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Pablo Gonzalez Casanova As novas ciéncias e as humanidades da academia 4a politica UNIOESTE Campus de Foz do igua BIBLIOTFOa Saree Copyright © Pablo Gonsiler Casanova, 2004 Copyright dex edisio © Boiempo Favor, 2006 “Tea orginal Ler marnr concer y lt bumenidades de le academia ate potion Coordeneio eral ; Tran Jiakings apa Anistesie ou Ana Pa Canela ; Tadao Mocsar Beneito lie de texto Carlos Waker Poro-Gongales rvs de tadus) Riad Jenon (prepa) ‘Ana Pala Figucedo (vie) Elitrasi daonica UNICESTE ‘Gapp Design Campus de Capa BIBLIOLE Estidio Graal NeRegs Sasa Ree Data:_AG) O& -oaV3 ‘Marcel Tha PARPOR, ISBN: 85.7559.006-3 sa edigfocontou com o apoio do Laborato de Poltias Publis ds Univesdade do Estado do Rio de Jancio (LPP-UER)) Todos os dicts reservados. Nenhuma parte dest vo pode se usizada ou reprodusida sem a expres autorizaho da dior, 1 edo: agosto de 2006 BOITEMPO EDITORIAL Finkings Edtores Associados Leda Rua Buclids de Andrade, 27" Perdaes 05030-030 Sao Paulo SP ‘Tel fFax: (1) 3875-7250 1 3872-6869 itor @boitempoeditotialcom be Seeciiceneea teers antio SUMARIO ESTE LIVRO .... Como ler este livro? INTERDISCIPLINA E COMPLEXIDADE..... Interdisciplina e totalidade .... Z Visao geral e especializacao: suas origens A divisdo do trabalho em disciplinas: algumas conseqaéncias A interdisciplina e “a unidade” do conhecimento Apoios e resistencias a interdisciplina Um novo conceito da ciéncia e da interdisciplina A interdisciplina e as novas matematicas ea Ainterdisciptina: a anise geral de sistemas e de organizacoes A interdisciplina: epistemologia e cibernética ... problema do sistema e de “toda a sociedade” Acomplexidade organizada Do conhecimento organizado ao conhecimento da organizacao COMPLEXIDADE E CONTRADICOES O conhecimento triunfante: conquistas e problemas Reflexdes para um programa de pesquisa-acao O conhecimento dominante: sua critica da complexidade e das contradicées 10 " " B 5 19 2 29 BRERH Os sistemas complexos e seus limites Os sistemas complexos adaptativos e seus limites .. Aautonomia do pensar-fazer e seus limites. A organizacao e o possivel A construgao de um mundo inumano .. ADIALETICA DO COMPLEXO .. A organizacao que existe e conhece A organizacao que controla as contradicées.. Averdade do poder dominante e do alternativo . Fontes de aprendizagem: a "sinergética” eo “pandeménio” Os sistemas complexos e a dialética... © novo na dialética.. O pensamento critico incompleto. A critica das novas ciéncias como poder... A dialética do sistema dominante e da alternativa Adialética emergente ‘AS NOVAS CIENCIAS E A POLITICA DAS ALTERNATIVAS Novas ciéncias e novas alternativas.. Problemas e solucées ... a Possibilidades e limites das tecnociéncias.... Aconstrugao de alternativas Novo modo de pensar-fazer ... Epilogo: © CURSO DAS CIENCIAS Ciencias e crengas... er : Ascenso e queda do paradigma mecanico . © paradigma dos sistemas auto-regulados AGuerra das Ciéncias Nova critica e autocritica ‘Simpatias e diferencas: ontem e hoje BIBLIOGRAFIA, LEXICO....... 81 85 93 100 112 19 119 125 132 138 2146 155 162 172 17 189 199 199 204 228 0.237 248 253 253 257 265 283 290 296 309 325 Orolho gue vis no éolbo iporgue ti 0v8; olbo porque eve Antonio Machado A citncia éuma arma, uma arma que pode-se utilizar em ou mal que se utiliza bem quando etd nas mos do povo, ceseutiliza mal quande no (pertence ao pow, (Che Guevara ESTE LIVRO A Revolugio Cientifica de nosso tempo tem sido equiparada & que ocorreu na época de Newton. Hoje jf nfo podemos pensar sobre a naturcza, a vida e a humanidade sem Tevar em conta as descobertas que se iniciaram com a cibernética, a epistemologia genética, a computagio, os sistemas auto-regulados, adaptativos e autopoiéticos, as Giéncias da organizasio, do caos determinista, dos atratores e dos fractais. A profundi- dade dessas descobertas vai além de suas claras manifestagbes cientificas ¢ técnicas; inclui novas formas de pensar e atuar que compreendem as chamadas ciéncias da complexidade e as teenocigncia. O impacto da nova Revolucéo Cientiica altera profundamente nossa divisio € articulacio do trabalho intelectual, das humanidades, das cincias, das técnicas e das artes. Obriga a redeterminar, neste inicio do século XXI, uma nova cultura geral ¢ novas formas de cultura especializadas com intersegbes e campos limitados, que rompem as fronteiras tradicionais do sistema educativo ¢ da pesquisa cientifica ¢ humanistca, assim como do pensar ¢ do fazer na arte e na politica. Quem nao se aproximar com inguietude da compreensio ¢ do dominio das “novas ciéncias” como ciéncias da comple- Xidade nao entenderd (e praticard mal) no s6 0 quefazet tecnocientifico como também © attistco eo politico Este livro ¢ uma introducao as Novas Cincias e Humanidades. Inclui a forma de se aproximar delas desde a academia até a politica, desde a cultura geral até a especializada Nio ¢ um livro de divulgacio. Nele e analisam as mudangas da dialéica que provém das feenocincias ¢ a forma como a dialétca alterada opera num capitalismo complexo. E lum livro para cientistas e humanistas que concluiram seus estudos escolares, ¢ também Para quem os inicia. No campo das ciéncias humanas, busca abrir caminho para una Comprecnsio mais profunda dos conhecimentos fundamentais snhee a reane(nemacsn da 10 As novas ciéncias e as humanidades livro € resultado de uma pesquisa que levou quase dez anos. E tem precedentes ‘em alguns dos meus primeiros trabalhos. Nessa pesquisa consegui em certos momentos adentrar uma zona proibida do conhecimento, parecida com a que Jeové escondeu de Moisés no monte Sinai e mais parecida com o pardgrafo que os escribas do marxismo deixaram esquccido até 1933 (em espanhol até 1971) e que se referia & “base oculta do conjunto da construsio social’ O livro penctrou num ponto de intersesio vedado aos humanistas ¢ aos cientstas com seus distintos recursos, aqueles com medo-repiidio is matemsticas, Aqueles com medo-reptidio & politica que, com diferentes formas, deram lugar is “duas culturas’ das cincias e das humanidades que o Instituto de Santa Fé, a Escola de Bruxelas e muitos cientistas de nosso tempo tém procurado reunir, ainda que com um conceito de toralida- dee de complexidade que exclui as relagbes sociais de exploragdo e sua renovada dialética, O livro pretende romper tabus do préprio pensamento critica e alternative. Insere- se tanto nos sistemas complexos dissipativos quanto nos sistemas complexos auto~ regulados ¢ nas tecnociéncias do conhecimento e da informagio, hegemSnicos, numa dialética que em grande medida as forcas dominantes redefinem. Nela as forcas alter- nativas s6 poderio impor “o interesse geral’, “o bem comum” ou “o projeto humanista’, democritico, libertador ¢ socialista, se, na renovagio de seu conhecimento ¢ de sua agdo, derem is novas méquinas de pensar-faze, as técnicas, tecnologias e tecnocigncias do conhecimento e da informagdo ¢ & cultura hobbesiana do poder a importincia que tém no desenho de um capitalismo que antes nao existia. As politicas de sistemas aperfeigoaram notavelmente as técnicas de dominasio, de apropriaglo, de mediagio ¢ de repressio das classes ¢ complexos dominantes, As politicas de sistemas auto-regulados permitiram as forgas dominantes adaptar-se a0 mundo ¢ recriar © mundo, sem que 0 sistema a que pertencem perca seu cariter histérico e sem que deixe de emergir um sistema mundial alternativo, cujo curso é incerto ¢ depende, em grande medida, do conhecimento das novas eiéncias como “instrumentos” de libertagio. Gostaria de agradecer as observagées, criticas e sugestées que me fizeram virios colegas de ciéncias ede humanidades, entre outros Immanuel Wallerstein, Georges Labica, Germinal Cocho, Luis de la Pefia, Pedro Miramontes, Guadalupe Valencia e Jorge