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MATEMATICA FINANCEIRA

CORREÇÃO MONETÁRIA / PLANOS ECONÔMICOS / CÂMBIO

1. Como surgiu a moeda?

Nos tempos mais remotos, com a fixação do homem à terra, estes passaram a
permutar o excedente que produziam. Surgia a primeira manifestação de comércio:
o escambo, que consistia na troca direta de mercadorias como o gado, sal, grãos,
pele de animais, cerâmicas, cacau, café, conchas, e outras.
Esse sistema de troca direta, que durou por vários séculos, deu origem ao
surgimento de vocábulos como "salário", o pagamento feito através de certa
quantidade de sal; "pecúnia", do latim "pecus", que significa rebanho (gado) ou
"peculium", relativo ao gado miúdo (ovelha ou cabrito).
As primeiras moedas, tal como conhecemos hoje, peças representando valores,
geralmente em metal, surgiram na Lídia (atual Turquia), no século VII A.C.. As
características que se desejava ressaltar eram transportadas para as peças,
através da pancada de um objeto pesado (martelo), em primitivos cunhos. Foi o
surgimento da cunhagem a martelo, onde os signos monetários eram valorizados
também pela nobreza dos metais empregados, como o ouro e a prata.
Embora a evolução dos tempos tenha levado à substituição do ouro e da prata por
metais menos raros ou suas ligas, preservou-se, com o passar dos séculos, a
associação dos atributos de beleza e expressão cultural ao valor monetário das
moedas, que quase sempre, na atualidade, apresentam figuras representativas da
história, da cultura, das riquezas e do poder das sociedades.
A necessidade de guardar as moedas em segurança deu surgimento aos bancos.
Os negociantes de ouro e prata, por terem cofres e guardas a seu serviço,
passaram a aceitar a responsabilidade de cuidar do dinheiro de seus clientes e a
dar recibos escritos das quantias guardadas. Esses recibos (então conhecidos
como "goldsmiths notes") passaram, com o tempo, a servir como meio de
pagamento por seus possuidores, por serem mais seguros de portar do que o
dinheiro vivo. Assim surgiram as primeiras cédulas de "papel moeda", ou cédulas
de banco, ao mesmo tempo que a guarda dos valores em espécie dava origem às
instituições bancárias.
Os primeiros bancos reconhecidos oficialmente surgiram na Inglaterra, e a palavra
"bank" veio da italiana "banco", peça de madeira que os comerciantes de valores
oriundos da Itália e estabelecidos em Londres usavam para operar seus negócios
no mercado público londrino.
2. Como pode ser caracterizada a inflação?

Primeiramente, devemos analisar o real significado deste termo que é tão utilizado
e supostamente conhecido. Tecnicamente podemos definir inflação como sendo
"Uma taxa de variação relativa dos preços". Dentro deste contexto surge o termo
indexação de uma determinada economia como forma de eliminar o efeito
inflacionário do contexto econômico.

Tipos de Inflação

Existem basicamente em uma economia, quatro tipos distintos de inflação. Na


verdade, geralmente, um desses três tipos é mais preponderante em uma
determinada economia, entretanto, dificilmente existirá somente um tipo de
inflação na economia. Os tipos de inflação também mantém uma certa relação
com a estrutura de mercado (oligopolista, monopolista, monopsonista, etc.) onde
esteja ocorrendo. Os tipos de inflação se classificam portanto em:

 INFLAÇÃO DE DEMANDA (QUANTITATIVA);


 INFLAÇÃO KEYNESIANA;
 INFLAÇÃO DE CUSTOS e
 INFLAÇÃO ESTRUTURAL.

3. Fale sobre a inflação rastejante e sobre a inflação galopante.

INFLAÇÃO RASTEJANTE: quando fica oscilando entre zero e uns 2% a/a.

INFLAÇÃO GALOPANTE : quando fica oscilando com um nível de variação muito


grande durante o ano.
4. Cite três planos econômicos brasileiros e fale sobre eles.

