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Parte 7- Capitulo 44 Angela Scarparo Caldo-Teixeira | Livia Azeredo Alves Antunes | Michelle Mikhael Ammari Viviane Veroni Degan HHabitos bucais 498 Odontopediatria Una visdo contemportnea Introdugao Sabe-se que desde a vida intrauterina, o bebé encontra-se em um processo dindmico e coordena- do de evolugao. E que, dentre as fungdes neonatais, imprescindiveis para sua sobrevivéncia, encontram- se a respiragio, a sucgdo ¢ a degluticao.!* Conside- rando-se a suicgdo, cabe ressaltar que se trata de um processo desenvolvido antes mesmo do nascimento, durante a gestagao,’ sendo caracterizada por um re- fiexo inato que proporciona ao recém-nascido, além da nutrigdo,'~ 0 estabelecimento de um vinculo afe tivo com a mie durante a amamentagdo natural.'2* ‘Uma importante diferenciagdo que deve ser en- tendida é entre as definigdes de habito e vicio. Para Moyers' habitos so padres de contragdes muscu- lares aprendidos de natureza complexa, enquanto para 0 estabelecimento do vicio observa-se 0 en- volvimento farmacolégico, sendo este tltimo bem mais prejudicial e resistente. Outra definigao muito difundida é a conceituada por Cunha et al. (2005),” na qual habitos bucais so definidos como resulta- do da repetigao de um ato com determinado fim, tomando-se, com 0 tempo, resistente a mudangas. Toma-se um costume adquitido pela repetiedo dos atos e a crianga tem prazer em fazé-lo. Geralmente, em um primeiro momento é consciemte, pasando a inconsciente com o tempo. O osso, apesar de ser um dos tecidos mais duros do corpo, é um dos mais elésticos e o que mais res- ponde as forgas musculares."* O desenvolvimento da oclusdo normal esté diretamente relacionado a0 complexo orofacial, no qual os misculos mastigats- rios da lingua e da fala atuam de forma sincronizada e equilibrada. Sendo assim, qualquer alteragiio nesse equilibrio geralmente conduz a alteragdes anatomo- funcionais, gerando como consequéncia maloclu- Os habitos podem ser divididos em normais € anormais. Os normais servem como estimulo a0 ccrescimento normal dos maxilares, desempenhando importante papel na fisiologia oclusal ¢ no cresci- mento craniofacial, fazendo parte de uma funcao crofaringea normal. Estes devem ser estimulados e reservados, tais como: a amamentagdo natural, mastigago, a ago normal dos lébios. J4 os hébi- tos anormais interferem no padrio de crescimento esquelético normal dos maxilares, gerando varias consequéncias indesejéveis, como desarmonia no equilibrio muscular, deficiéncia no crescimento 6s- 800, distirbios de fala, de respiragio, maloclusbes e problemas psicoldgicos. Assim, estes devem ser desestimulados pelo profissional, tais eomo: suegio sem fins nuttitivos, como a chupeta ¢ 0 dedo. Esses habitos anormais, também denominados deletétio, sto considerados fatores etiolégicos extrinsecos de maloclusies."! ciagnéstico dos habitos bucais deve ser 0 mais precoce possivel, € tomar-se alvo de controle do profissional, pois quanto mais precoce ¢ sua identificagio, mais favorével seri a abordagem de intervengo, seja por medidas preventivas e/ou interceptativas. Tipos de succao ato de succdo representa uma das primeiras fungdes neuromusculares vitais do recém-nascido, seguida pela deglutigo e respiragdo.’ Segundo Cunha et al. (2005),” a partir de imagens de ultras- sonografias durante a gestaglo pode-se visualizar a suegaio do bebé, através da degluti¢&o do liquido amniético ou na suegao do proprio dedo, corrobo- rando a afirmagao de este ser um dos primeiros pa- drdes comportamentais ainda na vida intrauterina, ‘A necessidade de sucgo diminui com 0 cres- cimento do bebé, com a erupcdo dentéria, com a introdugdo gradativa de alimentagao mais solida, pemmitindo que o bebé avance no seu proceso de ‘maturidade."” Com isso, a sucgio passa a ser subs- tituida por outras fungdes musculares, como a mas- tigagto. Para se avaliar a gravidade do hébito de sue- glo deve-se considerar trés fatores em conjunto, denominados “Triade de Graber", isto é: duragio (por quanto tempo pratica-se o habito); frequéncia (quantidade de horas dirias); e intensidade (forga muscular exercida)."