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Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°33, 2022 | 123 DUE DILIGENCE EM DIREITOS HUMANOS: FATOR DE LEGITIMAGAO DE MUDANGAS E BOAS PRATICAS NO SETOR PRIVADO DUE DILIGENCE IN HUMAN RIGHTS: LEGITIMATION FACTOR FOR CHANGES AND GOOD PRACTICES IN THE PRIVATE SECTOR Pedro Léo Alves Costa! Resumo Este artigo tem o objetivo de analisar como 0 processo da due diligence em ditcitos humanos aplicado ao setor privado é um fator importante para a mudanga de paradigmas ¢ legitimacio de boas praticas empresariais. Assim, no caso de algum impacto aos direitos hhumanos € necessirio que as empresas, através da devida diligéncia: tenham conhecimento dessa violagio e do que sio direitos humanos, analisem quais ditcitos foram feridos, facam vistorias permanentes para avaliar o real impacto de suas atividades, além de publicizarem como seréo coibidos os problemas relacionados a estas violacdes, agora ¢ futuramente. Demonstrando, portanto, que a due diligence apesar de no retirar a responsabilidade sobre atividades empresariais, ratifica a preocupacao da empresa com 0 respeito A protecio e efetivagio dos dircitos humanos. Para isso, este estudo utiliza os métodos bibliogrifico e documental, com anilise da doutrina que trata da tematica bem como de documentos internacionais que prescrevem a questio. Palavras-chave Due diligence, Dircitos humanos, Setot privado. Boas praticas. Empresas Abstract This article aims to analyze bow the human rights due diligence process applied to the private sector is an important factor in changing paradigms and legitionizing good business practices. As well as to assess the human rights needed, in the case of their human rights assess, in the case of their human rights assess, make a real impact for their bunran rights. In addition to demonstrating and publicizing how problems related 10 these violations will be curbed, naw and in the future. Therefore, due diligence, although not demanding responsibility for business activities, ratifies the company's task with respect for the protection and protection of human rights. For this, this study of bibliographic and documentary methods, with analysis of the doctrine that deals with the thematic issue, such as the international documents that prescribe the issue. Keywords Due diligence. Human rights, Private sector. Companies ‘ Doutorando pela Universidade Federal Rural de Pernambuco. Mestre pela Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa Duc in Altwm, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 124 1INTRODUGAO Normalmente, quando se pensa em direitos humanos, o primeiro atranjo mental que se faz é que esses direitos, por sua inquestiondvel importancia, estariam apenas sob o manto estatal, ou seja, que o Estado seria unico vetor de efetivacgio dos mesmos. E isto se deu, principalmente, pelo fato de que no inicio das regulagées dos direitos humanos, estes existiam apenas para nortear a atuagio publica. Acontece que com uma mudanga de paradigmas, ptincipalmente com a superacao da classica divisio do Dircito entre puiblico (jus publicum) e privado (jus privaium), no inicio do século XX, onde ha uma nova realidade baseada na complexa teia das relagées humanas e a dogmiatica juridica agora analisada como um todo, dentro de um sistema, viu-se que a aplicagio ¢ efetivagio dos direitos humanos chegou até os particulates, principalmente nos produtores da cadeia econdmica empresarial. Por isso que, em caso de alguma violacao dos direitos humanos por esse setor, sio necessfrias uma série de mudancas comportamentais, para que sejam fundantes as operagdes em uma visio a partir destes direitos. Aliado a outros mecanismos, deve-se também levar em consideragéo: o conhecimento prévio pela empresa e seus representantes do que sio os direitos humanos; a identificacio dos eventos danosos aos direitos humanos pela empresa; uma investigagio detalhada dos impactos causados; a resolugio do problema, com solugées efetivas para as vitimas € toda a sociedade, bem como a publicizagio de todo esse ptocesso. ‘Tais “devidas diligéncias” em dircitos humanos sao também conhecidas, no 4mbito internacional, como due diligence. Com isso, este artigo tem como objetivo tratar como a due diligence ema direitos humanos, pode se tornar fator de legitimacio de mudangas ¢ boas praticas do setor privado, precipuamente pata aqueles que exercem a atividade empresarial. Demonstrando, assim, que essa devida diligéncia apesar de nao isentar a empresa da responsabilidade sobre seus feitos, confirma, perante a sociedade, que a empresa foi capaz de uma resolugio efetiva, inclusive de maneira