O PLANO CRUZADO

O plano cruzado nasceu em fevereiro de 1986 e foi lançado em 1º de


março do mesmo ano, pelo então ministro da Fazenda Dílson Funaro

Como forma de combate a inflação, grande objetivo do plano, o governo


utilizou diversas medidas que se tornaram bastante populares, dentre as
quais se destacam as principais:

 Reforma monetária que estabeleceu o cruzado (CZ$) como o


padrão monetário nacional, e a taxa de conversão foi fixada em
mil cruzeiros por um cruzado;
 Congelamento dos preços;
 Não estabelecimento de metas para as políticas fiscais e
monetárias; ( o objetivo
 O reajuste salarial passou a ser realizado por um "gatilho salarial",
que era acionado sempre que a inflação ultrapassava 20%;
 Congelamento dos salários pela média dos seis meses anteriores;
 Seguro-Desemprego garantia, atribuída ao trabalhador em caso
de dispensa sem justa causa ou em virtude do fechamento de
empresas.

Com relação ao não estabelecimento de metas para as políticas fiscais e


monetária, o objetivo implícito da política monetária durante os
primeiros meses do plano era acomodar o desenvolvimento e o aumento
da demanda de moeda estável, e sobre a política fiscal o governo
anunciou um pacote que possuía como objetivo eliminar a necessidade
de financiamento do setor público.

O Plano Cruzado tem efeito imediato de conter a inflação e aumentar o


poder aquisitivo da população. O país é tomado por um clima de euforia.
Milhares de pessoas passam a vigiar os preços no comércio e denunciar
as remarcações feitas. São os "fiscais do Sarney". Cresce o consumo em
todas as classes sociais. Porém, quatro meses depois o plano começa a
fazer água. As mercadorias desaparecem das prateleiras dos
supermercados, os fornecedores passam a cobrar lucro sobre a
diferença de valor da moeda, ágio, e a inflação volta a subir. O governo
mantém o congelamento até as eleições, tentando extrair maiores
dividendos políticos do plano, o que mais tarde deu certo com a maior
vitória eleitoral da história da República. A economia, no entanto, fica
desorganizada e a inflação disparada.
Logo após as eleições de 1986, 21 de novembro, o Plano Cruzado II foi
posto em prática e libera os preços de produtos e serviços, libera os
preços dos aluguéis para serem negociados entre inquilinos e
proprietários e altera o cálculo da inflação, que passa a ser medida com
base nos gastos das famílias com até cinco salários mínimos.

O plano provoca um aumento generalizado dos preços, onde em um só


dia aumentaram em: 60% o preço da gasolina; 120% os telefones e
energia; 100% as bebidas; 80% os automóveis; 45% a 100% os
cigarros.

Vários problemas manifestaram-se no decorrer da implantação do


Cruzado. Alguns deles foram:

 A impossibilidade do congelamento abranger todos os preços da


economia;
 Alguns preços foram congelados antes de serem alinhados,
corrigidos;
 O fim da correção monetária e a diminuição da taxa de juros
estimularam o consumo e desestimularam a poupança;
 Em virtude do congelamento das taxas de câmbio, as importações
foram estimuladas e as exportações desestimuladas, causando
assim uma diminuição das reservas cambiais;
 Suspensão por tempo indeterminado do pagamento de juros da
dívida externa aos bancos credores.

Como consequência, a revolta da população foi visível e muito intensa.

Deu-se, em Brasília, uma manifestação que depois ficou conhecida


nacionalmente como "Badernaço", no dia 27 de novembro de 1986,
degenerou em saques, depredações e incêndios, nas cercanias do centro
do poder. Perplexo, o Palácio do Planalto, até a pouco voltado para o
cortejo das multidões, lança contra ela tanques de combate Urutu. Sem
vítimas a revolta ficou marcada em dezenas de lojas e órgãos públicos.

A popularidade presidencial desceu a níveis baixos.

A falta de rumos do governo da Nova República, o custo de vida cada


vez mais insuportável e a absoluta falta de perspectivas de melhoras,
irritou os empresários, que não se sentiam seguros para investir, e
desesperou os trabalhadores, que além da perda real do salário, viam-
se ameaçados de perder o emprego por causa da recessão.
Toda essa conjuntura que se formou contribuiu plenamente para o
fracasso do Plano cruzado e o então ministro da fazenda Dilson Funaro
deixou o cargo e foi substituído pelo senhor Bresser Pereira.

