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Precisa Se de Engenheiro Como Construir Sua Carreira em Bases Solidas
Precisa Se de Engenheiro Como Construir Sua Carreira em Bases Solidas
engenheiro:
Como construir sua carreira em bases sólidas
(e resistente a abalos sísmicos!)
Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP)
(Câmara Brasileira do Livro, SP, Brasil)
18-13211 CDD-620.0023
Índices para catálogo sistemático:
1. Engenharia como profissão 620.0023
2. Profissão : Engenharia 620.0023
José Murilo Moura dos Reis
Precisa-se de
engenheiro:
Como construir sua carreira em bases sólidas
(e resistente a abalos sísmicos!)
PRECISA-SE DE ENGENHEIRO: COMO CONSTRUIR SUA CARREIRA
EM BASES SÓLIDAS (E RESISTENTE A ABALOS SÍSMICOS!)
Copyright © 2018 by José Murilo Moura dos Reis
O conteúdo desta obra é de responsabilidade
do autor, proprietário do Direito Autoral.
Proibida a venda e reprodução
parcial ou total sem autorização.
www.allprinteditora.com.br
info@allprinteditora.com.br
(11) 2478-3413
R esolvi escrever este livro exatamente quando comple-
to sete anos lecionando nos cursos de Engenharia Ci-
vil de duas faculdades privadas de São Luís do Maranhão.
Ele tem como objetivo responder às questões que to-
dos nós temos no início de nossa carreira, cujas respostas
eu não tive a oportunidade de ouvir de ninguém. Você terá!
Como já presenciei algumas turmas se formando, co-
meço a perceber que sempre recebo as mesmas perguntas e
respondo as mesmas inquietações. Dessa forma, criei a pales-
tra que intitula este livro, já proferida em diversas “semanas
de Engenharia”, e que tive a honra de apresentar no Encon-
tro Nacional dos Estudantes de Engenharia Civil, ocorrido
em maio de 2017 em Belo Horizonte, minha cidade natal.
Em momentos de crise, o tema ganha força, quando
aqueles que entraram no curso devido ao boom da constru-
ção civil (2007-2014) pensam em desistir.
Pois lhe digo, caro leitor: você que realmente sonha
em ser engenheiro, persiga seu sonho! Não desista por con-
ta de crise. Escolha não participar dela! Porque sua carreira
e seu sucesso dependem exclusivamente de seus méritos,
como vou mostrar neste livro.
Só não imagine que a linha para o sucesso seja um
“voo de brigadeiro”, pois não é! Se estiver fácil, descon-
fie. As dificuldades fazem parte e são ótimos momentos
para nos reinventarmos. Tente se espelhar nos vencedores,
e não no que faz a maioria.
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Se você for “mais um engenheiro”, participará de se-
leções e brigará em um mercado extremamente competiti-
vo, ao qual, a cada ano, se juntam aproximadamente 80 mil
novos concorrentes.
Agora, se você for referência em sua área de atuação,
tudo será mais fácil: você terá acesso direto aos emprega-
dores e investidores, e será convidado sempre a participar
da alta esfera decisória da engenharia.
E acredite... Pode chegar um tempo em que você
perceba que ter um emprego já não é essencial, pois poderá
atuar de forma independente, sendo seu patrão, tendo sua
empresa!
Vou relatar nas próximas páginas um pouco da ex-
periência adquirida em 17 anos como professor, sendo sete
anos como professor de graduação nos cursos de Engenha-
ria Civil, e 14 anos como engenheiro civil (quatro deles na
iniciativa privada e dez como empregado concursado de
empresa pública), além de três anos como empreendedor.
Boa leitura!
.
Mas, professor, nossa área não tem
oportunidades ........................................................... 13
.
Mas, professor, a cada dia que passa se
formam mais engenheiros ........................................ 25
.
Onde estão as oportunidades para engenheiros? .............. 29
.
O novo perfil do engenheiro ........................................... 37
.
Pós-graduação na Engenharia.
Quando e qual devo fazer?........................................ 63
.
O que eu posso fazer se ainda estou na faculdade?........... 71
.
Como conseguir a minha vaga? Preparando
seu currículo. Entrevista de emprego......................... 81
.
Como cobrar por serviços de engenharia? ....................... 89
.
Um pouco da minha história............................................ 95
Epílogo.......................................................................... 115
.
Professor,
estou ensando
p
em largar a engenharia
E ssa inquietação tenho ouvido com frequência. E te-
nho a dizer que uma das maiores alegrias que tive
nos últimos tempos foi ter escutado, de minha filha mais
velha, que ela pensa em ser engenheira como o pai!
Se você realmente ama essa profissão, e quer ser enge-
nheiro, vá em frente! As suas chances de sucesso são grandes.
Agora, se você entrou no curso apenas porque ser engenheiro
“dá dinheiro”, talvez seja melhor realmente repensar. Quem
quer ser engenheiro tem que gostar do que faz, ser curioso e
proativo. Temos que pensar, raciocinar, ser críticos, resolver
problemas e desenvolver soluções. Não é fácil.
Devo tudo o que tenho à engenharia e, quando falo
isso, não quero dizer que tenho muito dinheiro. Há uma
coisa melhor do que isso, que é a realização, a satisfação
e o reconhecimento – isso sim não tem preço. Quanto ao
dinheiro, ganho o suficiente para ter uma vida confortável,
o que é muito distante de ser rico. Então, se você mede
sucesso em milhares de reais, talvez a engenharia não seja
bem o que você está pensando.
Costumo responder bastante a essa pergunta:
Precisa-se de engenheiro 11
A engenharia, em si, não vai fazê-lo ficar rico, mas
vai dar ferramentas que, se bem utilizadas, podem lhe fa-
zer um empreendedor de sucesso e, quem sabe, até lhe fa-
zer conquistar muito dinheiro.