preventiva, de provaveis impactos causados, bem como de que esta conseguiu percebet os tiscos de Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 125 sua atividade, estando prepatada para assumi-los, teverberando tais fatores de maneira positiva tanto interna quanto externamente. Através de uma pesquisa basica, qualitativa, exploratéria ¢ com uso dos métodos bibliografico e documental, analisando a doutrina propria que trata da tematica, bem como de documentos produzidos internacionalmente por alguns érgios como a Organizacio das Nacées Unidas, seu Conselho de Direitos Humanos e a Organizagao para Coopetacio e Desenvolvimento Econémico (OCDE) ¢ a legislacio interna, o trabalho, inicialmente, analisar4 a conceituagio tedrica do que sao os direitos humanos, como estes se aplicam ao 4mbito privado, especificamente no Aambito empresarial, bem como sobre a normatizacio internacional criada para regular esta questao. Depois, a pesquisa ira tratar sobre a devida diligéncia, ou due diligence, em diteitos humanos e na cadeia empresarial, para ao fim, demonstrat como esse ptocesso, conjugado a outros fatores, € produto de modificacio para um comportamento positivo. Desta forma, a pesquisa sobre esta tematica se mostta necessiria, pois a atividade empresarial é formada por uma cadeia complexa, com o proprio empresario, o estabelecimento comercial, consumidores e fotnecedores, se tornando esta estrutura um vetor inconteste, quando se trata da promogao aos direitos hamanos. Similarmente, o empresatiado pode contribuir pata a mitigacio efetiva de impactos ocorridos em caso de violagdes desses direitos, ptincipalmente se existir uma mentalidade sobre a importancia de respeito e promogio dos direitos humanos, pelo que o instituto da due diligence imprescindivel neste contexto. Hoje j4 existe um incentivo por parte de autoridades e érg3os, para que haja acdes desse sentido, sobretudo com noticias divulgadas por boa parte de midia, no Brasil e no mundo, onde ha em grandes e médias empresas violagGes graves ¢ constantes no que toca aos direitos humanos. 2 DIREITOS HUMANOS Lufio (1995, p. 48) vem a firmar que direitos humanos sio o conjunto de faculdades ¢ instituiges que, em cada momento histdtico, Duc in Altwm, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 126 concretizam as exigéncias de dignidade, liberdade e igualdade humanas, as quais devem ser reconhecidas positivamente pelos ordenamentos juridicos em nivel nacional e internacional, possuindo estes, caracteristicas, classificacSes e um sistema internacional de protecio prdptios. Ramos (2020, p. 30) leciona que os direitos humanos sao os direitos essenciais e indispensdveis 4 vida digna e que nao ha um tol predeterminado desse conjunto minimo de direitos essenciais, visto que as necessidades humanas sao mutantes e vatiam, j4 que, de acordo com o contexto histérico de uma época, novas demandas sociais sao traduzidas jutidicamente ¢ inseridas na lista destes direitos. Tais apandgios tém por 4mago a axiologia da dogmitica jutidica, pelo qual se atribui a cada pessoa humana o seu valor, pelo simples fato de existir e ser humano. E salientar dizer, como lembra o professor Jorge Miranda (2010, p. 363), da Universidade de Lisboa, que tais direitos possuem fundamento de existéncia na propria dignidade na qual qualquer sujeito € titular, maxima de diversas filosofias ¢, particularmente, de correntes jusnaturalistas, como reza o attigo primeiro da Declaracao Universal dos Direitos Humanos (ONU, 1948): “todas as pessoas nascem livres ¢ iguais em dignidade ¢ ditcitos. Sao dotadas de raz4o ¢ consciéncia ¢ devem agit em relac3o umas 4s outras com espitito de fraternidade”. Possuindo ainda como suporte a Declatagao Universal, pode-se dizer que os direitos humanos se fundam em trés eixos principais, bem como em suas combinagées ¢ influéncias reciprocas, quais sejam: 1) 0 da inviolabilidade da pessoa, cujo significado traduz a ideia de que nfo se podem impor sacrificios a um individuo em tazio de que tais sacrificios resultario em beneficios a outras pessoas; 2) 0 da autonomia da pessoa, pelo qual toda pessoa ¢ livre para a realizacio de qualquer conduta, desde que seus atos nao prejudiquem terceitos; e 3) 0 da dignidade da pessoa, verdadeiro nucleo fonte de todos os demais direitos fundamentais do cidadio, por meio do qual todas as pessoas devem ser tratadas e julgadas de acordo com os seus atos, e néo em relacio a outras propriedades suas nao alcangaveis por eles. (MAZZUOLLI, 2021, p. 28) Duc in Altwm, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 127 Esses direitos, por sua inquestionivel importancia dentro de um contexto global, possuem