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INTELECTUaIs poLi{TICA CULTURAL fp REVOLUCAO CUBANA Silvia Cezar Miskulin E m janeiro de 1959, um novo momento histérico abriu-se em Cuba, marcado pela derrubada da ditadura de Fulgéncio Batista (1952- 1958) e da conformagao do governo re- yolucionario liderado por Fidel Castro. A Revolugio desencadeou profundas trans- formagées em todas as areas, na econo- mia, na politica e na sociedade e foi um marco nao apenas na histéria da ilha, mas em toda a América Latina.' A Revolugéo Cubana mostrou que era possivel realizar mudangas radicais em uma ilha que fica a pouco mais de 140 quilémetros da Florida e da fronteira com os Estados Unidos. Diversos grupos de guerrilhas, liderados pelo Movimento 26 de Julho, derrubaram @ ditadura de Batista, em um movimento de liberta- 40 nacional, reformista, que defendia @ 257 utopias latina ~\ eera profundamente anti-imperalista, id t ecebido 0 apoio do governo estadunidense, que avia er -imperalista em Cuba contava com uma long, 7 sentimento am , Jo xX, na ultima guerra de independéncia % is. da no sécu houve a intervengao dos Estados Unj dos, ontea dependente da Coroa espanhola, mas sey tut q e vase tornar in a i) sone TUtelads haa xt EA ao longo de varias décadas no inicio do século nos dos F 4 ioria da poy ho fs ‘ rtancia da Revolugao para a maioi populacao foi enor. A importé dores desfrutaram de grandes conquistas, como a din. me. Os trabalha lo} Idades sociais € a efetivagdo da reforma Agraria e y, nuigdo das desigualdse™ ™ assinada em 17 de maio de 1959, ayo bana. A lei de reforma ag) iis acima de 400 hectares e oe iu o latifiindio, a aprests estadunidenses, beneficiando aproximads ters a il trabalhadores sem-terra A eg de uma rede de escolas, tornando a educagao acessivel por toda a ilha, somou-se a uma Campanha de alfabetizagio iniciada em 1961 e que, ao longo de um ano, conseguiu praticamente eliminar 0 analfabetismo a) pais. Essa campa- nha teve um enorme impacto dentro de Cuba, nao SO para a populacio camponesa a ser alfabetizada, mas também para os jovens secundaris- tas, que participaram como alfabetizadores, aumentando o vinculo ea adesio desses setores com 0 processo revolucionario. O prestigio internacional da Revolugao Cubana também cresceu enor- memente, j4 que a repercussio da campanha de alfabetizagio foi muito grande. Os investimentos na satide publica também foram considerdveis. A Medicina teve um incentivo fundamental e trouxe enormes beneficios para a maioria da populacao, desenvolvendo medidas preventivas, incor- porando médicos em todas as comunidades, 0 que levou ao aumento da expectativa de vida e a diminuigiio da taxa de mortalidade infantil. Entretanto, neste capitulo, enfocarei principalmente as relagdes en” {re © governo, os intelectuais e as politicas culturais que foram sendo estabelecidas, motivando tensdes e conflitos no meio cultural cubano ao longo das décadas, Em 1959, inaugurou. ‘ a: d i aa e i des de atuagio e publica um periodo de grandes possibilida stuagio aso para os intelectuais daquele pais. Do ponto de vist® a, Novas instituicées foram criadas, \ 258 toria, pois ain panha (1895-1898), . 4 i Hes, surgiram muitas publicaso* a, ctuais, politica cultural ¢ Re bana qotele Volugae ¢ e espagos para criagao € manifestacdes artistic: itor 41 do intelectual na Revolugio tornou a} + iii 5 ndo definir as formas de engaj O debate so. Se extrem; amente im. pre OP ca ame : bre ate, busca tmento ¢ os limites dos pote entalismos nas obras € manifestacdes no meio cul on smprensa cubana Passou Por grandes mudan slid f0"2 editado clandestinamente desde 1956, durante as agées rrilha do Movimento 26 de Julho na Sierra Maestra. Bm Janeiro de 1999, passou a circular ee todaa ilha. Carlos Franqui dirigiu Revolucion €a Radio . eae na d fndsstnidade mas a partir de janeiro de 195% dedicou-se excl usivamente a iregao do jornal. O diario congre- ovum circulo de jornalistas, escritores e fotégrafos e, como porta-voz do Movimento 26 de Julho, apoiava as agoes do governo, mas sempre permi- tiv pluralidade e liberdade no seu projeto editorial, Revolucion criou varios suplementos, mas se destacou o Lunes de Revolucion, que surgiu em 6 de margo de 1959 como um encarte sema- nal de cultura, que saia as segundas-feiras. Guillermo Cabrera Infante, escritor, jornalista e critico de cinema, foi convidado para diretor da pu- blicagao e Pablo Armando Fernandez, poeta e jornalista, assumiu a sub- diregio. O suplemento abriu espaco para artigos, poesia, prosa e repor- tagens de diversos escritores, poetas e jornalistas, e editou intelectuais e escritores