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errery eet EXPLORAGAO MARIA SYLVIA PORTO ALEGRE OS ZIGUEZAGUES DO DR. CAPANEMA ZIG-ZAG Pc ee cca Ue Os ‘3 i Pree cen kar eter Sot ee mee ee Petes cre Tee er non ene Pere ene rey or eos toe Ur ety Sener Pere eee eee PO ere ee eke ker PT nets Pe cee Coe Soe em ee ea ene eer ee So ee ores Pee ee ryan ae erin Meee en Pre ee ee ae ee Pearce CIENCIA, CULTURA E POLITICA NO SECULO XIX ante: eer DIZ SO Sasa Le eterd eS eg eat) a Pieris pera ea caer DO CEARA ‘Goversanon po EsrAD0 D0 CHARA Liicio Gongalo de Alcantara Sucnevésua pa CuLroRa 00 Es Cliudia Sousa Leitéo DazroRDo Museu Do CuaRs AD0 90 CEARK Francisco Régis Lopes Ramos ‘PresereDs Associacko AMIGOS DO MUSEU DO CARA ‘Maria Terezinha Feijé Machado Museu DO CEARA MARIA SYLVIA PORTO ALEGRE OS ZIGUEZAGUES DO DR. CAPANEMA CIENCIA, CULTURA E POLITICA NO SECULO XIX MUSEU DO CEARK SECRETARIA DA CULTURA DO ESTADO DO CEARK 2006 Foi wma inundapio diluvial que tudo vires, € arrancou de seus cixes, mas, & medida gue as Aguas vio se escoando, voles a extado de equi brio e quitagio, ndo debaixo deforma nova. Extoumudado,sintoos efitosde antosembates, — mas ~ algunas cencas perdi iso fo felicia de, nasceu-me tna cragem que munca tive; t- who que encear vida nova, eavante Cara de Cpanema Ganges Din sIS1861 Apresencacso: piginas concroversas Introducio a um escrito jocostio ‘con! Europa, corte provincia: tsjenéras de Guilherme de Capanema cum HL A expedigi: outasViagens 1. Manoel Francisco ¢ 9 Dr: Capanema 2, Na Lagoa Funda ‘A machadada de Juvenal Galeno 4, Polémica com Vsenhagen Um vigito em defesa dos indios 6, Clima, dunas méves, seca: ceria 7. Blegbes 8. 0 Processo Abel 9. Sales, damas ¢adjactncias 10. Beonomiaefinangas da provincia 11.0 Antero 12, Penitents: as misses do padre Agostinbo 13, Jomada ao Mucuripe 14, Camelos e dromediioe 15, Dr. Garapar av de Gustavo Barroso 16, 0 regreso Cortrao I Ziguezague da segio geoligica da Comisséo Cientfica do Nore Notas Fontes ¢Bibliografia APRESENTACAQ: PAGINAS CONTRO’ SAS LUCIO AICANTARAT Ercpressio concreta do interesse por empreendeinvestgagSessste- ‘méticas voltadas 20 maior conhecimento do Brasil, sta natureza e suas gen- 1s, a Comissio Cientifica de Exploragao configura uma das paginas mais e- levantes, ¢ controversas, da istéria das ciéncias no Brasil ao longo do século “XIX. Sua criagio fora proposta pelo Instituto Histérico ¢ Geogréfico Brasi- leiro ~ instituigio que reunia reputados eruditos entre seus sécios € colabo- adores na sessio de 30 de maio de 1856, e, a0 recebera anuéncia de Pedro I, teria infcio naquele mesmo ano o itinerdrio tortuoso que pontilharia par- cela considervel das agées adstritas Aquele cometimento cientifico. [Nascida sob a égide do Estado mondrquico e centralizador, agraciada como beneplicito do soberano, a comisséo representava o esforso crescente de inscrever o Brasil no panteio do mundo civilizado, embalado por ansias de progresso econfiante na poténcia criadora da razao, Implicava, gualmen- “Govemador do Estado do Cearé (2003-2007). ‘Membr da Academia Ceatese de Leas, cadets n? 26 10 | os zicvezacues no OR. ca#nvena te, a afirmagio de uma intelligentsia nacional, pois caberia a estudiosos bra- sileiros o desempenho das viagens, procuras, coletas, exames ¢ experimenta- «Ges até entéo preponderantemente exercidos por misses estrangeiras. To mando iniciativa de tamanha envergadura, 0 inico Império do Novo ‘Mundo assegurava maior visibilidade, apoio e reconhecimento junto & co- ‘munidade cientifica internacional, Percebe-se, com efeito, o estreito vincu- Joa relacionar ciéncia enacio, saber e poder, como também essa peculiar for- ma de prestigio cultural evidenciada nas expedigbes cientficas,assinalando ‘um trago marcante