PLANO BRESSER

DECRETO LEI 2335/87, DE 12 DE JUNHO DE 1987

Também no governo Sarney, em 29/04/87, cinco meses após o


nascimento do "Cruzado II" ( edição do cruzado II em 21/11/86), com
uma inflação em 05/87 de 23,26%, inflação esta alimentada pelo déficit
público (governo gasta mais do que arrecada), o ministro da fazenda
Dilson Funaro é substituído por Luís Carlos Bresser Pereira.

Em 12/06/87, o novo Ministro da Fazenda; Luiz Carlos Bresser Pereira,


com os mesmos objetivos dos Planos Cruzados, ou seja, combater a
inflação e criar condições favoráveis para um desenvolvimento auto-
sustentado, lança o "PLANO BRESSER", voltado para o equilíbrio das
contas públicas. (assistência aos problemas gerados a partir dos gastos
públicos).A fim de deter o déficit público, elimina o subsídio do trigo e
adia as grandes obras já planejadas, como a Ferrovia Norte – sul, o pólo
petroquímico do Rio de Janeiro e o Trem Bala entre Rio e São Paulo.

Com o novo plano em ação, é decretado pelo governo, congelamento de


preços, aluguéis e salários pelo prazo máximo de 90 dias. Além do
congelamento, aumenta as tarifas públicas, extingue o gatilho salarial e
no plano externo mantém a moratória. Foi instituída a U.R.P. – Unidade
de Referência de Preços para fins de reajustes de preços e salários.

Após o período de 90 dias, a regra salarial determinava reajustes


mensais com base na média da inflação do trimestre anterior,
determinada pela média mensal da variação do IPC ocorrida no
trimestre anterior, e aplicada a cada mês do trimestre subsequente.
Nesta fase de flexibilização de preços, as regras estabelecidas para
reajustes eram controladas e fiscalizadas. A flexibilidade de preços
finalizaria, quando, configurada a estabilização de preços, tornar-se –
possível a plena atuação da economia de mercado.

Foi garantido aos trabalhadores, a título de antecipações, o reajuste


mensal dos salários, em proporção idêntica à variação da URP,
excetuando o mês da data base. Estas antecipações seriam
compensadas nas datas bases.
Poucos meses após a implantação do plano, a inflação voltou a crescer,
graças às pressões para aumento dos preços dos bens que tinham
ficado defasados quando do congelamento. Como as empresas temiam
novo congelamento de preços no final do ano, foram feitas remarcações
defensivas que contribuíram para o aumento da inflação. Além disso, a
atividade econômica continuou desacelerando. Devido a moratória a
pressão dos países credores foi também um dos fatores que arruinaram
esse plano.

Fracassado nas previsões dos resultados, o plano também não obtém


éxito, quanto ao controle da inflação. Provoca perdas salariais e
retaliações de governo estrageiros, por causa do não pagamento da
dívida externa. No final de 1987 a inflação chega a 366% e em
06/01/88 o ministro Bresser sai e no seu lugar entra Maílson da
Nóbrega.

PLANO VERÃO

DECRETO LEI Nº 7.730/89, DE 31 DE JANEIRO DE 1989

Ainda no Governo Sarney, o novo Ministro MAÍLSON DA NÓBREGA


assume em 06/01/88 o ministério da fazenda com o propósito de
realizar uma política econômica de "FEIJÃO COM ARROZ" ( assim o
ministro classificou o novo pacote) , ou seja, conviver com a inflação
sem adotar medidas drásticas, mas apenas ajustes localizados, a fim de
evitar a hiperinflacão.

"No ano de 1988, a inflação aumentou progressivamente e o produto


agregado quase não cresceu. O governo procurou administrar os preços
sobre os quais tinha controle direto, os preços das tarifas públicas e a
taxa de câmbio. Mesmo tentado diminuir as necessidades de
financiamento do setor público, comprimindo os salários do
funcionalismo, a administração de preços acabou aumentando o déficit
público ainda mais".

