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O capitalismo e a transformacao do espaco geografico Tépicos do capitulo » Capitalismo DCC) Deer uC ely OCCU Si Tete ee eee Wetale (tale lM ET Nl Meal Hegemenice:repondeant, © espaco a nossa volta encontra-se permanentemente em mutacéo, € 2 50 predominate ciedade a maior responsavel por isso. Nos iltimos séculos, essa alteracéo foi Liberals: inci vrtente conduzida, principalmente, pelo capitalismo, o sistema hegeménico dos dias Xi Detendeamaxmaleerdade | — atvais. Logo, para compreendermos melhor o mundo a nossa volta, precisamos a Cao ee ter nocao desse sistema econdmico. Vamos, portanto, entender como ocorre: surgimento e suas caracteristicas Produgao desse espaco. mas agente Prego: Montane em moeda i. i Cone ur eared se > 1.1 Caracteristicas gerais Sevan cqpwartcerceae © capitalism basea-se na economia de mercado, conceito-chave para su8 pecidesqveotentamomercde, | compreensdo desde que o liberalismo se firmou como principal dimensao do sistema. Vamos refletir entao sobre 0 que € mercado. Comecemos pela ideia mais usual que temos de mercado, aquela que imediatamente surge quando ouvimos tal palavra. Observe a fotografia abaixo ‘Adela teérica de mercado, ssuposto da teoria de mercado provém de uma ideia simy recaps proven Opressup D ples, uma vez que ‘oce0 usual de um mercado, 6 nos mercados e feiras ies que se compram os produtos bésicos do cotidiano. ema fa Bee, Na ftoaraio, Devemos atentar para a expresso "comprar", caracterstica inerente ao capitalismo, Ferrero ah pois, desde que o sistema surgiu, a troca, pratica usual até entao, foi gradativamen. te tornando-se secundaria, No mercado, 0 consumidor opta pela compra de um determinado bem e, caso nfo concorde com 0 preco, pode escolher outro género ‘ou procurar 0 mesmo produto por um prego menor em outras lojas. Estabelece-se entgo uma livre concorréncia entre os vendedores que disputam 0 comprador. Concluios, portanto, que o mercado & 0 palco da disputa, ou seja, da liberdade ue t8m os vendedores (os capitalistas) de disputar o mercado estipulando o preco de suas mercadorias. Determina-se assim a lei de oferta e procura. Dessalei da live concorréncia surge a expressdo liberal, defensor das leis de mercado, Portanto, mercado é a esfera da live concorréncia, e © condutor do modelo é © prego. Esse mecanismo sociceconémico orienta a maior parte das economias na- ionais nos dias de hoje. Desde os uitimos anos do século XX, assiste-se no mundo 2 uma forte apologia da ideia de mercado, Paradoxalmente, nao so poucos os que discordam do modelo e alertam para os perigos de uma socedade pautada exclusi vamente nessas ideias. Anunciam que o mercado nao deve tomar conta de todas as relagbes sociais, culturais ou ambientas, Seré que tudo deve ser regido pelas leis do mercado? Nao seria possivelisentar algumas relagbes do comando do mercado? ‘ 30 ViIgitallZduO COIN vari Quando tratamos de preco, mencionamos que ele atribui um valor 2. UM [Teoria do valor: Teoria segundo determinado produto. Contudo, nem sempre 0 prego de uma mercadoria | aqua! ovalor de uma mercadoria representa exatamente 0 quanto ela vale. Entre os economistas é famosa a | ¢meddodeacordocom teoria do valor, contexto em que se discute quanto deveria valer um produto. | para produc. Sabernos que nenhum capitalsta vende determinado produto pelo seu custo de producdo. Ele sempre acrescenta algo mais, e & por meio desse mecanismo PPI eS FTF ERED que se estabelece um sobreganho, conjuntura em que o capitalista tenta, en- to, obter seu lucro. Lucro & exatamente esse sobreganho, um valor agregado | Surguesinha, Seu forge. a0 custo da produco de um determinado género. E sera exatarnente 0 nivel | disco. Universal, 2008. de concorréncia que iré determinar de quanto sera esse valor agregado. A ori- | Pauta: Capitalismo. gem etimolégica da palavra “lucro” vem do latim Jogro, que significa trapaca, 8 engano. Quando essa pratica comecou a ser utiizada nos primérdios do capita- Hi lismo, muitos refutavam o termo por conta da conotacao pejorativa. Contudo, E nos dias atuais essa palavra ganhou outro sentido e deve ser concebida numa a acepgao mais ampla, por exemplo, o rendimento ganho perante o montante a investido na producao de um bem ou servico. Todo capitalista, por definicao, tem como objetivo reproduzir e acumular ca- | Manona porta do bar, pital. Se ele nao o fizer, estard fadado ao fracasso. Logo, seu objetivo é vender bacon for Album: mals e mais e, consequentemente, lucrar. Para aumentar as vendas, ele langa Fale owe Records, 1995. mao de métodos que estimulam 0 comprador a consumir, ou seja, a economia | payta: apitalismo e desigualda- de mercado produz uma sociedade de consumo. consumismo é uma carac- de social. teristica intrinseca ao capitalismo e esta muito presente nas sociedades indus- triais do mundo contemporaneo. Os shopping centers, como o da fotografia a seguir, considerados “templos de consumo*/tornaram-se o ponto de encontro da sociedade capitalist. Tal consumismo desenfreado pode ser extremamente danoso ao ambiente. Contudo, como estudaremos mais adiante, o advento da consciéncia ambiental no Ultimo quartel do século XX veio por uma espécie de freio ao consumismo exacerbado. ‘Shopping center em Nova York, Estados Unidos, 201 VIQIlLallZdUuOV COIN Vall Outro pilar bésico do capitalsmo diz respeito aos meios de producéo. Eixo central para a compreensdo do sistema, esse conceito marxista talvez seja 0 mais expressivo da esséncia do capitalismo, aquele que diferencia substancial- mente os sistemas capitalista e socialista, Por meios de producao, entende-se tudo aquilo que esteja envolvido no pro- ‘cesso produtivo de um bem, uma mercadoria ou um servico. Sao as ferramentas, 0 instrumental técnico, as instalacdes, as mAquinas, entre outros. Hoje em dia, ten Quardadas as devidas proporcdes, pademos afirmar que as tecnologias