cubanos, com colabora¢ées estrangeiras, como, por exemplo, as de Carlos Fuentes, Jean-Paul Sartre, Jorge Luis Borges, Miguel Angel Asturias, Pablo Neruda, Pablo Picasso, André Breton, entre outros, As edigdes de Lunes de Revolucién foram bastante diversificadas, cobriram importantes fatos politicos cubanos e internacionais e abriram €spago para temas culturais. Na concepgao de seus editores, a literatura €aarte estavam relacionadas com as quest6es politicas, sociais e econd- micas da sua época. Seu projeto cultural era divulgar a cultura cubana € °Pensamento contemporaneo mundial. Rapidamente, Lunes conquis- aa Brande espago, conseguiu criar uma editora, Ediciones R, a tele- eiculou o programa Lunes en TV em hordrio nobre e fundou uma Savadora, Sonido R. Praia e Lunes tornaram-se um marco no me co. at oradoneg es sobre os rumos da politica So ne ame liscordavam da politica cultural que acabo! PB tural cubano, 548. O jornal Rei gegue 259 ee gs — ™ Utopias latino-americanas Jo governo em 1961. Esse foi um ano decisiyg Nig oficial, adotada pe ° a pois em abril de 1961 houve a invasiy apenas pare & Po dos Porcos, por um grupo de exilados Cubanog ee ‘com © objetivo de derrubar 0 governo Tevolucio.. financiado pela ae o grupo foi derrotado pelo exército e milicias oer eee ma precedido por bombardeios nos principais aero. non “ihe e que fea muitas vitimas e acabou alertando as autorida. anaes de uma invaso. No enterro delas, em 16 de abril, Fidel Castro declarou que a Revolucao se tornava socialista. Pouco depois, em 25 abril de 1961, 0 governo dos Estados Unidos estabeleceu 0 embargo econdmico de mercadorias, que até hoje proibe as empresas estaduni- denses de estabelecerem relagées econdmicas com Cuba. A proibicao de exibicao publica do documentério PM., em maio de 1961, pelo Instituto Cubano del Arte e Industria Cinematogréficas (Icaic)’ foi um ato de censura. O curta-metragem filmado por Orlando Jiménez Leal e Saba Cabrera Infante, irmao de Guillermo Cabrera Infante, para ser veiculado no programa Lunes en TV, mostrava a noi- te popular de Havana, com seus bares na regido portuaria, filmado de forma experimental, com uma camara na mao. PM. foi considerado li- cencioso, obsceno e difusor de imagens de trabalhadores bébados. Um debate sobre PM. ocorreu na Casa de las Américas,* depois da projegao do curta, quando o fotdgrafo Néstor Almendros defendeu o direito de exibigdo do filme. Na ocasiao, Mirta Aguirre, critica de cinema do jor- nal Hoy,’ denunciou 0 filme como. contrarrevolucionario, Lunes reuniu duzentas assinaturas a favor da veiculacio de PM, Martiem 16, 23 ¢30 de dirigentes, como Fidel da Educacao Armand tros, a cel junho de 1961, quand Castro, o Presidente lo Hart e muitos intel, nsura ao documentario foi ratific: politica cultural em seu discurso Palavra: niu os direitos e deveres de “dentro da Revolucao, © Participaram os principais Osvaldo Dorticés, 0 ministro Sctuais. Durante esses encon- ‘ada. Castro estabel S 0s ii leceu a nova 260 ral e Revolugao Cubana oO primeiro Congresso Nacional de Escritores e Artistas, ocorrido 322 de agosto de 1961, deliberou a criacao da Unién Nacional sy Artistas de Cuba (Uneac), presidida por Nicolas Guillén. deEST era coordenar as edicdes dos intelectuais e artistas, através as revistas La Gaceta de Cuba e Unién, além de uma editora on. A centralizagao das atividades culturais em Cuba de duas novi me com 0 0? oe ‘ er quiu os moldes das Associagées de Escritores e Artistas soviéticos e se chocava com a forca de Lunes, um grupo de promogao cultural que agia gralelamente a0 governo. Nesse momento, seu fechamento ja estava colocado em pauta, sobretudo quando se observam as resolugdes ado- tadas no Congresso. Alguns meses depois, alegou-se falta de papel e publicou-se o ulti- mo numero de Lunes, dedicado a Pablo Picasso, em 6 de novembro de 1961. Seu fechamento significou um controle sobre a elaboragao € ex- pressdo cultural na ilha, o que levou & dispersao do grupo. Alguns per- maneceram em Cuba e outros optaram pelo exilio alguns anos depois, mas muitos desses escritores jamais voltaram a se ver.’ O circulo inte- lectual que se constituiu ao redor de Lunes de Revolucion jamais pode ser retomado. O fechamento de Lunes significou o fim de um espa¢o de debates e de promogio de uma politica cultural alternativa a politica cultural oficial do governo. Diversas editoras foram organizadas apos a Revolugio e houve um aumento expressivo de publicagoes. Dentre elas, destacaram-se a Imprenta Nacional/Editora Nacional, o Instituto Cubano del Libro, a Editora Casa de las Américas, a Editora Union e as Ediciones R. A quantidade de editoras em funcionamento j4 no ano de 1960 mostrava um grande esforco editorial posto em pratica, aumentando nao s6 0 niimero de livros publicados, mas também implementando a qualida- de literaria das obras. . A editora El Puente nasceu em 1960, de forma independente, di- side Pela poeta José Mario Rodriguez ¢ codirigida pela escritora ee Publicava textos literdrios de jovens escritores, com Rae a i poms, mas editou também pecas de teatro e contos.