"ao assumir o cargo o ministro deparou com uma inflação em torno de


366% em final de 1987 e no final de 1988 chega a 933%". Em
15/01/89, o ministro, apresenta o novo plano econômico, com o mesmo
objetivo dos planos lançados anteriormente ( CRUZADO I/II e
BRESSER), O "PLANO VERÃO ".a intenção era dar combate a inflação
através do controle das dívidas dos setores públicos ( redução do déficit
público ), privatização de empresas estatais, demissão de funcionários e
contração da demanda interna.
O novo plano econômico: cria o CRUZADO NOVO, impõe outro
congelamento de preços por tempo indeterminado; acaba com a
correção monetária; propõe a privatização de diversas estatais e
anuncia vários cortes nos gastos públicos com a exoneração dos
funcionários contratados nos últimos cinco anos A unidade do Sistema
Monetário brasileiro passa a denominar-se "CRUZADO NOVO", fica
mantido o centavo para designar a centésima parte da nova moeda. O
cruzado novo correspondente a Cz$ 1.000,00 ( um mil cruzados), e as
importâncias em dinheiro escrever-se-ão precedidas do símbolo NCz$.
(cruzado novo de 16/01/89 a 15/03/90 – 1.000 cruzeiros = 1,00
cruzado novo).

O governo realinhou os preços públicos e comprometeu-se com uma


política fiscal austera. Além disso desvalorizou a taxa de câmbio para
ampliar o saldo comercial. Na execução do plano, o governo subestimou
os reajustes de preços ocorridos nas últimas semanas que o
precederam. A inflação de janeiro surpreendeu o governo. O Plano
Verão não pôde funcionar já que tinha sido completamente antecipado
e, além disso, o governo não desfrutava de credibilidade. A inflação
ficou fora de controle no ano de 1989.

5. O que é denominada taxa de câmbio?

Câmbio significa uma operação de troca ou compra da moeda de um


país por outra de outro país. Assim, câmbio nada mais é do que a
conversão de uma moeda em outra, e por extensão designa o preço
pelo qual é adquirida a moeda estrangeira.

Outros conceitos de câmbio:

 Operação pelo qual se efetua a troca de moedas, letras notas de


banco, etc. entre praças do mesmo país ou de países diferentes;
alienação de divisas estrangeira.
 Ato pelo qual moeda estrangeira é transportada de país diverso
para aquele onde tem curso por meio de um titulo cambial,
evitando o transporte material da moeda desejada em carta praça.
Trata-se da conversão de determinada moeda em outra que não
seja nacional.
 Diferença de preço na troca da moeda de uma nação pela de
outra.
 Taxa cambial fixada para a aquisição ou permuta da moeda
estrangeira.
TIPOS DE CÂMBIO

Câmbio Abaixo do Par; Câmbio Acima do Par; Câmbio ao Par;


Câmbio Cinzento; Câmbio Comum; Câmbio Direto; Câmbio do
novo saque Câmbio Escritural; Câmbio Exterior ou Externo;
Câmbio Indireto; Câmbio Interno Câmbio Livre; Câmbio Manual;
Câmbio Marítimo; Câmbio Marítimo Necessário; Câmbio Marítimo
Voluntário; Câmbio Miúdo; Câmbio Mulatinho; Câmbio Negro;
Câmbio Oficial Câmbio Paralelo; Câmbio Real; Câmbio Sacado;
Câmbio Trajectício