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De acordo com reportagem do site da revista Exa-
me – “Os 10 profissionais mais em falta em 42 países do
mundo” – publicada em 22 de maio de 2015:
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milhão de vagas, a confiança no setor volta a subir e refor-
ça previsão de retomada do crescimento a partir de 2018.
Esses números, por si só, mostram a força do setor
para a economia do país e demonstram, de forma inequí-
voca, que é uma área estratégica para o desenvolvimento
da nação. Por esse motivo, a construção civil sempre será
vista com atenção por qualquer governo que assuma o país.
E isso é motivo para que você, estudante ou engenheiro
recém-formado, tenha certeza de que crises passam e que
investimentos sempre acontecerão no setor, pois, além de
necessitarmos construir ainda muitas coisas no Brasil, temos
que manter o que existe em condições de uso (manutenção).
De acordo com as projeções do ConstruBusiness
(Congresso Brasileiro da Construção) são necessários in-
vestimentos de 679 bilhões anuais no setor para que o país
possa crescer de forma sustentável com desenvolvimento
urbano e da infraestrutura econômica.
Só para se ter noção, no ano de 2015, em meio à cri-
se, foram investidos 617,4 bilhões de reais no setor. Muitas
oportunidades surgiram em decorrência desse montante
de dinheiro aplicado em obras.
Vejamos, agora, o quanto ainda há no nosso país a
ser construído. Veja o tamanho dos desafios e a quantidade
de oportunidades que serão geradas:
Habitação
Apesar da grande redução do déficit habitacional nos
últimos anos, por conta do programa Minha Casa, Minha
Vida, que produziu mais de 4 milhões de unidades, o déficit
Rodovias
Em nosso país, o modal rodoviário tem sido a prefe-
rência de movimentação. De acordo com a CNT – Confede-
ração Nacional dos Transportes, mais de 60% do transporte
de cargas e 95% do transporte de passageiros se dão pelas
estradas brasileiras. A nossa malha possui aproximada-
mente 1 milhão e 720 mil de quilômetros, dentre os quais
pouco mais de 12% são pavimentados. Só por esse número,
já vemos a quantidade de serviço que ainda será necessário
para melhorar a logística nesse modal.
Porém, mesmo as rodovias que são pavimentadas
possuem graves problemas. Estima-se que menos da meta-
de da extensão total de nossa malha rodoviária possua ade-
quadas condições de segurança e desempenho. Tal carência
nos leva a uma área da engenharia que tende a crescer cada
vez mais: o setor de manutenção e recuperação de obras.
Ferrovias
O modal ferroviário em nosso país é outro que deve
crescer nos próximos anos. De acordo com a ANTF – As-
sociação Nacional dos Transportadores Ferroviários, a ma-
lha ferroviária brasileira sofreu um decréscimo de 40 mil
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quilômetros, em 1960, para os 28 mil atuais. Destes, apenas
um terço tem condições de uso.
Para um país continental como o nosso, o uso de fer-
rovias é essencial, especialmente para viagens acima de
500 quilômetros, de acordo com as regras de eficiência lo-
gística. O não uso desse modal faz com que haja aumento
significativo do chamado “Custo Brasil”, ou seja, nossos
produtos ficam mais caros e perdem competitividade de-
vido ao alto custo de transporte interno.
O uso do transporte de carga ferroviária também
tem menor custo de manutenção, e é mais viável em caso
de cargas de alto volume e baixo valor agregado, como
as “commodities”. E essas são exatamente as cargas mais
transportadas nas estradas brasileiras.
De acordo com o MDIC – Ministério da Indústria,
Comércio Exterior e Serviços, dos dez produtos mais ex-
portados pelo Brasil em 2017, nada menos que sete são do
agronegócio e um do extrativismo mineral. Segundo esti-
mativas do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplica-
da, serão necessárias mais de 140 obras de infraestrutura
para melhorar a eficiência desse modal, a um custo de qua-
se 80 bilhões de reais.
Ainda assim, é um setor que movimenta bilhões em
investimentos e gera muitos empregos.
Portos
No setor portuário não é diferente. Ainda há neces-
sidade de investimentos para melhorar e ampliar o escoa-
mento de produtos, que se encontra no limite.
Saneamento básico
Um dos setores mais importantes para qualidade de
vida da população, e que necessita de obras de engenharia,
é o de saneamento básico. Esse nicho, se bem executado,
pode gerar economia de bilhões de reais em saúde.
De acordo com a lei 11.445/2007, a definição de sa-
neamento básico é “o conjunto de serviços, infraestruturas e
instalações operacionais de:
a) abastecimento de água potável: constituído pelas
atividades, infraestruturas e instalações necessárias ao abas-
tecimento público de água potável, desde a captação até as
ligações prediais e respectivos instrumentos de medição;
b) esgotamento sanitário: constituído pelas ativida-
des, infraestruturas e instalações operacionais de coleta,
transporte, tratamento e disposição final adequados dos
esgotos sanitários, desde as ligações prediais até o seu lan-
çamento final no meio ambiente;
c) limpeza urbana e manejo de resíduos sólidos: con-
junto de atividades, infraestruturas e instalações operacio-
nais de coleta, transporte, transbordo, tratamento e destino
final do lixo doméstico e do lixo originário da varrição e
limpeza de logradouros e vias públicas;
d) drenagem e manejo das águas pluviais, limpeza
e fiscalização preventiva das respectivas redes urbanas:
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conjunto de atividades, infraestruturas e instalações ope-
racionais de drenagem urbana de águas pluviais, de trans-
porte, detenção ou retenção para o amortecimento de
vazões de cheias, tratamento e disposição final das águas
pluviais drenadas nas áreas urbanas”.
Dados do Instituto Trata Brasil mostram que a co-
bertura do abastecimento de água potável é de 82,5%. Isso
significa que mais de 35 milhões de brasileiros não têm
acesso a esse serviço básico. O índice de perdas desse siste-
ma é de 37%, ou seja, a cada 100 litros de água captados, 37
litros se perdem em vazamentos, ligações clandestinas ou
em ligações não micromedidas, resultando em um prejuí-
zo de 8 bilhões de reais anuais.