® aye sertores assinaram 0 Manifiesto de El Puente, escrito por ubro de 1960, saudando o surgimento da editora e a 261 ericanas s lutino-aint Uiopias be yros inéditos de jovens. A EI Puente Public —_ 7 0 ¢ inovadoras, de escritores em injcig deg s ssexuais, o que fez dela uma Casa edi enfrentava preconceitos. i ea de Li ablicagao vindoura de publica sliterdrias esteticament ar. to. obr: reira, mulhere: nn i + se abria para minortas ; rial que sev! 's ce Preconceitos, " publicagaio da antologia Novisima P , em 1962, . Ja por Ana Maria Simo e Reinaldo Felipe, marcou o 8rupo, adi F r mos 5, Negros OU ho: ; ‘nite 1s numa s6 publicagao, e o prologo definiu-os como mos na literatura cubana, ganz gue reuniu os poet um movimento renovador de jovens novi Entretanto, José Mario declarou que a antologia recebeu duras Criticas por ter publicado duas poetisas que haviam acabado de se exilar em 1962, Isel Rivero e Mercedes Cortazar. Nesse momento, Cuba sofria uma ofensiva diplomatica por parte do governo estadunidense. Em janeiro de 1962, ocorreu a reuniao da Organizacao dos Estados Americanos (OEA) no Uruguai e, sob pres- sio dos Estados Unidos, votou-se pela exclusio de Cuba da institui- g40. O governo estadunidense também pressionou os demais paises da América Latina para que rompessem relagGes diplomaticas com Cuba, e tal politica teve respaldo de muitos desses Paises ao longo dos anos 1960 e 1970, quando as ditaduras militares se instalaram no continente € acataram 0 embargo estadunidense em relacao a ilha. O ano de 1962 foi marcado também pelo acordo militar de Cuba com a Unido Soviética, que buscou instalar misseis nucleares na ilha para defesa e provocou uma escalada nas tensdes da Guerra Fria com 0s Estados Unidos. O episddio ficou conhecido como crise dos mis- seis e, por alguns dias, o mundo viveu o temor da deflagragaéo de uma Fe encz# nuclear. Apés uma negociagao entre o governo soviético de Kruschev e 0 governo de Kennedy, sem levar em conta as deman- das cubanas de saida da base militar estadunidense de Guantdnamo, a ética retirou os misseis da ilha e os Estados Unidos retira- msseis na Turquia, além de declararem que nao tentariam mais invadir a ilha. A editora El Puente pass er tutela cagao de Novisima Poesia Cub ra independente e auténoma, Semiestatal? O grupo pl ana justamente em 1962. De uma edito- El Puente transform , 4 ou-se numa editora lanejava publicar a re: vista Resumen Literario El 262 Pr jprelectuais. politica cultural ¢ Revolugdo Cubana a qual traduziram 0 poema “Uivo”, de Allen Ginsberg, 1, para prigado a se dissoly nas loi? puette da Uneac, Nicolds Guillén, comunicou a José Mario, 1905: ; a mais os livros. A antologia Segunda 1 de Poesia toi impressa, mas José Mario nao conseguiu retirar oO presidente que nao public; em Novisinnd foi impre emplares da grafica. O livro Con temor de Manuel Ballagas, que es- jo, também nao foi editado. A editora recebia muitas criticas, acusada de incentivar 0 poder negro, e os escritores eram criticados por sui atividades sexuais e por abordar tematicas sexuais em suas obras jiterarias."° El Puente foi obrigada a encerrar seu trabalho editorial. Apés o fechamento da editora, José Mario e Manuel Ballagas foram ate a estadia de Allen Ginsberg na ilha, mas foram soltos presos dur: pouco depois devido a sua intervencao junto a Casa de las Américas. Ginsberg estava em Cuba, em 1965, como membro do juri do Concurso Casa de las Américas, mas foi deportado para Praga, por ter feito “de- dlaragdes escandalosas’. Apés sua expulsio, José Mario foi preso int- meras vezes € passou nove meses nas Unidades Militares de Ayuda a la Produccién (Umap). Posteriormente, foi enviado a prisdo militar La Cabaita e, quando foi solto, exilou-se em 1968. Presa e internada em hospital psiquidtrico, Ana Maria Simo sofreu muitas persegui¢des entre 1965 a 1967, quando entao se exilou na Franga. ‘As Umap foram construidas em Camagiiey, em 1964, como “es- pacos de reeducagao através do trabalho”, proximas das plantagées de cana-de-aguicar. Os internamentos forcados de homossexuais, de “des- viados” ideoldgicos, jovens considerados dissidentes, hippies, os que