Cadena, Desejo igualmente agradecer & senhora Concepeién Mandujano o empenho na edigao Progressiva de um texto que redigi virias vezes tanto por meio eletrénico como mao, Enfim, agradego a Miguel Ramirez Braulio a revisio das notas e da bibliografia Como ler este livro? Normalmente, do comego ao fim, como é de costume, ou indo 20 léxico e lendo os conceitos que contém de A a Z, para depois ir a0 epflogo ~ que também ¢ uma sintese ~ © de I4, fazer um percurso do principio ao fim. Em todo caso, & preciso ter em mente que alguns conceitos se enriquecem com outros que os complementam ¢ os Precisam, ¢ recorrer sempre que necessirio a0 léxico e as fontes citadae INTERDISCIPLINA E COMPLEXIDADE Interdisciplina e totalidade No momento atval, a interdisciplina gera novos vinculos entre as ciéncias ¢ as huma- niidades. Os vinculos anteriores ~ alguns muito antigos ~ também se renovam, Ambos representam contribuigBes de enorme importincia para os trabalhadores simbélios, intelectuais © manuais, para os cidadios e para todos aqueles que, como professors, pesquisadores, estudantes e egressos do sistema escolar, defrontam o problema da tailtura geral ¢ da especializagio. Todos — ainda que muitos nao stibam disso ~ tm a necessidade de refazer as relagses entre ciéncias ¢ humanidades, duas Areas cujos tencontros ¢ desencontros favorecem ou impedem a capacidade intelectual € moral de compreender € mudar © mundo. Para precisar 0 problema da interdisciplina, primeira € necessrio perguntar-se 0 ‘que € a disciplina? Curiosamente, 0 termo nfo aparece em muitos diciondrios ‘especializados. Entretanto, no tio etiticado Diccionario de la Real Academia Espanola, fencontram-se varias definigées para o termo “disciplina’, es das quais sio titeis para esse propésito. Diz o dicionério: “Diseiplina: 1. Doutrina, insteugio de uma pessoa, ‘especialmente na moral [..] 2. Arte, faculdade ou ciéncia (..] 3. Agio ou efeito de disciplinar ¢ disciplinar-se” Dessas definigSes derivam vérios problemas, que aparecem uma ou outra vez quando se fala de inserdisciplina. Naturalmente, o termo “disciplina” escé relacionado com instrugio em uma faculdade; também com a disciplina que transmicem a alguém, 04 que adquire © préprio individuo no trabalho intelectual. Trata-se, pois, de uma especie de rede semantica em que os conceitos se definem mutuamente. faculdade”, no diciondrio encontram-se varias definigées, Em relagio 2 termo “ 12 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciplina e complexidade 13 interdisiplina, como relagio entre virias disciplinas em que se divide o saber- Ge int de slugscs qu oc ofrecem atm problema muito mais profun- ‘como a unidade do sere do saber, ou a unidade das cigncias, das técnicas, das artes shumanidades com 0 conjunto cognoscivel ¢ construivel da vida e do universo dlistintas teorias gerais de tipo cientfico e os distintos sistemas filoséficos con- pordncos nao buscam apenas as relagées e articulagées de certas disciplinas com , mas também as relagses das partes com o todo, do particular com o universal, diivida, buscam necesariamente um todo mais ou menos relativo aos sujeitos tivos ¢ ativos que se interessam ou trabalham nele, ou seja, desentranham “un feitos de simpatias ¢ diferengas “particule: Aleancar a0 mesmo tempo as virtudes das especializagdes disciplinares com -emas problemas bem demarcados © a forga de uma perspectiva integradora, de canjunto, 4 interdisciplina de nosso tempo a buscar novas formas de especializaszo e, em sfo a clas, novas formas de rigor e profundidade. A especializagio do conhecimen. to cientifico nio s6 tende a determinar as combinagbes c interseges de duas ou mais disciplinas, ¢ a distingui-las das velhas divisdes do trabalho inteleecual, mas também busca novos sentidos para o conjunto, para a totalidade, sobrecudo em relagio a sve. ‘mas complexos orientados para objetivos © para sistemas dinimicos em que 0 cacs « a ‘organiza¢io nfo evoluem em formas scparadas entre si ou desarticuladas uma da ou- (hep se riper Cheeta 3 ae © conde MMMM coms mesons ee eee 008 itis human 2 romper 0 teabalhg ‘dibpine’ ra es © perigos que impli- As combinagées c intersegGes de duas ou mais disciplinas delineiam assim grandes oe ‘fatale indisciplinade. Usava esse Aesafios & reestrucuragio da cultura geral e da especializagdo. Esses desafios se acentuam 9m a crescente importincia que tém na sociedade contemporinea os sistemas compleeas farientados para objetivos, © com as organizagées que sucedem ¢ precedem fenémenos ‘aéticos, nio desejados nem construidos deliberadamente. O valor ¢ os limites das ciéncias, das humanidades e das técnicas se reformulam. om a interdisciplina dos sistemas complexos, que cstabelecem novas exigéncias € Possibilidades para a epistemologia da organizacio ¢ dos efeitos das ages organizadas. Das definigdes anteriores, vale a pena destacar que, nar ou divciplinar-se, e dis rigor e da exatidio, O tcrmo que cada “faculdade” corresp Assim, tanto 0 termo Visdo geral e especializaco: suas origens As enormes possibilidades e limitagdes das articulagbes de conhecimentos tém noté- a 4s antecedentes na cultura cientifica ocidental, Entre seus legados, o primeito e mais five quando se quer conhecer alg, por portance vem de Arstételes. Deterse nele ajuda, inclusive agora, a entender os algo, como “um mundo menos injas" Problemas da especialzacio e da sistematizagio do conhecimenco cientifico mais wane 0 it to, neensidade de divide « Sado na regito hegeménica do mundo atual. Néo obstante as enormes diferengar que eee a oa © 45 circunstincias em Gistem com esse precursor quase m{tico, sua obra expressa claramente alguns proble- istncenpreender 0 “conjunto”, tas de articulacio, divisio e especializagio do trabalho intelectual que nasceram no Sina dciin, ee aly uta € constréi, acrescenta-se verso” em que se inserem as forgos interdisciplinaces. 14 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciplina e complexidade 15 A primeira grande divisio do trabalho intel quando Arist6teles escreveu sua obra monui Organon nao € importante apenas como leg ‘mas também para trabalho em cignciae nat Qs variados conhecimentos do saber o impediram de ser rigoroso em cada uma mente com maior éxito naquelas cujos marcos tedticos e abaixo com as descobertas cientficas da Idade Moderna Certamente, em fisica nada fc lectual na cultura do Ocidente apareceu umental conhecida como © Organon. O ido scminal para o trabalho em filosofia, turais © em ciéncias humanas rganizado que Aristételes alcangou néo o das disciplinas em que trabalhou, conceitos de “sibio”, de “sabedoria’ ¢ de “raciocinio indiscutivel” foram muito Bit quarto sant> Isidoro de Sevilha ox defini cm sus: Eid fam até nossos dias no modo de ensino monolégice, da “ciéncia Unica’, que, a filogo e diante do “opinivel, privilegia argumentos indivuriveir e anresen a ecm ee ciéncia como aL de sabedoria acumulada, exaustiva, exata. Os Hos” aprendem “inteiramente” um determinado saber ¢ transmitem 36 parte da fi. Sto “adiréet” pelo que expresam ¢ pelo que clam Sho parte de 44 que se deve respeito: 0 dos principes que os sibios assessoram. {Com 9 elogo a Arstteles por sua busca de uma visio de conjunto que se combine conhecimentos especializados, cabe a critica 20 aristoelismo como exemplo de um autoritiio que faz da disciplina uma forma de dominacio do conhecimento, Essa ‘nfo 56 cotresponde a expresses religiosas ou filoséficas contra as quais lurariam, ‘a Idade Média, um Guilherme de Ockham e um Roger Bacon. O autoritaismo na visio e articulacio do conhecimento se dé entre muitos outros filésofos ¢ filosofas (Corresponde a0 uso da ciéncia pelo Estado e pelas forcas dominantes ¢ é, até hoje, 0 maior obsticulo para 0 desenvolvimento do raciocinio construtivo teérico-experimental, Jntersubjetivo,extico, histico