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01 - Propriedades Fisicas Da Agua
01 - Propriedades Fisicas Da Agua
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Tanto os líquidos como os gases são fluidos. Os líquidos ocupam um volume determinado,
não resistem a tracções e são muito pouco compressíveis. Os gases também não resistem a
tracções mas, ao contrário dos líquidos, ocupam sempre o máximo volume de que podem
dispor e são muito compressíveis.
Alguns materiais (por exemplo, o asfalto ou solos) apresentam propriedades intermédias entre
as propriedades dos sólidos e as dos fluidos, sendo estudados em disciplinas como Mecânica
dos Solos e Reologia.
O aumento dos contactos internacionais levou a que nos últimos 25 anos tenha sido adoptado
de forma praticamente universal o Sistema Internacional de Unidades – SI. Este sistema é do
tipo MLT, tendo como unidades fundamentais:
Cada uma destas unidades fundamentais tem uma definição rigorosa no SI. Todas as restantes
grandezas físicas são expressas em unidades derivadas a partir das unidades fundamentais.
1
É frequente a temperatura continuar a ser expressa em graus Celsius (ºC) : t (ºC) = t (ºK) + 273,15
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HIDRÁULICA F – CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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Muitas das unidades em que as grandezas físicas se exprimem são utilizadas correntemente
pela população pelo que a sua mudança encontra frequentemente grande resistência. Mesmo
na área técnica, a força do hábito leva a que se continue a utilizar unidades que não as do SI.
Apresentam-se de seguida algumas dessas unidades com interesse para a Hidráulica e as suas
equivalências para as unidades do SI.
Por vezes é referida a densidade relativa, definida como a relação entre a densidade dum
líquido e a densidade da água a 4 ºC. A densidade relativa da água é obviamente 1 (ou muito
próximo). O álcool, menos denso que a água, tem uma densidade relativa de 0.8 ao passo que
a água do mar pode ter uma densidade relativa de 1.04.
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HIDRÁULICA F – CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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Considere-se o volume V dum líquido limitado por uma superfície A conforme se representa
na figura 1-1. As forças exteriores que actuam sobre esta massa líquida sujeita à acção da
gravidade são de dois tipos:
dF dF
dFn
dA
dA
dFt
ρ. g. dV
A força de contacto d F pode ser decomposta numa componente normal dFn e numa
componente tangencial dFt à superfície dA. A componente normal é dirigida para o interior
do volume de líquido (já que os líquidos não resistem a tracções).
Designa-se por pressão p a grandeza escalar que representa o módulo da componente normal
dFn por unidade de área.
dFn
p= (1.1)
dA
A grandeza escalar que representa o módulo da componente tangencial por unidade de área é
a tensão tangencial τ.
dF t
τ= (1.2)
dA
Nos líquidos em repouso não existem tensões tangenciais e, em qualquer ponto do líquido, a
pressão é independente da orientação da área elementar dA em virtude dos líquidos em
repouso serem meios isotrópicos.
Nos líquidos em movimento, embora a isotropia não seja perfeita continua a considerar-se
que a pressão num ponto do líquido é independente da orientação da área elementar dA.
Surgem tensões tangenciais desde que o líquido seja viscoso.
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HIDRÁULICA F – CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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1.5 COMPRESSIBILIDADE
Os fluidos são compressíveis mas esta propriedade é muito mais evidente nos gases do que
nos líquidos.
1 dV
α=− (1.3)
V dp
O módulo de elasticidade volumétrica ε é o inverso do coeficiente de compressibilidade e
exprime-se como uma pressão.
1.6 VISCOSIDADE
Referiu-se anteriormente que os líquidos se adaptam à forma dos recipientes que os contêm.
É da experiência comum que certos líquidos se escoam dum recipiente para outro
(deformam-se portanto) com maior facilidade que outros – a água ou o álcool escoam-se mais
facilmente que o óleo ou o mel. Diz-se então que o óleo é mais viscoso que a água.
y V + dV
C D C´ D´ V + dV
β
dy
V A B A´ B´
V
V. dt
x, V
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HIDRÁULICA F– CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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Considere-se um rectângulo elementar de fluido ABCD que se move num intervalo de tempo
dt da sua posição inicial para uma nova posição A’B’C’D’. O rectângulo inicial deforma-se
para um paralelograma devido ao diferencial de velocidades entre o nível AB e o nível CD.