do imagindrio oitocentista ~ a volipia por devassar os mais longinquos rincées do planeta, explorar suas entranhas, estudar 0 am- biente e suas populagGes, edé-los a conhecer aos demais paises. Em seu delineamento inicial, nao havia roteiro prescrito, embora se co- gitasse incursionar por algum leito fluvial de grande porte que desse acesso ‘a uma das provincias incrustadas no centro do territério brasil te nos alvores de 1857 se definiu a opgio pelo Ceard como destino primei- ro da expedigao, em que pesow a presungao de riquezas minerais a serem convenientemente pesquisadas e noticiadas ao governo central. A perspec tivaalvissareira da descoberta de grandes jazidas vinha claramente formula «da em uma das Instrugdes gents relativas a comissio, estabelecendo o seguin- te: “E muito recomendada na Provincia do Cearé a exploragio minuciosa de suas principaisserras,e sobretudo das extensas serranias da Ibiapaba edo Araripe, onde a tradicio coloca ricas minas de metais, sio fecundfssimas nos reinos vegetal ¢ animal.” Embora o decorrer das investigagdes nao corroborasse a existéncia de vveios preciosos, nao deixa de surpreender a forca e longevidade dessas narra- iro. Somen- tivas tradicionais ~ muias das quais transmitidas por grupos indigenas e amealhadasem regiées diversas da provincia —queatestavam abastanga de r- cos metais ¢ eportavam ao jé distance século XVI, tendo entdo servido de acicate & vinda de tropas flamengas em busca dessa decantada cornucépia. Histériascuja génese se perde no tempo, atravessando a cadeia das geragées. Em condicio bem diferente se encontra a propria Comissao Cientifica, cuja hist6ria restaria mergulhada em siléncio duradouro por tantas décadas, ignoradadolleicor comum e quase desconhecida dos estudiosos do Brasil Im- pério. Tendo permanecido no Ceari entre feverciro de 1859 ¢ulho de 1861, smasesTachs eho coneowtasas | 11 seus membros, selecionados entre o escol da intelectualidade nacional do pe- iodo, percorteram vastas pordes do territério da provincia, do vale do Ja- guaribe ao Cariti, do Acarat aos Inhamuns, do macigo de Bacuité& serra da Ibiapaba, observando, medindo, registrando, calculando, coletando, ano- tando, extraindo, analisando, reunindo, classificando, atuando enfim num. acendrado empenho de elaborar, sobre bases cientéficas em largo espectro, estudos e relatos acerca do clima, relevo, fauna e flora, condigées hidrogréfi- cas, formacio geolégica, aspectos econdmicos, etnografia indigena, costu- mes ctradig6es da populagio cearense etc ‘Conquanto devessem seus escritos prender-se d especialidade das cinco segbes em que estava organizada a comissio— botinica, zoolbgica, geoldgica « mineralégica, astrondmica e geogréfica, emogrifica e narrativa de viagem —o.campo de intecesse dos “cientificos” abragou diversas outtas quest6cs,es- tendendo-se aos utensilios e apetrechos empregados na lide das comunida- des interioranas, arquitetura dos sertées, sociabilidade provinciana, copont- mia dos lugares por onde passavam. Essa variedade de impressGes e registros legados nas jornadas por terras cearenses padeceu, contudo, de escassa publi- cagio, exigua divulgacéo ¢ mesmo extravio ou perda de parte dos materiais recolhidos e das observagdes tealizadas. ‘Nas linhas que principiam sua Mistria da Comissdo Cientffica de Explo- ragio, editada em 1962, Renato Brage salienta a estranha e persistente lacu- na em torno da referida expedigfo; ordinariamente lembrada, se muito, por algum acontecimento tingido com ares de pitoresco, a exemple da introdu- ¢f0 de camelos no Cearé, oconhecimento rarefeito que dela se tem resultou, em parte, de uma conjungéo de fatores adversos, entte eles 0s reveses politi- coseosembaragos administrativos que, época, em muito