e criador de alternativas formais, vituas e reais em face de um mundo opressivo ¢ injust, desigual. Corresponde a todo um sistema insticucional {gue rechasa os “conhecimentos dificeis de acetar” e que enfrenta 0 que considera um sociais ¢ em humanidad perigo: “aber demasiado ¢ demasiado ripido”. Porque, de fat, também nfo quer que de enorme aleance, .. fbpjovens da escola secundaria aprendam cudo o que deveriam aprender de matemdticat . ‘e ciéncias naturais, ou da linguagem e da literatura, que Ihes servem para expressar-se, oU das ciénciashiscéricas, politcas e sociais, que Ihes servem para compreender e construit ‘um mundo melhor, “outro mundo possvel”. ‘A disciplina como autoritarismo pode se converter em uma “aprendizagem da ig- noticia’ ¢ em um frcio a0 enriquecimento das especialidades ¢ da cultura geral. E ais: amitide com o peecexto de lutar contra a indisciplina e pelo rigor, luca-se contra 4 interdisciplina e concea as especialidades interdisciplinares que permitem aleancar maior rigor no conhecimento de relagées opressoras e maior eficicia ¢ ativagio das relagées ¢ dos vinculos libertadores nacural. metodolégicos no vieram. ou de Aristételes. Newton fez a revolucdo devatadors na histria das ciéciay, « mis endons Mex eeu oe at S2es, descobertas ¢ conhecimentos especificos que continuam vilides inne até hoje algo muito importante: quando Aristéi ido, tornava-se um es plo, para uma histéria dos ani los, adverte-se teles se punha a investigar um pro- Pecialista nese problema. Assim, por exem- imais ~ na qual se referiu a 540 animais -, estudou enquanto identificou outras pelos livros dos viajantes cultura classica em ciéncias Ao formulae um projeto Aviscéreles de Snore aes, bused chamda Cir Ocdei cle delincou, com uma discplina intelectual exemplar, tanto-¢ pobloc ae ue hele chamamos o especial quanto 0 de cultura ger. Amsbos cs beoblenca cm constantemente: como profestore, alunos, pequisadores ou seabalhees Im jmtlectuss podem aprender eensinar «sr epeialna em algo, ou apron Silat ander de epeiided? © problema da caltra gel também se rpc lus tipo de cultura geal aprender ou ensinar e que tipo de teorne te ee Inétods conseguir que qualquer homem ou mulher domine para ae sn aed 40 no trabalho © na péls -, Para que sua vida ~ se desenvolva plena. sobrecudo, mente? Que conhecimentos tém de dominai A divisdo do trabalho em algumas conseqiéncias iplinas: Nio podemos esquecer que a filosofia de © pensamento escolistico, aristotelismo forjou © dogn saber es acim dos pleno (disctur plena) em q ‘cao campo da disciplin lo Aristételes representou no Medievo, com luma flosofia que se impés de forma autorititia. ma de que os sibios esto acima dos leigos e de que a bios. E mais: identificou a disciplina com um saber dines #6 “o que raciocina com argumentos indiseutiveis perten Na Idade Moderna, izeram-se cada vez menos esforcos para vincular 05 conhecimentos acerca da Natureza ¢ da Humanidade. Os humanistas pratcaram as letras, as artes © as cincias. Leonardo da Vinci e Goethe foram seus arquétipos. Houve filésofos pesqui- sadores, como Francis Bacon, Herbert Spencer, Augusto Comte ¢ Augustin Ceurnot, 16 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciplina e complexidade 17 que buscaram a unidade e as diferencas do saber cientifico ¢ humanistico em eflexdes € classificagdes variadas. Mas tendia a prevalecer de forma crescente a especializagio por “disciplinas”. A partir da Revolugio Industral, da vinculaglo cada ver maior das ciéncias « das engenharias com a produgio, ¢ da divisio progressiva do trabalho manual e intelee- tual, foram surgindo novas “disciplinas” em praticamente todas as especialidades*, Cri ram-se “disciplinas” inclusive dentro de cada especialidade, fendmeno que se acentuou em fins do século XIX e durante 0 século XX. Assim, por exemplo, na medicina surgi grande quantidade de disciplinas: a pediatria, a cardiologia, a pneumologia... Algo seme- Ihante ocorrew nas humanidades, em que se formaram “economistas”, “sociélogos” “politélogos", “etndlogos”, “orientalistas’,“lingtistas", muitos deles especializados em tum 56 aspecto de wm problema que ocorria em zm determinado lugar ¢ em 1m tempo determinado. A divisio do trabalho intelectual teve alguns efeitos posit alcangar maior rigor e precisio no conhecimento dos fendmenos “x” ou “y*, claramente delimitados. © avango das cigncias ocorreu de forma exponencial; 0 conhecimento cien= tifico cresceu como nunca na histéria humana, e isso se deveu em boa medida & especia- iio disciplinar,& prética do trabalho intelectual por disciplinas. Mas a proliferacio das disciplinas nfo gerou s6 resultados positivos; também suscitou. graves problemas. Por exemplo, problemas de incomunicaao entre diferentes especia- lists. Alguns desses problemas comesaram a se solucionar no préprio século XIX. Des- de ento, surgiram disciplinas que em si mesmas eram incerdisiplinares. A definicao que se hes dava chegou a implicar o domfnio de conhecimentos de distintas disciplinas nas quais se dividia a vida académica ¢ intelectual. Assim, por exemplo, muitas obras de histéria do século XIX difcilmente poderiam ser catalogadas em um s6 compartimento, fem uma 36 categoria. A histéria, a antropologia ¢ a sociologia chegaram a ser esforsos nordveisna integrasio de viras dsciplinas. Desse modo, manteve-se uma corrente que tendia a unit, em uma mesma disciplina, 0 que a divisio do trabalho intelectual e cien fico separava. Mas essa corrente nlo péde impedie a tendéncia a especializas A separagio disciplinar, em meio a suas vireudes, incomunicagio, chegou a afetar o conhecimento pretendia compreender e mudar. Escondeu “causa ta pesquisa da ciéncia econémica se considerou possivel ¢ desejvel islar as varid- ee Pe nicas dat sociaise poiticas,e se enalteceu casa dsciplina por fazer 0 mixi- de esforco de parciménia e conseguir “os méximos resultados de exatidio em jas humanas”. Curiosamente, a exaltagio de uma “ciéncia econdmica” que se ide outras disciplinas ~ ¢ se automutilava — correspondeu a graves fendmenos de de rigor. A ciéncia econdmica dominante perdeu nio s6 nogio do conjunto da mia, como amb das eases oie plia male signin a pod ra compreender ¢ mudar a sorte da humanidade. m Pmanes wucientemente crakada “ciencia econémics”~ Gnica das céncias socis 2 ‘ge concede o Prémio Nobel — construiu matrizes nfo confiiveis tanto do ponto de vista {ico quanto do ponto de vista cientifico. Manipulou varidveis que no eram as inantes das mudangas macrocconémicas que seus autores declaravam buscar, mas rente de efeitos buscados e ocultados, funcionais para a maximizagio de utilidades dos pdlios. A “ciéncia cconémica’, como as “ciéncias exatas", dew um lugar secunditio € ynseqiiente aos “efeitos colaterais” de seus descobrimentos. Nao 6 os declarou “e’eitos Jbuscados”, mas também ignorou e negou — elegantemente — que foram efeitas buscads. mesmo durante a Segunda Guerra Mundial, para legitimar seu auto-engano, esqueceu ‘vinculos de suas pesquisas com 0 complexo cientifico-militar-empresarial organizado ganhar a guerra, dominar 0 mundo e incrementar a acumulagio de capitas" Para o isolamento da “ciéncia econémica” das demais ciéncias sociais, contribui- elementos ideolégicos vinculados & luca pelo poder ¢ aos interesses dominantes. O mento no sb obedeceu ao legitimo desejo de conhecer com maior rigor ¢ exati- um problema. Foi produto de uma “douta ignorincia” de “um sibio pecado” que, sm a matemtica como retérica, impediu que se compreendessem fendmenos que 0 3s. Permiciu mento “cléssico”, sim, compreendia, ¢ as forgas dominantes no queriam que se eompreendessem mais avassaladora, A riqueza das nage, obra central de Adam Smith, no s6 havia aleangado uma além de provocar problemas de de profundidade no estudo dos fendmenos econ6micos; havia