O ângulo β que mede a deformação angular ocorrida durante o tempo dt é dado pelo
quociente entre o diferencial de deslocamento de CD para AB e dy. O diferencial de
deslocamento é expresso por
(V + dV) dt – V dt = dV dt (1.4)
Donde
dV dt
β= (1.5)
dy
dβ dV
= (1.6)
dt dy
Pode-se imaginar AB e CD como sendo duas camadas de líquido movendo-se uma sobre a
outra, sendo AB mais lenta e CD mais rápida. Então CD tende a exercer uma força de
arrastamento sobre AB enquanto AB exerce sobre CD uma força de retardamento igual e
oposta à força de arrastamento. Estas forças divididas pelas áreas sobre as quais se exercem
dão tensões tangenciais τ.
dV
τ= µ (1.7)
dy
µ é o coeficiente de viscosidade dinâmica, sendo uma constante para cada líquido para uma
dada temperatura. Exprime-se em kg .m-1.s -1.
Os líquidos que seguem a lei de Newton designam-se por líquidos newtonianos. Quando a
temperatura aumenta, a viscosidade diminui.2
µ
ν= (1.8)
ρ
2
Também os gases se regem por esta lei de Newton. No caso dos gases, a viscosidade aumenta com o aumento
da temperatura.
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HIDRÁULICA F– CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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T (ºC) 4 10 20 30 50 80 100
Quando um líquido se escoa sobre uma parede sólida, adere a ela. Há assim uma película de
líquido que fica imobilizada enquanto o resto do fluido continua em movimento. À medida
que a distância à parede aumenta, aumenta a velocidade do líquido.
Portanto uma parede sólida em contacto com um líquido a escoar-se paralelamente à parede
provoca no líquido um gradiente de velocidade na direcção normal à parede e sofre,
consequentemente, por parte do líquido uma tensão de arrastamento proporcional à
viscosidade e à velocidade de deformação angular junto à parede. A tensão de arrastamento
existe com valor variável em todo o líquido em movimento, resultando do gradiente de
velocidade.
A força de arrastamento realiza trabalho o que implica que o líquido perde energia quando se
escoa. A energia do líquido em movimento é energia mecânica (potencial e cinética) e a
perda (dissipação) de energia faz-se por transformação da energia mecânica em energia
térmica. A energia térmica provoca o aumento de temperatura do líquido (normalmente
desprezável devido ao elevado calor específico dos líquidos) e é trocada com o meio
envolvente (parede sólida, atmosfera).
Considere o recipiente fechado representado na figura 1-3. No estado inicial fez-se vácuo
no recipiente, mantendo o recipiente a uma temperatura constante.
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HIDRÁULICA F– CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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que o número de moléculas que passam para o estado gasoso é igual ao que passa para o
estado líquido.
Designa-se como tensão de saturação do vapor do líquido a pressão a que o líquido está
sujeito nessa situação de equilíbrio.
Se se aumentar a temperatura, verifica-se que a vaporização recomeça até se atingir uma nova
situação de equilíbrio com um valor mais elevado da pressão – a tensão de saturação do vapor
cresce com a temperatura.
A tabela seguinte apresenta valores da tensão de saturação do vapor da água para diferentes
temperaturas.
T (ºC) 4 10 20 30 50 80 100
Tensão (kPa) 0.813 1.225 2.33 4.24 12.3 47.3 101.2 (= 1 atm)
Note-se que, para a temperatura de 100 ºC, a tensão de saturação de vapor iguala a pressão
atmosférica normal.
1.8 CELERIDADE
ε
c= (1.9)
ρ
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HIDRÁULICA F– CAPÍTULO I Propriedades dos líquidos
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Se num dado ponto do escoamento dum líquido a pressão aumentar, o volume do gás
dissolvido diminui3 e uma quantidade adicional de gás pode ser dissolvida; inversamente, se a
pressão diminuir, liberta-se uma certa quantidade de gás que pode formar uma bolsa ou
cavidade no seio do líquido.
Designa-se por líquido real aquele em que se entra em linha de conta com a viscosidade e
com a compressibilidade. No entanto, como se referiu anteriormente, a compressibilidade
pode ser ignorada na maioria dos problemas práticos.
3
Recorde-se que, pela lei de Gay-Lussac (p V = n R T), a uma dada temperatura constante a variação do volume
dum gás é inversamente proporcional à variação da pressão.
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