transfor- Homem ata, Titas. Maram-se em meios de producao. cone Gabeca dinossauro, O que faz a diferenca clissica entre capitalismo e socialismo é exatamente a paula Canteen forma de apropriacao dos meios de producao. No capitalism, hé um proprie- tario, um dono. A ele pertencem as ferramentas, as maquinas, os ingredientes técnicos e, consequentemente, o poder de encaminhar as situacées. Finalmente, com base na compreensio da nogao de meios de producao, te- mos a Ultima pilastra de sustentacéo do sistema capitaista: a sociedade de lasses. O capitalismo apresenta, teoricamente, duas classes sociais distintas: a que tem a posse dos meios de produgdo, chamada burguesia, e aquela que, nao tendo a posse dos meios de producdo, vende sua forca produtiva, sua mao de obra, 20 dono do capital em troca de um salario - 0 proletariado, ssas s80 a5 caracteristicas classicas do capitalismo. Obviamente que nos dias atuais o sistema é mais amplo e complexo do que se imagina, mas se entendermos as definiges até aqui, teremos uma base inicial para a compre- ensdo desse sistema. farxista: Derive de maximo, Conjunto de ideas e valores formulas com Base nos trabalhos de Karl Marx (1818-1883), fl6sofo ‘alemio do steule XK crador do socials cientiic, que estudareros adiante, neste capitulo, Goad Warr se 18 ‘Os meios de producio formam a base técnica do desenvolvimento de uma sociedade, Na fotografia linha de montagem de televisores em fbrica na Zona Franca de Manaus (AM), 2014 32 itanzaue com Valmocanner | ___ Vocé deve ter percebido que no transcorrer do texto destacamos algumas expres- bes em negrto Eas s8o pecas-chave nalltura do sstema, Logo, podemos amar | que o capitalsmo & 0 sistema fundamentado numa economia de mercado em que | por meio da livre concorréncia, 0 proprietirio dos meios de producio busca vender 0 ___ fs possivel de seus produosvsando ao ler Para alcanga linet, esr [ase 0 consumo; logo, a sociedad captalstaproduz uma sociedade de consumo, |__ 0 sstema caracterizase pela posse privada dos meios de produsso estabelecendo, | partr dal, uma sociedade de classes: a que tem a posse dos meias de producdo ___denomina-se burguesia, e aquela que vende sua forca produtiva, proletariado. ee mn (3) eee ono 0 personagem Cabin, deal Veen, Jem Calin, de por ei do maison que todos oregon dnt de ns, um ritico sutil do sistema capitaista, Ele deu vida ao seu ti Hs r ‘i as mais RSeRoaniiaew hin Onin ee ee [eu NRO StI 0 Que E PIR... Seirneco, ou aux 0 mReCO 0 gc Pe SETA SEMPRE TRO. ing Sc eu aoReni uma cosa | AUNT 0 PREGO Bam A Aone Guccasn in | “ENO HAGE BCROUCN ASPESSOMS Fumo GALeR 7 Water atoy a Ue (Glin & Hobbes, il Wateson ‘= Qual 2 mensagem do autor da tira sobre o capitalism? Nela é possvel observar alguma importancia aos valores éticos na ‘estruturacdo politica das sociedades? Quel a contribuicao de uma mensagem como essa para o cotidiano da sociedade? As etapas do/capitalismo (0 surgimento do capitalismo ¢ simultaneo a desintegracio do feudalismo [ Feadatismo: arma de wgpniacio que o antecedeu. A transigdo entre esses dois sistemas se deu entre os sécu- | pols ecntmia esc los Xill e XV. € mais aceito entre os historiadores considerar 0 surgimento do ee ee capitalismo a partir do século XV, ja que nao existe uma data precisa de seu ‘eseentraizadoe Uma sociedate surgimento. Portanto, ocapitalismo tem aproximadamente seis séculos de exis- | Saperolbasadeem us orden tencia e durante esse period apresentou diversas faces. Vamnos entender essas | itanes atest peqcros comers e cmponeses. varias etapas do capitalismo. ‘As extensaspropridades que tal i ‘eect of > 2.1 O mercantilismo ou capitalismo comercia eee Gano] Na segunda metade do século XV, a Europa assistiu a um forte desenvol- | Sesmcreremresimede vimento das cidades e do comércio, que levou a expansdo ultramarina. As relacdes comerciais deixaram de pautar-se por uma escala regional e, por meio das Grandes Navegac6es, passaram para a escala global, abrangendo, entao, quatro continentes: Europa, América, Asia e Africa, ampliando, assim, 0 hori- zonte geografico. © que motivou tal processo foi a descoberta de um novo caminho para as Indias, em 1498, pelo navegador portugues Vasco da Gama, ao contornar a costa atlantica do continente africano, quebrando a hegemonia dos italianos, que con- ‘trolavam 0 comércio no mar Mediterraneo. Observe o mapa na pagina seguinte. DIGIT ZATIO COM Cam Aerpansio vtramrina, 3 partir do final do teulo 24, ‘ : ca porsibiton td a amplagio z en do honaome i a i Si geouratien hee i europea eo endes a2 ane desenolvinento Sites Coren | dacartogratia romernaae ~omundo = beeen) e Pelee globalzavase | * = Ercan tata ents: ARRUDA, Jos oto de Ail istic tia SS Paso Abc, 2001p. 19. Com aula Os paises que estiveram a frente das Grandes Navegacoes e que conquista- ‘am vastos territérios mundo afora foram Espanha, Portugal, Inglaterra, Holanda e Franca Essa verdadeira revolucdo comercial iniciou uma nova etapa do comércio mun- dial e anunciou a era das colonizacoes na América, Asia e Africa, que passaram a ser exploradas e a fornecer matérias-primas para o desenvolvimento europeu, es- pecialmente metais preciosos, como ouro e prata. A classe que mais se beneficiou dessa expansio comercial foi a dos mercadores, ou seja, a burguesia mercanti Nesse contexto, surge a primeira Divisdo Internacional do Trabalho (DIT), fem que as colénias enviavam matérias-primas para suas metrépoles em troca de produtos manufaturados. A dinamizacao do comércio mundial era regida e As revolucdes burguesas, de Paulo Mice 22 od. controlada pelo Estado, que se tornou aliado da emergente burquesia mercantil Sao Paulo: Atual, 2005. Essa 6a etapa inaugural do capitalismo, num momento em que o rei ea burgue- Explica as principaisrevlugbes sia uniam para promover o desenvolvimento comercial esepultar os resquicios bburguesas que engendraram 0 feudais ainda vigentes. Consolidava-se o capitalismo comercial ou mercan sistema capitaista ____lismo, que vigorou até o século XVI. Essa etapa mercantlsta, que consolidou a desintegracéo do feudalismo, coin- cidiu com a formacgo dos Estados Naclonais O Estado esteve a frente nessa face inicial do capitaismo defendendo 0 acumulo de metais (metalismo) como forma de enriquecimento, 0 protecionismo, 0 estimulo ao comércio exterior e 0 salto favorével nas trocas comercais, ou seja, a participacéo estatal e o controle direto da economia. 