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SIMPOSIO SOBRE RECURSOS NATURAIS E SOCIO-ECONOMICOS DO PANTANAL Corumba-MS, 28-11 a 4-12-84 HIDROLOGIA DA BACIA DO ALTO PARAGUAT Newton de Oliveira Carvalho i DNOS - Departamento Nacional de Obras de Saneamento RESUMO - £ apresentado neste trabalho uma sintese da hidro- grafia da bacia do Alto Paraguai, conforme estudado pelo DNOS /UNESCO (Bib. 1 e 3) no perfodo de 1967 a 1972. f feita uma descrigdo de to- do o sistema de tributérios importantes bem como do rio Paraguai, com @nfase do escoamento na &rea do Pantanal e as implicagdes das enchen- tes efclicas, ilustradas por estudo da EDIBAP (Bib. 2). inclufda uma explicag&o da problematica da sedimentagZo e a influ€ncia nas en- chentes e na morfologiae Para complementag&o foi preparado um quadro com 0s valores de maximo, média e minimo de niveis d'gua e vazdes. na bacia em postos selecionados, correspondente ao perfodo mais recente, desde a instalagao de cada posto até 1981. ABSTRACT - This report presents a synthesis of hydrology of the Alto Paraguai basin, as it was studied by DNOS/UNESCO (Bib.1 and 3) during the years 1967 to 1972. A description of all system of impor- tants tributaries and of the Paraguay river is made, emphasizing the Pantanal drainage and the relationship of the cyclicals floods. This is illustrated in a figure from EDIBAP (Bib-2). It is included an explanation of the sedimentation phenomenon and the influence on floods and morphology. Complementing thie report it was made a table with values of maximum, mean and minimum water leavels and discharges at selected stations in the basin, during recent period, since instal lation date to the year 1981. HIDROLQGIA DA BACIA DO ALTO PARAGUAT -Newton de Oliveira Carvalho- 1. INTRODUGAO Chamamos de Alto Paraguai a parte da bacia do rio Para guai que tem sua maior porgao em territério brasileiro, desde as nas- centes até o rio Apa, que limita o Brasil com o Paraguai. Esté com- preendida entre os paralelos de latitude 14° e 22°s e longitude de 53° e 61°W. Toda a bacia brasileira fica nos Estados do Mato Grosso @ Mato Grosso do Sul. Tem uma area de quase 496-000km*, sendo em territério brasileiro cerca de 380-000km® e o restante na Bolivia e Paraguai. 0 rio Paraguai 6 tributaério do Parana (1-095.000km) que por sua vez compe a bacia do Rio da Prata(3-100.000km?). As maiores altitudes da bacia sao de quase 1000m enquan to que as menores estao em altitudes inferiores a 100m. 0 posto plu- viométrico de Taquari esta a 863m e o de Porto Murtinho esta a 79m. A parte alta da bacia esta em altitudes superiores a 200m. Aproximadamente neste nivel, em toda a curva de nivel, ha uma queda brusca, um pouco descontinua, que d&@ formagao ao Pantanal, cor- respondendo &s terres baixas e regiao central da bacia que chegaa ter altitudes inferiores a 80m. © Pantanal é uma regiao relativamente plana, com drea de 168.000km? no Brasil, com uma suave inclinagZo de leste para ceste (25em/em) e menor ainda de norte para sul (quase 2em/km, perto do rio Paraguai). Estas terras baixas incluem algumas Areas do norte situa das nos baixos vales do rio Paraguai a montante de Caceres e do rio Cuiaba a montante de Bardo de Melgago- Por outro lado a regido cen- tral inclui algumas 4reas acima de 200m na zona das lagoas Gafba, Man dioré e préximas & cidade de Corumba; ha morros elevando-se de 25 a 250m acima da planicie do Pantanal, ou seja, 120 a 350m acima do ni- vel do mar. 4 © maior comprimento do rio no alto curso seria na di- regao do rio Santana e Cérrego Séo Francisco. Os principais tributarios estdo todos emterritério bra sileiro e sic: ” 1) pela margem direitar Jauru, Cabagal e Sepotuba; 2) pela margem esquerda: Cuiabé (com seus afluentes Sio Lourenco e Piquiri), Taquari, Miranda (com seu afluente Aquidauena), e Apae Tributarios menos importantes, com canais claramente de finidos mas sem vazio permanente sao: rio Negro (Otuquis), afluente da margem direita vindo da Bolivia, e os rios Paraguaizinho, Bento Gomes, Negrinho, Negro, Abobral, Aquidaba, Rio Branco, Tereré e Amongueja. Ha varios outros rios, alguns dos quais nao conseguem atingir nenhum outro rio, sendo alguns intermitentes. Curiosamente sao denominados rios alguns bragos que &s vezes sao ativos s6 na época de enchentes. fo caso do Nabileque e Paraguai-Mirim, no Paraguai, e o Piraim no Cuiaba. 