6. Dê dois exemplos de conversão de moedas.

PAÍS: Estados Unidos


MOEDA: Dolar dos EUA
SÍMBOLO: US$

Data Taxa*

Compra Venda

01/11/2001 2,6812 2,682

05/11/2001 2,62 2,6208

06/11/2001 2,5995 2,6003

07/11/2001 2,6047 2,6055

08/11/2001 2,5563 2,5571

09/11/2001 2,5339 2,5347

12/11/2001 2,5494 2,5502

13/11/2001 2,5262 2,527

14/11/2001 2,5291 2,5299


16/11/2001 2,5384 2,5392

19/11/2001 2,5146 2,5154

20/11/2001 2,5342 2,535


* - Taxa = moeda contra Real

MOEDA:
PAÍS: Rússia Rublo SÍMBOLO:RUB

Data Taxa* Paridade**

Compra Venda Compra Venda

01/11/2001 0,090041 0,090429 29,6586 29,7774

05/11/2001 0,087986 0,088366 29,6586 29,7774

06/11/2001 0,087298 0,087674 29,6586 29,7774

07/11/2001 0,087472 0,08785 29,6586 29,7774

08/11/2001 0,085847 0,086218 29,6586 29,7774

09/11/2001 0,085095 0,085463 29,6586 29,7774

12/11/2001 0,085615 0,085985 29,6586 29,7774

13/11/2001 0,084836 0,085203 29,6586 29,7774

14/11/2001 0,084934 0,085301 29,6586 29,7774


16/11/2001 0,085246 0,085614 29,6586 29,7774

19/11/2001 0,084447 0,084812 29,6586 29,7774

20/11/2001 0,085105 0,085473 29,6586 29,7774


* - Taxa = moeda contra
Real
** - Paridade = moeda
contra US$

RESUMO

CORREÇÃO MONETÁRIA/PLANOS ECONOMICOS/CÂMBIO

Definição

Mecanismo financeiro que consiste na aplicação de um índice oficial para


reajuste periódico de títulos de dívidas públicas ou privadas.
CORREÇÃO MONETÁRIA: reajuste periódico e automático de valores, de acordo
com determinados índices que traduzem a taxa de inflação.

Assim, quando o governo diz que o valor do imposto é de 537 UFIRs, está usando
o expediente da Correção Monetária. É sinônimo de Indexação (110) (113) (114).
O Brasil, junto com Israel, foram os únicos países que institucionalizaram esse
mecanismo monetarista de convivência com a inflação, talvez baseado no ditado
americano que diz: "If there is no solution, relax and enjoy" ("Se o problema não
tem solução, relaxe e aproveite")...

Uma interessante analogia, procurando ilustrar a mecânica da correção, foi


mostrada por Tognollo (197):

Filha adotiva da revolução de 64, foi criada dentro de princípios


rígidos e irreais, com a única finalidade de diminuir os males
causados por um inimigo comum. Ensinaram-lhe a minimizar as
conseqüências, mas não a combater este inimigo, que desde cedo
soube chamar inflação.

Poderíamos comparar, grosso modo, a inflação ao agente que furta


uma carteira recheada de dinheiro. O ato foi presenciado pela
correção monetária, que seguiu a inflação durante algum tempo até
que, no início do mês seguinte, localizou o seu esconderijo e lá
adentrando, encontrou apenas a 'res' furtiva, que foi devolvida à
vítima, através do setor de achados e perdidos. Note-se que o fato
não foi levado ao conhecimento da autoridade policial e o crime ficou
impune. E todos ficaram felizes: a vítima porque recuperou a
carteira, a correção porque praticou uma boa ação, e a inflação
porque, neste ínterim, gastou algumas cédulas, o que, inicialmente,
passou desapercebido.

Estranho esse mecanismo criado que, ao invés de tentar eliminar o


agente nocivo, alijando-o da sociedade, outra coisa não faz senão
tentar confortar a vítima pelo mal sofrido.

As conseqüências práticas da Correção Monetária foram expostas pelo ex-


ministro Simonsen (32, p.196):

