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Portugués Lingua Nao Matterna: Investigagao e Ensino [No cxescente contexto de imigracio associado aos processos Besa terete nN Mae Rie eek utente ee rer) De a ene es ret Cec Nn ee a oe wel Tepe eee eee tere en Cree Ne ir to etn eee ey ci re ee ee oe | Cee ne ee eet ar ec een Ree ee Ne ene eee a Geer eee hem Emr yr Ce Se eee eon iy falada por cerca de 250 miles de pessoas, a ngua portuguesa assume um Dr eile Mee Leen get Serene eer ete eee een ea De a eat ne tee ee cay Cre tee oa ee na) eee Ne eer eee ee ee Reet) OR eee meen eee a ecm T, coer ue sean Tene a ee ee eet a Per ony ra ener a nar rome eMe Temata ean en ire itierimmimarmrerernme |i ierrerensenntectit ata een irre | til ay one ee eee Seen ee eerie |) ee Poe! Cn eon ca eatery: em eneeeerenareimern te cree nme, 10. Sel Beret eer) at Rertieerwin o> tam pea Ce yee a mente tee ane ee teeter chee eran ener nnn or Beye ae cerita 7) Sere Pea tare tmnt erent) (5 ate painter ac eetecegeioe amen ema erent meets) 0) tae eae teres ce anheel enna trons nate A PURRT LUT ia Nao Materne 9! Lin 2 Seay Portugués Lingua Nao Materna: Investigagao e Ensino (VIETi=W leit €itesestey LIDE Portugués Lingua Nao Materna: Investigagao e Ensino Rosa Bizarro, Maria Alfredo Moreira e Cristina Flores Maria José Grosso = EvI¢Ao E DisTRIBUIGAO Se0e oad | Pn Ett, 18,0 0, 1040057 Lica Venda Onde | Wren ‘vende | rend Mertetng | rete ot poigto | dartorecerate st Protos de Eagao | seston "afoatia | 249941 a 213520 04 Luvana ‘enh 9 eb 248i ag Teron Lo TSN 570.072.757.080 ‘ners acura: Cua — Sates Gres Leth Vota do Pro (ap Lagat 372013, ‘capa bt Mod Préamposi: Manica Gonaives ‘se yeaa ma got upee rh sine enna eed etredpatcaacumsatn sacettocrewce sare {ht dati i ai gai ya ery em an an ane ceee Snret ‘hen shen hp asp oa ron ator ere eon snes in indice Lista de Autores | 9 Abreviaturas e Siglas Utlizadas | 13 Nota Prévia | 15 Mara Jost Groena Introdugéo 17 FReptos @investigagao @ ensino em Portuguds Lingua Nao Matema 7 Rosa BzarofMaiaAlredo Mercian Foros PARTE! 5, PLN Binguismo | Capitulo 1 1. Algumas Especiicdades da Lingua Portuguesa do Ponto de \ista do Ensino do Portugués Lingua Segunda e Lingua Estrangeira Problematizagdo Mata Helena Araio Care Capitulo 2 2. Portugués Lingua No Materna. Discutindo Conceitos de uma ae 88 Perspetiva Linguistica Citina Mara M. Foes 2. Poruguts Login ca Heanga | 98 22 Portes Lingua Soaunds | 40 23 Portugués Lingua Estangora | «2 Capitulo 347 3, Bilnguismo e Cognito: | «8 ‘Como Expicar os Desempentios om Tarefas de Rpotigtio de Digltos @ de Frases? ‘Mava da GragaL. Castro Pinto 181 Peta ils | 40 8.2 Lngingen e Cognigao | 48. £28 Gingism, Mutingisme & Plutinguisma | 54 3.4 Bligisme © Cognito | 57 35 Como Explow 0s Desempenos em Taras do 62 Repti de Digs © de Frases? 86 Plawas Pais | 65 ou ene Tees Portugués Lingua Neo Matoma: Investigago @ Ensino Capitulo 4 | 00 4. 0 Corpus de Produgles Escrtas de Aprendontes de PL2 70 (PEAPL2/CELGA): Caracterizacéo e Desenvolvimento de uma Infreestutura de Investigagao Cesta Mores 41 poecontgo 42 Metossag0 | 4.3 Dates | 44 basement Fut | Capitulo 5, 5, "Saberes Vulgares" de Atricanos sobre a Lingua Portuguesa: | ‘Um Contrbuto para o Portugués Lingua Nao Materna Meta Hon Ag garg Be 5.1 etroauto| 52 Enquatranento {59 Reference Teco 64 OEstudo | 05 188 Comentino Frat fee 8 Comentario Portugués Lingua Nao Materna: Investigagao @ Ensino Perpétua Gongates aa Parte Il Educagdo Bilingue e Formagao de Professores Capitulo 6 | 6. Formagéo de Professores | 00 ‘Antonio oli Rosel Baar Puan 61 A Formacso do Professors Hole | 101 6.2 Foragio do Profesor © Quad do Apxendzagens | 103 {63 Formagio do Professors: ical ¢ Conus | 108 14 A Formagdo Conthus numa Comunidade Profesional de Aprendzagem | 108 Capitulo 7 111 7. BBlinguismo @ Educagio: Um Novo Curriculo para a | 112 Formagao de Professores Joana Dutra Aitedo Mesa/Crstina Fors 7A iodo | 112 7.2 0 Popo EUGM-TE: Organs Conoatas Bano | 114 ‘ine eogoEs Tomas 2 7 778 © Curso Europeu para © Enea Incusve ct Unguogam Aelia | 116 7A Conctsio|125, Capitulo 8 120 8. Educagdo Bilingue @ Aprendizager do | 190 Portugués em Contexto Multlingue | uke Perta/Pedo MorinaNanaeaa Antunos 11 Turma Bing Um Prieto de EdiengoBlngu | 130 £82 Epectats | 131 1.3 Conecsincia# Atudes Lngusteas | 132 18.4 Deseewolimento da Lingua Portuguena | 98 Capitulo 9 6 9, Didatica do Portugués Lingua Nao Materna - Lingua Segunda! 