dificultaram oan- damento regular dos trabalhos a cargo dos cientistas e naturalistas que aqui vieram tex, repercutindo outrossim no esquecimento que em seguida turvou ‘uma apreciagao conscienciosa do métito e dos limites daquela empreitada.. E precisamente esse siléncio, hoje menos denso porém ainda incémodo, {que ora se procura romper, mediantea publicagio comentada de documen- tos atinentes Comissio Cientifica de Exploracio, Sabe-se que um dos aiores dbices a0 entendimento rigoroso de sua contibuigio ao desenvol- -vimento do pais se deve a dispersio dos matetiais ¢ registos por ela confec- cionados, uns inédicos, outros insertos em edigées de dificil acesso, alguns perdidos em definitivo, Cabia, portanto, por cobro a essa circunstancia in- desejada, ‘Com 0 presente volume, langado por ocasizo do sesquicentendrio de . Cliudia Pires de Oliveira Lopes, sempre eficiente fra-eserutura necessiria ao bom andamento do projeto. Também contei com o auxilio e a boa vontade de Maria Aure- niza da Silva, Vania Maria Gondim Sampaio Capasso e Luiz Virginio Mo- rais Correia Pinheiro. A todos minha sincera gratidio, extensiva aos de- mais funciondtios do Museu do Ceard. “Agradeco a Cristina Rodrigues Holanda, a quem devo o conhecimen- to sobre a numismética cearense € 0 acesso ao levantamento exaustivo fei- to por ela sobre a histéria e o acervo do Museu do Cearé (Cliudia Guerra forografou a colegio de aquarelas e desenhos de José dos Reis Carvalho, no Museu Histérico Nacional, Frederico de Sousa Bar- 10s fer as fotos do acervo do Museu do Cearé. Eleonisio Nunes da Silva auxiliou-me na pesquisa iconogréfica e nos servicos de digitalizagso. Vag ner Facuri foi o responsivel pelo tratamento das imagens. Por fim, um agradecimento especial a Fernanda do Val, responsével pe- Jo projeto grafico, pela capa ea diagramagZo, Gragas a sua capacidade, sen- sibilidade e trabalho exaustivo, foi posstvel raduzie, na forma concreta de um livro, 0 mosaico de palavras ¢ imagens que compéem estes ziguezagues seus voltcios. Maria Sylvia Porto Alegre Feversiro de 2006 Goutheame Seach, faraes bad de Capanema, nasceut em Minas Gerais em 17 de janeiro de 1824, nafa- zendade Timbopeba, na freguesia de Ant6nio Pereira, co- marcade Mariana. Erafilho doaustrfaco Roque (Rochus) Schiich, nacuralista professor do Museu Nacional de Viena, ede Josephina Roth, a quem Roque conhecera na colénia de imigrantes sugos localizada em Nova Fribur- go (Pereira, 1945). Corria.o ano de 1817 quando Roque Schiich chegou 20 Brasil como integrante da Missio Austriaca, comitiva de cientistas contratados para acompanhar a princesa Leopoldina de Habsburgo, que vinha para casar-se com, D. Pedro L. Schiich era mineralogista e ocupavao cargo de bibliotecério e conservador do Gabinete de Histéria Na- tural da furura imperacriz do Brasil. Apés o término da iissio, ele decidiu ficar no Brasil, casou com Josephinae seestabeleceu com a familia em Minas Gerais. Aliviveue prosperou, explorando negécios ligados & mineragio, adquiriu terras e propriedades, vindo a falecer em 1844. Consta que o jovem Guilherme, pela dificuldade da prontincia do seu nome aleméo, resolve acrescentaro de Capanema, designacio da serra em cujas proximidades passou a infincia ea adolescéncia. A educacao priméria recebida em casa, com ajuda do pai, incluia 0 aprendiza- do de linguas (francés, inglés ealemao), amateméticaele- mentar, histéria e geografia. Pa efilho costumavam sair ‘em excurs6es pelas vizinhangas de Mariana, Ouro Preto, Santa Barbara e Sabaré coletando plantas ¢ minerais — 0 26 | 0s z1cuEARGUES 90 OR, CAPANEMA Sebi «Fred compara Spit fe Matin a vigem Pel iceror do Rio de Janet e Minas Geni Mai td, Schick compro wma fabrics de {ero em Kabirs sda Mate Dentro la eri, ‘Geni 