caracteristicas que sao indissociaveis a seu cofreto entendimento, como a histoticidade, universalidade, essencialidade, itrenunciabilidade, —_inalienabilidade, _inexauribilidade, impresctitibilidade e a vedacao ao rettocesso (efeito cliquet). Modernamente, Mazzuoli (2021, p. 30) infere que além dessas caracteristicas dos direitos humanos, também comuns aos direitos fundamentais (constitucionais), é possivel acrescer outras, decorrentes de declaragdes ¢ resolugdes internacionais adotadas em conferéncias especializadas, com a presen¢a de prande ntimero de Estados, tal como a indivisibilidade, interdependéncia e inter-relacionaridade. Estruturando esses direitos, pode-se inferir que ha uma gama significativa deles, que tratam de questées civis, politicas, culturais, econémicos, coletivos, da paz, meio ambiente e até do direito 4 agua potavel. E muito se é fomentado uma discuss momento em que os direitos humanos foram existindo no plano do ordenamento, tendo sido consagrada pela doutrina e pela jurisprudéncia, tanto interna quanto internacional, a apresentacao dos ditcitos humanos em geracdes ou dimensdes. Nao obstante, essa nao seja uma divisio pacifica, pois segundo Cangado Trindade (1997, p. 24) corresponde a uma visio atomizada ou fragmentada destes ultimos no tempo. Pata o autor, seria melhor especificar os direitos humanos de maneira una, ratificando a unidade fundamental de concepgio e a indivisibilidade de todos os direitos humanos. do de como seria a forma ¢ 0 Apesar disso, pata demonstrar como os ditcitos humanos foram elevados a uma espécie de “trunfos” para a humanidade, podendo- se identificar 0 correspondente matco histérico e trazer um modelo didatico pratico para sua compreensio, a divisio dos direitos humanos em getagdes € essencial. Os de primeira geracao, sio os de liberdade, ou de base liberal nos quais se fundam numa separagio entre Estado ¢ sociedade que permeia 0 contratualismo dos séculos XVIII e XIX, se dividindo entre civil e politicos. Os de segunda gerac3o sio os de igualdade, que correspondem aos dircitos sociais, econdmicos ¢ culturais que resultam da superacao do Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 128 individualismo decorrente das transformacdes econdmicas ¢ sociais ocorridas no final do século XIX e inicio do século XX. E os de terceira getacao, também conceituados como direito dos povos, surgem como resposta 4 dominacio cultural e como teacio ao alarmante grau de exploragao nao mais da classe trabalhadora dos paises industrializados, mas das nagdes em desenvolvimento e por aquelas ja desenvolvidas, bem como pelos quadros de injustiga e opressio no préprio ambiente interno dessas e de outras nacées tevelados mais agudamente pelas revolucées de descolonizagio ocorridas no pés-Guerra (GUERRA, 2020, pp. 76-78). Ha quem traga ainda os direitos humanos de quarta geracZo, como o direito 4 democracia, 4 informacgio e o direito ao pluralismo, que compreendem o futuro da cidadania e o porvir da liberdade de todos os povos, e, ainda, os de quinta geracio, qual seja o diteito 4 paz, em sua dimensio perpétua, universal ¢ harmonizadot de todas as etnias, culturas e povos (BONAVIDES, 2017, pp. 585-607). Assim, diante destas caracteris se que os ditcitos humanos se transmutam em garantias extremamente abertas, onde a sua efetivagao e respeito perpassa diversas questdes e matizes, a todos os povos, de todas as nacionalidades. Por isso, Douzinas (2009, p. 19) afirma que: cas basicas, visual [.] 0 direitos humanos se tornam o principio de libertagio da opressio e da dominacio, o grito de guerra dos sem teto € dos destiruidos, 0 programa politico dos revolucionérios € dos dissidentes. [.] Os direitos humanos sio 0 fado da pés- Modernidade, a cenergia das nossas _sociedades, 0 cumprimento da promessa do Iuminismo de emancipacio autotrcalizacio. 2.1 DIREITOS HUMANOS E O AMBITO PRIVADO Ao se falar em direitos humanos, a conceituagio classica é a de que estes setiam dircitos protegidos pela ordem internacional contra as violagdes e abusos por patte de um Estado cometido em face de pessoas ou grupos que estatiam sob 0 manto de sua jurisdi¢ao. Tanto é Dac in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 129 assim que tais direitos garantem aqucles sujeitos a jutisdigao de um dado Estado, meios de vindicagio de seus direitos, para além do plano interno, nas instancias internacionais de protecgao (MAZZUOLI, 2021, p. 22), como a Corte Interamericana de Direitos Humanos ou o Tribunal Afticano dos Direitos do Homem e dos Povos, por exemplo. Acontece que se deve ir além. Com a superagéo, por entendimento de algum setor da douttina, da dicotomia