Em relação ao esgotamento sanitário, a situação é
ainda pior! Apenas 48,6% da população tem acesso à coleta
de esgoto, deixando mais de 100 milhões de brasileiros ca-
rentes desse serviço. Além disso, apenas 40% desse efluen-
te é tratado adequadamente. De maneira incrível, somente
dez das 100 maiores cidades brasileiras tratam acima de
80% do seu esgoto doméstico.
Em relação aos resíduos sólidos, de acordo com a
Abrelpe – Associação Brasileira de Empresas de Limpe-
za Pública e Resíduos Especiais, a cobertura da coleta é
de aproximadamente 90%. Contudo, apenas 58,4% dos
resíduos coletados têm destino final adequado em aterros
sanitários.
Somente na área de resíduos sólidos são movimen-
tados mais de 25 bilhões de reais anuais, gerando mais de
350 mil empregos.
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as, rofessor,
M
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a cada dia que assa
p
se formam mais
engenheiros
Q ue bom! Todas as nações, para se desenvolverem,
precisam de engenheiros!
De acordo com estudos da CNI – Confederação Na-
cional da Indústria, o Brasil possui seis engenheiros para
cada grupo de 100 mil habitantes. O ideal, de acordo com
a Finep, seriam pelo menos 25 por 100 mil habitantes, pro-
porção verificada nos Estados Unidos e Japão.
Formam-se hoje, no país, mais de 80 mil engenhei-
ros por ano, de acordo com a Fapesp (Fundação de Am-
paro à Pesquisa do Estado de São Paulo). Esse número
ainda é insuficiente, se comparado ao de outros países em
desenvolvimento.
Além de a quantidade de engenheiros formados anu-
almente ser insuficiente, estima-se que apenas um em cada
quatro deles possui a formação adequada.
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nde estão as
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o ortunidades ara
p
p
engenheiros?
Engenheiro nos concursos públicos
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concursos de nível superior mais cobiçados do Brasil:
o da Receita Federal para auditor e analista. A afirma-
ção vem do professor da rede de ensino LFG, Rober-
to Caparroz. Segundo ele, concurseiros formados na
área de exatas têm maior índice de êxito no concurso,
notadamente os engenheiros. “Isso porque a prova,
no fundo, exige um rigor técnico e lógico que não é
muito difundido em outras áreas do conhecimento,
como nas ciências humanas, por exemplo”, diz Ca-
parroz, que além de professor, é auditor fiscal da Re-
ceita. “Na minha turma do curso de formação mais
de 90% eram engenheiros”, diz.
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Engenheiro Professor
Desse quesito sou suspeito pra falar, pois, como mui-
tos sabem, sou um apaixonado pela educação. Sou mais
professor do que engenheiro.
Minhas primeiras atividades em sala de aula acon-
teceram no ano 2000, e só me graduei em Engenharia em
2003. E olhe que, antes disso, dava aulas particulares. Por-
tanto, a docência está no meu sangue.
Claro que ter o dom ajuda, mas qualquer um que se
prepare terá capacidade de ministrar um conteúdo. Esco-
lha um assunto de que goste, estude, pesquise e organize
apresentações, fluxogramas e exercícios. É uma forma fa-
bulosa de aprender.
A docência obriga você a estar sempre pesquisan-
do e estudando, desenvolvendo a oratória e a autocon-
fiança.
Outra grande vantagem de ser professor é aumentar
a rede de relacionamentos profissionais (networking). Você
conhece muitas pessoas. Muitos alunos serão seus clientes,
colegas de trabalho, parceiros e amigos no futuro.
Ser professor abre portas e outras oportunidades,
além de ser um grande diferencial em seu currículo.
E sim, é possível sobreviver com salário de professor!
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novo erfil
O
p
do engenheiro
É importante destacar que, para uma empresa contratar
um estagiário ou profissional de engenharia, o conhe-
cimento técnico é default; ou seja, o contratante já espera na-
turalmente que você tenha o conhecimento técnico. Assim,
isso dificilmente será um diferencial. Poucas empresas
fazem uma avaliação desses conhecimentos por meio de
prova, por exemplo, a não ser que haja necessidade de um
conhecimento muito específico.
A faculdade em que você estuda ou se formou tam-
bém tem importância menor, ainda que algumas insti-
tuições estejam caminhando para ficar estigmatizadas no
mercado devido ao nível de conhecimento extremamente
baixo dos alunos que estão se apresentando ao mercado de
trabalho. E você também é corresponsável por isso! Exija
seus direitos! Exija bons professores da área, com conhe-
cimento e experiência. Exija laboratórios e aulas práticas.
Não seja condescendente com a fraude (cola/pesca) em sala
de aula. Faça sua parte!
Se um estudante, que você sabe que não tem condi-
ções de ser engenheiro, cola grau devido a uma resposta
na prova que você lhe passou, depois não reclame se esse
aluno chegar ao mercado de trabalho, tomar sua vaga e,
despreparado para tal, for aos poucos “queimando” a ins-
tituição em que você se formou/formará e, por consequên-
cia, o seu currículo. Ou, ainda, que o mesmo se proponha
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a executar serviços técnicos por um valor bem abaixo do
normal, tirando mercado dos bons profissionais.
Nunca teremos o país que desejamos se tolerarmos
os pequenos delitos, se acharmos que os fins justificam os
meios.
No estágio
Enquanto estagiário, a sua função primordial é
aprender. Fique colado no engenheiro e nos encarrega-
dos, observando tudo o que acontece ao seu redor. Seja
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humilde para aprender: você está em um ambiente novo,
em um local onde só tem “raposa velha”.
Não se esconda do trabalho. Seja proativo e tome a
iniciativa de ajudar, mesmo quando não for acionado.
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imposição. Explique o porquê da sua decisão, ouça e res-
peite o contraditório, e convença os demais a adotarem seu
método, caso sua forma seja a melhor. Se não for, tenha hu-
mildade em voltar atrás.