 Estímulo às Cadernetas de Poupança, que passam a ter juros reais


positivos (0,5% a/m), pois estes são computados depois da correção
monetária do saldo. Antes de 1964, quando não havia essa separação, as
taxas reais sempre resultavam negativas, pois as taxas pagas eram
inferiores à taxa de inflação. Aplicar na Poupança era, portanto, um
desinvestimento, ou seja, perda de dinheiro na certa (incidentemente, esta
situação se repetiu em 79, 80 e 83, quando as ORTNs, base da correção,
foram "expurgadas").
 A obtenção de recursos para o financiamento dos déficits
governamentais passou a ser viável, como no caso das ORTNs e LTNs,
que oferecem taxas positivas. Antes do instituto da correção monetária, o
governo só conseguia dinheiro através dos "empréstimos compulsórios"
(isto é, obrigatórios), que não passavam de um imposto travestido de
empréstimo.
 A tributação tornou-se mais justa, pois a correção monetária deixou de
ser considerada renda, e portanto não mais sofre tributação. Assim, as
parcelas correspondentes à correção monetária na Poupança, na venda de
imóveis, nos ativos das empresas etc., passaram a ser isentas do Imposto
de Renda (com o advento da Nova República, esse assunto voltou a ser
novamente ventilado).
 Como sobre as dívidas não havia a cobrança da correção monetária, mas
apenas dos "juros de mora" ("juros de demora") de 1% a/m, atrasar o
pagamento equivalia, em termos reais, a obter descontos vantajosos.
Eram, assim, constantes os atrasos no pagamento de impostos, taxas e
dívidas em geral. A concordata era um "santo remédio" para as empresas
em dificuldades ou para os escroques, embora se constituísse em uma
sangria para os seus credores e fornecedores.
 A criação do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço, uma poupança
forçada que rende juros e correção monetária, estimulou a construção civil
e o mercado imobiliário em geral. Mas, por outro lado, também corrigiu as
prestações dos mutuários (devedores) do BNH em termos reais, levando
muitos à insolvência após a recessão de 1979 em diante, já que seus
salários não acompanhavam a correção monetária, pois estavam sendo
arrochados.
 Provocou uma realimentação inflacionária, pois a correção de um mês
passou a ser calculada com base nas correções dos meses anteriores,
dificultando a sua queda e, conseqüentemente, a da inflação dela
dependente.
 Beneficiou os que vivem de rendimentos ("rentiers" ou rendeiros,
proprietários de imóveis que recebem aluguéis, aplicadores em títulos e
letras de câmbio, possuidores de Cadernetas de Poupança etc.) pois o
aumento das rendas (excetuados os anos de 79, 80 e 83) nunca foi inferior
à inflação, já que sofriam as mesmas correções que as ORTNs. Claro que
os que pagam juros deixaram de usufruir, como dantes, as taxas negativas
de juros de empréstimos, bem como os inquilinos, que não mais se
beneficiaram dos aluguéis sempre declinantes, em termos reais. Assim, se
na situação pré-1964 a renda era redistribuída, levando-a dos proprietários
para os inquilinos, dos Bancos para as empresas, dos acionistas para as
Sociedades Anônimas, após esse ano o sentido da distribuição se inverteu.
 As empresas públicas prestadoras de serviços como água, gás, telefone
etc., tiveram a vantagem de ver suas tarifas corrigidas pelos índices
vigentes, eliminando a descapitalização que vinham sofrendo, facilmente
perceptível pela declinante qualidade dos serviços prestados e pelo baixo
nível de seus funcionários.
 Como as correções dos preços e dos custos das empresas passaram a ser
automáticas e realistas, os assalariados, sobre quem recai esses preços,
acabam sendo prejudicados, já que as empresas conseguem aumentar
os preços muito mais rapidamente do que os trabalhadores sobem seus
salários.

A ORTN foi abolida em 27-fev-86 (Dec-Lei 2.283), juntamente com a


desindexação geral da economia, e substituída pela OTN, com reajustes anuais.
Depois veio a BTN e a TR.

CÂMBIO

INTRODUÇÃO

Neste trabalho apresentamos os tipos de câmbio e suas variações


cambiais, no qual verificamos a importância do câmbio, assim como as
taxas cambiais.

No contexto global, com o intuito de esclarecer seus principais aspectos,


o conceito de câmbio e suas variações, o efeito do câmbio no mercado,
quando e como empregá-los e a reação do mercado.

CÂMBIO

Câmbio significa uma operação de troca ou compra da moeda de um


país por outra de outro país. Assim, câmbio nada mais é do que a
conversão de uma moeda em outra, e por extensão designa o preço
pelo qual é adquirida a moeda estrangeira.

Outros conceitos de câmbio:

 Operação pelo qual se efetua a troca de moedas, letras notas de


banco, etc. entre praças do mesmo país ou de países diferentes;
alienação de divisas estrangeira.
 Ato pelo qual moeda estrangeira é transportada de país diverso
para aquele onde tem curso por meio de um titulo cambial,
evitando o transporte material da moeda desejada em carta praça.
Trata-se da conversão de determinada moeda em outra que não
seja nacional.
 Diferença de preço na troca da moeda de uma nação pela de
outra.
 Taxa cambial fixada para a aquisição ou permuta da moeda
estrangeira.

TIPOS DE CÂMBIO

Câmbio Abaixo do Par - É o relativo ao Estado prejudicado, quando


houver diferença de valor entre moedas de duas nações.

Câmbio Acima do Par - Trata-se do atinente ao país favorecido, se


houver diferença de valor entre as moedas de dois países.

Câmbio ao Par - Câmbio igual entre as diferentes nações. Se o valor


da moeda de um país é idêntico ao da de outro, não havendo alguma
entre elas, o ágio não será cobrado pelo cedente.

Câmbio Cinzento - Operação de câmbio semilibereda, ou seja, em


parte sujeita ao câmbio oficial e em parte feita com base no preço da
cotação das cambiais nas grandes praças mercantis.