0 centralismo estatal era considerado indispensével para alcance dos mercados mundiais. > 2.2 O capitalismo industrial grande diferencial trazido pelo capitalismo industrial foi a tran: do processo produtive motivado pelas novas técnicas, oriundas da Industrial, ocorrida na Europa na segunda metade do século XVII, Aaiease eas A Inglaterra foi o berco da Revolucdo Industial, entre outros fatores, em razso ‘produtos importacos por meio da de transagées que levaram ao actimulo de ouro e prata no periodo colonial e tam. doco de as tors 9importacéo. | bém de suas reservas minerais, especialmente o carvao. Essa foi uma verdadeita ae aeereiressegex | feNOlUGSO na acepcao da palavra, pois alterou profundamente o modo de pensar 1a Inglaterra ecaracterizou-s por t Gina tensa sergio na proceso | do homem do século XVII e dos que se seguiram, redimensionando a nocd de pro, sino do etap tempo e espaco. O que era cistante tornou-se proximo; que era lento, Agi Saem fmanufatura, quando 0 trabalho sformacao Revolucéo fra manwal, e adentrando a da as caravelas, entram os navios a vapor; saem as carrocas, entram as locomotivas; maquinofatura, com o advento ‘saem as comunicac6es rudimentares, entra 0 telégrafo. O espaco geogratico passa das maquinas ‘ase transformar numa velocidade impressionante. 34 gitar Ze COT VIN 145 Gna, Cog irk ta AKG apes A nova dinamica, trazida pela revolucéo técnica no processo produtivo, veio redimensionar igualmente a economia de mercado. Os valores do mercantilismo, que conclamava a presenca do Estado na economia, foram questionados e lanca- dos por terra, Uma nova doutrina econdmica capitalista surgiu para desbancar 0 ‘mercantilismo. Ela apregoava total iberdade a concorréncia sem a interferéncia do Estado. O principal idedlogo dessa nova leitura do capitalismo foi o economista inglés Adarn Smith (1723-1790), que expds suas ideias no classico A riqueza das Nagdes, de 1776, Smith acreditava que o mundo seria melhor e mais racional se a livre iniciativa e a individualidade nao fossem interceptadas por requlacées estatais. Para ele, por meio da competicio, o mercado torna-se autorregulavel e regido por uma espécie de “mao invisivel”, Os principais valores liberais sao: + Apologia as liberdades individuais. + Presenca minima do Estado. * Defesa da propriedade privada, + Estimulo 4 competicao entre as empresas sem a intervengao do Estado. ‘* Os mais aptos a economia de mercado se sobressaem, © primeiro pats a assistir 3 revolucao técnica e 30 capitalismo industrial foi a Inglaterra, particularmente no setor téxtil, que experimentou as primeiras ino- vagdes tecnolégicas nas maquinas de tear. Em seguida, a producao de ferro e de carvao de coque levou 20 surgimento da siderurgia (produgao de aco). A invencao de locomotivas e navios a vapor traria nova dinamica as comunicagbes, maior agilidade, maior rapidez; o mundo nunca mais seria 0 mesmo: nascia, assim, a "sociedade industrial”. Observe as imagens a seguir, A rriqueza das nacdes, de Adam ‘Smith, 2. ed. $30 Paulo: WMF Martins Fontes, 2012. 2v. Obra fundamental do liperalisma econdmico. Smith explicita as ideias basicas dessa doutrina, como o fim da interferéncia do Estado na economia e a iberdade individual, econdmica e social {As maquinas de tear foram a primeiras 8 serem incorporadas 3 producéo do século XVI; num segundo momento, veram a§ locomotivas a vapor. Em cima, industria de tecido, 1835. Embaixo, trem ligando a cidades de Londres e Birmingham, 1845. ViyitallZauo Corn Lain Na sequéncia dessa fase industrial e da consolidagao do liberalismo, outros is 6 10 Estados Unidos, (© capital, Diregior Costa- paises atingiram suas respectivas revolucoes industriais, com ee -Gavras. Franga, 2012. Franca, Itélia, Alemanha e Japao, num movimento que se convencionou desig Filme sobre 0 universo do de Segunda Revoluco Industrial, j4 em meados do século XIX. Na sequéncia, capitalism financeiro e a logica ddo mercado se sobrepondo aos interesses socials. © capitalismo adentrou uma terceira etapa. > 2.3 O capitalismo financeiro Historicamente, considera-se a etapa financeira do capitalismo 0 periodo de intensas fusdes entre o setor bancario e o industrial ao longo do século XIX, apos a Segunda Revolucao Industrial. a época de forte concentragao de capitais eo surgimento de gigantescos conglomerados empresariais. Nessa terceira etapa, © sistema capitalista passou por uma aceleragdo na reproducao do capital. A Europa nao dava mais conta das necessidades do capitalismo, que precisava se expandir em busca de novos mercados, novas fontes de matérias-primas € mao de obra. Isso ocorreu nas titimas décadas do século XIX, anunciando 0 auge do imperialismo. Podemos considerar 0 4pice dessa fase imperialista a Conferéncia de Berlim, em 1885, na qual foi acordada a “Partilha da Africa”, proceso no qual as poténcias europeias dividiram o continente afficano entre si. Quem mais se beneficiou dessa nova ordem foram Reino Unido e Franca, as duas principals potencias da época, apropriando-se de grande parte da Africa e da Asia (observe o mapa a seguir). Potendas eurepeics nove reas, | COMtUdO, palses que chegaram tardiamente & partilha colonial no aceitaram essa Fine Cosa Gi 3p Fang 207 fspecialmente na Africa ena Asia, | divis8o, casos de Alemanha e Italia, que tiveram unificaggo tardia, submetendo 0s povos locas 20s Configurou-se uma acirrada disputa por novas terras que levaria & eclosao da Ha outies nterpretocoes pare Primeira Guerra Mundial (1914-1918), motivada, principalmente, pelo revanchis- “imperialismo", mas essa &3 4 mo alemao. Na Alemanha, ganhavam forca nos circulos do poder as ideias do ee at vitica: | 9¢09'Afo Friedrich Ratzel (1844-1904), cuja nogéo de espaco vital foi utilizada Resecinartenteramsecempode | para justificar 0 expansionismo germanico. Suas ideias fundaram as bases da ‘estudo igados & Geosrafia geografia politica e da geopolitica. PACIFICO Font: ARRUDA, José Jobson de A Atlas histricobsico, So Fala: Aca, 201.19. 