Com relação aos colaboradores, seja gentil e fale com
todo mundo. Algumas atitudes fazem toda a diferença.
Tome café ou almoce com eles em algumas ocasiões. Nes-
ses momentos, descontraia, não fale de trabalho. Faça com
que eles o admirem pela humildade. E lembre-se sempre:
Economia de recursos
No gerenciamento de projetos, trabalhamos com
a chamada “tripla restrição”: prazo, custo e escopo. Um
engenheiro precisa realizar seu projeto de acordo com as
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especificações técnicas (escopo), dentro do prazo previsto
e de acordo com o orçamento estimado.
Você foi contratado exatamente para isso. Então pen-
se, analise os processos e tenha um olhar crítico e analítico.
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os fenômenos observados. Isso se consegue com conheci-
mento e experiência.
Capacidade de planejar
No nosso país, perdemos há muito a capacidade de
planejar de forma eficiente. Vivemos na época do imedia-
tismo, em que se vai vivendo e tomando as ações sem um
horizonte ou foco definido.
Ambição profissional
Apesar de a palavra “ambição” muitas vezes pare-
cer pejorativa, empregá-la no sentido profissional refere-
-se àquele que não se acomoda, que busca incessantemente
crescer, se aperfeiçoar, estudar e fazer sucesso.
Se você conseguiu uma boa colocação profissional, ou
mesmo se passou em um bom concurso público, não relaxe!
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Nunca ache que está bom, que é suficiente. A ambi-
ção se transforma em motivação.
Ética profissional
Ética é um conjunto de valores morais que servem de
referência para a conduta humana em sociedade. Ou ainda,
recorrendo mais uma vez ao grande Mario Sergio Cortella:
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ao lado pode vir a ser seu chefe, indicar-lhe a uma vaga ou
ser seu concorrente.
Como você vai vestido para faculdade? Como se com-
porta em sala de aula? Como andam o seu linguajar e o seu
vocabulário?
Ética também é respeitar as regras da faculdade,
que estão em seu regimento. Você conhece esse regimen-
to? Já o leu?
Ética é respeitar o professor. Você só tem a ganhar, e
nada a perder. Acredite, nenhum professor tem prazer em
levar ninguém para exame final, e muito menos em re-
provar. É um trabalho a mais elaborar e corrigir mais uma
prova: ele não ganha nada a mais com isso, só perde um ou
mais dias de folga.
Reprovar um aluno também é constrangedor. O pro-
fessor se sente mal e, no fundo, por solidariedade, sofre
junto com o aluno. Mas, por vezes, ele terá que fazer isso,
porque faz parte de seu trabalho e está na regra. Entenda
definitivamente que a culpa da sua reprovação é única e ex-
clusivamente sua. Você devia ter estudado mais, para con-
quistar aquele 0,5 ponto que faltou. Repito: não terceirize
a responsabilidade por seus fracassos.
E saiba que o professor e seus colegas de trabalho
são as maiores possibilidades que você terá no mercado de
trabalho, pois a chance de conseguir um emprego apenas
disparando currículos e se cadastrando em sites de vagas
é menor. O tão mal falado “QI” é ainda o que mais abre
portas. E isso não é ruim!
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nas ferramentas da área em que trabalha ou que pretende
trabalhar.
Mas é importante reforçar que software é uma ferra-
menta apenas, nunca substituirá o engenheiro. Em muitos
casos, é uma calculadora que lhe garantirá velocidade, pro-
dutividade, eficiência e só.
Não adianta você fazer um curso para aprender a se-
guir um roteiro, como se fosse uma receita de bolo. Você
deve dominar o conhecimento sobre aquela área, para que
o software não vire “muleta”. E, por isso, é bom se infor-
mar antes de matricular-se em algum curso.
Lembre-se ainda que, ao fazer um projeto ou um or-
çamento utilizando uma ferramenta, você terá que prestar
assistência e ser responsável por aquele serviço, durante e
após a execução. Por isso, você tem que entender perfeita-
mente como o software fez aquele cálculo, para que não se
torne refém dele.
Proatividade
Costumo comparar muitas pessoas a ursos. Ursos só
correm atrás de alguma coisa quando estão precisando de
comida ou fugindo de uma ameaça. Só agem quando são
provocados por um predador ou por seu estômago.
Não faça apenas o que lhe pediram para fazer. Não
aguarde ordens. Você tem que saber o que fazer, como e
quando agir, e definir as prioridades.
Lembre-se de que, na maioria dos casos, você é con-
tratado para gerenciar um empreendimento ou para pen-
sar a solução de um problema. Então antecipe-se sempre!
Adaptabilidade
Quando falamos em estar aberto a mudanças, não
se trata apenas de mudança de cidade. Claro que para nós
engenheiros e, principalmente, para os recém-formados, às
vezes é necessário ir aonde a oportunidade está, muitas ve-
zes longe de casa.
Estar aberto a mudança é muito mais que isso. É se
adaptar a uma nova forma de trabalhar, a um novo softwa-
re, ser flexível e resiliente.
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“Loucura é querer resultados diferentes fazendo tudo exata-
mente igual” (Albert Einstein)
Capacidade de comunicação
Certamente essa é uma carência de grande parte dos
estudantes e profissionais de engenharia. Em alguns casos,
essa carência é proveniente de um ensino fundamental e
médio de baixo nível e pouca leitura. Ainda nos depara-
mos com muitos estudantes que têm dificuldade em inter-
pretação de texto ou em escrever textos simples.
Nossa escrita tem que ter um mínimo de organiza-
ção, de modo que o leitor consiga entender o que queremos
dizer. E claro que não se pode cometer erros graves de orto-
grafia, problema que mais chama atenção.
É sempre bom lembrar que, ao contrário do que mui-
tos pensam, temos que escrever muito em nossa profissão,
especialmente laudos e pareceres técnicos. E o mais difícil
é que temos que saber alternar o vocabulário a ser usado,
dependendo do interlocutor.