alcangado também profundo da prépria realidade que WB uma grande profundidade na discussio dos problemas politicos, em especial para a eg a 3, ealou “efeitos, suplantou “fins” dominagio dos mercados pelos ingleses, ¢ no delineamento dos préprios problemas Eup a Ee socials que apontavam as causas da pobreza. De fato, A rigueza das nagdes foi a base Fares va i lore ace ae Ms esos mls nes ora lam-na das varidvels do poder e da politica, da sociedade e da cultura. O objetivo mani SIE ina propens pollsc por vluo doe problema sors mute Soa festo pretendeu alcanga res d ‘cangat uma suposta “exatidio” tio grande como a que representava a 0 pensamento conservador de Malthus e de Burke, ¢ ao futuro pensamento fsica mecinica no século XIX. Aspirar 8 “exatida Reoconservador de Von Hayek, dos “neoclésscos” ¢ do “neoliberalismo" io” dos conhecimentos em fisica mec nica constituiu uma das paixdes mais caras para o pensamento cientifico do Ocidente, ‘amto em ciéncias naturais quanto em ciéncias humanas. Foi sua ideologia, sig titeer 7 Para anal aocitagio pel ppt psquisdor da ‘pesquisa Genta tl como feta ver abel Stenger, Science pousoin le démocrai face a telesience (Pass, La Découverte, 1997), em especial p. 95-116, Bestaaetisg Gaia cies ocs, : nic and arrears oe Para uma andlisedo problema social em Adam Smith, ver Emma Rothschild, “The debate on econo me fo sstema ea casificagdo ds citncias, ve Jean Piaget, Lagiqueetconnaisance Social security in the late eighteenth century” em Cynthia Hewiet de Alsntara (Ed), Seca future global fie (Pais, Gallimard, 1967), p. 1131 3, tisione (Orford. Blackwall 1908) 9 119-40 18 As novas ciéncias e as humanidades A economia dominante, como citncia, tornou-se 0 exemplo mais dramatico d tuma disciplina que, tendo em sua origem fortes vinculos com as ciéncias pelitcas cortou esses vinculos com a suposta pretensio de se parecer coms a fi ‘menica, ¢ assim perdeu todo o rigor, O premio que recebeu por sua automutilagy velo precisamente daquelas forgas quc, a0 ver os verdadeiros eleicos “ neslisic”tnham no aumento de as vanopene Ieee cere, oe fs pean F declararam que se ores eram “cicntistas”rigorosos, modernos, “excelentes", dignos de ser tidvs co ‘exemplo pelas comunidades académicas do mundo. . a A Rio-sonfirmasio dessa “sconomia' como teoracientfca no imped que cont cientifica nas humanidades. Titou da economi m © uso inadequado de modelos matematica ics. A “economia” foi celebrada pelo pensamentg cial que merecia ser considerada entre “as ciéncias Joseph Schumpeter (Teoria do conservador como a tinica ciéncia sot Desde 1911 ae ara que a prépria mode om toda a clareza, que a dotagio étima de recursos, my {que um problema matemtico, é um problema poli native a Ses diferencias lineares e no-lineares, que, de fato, li inexatos. Seus autores aparece: eee Fam como pesquisadores P. séros, com um senso de humor que ocutava seus doyines com na tifca” para a andlise da “verdadcita dinimica” da economia Interdisciplina e complexidade 19 lise lsc fo lbertada ce suas implicagSes politics dirctascaractssicas ibe. O proceso comezou com as ificuldades que suscitaa a coca do ide Adam Smith. A eoria do valor-tabalho nio podia mancer-se sem a incrodusio de postulados nfo-ccondmicos, como a doutina da exploragio. Em vez de continuaem io a tcora do valor-tabalho por meio das complcagées de um sistema capitalists ido, numerosos economistas da Franca, da Alemanha e da Inglatera esolhecam caminhos.. Gradualmence abandonaram a teoria do valor-rabalho em favor de um plicagio que eliminava aidéia do excednte, enquanco este implicava reoria da exploraio. Em termos enicos mudanga consis em postular una teoria do lide (wily teary of ale, como eorolito, a acitagio da produsio do capital im, a excessiva compartimentacio disciplinar produziu, como contrapartida, am mento a favor do estudo da totalidade em ciéncias naturais e humanas. O movi gologia foi uma das correntes que lutaram por no se perder nas partes e por dar na consciéncia do todo, Seus autores sustentaram que 0 todo ¢ algo distinto soma das partes, 0 que permite esclarecer relagoes ¢ tendéncias que de outra cira sio inexpliciveis. Em 1920, W. Kehler expés a impossibilidade de explicat as turas psicol6gicas por sua origem microfisica. Sua contribuigo se inscreveu em uca ampla. Integraram essa luta tanto as filosofias crticas, marxistas ¢ histo 9 as empiricas ¢ analiticas. Os novos pressupostos abarcaram as mais di es tedricas ¢ filosdficas nas préprias instituigdes de docéncia e de pesquisa. década de 1930, surgiu um amplo movimento para “aproximat” ou até mesmo lit” as disciplinas. ‘A palavra interdsciplina apareceu pela primeira vex em 1937, . Antes, a Academia de Ciéncias dos Estados havia empregado a expressio ‘cruzamento de disciplinas’, eo Instituco de Rela- Humanas da Universidade de Yale havia pugnado por uma ‘demoliio das frontei- le entio se restabeleceu a necessidade de alcangar uma cultura geral que per 40 estudioso mudar de especialidade no curso de sua vida intelectual. Propés-se solucio que continua vilida: tornar-se especialista no estudo de um problema, adentemente de qualquer especializagio advinda das disciplinas que se ensinaim intasfaculdades. Na prépria universidade surgiram expecialidadesinterdisciplinares @ estudo de um periods determinado, como no caso dos pré-historiadores ou dos as; ou expecialidades interdiviplinares para 0 estudo de um espace, como no dos gedlogos ¢ dos gedgrafos. Essas e outras espcialidades interdsciphinares encar- Ral hist of ono hugh (Londres Faber, 192), p. 285. 22. As novas ciéncias e as humanidades Quanto ao termo “teenociéncia’, ee aponta para uma vinculagéo das técnicas ¢ das ctncias que vai além dos vinculos das téenicas e do logos, ou que dé precsio a este como razio instrumental. Tecnociéncia € um termo que denota a ciéncia que se faz com a técnica ¢ a técnica que se fiz com a citncia por pesquisadores que si0 ao mesmo tempo técnicos ¢ cientistas ou cientistas © técnicos, e que trabalhare nos enais distintos niveis de abstrasio coneresio, levando em conta os préprios ou parecios métodos de suscitar ¢ resolver problemas. A tecnociéncia corresponde 20 cabalho interdisciplinar por exceléncia. Como se realiza em grupos de pesquisadores cientif co-téenicos, que trabalham para adquirs, precsar e entiquecet determinados conheci, mentos ¢ aplici-los para atingir objeivos, a tecnociéncia estd muito vinculada tambem 3s ciéncas ¢ As téenicas da adminiseagio, da comunicagio © da informagao, que por fs vez se relacionam com a psicologia de grupos, com a pedagogia com a lingistica com as mais distintas ciéncias, engenharias, artes e polticas © auge da incerdisciplina eda teenocinciaesté também vinculado a uma grande mnucdanca na his6ria do sistema global capitalsta que se manifestou em dois campos Principais: o da tecnologia, quando, a partir da Segunda Guerra Mundial, comerou a ser usada de forma crescente para a luta ¢ 0 trabalho, e © das mediagdes dar Incas € do trabalho, que passaram das politicas de extratificagéo e mobilidade social do Estado de bem-estr ¢ do Estado descnvolvimentsta,chamado neocolonal ou pos, coloniah para politicas em que operaram cada vex mais a recnocincia dos grupes sistemas organizados ¢ dominantes a “construsio" de sistemas “colonizades” c “escravizados’ com sociedades desariculadas, desreguladas, informalizadas, repri midas © mediadas a baixo custo. Incerdisciplina ¢ tecnociéncia receberam 0 apoio crescente dos grandes lideres in- tclecruas dos paises mais avangados, de seus empresirios e de seus cientistas, pesqui- sadores © professores. Os préprios lideres, empresirios e pesquisadores ow tents desenvolveram uma cultura interdisciplinar e comesaram a tansmitile em seus cane tros de pesquisa, experimentagao, simulagSo, produgio, servigos © em