Câmbio Comum - Direito cambiário. Troca de moedas diversas no


mesmo instante, com execução imediata do contrato de câmbio, não
garante, pois, deveres ou direitos. Realza-se pela simples entraga de
papel-moeda, moedas ou travelles checks no local (banco ou casa de
câmbio em que se dá a operação, concretizando-se, de imediato, as
obrigações de ambas as partes, ocorrendo a troca física de uma moeda
por outra. Essa operação cambial comum ou manual é muito utilizada
por turistas que se deslocam para o exterior. O contrato se câmbio
manual, comum, real ou miúdo : não se confunde com o mercado de
câmbio (câmbio negro), por ser atividades legal exercida por entidades
devidamente autorizadas a operar nesse mercado. Trata-se da troca de
moedas diversas, de mão em mão, entre o de cambista e o público, que
se opera de imediato.

Câmbio Direto - Diterito camiário. Operação cambial que se realiza


diretamente entre duas praças, obtendo-se de modo direto a moeda
estrangeira da praça onde ela está em curso para a qual a remessa é
feita. Não há qualquer intermediação de uma praça.

Câmbio do novo saque - Direito cambial. Recâmbio, isto é, devolução


de letra de câmbio não paga ou não aceita.

Câmbio Escritural - Vide Câmbio Trajectício.


Câmbio Exterior ou Externo - Direito cambial e direito internacional
privado. Operação cambial que se efetiva entre praças de países
diversos.

Câmbio Indireto - Derito cambiário. Operação de câmbio realizada


entre duas praças por intermédio de uma outra, em razão de
peculiaridades do câmbio ou de vantagens entre as partes contratantes.
Assim sendo, adquire-se a moeda na terceira praça para ser paga em
outra.

Câmbio Interno - Direito cambiário, Operação cambial entre praças de


um mesmo país e, portanto, da mesma moeda.

Câmbio Livre - Direito cambiário. Operação de câmbio regida pela lei


da oferta e da procura, sujeitando-se apenas às normas legais. A taxa
cambial é determinada pelo mercado, ou melhor, pela interação da
oferta e da procura da moeda estrangeira, não de submetendo à
cotação oficial imposta pelo Poder Público.

Câmbio Manual - Vide Câmbio Comum.

Câmbio Marítimo - Direito comercial. Também chamado de


"empréstimo a risco", consiste no contrato pelo qual o dador estipula ao
tomador um prêmio certo e determinado por preço dos riscos de mar
que toma sobre si. Ficando com hipoteca especial ao objeto sobre o qual
recai o empréstimo e sujeitando-se a perder capital e prêmio se o
referido objeto vier a parecer por efeito dos riscos tomados no tempo
local convencionados. Para a configuração dessa modalidade contratual
é preciso que haja: a) entrega de guantia pecuniária ou de coisas pelo
prestador ou dador (capitalista ou banco) ao prestamista (explorador do
navio ou capitão); b) pagamento de uma retriluição fixa ou de um
prêmio convencionado, designado câmbio; c) estabelecimento de
garantias reais; e d) viagem marítima ou fluvial em que se coloquem em
risco os efeitos.

Câmbio Marítimo Necessário - Direito comercial. Contrato de câmbio


marítimo celebrado pelo comandante de um navio durante a viagem,
porque, estando longe dos portos, seria o único modo de obter o
dinheiro necessário.

Câmbio Marítimo Voluntário - Direito comercial. Contrato de câmbio


marítimo contraído antes da viagem por opção do armador, que no
porto de partida poderia ter recorrido a outros meios.
Câmbio Miúdo - Vide Câmbio Comum.

Câmbio Mulatinho - Direito cambiário. Operação cambial clandestina


feita pelo importador nacional que consiste em aumentar nas
declarações, para obter câmbio, a quantidade e o valor da exportação, a
fim de que, ao receber a cambial, o exportador estrangeiro resitua-lhe a
diferença, possibilitando-lhe operar a revenda dessa moeda vinda de
retorno por um preço maior. Com isso, majorada a fatura, o importador
paga para receber de volta as moedas adquiridas em excesso.