Em alguns momentos, temos que falar com operá-
rios com pouquíssimo estudo; em outros, escrevemos para
leigos em engenharia, como juízes, advogados e clientes.
poderá haver, ainda, a necessidade de nos dirigirmos mais
tecnicamente a outros engenheiros.
Saber o momento de usar cada linguajar é extre-
mamente importante. Você não pode falar com o operário
usando linguagem técnica, pois ele não vai entender; e,
muito menos, falar com outro engenheiro com a linguagem
que usa com o operário.
Precisa-se de engenheiro 57
Dessa forma, não basta fazer. É necessário fazer se-
guindo os procedimentos que garantam a maior durabili-
dade possível com os recursos consumidos para a tarefa.
Não se admite mais desperdício de recursos, tanto
por motivos econômicos – visto que o aumento da com-
petitividade vem diminuindo a margem de lucro das em-
presas, que não podem se dar ao luxo de ficar refazendo
serviços –, como ainda devido à péssima imagem gerada
pelas patologias junto a seus clientes. O aspecto ambien-
tal também deve ser levado muito em consideração, como
tema prioritário para as indústrias de transformação.
Além disso, muitas empresas vêm buscando, a cada
ano, a implementação de sistemas de gestão da qualidade,
com objetivo de conquistar certificações como ISO 9001 e
PBQP-H, que garantem obtenção de vantagens como aces-
so a financiamentos. Nesse sentido, um conhecimento a ser
agregado como diferencial pelo profissional de engenharia
é exatamente a gestão de tal sistema.
Em relação às construções habitacionais, uma norma
de vanguarda foi criada em 2013, e ainda está em proces-
so de absorção por parte das empresas: a NBR 15.575, que
trata do desempenho das edificações. Tal norma estabelece
exigências de conforto e segurança em imóveis residenciais.
A Norma de Desempenho de Edificações é segmen-
tada em:
1. Requisitos gerais;
2. Estrutural;
3. Pisos;
Precisa-se de engenheiro 59
idioma. Tal conhecimento aumenta suas chances de su-
cesso profissional, pois alguns setores – como mineração e
logística, por exemplo – dependem muito do contato com
estrangeiros.
De acordo com a reportagem da revista Você S/A, de
24 de abril de 2017, uma pesquisa realizada pela Catho,
com 13 mil profissionais de diferentes níveis hierárquicos
no nível de coordenação, apontou que a diferença salarial
pode chegar a 61% em função do domínio do segundo idio-
ma. No caso de profissional especialista/graduado, esse
aumento percentual para quem tem inglês fluente atinge
a marca de 32%.
Ainda segundo a mesma pesquisa, 60% dos profis-
sionais têm apenas o nível básico de inglês. Portanto, aí
já está uma maneira de você estar entre os 40% melhores.
Pense nisso!
Conclusão da pesquisa
Como bem observou a autora Maria Candida Mora-
es, em seu artigo “O engenheiro dos novos tempos e as
novas pautas educacionais”:
Precisa-se de engenheiro 61
Pós-graduação
na ngenharia.
E
uando e qual devo fazer?
Q
U ma das perguntas que mais recebo de alunos forman-
dos e recém-formados é “qual pós escolher?”, ou se “a
pós A é melhor que a pós B”.
Nesse sentido, a palavra que recomendo é cautela.
Como vimos anteriormente, a pós-graduação não aparece
entre as características mais requisitadas, a princípio, pelas
empresas. E por se tratar de um investimento de alto va-
lor, tome muito cuidado para não se precipitar. Fiz quatro
pós-graduações, porém a primeira foi somente quatro anos
após a graduação. E, se pudesse voltar atrás, talvez não ti-
vesse feito algumas das que fiz.
O foco do formando ou recém-formado é adentrar
no mercado de trabalho. Procure ganhar experiência e ver
qual das inúmeras áreas da engenharia tem portas abertas
para você. A partir daí, invista preferencialmente em pós-
-graduações que agregarão conhecimento nessa área. Isso
é importante para consolidação da sua carreira.
Para facilitar, costumo dividir as pós-graduações
para engenheiros em seis tipos:
Precisa-se de engenheiro 65
• Novas ferramentas: existem outros tipos de espe-
cialização que lhe darão novas ferramentas, ou seja,
novas possibilidades, novas áreas de atuação. Por
exemplo, o Georreferenciamento. É um segmento
que, na maioria dos casos, não vemos na faculdade, e
que tem forte demanda, principalmente na área rural.
• Novas competências: temos ainda alguns cursos
de pós que nos dão uma segunda profissão em ape-
nas dois anos. Um exemplo claro é a Engenharia de
Segurança do Trabalho. De acordo com a legislação
brasileira, essa disciplina é restrita a engenheiros e
arquitetos, e permite o trabalho nessa área em que
a contratação pelas empresas é obrigatória, de acor-
do com o grau de risco e o número de funcionários.
Possibilita ainda o trabalho em tempo parcial, o que
torna possível que o engenheiro de segurança do
trabalho seja empregado em mais de uma empresa.
Além disso, ainda é uma área que demanda muitos
laudos, pareceres, consultoria e treinamentos. Ao
concluir a pós, constará na sua carteira profissional:
Engenheiro civil/mecânico/elétrico e Engenheiro de
segurança do trabalho.
• MBA: O Master of Business Administration, como
o próprio nome já diz, é uma pós-graduação mais
voltada para a área de gestão. Já temos muitos cur-
sos dessa natureza na área de engenharia. Atendem
a uma demanda crescente da competência de lide-
rança e gerenciamento pelo profissional de enge-
nharia. Como exemplo, podemos citar o MBA em
Precisa-se de engenheiro 67
• Outras áreas: pode ainda o profissional de enge-
nharia se aperfeiçoar em outras áreas, como Gestão
Empresarial, Gestão Pública, docência ou Finanças,
caso esteja inserido nessas atividades.