4 Lingua Estrangeira: Enire a generalizacio @ a especiicacao oot Anténie Brando Carano | 9.1 Dido do PLAM: PL2/PLE Una idea Espen | 146 8.2 ADidiica do PLNM: PLOIPLE - Un Onto Heterogéneo @ Mota. | 48 Poseonamenta Co 9.3. Ui Outro Far do Hotrogenidade ~ Os) Anos) do | 149 tea do PLNM: PLOIPLE | 9.4 Diitea do PLN: PL2IPLE = Ce Popova | 152 Capitulo 10165 10. A Formagio de Professors de Portugués Lingua Nao | 150 Matera na Faculdade de Lotras da Univesdade do Pert. | ‘Quest6esInte-culturas © Ensino Incusvo do Portugues | Ung Sound | fos Bar tin Boge 1011 A Formagio de Professores do PLNM na FLU | 157 10.2 cola ncaa. Eckcondo Introutrak Alga Tags Caraterteadves | 150 10.8 Educagéo Incusa © Eucagd hlrcutral nu | 162 ‘Canteto de Edie Capacaara 10.4 Propoeta do um Curso de Westrado an Quneis Ircutuals@ | 167 nro Ineo 00 Portugues ungua Segura 10.5 Conetisées 170 Capitulo 11. 179 111, Detafios para a Formagao de Professores do | 174 Ponto de Vista da Diversidado Linguistica (Charles Berg 114 De Piiquo ao Pajto | 174 112 Sobre 0 Poo | 177 Inatce ‘ue egos recs Pertugute Lingua Nio Matoma: nveatigagso e Ensino 11.8 Observe Fl | 179 Capitulo 12 185 12. Contrbutos para urn Modelo de Formagéo de | 184 Professores de Portugués Lingua Nao Matera Paulo Fetor Pio Comentario 19 ‘Tantas formas de dizer "contextualizagdo": Por uma Abordager | 189 Contextuszada da Fomagéo de Professeres do inguas ‘Shia Malo Pra: ut engoes Teens indice de Quadros vac | 171 Neda om Qusties tect # Enno ki do P2: ‘conponer cares | Indice de Tabelas aboia | 15 atinuls, por ara ttc, usados na eco do dads texas Tabola2 75 ‘Cétigos de curso de PL2 0 00 Tapela3 | 70 Namo eto por ete Tela | 70 irre dopa por eta Tabla | 76 ‘Name tsa por nl do essa on P12 do mato oboe | 78 int dots © d plas pr LM do oman, or ard zee operas Tabela 70 ci aries corinods « sinerenade pr ino 8 TB TC | Tabola8 157 Min do pales por ato na 1B 6 na TC | Indice de Graficos critica 1 | 136, Lbesempenbo do amas as tums nas quatro alidades de produgio esta esfico 2 | 108 Cconegaoentogiien, Pccantagons de amas as tums nas ‘quo aliados de preduyao osc —— euvereoges remens Indice de Anexos ‘noxo | 141 ‘mage Utada como Estinuo para a Tecaka Ata do Nara Eso ‘Anoxo 43 Narate Esca, om Portugues, pr uma Aluna ce rigor Cros Anexo Navatia scr, m Crouo Cabo-wedano, por ua Ana de igen Pets ue eogoes recA Lista de Autores COORDENADORAS/AUTORAS Rosa Bizarro Professora, investigadora e formadora de professores em Portugal e no estrangelto (Alemanha, Argentina, Austia, Cabo Verde, Franea, Grécia, Reino Unido, Sa0 Tomé © Principe, Sérvia © Urugua..). Doutorada em Didética das Linguas, pela Faculdade de Letras da Universidade do Porto, tem como principals reas de investigagao a feducaggio em inguas (nomeadamente o portugués como lingua estrangeira/ingua segunde), a formagdo de professores, a tradugao e as questées interoulturais figacas € eduoagto, Autora de diversas publicagses nacionais e estrangeiras, 6 membro in- vestigador da unidade I&D CITCEM (Centro de Investigagao Transdisciplinar ‘Cutura, Espago e Meméria), sedecda na Universidade do Port. Maria Alfredo More Profassora Auxiiar do Departamento de Estudos Integrados de Literacia, Didatica e ‘Supervisdo da Universidade do Minho. Doutorou-se, em 2004, em Metodologia do Ensino das Linguas Estrangeiras pela Universidade do Minho. Tem como principals ‘reas de investigagao a educacao em linguas estrangeiras, a superviséio pedagégica ‘eda formago © a pedagagia no ensino superior. Autora de diversas pubicagdes na- cionais © estrangoiras tem cinda experiéncia de forrnagdo de professores em Portugal @ no estrangeiro (Alemanh, Espana, EUA, Franca, Maldivas, Suécia, Timor-Leste). E membro do Centro de Irvestigacia em Educagao (Universidade do Minho), Cristina Maria M. Flores Professora Auvllar do Departamento de Estudos Germanisticos @ Eslavos da Uni- versidade do Minho, Doutcrou-se, em 2008, em Ciéncias da Linguagem/Linguistca, ‘Alem pela Universidade do Minho. As suas principais reas de investigagao so 0 bilinguismo, a aquisigao de L2, a inguistica alema e o PLNM, sendo autora de dife- rentes publieagées nacionais @ internacionais, relacionadas com estas tematicas. E ‘membro da Linha de Ago de Ciéncias da Linguagem do CEHUM (Centro de Estudos, Humanisticos) da Universicade do Minho. AUTORES Antonio Bolivar Professor Catedratico de Dilatica e Organizagao Escolar da Universidade de Granada. Publicou 30 livros © mais de uma centena de artigos. Dirge a revista Profesorado & 6 membro de comités editorais ou cientiicos de varias revistas, —- — ewer ences reocas Portugués Lingua Néo Matera: Inestigaio @ Ensino Charles Berg Professor Auxiar da Universidade do Luxemburgo. Estudou Ciéncias da Educagio, Sociologia, Psicologia © Linguas Mademas nas Universidades de Marburg, Tabingen, Luxembourg e Trier. um dos fundadores do Instituto Youth Research Institute CESI- ‘JE, alualmente integrado na Universidade do Luxemburgo. As suas principals areas de Investigagao so a educagao, a iteracia @ as metodologias do investigagtio e ensino, Cristina Martins Professora Auxiliar do Departamento do Linguas, Literaturas e Culturas da Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra, 6 doutorada em Linguistica Aplicada pola ‘mesma Universidade (2004). Tem desenvoNvido investigaczio nas éreas do bilinguismo contacto de linguas, aquisicao/aprendizagem de L2, desenvolvimento motalinguis- tico, processamento psicolinguistico e avaliagdo neuropsicolégica, Dulce Pereira Docents na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, 6 investigadora, formado- a e autora de varias publicagses nas érees da crioulstica, da lingua de Cabo Verde da educagéo linguistica om contxto multlingue, Coordanadora, enquanto membro do ILTEC (Instituto de Linguistica Tedrica e Computaciona), dos projetos financiados pola Fundago Calouste Gulbenkian Diversicade Linguistica na Escola Portuguesa (2003-2007), Turma Biingue (2007-2012) e Uma Escola Muttlingue - Consckéncia linguistica, apvendizagem de linguas © sucesso educativo em contexto maitiingue (2012-2014), este ultimo em paroeria com 0 Agrupamento de Escolas do Vale da ‘Amoreira. Membro do Comité Portugués da UNESCO Rota dlo Escravo e da Diregéo da ACBLPE (Associagao de Crioulos de Base Lexical Portuguesa e Espanhola, Fatima Broga Docente do Ensino Bésico e Secundério, é Professora Auniiar Convidada, a tempo parcial, na Universidade Portucalense e consultora do Servigo de Apoio & Melhoria {das Escolas da Universidade Catélica (Porto, Portugal). Doutorou-se, em 2008, em Desenvolvimento Curicular pela Universidade do Minho. As principals areas de inves: tigagdo so a formagao @ avaliagio de professores @ a (autojavaliagao de escolas. Autora e coautora de diversas publicagées relacionadas com os seus interesses de investigagao. Joana Duarte Investigadora da Universidade de Hamburgo no ambito do projeto Linguistic Diversity ‘Management in Urban Areas (LIMA). Doutorou-se, em 2009, em Ciéncias da Educag’o pela Universidade de Hamburgo. Colaborou em vérios projelos em torno da temetioa {da educagao biingue. As suas principals reas de investigagao séo a aquisigao da linguagem em contextos linguisticamente heterogéneos, a educagao intercultural, a lingua e migragao @ os modelos de educacao bilingue. foumengoesreowgng Lista de Autores José Anténio Brando Professor Associado do Insituto de Educacéo da Universidade do Minho. Doutor em Educagdo, espocialidace cde Metodologia do Ensino do Portugués, desenvolve a sua investigagao nos dominios da literacia, didética da escrita, escrita como fetramenta ‘de aprendizagem. Leciona nas éreas da Didética da Lingua Portuguesa, Metodologias da Investigagao @ Esorita Académica © 6 autor de diversas publicagdes. Maria Helena Anga Doutorou-se, em 1991, em Ciéncias da Educagao/Dicética do Portugués, pela