36 sui Gain © desenvolvimento das empresas e dos paises europeus (e num segundo momento, dos Estados Unidos 3 he sates Unis) prvecou a amplagio do a0 de G80 0 CP wat set pode cable ‘alsmo, originando os chamados paises imperialistas, financeira e militarmente | pirecaor Oliver Stone. Estados poderosos, locaizados essencialmente na Europa, ¢ 0s patses subordinados, lo- | Unidos, 1987. calizados na Africa, na Asia e na América Latina, O filme discorre sobre os sires do mercaco de ‘Ao contraio do que pregou 0 liberalismo classico do século XVII o que ocor- | Pesliefes te Pete ee reu foi um forte desenvohimento de apenas algumas empresas endo uma dispu- | eaactesticanerente 20 ta equilibrada entre todas. Essa fase concentradora do capital financeiro passou | CePtalsmo finance. a orientar, além de todas as economias nacionais europeias, também o panora- ‘ma internacional, trazendo novos contornos ao capitalismo, que iam na diregéo rn contréria aos postulados liberais. Tais caracteristicas incrementadas na transicao AVY ASV Ty -0 do século Xix para o XX estendem-se até os dias de hoje. E a partir do capitalismo financeiro que os bancos assumem a vanguarda do de- Lh TSE senvolvimento capitalista, financiando e até mesmo absorvendo as indlistria; em ou- ‘ros casos as industrias passam a ter seus proprios bancos. Nesse momento, inicio do século XX, @ maioria das grandes empresas abriu seu capital, negociando as acbes Junto as bolsas de valores, recurso cada vez mais frequente no desenvolvimento do @pitalismo. Foi um momento de proliferagéo das “sociedades por acoes” que sur- iam das negociacbes de acdes, ou seja, da prolferaco de acionistas que passaram a | tucker: um homem e seu Fie re il See pot cbc. Participar como sécios das grandes empresas. Leia o texto sobre esse periodo e logo | sonho. Direcdo: Francis a seguir veja 0 infografico sobre algumas caracteristicas do capitalismo financeiro. Saeco ceneeaes Com bac em uma hist el, RONEz= EME | Sine chodsermonpsie de Indra automebistie nos Concentragdo bancaria: apogeu do capitalismo ___| Estados Unis. I doncontrapd baci dete como consequinia ata ail que ve rificava nos demais setores de negécics. ‘Na Gra-Bretanha, por exemplo, cinco importantes bancos pessaram adominar a ‘maior parte das transagées financeiras. Eram eles o Midland Bank, Lioyds Bank, o ‘Barclays Bank, o Westminster Bank e o National Provincial Bank. A répida concen- tragao bancéria que se efetuou entre 1890 ¢ 1918 deu origem um medo do “truste do dinheiro", como se dizia, fazendo com que o governo nomeasse ta comissa0 para estudar as fusdes entre os estabelecimentos de crédito. 1 ‘Os quatro banoos mais importantes da Franca eram o Crédit Lyonnais, o Comptoir — ‘National d'Escompte de Paris, o Société Générale © o Crédit Industriel et Commercial, que mantinham relagdes com aindiistra, oferecendo‘e investimentos..J. (0s principals estabelecimentas de crédito, na Alemanh, foram organizados como objetivo precipuo de finandiar as indiistras,resultando dat relagbes mais intimas entre fles e a$ empresas industrais. Os quatro maiores eram conhecidos como os quatro 'D, em docorténcia de seus nomes comegarem com a letra D; DiscontoGellschaft Bank, ‘Darmstaedter Bank, Deutsche Bank e Dresdner Bank |. Omtimero de bancns alemies desenvolveu-se bastante, pois, e 92 que eram em 1690, elevaramse para 118 em 1900, fatingindo a 166 em 1912, a passo que sous depésites se desdobrarann em milndes de rarens, de 1291 para 2291 e 9496, respectivamente, nos anos antes mencionados. Mas, como suas relagdes eram muito estritas com as indistrias, dese uma fusdo de tnte- resses e paiticipagées nas diregbes. ..| Dessa forma, so realizava uma “unido pessoal" entre os bancos eas mais importants empreses nfs com a june de interes. ses, dando a ambos forga que antes, separadamente, nao possuiam ‘Chegamos por este meio a “constiuigao das oligarquias financeiras” trav ia formagao do capital inanceiro, que resulta [.] da jungdo do capital bancério com 0. capital industrial. O capital financeiro ¢ 0 capital que se encontra & disposi¢do dos bbancos © é utilizado pelos industrais. i : ‘No dominio internacional, esta nova fungto dos banoos so raduaiu em} * Que paraleo posse fazer entre o texto ea fusdo de bancos ocorida noe sites anos? D8 exemplos. 37 VIQILallZdUOV COI Udall Este infogratico mostra a historia de empresas ficticias, inicalmente concorrentes, que depois se associam para dominar o mercado, Dessa maneira, vocé podera compreer melhor como ocorre a concentracao de capital nas maos de poucas empresas Em um municipio, Com o tempo, 05 a pizzaria A possuia > negctosprosperaram is dos oito ea para to ‘Suteemencs —(/, oC atayegs)\ Apia pou dogtero Asuras | 18 ce 5) ) Bee es ‘empresas eram \§ J enquant ia as pizzarias Be C. Se / aumentou para oto & ° Cainer Ni wT a pizzaria C abriu mais AA, portanto, detinha == umponto, em um total ‘o monopélio da pizza de 20 pizzarias na cidade. naquele municipio. Nesse caso, ocorreu um oligopéli pols duas empresas dominavam praticamente todo o mercado de pizza do municipio. Vendo a situagao, 0 dono da rede atacadista D props 2 dona da pizzaria B que comprasse apenas em sua empresa os insumos usados nas pizzarias, obtendo em. ‘roca precos menores, O acordo fol realizado desde ue a tede D no vendesse para as pizzarias A e C Com o capital excedente, a dona da pizzaria Bcomprou a pizzatia Ce acabou dividindo ‘o mercado com apizzaria A. ‘A dona da pizaria B e o da rede atacacista D juntaram seus negécios fundaram a empresa E, Eles passaram a vender produts all ee eee ‘empresas se unem para abriram outros restaurantes. Essa pr controlar o maximo Cee meted eda comercializacao de um setor, Com o tempo, Vendo a situacao, a empresa E ‘-dono do grupo passouadeter F composto de 70% do comércio / fébricas de bebidas e de alimentos de petiscos, comprou no municipio a empresa E. O grupo F se tornou uma holding, empresa que controla, gerencia administra todas as outras O crescimento do grupo F se tomou estrondoso, controlando 95% do mercado de pizzarias, restaurantes e bebidas do pals. Com o lucro obtido, foram adquiridas uma transportadora, uma rede hoteleira € uma empresa de advocacia. 