Precisa-se de engenheiro 69
que eu osso fazer
O
p
se ainda estou
na faculdade?
Estude
Precisa-se de engenheiro 73
na avaliação, ele pode sim lhe fazer pensar em um exercício
diferente, e agradeça por isso!
Na vida real nunca os problemas que surgem, são
iguais aos do quadro ou do slide. Você, enquanto enge-
nheiro, precisa saber utilizar o conhecimento adquirido
para encontrar soluções.
Seja participativo!
Como já dissemos, você é constantemente avaliado
por colegas de classe e professores. Faça o seu melhor den-
tro de sala de aula, sempre! isso inclui desde o modo de se
vestir, comportamento e linguajar até a participação por
meio de perguntas, debates, exemplos e experiências para
dinamizar a aula.
Esteja por dentro do que está rolando na faculdade.
Muitos eventos acontecem: seja proativo e se ofereça para
ajudar sempre. Isso ajuda a conhecer pessoas, e conhecer
pessoas abre portas.
Esteja atento às oportunidades: participe de todas as
aulas práticas, “semanas de engenharia” e visitas técnicas.
Peça para ir ao estágio do seu colega de classe ou do seu pro-
fessor, só para ver a obra. Pare o carro ou desça do ônibus ao
ver alguma obra da cidade, e vá “bisbilhotar”. Seja curioso!
Seja persistente na busca de oportunidades. Não acei-
te o “não” fácil, tente construir o “sim”! Quem não é visto,
não é lembrado! Sempre visite obras e procure falar com o
engenheiro, para tentar uma oportunidade.
As pessoas tendem a dar oportunidades aos persis-
tentes e aos resilientes. Lembre-se disso!
Precisa-se de engenheiro 75
Se tiver condições, vá ainda em todos os congressos
e encontros que conseguir ir, dentro ou fora de sua cidade,
pelos mesmos motivos apontados acima.
Networking
Em todo e qualquer lugar em que você estiver ou fre-
quentar, lembre-se de conhecer as pessoas. Isso é tão impor-
tante quanto estudar.
Use o “QI” a seu favor! Quem não é visto, não é lem-
brado, e existem pessoas que são vistas, mas não são lembra-
das porque chegam a determinados eventos, entram mudas
e saem caladas.
Você tem que ser um personagem ativo, sempre! Per-
gunte, debata, dê opiniões, contextualize. Isso é muito impor-
tante! Sabe aquele ditado que diz que a primeira impressão
é a que fica?
Um dos momentos mais importantes de todo e qual-
quer evento é a hora do cafezinho ou do coffee break: é nesses
momentos que a gente puxa assunto e começa a conversar
com pessoas, criar empatia e relacionamentos profissionais.
Criatividade, curiosidade
Todo engenheiro tem que ser curioso por natureza.
A curiosidade sempre leva a tentativas de descobrir como
fazer algum processo, e isso tem que andar de mãos dadas
com a criatividade.
Criatividade é a capacidade de fazer de forma diferen-
te o processo observado, em busca da melhoria do resultado.
Existem algumas ferramentas para exercitar a
criatividade e organizar o pensamento. Uma delas é o
brainstorming ou tempestade de ideias. Pense em todas as
soluções para um determinado problema. Até mesmo aque-
la ideia aparentemente mais absurda deve ser levada em
consideração.
Depois disso, é hora de montar os cenários e ver quais
das ideias levantadas são viáveis. Na sequência, faz-se um
plano de ação (5W+2H) de modo a descrever em detalhes o
processo a ser executado.
O 5W+2H geralmente se faz em formato de plani-
lha, respondendo, para medida a ser tomada, as seguintes
Precisa-se de engenheiro 77
perguntas: O que (What)? Quem (Who)? Quando (When)?
Onde (When)? Por quê (Why)? Como (How)? Quais os re-
cursos necessários (How much)
Isso é fazer engenharia! Pensar soluções! Ideia e
execução.
Tão importante quanto ter ideias, para um engenhei-
ro, é colocá-las em prática. Sei que temos um perfeccionis-
mo e queremos que tudo funcione como planejado, mas,
algumas vezes, esse perfeccionismo atrapalha. Nem sem-
pre podemos esperar as condições perfeitas para colocar
uma ideia em ação.
Então, saiba que, algumas vezes, vamos ter que iniciar
uma ação ainda com as condições imperfeitas; mas é impor-
tante “botar pra rodar”, e aí, com a ação, vamos corrigindo
e aperfeiçoando a ideia no decorrer da implementação. É a
velha ideia de trocar as rodas do trilho com o trem andando.
Isso também acontecerá quando você chegar em uma
obra ou fábrica com os processos já em andamento. Por mais
imperfeito que esteja o processo, é difícil parar tudo para
consertar as engrenagens. Você vai ter que fazer um plane-
jamento, para ir corrigindo com o processo em andamento.
Dono da empresa
O engenheiro é contratado para administrar um pro-
cesso, ocorra ele em uma fábrica ou um canteiro de obras,
e gerenciar os recursos, que geralmente são bem vultosos.
Assim, o dono da empresa espera desse profissional
que ele aja com a mentalidade do dono, buscando econo-
mizar e evitar desperdícios.
Responsabilidade e comprometimento
Responsabilidade, ética e comprometimento são as
qualidades mais buscadas pela empresa, de maneira ge-
ral, de acordo com uma pesquisa da Curriculum. Ainda
nessa mesma pesquisa, verificou-se que 68% das empresas
não estão satisfeitas com os candidatos que participam dos
processos seletivos. Segundo Marcelo Abrileri, presidente
da Curriculum: “Boa formação, aliada a bons valores e ati-
tudes, formam o profissional desejado”.
Nem é preciso falar sobre a importância da confian-
ça. Você tem que se mostrar confiável sempre. Ser confiá-
vel é falar a verdade, mesmo que a verdade mostre uma
fraqueza ou erro seu. Assuma a responsabilidade! Não
busque culpados ou desculpas. Se você é o engenheiro, você
é o responsável.