117 Deak Tn Bn 199 «que certamente serviu de estimulo as escolhas da carreira do futuro engenheiro ¢ gedlogo. Mais tarde, a familia transferiu-se parao Rio de Janciro e Schiich foi ser profes- sor da familia imperial. Ensinava alemaoaD. Pedro II, de quem o filho Guilherme tornou-se companheiro cons- tante (Barbosa, s/d) Na década de 1840 0 Rio de Janeiro mudara bastante, em relagio a0 que os integrantes da expedigao austrfaca ‘encontraram ao chegar. O governo de Pedro Il iniciava-se sob o signo da consolidagao de varias instituigdes, como a Imprensa Régia, a Biblioteca Real, o Jardim Botanico, a Academia Real de Belas-Artes, o Real Arquivo Militar, 2 “Academia Médico-Cintirgica, a Escola Militar, o Conser- vatério Dramético, a Academia de Opera Lirica, o Museu Nacional ¢ o Instituto Histérico e Geogréfico Brasileiro. Oambiente favordvel is ciéncias easartes nacorteeacon- vivéncia no Palécio de Sio Crist6vdo aprimoraram a for- magio de Guilherme efacilitaram o encaminhamento dos planos que tinha em mente para a vida profissional. De ‘modo que, em 1841, a0 completar 16 anos, o filo de Ro- que Schiich seguit viagem para a Europa, onde iria dedi- car-se aos estudos de engenharia e mineralogia. Capanema freqiientou o Imperial Instituto Polité code Viena até 1846, cumprindo os cursos de um exten- socurriculo com uma bolsa de estudos dada por D. Pedro II, Em seguida passou um ano na Academia de Minas de Freiburg, fim de complementar os estudos. Ao voltarao Brasil, em 1848, assumiu o cargo de professor na Escola Miilicare prestou exames para obter o titulo de dourorem Ciencias Fisicas e Mateméticas. Ensinava fisica, matemé- tica ¢ mineralogia quando a Escola Militar foi transfor- mada em Escola Central, em 1858. Foi nomeado lente catedritico da Escola Central, onde eram dados os cursos de engenharia civil eem 1858 tornow-se lente da cadeira demineralogia egeologia. Capanema dew aulasaté 1874, ‘quando se aposentou, apés 25 anos de docéncia (Barbo- sa, sid). Nadrea de ensino foi, também, lente jubilado da Escola Politécnica e da Escola de Belas-Artes ¢ professor cde mineralogia das princesas imperiais. Entre seus primeiros escritos figura um pequeno ma- nual para uso em sala de aula, as Apostilas de minenalogia (Capanema, 1858). Capanema gostava de incentivat nos alunos o aprendizado pritico, pois nao tinha inclinacio para trabalhos de ordem te6rica. Como pesquisador, seu esforco concentrou-se naaquisicio decolegGes mineralé- ‘ido, 1840, FN os ii 0 Lge (4 Sh Fan del 1. Log de Fie tn pamen | 28 | os iauezacves 90 oR, cAPANEMA Ange sede, depo ‘cupada pelo Arquivo Nacional, sional pag «ha Reis RY. Ak funconoa © Mosc de 181821892 TLL, Sci RE ddd gicas¢ no aumento dos acervos da biblioteca edo peque- no museu, que vitiam a Fazer parte da fucura Escola Pe técnica do Rio de Janeiro, criada em substiuigao & Esco- la Central, em 1874, Foi, sobretudo, um entusiasta do fortalecimento da engenharia brasileira ¢ de seus profis- sionais, defendendo a necessidade do desenvolvimento de novos ramos industriais ¢ 0 uso dos recursos naturais do pais (Figueiréa, 2005). Em 1849 comegou a craba- thar no Museu Nacional, como adjunto da segao de geologia e mineralogia, cargo que ocupou até 1876, No Museu, Capane- ma dedicou-se a pesquisa apli- cada e 4 ampliagio das colecbes minerais, idencificando, pela oe primeira vez no Brasil, apresen- cade cédmio em amostras de sulfureto de zinco recolhi- das no Cearé, escudo que mereceu a atengao da recém- ctiada Sociedade Velosiana, da qual foi sécio-fundador (Capanema, 1851). ‘© Museu Nacional, originado do Museu Real, foi constitufdo pelo acervo do mineralogista alemao Abra- ham Gotdob Werner (1749-1817). Além da Colegio ‘Werner, abrigava uma variedade de objetos de