0 grupo F se torau um conglomerado, situaco em que um conjunto de empresas ‘do mesmo grupo se faz presente nos mais variados segmentos da economia mean Teena ns “= PeTISCOS Nat ETE 4. Revise 0 assunto e cite ao menos dois conceitos ou passagens do capitulo que possam ser plicados na situagdo das pizzarias e que levem a ideia de concentragao de capital. 2, Discuta com seus colegas e tentem exemplificar no capitalismo brasileiro alguma situaga0 similar ao exemplo mostrado no infogrifico, ‘Aclasse operatia vai ao paraiso. Direcao: Elio Petri Italia, 1971, Classico da flmogratia politica, aborda a organizacao da classe trabalhadora e exalta a opcs0 pea te trés séculos aps 0 advento do capitalismo, surgiria um e contrario a ele: 0 socialismo. Oriundo da classe peréria europeia no século XIX, 0 sociaismo brotou das cor 10 em que a classe trabalhadora est 0 modelo alternati simas condicdes de trabalho no periodo pés-Revolucao Industrial. A opres- so do trabalhador perante as maquinas foi mostrada de forma bem-humora: da no filme Tempos modernos (veja 2 fotografia abaixo). ena do filme Tempos modernos, sie Chat Chaplin, 1936, > 3.1 O que é soc ‘A principal caracteristica do socialismo, e 2 que melhor o diferencia do capitalismo, est vinculada ao controle dos meios de producao. Ao contrario do sistema da economia de mercado, no socialismo os meios de producéo cumprem uma funcéo social, coletiva. A finalidade central do socialismo, portanto, nao é a busca do lucro e, por isso, no deve haver um proprietario dos meios de pro- duco, que devem pertencer a coletividade sob 0 controle do Estado. Logo, é 0 Estado o agente hegeménico do sistema, ao contrario do que ocorre no capita- lismo, em que essa fungo cumprida pela burguesia Nao havendo a posse privada dos meios de producéo, desaparece a ima- gem do “dono” (0 burgués) e, assim, em tese, nao haveria diferenca de classes sociais entre burgueses e proletarios (os trabalhadores), ou seja, a sociedade se tornaria igualitaria, Essas so as caracteristicas elementares do socialismo, que orientou muitos movimentos populares e revolucdes, sobretudo na primeira metade do século XX, e que segue norteando diversos movimentos e partidos politicos nos dias atuais. $$ pignanzado com Lam > 3.2 Or ne deser i social © socialismo € produto das contradigées sociais verificadas na Europa do século XIX. Logo, sua origem deve ser identificada, essencialmente, como uma decorréncia da sociedade industrial Foram Karl Marx (1818-1883) e Friedrich Engels (1820-1895), pensadores alemaes, que formularam uma doutrina politica, social e econémica, denomi- nada “socialismo cientifico”, sobre o tipo de sociedade que deveria advir de uma revolugao proletaria que pusesse fim opressao aos trabalhadores. Eles no foram os primeiros a falar em socialismo; isso coube aos humanistas Robert Owen, Saint-Simon e Charles Fourier, na primeira metade do século XIX, os quais Marx qualificou de socialistas ut6picos pela forma como abordavam a situacao do proletariado, Para se distinguirem dos socialistas utdpicos, Marx e Engels se autodefiniram como “comunistas” Sociedade industrial: Termo Utiizado para referir-se as sociedades modemas que se originaram da Revoluo Industrial, particularmente no Ocidente Manifesto do Partido Comunista, de Karl Marx fe Friedrich Engels (varias edigées). Clissico da literatura universal f segundo livro mais traduzido da historia (superado apenas pela Biblia). €2 apologia Fevoluciondria de Marx e Engels 20 socialism, Eon ‘Conversando com: MoI 7 Os comunistas desdenham ocultar as suas opinides @ os seus propésitos. De- laram abertamente que os seus fins s6 podem ser alcangados pela transformaggo violenta de toda a ordom social até hoje existente, Podem as classes dominantos ‘tremer ante uma revolugo comunistal Nela os proletérios nada tém a perder a ndo ser as suas cadeias. Tém um mundo a ganhar: proletrios de todos os paises, uni-vos. [MARX Ra ENOELS, Pach Manso Pare Comunita Mseu: Bases Pos 197.70 Karl Marx, Emile Durkheim e Max Weber sao 0s r8s principals teéricos na estru- turaczo da Sociologia como ciéncia. O marxismo, igualmente, & uma das principais, correntes do pensamento geografico. Marx e Engels sistematizaram 0 modo de pro- tducso socialsta, estudado pelas duas ciéncias. Desde entdo, a polémica sobre qual €0 0 principio do sociaismo classico melhor sistema para a humanidade ndo parou mais: hé defensores de ambos oslados, _assentava-se na mobilzacso das. Capitalistas e socialstas, e outros que entendem nao ser mais posshvel um sistema puro __massas. A primeira experiencia miro das dvas opcbes:o ideal seria um brio. ness aspect em toda astra Se aad foi a Comuna de Paris, quando. «+ Para voce, qual sistema de producdo apresentado neste capitulo traria maiores bene- os proletérios governaram a ficios a uma Comunidade? E possvel apartcipacéo da coletividade na transformagéo Franca de margo a maio de 1871 da realidade historico-geografica proposta por Manx nos dias de hoje? Justifique Reprodugdo de O quarto estado, {leo sobre tela de Giuseppe Peliza a Volpedo, 1901. 