cures que fundaram mediante um novo tipo de trabalho presencial e a distincia, ext fuel da enormemente pelos computadores, (Or novos trabalhadores desses centros passaram a ser mais conhecidos como “tra- balhadores simbélicos” do que como “trabalhadores intelectuais” ou de “colasiahe bra Go". Scus chefes slo conhecidos como teenocratas, megacmpresirios, Kissinger se destacam como figuras preeminentes entre os politicos tecnosienninns tron mass nocttas que dirigem o atual proceso de globalizasio, anda que haje shuts mals, curopeus cjaponeses, seguidos de suas contraparces,disc{pulos easciadec das velhas € novas Periferias do Mundo. A combinagio ¢ articulaczo de disciplinas que exemplifica MacNamara — com seu conhecimento de economia, da citnca, da politica e da guerra Fempo que a Segunda Revolusio Cientifica combinava anil » Interdisciplina e complexidade 23 ivismo, registro c explicagao de tendéncias e desenho de modelos ¢ cenirios. Na vinculacio de conhecimentos estiveram presentes a cultura clissica do poder ¢ a jeararecnocientifica, ambas enlacadas para construir a realidade deseiada pelos homens Esado ¢ peas megacorporabes em sistemas tenofitos"c cecnodesregulados, onde sibilidades de dominar e ganhar sio maiores, anto nos negécios quanto na guerra, Bess combina, Heary Koger ealtu o alte oat encan que se as habilidades gerencias © produz “aparatos inteligentes" e “armas inteligenses”, © apoio que governos ¢ corporagées dio & interdisciplina e & tecnociéncia € im ante. Projetos miliondrios de pesquisas interdisciplinares e tecnocientifics se am desde a Segunda Guerra Mundial até hoje. Um investimento que o diretor do lational Research considerou “modesto” em 1999 corresponde a dez grandes projctos terdisciplinares com equipes de pesquisadores aos quais se destina um milhao e de délares anuais por equipe durante cinco anos". Mas o apoio nfo a Imensagens favordveis dos grandes politicos nem a suportes financeiros sem precedente iiiesia ds peaquiss clenifin'e tecnolégica, acordados entre as universidades ¢ feentros aurSnomos ou empresarias ¢ governamentais. © apoio se manifesta em -odos #5 melos, na imprensa, no rédio, no cinema, nos préprios governos e nas empresas ‘que dio um grande alento hidico, reverencial ou pritico a0 novo tipo de cultura ¢ ‘onhecimentos da revolusio tecnocientifica e da interdisciplina. Anne Keatley Solomon, ‘num artigo publicado na revista Science em fins de 1998, sustenta que todo o pessoal ido Departamento de Estado dos Estados Unidos deve estar alfabetizado em Ciéncia ¢ Tecnologia e deve provat, para seu ingresso ou exercicio, um conhecimento bisico dos feoncritos fundamentais da ciéncia e da pesquisa cientiica"’. Os pesquisadores de ponta também se encontram entre os principais promorores dde uma revolugio cientifica ¢ tecnoligica cujos vinculos com a cultura humanistica «io Barticularmente sélidos ¢ crescentes. Muitos deles escrevem livros ¢ artigos para cole- 35 de outras disciplinas. Nio se tata de trbalhos de “divulgagio da cincia", expres- #f0 que entre os cientistas € pejorativa. “Popularizar é um termo pejorativo entie os lentistas, explica Daniel Denner, Sao trabalhos de fisicos para bidlogos, de bidlogos _ Para matemicicos ¢ fiscos com problemas que a interdisciplina analisa a partir de um Iicleo disciplinar que vai ao encontro de outro em comunicago interativa de pesqui- sadores, ou de professores ¢ estudantes. Didlogo ¢ pedagogia interdisciplinar sio fomentadas no mais alto nivel, Pensam 5 novos intelectuais, segundo afirma Stern Jobes, que “todo homem civilizado deve © TRenofctor no orginal. (NT) © YEJ-W. Gibson, The pert war tchnownr in Vienam (Boston, Atlantic Monthly Pras, 1986), ¢ Henry ‘issnger, American foreign pay (Nova York, Norton, 1974). © Norman Merger Richard Zate,“Imerdscplnay esearch: fom belie to eal" Scene, 283,199, p. 642.3, 24 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciplina e complexidade 25 ser capaz de falar em termos gerais sobre as alternativas cientificas e nio cientificas Outros pesquisadores de ponta luram para acabar com a suposta “inveja em relaga 40s fisicos” ou para que se perca o medo da fisica, o medo das matematicas, o med das ciéncias em geral. Ou para que nao se desqualifiquem os mateméticos ¢ INa nova produgio de ponta, sio fundamentais o dislogo entre os trabalhado- fisicos que refletem sobre as ciéncias dizendo que ja no sio cientistas, mas “fils béicos e 0 trabalho em equipe, como demonstraram Winograd e Flores em um fos’. Ou os cientistas que escrevem sobre cincias dizendo que jé nao sio cientistas Ulissico intitulado Understanding computers and cognition”. Ao mesmo tempo mas “escritores ou divulgadores" ou, no melhor dos casos, “docentes’. Os novos ecialistas, os aut6matos celulares, os conjuntos difusos ¢ a os sistemas csp ; ° difasa, as biosferas espaciais, as miquinas de teraflp Inova corrente se relaciona com novas formas de produsio ¢ com uma nova uum conhecimento cientifico ¢ humanistico, que vincula a organizagic ¢ a cientistas Iutam para falar e escrever bem, para dominar o idioma materno e outro ‘ou a construgao de conceitos ¢ de realidades. Surge o que John Brockman, do idiomas, como as linguas francas, em especial o inglés € 0 francés, Um nimero fo de Santa Fé, no Novo México, chama a “Terceira Cultura", que procura ccrescente de especialistas nao 36 refaz sua cultura de excritores que sabem matemé- ‘com a separacio entre “os homens de letras’ ¢ “os homens de ciéncias”. ticas, mas também de matemiticos que sabem escrever. Os Valérys ¢ os Poincarés se ‘em 1959, 0 antropSlogo C. P Snow havia anunciado o iminente nascimento de multiplicam, como os Borges os Marafiones. Aumentam também os pedagogos Terceira Cultura’, pensando que os homens de letras comegavam a estender ue precisam as pontes psicoldgicas, cognitivas, coloquiais, para aproximar-se ou 6, Na realidade, essa Tercera Cultura esté surgindo, porém mais como contrb aproximar especialistas de distintas disciplinas; para sair de uma disciplina ¢ ir para idos cientistas. Sao eles, segundo Brockman, que estio escrevendo os livros que “os ‘outra ou outras; para convidar quem tem uma especialidade distinea da sua a adencear de letras” nunca chegaram a escrevee”, Em grande parte Brockman tem razlo mma que o outro domina. Os problemas nio se estabelecem apenas como algo title ‘Mas as resisténcias & interdisciplina sio impressionantes. Os préprios Norman. agradével, menos ainda como um espeticulo ou uma recreagio ao estilo do século. ¢ Richard N. Zare, no artigo que publicaram na Science em janeiro de 1999, XIX, em que a divulgacdo da fisico-quimica ¢ a divulgacio da magia ainda se junta: tam que “se tem dado um fracasso em grande escala pata fortalecer os vinculos vam como “fisica recreativa’ e se apresentavam ao leigo com espitito fantasioso, distance, ¢ para seduzi-lo ¢ deleité-lo com experimentos cujos mecanismos e técnicas de pensar o leigo no compreendia!