desejavam sair do pais, religiosos (seminaristas catdlicos, testemunhas de Jeova e ministros protestantes), estudantes “depurados” das universi- dades, camponeses que nao se integravam nas cooperativas, proprieta- tios de pequenos negécios urbanos e aqueles que recusavam 0 servigo militar obrigatério eram confinados ¢ detidos nesses campos. Muitos intelectuais e ativistas internacionais fizeram dentincias das Umap, 0 que colaborou para que o governo decidisse fechar os campos em 1966. ie a Siminuigio dos espagos independentes e 0 aumento da centra- de Cuba, fundade ew aa na politica também, O Partido Comunista le janeiro de 1965, foi fruto da fusao de trés 263 ON ino-americanas Utopias lat Movimento 26 de Julho (M. : Zo de Julho), Diretg, ‘| Revolucionatio (DER) e Partido Socialista Popular (80), Bey Bstudanti in eiramente nas Organizaciones Revolucionarias Integrag,, se uniram primeiral iu 0 Partido Unificado de la Revolucién Socialis: (on), da | deu origem ao Partido Comunista de Cuba (roo, Sopot aes processos de fusdes, em ore de 1965, 9 jornal Revolucién e ojornal Hoy deixaram de circular. Naquele momento, crioy. se o jornal Granma, publicacao do PCC, unico Partido permitido na ilha, O diario Juventud Rebelde, érgio da Uniao de Jovens Comunistas (usc), juventude do Pcc, também foi lancado em outubro de 1965, A ujc havia sido criada em 1962 e resultava da uniao dos setores juvenis das trés forgas (M. 26 de Julho, DER e PsP). Em maio de 1966, surgiu um novo suplemento literario, El Caimdn Barbudo, encarte mensal de Juventud Rebelde, dirigido por Jestis Diaz" e tendo como chefe de redacio Guillermo Rodriguez Rivera. Em seu primeiro mimero, pu- blicou o manifesto Nos Pronunciamos,” no qual escritores defendiam & Poesia criativa, livre, de versos irregulares, por eles denominada “nova poesia cubana’ e, ao mesmo tempo, man Revolugo. O manifesto teve uma grande reperci tanto a concepcio de Poesia pura, como a Ppoes' car uma comunicagao direta cor 08 problemas de sua época, Os jovens reunidos em torno de ser os “autés organizag Tio ifestavam seu apoio a ussdo, jd que criticava ia panfletaria, ao bus- m 0 puiblico leitor e relacionar-se com El Caimén Barbudo acreditavam ais revoluciondrios” Nesse ano de 1965, ’, por nao terem se < detrubada da ditadura, por isso nao ios’ Ts 108" Ja0s jovens do suplemento ficavam 0s da Revolucio. cultural e Revolugao Cubana ro Pasion de Urbino, de Lisandro Otero (vice-presi- acional de Cultura), € elogiou o romance Tres Tristes ente 0 liv cam ate do Consejo N P Ue je Guillermo Cabrera Infante, exilado e premiado no concurs rages Or ve, em 1967, na Espana. O artigo de Padilla foi o ini- problemas ¢ incomodou nao apenas a equipe editorial, mas também a uyc, que alguns niimeros depois desligou todos escritores da giregao de El Caiman Barbudo. ‘A substitui¢ao da equipe de redagao € 0 afastamento de Jestis Diaz da diregao ocorreram em janeiro de 1968, fruto dessa polémica. A pu- plicagao € ainda hoje editada na ilha, como uma revista e nao mais como suplemento do Juventud Rebelde. El Caiman Barbudo da primeira épo- ca, como ficou conhecido, foi uma publicagao dissonante e nao poderia mais ser organizada pela primeira direcao, sobretudo diante do endu- recimento cultural que jé se anunciava no final dos 1960 e tornou-se evidente nos anos 1970. Oano de 1968 significou uma virada tanto na politica interna como na politica externa cubana. No inicio desse ano, o governo estabeleceu a “grande ofensiva revolucionaria’ politica de nacionalizagao de milhares de pequenas propriedades comerciais e de servicos privados urbanos, que eliminava os trabalhadores auténomos ena ilha. Em agosto de 1968, 9 governo cubano alinhou-se com a Unido Soviética e declarou apoio a repressao soviética da Primavera de Praga, movimento que buscava conciliar socialismo com democracia e liberdade na Tchecoslovaquia. No campo cultural, 1968 também presenciou outro fechamento. Em outubro, os escritores Heberto Padilla e Anton Arrufat ganharam 0 IV Concurso Literario da Uneac com as obras Fuera del Juego (poesia) e Los siete contra Tebas (teatro), respectivamente. Apesar de premiadas por jurados cubanos e estrangeiros, as obras foram consideradas pela diregao da Uneac como “politicamente conflituosas”, j4 que eram “cons- trufdas sobre elementos ideoldgicos francamente opostos ao pensamen- to da Revolugéo”, As obras premiadas foram publicadas em novembro, mas foram acompanhadas de uma declaracao da Uneac, que esclarecia sua discordancia com o prémio outorgado pelo juri. vo imi. Usa ee roray al ome gia liberal burguesa’, e o escritor 265 —~S foi acusado de “cético’, “reacionério’, além de nao ter nenhuma “pj; i Utopias latino-americanas es? tancia pessoa” Fuera del Juego também foi melvin ols sugeria “per. oe seguigdes” e “climas repressivos” na ilha. Nessa beet aragao, a diresig o da Uneac passou a defender também a Unido Soviética, Pois 0 livro de Padilla questionou 0 governo russo por suas numerosas PrisOes € pelo a terror que se instalou no perfodo dos ‘obscuros crimes de Stalin’ Por i. fim, 0 prélogo da Uneac criticou os artigos polémicos de Padilla Pur ; blicados em El Caimdn Barbudo, em que o escritor defendeu o escritor al exilado Guillemo Cabrera Infante, considerado pela direc da Uneac t “um traidor da Revolucao”"* g Em 1970, Fidel Castro langou a meta de alcangar uma safra de 10 ‘ milhoes de toneladas de acticar, jé que sua producao era central na eco- ] nomia cubana, devido aos acordos selados com a Unido Soviética, pelos quais a importagao de petréleo e produtos industrializados com Precos subsidiados se faziam em troca do fornecimento de agucar. A moderni- zagao da industria acucareira estava garantida por meio da introdugio de maquinas. Apesar do grande esforgo dos trabalhadores urbanos ¢ Furais, que se mobilizaram realizando trabalhos voluntiios por mais de ‘um ano para cumprit a meta, o valor atingido foi de 8,5 milhdes de to. neladas de agticar, o que gerou uma grande decepgio entre a populagio € uma autocritica do governo, Como consequéncia do fracasso di Conselho de Assisténcia Econémica Mutu: mico formado pela Unido Soviética objetivo de organizar, centre la safra, Cuba entrou no ‘a (Comecon), bloco econd- € pa dos quais, além de Fidel, fa: ziam parte Raul Castro Osvaldo Dorticés ( Economia) e Carlos Rafael R (Forcas Armadas), ‘Odriguez (Relacées Exteriores), entre outros. meee No entanto, ainda no ano de 197] Preso em abril por 28 das, torturado e forsado a se desculpar numa au- tocritica publica na Uneac, episédio que ficou conhecido como o Caso Padilla. Ao confessar ter conspirado cont > © escritor Heberto Padilla foi tra a Revolucdo, envolvey sua 266 asa e escritora Belkis Cuza Malé e muitos outros escritores. Muitos 25 jntelectuais foram convocados e assistiram ao ato na Uneac, senso Padilla foi obrigado a ler um texto diante de agentes de segu- * nea do Estado, que filmaram o episddio. © Caso Padilla marcou o fim da “lua de mel” entre o governo cubano eal ntelectualidade internacional. Padilla foi utilizado como exemplo pelo governo para abafar projetos de politicas culturais mais gbertas e ecléticas e para provar seu alinhamento com a politica cul- ran tural soviética, o realismo socialista. A repercussdo internacional foi grande, com a organizacao de cartas e abaixo-assinados. A primeira, dos escritores mexicanos do Pen Club do México, publicada no jornal Excelsior, era uma carta de protesto dirigida a Fidel Castro contra a priséo de Padilla. Outra carta, publicada no jornal Le Monde, era assi- nada por intelectuais de esquerda europeus e latino-americanos, sim- patizantes da Revolugdo Cubana, que reclamavam da prisio de Padilla e da repressao contra intelectuais cubanos que exerciam “o direito de critica dentro da Revolucao”, No jornal Madrid, publicou-se ainda ou- tra carta, em que 62 intelectuais repudiaram a confissio publica de Padilla, que assumia crimes politicos “forjados”.'* O escandalo internacional desencadeado com a prisao de Padilla exacerbou-se diante da autoconfissao, devido a semelhanga com os métodos soviéticos stalinistas, 0 que levou a uma ruptura de parte da intelectualidade ocidental com a politica repressiva e autoritaria do governo. Padilla leu um texto em que se submetia aos argumentos exigidos pelos agentes da seguranga de Estado; sua confissao foi uma farsa imposta na prisao pelos drgaos de repressao e sua fala tinha pas- sagens dissimuladas, com duplo sentido. O Caso Padilla explicitou os limites impostos pelo governo aos intelectuais, nao sé em relagao a liberdade de criagdo e de expressdo, mas também quanto ao controle de sua conduta publica e privada. Pouco tempo depois, ocorria o Primeiro Congresso Nacional de Educacao e Cultura. Considerado um marco na politica cultural e edu- cacional, ocorreu entre 23 a 30 de abril de 1971, em Havana. As re- solugdes do Congresso abarcaram definigées sobre a politica cultural sobre normas que guiariam 0 comportamento da intelectualidade e 267 Jatino-americanas utopias 14 s foram alvos de normatiza¢ao por Parte g Algumas manifestagoes de “extraya, o” de uma parcela “minoritdria e m, jos habito: da juventude, cujos hal ms resolugdes do sai “aberracoes” € “exibicio : n rine “aberragdes & m “desvios” que