura-se o estaruto da hisoriidade, Paa explictar esas teragBes,recoro a autores cua infligncia sre Pécheux esti indieada en seu proprio texto Jean-Claude Miner, Jacqueline ‘Authier Revuz, Michel de Cerca ‘ess aticulagtoterica derivo os pressupostosabano, em toro dos quais desenvolvo a reflex: 0 sentido do discurso consr-se como efeto no encom tro entre 9 suet (que nfo € causa de si, o dito (pre fente no squire agora da enunciagio) e o f-dito Coma 18 nie de decrinapucmae usenet, vnds de anes, de outro higar, que atravessa 0 io), F posveltntar a heterogenidade que atravess lin ‘av, 0 suelo © 0 sentido mantendo se os princpios bi Sicos cla tora sausurian, pois 0 conceit pecheatiano de discurso problematiza, mas no desfaz 8 dicotomia lingua“ =f necessirio reconduzir a andlise de discurso 3 Kingua, pois € af que seu projeto encontraespeciicidade, © livro compaese de cinco capituls. © primetro deles sefae 0 pereurso de Pécheux, no sentido de exabelecer os fondamentos de sit teoria, para posibitae a compecensio das transformagbes indicada na fase final de sia produsao. Procuro enfoca o dispositive de andlise ~ basicamente,ligado a questbes lingua ~ © 2 teora do diseurso, constuida a patie de Mara/Akhusser, Feud/Lacan © Saussure. O objetivo Principal deste capitulo € 0 de mostrar que a descontrucao th teora discursva, fet por Pheu, tr em sh mesma a Indiass0 dos caminhos que possibilitam a sua reestutura eo. No segundo captulo, basco, em primeir lugar, jstifiar © efinir 2 natreza do apelo feito 2 psicanilise nos estudos Tingisicos que se ocupam da enuncagio e do discurso. Em seguids,discuo.o modo como Pécheus a tomou, em Les wis dela Palco 1975), acenuancl os pontos em que wa invests esta rea no fot bem-sicedida,O interense central deste cx pitulo Co de formocee elementos para sustentar a interpreaci fe que os problemas encontrados por Pécheux em sa teol| tdecortem da definigio de forma-sjeto pela identicagao do = Siujeto althuserano com 0 Outro lacaniano. ‘Anda ua observagio se faz necessiria para stuar melhor fs natureza da letra que fago dos desdobramentosfinais da leorizagio de Pécheus: mio entto no mérito da inclusio do Iaterilisno histrco no quadko epistemoldgico da anise de Elscs0;ndo es enire meus objetvos avallar a pertinéncia ov Imlo.em anicuarse a teoria materialista da ideologia€ o con roe Secure pcan 19 ceito freudiano de inconsclnte. O que coloco em discussio ‘Go as bases 0b as qua. ator oper ese atclagao em Les eres deta Patice. ‘Os trés capitulo seguines (3, 4 € 5) dedicam-se a exami nar os desiocamentos produzidos no conjunto conceit ca nilse de discurso pelo reconhecimento de que o sueto que 4 atravessa 6 um sueto desejante ‘0 capa irevie, fundamentalment, 2 defini o lugar ca Tingttica no projeto da anise de discurso. So os seguintes fs sus obetivos mostrar que, no processo de consttuigao de sa clentifeldade, a ingatica deixou um residuo que sem fess insite em fetornar a seu objeto, pos $6 a tem existe a; desenvolver, 4 partir de indiagbes presentes em Milner (57H), Gade & Péchcux (1981) ¢ Normand (1990), aida de {que a Teoria saussurana tem em ios elementos que permite falar da lingua (um) € seu fevers (no-um),reconfigurar 3 rogio de lingua, no sentido indieado por Milner (1978), ou fej sem deixar de tom la como esrutura, mas reconhecendo tes estrutura im pont de fala trremedidel (0 real da lin fa), que se manifests como una sére de equttoces, que m0 {em pura lugar de representago sero a prepa lingua ‘Da discusso ler a efeto no terceiro capitulo, deriv 0 principio de que a lingua €0 lngarem que a exterioridade Uetxa se trago, principio esse que considera essencial para toma andlise ee discurso que define a expectcidade de seu rojeto pela inscrigho a lingustica SPR IUD ee tina sa ir im nit © npc eget en a, 0 me er nl SET Groomer pcre matador dan Sheets mao norm apn SSecemwitate pis toemete oa sek Pen patios ames 20 don ce daorene person (© reconhecimento de que € na lingua que 0 rea! insist, outro aspecto desenvolvida no capitulo 3, abre minh para ‘que a questo da enunciago sea revista no quadro da anise {Te ciseurso, Consderad, nas primeias