41 bigitanzauv comm Uain Rosa Luxemburgo. Diregio: ‘Margarethe von Trotta. Repiiblica Teheca, 1986, Filme sobre a vida da revolucionéria marxsta, lider alema do comego do século XX, Doutor Jivago. Direséo: David Lean. Estados Unidos, 1965. Epico do cinema estadunidense, presenta uma viséo contraria & Revolucao Russa de 1917, que instaurou o primeiro regime socialista da histéria. O fio condutor do filme é a narrativa de um médico poeta que convive ‘com 05 excessos da revolucéo. ‘Aluta de classes: uma historia politica e filoséfica, de Domenico Losurdo. S40 Paulo: Boitempo, 2015. Olivo resgata 0 conceito de luta de classes, que & considerado pelo autor um dos mais ricos ainda pouco compreendido, Sistema internacional: Conjunto de unidedes politicas (Estados) em interacBo no mundo, Revolugdo Russa, outubro de 1917. Em primeito plano, aparece Lenin, umn dos lideres do movimento, realizando ‘um discurso para 2 multidéo em Moscou, Russia 42 > 3.3 Socialismo e comunismo Uma cléssica duvida dos estudantes diz respeito as diferencas entre socialis~ mo e comunismo. Em principio, devemos pensar os dois conceitos nao como diferentes, mas sim complementares. Na versio marxista, 0 socialismo seria @ etapa que sucederia a0 capitalismo, sendo o responsével pela eliminacao da posse privada dos meios de producéo. Nesse sistema, o Estado, pertencendo 20 proletariado e sendo proprietario dos meios de producéo, eliminaria as diferen- «as sociais produzidas pelo capitalismo. Alcancado 0 desejado estagio do equ! librio social que caracteriza a sociedade igualitaria socialista, ao menos em tese, todos os homens seriam comuns (iguais) uns aos outros, derivando dai o comur nismo (comum + ismo). Portanto, dentro dessa perspectiva linear marxista, © comunismo é uma etapa que sucede ao sociaismo, o qual, por sua vez, sucedeu 20 capitalismo. Uma vez atingido tal estagio da humanidade (o que para muitos 1ndo passa de uma proposta ut6pica), no mais seria necessaria a presenca do Estado, que seria extinto. Logo, o comunismo pressupde a abolicéo do Estado. Karl Marx escreveu inimeras obras, mas duas se destacaram: 0 Manifesto do Partido Comunista (com Engels) e 0 capital. A primeira foi um texto dirigi- do & classe operatia do século XIX. Ali, Marx conclamava a classe trabalhadora a se unir e realizar a revolucdo socialista. A segunda é um tratado classico e abran- gente distribuido em varios volumes. Filosofo e economista, Karl Marx afirmou que a evolucao do capitalismo para © sotialismo seria inevitével, diante das contradig5es do sistema de mercado. Anunciou, inclusive, o nome do pais em que essa mudanca de sistema ocorreria primeiro: 0 Reino Unido. Apesar de ter influenciado a humanidade com suas ideias revolucionarias e ter contribuido para o desenvolvimento filos6fico e metodolégico das cién- cias humanas, Karl Marx errou em sua previsdo. O primeiro pais a tornar-se socialista no foi o Reino Unido nem um pais em que a classe operdria estava mais organizada, como dizia 0 filésofo ale mao, mas sim a Russia, com a Revo- lucao Bolchevique de 1917 (veja a fotografia a seguir), pals bastante atrasado para os padrdes industriais da época. ‘Apés a revolugo que instaurou o modelo socialista na Russia, a China, em 1949, e Cuba, em 1959, realizaram duas revolugdes socialistas igualmente im- pactantes. Apés a Segunda Guerra Mundial (1939-1945) e 0 surgimento de uma nova conjuntura geopolitica no sistema internacional, grande parte do conti nente europeu cait sob a érbita de influéncia sovietica e, consequentemente, aderiu ao socialismo. Essa realidade perdurou até 0 inicio da década de 1990, vigitallZauo Corn Lain itt Durante sua constituicéo, 0 capitalismo assstiu a diversas crises, mas nada pare- ccido com a crise de superproduc3o que ocorreu em 1929 nos Estados Unidos. Foi tuma crise sem precedentes na histéria do capitalismo mundial, particularmente na oténcia ascendente, ja que o estopim foi decorrente do crash (quebra) da Bolsa de Valores de Nova York, em uma quinta-feira, 24 de outubro. O desemprego, as falén- 4.1 O keynesianismo e o intervencionismo estatal Ia ‘A depressio que se seguiu apés 1929 p6s em xeque a logica liberal. Atribulam- | Capitaismo: uma histéria de -se a competicao desenfreada e a superproducdo as causas da convulsdo. Na erate Unitas canard Moore. década da crise, surgiriam os trabalhos daquele que viria a ser o mais importante cea : © documentarsta faz uma acida economista do século XX: John Maynard Keynes (1883-1946) e sua obra princi- | crtica 20 sistema, que, em sua pal, Teoria geral do emprego, do juro e da moeda, escrita em 1936. Visto, beneficia alguns ros, mas ‘A teoria keynesiana parte do pressuposto de que o mercado nao pode nem _| condena milhoes 4 miséria. deve ficar desregrado; faz-se necessaria uma forte intervengao do Estado na eco- cra Moore nomia, exatamente o oposto do que preconizava seu antecessor, Adam Smith, @ cujas ideias nortearam 0 liberalismo classico, principal vertente do capitalismo até entdo. Agora o liberalismo estava em baixa, e eram as ideias de Keynes que Cth iriam se sobrepor. Entre elas, estava a garantia do pleno emprego como forma de AN manter aquecido 0 mercado, ja que o trabalhador empregado ¢ um consumidor “a em potencial - e era o Estado que deveria oferecer essa garantia. Outra pregacao a keynesiana é a forte intervencao do Estado em prol de uma politica de reducdo de juros, a fim de desestimular o investimento no setor financeiro e o redirecio- nat para o setor produtivo. O Estado deveria patrocinar vultosos investimentos cue oti publicos como fortna de manter a economia em pleno funcionamento, : vigitallZauo Corn Lain BSH _O keynesianismo ascendia 8 condicao de principal corrente do pensamento is italismo. Suas ideias Verbetes de economia poten °cONOMiCO NO momento da maior crise da histria do cap