classica romana entre a conceituacio de Direito publico e privado, j4 que esta niio parece corresponder mais A realidade jutidica hodierna e nao atende mais 4 vasta e complexa teia das relagdes sociais modernas, bem como a ciéncia e hermenéutica juridica vista agora como um todo, dentro de um sistema, pois como rememora o professor alemao Claus-Willelm Canaris (2008, pp. CXI e CXI) “a especializacio dos juristas deve ser complementada com novas sinteses ¢ conexdes que, 4 realizacio do Direito, déem toas as suas dimensdes”, chegou-se se a conclusio que a aplicagio, efetivagio e protecio dos direitos humanos perpassou o ambito publico-Estatal e chegou também aos patticulares. Neste interim, André de Carvalho (2020, p. 30) leciona que, em geral, todo direito exprime a faculdade de exigir de terceiro, que pode set o Estado ou mesmo um particular, determinada pretensio. Portanto, os direitos humanos tém estrutura variada, podendo ser: diteito-pretensao, diteito-liberdade, diteito-poder e, finalmente, direito-imunidade, que acarretam obrigagées do Estado ou de patticulares, _revestidas, respectivamente, na forma de: (i) dever, (ii) auséncia de direito, (ii) sujeicio e (iv) incompeténcia. Canaris (2012, p. 133) em obra que tratava da interligac3o entre direitos fundamentais e o Ambito privado, leciona que: A circunstancia de, nao obstante, os direitos fundamentais exercerem efeitos sobre estes tiltimos explica~ se a partir da sua fungao como imperativos de tutela. Pois o dever do Estado de proteger um cidadao perante outro cidadio, contra uma lesio dos seus bens garantides por dizcitos fundamentais, deve ser satisfcito também — ¢ justamente - ao nivel do discito privado. Esta concepeao tem a vantagem de, por um lado, niio abdicar da posicio que, cm principio, apenas o Estado, ¢ nio o cidadio, é Duc in Altwm, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 130 destinatatio dos direitos fundamentais, mas, por outro lado, oferecer igualmente, uma explicagio dogmética para a questo de saber se, ¢ porqué, o comportamento de sujeitos de direito privado esté submetido @ influencia dos direitos fandamentais. [.. Pelo que, similarmente, a ideia se aplica completamente aos direitos humanos ¢ sua intervengio no particular, s obrigagio de respeito, protecio e¢ efetivacao, visto que, segundo o magistério luso de Alexandrino (2011, p. 36) os direitos humanos nao se diferenciam dos dircitos fundamentais, “nem pelo exclusivo da referencia a valores superiores, nem pela fundamentalidade, nem pela finalidade.”. ndo estes carecidos da 2.2 EMPRESAS E DIREITOS HUMANOS Conforme analisado antetiormente, a questao dos direitos humanos, em todos os seus aspectos, chegou até os particulares, ¢ eles também atingem os produtores da cadeia econédmica empresarial. Juridicamente, essa influéncia surge por dois motivos: pelo reconhecimento da ceficacia horizontal e pela dimensao objetiva dos direitos humanos (RAMOS, 2019, p. 316). Na pratica, o atranjo empresarial é amplo, com diversos atores nesta formagio: as empresas, com seu estabelecimento, e todo complexo de bens organizados, corpéreos ¢ incorpéreos, para exercicio da funcio; o emptesario, que € aquele no qual exerce profissionalmente atividade econémica organizada para a produgio ou a circulagio de bens ou de servi¢os; os funcionarios, que fazem a dinamica desta relacao funcionar; os destinatarios finais dos produtos ou servicos produzidos pela empresa, inclusive consumidotes bystanders, que sao tetceitos atingidos por defcitos na prestacio de servico, equiparado 4 prdépria figura de consumidor; os fornecedores e¢ a sociedade em geral, que de alguma manecira sao influenciados por esta cadeia. De igual maneira, por este fato, hoje, as empresas exercem esse papel de influéncia no que tange aos direitos humanos. Due In Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 131 No sistema internacional de direitos humanos, tal vinculagao das empresas possui uma estrutura genérica na prdépria afirmagio da univetsalidade dos direitos humanos, que tem como marco a Carta da Ortganizagio das Nagdes Unidas e a Declaracio Universal dos Direitos Humanos (RAMOS, 2019, p. 316). Mas foi em meados dos anos 70, que a Organizacio das Nagées Unidas comegou a visualizar mais profundamente que o desrespeito © os impactos aos diteitos humanos nao envolviam somente o 4mbito publico, portanto, o debate de como o setor empresarial se portava em face da prtotecao destes ditcitos comecou a surgir, tendo a ONU ctiado 0 Centro das Nacées Unidas para as Empresas Transnacionais, com finalidade de se discutir um cédigo de conduta amplo para tais quest6es (RAMOS, 2019, p. 317) FE também