Marketing pessoal
Muito já falamos sobre o marketing pessoal, e isso
envolve a forma de se vestir, comportamento, lingua-
jar, networking e engajamento, desde o primeiro dia de
aula na faculdade. Também é importante demonstrar
Precisa-se de engenheiro 79
resultados e ter orgulho deles; isto é, apresentar os seus
resultados sempre. A eficiência de um processo ou de
uma pessoa só são obtidos por meio de indicadores.
Existe uma máxima que diz que “para conhecer, é preciso
avaliar, e, para avaliar, é necessário medir”.
Não adianta você trabalhar 12 horas por dia, com
comprometimento e entusiasmo, se não conseguir que toda
essa energia se transforme em resultados. Apesar de pare-
cer cruel, no mundo da engenharia se avaliam resultados e
não puramente o esforço.
Portanto, se sua empresa não possui indicadores
para te avaliar, crie-os você mesmo! Isso é muito importan-
te também para o currículo. Em vez de simplesmente citar
as empresas em que trabalhou, que tal, de forma sucinta,
mostrar os resultados obtidos?
Precisa-se de engenheiro 83
Como anda seu perfil nas redes sociais? O que você
costuma postar? Que tipo de fotos você publica?
Por mais que aparentemente a rede social seja algo
pessoal, se eu anotar seu número em minha agenda, prova-
velmente algumas dessas redes sociais em seguida pergun-
tarão se eu não quero adicionar você. E hoje já há muitas
empresas que investigam suas redes sociais para fazer uma
análise do seu perfil. Portanto, tome cuidado com a imagem
que você está passando a terceiros em suas redes sociais.
Além do quê, as pessoas têm que saber o que você
faz profissionalmente. Dessa maneira, ao precisarem de
um engenheiro, se lembrarão de você. Pense nisso!
Dados pessoais
O currículo deve sempre iniciar com os dados pes-
soais (nome, endereço, idade, telefone e e-mail). São des-
necessários número de documentos e referências pessoais,
a não ser quando solicitados. Cuidado com o seu e-mail:
nada de apelidos!
Outro cuidado que se deve ter hoje em dia é com as
redes sociais, como já falado. Com seus dados, é possível
ver muitas coisas sobre você. Como é a sua foto de perfil no
WhatsApp? Será que causa uma boa imagem ao recrutador?
Querendo ou não, isso pode ser levado em consideração.
Objetivo
Em seguida, vem o campo “objetivo”. Nesse item
está a oportunidade de você estabelecer a relação entre seus
objetivos e o da empresa. Esse campo deve ser personaliza-
do a cada vaga em aberto. Pode se citar a missão e valores
da empresa, para que fique claro que você estudou sobre
ela. Mas nada de clichês!
Formação acadêmica
Na sequência vem a “formação acadêmica”. É desne-
cessário dizer onde você estudou nos ensinos fundamental
e médio. Informe cursos técnicos, graduação e pós-gradu-
ações, com nome da instituição e ano de conclusão de cada
Precisa-se de engenheiro 85
curso. Se obteve algum resultado acadêmico expressivo,
este pode ser adicionado nesse campo, como, por exemplo,
monitorias, premiações e projetos de iniciação científica.
Só tome cuidado com o exagero!
Experiência profissional
O próximo passo é a “experiência profissional”. Se
você está no início da carreira, os estágios devem constar
aqui. Se você já está no caminho há mais tempo, essa in-
formação é desnecessária. Coloque sempre por ordem do
trabalho mais recente ao mais antigo.
Especifique em cada experiência a atividade realiza-
da, os resultados obtidos e o período de trabalho. Atenção:
sempre uma das perguntas feitas em questionário será so-
bre o motivo da saída de empresa anterior, especialmen-
te se houver algum trabalho de curta duração constando
no histórico profissional. Prepare-se para responder a essa
questão sempre com sinceridade.
Mantenha-se atualizado. Cursos de mais de cinco
anos atrás já não são tão eficientes, principalmente se não
houver outros mais recentes. Demonstrar estar atualizado
é muito importante.
Informações adicionais
Conhecimento de software, língua estrangeira e cur-
sos de extensão. Atenção: só coloque o que realmente você
domina. Não adianta colocar nesse campo que fez curso
em AutoCAD se não sabe usar o software. O mesmo vale
para a língua estrangeira. Se você domina uma dessas
Entrevista de emprego
A aparência é fundamental. Vista-se de forma ade-
quada ao ambiente de trabalho no qual deseja adentrar.
Não adianta, por exemplo, ir para uma entrevista na obra
de terno ou salto alto; mas também não se pode ir de cami-
seta ou minissaia. Bom senso, e sem exagero.
Caso haja dinâmicas em grupo, será avaliada a capa-
cidade de trabalhar em grupo, de descobrir soluções, de
coordenar e de liderar. Querer se impor a todo custo ou
demasiadamente aparecer nem sempre é uma boa pedida.
Em entrevistas individuais, basicamente o entre-
vistador avaliará seu comportamento, seu linguajar, sua
proatividade e seu entusiasmo. Pode querer confirmar as
informações do currículo, ver se há algo falso ou algo a
mais, que não foi mencionado por você, e descobrir se você
está adequado para a vaga em aberto. Por isso, é importan-
te que você já tenha ideia do que se trata aquela oportuni-
dade e ter estudado a empresa em que deseja ser inserido.
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É importante evitar gírias, mascar chicletes ou se sen-
tar de forma inadequada na cadeira.
Prepare-se para as perguntas de praxe:
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1. Fator “negociação”:
É natural que um cliente raramente aceite o primeiro va-
lor que lhe é apresentado. Na maioria das vezes haverá
uma barganha. Portanto, acrescente um percentual de
10 a 20% no valor estimado (margem de negociação).