Uni- vvorsidade de Aveiro, onde é atualmento Professora Associada, com agregacao, no Departamento de Educagdo. E ainda investigadora do CIDTFF (Centro de Investigacao Didatica e Tecnologia na Formagéio de Formadores) e Goordenadora, com Cristina ‘84, @ do LEIP (Laboratério de Investigagao em Educagao em Portugues) (responsavel pela Linha 2: PLNM). Autore de diversas pubicagoes, apresenta regularmente a sua Investigagao em congresses nacionals ¢ internacionais. ms Professora Catedritica na Universidade de Paris 8. & especialista em Linguistica Portuguesa (Semantica, Pragmeitica @ Andlise do Discurso). Desenvolve a sua investi ‘gagao no émbito da nguistca geral e da linguistica contrastiva (Portugués — Francés) da didética de tinguas, em especial o ensino do portugués no estrangelro, Autora de indmeras publicag6os de relevo para as areas que investiga Helena Carreira Maria da Graga Pinto Professora Cateddtica de Linguistica na Faculdade de Letras da Universidade do Porto, Obteve © grau de Doutor om Linguistica Aplicada (Psicalinguistica © Neu- rolinguistica), em 1984, pea Universidade do Porto. As suas principais areas de Investigagao so a linguagem @ cognicao, a literacia emergent, a leitura, a escrita © ‘9 sou papel ao longo da vida, 0s efeitos do envethecimento na inquagem @ aspetos ‘cognitivos associados ao biinguismo © multilinguismo, Paulo Feytor Pi Profsesor Adjunto no Instituto Politéenico de Setibal. Doutorou-so, am 200, em Fs- tudos Portugueses pola Uniersidade Aberta. E também Professor Fletivo do Quadro dda Escola Secundéria de Miraflores © foi Presidente da Associagéo de Professores de Portugués. Pedro Martins Licenciado em Linguistica 2ela Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa © Mestre em Tradugéio pela mesma Universidade, 6 investigador do ILTEC (Instituto de Linguistica Tedrica e Gomputacional) no projeto Uma Escola Mutiingue (2012-2014). Fo’ investigador no projeto Tuma Bilingue, vertente do projeto Bilinguismo, Apren- ‘oust engcesréowcas Portygus Lingua Nao Matera: Inestigago @ Enno dlzagem do Portugués L2 © Sucesso Educativo na Escola Portuguesa, financlado pela Fundagao Calouste Gulbenkian (de 2010 a 2012). E colaborador nos projetos Intercultural Literature in Portugal, 1930-2000: a Critical Bibliography e Antologia(s) dde Conto inglés Traduzido para Portugués, desenvalvidos polo Centro de Estudos Anglisticos da Universidade de Lisboa, Professora Catedtatica da Universidade Eduardo Mondlane, Mogambique. Doutorou se em Linguistica Portuguesa, em 1990, pela Universidade de Lisboa, Entre as principais éreas de investigacao destacam-se a linguistica do portugués, & aquisigéio de L2, 0 contacto de linguas e a mudanga linguistica, Rose Bolivar Ruano Licenciada em Administragao © Gestdo de Empresas, com uma pés-graciacao om Ciencias da Educagao, © Mesto om Invetigagao e Inovagao Curricular. € bola do programa de Forragao do Investgador do Ministerio da Economia o Compettidade ra Universidede de Granada. Esta a terminara sua dssortagao do doutoramento no Ambsto deste programa, Silvia Me Preiter Doutorada em Dicatica de Linguas pelo Departamento de Didatica © Tecnologia Edu- cativa da Universidade de Aveiro. Deserwolveu 0 sou projeto de pos-doutoramento no LUIDILEM (Laboratério de Investigacao em Didatica da Lingua Materna e Estrangeira), na Universidade Stendhal Grenoble 3, e no Departamento de Didética e Tecnolo- gia Educativa da Universidade de Aveiro. De entre os sous interesses cientficos, destacam-se a comunicagao eletrénica © 0 seu uso no ensino/aprendizagem de linguas, a interagéo pluriingue e intercultural, a coconstrugao de intercompraenso ‘em linguas roméinicas e as abordagens plurals no ensino/aprendizagem @ o ensino do portugués como lingua de heranga. Alualmente, 6 coordenadora do Ensino Por- tugués na Alemanha, Vanessa Antunes Licenciada ern Linguas @ Literaturas Modemas, na variate la Fstuclos Portuguese € Franceses, e Mestre em Ensino de Portugués e de Francés pola Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa (201). Investigadora no Instituto de Linguistica Te6rica © Computacional (ILTEC), nos projetos Uma Escola Mutiingue: Consciéneia linguistica, aprendizagem de linguas @ sucesso educativo em contexto mutiingue (2012-2014) e Tuma Biingue (2011 © 2012), fnanciados pola Funcagao Calouste Gulbenkian, Foi colaboradora do projeto VOP (Vocabulario Ortogratico do Portugués) ‘une egos ewes Abreviaturas e Siglas Utilizadas [AES ~ Agéncia de Avaliagio @ Acreditagao do Ensino Superior GE — Comisséo Europela/Conselho da Europa GELGA ~ Centro de Estudos de Linguistica Geral e Aplicada CADTFF ~ Centro de Investigacio Didtica e Tecnologia na Fomagao de Formadores CITCEM ~ Centro de Investgacao Transdiscipiinar Cultura, Espago © Meméria CLUL ~ Centro de Linguistica da Universidade de Lisboa GIDC ~ Ditegdo-Geral de hovagao e Desenvolvimento Currioular EAL ~ English as a Adcitional Language EC ~ European Commission EFL. English as a Foreign Language ESHM ~ Escola Secundria Henrique Medina (Portugal) ESL ~ English as a Second Language ESM ~ Escola Secundaria ce Miraflores EUCIM-TE ~ European Core Curriculum for Mainstreamed Second Language Teacher Education and Further Traning FLUC ~ Faculdade de Letras da Universidade de Coimbra FLUP — Faculdade de Letras da Universidade do Porto IES — Insituicdes de Ensine Superior ILTEC ~ Instituto de Linguistica Teérica © Computacional Lt — Lingua Primeira/Materna, L2ILS ~ Lingua Segunda LS = Lingua Teroeira LE ~ Lingua Estrangeira LUM ~ Lingua Matera LUN — Lingua Nativa LNM ~ Lingua Nao Matemns LP Lingua Portuguesa LLSF ~ Linguistica Sistémica Funcional ‘MAE ~ Muliingual Aphasia Examination OGDE - Organizagiio de Cooperacio ¢ Desenvolvimento Econémico PALOP ~ Paises Aicanos de Lingua Oficial Portuguesa PE ~ Portugués Europeu PEA ~ Plano Educativo de Agrupamento PEAPLE ~ Produgdes Esorias de Aprendentes de PL2 PEE ~ Plano Educativo de Escola PL2/PLS ~ Portugués Linga Segunda PLE ~ Portugués Lingua Estrangeira PLM ~ Portugués Lingua Materna PLNM ~ Portugués Lingua Nao Matera PIRLS ~ Progress in Inleretional Reading Literacy Study PISA ~ Prograrime for Intemational Student Assessment uerencesTéoweAS 1 Portugués Lingua Ndo Maton: Investigaco @ Ensino QECR ~ Quadro Europeu Comum de Referéncia para as Linguas QUAREPE - Quadro de Referéncia para o Ensino Portugués no Estrangeiro RM ~ Representag6es Metalinguisticas TB ~ Turma Biingue TC — Turma de Controlo UG, ~ Unidades Curricularos = Unigo Europeia NW eunecengoesreomcns Nota Prévia O clima de grande mobiidade, as mudangas econdmicas © sociopolticas fazem ‘orescer 0 interesse pola lingua portuguesa em varios paises @ contextos, e abre porta a novos paibicas, a novas necessidades de comunicagzio, estimulando os dif Fentes estucos que tém occirido nesta drea e revsitando conceitos que se adaptam as novas realidades linguistcas e comunicativas. A indispensablidadie de se retletir hoje em dia sobre 0 Portugués Lingua Nao Matera é fundamental para a pratica pedagdgica e para o planeamenta linguistico, reflexio coadjuvada pela proposta do ‘Quadro Europeu Comum de Referéncia ao fomecer linhas de orientagao, a nivel do discurso. Rosa Bizarro, Maria Allreco Moreira © Cristina Flores tiveram a eximia tarefa de gerir ‘um conjunto de artigos de tamas variados e teoricamente diversficados @ integré-los no volume Portugués Lingua Nao matema: Investigagdo e Ensino que coordenam & ‘que a coletio Ensino © Aprendizagem do Portugués para Falantes de Outras Linquas tem o priviégio de publicar ‘A mudianga impoe @ induz transformagdes que geram uma mufipicidade de lin- ‘uagens e cédigos que 6 preciso compreender e gefir, exige ainda a reconstrugio de novas formas de aprencer, impondo-se um novo olhar sobre o papel da escola, desafios que o Portugués Lingua Nao materma: Investigagao @ Ensino apresenta a0 longo dos seus textos, desgnadamente na investigagao sobre formagao de profes- sores, que justiicam ¢ subinham a importancia da urgéncia duma formagio pluri- imensional, com um novo professor reflaxivo, cultura, critico, investigaddr, gestor Cconstrutor, mediador intercultural. O professor de Portugués para falantes de outras, linguas, ecucador ¢ ator social terd de integrar um conjunto de competéncias que ‘S40 mablizadas adequadamente em fungao do pablico e dos contextos e simultane- amente sera pluriingue e pluricullural, capaz de implementar metodologias baseacias ras suas experiénoias, préicas individuals @ colaboratvas. Maria José Grosso Dretora da Coloeso asombro de 2012 —— ewer engcesreowens Introdugao REPTOS A IINVESTIGAGAO E ENSINO EM PORTUGUES LINGUA NAO MATERNA rosa Bizarro versace co Povo ‘Maria Atreco Moreira Universidad db iho riatina Flores Lriarsidade do nko No crescente contexto de imigragéio associado aos processos de globalizagao e de mobilidade no espago europeu e mundial, Portugal tem vindo a tomar-se um pats ccada vez mais multingue e multicultural. A igualdade de oportunidades no acesso a ma vida com melhores condigées, © combate & pobreza o a digniicagao humana, fem geral, passam para os grupos imigrantes e de minorias étnicas, tal como para todos os outros, pela escolarizacéo das criangas e jovens. Estes grupos, apenas pela pertenca a uma minoria ne sociedade de acolhimento, nao t6m, por esse motivo, direitos menores ou mitigados a uma educagéo digna. A escola nao pode sor ania ‘uma coneretizagéo do pctencial humano individual 6 a uma plena cidadania numa saciedade que tem como Ingua oficial uma lingua que néo é a da familia ‘A literacia na lingua ofcial do pals de acolhimento € crucial @ incluso, eman- cipagao © qualidade de vida, desempenhando um papel central na prevengao da fexclusao social e promagia da justiga social © cognitiva (Richmond, Robinson & ‘Sachs-ferael, 2008), A lingua da escolarizagao 6, ento, uma questo essencial e de rotos humanos, pois afeta o modo como os objetivos das pessoas s40 atingidos © 0 sou potencial deservovide (Kasonen, Young @ Malone, 2007}. Por outro lado, a lingua da iteracia 6 usaca de modo especializado e significativo na escola @ nas varias disciplinas escolares; sem a capacidade de usar a lingua desta forma, os alunos no estarao proparados para usar o discurso da(s) ciscipinals) (Gee, 2004). Em resultado, os alunos que possuem uma competéncia insuficiente da lingua da lteracia © da instrugao tém menor probabiidade de aprender com o mesmo sucesso académico daqueles que sio proficientes e/ou falantes natvos. Por conseguinta, a aducagao em linguas deve abracar uma agenda de melhoria «das oportunidades de aprendizagem e promogo do sucesso acadéiico de todos. ‘0 alunos. Cor esta finalidade, a formago de professores e 0 seu desenvolvimento profissional, para além da sua capacitacao técnica, deve inciuir 0 desenvohimento de saberes e capacidades de natureza intercultural e critica, estudando, a titulo de texemplo, 0 papel dos compromissos ideolégicos © polices au o modo como as relagdes de poder operam no tratamento das questdes da lingua (entre outros fa- tores, como etnia, classe, género...) (Bartolomé, 2007; Zeichner e Flessner, 2009). ‘Assim se encoraja os professores a tomarem-se agentes de mudanga educativa & de promogao da justiga social, te treo oc Portugues Lingua No Matera: Investigagao @ Ensina 'Na prosseouxdio desta agenda, para alérn de um conhecimento mais profundo sobre 1s processos de aquisicao/aprencizagem linguistca, usos e fungGes sociais da lingua tenquento ferramenta cultural 2 metodologias de educagdo am lingua segunda, todos (08 professores devern adquirr conhocimento sobre a diversidado de culturas que com- [POem as escolas. Quando convertido em programas ¢ estratégias lormativas contextual mente adequados diversidade cultural e lingustica dos alunos, este conhecimento leva a0 desenvolvimento de um ensino e de uma pedagogia culturalmente responsivos, tenquanto processos de ensino @ aprendizagem que rabilzar caracteristicas, experi- énoias @ perspetivas culturais de alunos étnica e/ou linguisticamente dlversos, de modo ‘a promover 0 seu sucesso acadiémico (Gay, 2000 © 2002; Ladson-Bilings, 1995). Estimando-se que mais de cinco dezenas de linguas 40 faladas em casa pelos ‘alunos das escolas portuguesas © mais de trés dezenas com os amigos 6 08 oolegas (Mateus, Fischer © Pereira, 2005), urge reflatr sabre as implicagdes peclagdgico-cis- ticas @ sobre a formagao de professores que advém do facto de a lingua portuguesa (LP) nao ser a lingua materna para cerca de 14% da populago estudantil nacional Dos quase 2 mihdes de alunos inscritos nas escolas portuguesas em 2000, mais de 40 mil eram imigrantes (dads de 2008). Apesar de se tratar de uma percentagem ‘menor & de muitos outros pases no espago luséfono, 0 facto 6 que esta populagio tem vindo a aumentar a um ritmo acelerado. ‘Adicionalmente, © enquanto lingua falada por cerca de 250 milhes de pessoas, LP tem um lugar privlegiado no mundo, quer no ensino além-fronteiras, através, omeadamente, da existénoia de mais de uma centena de leitorados no mundo, ‘quer na crescente procura do nosso pais por um piiblico cada vez mais diversi ccado (estudantes dos PALOP e Timor-Leste, estudantes ERASMUS, entre outros) Estas diferentes realidades tm vindo a trazer novos reptos aos processos de {ensino e de aprendizagem do Portugués Lingua Nao Materna (PLNM) e, consequento- mente, 8 formagao de professores e a invostigacao que esta obra se prope dvulgar e/ou problematizar. Nao obstante as medidas portuguesas de poltica educativa para responder a esta emergente diversidade linguistica © cullural, no exister estruturas u dispositivos capazes de fazer face as necessidades de formagio espectica dos professores dos ensinos bésico e secundario em Portugal. Existem programas de formagio de protessores, a nivel pés-graduado, centrados na aprendizagem do PLNM eno desenvolvimento de competéncias intercultural; todavia, ao nivel da graduacio, pode dizer-se que as competéncias para ensinar alunos de proveniéncias linguistioas € culturais diversas s’io escassamente deserwolvides, Com estas necessidades ern mente, as coordenadoras deste livro drigam-no a professores, investigadores, formadores @ outros interessados na educagao de suj- {os para quem a lingua matema nao ¢ a lingua oficial do pais de acolhimento, que se fencontram a trabalhar e/ou estudar em contextos educativos formais e nao-formals, @ para quem as problematicas do ensino © da aprendizagem do PLNM séo relovantes, Mdina 8 ‘sano ae Coes cete a a Introdugao ‘A necessidadle do didlogo permanente (@ re/i-novado) entre a Investigagao © a Acdo, a Teoria e a Prética, os Alores @ os Contoxtos, as Competéncias (de varios tipos) © os demais Saberes e, ainda, entre o Sujeto, 0 Individuo e a Sociedade que ‘temas/somas e queremos tar/ser, levaram as coordenadoras & materiaizagao deste ‘projeto editorial, na certeza de que vale a pena subinhar o papel que a diversidade Tinguistica, em goral, @ o PLNM, em particular (nas varias interfaces cientiicas aqui invocadas: Diditica de Linguas, Formacéo de Professores, Linguistica), podem ter na ‘construgao de pessoas e sociedades mais inclusivas. Na base deste projato estdo varios projotos de investigacao e formagao de professores em que as coordenacioras tém estado envolvidas: o Mestrado em Didética das Linguas Matema ou Estrangeiras fe Supervisio Pedagégica em Linguas @ 0 Doutoramento om Didética de Linguas, ‘ambos da Universidade do Porto; 0 projeto Europeu EUCIM-TE (European Core Cur: riculum for Mainstreamed Second Language Teacher Education and Further Training)" €, ainda, a realizago do Col6quio «Portugués Lingua Nao Matera: Investigagao Ensinos, uma iniciativa conjunta entre a Faculdade de Letras da Universidade do Porto 8 Universidade do Minho. Assim, da contluéncia destes projetos formativos e inves- tigativos, resultou o aprotundamento de contributos concetuais relevantes para uma melhor compreensdo das implicagées da diversidade linguistica nos processos de ‘ensinofaprencizagem @ de formacao de professores, bem como a intencionalidade de disseminagzo de boas praticas. O resultado é esta coleténea que, néo pretendendo ‘oferecer uma panormica completa do que se faz em Portugal a além-fronteiras neste “Ambito, pretende oferecar (mais) um espago de rellexdo e discussio, proporcionado por mais de ura dazena co reconhecidos especialistas nacionais e eslrangeios € ' quem as coordenadoras esto reconhecidas polo apoio @ encorajamento dads. Distribuides por duas partes essenciais ("PLNM e Bllinguismo", por um lado, & *Educagdo Biingue e Formagao de Professores", por outro), os 12 textos aqui com- pilados corresponcdem a capitulos problematizadores de quest6es inerontes ao objeto fem estudo que, para além de auxiiarem os seus leitores na comproonsdo/discuss8o das muitfacetadas questdés que the 840 inerentes, viabilizam espacos de retlexéo ‘aue urge (relfazer, de modo continuado. 