arte, arte- fatos indigenas e outras pequenas colegdes quando Capa- nema tornou-se responsivel pela coleta e remessa de ob- jetos ¢ a andlise de produtos. Seguindo os modelos ceuropeus vigentes em meados do século XIX, o Museu buscava consolidar-se como instiuigdo cientifica e am- pliar suas atividades em éreas como a paleontologiaeaet- nologia. Havia também um esforco no estabel de intercimbios internacionais, 0 que era facilitado pela rede de relagbes dos diretores, nos diferentes campos de yento atuagao (Figueir6a, 1997; Lopes, 1997). Dois deles tive- ram particular relevancia no processo de implantagio das ciéncias no pais, na época em que Capanema esteve vin- culado ao Museu: Frederico Leopoldo César Burlama- que, diretor de 1847 a 1866 e Francisco Fi que dirigiu a instituicéo de 1866 a 1874. Ali todos parti- cipavam, de um modo ou de outro, de um complexo jo- 0 de Forgas politicas ¢ culeurais empenhadas em obter um espago préprio de atuagao para asciéncias, no bojo da consolidagio nacional durante o Segundo Reinado. (Lo- pes, 1997, p. 92) ‘Capanema integrou-se também a outros cfreulos in- telectuais. Filiou-se a0 Instituto Histérico e Geogréfico ‘Alemao, Brasileiro e participou da criagio de trés associagbes pio- nciras:a Palestra Cientifica, a Sociedade Velosiana ea So- ciedade Auxiliadora da Indkistria Nacional. Posterior ‘mente, participaria também da fundacio da Sociedade Brasileira de Estatistica e do Instituto Politécnico Brasi- leiro. Gracasa esses novos lugares de atuagao foi possivel dar maior visibilidade4s pesquisas em curso eestimularo| debate de ideias, no interior de um campo cientifico ain- da em formagio. Faziam parte da Sociedade Velosiana, além de Capanema, nomes como Freire Alemao, Burla- maque, Luis Riedel, Emilio Joaquim da Silva Maia, Can- dido de Azeredo Coutinho, Custédio Alves Serrdo e Ale- xandre AntOnio Vandelli ‘Tornou-se membro do IHGB em 1849, logo apés voltar dos estudos na Alemanha, Ali passou a ser presen- caconstante nas reuniées semanais de discussio de temas ligados as cigncias naturais e As riquezas dos recursos do solo e da vegetagao nativa. Como é sabido, o Instituto era 0 lacus privilegiado dos estudos sobre 0 Brasil. Com 0 apoio do governo imperial, orjava-seali um projeto mais amplo visando criar uma narrativa sobre o passado ¢ as 29 30 P cicuneunadnt ss pensa anc coisa bode grandiosa, sindasendotenba.cuidado em pre- prac os elementos part uma ‘exploraciocienclica, de que cama urlidade earfamos, quando mais to fst, o sermos tata com consideraso ¢ no com desprez0 pelo estrangcro, a quem até hoje sida se deve o que em CCapanems sinha 35 anos descoberto sobre ste vastoirapé- slows o,Digo prepara elemenon spose que mandar vir osexploradores ee Poucoserviek, pois esses homens m outa lingua, outos hibitos, outa narareta muito diferente da nossa. De modo que os babi- ‘anes do incerior Ihesrepugnara, no que ficam pagos com usura, ‘até chegam aser wits de sua excentccidade[.] ‘O filecido Helmrichen foi aclhide com muita hospital adeno nosso interior em toca publiou umartigo na Alemanha ‘em que dizia que um fazendeiro ce Minas 6 poia ser tido por hhomem deméito depose tercometido um assasinato! Outros Soa ss beim ces came ea «qe encontavam thes forneciam, respondendo muitas vezes a perpuntascenficas que eles entendiam Ia seu modo. Outros cxploradores,vindo com grande aparatoe estrondo, davam-nos como novas detcabertas, coisas trvais que hé muito conhect= ‘mos. Até dignosvarbes se encontram gue pintaram tico-ticos€ pice paus eos clasicaram como espéces nova. afi de oberem ‘um emprego em nosso mused, e anda hd quem nesta nossa terra ‘enha taischarlatGes como profundos naturalistas. Numerosos

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