™ Os problemas se estabelecem em fungio de um didlogo rigoroso e claro, e de uma capacidade cognitiva e construtiva de coletividades partcipativas que produzem co- hecimentos nos quais as relagSes, tte as ciéncias sociais ¢ do comportamento, por um lado, e as ciéncias fisicas € ioldgicas, assim como as tecnologias, por See ee ae junto dos sistemas de pesquisa, educagio e difusio da cultura e no atraso que estes BI todo um rovincain gor ji cota maduro cn fen do. ance SOG , desde entio, poderia ter-se estendido ao sistema de pesquisa e ensino. as interagbes, a8 interfaces e as sinapses si0 tao Ss icdeicin’ x dinciraas'saxSea"Emiprimeiro hugac excl a pega importantes quanto as coletividades ou grupos de tabalhadores simbélicos que as Produzem, scja na tela dos computadores, seja com resinas que os aproximam do Virtual ao real, ¢ do trabalho intelectual a0 manual e ao politico Os tabalhadores simbélicos sio tabalhadores intelectuais e manuais, alguns sfo também trabalhadores polit orativa. Os profissionais egressos de uma disciplina a defendem com zelo. Néo Bist compeitcla que cdo sj doe “eu am dele da propria competadla 40 mesmo tempo intelectual ¢ mercantil. Racionaliza-se ou justifica-se de distineas Race eae cone: lees x rd oeeslinar oka 0s e engenheitos. A tecnologia influi nos préprios pressu- ieudes que a especializagio tem sem accitar que se “possum” mudar os limites tdpicos cientificos. Cons pois desta, aparecem as cid especialidades. Romper esses limites ¢ ultrapassar a fronteira de uma especial lcram a cibernética pioneira entre as novas ciéncias ¢, de- dade para outra implica entrar em zonas desconhecidas. $6 “o conhecedor” especia- a ncias da computagio, as ciéncias cognitivas, as eigncias da lista “pode” levar © navio 20 porto. Os direitos “racionais” do exercicio profissonal penton Hike molecular, a neuropsicologia, a lingtifstica computacional, a ‘excludente se fortalecem com as legislages universitérias ¢ com 0 diteito positivo. teoria do controle, a inteligéncia artificial, a vida inteligente, os agentes inteligentes, a As intersesdes, ou zonas de contato entre vitias disciplinas, ficam a cargo do profis- realidade virtual, a teoria do caos, as redes neuronais, os fractais, ieee ae expan- cE : ‘ Soy os sistemas complexos adaprativos, a biodiversidade, a nanotecnologia, o genoma (G,John Brockman, The third eubure, cit, p. 19 153. 4 Texry Winograd e Fernando Flores, Understanding computers and cognition: a new foundation for design 1 ln Brock, Th third bar: Bod se inf ralaion Nor Yak Simon & She, 19) {Norwed, Ny, Abe, 1986. 1 Tim Seas, “nterdiiplinary cooperation’, em Brenda Laurel (Ed), The art of human-computer ntefce Fe ae Stem Theo cubes (Cambridge, Cambridge Univesiy Pres 1993) Site awash, Addison Wesley, 1990), p. 341-4; ean Kuma, “How wil the nar eninecing 1 E.John Brockman, The ehird cute, ct, p. 17-31 dion cic et physic Phy Tan, je 00,4958 Ks nae 26 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciplina e complexidade 27 sional mais ou menos “culto” dentro de cada profissio. Ou se dividem como curso Bgetais, complementares, cuja expressio superficial confirma a superioridade do con nhecimento disciplinar solidamente estabelecido, ¢ dos monopélios profissionai que se exercem sobre ele AAs resisténcias vém também das autoridades académicas e dos circulos dominan. tes. Por volta dos anos 1950, justamente 0 reitor da Universidade de Chicago ~ famow Pot seus boys economistas ~ escandalizou-se com “a crescente crosio das fronteiras entre as disciplinas’ ¢ até a declarou “alarmante””, Hoje, quando nas grandes escolas de administragio de empresas, ee resin as epee de poo nara Ns oss ety do cathode por conten a que fragmentam © trabalho e contam os minutos de cada operagio, ‘om os “fordistas’ da linha de montagem, até os que usam as intimidades pacoligics que movem o tabaladorcoifcado de Eton Mayo, Todos 6 trabalhador em um apéndice da méquina. Aos modelos do capitalismo _ 2 dlls formas dé coll pects ae ou “escolas de negécios” (business schools), formam-se dos neo-escravos, dos neotrabalhadores endividados, dos neo-enquadrados, 98 gerentes politicos e teenocratas com as novas especialidades intesdisciplinares € “trabalhadores livres", que “escolhem a exploracio para nio cair na exclue com algumas disciplinas tradieionais atualizadas, ¢ quando nos projetos mais avanga- RPE Sy persis “oe mescidoe flaancelrce extla prcseotandaTenenm dos das universidadesvireuais e para a distancia se produzem médulos interdisciplinarea + para que sigam o modelo global em que os executivos nfo devem se preoct~ de excelente qualidade, surpreende ver como se tragam limites conseientes, ou ideolé- mm sicos, tecnolégicos ¢ econémicos para a difusio geral da interdisciplina. Esses limites Info abarcam apenas as redes de intituigdes, mas também os contetdos da interdisciplin, paises centrais. A “degradacio do trabalho no século XX", a que se referiu A mutilagio de que foi objero a ciéncia econdmica ndo é uma excesio, nem mudac an em seu famoso livro®, acentua-se no século XXI com o neoliberalismo ¢ a ram de rumo as causas e forsas que a provocaram, Muito a0 contririo. O ensino de BEG i csxici rapa) cipert ober Omslscimulicsc ccraltaeame elite segue ostentando diferengas e auséncias enormes no interior de cada nace do iicleos ou centros de produgio focalizada em que os trabalhadores simbélicos Préprio Grupo dos Sete, obviamente essas diferencas © auséncias se acentuam nos ficipam dos conhecimentos, dos dislogos, da tomada de decis6es, nas dreis de paises da periferia mundial, 30 das empresas mais avangadas. A generalizagio do trabalho elementar do ho- ‘A capacidade indubitével de extender a cultura superior & imensa maioria da popula: SS ser ccrivi sx cul cour a cattsescn nari eee si recortendo aos atuais meios de comunicagio e aos novos métodos de encivo, € MGs orenicerto focalizeda do conbecimente riukdiscplina? 6 Gale reforgada com a expansio dos mercados de livros, de material didstico e de servigos Gialogado, simbélico, virtual e tual, material. Essa “focalizagio” esté longe de fuaer eluctivos, mas encontra srios limites no mercado por filta de capacidade de compra BETS ino 0 “Progreato da Humanidade”, Ao contro, é lio sity tin Na organizagio empresarial mais avangada, o trabalho interdisciplinar © o didlogo tor lo que tende a otimizar as diferengas ¢ a articulé-las, em nivel mundial, em ham-se necessérios para 0 éxito na producto e acumulagdo. Os complexos ¢ unidades jstemas ¢ complexos “conservadores” que preservam empresariais do capital corporativo combinam os modelos dialogais de ‘organizacéo com As resistencias assinaladas se acrescenta a baixa demanda de trabalho qualificado 0* que sio terminantemente auroriiros, herdrquicos. A cada um deles correspondem fempos e zonas criticos, com uma tendéncia geral: a exportagio de empregos dlstintos tipos de preparacio, adestramento e educasio. As formas de controle consensual lficados da periferia para o centro. Essa tendéncia aumenta as press6es contra as « compartido ¢ interdsciplinar contrastam com os modelos predominantes em quatro jociéncias e a interdisciplina nas regides e pafses periféricos. Como se tude isso auuintos da humanidade, que vivem toda a gama de modos de producio espoliadores ¢ pouco, razbes de “equilbrio, como as que aduzem ao falar de um "excesio de opressivos ¢ sob todas as formas de degradacio da cultura e da consciéncia, leso ocorre inda insatisfeita de empregos no nivel profissional” (“excesso” que, certamente, ‘do 8 na periferia do mundo, mas também nos palses centrais, Em mead, imenta com as privatizagdes dos servigos sociais), associam-se com perigos de XX, Georges Friedman estimava que s6 10% do governabilidade” © de ameaca A “seguranga nacional” quc se usam como argumen- requer inicativa © deve aperfeigoar seu crittio ¢ BRP s’ofura da Educaris Superior Himirando-< aos que pode Bann Se as “relagdes humanas” das escol mu tenham os méritos necessirios para receber bolsas ¢ empréstimos que os habi- Edward Deming, i Er i cs trabalhadores ite com o que pensam trabalhadores que nio realizam trabalhos simples continuam sendo minoria nos los do século Pessoal de uma empresa moderna nriquecer seus conhecimentos®. las de McGregor, Maslow ¢ Herberg, ou as de «ue motivam a aleangar uma grande “qualidade”, e 0 “toyotismo” ou 7 B Michal Ber Nin Noha, Broking ode of ane (Boson, Harvard Basins School Pres, 200), Mats! Dogan, “The new oil sciences cack inched wall uration ura of ei poeM.Skpinks Sciences, 0.153, 1997, p. 492. Fook ithe coca excep Nea BP Harry Braverman, Labor and monopoly capital: he degradation of work in he renteth century (Nova York, 