'Na primeira parte, dediceda as quostdes da aprendizagem do PLNM em contexto nacional ¢ outros, as autoras discutem os concellos organizadores da aprenclizagem Iinguistica nestes contextos, bem como as condigdes socials, inguisticas © educativas. ‘que determina © sucesso da aprendizagem do PLNM. ‘Maria Helena Carreira (Universidade de Paris &/Franga) discute algumas especifici- cdades da aprendizagem de PLNM no contexto da sala de aula @ chama a atencao Ra ES a ee mates meas Sccenn he teoneatnoeaaet ao. = ‘euoevercoesreowcas ‘eueveooesréowcas = Prtugués Lingua Nao Matoma: nvstigagdo e Ensino para a importéncia de se associar a componente linguistica aos perfis psicossociais ® oullurais dos aprendentes, Gristina Flores (Universidade do Minho/Portugal) problematiza 0 conceito PLNM, utiizado de forma abrangente como englobando diferentes tipos ce Lingua Nao Matema (LNM): Lingua Segunda (L2), Lingua Estrangeira (LE) @ Lingua de Heranga, realgando a necessidade de incluir na investigagao sobre © PLNM este timo tipo, falado pelas segundas e terceiras geracées de emigrantes portugueses, ‘Maria da Graga Pinto (Universidade do Porto/Portugal) langa um olhar cxtico sobre cconceitos como lingua e linguagem, biinguismo, multiinguismo @ plutlinguismo, ao ‘mesmo tempo que procura defini a relacao entra cognigo e biinguismo, proble- ‘matizando @ complexidade do conceito bilinguismo © os variados pers de falantes bitingues. CCistina Martins (Universidade de Coimbra/Portugal) apresenta-nos © desenvolvi= _mento, 08 objetivos e as principals caracteristicas do “Corpus de Produgdes Escritas de Aprendentes de PL2" (PEAPL2), tomado recentemente acessivel pelo Centro de Estudos de Linguistica Geral @ Aplicada (CELGA), uma ferramenta valiosa para a pesquisa sobre a aquisigao do PLNM, Maria Helena Anga (Universidade de Aveiro/Portugal, partindo de entrevistas rea- lizades junto de falantes cabo-verdianos @ angolanos sobre percegSes © crengas sobre a LP e outras linguas, defende que os “saberes vulgares", de atricanas nao- -especialistas sobre a LP @ sobre a sua aprendizagem tém uma relevncia social @ cultural evidentes, sendo conhecimentos fundamentais para a educagio em portugues em particular, para o PLNM, ‘Na segunda parte, dedicada a forriagao de professores para a diversidade lin uistica nas escolas, os autores refietem sobre as implicacdes para a formagao de professores da atual crescente diversidade cultural e linguistica nas ascolas. Antonio Bolvar e Rosel Bolivar Ruano (Universidade de Granada/Espanha) discutem polticas e praticas de formagao fnicial © continua) de professores como aspetos Ccentrais para a melhoria da educagao. Urge questionar 08 fins abjetivs da for- ‘magi, colocando a ténica na centralidade das prticas docentes, deserwolidas fem comunidad educativa e na promogao de boas experiéncias de aprendzagem proporcionadas aos alunos, Joana Duarte (Universidade de Hamburgo/Alemanhe], Cristina Flores e Maria Al= ‘redo Moreira (Universidade do Minho/Portugal apresentam as origens @ 0 encwin- dremento do projeto de desenvolvimento de um curiculo europeu. comum para formagéo de professores de Lingua Segunda (projeto EUCIM-TE). E apresentada a ‘adaptacao deste curriculo ao contexto portugués e so discutidas as condigées da ‘ua implementagao, Dulce Pereira, Pedro Martins © Vanessa Antunes (\LTEC/Portugal) apresentam alguns resuttados do projeto Tuma Bilngue, deserwolvide numa escola bésica da ona de Lisboa com criangas portuguesas @ cabo-verdianas. Assonte numa perspetiva

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