neste contexto que, j4 no comego do século XXI, o 6rgio ptomoven a criagio de um “Pacto Global” (ONU, 2000), de adesio voluntitia, na qual se constitui em “uma chamada para as empresas alinharem suas esttatégias e operagdes a 10 principios universais nas areas de Direitos Humanos, Trabalho, Meio Ambiente e Anticorrupgio e desenvolverem aces que contribuam pata o enfrentamento dos desafios da sociedade.”: e assim se constitui: Direitos Humanos 1. As empresas devem apoiar e respeitar a protegio de_— direitos. humanos_reconhecidos internacionalmente; 2. Assegurar-se de sua nfo participagio em violagdes destes direitos. Trabalho 3. As empresas devem apoiar a liberdade de associagio © o reconhecimento efetivo do dircito a acgociacio coletiva; 4. A climinagio de todas as formas de trabalho forcado ou compulsério; 5, A aboligao efetiva do trabalho infantil; 6. Hliminar a discriminagdo no emprego Meio Ambiente 7. As empresas devem apoiat uma abordagem pteventiva aos desafios ambientais; Dac in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 132 8. Desenvolver iniciativas para promover maior responsabilidad ambiental 9. Incentivar o desenvolvimento e difusio de recnologias ambientalmente amigiveis. Corrupgio 10. As empresas devem combater a corrup¢ao em todas as suas formas, inclusive extorsio e propina. Estes principios, com fundamentos na Declaracio Universal de Direitos Humanos, na Declaragio da Organizacao Internacional do Trabalho sobte Principios e Direitos Fundamentais no Trabalho, na Declaragio do Rio sobre Meio Ambiente ¢ Desenvolvimento e na Convengio das Nagdes Unidas Contra a Corrupsao. Ainda que o documento internacional do Pacto Global seja metamente uma iniciativa voluntatia pata o sctor empresatial, sem duvidas, trata-se de uma aco que consegue abarcar empresas positivamente e que levam estas na teal protecao e efetivacao dos direitos humanos. Sendo um marco, no inicio de um novo século, de inconteste importncia para a elevagio de discussdes sobre o papel do setor privado em telacao a esta causa. Ja no ano de 2011, 0 Conselho de Direitos Humanos da ONU, endossou, de maneira unanime, através da Resolugao 17/4, um Conjunto de “Principios Orientadores Sobre Empresas e Direitos Humanos”, com base em telatérios do entao tepresentante especial para a questio dos direitos humanos e empresas transnacionais e outras empresas Jobn Ruggie, os quais ficaram conhecidos como “principios Raggie”. Conforme o proprio Ruggie relata em sua obra (2014, p. 19- 22), 0 processo nao havia sido negociado pelos prdprios governos, os ptincipios nao possuiam forca vinculativa e se deu de maneira paulatina e, apesar da importincia, ainda é necessfrio algo mais concreto em sede dircitos humanos ¢ sua relacao com o meio empresarial. Ainda assim, mesmo sem essa norma internacional concreta com forga de jus cagens (os “principios Ruggie” sao de natureza juridica de sof Jaw), hoje, os Principios Otientadores da ONU para Empresas ¢ Direitos Humanos (ONU, 2011) é 0 documento de maior importéncia que se tem a mio pata tratar desse tema e tem como base Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 133 repartir a responsabilidade pela efetivacao e cumprimento de direitos humanos nas atividades das empresas entre o Estado e estas. Os principios “respeitar” e “reparat”’: esto embasados em trés cixos, “proteger”, (a) Obrigagdes assumidas pelos Estados de respeitar, proteger ¢ implementar os direitos humanos e as liberdades fundamentais; (b) © papel das empresas como érgios especializados da sociedade que desempenham fungées especializadas ¢ que devem cumprir todas as leis aplicaveis ¢ respeitar os dircitos humanos; (0) A necessidade de que os ditcitos ¢ obrigacées sejam provides de recursos adequados ¢ eficazes, em caso de descumprimento. Quanto 4s trés categorias de principios que o documento possui, estes sio divididos no “Dever do Estado em proteger os direitos humanos” (principios 1 2.10), que abordam: Principios referentes 4 atuagio do Estado na protesio dos direitos humanos 1) Cabe a0 Hstado zelar pela protecio de direitos humanos em seu tertitério, adotando medidas paca prevenir, investigar, punir e reparar tais abusos, cometidos por particulates, inclusive empresas. Devem os Estados adotar politicas puiblicas, vinculando inclusive o financiamento. 2) Deve o Estado zelar pela atividade extraterritorial pro homine de empresas com sede em seu tertitério. 3) Deve 0 Estado adotar leis e possuir formas de orientagio As empresas para uma atuacio que preserve direitos humanos. 4) As agéncias estatais ou empresas estatais devem aruar de forma compativel com o respeito aos direitos humanos, exigindo-se, se for o caso, auditorias (due diligence) na temitica. 