3 Georges Friedman, Of we le ravi human? (Poie at 28 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciplina e complexidade 2¢ litem ¢ comprometam, Assim se unem eabi “J.W. Gibson, em The perfct war: technowar in Viernam fa ver que as novas éncag 6 € as humanidadese sua articulasio interdiscplnar “mudario o captalione” © Retest dave cer ih eee io autor acrescenta que a nova unio da politica, da economia e da ciéncia tanafon, oe pape ae iu *apas da industralizagio do a pritca da ciéncia, da economia, da politica e da guerra. Mas ai se detém. E muitos outros pensadores que, vindo da exquerda c do marvismo, exercem a erteg sae atuar préprio, ¢ também das forgas dominantes, do sistema dominant Ean Bia era nfo nos leva a suscitar problemas que nos permitram ver por gue anova cent o de citncias e humanidades conbui para mudaro sem capitalise de que mia em rclagfo a poltien ca mee me ae a ontribui para mudar a luta de clases, a luta de libertacéo, a luta pela democracia ¢ So geral como nas pesquisas sobre o Estado, a sociedade t Menke Tonal (os poccelacak emania des grandes pténias ex dominagéo imperiaia ‘Alguns diam que nessas condigbes of partidos © movimentss Progressistas ¢ de Beis gisbalindor A pantie fazem da interdisciplina e da tecnociéncia uma de suas bande principas, Befscd” info. permi 4 : : : ‘xftico” no permite se aproximar de um problema fundamental: ¢ que Mas nfo €isto que ocore, Autores como Victor Wallis, que pedem gua ance nc Picken Jisipliore Fi #! sem promos cn ads cade nd ee om Sia Een gee Fa gm hs or mde rans its & iterdisciplina vém também, por mais pardoxal que paren ae ensac =... eae peace ade eiate © da propria exquerda. A critica As tcnocitncias, como force te explo. — ie. de destruigdo de alinasio, & muito mais cultvada c aprofundate que 0 estudo de suas tcorias © métodose das formas concrets com que sion forsas produtivas consider iat lags de produgio. Uma parte importante do pensanete coiay considera que o problema da interdisciplina , isto sin, academic on corresponde a ri cansagio aadémica, como dia Tery Eagleton. Nao se v8 que a inverdisciplina Eom Senocncis endo relacionadas com a socedade, com os neg e er i . se » com os negécios € 0 mercado, ages de conhecimentos entre duas ou mais disciplinas, das “interfaces de ey Le eres ieee eae na sociedade contemporanea, muitas das “transa. limentos” em uma mesma especialidade e em distintas especialidades. Muitas foas iene een ee solusées continuam vidas ¢ se aplicam hoje em numerosas pesquisas, Entre. tf 5 fo so as Gnicas nem as mais sigoificatvas para compreender a interdiciplina do século XX e principios do XI. Povimentos a favor do trabalho multidisciplinar einterdsciplinar permitiram e Fedesenhar os velhos problemas da selegio de conhecimentos geraie que a lutie qualquer pesquisador, independentemente de sua especialidader ou os da a intos campos € que manejam distintas lingua ido desses problemas constitui parte da hist 3 solugio desses problemas priticos, pedagég feéricos, de organizasio, de comunicagio e de didlogo se acrescentem pes éticos © metodolégicos de fundo que consticuem os antecedentes de seg anstormasio do trabalho cienifico ocorrida mais ou menos em meados Movo conceito da ciéncia e da interdisciplina Movimento que se deu a partir de fins do século XIX, ¢ sobretudo desde os anos } contra os excesss da especializagio em uma s6 disciplina suscitou o problema Progr’ or progres? Defining a socialist technaloey” 30 As novas ciéncias e as humanidades Interdisciptina e complexidade 31 ¢ havia subsistido até nas reformulagses do cartesianismo ¢ do baconismo. Se mais o fizeram como parte da busca da precisio e difusto estandardizada de rodo cientffico que acabasse — como quis John Dewey ~ com qualquer obstru- jente de prejulgamentos, dogmas, interesses de classe, nacionalismos, racis- ses pontuais e formalizadas, e de outras, globalizadoras.¢ filoséficas, derivou em revolugao cientfica que deu fim aos paradigmas newtoniano-cartesiano-baconianos Estes haviam dominado durante trés séculos na realizagio ¢ interpretagio do trabalhg ; cientifico. O surgimento das chamadas “novas cincias”, identificadas com os sistem = auto-regulados ¢ complexos e com as novas concepses do caos, significou muito ma lou auroridades ¢ poderes externos. ‘que a mera tentativa de resolver problemas de cooperacio ou de intersegio de distin © amplo movimento unificador expds fundamentos que nio péde superar. Teda disciplinas. Os novos pressupostas tedricos ¢ metodolégicos levaram & reformulagio d va de uma s6 I6gica, de uma 6 matemética, de uma sé linguagem, de um sé trabalho disciplinar © da pesquisa avangada em ciéncias ¢ humanidades. Jevou seus autores a0 fracasso, e nfo s6 no campo cientfico ¢ filos6fico, mas Em uma “revoluglo cientfics” que tem sido comparada por sua forga com a iniciad im no politico. O movimento da ciéncia unificads, que pretendeu “deixar a poll- por Newton, hé virias tentativas que parecem se destacar e que se complementam mutua fs portas da pesquisa cientifica”, nfo reparou que essa era a melhor forma de mente entre éxitos ¢ fracassos superados: um € a frustrada tentativa de buscar “a verdad aberta a porta da pesquisa cientifiea & politica do status quo. Pretender deixar a tinica” em codas as cincias naturais e humanas, tentativa que como contrapartida ct ca is portas do “todo” resultou numa contradigdo em seus cermos dora suscitou uma revolugio contra a idéia da “verdade”, da “objetividade” e da “razio! © maior aporte do movimento unificador foi involuntério e indireto. Foi a respos- tem abstrato. Autores como Piaget, Kithn, Gadamer e Austin propuseram novos pressus feta a que deu lugar. Dessa resposta, nio s6 critica mas também criadora, postos sobre a construgio de conceitos e realidades, sobre os paradigmas cientfi ram novas formas de pensar: umas tendentes as concepg6es tecnocienttficas cue hegemnicos ¢ alternativos, sobre os conceitos dialogados sobre as relasées definidor donaram os projetos reducionistas e aceitaram a complexidade como variedade das palavras ¢ dos atos. Esses pressupostos derivaram por sua vez em novos vinculos g6es articuladas; outras que reconheceram o dieito as diferengas ¢ & autonomia fus6es da filosofia, da lingiistica, da semiologia, das matemsticas, da légica, da comuni idas forcas dominantes, hierdrquicas © homogencizadoras. cagio ¢ da computacio. Aproximaram a teoria e a experimentagio e reconheceram @ fins do século XX, nenhuma das “Grandes Teorias Unificadas” havia aleangado Préprio objeto como sujeiro cognitive. De maneira complementar, ¢ nio menos impor o geral. A idéia predominance consistia em reconhecer a multiplcidade de “mundos tante, formularam a nova definigio do caos como antecedente e sucessor da organizacio de formas diferentes” por diferentes grupos ¢ com diferentes propésitos". Fssa Com a integragio das mateméticas, da fisica, da quimica, da biologia, conduziram gio foi adotada até mesmo pela tecnociéncia dominante, que privilegiou seu préprio novos conceitos de determinismo do tempo irreversivel, da incerteza, da histéria, d o de raciocinas” e de “investigar” com um variado respeito & pluralidade © aurono- natureza e do homem. A mudanga nao se expressou apenas na teoria que vem das cién ‘outros estilos de pensar e pesquisar. S6 a cconomia neocléssica, com seus dogmas cias naturais ¢ dé uma visio geral sobre as ciéncias € os conhecimentos. Também. tificos neoliberais ¢ suas pol fundamencalistas, continuou ostentando-se como a expressou na filosofia da verdade vinculada ao poder, & ética como pritica moral, iéncia que faz das leis naturais e dos modelos reducionistas os iltimos remanes- retérica como persuasio, 2 comunicacio, informacio ¢ organizagio de sistemas comple dos mitos newronianos com que se confrontou o proprio Newton. 