2+ O ALTO CURSO DO PARAGUAT © rio Paraguai nasce nas encostas da Serra dos Parecis, na regiao norte. Segue dirego geral sul, com uma certa sinuosidade até Corumba. A partir daf segue rumo sudeste até Porto Esperanga e depois rumo sudoeste até a conflu€ncia com o rio Negro, préximo& Bafa Negra. Daf vai ent&o para sul até a foz do rio Apa, onde entraemter ritério paraguaio apés um percurso um pouco superior a 1000km. Conti. nua rumo sul até a conflu€ncia como rio Parand. © rio Paraguai recebe aguas de iniimeros afluentes que © alcangam com pouca velocidade e uma grande quantidade de sedimentos que vao se depositar na planicie do Pantanal. As inundagdes se encar regam de espalhar parte do sedimento para fora das calhas fluviais. Em Caceres a vazio média do rio Paraguai é de 380m3/s depois de receber os afluentes Cabagal e Sepotuba- Logo a jusante o rio Jauru contribui com uma vazio média de 100m3/s. Recebe em segui- da as aguas do Corixa Grande e depois de passar pelas lagoas Uberaba 5 e Gafba recebe o rio Cuiaba com uma vazdo média de 480m3/s. mm Porto So Francisco, depois da lagoa Nandioré, apresenta variio de 1-050m3/s+ A jusante recede os afluentes Taquari /Negro e Miranda/Aquidauana que elevam a vazio média para 1-412m3/s. até Porto Murtinho recebe ainda pequenos afluentes que elevan a vazio em mais 143n3/s. A drenagem no Pantanal é feita por cérregos, corixos, varantes e bafas. Cérregos so pequenos cursos d'aguae Corixos so bragos de rios que podem ficar secos por varios anos. Vazantes sa0 linhas de drenagem de uma area raramente inundada que se escoa para um pantanal ou para um rio. Baia é uma pequena lagoa ou antigo mean- aro. A alta bacia do Paraguai acima de Caceres, com area de 33-860kn®, & coberta por una floresta de transigio, tendo recebido o Cabagal e o Sepotuba- Os fendmenos de infiltragZo e evapotranspiragao desen- penham importante papel nas quantidades de agua na bacia e principal- mente no Pantanal. Acima de Caceres, o rio Paraguai tem uma grande area de 11.000km? abaixo da curva de 200m que o rio nas enchentes inunda, prin cipalmente os meandros abandonados. Essa planicie de inundagio vai desde um pouco acima da foz do Sepotuba, com uma faixa de 2km de lar- gura, que vai se alargando até varios quilémetros, depois se estrei- tando até 4km na foz do Jauru. Muitos meandros abandonados, fechados por areia numa extremidade ou em ambas, enchem quando 0 rio sobe- 3+ AFLUENTES PRINCIPAIS © rio Sepotuba, com nascentes na serra dos Parecis, dre na 11-460km, tendo uma bacia ingreme, com vales estreitos e coberta por uma vegetagao densa. 4s planicies de inundagao sao limitadas, mes mo no baixo vale. J& proximo & foza planicie apresenta uma faixa maior de inundag&o com meandros abandonados. © rio Cabagal, com nascentes na serra dos Parecis, tem uma bacia hidrografica de 6.040km* na sua fox, tem 4 sub-bacias prin cipais que sao ingremes e cobertas por vegetacao densa. 0 baixo cur- so, com floresta ciliar de 3m de largura, apresenta velhos meandros, 6 sendo uma area que se inunda na época das cheias. A posig&oi desse rio nos mapas nao é correta- © rio Jauru tem suas nascentes na serra dos Parecis, tendo uma bacia coberta por densa floresta de transigio. 0 seu aflu- ente Aguapef corre num vale brejoso quase sem florestas. © baixo cur so do Jauru apresenta uma real rea de pantanal com velhos meandros e alagadicos com pequena declividade. Os rios Sepotuba, Cabagal e Jauru atravessam regides com grande cobertura vegetal e solos pouco erod{veis, sendo de aguas impidas. © rio Cuiaba tem nascentes na serra Azul e 6 o princi- pal afluente do Paraguai, drenando uma 4rea de quase 100-000km*. No seu alto curso, o Cuiaba tem vales ingremes com vegetagao densa, rece bendo o rio Manso pela margem esquerda. O vale se alarga préximo a Santo Antonio do Leverger, apresentando areas de inundagao significa- tivas até a foz. Préximo a Barao do Melgago, o Cuiaba tem um brago secundario o "rio Piraim" que circunda uma ilha, j4 estando em Areas do Pantanal. A regiado apresenta varios corixos e vazantes bem como lagoas, sendo as maiores a Chacororé e a Sinha Mariana, que se inter- ligam entre elas e como rio, tendo seus contribuintes; os canais tem dois sentidos e as lagoas recebem também aguas de enchentes do rio,re tribuindo quando o nivel do rio permite. Pela margem direita, o Pi- raim tem trés corixos principais que descarregam para o Paraguai- Da fox do Piraim para jusante, até alcangar a Ilha Camargo, o Cuiaba tem um inico leito com 70m de largura nas estiagens crescendo até 150mnas cheias. Nesse trecho ha a tomada do rio Cassange e de outros corixos menores da margem direita que drenam parte das aguas de cheias na di- reg&o do Paraguai. Da ponta norte da Ilha Camargo até Porto Alegre, © Culab& recebe seus principais tributarios da planicie: o sao Louren go eo Piguiri. No século passado, o Piquiri era afluente do Sao Lou- rengo que também recebia o Cuiaba, mas a drenagem foi modificada e o Cuiabé passou a ser o mais importante por apresentar maior bacia hi- drogréfica e maior volume d'agua. Os habitantes locais continuam a chamar 0 curso inferior do rio Cuiabé de "Sao Lourengo". © rio Sao Lourengo tem seus principais formadores nas- cendo nas serras dos Coroados, do Roncador e das Parnafbas em regiao

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