fases, como um espa {0 de pure engodo, em decoréncla de uma letra Kimitada do texto benvenistano, ela passa a sce agora 0 lugar onde o ut toco pod se Tocado” 'h problemética da enuncaglo € apresentada no capitulo quar, 3 iz da teria das heterogeneidades/nio coincidén- as de J. Auer Revuz (1982, 1995). A autora reconhece 1 lingua como ordem propria, atravesiada por pontos de hndo-um, locaizveis no proprio flo do discurs, a partir dos ‘quis se pode “scutr” essa fealidade incontorsvel que cons tts © sujeto eo sentido, Sua proposta implica a nto-redugio ts Delerageneddade que atravesta 0 sujeto © 0 discurso 3 \dversidade de pontos de vst, de formagbes discussivas), pois © conecto de heterogeneidade refere, na sua abordagem, a ‘impasiblidade de wn sentido separad da palavra sempre eu towa que © susenta,Authier Reva, a0 mostrar que a lings tem a8 formas para indicat a presenga do “Outro” no “Un bre o camino para © deseavolvimento de anslises capazes de indica, nos propos Fendmenoslingistcos ss que, des de um outro Tuga, ltrompe no dscurso 8 revel do suet. Finalmente, no quinta capo, a hstorieidade que araves: sso sentido €reconfigurad pela nogl0 pécheutiana de acon fecimento (19830), imerpretada aavés de elaboragdes de CCerteau (1999) sobre a meméria, rocuro encontrar wna alte fatva para enfocar a hisricdade, sem apear 3 causalidade bhistriea, ov sea, um exterior pensido em termos do ‘metacurso mansis, nso 030 sigficareinventar © mio da palaora ‘ore, que escapa a toda determinaco extern. Ape fas entendo que € como un fora stuado dentro que ese exterior, que fala anes, em outro lugar (o sempref-ad, deve scr tomado numa perspectiva de andlise de dscurso que bose ditinguir seu lugar entre as demas por Seu recurso 4 lng rae decane pace 21 ‘Alaa no quinto captulo, com base na redefinigdo dos on: cextos de seito lingua, enunciag, historcidade,reconsidero ® constiuigio do sentido no dicurso, Nesse novo quad#o, 0 Tuga do seko.letor€ colocado em outs temas ea ands de discuso, instituida como resuitante de uns gesto de descr (Ao indisociivel de um gest de nterpretacdo Em sites, proponio uma rletura do quadro conceitual a andlse de discurso, a partir da retomada do, modo como Pécheux coloea o siravessumento pela peicandlise, de modo expectcn, no que diz respite & concep de sujeito, 3 com preensio do papel da lingua no process de descrigto do fiscurso, a demarcagio do lugar da Tingnstica no quaeo da andlise de dscuso, 20 esatuto conferido 3 enunciacio, a hee royeneidade, &hitoricidode, Tis reconfiguosSes, 90 qUe Pa rece, pemitem a abordagem da heterogeneidade equivocidade {do sijeito edo sentido no discurso, ‘Aimportincia de yma obra para a cultura esti na media cxra de sua incomplende. Um ensino sem seu pont de fra cass €desasroso para qualquer dsciplina, qualquer ponto de sta (Sours, 1996, p. 90), send a descontinuidad de um di curso 0 que permite o surgimento le novas enunclaoes. Te tar Glusoramente) preencher a lacuna delxada por Pécheux ime fer produit este texio, que deve ser tomado como uma Interprelagio, entre tantas outa, ue a obra do autor prov: ca Pallas de Tetra io aqui previsivese até necessrias para ‘que a inqutetde, que desde sempre caracteriza a andlise de fiscurso, continue a fazer ouvir outras enunciagbes, £ a histo {de poder “ocar” um obj inacessivel que nos mantém prod ‘into, 22 te esa esecaaen 1 ANALISE DE DISCURSO: A INQUIETUDE DE UMA TRAJETORIA. i etologis 8 pestagogia se consis fue sesso paramo da csc se sil fact, pric truose por ser efeno e 2 oeaagao ‘Sema perda que €2 508 condo de pssbiade C) (onan oe Caren, 194, p. 256) | ANTECEDENTES, A denominag “anise de dsc” aia hoje uma gran de quite de efonues, marcos pa dveridade, co srapeamento et sna por fret. As obwervagdes que Ses TT Dagan geval, oben repertorar ou fcr uma reve desu complexaconfiguago, mas apenas sur a pers fecna em que a reve o taba de Pcie De forma smpliheada, € possvel dizer que a erature refers, sob luo de alse de dacs, basieamente dus Mn Gree, Goffman, Gari e Labow,» tances, cus tomes mats representativos so Péceux e Foucault cat sr ecstoma quest dose lee com fngungem. A