5) A contratacio de empresas pelo Estado deve ser supervisionada, protegendo-se direitos humanos. Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 134 6) © Estado deve exigit 0 respeito 20s direitos humanos das empresas com as quais faz transacdes comerciais. 7) O Estado deve fiscalizar © respeito aos direitos humanos pelas empresas em 4teas de conflito, 8) O Estado deve assegurar coeréncia de atuacio dos seus diversos érgios, em especial os que orientam as priticas empresariais, para que sejam conforme os direitos humanos. 9) Os Estados devem manter um marco normativo nacional que assegure 0 cumprimento das obrigacées de dizcitos humanos no Ambito de tratados ou contratos de investimento referentes a atividades empresatiais em outros Estados. 10) Os Estados devem atuar com cocréncia © em prol dos dircitos humanos na sua conduta como membros de instituig6es internacionais que tratam de questées referentes a atividades empresatiais. Quanto a “responsabilidade empresarial em respeitar os direitos humanos” (Principios 11 a 24): 11) As empresas devem respeitar os ditcitos humanos, abstendo-se de infringir dircitos de terceiros ¢ reparando os danos eventualmente causados. 12) As empresas deve tespeitar os ditcitos humanos enunciados internacionalmente ¢, no minimo, os eaunciados na Declaracao Universal dos Dircitos Humanos, Pacto Internacional sobre Diteitos Civis ¢ Politicos, Pacto Internacional sobre Direitos Econémicos, Sociais Culturais, bem como os ditcitos previstos nas 8 convengdes fundamentais da Ozganizagao Internacional do ‘Trabalho, podendo incidir outras normas internacionais a depender do caso concreto (por exemplo, envolvendo criancas, pessoas com deficiéncia etc.). 13) As empresas devem evita atividades que impactem negativamente sobre diteitos humanos ou ainda buscar prevenit ou mitigar tais impactos relacionados com suas atividades empresatiais. 14) A responsabilidade das empresas quanto a0 respeito de direitos humanos é plena, independentemente de seu tamanho, setor, contexto operacional, proprietirio e estrutura, mas as exigéncias quanto aos meios e recursos que Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 135 devem ser disponibilizados podem vatiar, a depender desses fatores. 15) Para cumprir suas responsabilidades, as emptesas, de acordo com tamanho e citcunstincias de atuaco, devem adotar 6 compromisso politico de respeitar direitos humanos, possuir auditoria na matéria (due diligence) € procedimentos que permitam a plena reparagio dos danos 16) As empresas devem adotar compromisso com © respeito aos direitos humanos aprovado pelo mais alto nivel diretivo, que seja embasado em apoio especializado na os eventualmente causados. tea ¢ que esclareca, publicamente, 0 que se espera em relacio aos direitos humanos do seu corpo de funcionatios, socios © demais envolvidos na atividade empresarial, devendo ser tal compromisso refletido nos procedimentos operacionais adotados. 17) As empresas devem realizar auditorias continuas (due diligence) em matéria de direitos humanos, incluindo avaliagdes sobre o impacto real ¢ potencial das atividades sobre os direitos humanos, entre outros. 18) As empresas devem identificar e avaliar as consequéncias reais ou potenciais de suas ages sobre os direitos humanos, com recurso a especialistas internos ou independentes, bem como incluindo consultas aos grupos afetados ou interessados. 19) As empresas devem aplicar as conclusdes de suas avaliagdes dos impactos de suas atividades sobre os direitos humanos em seus procedimentos internos, de modo a prevenit e mitigar as consequéncias negativas eventualmente geradas. 20) As empresas devem possuir sistema de monitoramento sobre as medidas de prevencio adotadas. 21) As empresas devem adotar medidas de comunicagao social, acessfvel e com capacidade de fornecer as informacées adequadas, preservadas as sujeitas a sigilo comercial 22) As empresas devem, proativamente, reparar os danos causados. 23) As empresas devem cumprir as leis e respeitar os direitos humanos onde quer que operem, buscando formulas de respeito. aos direitos humanos, quando confrontados com exigéncias conflitantes. Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 136 24) As empresas devem priorizar medidas que visam atenuar as consequéncias graves ou que possam se rornar irreverstveis Eo “acesso a tecutsos e teparacio” (Principios 25 a 31): 25) Os Estados devem adotar medidas de reparago eficazes, pelas vias judiciais, administrativas, legislativas ou outros meios. 