e urbanismo influenciaram os principais governantes da época que buscavam saidas para a crise. A influéncia mais notavel foi no New Deal, 0 plano de recuperac3o ‘Site vinculado & Faculdade de ‘econémica para a Grande Depressao, do presidente estadunidense Franklin D. ‘Arquitetura e Urbanismo da 5 945, Unversidade de S30 Paulo, {oosevelt, que governou os Estados Unidos de 1933 a 1 ‘que traz nimeros verbetes, ‘Apés a Segunda Guerra Mundial, o keynesianismo consolidou-se como mo- onceitvais sobre assuntos i . ree nid até meados Concetvissobreassunios | _delo econdmico e foi hegemdnico na Europa e nos Esta _Sesenvovides nesta unidade, gos anos 1970, quando passou a ser questionado pelos chamados monetaristas, SI ctiticos da politica de limitacao ao investimento financeiro. Capitalismo e liberdade, de 4. il i ton Friedman. Sao Paulo: > ooo LTC, 2014, Desde que surgiram as ideias de Keynes, nao Ihe faltaram criticos. Os partida- Escrito por um dos expoentes do _rios da livre iniciativa discordavam da proposta intervencionista, mesmo em tem~ liberalsmo do século XX, o Ivo dliscute o papel do Estado na pos de depressio econdmica. Afirmavam que se fazia necessario realizar ajustes restricao da liberdade econdmica _a0 liberalismo, mas nao substitui-lo como modelo. Transcorriam os anos 1930, e ee esses criticos neoliberais minoritérios praticamente ndo foram ouvidos diante da grave cise e da renovacdo tedrica trazida por Keynes; ninguém queria ouvir falar em retomar o liberalsmo. ‘Com a supremacia keynesiana no capitalismo, a partir da segunda metade do século XX, esses novos liberais estiveram na penumbra da disputa ideologica. No MION entanto, a partir dos anos 1970, as criticas ao keynesianismo aumentaram e os neoliberais ganharam fora, sobretudo com a ascensao de dois importantes lide- Mg res mundiais que defendiam praticas neoliberais: Ronald Reagan, presidente dos Estados Unidos de 1981 a 1989, e Margaret Thatcher, primeira-ministra britanica no periodo de 1979 a 1990. Veja a fotografia abaixo. VAISS Ronald Reagan e Margaret Thatcher reacenderam o neoiberalismo ‘os anos 1970. Na fotografi, lencontro em Wiliamsburg, Virginia, nos Estados Unidos, 1983. © neoliberalismo reacendia os ideais de Adam Smith com a ressalva de que se faziam necessérios ajustes &s ideias do economista inglés para atender A realidade do fim do século XX. No entanto, foi na década de 1990 que o neoli- beralismo tomou mais corpo e passou a sera grande forca da economia mundial A doutrina neoliberal defende a retirada do Estado da economia e sua participa. Go minima; o lema neoliberal deixa a proposta bem dara: “Estado minimo; mercado maximo". Os neoliberais defendem uma disciplina na economia de mercado, mas Digitalizagdo com Lam 130 a ponto de comprometer a competitvidade; deve haver algum Estado regulador, Porém com o intuito de garantir a ordem e a sobrevivéncia da economia de mercado. Portanto, podemios enquadrar © neoliberalismo em trés momentos cistintos em seu desenvolvimento: anos 1930, a origem; anos 1970, a retomada; anos 1990, con- solidacdo @ auge. A légica neoliberal ¢ pautada pelos seguintes dogmas: Estado mninimo; mercado maximo; desregulamentacéo da economia - economia a mais aberte possivel e pouca ou nenhuma restrigao quanto & circulagdo de mercadorias; privatizacdo, ou seja, a transferéncia de empresas publicas para ainicativa privada. Ean Reed Conhecida como "Dama de Ferro", Margaret Thatcher conduziu ume forte Polltica econémica neoliberal enquanto foi primeira-ministra do Reino Unido, due Fante os anos 1980. € dela frases polémicas como "nao ha nem nunca houve essa coisa chamada sociedade, o que ha e sempre haverd s3o individuos” e “o problema do socialismo € que vocé no fim das contas esgota 0 dinheiro dos outros”. Essas, Geclarac6es expressam a defesa 4 individualidade liberal em contrapartida a pers pectiva Coletiva do socialismo. * Qual sua percepsao sobre o ideal pregado por Margaret Thatcher? E sobre o embate entre as iberdades indviduaise a coletividade? Em sua opinizo, 0 neoliberalsmo est fortalecdo ou enfraquecido nos dias de hoje? > 4.3 A social-democracia Existem inumeras correntes marxistas dos mais variados matizes. Uma des- sas @ a social-democracia. Essa doutrina, derivada do socialismo, parte do principio de que é possivel a convivéncia entre os pressupostos marxistas e @ economia de mercado. Ao contrario da proposta revolucionéria socialista de que os trabalhadores devem tomar 0 poder e 0 controle dos meios de produ- ao pela forca, na social-democracia acredita-se que é possivel a classe prole- taria alcar-se 20 poder por meio da participacao na democracia representativa, ou seja, via eleicbes e pelo fortalecimento das instituicdes democraticas. Essa ccrenca causou um rompimento com outras correntes socialstas.. ‘A origem da social-democracia remonta a Alemanha de 1875, quando foi fundado 0 primeiro partido com essas nuances: 0 Partido SocialDemocrata alemao, marxista, que serviu de referéncia a outros que o seguiram. Apés a Revolucso Bolchevique de 1917 e a consequente subida ao poder dos socia~ listas russos, houve o primeiro grande rompimento marxista entre os sociais- “democratas alemaes ¢ os seguidores de Lénin, 0 lider da revolugdo de 1917.0 motivo do rompimento foram os métodos divergentes para alcancar o poder. Na social-democracia, permite-se a pratica do mercado, inclusive do lu- cro. Contudo, essa economia de mercado é tutelada de perto por um Estado forte, vigilante (em oposigao 4 prega¢do neoliberal) e que confisca parte do lucro para converté-lo em beneficio social. Essa divergencia de interpreta- ‘c6es pautou os confrontos ideoldgicos em varias partes do mundo na tiltima década do século XX e na primeira do XXI. Por meio de um Estado que efetivamente converte parte dos grandes lucros das empresas em investimento e beneficios sociais, a social-democracia prega 0 welfarestate, " oEstadodobem-estarsocial" ,quedevegarantirascondicdesminimas, aoscidadaosnaéreadasatde, daeducacéo, dolazerenadreatrabalhista.Atradico social-democrata desenvolveu-se na Europa ocidental, especialmente na Suécia, na Noruega, na Inglaterra, na Dinamarca e na Alemanha. Para garantir essa qua- lidade de vida que preza o Estado do bem-estar social, os paises com tradigao social-democrata caracterizam-se por uma politica de forte tributacéo. ‘ADama de Ferro, Direca Phyllida Lloyd. Reino Unido/ Franca, 2011. O filme conta a traet6ra politica da polémica primeira-ministra britanica Margaret Thatcher. ne Pisin ADamace Fe NI Internacional Socialista A lntemacional Socialis é uma ‘organizacao que orienta alguns dos princpais partidos sodial-democratas do mundo e divulga os principio dessa vertente socalista, Textos . Aceso em: 2 ot. 2015. 