primes dea, ie peaeranoschamor Je pag uc comunicacona,cloch seo em uma paseo de ‘eterordade em relagao a nguagem, ou sei, 0 sueito que a ‘it pressupost € capaz de conoar'a complea maaquinaria omunicactonal (Authier Revue, 199% p16), 10 segundo enfoque no er nem na tanspartacia fn ‘muagem em na exterioridade do sujeko em reagao a ling gem. Pécheux, por exemplo, pela a0 materilismo histérico © 2 pricanlise para defender a icin de que o dizer escapa sem ‘pre a0 enuncidor, pois ¢ #rpresentdel, em sua eupta deter Ininado pela inconscientee pet interdscurso (autler Rev, 1998, p17 Para Foucault, a questi do sco essencial, sberano ta ‘bém no se coloca, Sua proposta, no enfant, no se confunde com a de Pécheux, porque Foucault mo propoe una anise Tingtisica do discus, Aém disso, sua eoncepgto de seo ‘isperso no convoca nem o materialism historco nem a Pi candle E.a perspectva pécheutiana de andllse de diseuso (AD), cm sua terceira époea ADS), que este trabalho privilegi, Co ‘mego por desta, ein linhas geri, em que crcunsincias cost diciplina se configuron ‘AAD nasceu sob a cena de uma possibilidade de inter venga politica que, por fundamentarse numa arma ckentica Glinguagem®, permisise um modo de letra ca objetivida de Fosse insuspeitivel (Gadet etal, 193, p. 8). Nos momentos Incas, os extcos focalizim sobretudo os discuss politicos Strict sens, vstos predominantemente sob a pespectiva cla aniculagio que Pécheux empreende ene a linguagem © 35 teses athusseranaseelativas 20 sujet e 2 ideologa, ‘Seu surgimento deu-se na conjuntura bem deteeminad da Franca da segunda metade da década de 60, esencialmente ‘mareada pelo aparecimento de un novo dspostivo hlessten, ‘que assinala o fim do predominio da fenomenologia © da 24 prions cecsan pecan cxistencislmo na cena frances, se dispositive, caacteriza {do por uma grande heterogeneidade episteroldgica e pol fa, ancora-se na “Triple Allanga: Marx, Freud © Saussure Trata-se da estraturalismo, que, nesst Epes, enka. A Tings tia figura como féncia-ploto, a reeitira de Saussure Funcio frando como uma espécie de “motor” para o movimento. O tmarxismo akhussriano aga a ontodoxia, renova a reflex sobre a instnciaideoldgia e“autoriza” uma abertura para a please’ Sunge a airopologia estruural; os wabalios de Bacheard © Canguilhem repensim a epistemolog. Esto de «das as condigbes Keais part 0 desenvolvimento de um pens mento transversal’, como € 0 que earacerza a AD. Tra prablemitica do sentido que efetivamente ocupa esta dlsciplina, Desde suas primeira procugées na deca, Pecheux formula no encontro ene a Higua, 0 sue e a isrta,« convoca, para studi, un quad cpistemoldgico em que Figura 0 materalomo hsairco, seguid da lngca eda te ra do dscurso, a res regidesatravessadas e aniculadas por mateo da subjtvidade de natreza pstanaliea. © apelo 1 iferentes reas, ue no tem o mesmo estatuto nem no pl fo aeadémico nem no epstemaligco, no caracerza a abor dagem de Pech como plrdipinay, ous, no & pr Centar com ums mide de ponton de Sia a meine, no estido do cleo dacun que aul as sca Na verde, oc ehamamesinseandeh oes dhe de extcar on exces teoncos 3 Pat os pee const eae objets 2 Bsc conju, a. obra de PEcewx no oferece sess tllesto que se far no lilogo con otras dpi sso vio colada nao teme a ermal. hs an ae 2 AD tena um pees cm que€ posse ncaa ae co ta evo tein, Em inhas pers, ode se der que oempreendimeot de Bech tem seu momento de conto (O66 9, ae do dispoatvo de ane quand teats odor fats forum period de profuon questoraments 199655, ‘equ resita uma fers tap C960 BES) que nao pe Como tm proc levos so Tomando inicabes presents hos ios textos. de Rehan mo que sobre tle eacteve Nol C9, 158 1930, formu hipiese de que os peoeman encod pelo ator em si toa decor fundamen ae Somo ee toma a concpio pacar ds agus He di que apap questi lero, en aus dan pice fs de respon comenenca ts torneo re "ao da trap imprest wm dscns ro bats contol cin 983 a. 199. S17P Hem tomo deat Ht qe recat, nee expo, a cfco de seu pensament, le descr que 1 voce ey 26 setense dearo cree de Pécheux, 3s vezes exercda de mod radical no deve ser ‘confuraia com recuo ou abandono de