2. Fator “prazo”:
Serviços com prazo pequeno diante da complexidade
do que deve ser feito necessitam ter maior valor, devi-
do à intensidade do serviço, jornadas extras e contra-
tação de ajudantes.
9. Fator “exclusividade”:
Caso você seja o único que pode realizar aquele ser-
viço, nada mais justo do que cobrar o valor propor-
cional às horas de estudo e investimentos feitos por
você para ter essa capacidade.
Precisa-se de engenheiro 93
Cuidado: tenha bom senso ao definir os valores de
acordo com o mercado. Valores extremamente altos levam
o profissional a não conseguir fechar os contratos, e muito
baixos desvalorizam seu trabalho e de toda a categoria.
O início do curso
Passei no vestibular em 1996, aos 17 anos. Era com-
pletamente imaturo. Não tinha certeza nem se esse era o
curso que queria fazer. Durante o ano de 96, pensei em
seguir nas mais variadas profissões: biólogo, dentista, ad-
vogado... Mas, curiosamente, talvez dois dos fatores mais
improváveis tenham feito com que eu tomasse a decisão
mais acertada, a de ser engenheiro:
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Estadual. Meu pai queria que eu fizesse Ciências da
Computação na Federal, a “profissão do futuro”, e eu
optei por Engenharia, por admirar a profissão e ter
certa facilidade com os números.
O primeiro dia de vestibular da Estadual ainda
não coincidia com o da Federal: fui fazer a prova e
me saí muito bem. Meu pai ainda tentou me fazer
desistir, e ir fazer a prova da Federal no outro dia,
de tanto que a Engenharia era estigmatizada. Mas,
pensando na excelente pontuação obtida no primei-
ro dia da Estadual, lembrando que a Federal tinha
uma segunda fase quase 30 dias depois da primei-
ra, e considerando que ia aguentar mais 30 dias do
meu pai no meu ouvido, me pressionando, tomei a
decisão acertada e continuei fazendo a prova da Es-
tadual. Resultado: aprovação em 7° lugar!
Mesmo após a aprovação, meu pai ainda ten-
tou me fazer desistir do curso, devido à falta de
oportunidades para engenheiros; empolgou-se com
o resultado obtido, e tentou me convencer a estudar
mais um pouco, para prestar vestibular no ITA.
O primeiro semestre
O primeiro semestre de uma faculdade pública,
para quem estudou a vida toda em escola particular, é
meio chocante. Você está acostumado com aquela “pe-
gada” de escola, de ter professor todo dia, ter material
didático, o professor seguir um planejamento, de passar e
O primeiro estágio
Meu primeiro estágio foi conseguido quando cursava
o 4° período. Em outra dessas coincidências do destino, o
diretor de uma grande empresa de construção do Mara-
nhão frequentava o restaurante dos meus pais, e, em uma
dessas ocasiões, na “cara dura”, pedi a oportunidade e fui
atendido. Ele chegou a dizer que poucos estudantes procu-
ravam estágio naquela empresa, e eles não tinham hábito
de divulgar as seleções.
Cheguei à obra ainda nas fundações, e logo percebi
que a realidade de uma obra era completamente diferente de
tudo aquilo que vemos na faculdade. O valor da bolsa de es-
tágio, nessa época, era de 120 reais mensais, o que corrigido
pela inflação hoje equivaleria a aproximadamente 850 reais.
Como pude perceber logo de cara, a presença de um
estagiário não era um pedido do engenheiro da obra. Ele
Precisa-se de engenheiro 99
não sabia que eu ia chegar e, pelo visto, não gostou muito
da minha contratação. Só me solicitou uma única ativida-
de, no período de um ano, e raramente me cumprimentava.
Como eu estava lá para aprender, colei no mes-
tre de obras, embora aquela postura do engenheiro me
incomodasse.
Aprendi muita coisa certa, e também vi coisas que
julgava errado acontecerem. Mas não me sentia à vontade
para debater ou tirar dúvidas com o engenheiro da obra.
Então tive uma grande ideia: fazer um relatório com mi-
nhas observações, dúvidas e sugestões, e encaminhá-lo por
e-mail para o engenheiro da obra e para o diretor da empre-
sa, que me colocou lá dentro.
O engenheiro da obra nunca me falava nada acerca
dos relatórios, mas eu continuava fazendo. O diretor da
empresa pouco ia à obra, mas chegou a comentar rapida-
mente sobre o relatório. E o relatório estava surtindo mais
efeito do que o imaginado...
Com sete meses dentro da empresa, estagiando, no
dia da festa de confraternização de fim de ano fui abor-
dado por um dos engenheiros do escritório, que mencio-
nou os meus relatórios e me convidou para fazer parte de
sua equipe, não mais como estagiário, mas como contra-
tado! Me senti tentado a aceitar a proposta, mas recusei,
por dois motivos: seria necessário fazer a minha faculda-
de em apenas um turno, o que me atrasaria; e ainda me
achava “cru” para trabalhar em escritório. Queria ter
mais vivência de obra.
O segundo estágio
Como comecei a estagiar cedo, e em uma empresa
de renome no meu estado, já tinha algo a mais para anexar
ao currículo. E como isso fez diferença! Era notório que, na
maioria dos casos, eu levava vantagem nas seleções devido
a essa “bagagem”.
Portanto, não tardou para que eu conseguisse outro
estágio.
O mais difícil e importante estágio a se obter é o
primeiro!
#vemcrea
2004
Cheguei no dia 5 de janeiro na obra e fui recebido
pelos mestres e técnicos. Todos, ao me cumprimentar, me
chamavam de Dr. Murilo, o novo engenheiro da obra! Es-
tranhei, pois estava indo lá para ser auxiliar do engenheiro
residente. Mas, para minha surpresa, esse engenheiro aca-
bara de ser demitido no recesso de fim de ano.
Às dez horas, recebo uma ligação:
– Tá sabendo que o engenheiro da obra foi demitido?
Tem coragem de assumir essa obra?
Edifício Munique.
Murilo Reis