46 ItailZaago Com Vamscanner Atividade em grupo Retina-se com seus colegas e identifiquem as duas personalidades a seguir e as respectivas concepgées fi- loséficas e econémicas, tendo como base os trechos de suas obras junto as imagens. Em seguida, discutam as Propostas, as divergéncias e as influéncias que ambos legaram 4 humanidade. [..] 08 interesses @ os sentimentos rivados dos individuos naturalmente 5 induzem a converter seu capital para ‘as aplicagdes que, em casos ordinarios, séo as mais vantajosas para a sociedade. [..] sem qualquer interveneao da lei, 05 Interesses e os sentimentos privados das pessoas naturalmento as lovam a dividir e distribuir o capital |..), na medida do ossivel na proporgao mais condizente ‘com o interesse de toda a sociedade. METH, Aca A gue da ae. Si Pres ‘San Tie p 1 fovea Sk RM Ger Cleco pada [..] © capitalista néo produz a mer- cadoria por amor a ela, pelo valor de uso que encerra, nem para consumi-la pesso- almente, 0 produto que o interessa efeti- ‘vamente ndo ¢ 0 produto concretamente considerado, mas o valor excedente do produto acima do valor do capital consu- mido para produzi-lo. Mat ut Ocala ce a corm pani aa aceasta «18, cole parca De olho na midia (O texto a seguir trata de uma perspectiva do capitalis- ‘mo defendida pelo prémio Nobel da Paz de 2006, o ban- queiro Muhammad Yunus. Leia-o e responda: 1. Quais séo as eriticas que o economista faz a estrutura do sistema capitalista? Quais mudancas ele prop5e? 2. Em determinado trecho da entrevista, Muhammed ‘Yunus afirma: “Nem assim o sistema muda.”, Em sua opinigo, por que o sistema nao muda? Uma nova logica ‘Muhammad Yunus, 0 “banqueiro dos pobres", quer es- timular os jovens a empreender mais ~ e convencer gran- des empresarios a abrir mao de lucros. Vai dar certo? O economista Muhammad Yunus 6 conhecido no mundo todo como "o banqueiro dos pobres”. Por meio do Grameen Bank, que ele fundou em 1983 em Bangladesh, Yunus es palhou em escala internacional o conceito do microcrédit ‘yemprestimos feitos, sem garantias ou papéis, a gente po- ‘bre que nunca antes teve acesso ao sistema bancario. Tal fomento ao empreendedorismo, sobretudo entre mulheres, fe seus resultados efetivos Ihe renderam, entre outros pré- ios, o Nobel da Paz em 2006. ‘Um novo capitalismo “HE 85 pessoas no mundo que t8m mais da metade de toda a riqueza do planeta. Jé a metade mais pobre da po- ppulagéo mundial detém menos de 1% desses recursos. Que ‘mundo ¢ esse? Minha luta tem sido contra essa estrutura. [uu] A estrutura que existe ndo vai resolver nosso problema. A disparidade de renda sé piora, a riqueza se concentra em pouquissimas maos. Conhego empresa que ficou cem vezes ‘maior em sete anos, ¢ o niimero de funcionarios s6 diminui Inclusive por causa de tecnologia, eficiéncia. O que vai acon- ‘tecer com todas essas pessoas sem trabalho? [.J Temos que redesenhar o sistema capitalista. Tudo 0 que dizem é ‘faga dinheizo, seja feliz.(Mas ai vocé ganha US$ 1 bilhdo e néo {fax nada pelos outros, Para que serve USS 1 bilhéo? ‘Ah, dei ‘emprego @ muita gente.’ Sim, ¢ pegou a riqueza para vocd. Concentragdo é tudo o que vooé produziu, Emprego: esquega essa ideia “Uma questo essencial esta na ideia de emprego. |... Seres humanos no nasceram pra isso. O ser humano 6 cheio de poder criativo, mas o sistema o reduz a mero trabalhador, capaz de fazer trabalhos repetitivos. Isso é vergonhoso, esta errado. As pessoas precisam crescer sabendo que é uma op- (40 se tomar empregado, mas que existe a possibilidade de ser empreendedor, seguir 0 préprio caminho. & arriscado, in- certo, ha frustragées, mas é bem mais estimulente, Arrumar ‘emprego ¢ o que é seguro, garantido, Mas sua vida seré lim tada ao que decidirem por voc®. Contra os bancos “Fico furioso com agiotagem. Como um ser humanio pode ser tao cruel com outro? Vi situagées draméticas de ‘pessoas devendo dinheiro, Entdo comecei a emprestar, para ‘que parassem de procurar exploradores. Eram quantias mf ‘nimas ~ 0 primeiro empréstimo foi de US$ 27. O problema é que meu dinheito foi acabando, Fui a uma agéncia bancé- ria no proprio campus da universidade onde eu lecionava pedi ajuda ao gerente, A resposta: ‘Isso 6 problema sew’ Comecou at meu confronto com bancos. Ouvi explicagdes absurdas sobre por que no dar crédito a gente pobre. Até ‘que entendi: eu deveria ter um banco. Um banco que fizesse ‘um bom trabalho pelas pessoas. Fol o que inventei em 1983: 0 Grameen Bank. Diziam que era um fenémeno local, que so funcionaria em Bangladesh. Fomos a Malasia, a convite de pessoas de 14, e deu certo, Disseram: “6 um fenémeno de paises mugulmanos’. Fomos as Filipinas, pais catélico, Pas- saram a dizer: “é um fendmeno asistico’. Explicagdes e mais explicagdes vieram, sempre para proteger a ideia de que o sistema continua certo ~ ¢ vocé apenas inventou algo que indo vale para o mundo. Em 2006 ven o prémio Nobel, Nem. assim o sistema muda." AES, Miche Una nova gies. Revita p,m 246 rpeal Amt 21a 2, 47 vigitalZauo Corn Lain

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