deveriam ser “combatidos” e il vi », eral n ” tid : da juventude es, essas atitudes revelariam uma assimilacio cone ict de iros” que, em seus paises, eram antagg. « s estrangell ai titudes de grupo: h . de “ ao sistema capitalista, mas que em Cuba eram habitos que nig nico: deveriam ser exemplos para os jovens, pois a uma atitude “contrarrevolucionaria de contestagao a Beye aed . : As resolugdes desse Congresso intensificaram a Tepressio aos inte- lectuais homossexuais, impedindo-os de exercer qualquer fungao educa- cional ou cultural. A homossexualidade foi considerada um “desvio” uma “patologia social’, que deveria ser “rechacada” e nao seria “admitida’, j4 que se tratava de uma atividade de caréter “antisocial” Uma linguagem médica e sanitarista foi largamente utilizada em relagdo aos homossexuais, que foram proibidos de representar Cuba no exterior e os delegou ao os- tracismo e ao silenciamento. Essa visio da homossexualidade estava na contramao dos movimentos de afirmagio e orgulho gay que nesse mesmo perfodo despontavam nos Estados Unidos. Em seu discurso de encerramento di finiu os padrées morais, ideold; Bancig ‘arginap lo Congresso, Fidel Castro de- ICs € sexuais que deveriam guiar os ‘ando que suas obras “eram uma arma da ram 0 Caso Padilla, Jaram como “raposa Esses intelectuais est Ss’, Como “inte! 268 Intelectuais, politica cultural e Revolugdo Cubana aos intelectuais, que deveriam participar como militantes das ta- fas da Revolucao. Muitos foram silenciados, impedidos de publicar e se x widest praticaram a autocensura e foram legados ao ostracismo, fruto we normas rigidas da politica cultural oficial nos anos 1970. © Primeiro Congresso do PCC, realizado em dezembro de 1975, tam- pém elaborou resolugées sobre cultura. As obras de arte deveriam res- ponder aos “interesses da sociedade socialista, auxiliando na formagao do homem novo’. Para os delegados do PCC, a arte seria um instrumento para “combater posigdes ideoldgicas adversas ao socialismo”” e para dialogar com ahistéria de luta do povo cubano. A obra de arte foi definida como reflexo da realidade, e deveria ser otimista e demonstrar cren¢a no futuro socialista, aproximando-se do realismo socialista soviético. O realismo socialista soviético, politica cultural implementada por ‘Andrei Jdanov na Uniao Soviética nos anos 1930 e 1940, buscou enqua- drar as produgées intelectuais dentro de normas patridticas, otimistas, populares, com uma linguagem que fosse acessivel ao povo. O realismo socialista foi incentivado em Cuba principalmente pelos intelectuais fi- liados ao PCC, sobretudo pelos que ja eram militantes comunistas do PsP antes do triunfo da Revolugao. Mirta Aguirre, critica literaria, defendeu 0 “tealismo socialista cubano”, que, para ela, se aproximava dos cino- esgenia nes do modelo soviético.”” As manifestages culturais cubanas deveriam, buscar temas épicos e triunfalistas, e demonstrar orientagao politica so- didaticas, que “refletissem 0 momento de cialista, Valorizavam-se obra construgao do socialismo em Cuba’. Com a proclamagio da nova Constituigao da Republica Cubana em 1976, 0 socialismo foi definido como regime oficial e se introduzi- ram novas instancias de participagao popular nas Assembleias munici- pais, provinciais e nacionais. Em dezembro de 1976, ocorreu o primei- ro encontro da Assembleia Nacional. Ainda nesse ano, organizou-se 0 Ministério da Cultura, sob a diregio de Armando Hart. O exilio de cerca de 120 mil pessoas, em 1980, ficou conhecido como éxodo de Mariel. O episddio comegou com os 10 mil que se re- fugiaram na embaixada do Peru e pediram asilo politico. Na sequéncia, © governo abriu 0 porto de Mariel, quando emigraram centenas de mi- Ihares de pessoas para os Estados Unidos, que chegaram a Key West, 269 ™~ icanas utopias latino-americana tembro daquele ano, com embarcagées enviadas bea esel cari Dentre os emigrantes, encontravam-ge , °° le exila a a a Nitos o que constituiu um marco para a hi entre abril munidade d pe intelectuais e homossexuals, o meio cultural.” cubana e para is, em meados dos anos 1980, 0 governo cup Alguns anos depois, em mea bertas, ao priorizar o trabalh incentivou politicas culturais mais a jertas, P ‘ 7 alho de ees em detrimento dos funcionarios do pe incentivar Novas criag6es individuais e coletivas e puseay a descentral oa a crig. Gao das Casas de Cultura. Alguns intelectuais persegui os S Parametra. dos” ganharam certo espaco novamente. Lentamente, reiniciou-se uma pequena abertura critica no mundo cultural, quando alguns €Scritores e artistas contestaram a repressao cultural e buscaram Corrigir os erros da “parametrizacao”. O 1v Congresso da Uneac, realizado em Janeiro de 1988, rechagou as praticas burocrdticas no meio cultural e defendeu uma maior independéncia da Uneac, com ampliagao das possibilidades de participagao dos intelectuais na esfera publica. O fim da Unido Soviética e a desintegracio do bloco do Leste Europeu, nos anos 1990, tiveram impacto imediato em Cuba. Com o término do financiamento econémico soviético para a importagao de produtos industrializados, entre eles combustiveis e papel, a ilha mer- gulhou numa grave crise econdmica e social, que ficou conhecida como “perfodo especial em tempos de paz”. As reformas econdmicas de mer- cado realizadas desde entio permitiram a dolarizagéo da economia ea Tesas estrangeiras, sobretudo no setor de tu- 270 Pr intelectuais, politica cultural e Revolugao Cubana de maior abertura, ee vezes facilitando viagens ao exterior e es- th gia n0 AEE en expe cs artistas. O Mal Congresso da Uneac, celebrado em abri . 2008 expressou essa flexibilidade, além de criti- cat publicamente a corrupsao nas transa¢ées comerciais, inclusive no mneio artistico & cultural.’ Ao cocoa do Congresso, 0 ministro gaCultura declarou o objetivo de ter “maior democratizacao da cultura’, Mas alguns grupos e criadores considerados “incémodos” pelo governo pelo seu senso critico, como os misicos de reggaetén ou grupos de hip hop, como Los aldeanos, sofreram preconceitos e censura, com proibi- gio de apresentagdes e de viagens ao estrangeiro.* A internet comecou a ser operada e comercializada nos anos 2000 pela Empresa de Telecomunicagées de Cuba S.A., oferecendo internet paga em CUCs (pesos cubanos conversiveis), em locais publicos com wi-fi e em salas com computadores da empresa. A fibra ética chegou em Cuba apenas em 2011, devido a uma conexio submarina com a Venezuela, No entanto, o governo censura certos intelectuais € bloqueia o acesso a sites considerados subversivos, sejam estrangeiros ou nacio- nais, como, por exemplo, o blog de Yoani Sanchez. Rauil Rivero, escritor e jornalista que havia participado da primeira época de El Caiman Barbudo, fundou em 1995 a agéncia de noticias independente Cuba Press. Passou a ser proibido de publicar nos érgaos estatais e de sair do pais, foi preso em 2003, num episddio conhecido como “Primavera Negra’, em que 75 dissidentes foram detidos, dentre eles 28 jornalistas independentes, sendo sentenciados até 28 anos de prisio25 Condenado a 20 anos, Rivero foi solto em 2004 e exilou-se em Madri, gracas 4 pressao politica internacional. O dirigente do Consejo Nacional de Cultura nos anos cinza, Luis Pavén Tamayo, foi homenageado em um programa na televisio em 2007. A tentativa de reabilitacao do principal responsdvel pelas “para- Metrizacdes” levou a um. protesto generalizado e repudio a censura por parte dos intelectuais, que ficou conhecido como “Guerra de e-mails”. O Ministro da Cultura realizou um encontro com os escritores e artistas que protestaram, para formalizar um pedido de desculpas e garantir a Tetratacdo da TV que tinha realizado 0 programa. O episddio foi um marco no campo cultural cubano ¢ revelou a forca da internet na ilha. 271 O-E METIS OR ES Utopias latino-a Scada maioria da populacs or de seis décadas, a Pp ‘sao sr, te as da Revolugao Cubana, como a diminuigg ™ a reforma agraria, 0 acesso 4 educaciig Pub ica os sociais, a ae “ desigualdades we territorio, a erradicacao do analfabetismo ©0 dese fe g 0 : : . dade em tov ide ptiblico, baseado na < ue ri > de um sistema de satide publico, ‘ Prevencag Enos volvimento . J wong de familia, que fornecem atendimento para toda a Populacgg, Ne edicos de familia, : . inet me uultural, destacou-se também o surgimento de novas instituigdes, campo cultural, oe a : is si0 das oportunidades de cria¢ao e publicacao, ampliaga ee - P No entanto, as definigdes das politicas culturais foram elaboradas 7 ‘ito de dirigentes oliti fundamentalmente por um grupo in co) ‘L i i -P iticos, que i i a. mit determinaram 0 espaco dos intelectuais na il mi a¢a0 © a cen. sura estiveram presentes em varios casos € momentos e ainda Seguem No decor je grandes conquist de gra tas “Sobre as transformacées Sconémicas, politicase sociais da Revol pesierla ao secdisno:a Revolugts [bana Sio Paulo, Queiros, 1979; Luig Alberto Moniz Bandeir, De Mart a Fides a Revolugto bana ¢ a América Latina, Rig izagai no ana ¢.a América Latina, Rig de Janeiro, Civilizacéo Brasileira, 1998, Richard Gort, Cuba: una nove Historia, trad, ; is Renato Aguiar, Rio de Janeiro Jorge Zahar, 2006, Michael Loy (or 5 fe a : a on ( "8:), O marxismo ng América Latina: uma antologia de 1909 aos dias