26) Os Estados devem assegurar a eficicia dos mecanismos judiciais nos casos abordando violagdes de direitos humanos por parte de empresas 27) Os Estados devem estabelecer mecanismos extrajudiciais eficazes e adequados, em paralelo aos mecanismos judiciais, para a integral reparacio das violagdes de direitos humanos por parte das empresas. 28) Os Estados devem facilitar 0 acesso a mecanismos nao estatais de dentincia sobre a temética 29) As empresas devem possuir ou participar de mecanismos de deniincia eficazes 4 disposi¢ao das pessoas € comunidades afetadas. 30) As iniciativas empresariais de colaboracio (por exemplo, os cédigos de conduta empresariais) devem prever a disponibilidade de mecanismos eficazes de conduta. 31) Os mecanismos de recebimento de dentincia (estatais ¢ nao estatais) devem ser confidveis, acessiveis, com procedimento claro e equitativo, bem como serem transparentes, em especial quanto & evolucao do trimite ¢ resultado. E também neste sentido que a Organizagio para a Cooperacio e Desenvolvimento Econémico, a OCDE, uma organizacio econédmica intergovernamental, claborou, em 2000, um documento chamado de “Diretrizes da OCDE pata Empresas Multinacionais” tratando da intetliga¢ao entre direitos humanos e as empresas (OCDE, 2000), incluindo a due diligence enquanto mecanismo de protegao pelas empresas: Direitos Humanos Os Estados tém o dever de proteger os direitos humanos. As empresas deverio, no contexto dos direitos humanos internacionalmente reconhecidos, das obtigacées Dac in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 137 internacionais de direitos humanos dos paises em que operam, bem como da legislagio e regulamentagio domésticas 1. Respeitar os direitos humanos, 0 que significa que elas devem evitar 2 violagio aos direitos humanos dos outros € devem lidar com os impactos adversos aos direitos humanos com os quais estejam envolvidas. 2. Dentro do contexto de suas préprias atividades, evitar causar ou contribuir para impactos adversos aos direitos humanos ¢ tratar desses impactos quando ocorrem, 3. Procurar manciras de cvitar ou mitigar os impactos adversos aos direitos humanos que estcjam dizctamente ligados as suas operagdes comerciais, produtos ou servigos por uma relagio de negécio, mesmo que clas ao contribuam para esses impactos. 4. Ter uma politica de compromisso de respeitar os direitos humanos. 5, Realizar due diligence sobre direitos humanos adequada a sua dimensio, natureza ¢ Ambito das operacdes © da gravidade dos riscos de efeitos adversos aos direitos humanos. 6. Prever ou cooperar através de processos legitimos na repatacio de impactos adversos aos ditcitos humanos onde elas identifiquem que tenham causado ou contribuido para esses impactos. Ja internamente, no ano de 2018, entrou em vigor o Decreto Presidencial n. 9.571 (BRASIL, 2018), que vem a tratar das Direttizes Nacionais sobre Empresas e Direitos Humanos, pata médias ¢ grandes empresas, incluidas as empresas multinacionais com atividades no pais. Este teve como fundamento os Principios Orientadores da ONU e também possui natureza juridica nao coercitiva, sendo a adesio voluntaria pelas emptesas, porém, é a partir dele que o Estado brasileiro, possuindo um documento préprio, em 4mbito nacional, pode trazer mecanismos eficientes para o seu cumptimento. Diante da anilise dos documentos internacionalmente produzidos, no que tange aos direitos humanos e 0 setor empresarial, Ramos (2019, p. 322) infere que adocio de meros “principios”, sem forca Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 138 normativa cogente ¢ sem uma sistematica clata de cobranca efetiva do real compromisso das empresas com a protegio de direitos humanos, apesar de ser um passo importante, simplesmente por se ter ao menos algo ptoduzido sobte a questao, faz parecer permitir uma possivel “adesdo retorica por parte desses conglomerados, com uso publicitario inclusive, sem que suas condutas reais sejam efetivamente favoraveis 4 gramatica dos direitos humanos”. Pelo que seria necessaria uma normatizacio, em forma de tratado, para ratificar essa rede de protecio: A elaboragao de um tratado sobre direitos humanos e empresas demonstra a maturidade da tematica no ambito da ONU, apés décadas de edigoes de normas de syft Jax. Prova, também, a necessidade de discussio da responsabilidade direta das empresas multinacionais e a insuficiéncia da responsabilizacio internacional somente dos Estados, que, em muitos casos, nio quer ou nio consegue impor a rule of law © © tespeito aos direitos humanos de todos os envolvidos (RAMOS, 2019, idem). E nesse contexto que, apesar dessa auséncia, o instituto da due diligence em direitos humanos se torna um importante concretizador da efetivagio dos direitos humanos pelas empresas, principalmente pela auditoria interna feita pelo setor e pelo controle social externo. 