campo, pois todo se tempento drige-se a um objetivo que € manta ao longo de se percurso, ou seh, 0 de buscar eons objeto dlscursivos ‘na dupla tensto enite a sitematicidade 2 lingua e a inter: liscursividade Env outa palavas,o taba de Pecheux of rece uma alterrativa para abordar a rlagto da ing com aq To ques excnde, Na verdade, a consrugio do dispositive de anilise de dis curso nao se faz separadamente da teora em Pécheus. NO fentanto, na anise automaica do discus (1909), sa prime "a prodiclo na dea, a énase rca sobre 0 dispostivo, senda fe writes dela Patice (1975) que o autor se celica expe ficamente 2 elaboragio de uma teoria do discurso, eno uma preocupagao tea que me leva a presenta a fase de ‘oastrusso a AD em dois momenton (© periodo de questionamento seri examinado a parte de dois textos peincipais: ma de cause qe de ce ul coche (1978) € Remontémanas de Roucant a Spinoza (979. A hima fase, conheckla como ADS, aponts para alguns desenvolvimentos ledricos que abiordaty 2 betenegenotdade ‘unciativa, tematizando as formas lngistico-discursvas do ‘dscurso-ontr,discurso le unt outeo,eolocad em cena pelo Sujeto, ou discurso do sujeto, colocando se em tena como lum outro (as cferents formas da beterageneldade mostra ‘dt; as também e sobmetuda a8 lndicagdes contidas a ADS. insidtem num "alem” iterdscusivy cujo contole cseapa a0 suka (Pecheux [19833 1993, p- 310), ‘0 objetivo principal dest reconsiuigha de percurso € © «de melhor comprecee i transformagdes indicada na treet ‘2 época di AD, tanto na que diz respeto 4 teoria como a0 procedimentas de anilise, Procure fundamentalmente recupe far, em cada momento, como © autor anticula a questbes do suet, da Kngua eda strana teoriagto sobre 9 sentido. le ce Secu pana 27 1.2 FASE DE CONSTRUCKO I ‘© DISPOSITIVO DE ANALISE © into maior de Pécheux, nesse period nical (1966 1975), €0 de abrir uma fisuratesrca no campo das ccs socal, combatendo, de lado, idea de que o sentido dos textos 60 correaro de wma conscténcaetoratnstalada mma subjetividade “imerpreiauea” sm limites e, pot cutee lade pitiea espontinea da leiura que sob as miliplas formas de ‘andise de contro’, ea hasan as cténcias umes (Pécheux eal. 1982), 193, p, 253). 0 autor conecheo diseur 59.6 anilise do discuso como o lugar preciso onde & poss! vel intevirtcorcamente nas cléncis suche para trancor Imé-as de dentro para fea, confer thes um ¥erdadiro es ‘atutocientico, A convocago da linghitcnatend esse obj para fornecer insrumento apte a conduzi 3 superagio do impresiontsmo tipico da psicologa social, que Pecheux cescreve a Andlise automitiea do dlscurso (AAD), obra reco ‘hecida como manifesto metodolbgin dt AD. Redigida em 1967-1968 e publicads, na Franga, em 1969 or Fidtions Dun, a AAD teve seu quacto de reerenia def nido pelo trabalho de elaboracio terica que Péchex empre nde nos dois anigos que escreve, sob'o pseudonima, de Thomas Herbert, em Les Cabters pr analjse™ (1966 © 1968), 28 sr ce dear epricntive sinha de um dup etono: Mar, vi Auser,e Frewd spade Lacan (Dow, 193, v1, p34. Tras do oe acum prot inscrto nam oben oli, aque ange ca deve confer consi redid esumidamete, seem seo» pontos ese dese I sro funda, tomo Plano esc) como no ue rep 3 spot de anal No plino tic, despots © concto de dscns, que so rectbe agli conto ni chest form © ptr de uma reflex cis sobre conte tala pot Saussure ej consins€o decane de nese Sica ng db eta da expresso e de seus melon parang como ses, opt 8 fa res nent co dane (Pech EH, 93, p. 2) Apoindos sempre no obit fg, tomar a puro seni stsurino, 0 ator dct» concede fla com ‘tide nt concexoq pmove, ee, 9 fe trecsmeno do kk flntecon "a adm a, tide ats de once que rezam poe mes aoc dev sua dos Ga, p71, O dane € conceit por Pech como wa teformlto da sl, desemburagac de sie inpliagde unas Malder, 1950, p. 10. Como a pose perecber a abordagem dura clbrada pelo ator do mo tenon, fone Indica de wm seo que the € tripe, considers gun como fd smart, 0 wstra verse 2osempeenvimento a ene da pragma nowo eos modo como aprcen lo, otro danse ene trends no dapostvo po le cbr, so ax denon ‘ages de proce scapes de rod dd

You might also like