Câmbio Negro - 1. Direito cambiário e direito internacional privado. a)


Compra e venda clandestina de moedas ou de algum artigo que esteja
em falta no mercado, ou cujo comércio esteja vedado, ou com preço
acima do normal; b) operação ilícita, com ágio acima de taxa oficial,
realizada pelo exportador nacional, que em regra, tira cambial para
cobrir apenas parte da fatura reservando a outra para recedê-la
diretamente do importador estrangeiro. Assim, o exportador vem a
sonegar parte do valor da moeda estrangeira correspondente ao valor
da exportação, a fim de receber por fora a diferença. 2. Direito penal.
Operação de compra e venda de mercadorias tabeladas por preço
superior ao da cotação oficial, o que constitui crime comntra a economia
popular.

Câmbio Oficial - Direito cambiário. Taxa de convensão entre moeda


estabelecida pela autoridade pública campetente e relacionada à moeda
em curso num país. Trata-se do câmbio realizado com base na cotação
fixada pelo Poder Público.

Câmbio Paralelo - Vide Negro.

Câmbio Real - Vide Câmbio Comum.

Câmbio Sacado - Vide Câmbio Trajectício.

Câmbio Trajectício - Direito cambiário e direito internacional privado.


Operação cambial efetivada em praça diferentes por meio de contrato
de câmbio e emissão de letra de câmbio. Tal câmbio é adquirido para
remessa simbólica da moeda ao exterior. Trata-se do câmbio bancário
feito por cambiais representativas de uma obrigação assumida numa
praça para ser cumprida em outra. A operação de câmbio sacado,
trajectício ou escritural destina-se à exportação e importação hipóteses
em que o banco venderá a seus clientes nacionais somas descontadas
sobre seus haveres no estrangeiro. Só pode ser realizada tal operação
por banco autorizado e fiscalizado palo Banco Central. Essa operação
processa-se-á mediante cheque e resumir-se-á na aquisição e venda de
crádito documentário, ordem de pagamento ou letra de câmbio pagável
no exterior, ticando a cotação da cambial subordinada à lei da oferta e
da procura, embora em certos casos o governo intervenha diretamente
na política cambiária, determinando a operação que pode ser feita em
taxa oficial e a que deve seguir o câmbio livre, decorrente de convenção
entre as partes. O câmbio trajectício ou sacado envolve: a) operações
cambiais financeiras, que não se referem à exportação e à importação,
por serem relativas aos ingrassos e saídas de capitais estrangeiros,
envolvendo remessas para o exterior para manter bolsistas,
amortizações ou pagamentos de em préstimos, juros, dividendos,
rovalties, direitos autorais, assistência tácnica, viagens internacionais e
donativos; e b) operações comerciais alusivas ao comércio exterior,
envolvendo exportação e importação de mercadorias e serviços
correlatos de fretes e seguros.

APLICAÇÕES

O câmbio é aplicado em transações comerciais internacionais, nas


operações financeiras entre duas praças diferentes, na compra e venda
de moeda, para viagens internacionais (para estradas, compras, uso
pessoal, etc.), para aplicações financeiras, investimentos estrangeiros
no país, para empréstimos a residentes sujeitos no BC, pagamentos de
serviços e outras diversas operações.

Na aplicação financeiras, existe uma grande diversidade de


investimentos, que tem suas carteiras de rendimentos atrasadas ao
câmbio, e uma grande gama de ações cambiais, que são diariamente
negociadas no mercado.

Planos Econômicos Brasileiros

RESUMO

A história econômica brasileira possui como uma de suas principais


características as altas taxas de inflação e os constantes planos
econômico.
A década de 80 marca um período singular. Altíssimas taxas de inflação
atreladas a alto nível de endividamento externo caracterizam este
período como a década perdida. Três planos de estabilização e duas
reformas monetárias sinalizam que a luta contra o "dragão da inflação"
foi perdida.

Já na década de 90, novos planos surgiram. Choques repentinos na


economia, feriados bancários, "confiscos" de ativos financiamentos, não
conseguiram deter a inflação.

O ano de 1994 marca uma guinada de rumo no combate a inflação. È


indiscutível a estabilização monetária efetuada pelo plano real, mas o
custo desta estabilização foi muito alto. A explosão das dívidas interna e
externa, altas taxas de desemprego e os ataques especulativos ao real
evidenciam que em determinados aspectos o plano real é muito
deficiente.

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