atuais, trad. de e 8 ¢ Luis Carlos Borges, Sao Paulo, Fundagao Perseu Abramo, 1999, sag Sa Miskin, Cultura the 59-1961 ep 20008 ‘imprensa e Revolucio Cubana (1959-1961), S80 Paulo, Xama/ sobre a historia dj lus4o Cubana ver: Florestan Fernandes, lo case, Ginema cubano; come G3 £m 28 de abril de 1959. con objetivo de promover in- iho e156. ver tang Oe Latina Ce Para uma andlise de sua revista bimestoleradaem 1 Seas Mundo Suen E108 Atma, Pons 5 Polémica en América Latina: Las vistas Cae de ls tis de Hoy cote a <2cibn y Cultura, 2010, rs ° Jornal do Par 7 é Fea dura te a sist Pople nome do Partido Comunista Cubano na épo- « Fie cea um spies YHOU a creas ara rp) até seu fechamento em 4 de outubro de 1965 + [et Cas, ate Bemen semana cultura Hoy D, Lanes 410s intlecy Peis 1 een Pte uma ge scr” Ediciones det Consejo Nacional de Cultura, 1961, p.ll- mace moro ga te de ntOPES © intelectuaig ‘ue Se fragmentou. Guillermo Cabrera Infante on = oem 19 line i am Londres, onde morrew €m 2005. Virgilio Pinera faleceu * Ales don ear Aman Femina re Anat €™ Caracas em 1996 Humberto Arenal faleceu em =) Noon ng neta yer gn APFufa vivem até hoje em Cube eo 2m ee Can ype Delfin rate ne tet foram Manuel Balages, Miguel ‘ileda Les, entae, arcs orgina fy wea sinaldo Felipe ( -seudonimo de Reinaldo Gs mente lrrera, Merces Ret (P erardo Outro Mercedes Cortazar Nicolés Dorr, José Ramon Brene, Gerard \ 272 ON intelectuais, politica cultural e R © Revolucao Cubana -amoloie das obras petcas de ET Pete alguns extudos sobre eit 8 lito + a ea La Haba de sao 60 Lecturers Hrs de po See s si 207 ln, Os intlectuas eubanos € a politica eltral d Nee Eee pep 2008 soo. 4 la Revolugiio (1971-1975), Sao Paulo, rerafessor do Departamento de Filosofia e de arta Pensanientocritico, que fol fechada em ior jane Se ee va ersionstnoideol6gico Exile, em 1990, em Madr (aimee de Picsctia, por seu em 1996, a revista Encuentro de la cultura cubana, feio a falecer mais tarde) ¢ «manifest foiredigido por Guillermo Rodriguez Rivera eassinado também por Orlando Alomé, Sig ies Cones, vin Gerardo Campanion), Victor Casaus, Félix Contreras, Froilin Escobar, Fé i A unde, Ls Roget Nogutras, Helio Orovio Gullo Rogue Rives Jos ‘ane Ra che Guetar, “EL socialism ye hombre en Cuba”. Marcha, Montevideo, 12 de margo de 1965. I (bra ecogidas (1957-1967), Havana, Editorial de Ciencias Sociales, 1991, pp. 367-384. . aime en del jurado del Concurso de la Uneac 1968 In: Heberto Pella Fuera del juego, Miami siciones Universal, 1998, pp. 87-88. ” » eee caso Pacila ver: Adriane Vidal Costa, Intlectuais polities ¢Iieratura na América Latin, Sio wens alameda, 2013; Teresa Cristdfani Barreto, A libélula,« pitonsa: Revolugdo, omossexualismo € oatura em Virgilio Pera. Sao Paulo: uminuras/Fapesp, 1996; Heberto Padilla ‘mala memoria, Barcelona, Plaza & Janes, 1989. vs pruas carts dos intelectuaiseuropeus ¢ latino-americanos do caso Palla ver: Heberto Padilla, Fuera del juego, Miami, Ediciones Universal, 1998. + Replegtes do Primero Congresso Nacional de Educagdo ¢ Cultura, Si Paulo, iveameny 1980, p.21. 4 Fuel Castro, “Discurso de Encerramento’, em Resolugdes do Primeiro Congresso ‘Nacional de Educagio ¢ Cultura, $a0 Paulo, Livramento, 1980, pp. 43-57. aoe son sobre la cultura artistica y literdria, em La lucha ideolégia y la cultura artistica y literdria, Havana, Ed, Politica, 1982, pp. 95-97- > Mirta Aguirre, “Realismo, realismo socialista y 1a posicion cubana’, em Estética seleccién de lecturas, Havana, Editorial Pueblo y Educacién, 1987. 2% Entre os escritores que safram por Mariel destacou-se 08 escritores de El Puente Manuel Ballagas ¢ Reinaldo Felipe, além de Reinaldo Arenas e Jesis J. Barquets aut ‘constituiram nos Estados Unidos @ revista Mariel Ver: Reinaldo Arenas, Antes que anoiteca trad réne Cube, Ro de Janeiro, Record, 1995. ® Gabriel de Freitas Casoni, Transformagbes econdmicas-sociais % Cuba em perspectiva hist6rica os baad Dissertagio de Mestrado em Histéria, Faculdade ide Filosofia, Letras e Ciencias Humanas _, Universidade de Sao Paulo, 2019. sa Lopez Segrera, A Revolugio Cubana: propostas, cendrios € Gere trad. de Mario Lulz _, Neesde Azevedo e Gilda Teresa Contreras Tuiper, Mringh Bens 20127 gn Cub fimando Chaguaceda Noriega, “La compan vibrante,Intelectales, e508 PS 2 Pee too pe nce y perspectivas de um triénio (2007-2010)", em Cuaderno de be i 7 oa ‘stigaciones Histérico-sociales, Universidade Veracruzana) abril de2010.P-28 es 2015, pp viva Chomsky, Historia da Revolugdo Cubana, trad. Guilherme Miranda, Sao Paulo, Venetar 2015, 250-251, oe . acusagoes

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