0s com pressupostos no reducionistas nem lineares tiovo caminho tornou-se particularmente rico: a busca de “interfaces”. Esta se dew, A revolucio cientifica do século XX contou, entre seus precursores fracassados) tanto dentro de uma disciplina que rompia seus limites como entre disciplinas. faces’ se fundiam ou se forjavam em relagio a problemas teéricos pontuais. com os que buscaram encontrar um meétodo cientifico © uma Unica aticude icialmente na fisica e nas mateméticas; mais cientifica, desde os pressupostos da Repiblica de Weimar até 0 movimento pela Enci es de vanguarda surgiram clopédia de uma citncia unifcada Esse objetivo foi perseguido por notiveis pesquisa Berne comprorto. Provierra da snilec de conmar gonial dores como Gottlob Frege, Bertrand Russell e Rudolph Carnap. Em um movimento jlados, de uma nova ciéncia conhecida como “cibernética’, de uma nova pela “lingua ideal”, seus participances quiseram unir todas as disciplinas em torno de mologia genética experimental” e da “revolugio” das ciéncias da comunicasao ¢ tum método wma atitude que estivessem acima de todas as idcologias. Alguns deles izagao. AlteragBes profundas puseram abaixo tabus milenares ¢ desfizeram as partiram de um reducionismo que vinha da fisica, “cigncia por exceléncia’, & qual vas que haviam predominado sobre a ciéncia na Idade Média pretenderam impor uma forma que eles mesmos temeram que fosse qualificada como O perfil de mudanca se esbogou quando o austriaco Ludwig Boltzmann fez uma cone- ‘expressio do “imperialismo da fisica’. Outros o fizeram com uma crenca mais vineu- tro da prépria fisica, entre 0 microcosmo das moléculas ¢ 0 macrocosmo da lada ao conceito metafisico de verdade e objetividade, uma crenga que vinha da filoso- jan WS Pe Gaon «David Samp. The dani fine: ender sme, npr (Stanford, Sard 3 immannel Wallon, Abi ler coisa (Mica, Sala XM arn 00 sence) Sine The aeely os 7 32. As novas ciéncias e as humanidades Interdisciptina e complexidade 33 Sermodinamica csi © suns leis. Sua descobersteve um efio em cada, com ramiScAMMMMM care construir 08 comporeamentos de sistemas macroscépicos a0 vinclar cs que proporcionaram, pelo menos, rés importantes mudangas enlagadas: 1) a obabilidade nio s6 a desinformagio, mas também 3 informasio, ¢ ao assenuar as determinism, das probabilidades ¢ da informacio; 2) a dos sistemas fechados e abertos; 3 es para compreender que a “entropia” como desinformacio se opée “neguentropia” a de uma nova visio nos graus de liberdade dos sistemas e no desenvolvimento de medid informacio; que aos “sistemas fechados” que perdem informacio se opoem os ‘mateméticas para a transformagzo do conhecimento e do mundo. bertos", capazes de conservar ou adquitir mais “informacio”. Concluiu que Em todas as mudangas, ao cruzamento de conceitos se actescentou 0 de crenga ordem’ ¢ “a desordem” estio vinculadas entre si, com possibilidades varive's de Este iltimo tornou-se mais dificil de ser accito ou compreendido, De fato, i Jf ordem, mediante a informaglo, no que se desordena, ou de conter a desordem da dor estava passando de uma ciéncia do criado para uma ciéncia da criagio, Ao dem estabclecida’. A revolugio da informacio se converte em uma revolugis do isso, estava des-cobrindo “segredos” profundos, “mistérios” inconscientes que os cien: hecimento ¢ em uma revolucio do conceito da criagio. Do criado ¢ do determinista tists haviam internalizado ¢ nfo queriam ou no podiam reconhecer nem ante ecinica celeste ou cerrestre, e do provével como ignorincia das leis determin stas, propria conscién i purse ao possivel de criar. A passagem da epistemologia do criado & heuristica da criasdo, curiosamente Fe que crabs todas ax diaciplinas deu lugar tim neyo age Fae dee areentissprads da ciéncia moderna e do saber elisico ino & d Bee uzamento de disciplinas foi o que deu prioridadc aos modelos matemdticos para fisica ¢ das matemécicas, Consistiu em assumir plenamente os limites das cquacGes d cem face dos modelos matemdticos do criado. As mateméticas do determin'smo evolusio determinista e em accitar a probabilidade, em toda a sua plenitude, como us 9 se acrescentaram as matematicas da probabilidade, mas sim as maceméticss do conhecimento plenamente valido que, com a informagio, permitia conhecet e partic ntrole, que nio incluem s6 as da informagao, mas também as de uma retroalimentasio par da criacao, da mudanca reversivel ou ireversivel desejada petmita corrigir rotas para alcangar objetivos. Passou-se dos modelos newtonianos Durante muito tempo, interpretou-se como “ignorincia’ a impossibilidade de so ‘movimento dos planetas, com leis deterministas e reversiveis, a modelos em que os lucionar as equasées de evolucio invariante. Por anos ¢ anos, sustentouse que, quanda yiuncos de equagdes mateméticas, ou as estruturas formalizadas, sio objetos de © sujeito cognitivo ea citnciachegassem a um nivel realmente alto, poderiam alcang ipulagbes experimentais capazes de precisar e adiantar generalizagGes, efeitos © uum céleulo exato em todos os campos das cincias fiscas, das cincias bioldgicas © d aplicagbes. As matematicas da retroalimentagio e das mensagens codificadas se ir- humanas. Sé muito tempo depois a teoria da ignordncia foi substiculda pela da informa F de operagdes” ¢ com a “teoria dos jogos” a fim de precisar fio. E também pela de um mundo fisico, quimico, biolégico e social que ¢ impossv conhecer — como diria Prigogine - quando s6 se busca precisar as varidveis e eee disposcivas “inteligentes’, id6neos pata aleancar objetivr. as equasées. Redescobriu-se um mundo que necessariamente tem de ser deserito, em 6 alguns anos depois, 0 novo sentido criador das mateméticas da informacio e do czttos momentos ¢ fendmenos, de mancira qualitativa. Os conceitos do quantitatvo trole levaria a redesenhar os limites da criagio nos sistemas conservadores e nos do qualitativo sofreram também mudangas muito importantes, assim como a re emergentes. Redesenhariam assim 0 problema de Epicteto sobre “o que de- ddas mateméticas com a tecnologia, com 2 histéria e com a evolugio “irreversivel” de de nés ¢ 0 que escapa a0 nosso controle”. Mas, em meados do século XX, as ‘grande passo nao se deu no campo da fisica, das matematicas ¢ ourras disciplinas, masl améticas do controle e da informagio assumiram um peso tal que influiram no sim na prépria concepsao do objeto como parte da construgio ou da criagio. A probabildade detxou de ser entendida como mera ignorincia do suite cognitive Hdencificou-se também com mudancas reversiveis ¢ irreversiveis em um sistera, Por fanto, nas mudancas se distinguiram aquclas em que se podia controlar a probabilidade: prio desenvolvimento da teotia sobre 0 caos dererminista As novas mateméticas se ocuparam num primeiro momento da ignorincia, da informasao, do acaso,e fizeram isso para aumentar o conhecimento, a informegio probabilidades de alcangar objeivos. Diferentemente das mateméticas antericres, inadas a resolver um problema ou a provar um teorema como objetivos iltimos, as , matemiticas, ou 0 novo uso das matemtica, conduziram ao estudo de alterna da matéria ¢ da vida torna imposstvel regressar ao passado, de predisio, generalizagio e acio em condigdes de incerteza. No campo l6gico, tsibuiram para enriquecer e melhorar os impulsos instintivos, as intengSes, as cturas ¢ inclusive as hipéteses. Melhoraram as possibilidades de protegen, de eentar as proprias forgas e de debiltar ao méximo as opositoras. O novo desenho ou uso das matematicas nfo em vdo foi impulsionado pelo complexo esse controle por have A interdisciplina e as novas matematicas Em 1949, Claude Shannon definiu a “entropia’ — ou a desordem e a desintegragio — de forma matemética e a levou da ter a modi para os sistemas de informacio. Con

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