3 DUE DILIGENCE O instituto da due diligence tradicional remonta as transagdes comerciais mais antigas, em razao da conduta tomada por todo emptesario, que deve ser proba e diligente. Como explica Dinir Rocha (2012, p. 37 © ss) a busca de informagées sobre com quem e 0 que se contrata é feita desde que o homem iniciou conttatos comerciais. Buscava- se aferir 0 maior numero possfvel de dados sobre com quem se cometcializava, 0 que e em que condigées, para que os tiscos assumidos pelas partes fossem mitigados. Alguns autores inferem que esse tipo de auditoria detiva do pteceito romano diligentia quam suis rebus (diligéncia de um cidadio em gerenciar suas coisas), no qual seria necessatio que 0 cometciante buscasse Dac in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 139 agit com toda a diligéncia — assim, poderia usar de sua conduta como um meio de defesa perante eventuais conflitos judiciais. E neste contexto que a due diligence, como a conhecemos hoje, tem seu inicio no Securities Exchange Act, lei ptomulgada nos EUA em 1934. Tal norma previa que aqueles que ofertassem a compra de agGes no mercado de capitais seriam responsabilizados pela inexatidio ou falsidade nas informagGes que prestassem. Eo instituto vem sendo aplicado ptincipalmente no mercado de capitais, financeito, das operacdes societarias e trabalhistas, no qual resultou da imposigéo de responsabilidades pelas informagées fornecidas, a exemplo do Novo Mercado. A due diligence classica, pode assim set conceituada: Trata-se de um método utilizado para analisar 0 negocio e as partes que dele fazem parte com 0 intuito de se prevenir diante de possiveis e fururas contingéncias advindas daquela transagio, bem como afetir o valor daquele negécio e das empresas que nele esto inseridas. E. um procedimento que, em esséncia, guarda o grau de zelo necessitio que todo comerciante deve ter, sob pena de sofrer prejufzos se no o aplicar nos seus negécios. [...] Deve ser vista como um método orientado pelo dever de ptobidade e boa-fé implicito a todas as transacoes comerciais. Trata-se de uma arte e de uma ciéncia. [..] Portanto, essa pratica empresatial se revela de fundamental importdhcia na coneretizacio dos negécios, de forma segura ¢ lucrativa, em um mundo no qual as informacies no esto tio explicitas e organizadas como se pode esperar. (ROCHA, 2012, pp. 64-65). Porém, assim como houve a superagio da ideia de que a efetivacao dos direitos humanos seria apenas dever ¢ obrigacao do Estado, a nogio cl4ssica da devida diligéncia, enquanto puramente um vetor primordial para uma pratica empresarial que busque uma concretizagao de negdcios com base apenas no lucro e que visa resguardar unicamente 0 patrimGnio, se torna ultrapassada. Duc in Altum, ISSN 2159-507X, Vol. 14, N°32, 2022 | 140 Jorge Miranda (2015, pp. 263-265) salienta que com a constitucionalizagio do Direito, o ambito privado tomou uma nova forma axiolégica: os diteitos, liberdades e garantias respeitam ptimeiro que tudo, ao ser da pessoa e nao ao ter; que a liberdade prima sobre a propriedade; que a protecio que a pessoa como titular de bens possa merecer na vida econémica se oferece secundatia em face da protegio do seu ser; e que pode a protecio do ser de todas as pessoas exigit a diminuigao do ter de algumas pessoas [...] © que resvala em uma verdadeira despatrimonializagio e uma viséo nao mais puramente econdémica ¢ luctativa da questao, colocando-se em voga agora na cadeia empresarial e comercial a questio humana. 3.1 Due diligence em direitos humanos como fator de mudangas e boas priticas empresariais Os Principios Orientadores das Nagées Unidas para Empresas ¢ Dircitos Humanos, estabelecem que o Poder Piblico tem a obrigac4o de orientar as empresas para que na sua atuacio estas o facam com o devido respeito aos direitos humanos, inclusive, nas empresas estatais ou naquelas controladas, de alguma maneira pelo Estado. Pata alcangar este fim, ha indicagao de auditorias e procedimentos e, dentre os listados, esta a due diligence em diteitos humanos, conforme os principios 4, 15 € 17, por exemplo. Ruggie (2014, p. 23), analisando os pilates dos principios por cle construfdo, também traz a due diligence em direitos humanos enquanto instituto para o alcance do intento da efetivagao de direitos humanos pelas empresas: - B dever do Estado proteger contra abusos cometides contra os direitos humanos cometidos por terceiros, incluindo empresas, por meio de politicas, regulamentacio e julgamento apropriados.

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