* A partir dessas informacées, € possivel definir a abordagem de tratamento mais adequada. Succ¢ao nutritiva natural Desde a vida intrauterina, a relagdo m&e-filho forte, com 0 nascimento do bebé observa-se a bus- ca pelo resgate desse vinculo ¢ a melhor forma & através da amamentagio natural. A amamentagio natural abrange aspectos emocionais, mutricionais e de desenvolvimento, tomando-se 0 método fi- siolégico mais completo ¢ desejavel, devendo ser estimulada**"* Fig, 34.1). As principais fungies neuromusculares vitais do reeém-nascido (sucsio, deglutigdo e respiragio) correspondem as fungdes Capitulo 34 + Hébitos bucais Fig. 34.1 - Amamentacio natural. Adaptacdo coreta dos labios para vedaro seio matemo, durante 0 ato da armammen- texto. exercidas no ato da amamentagio natural, represen- tando o padrio de comportamento mais primitivo do ser humano,*? Durante a amamentago natural, a deglutigio normal é estimulada através da interaglo fisiolégi- ca de varias agdes concomitantes; a atividade dos Abios, a lingua contra o lébio inferior, o relaxamen- to dos misculos clevadores da mandibula ¢ seus movimentos intrinsecos. Essa degluticao fisiolégi- a previne a deglutigao atipica, favorecendo o ade- quado encaixe e relacionamento da oclusio. Vale salientar que alguns princfpios devem ser seguidos durante a amamentago natural para que esta seja conduzida de forma correta, favorecendo 0 correto posicionamento dos grupos musculares. Os labios ea lingua permanecem setrados para vedat 0 seio, a0 passo que a lingua se movimenta para pressio- nar o mamilo, O leite passa pela cavidade bucal por movimentos peristalticos da lingua. Todo esse siste- ma em funcionamento proporciona uma respiragio adequada, quase sem ingestio de ar, favorecendo a respiragao nasal." A posigo mais adequada deve ser a sentada ou semissentada, evitando-se sempre «a posigao deitada, pelos riscos de passagem de leite para a cavidade auditiva, devido A intima relagao entre as cavidades. Konishi (1995)"* complementa que a forga de sucgdo durante a amamentagao natural € tdo intensa que pode ser considerada “Ortodontia preventiva gratuita” para o futuro da crianga. Criangas que recebem amamentagéo natural exclusiva nos primeiros seis meses de vida, ou por ‘mais tempo, tendem a no desenvolver habitos de suegio deletérios, como chupeta ou dedo, ou cessé- -los mais cedo, quando comparadas as que fazem (ou fizeram) uso de amamentagdo artificial. Acre- dita-se que isso se deva ao nao saciamento de suas nevessidades fisiolégicas.'"" A sucgdo reflexa se estende até os 4 meses de idade. Entretanto, Corréa & Machado (2002)" reportam que a necessidade fisiolégica de sucgdo cessa entre 9 ¢ 12 meses de dade; mas que em alguns casos, a necessidade psi- colégica permanece por mais tempo, especialmente nas situagdes em que o bebé se sente frustrado ou cansado. Assim, a chupeta e/ou dedo podem servir como valvula de escape. ‘A pritiea da amamentagio natural quando no implementada de forma correta esti associada & aqui- sigdo de habitos deletérios — chupeta, mamadeira ¢ suc¢do digital,"""""7*e a utilizagdo desses meios compensatérios interfere significativamente na ama- ‘mentagdo, acarretando o desmame precoce.”"** Desta forma, 0 aleitamento materno exclusive deve ser estimulado pelo menos até os seis meses de vida. Apés esse periodo, deve-se introduzir ou- tras fontes alimentares para estimular a mastigagao de forma gradativa. Suce¢do nutritiva artificial No aleitamento artificial a mandibula nao exige tanto da musculatura bucofacial do beds. Nao hé (© mesmo esforgo muscular para a suegio do leite, tendo este uma passagem facilitada pela cavidade bucal, exigindo menor forca de sue¢do. A mandibu- la ndo precisa realizar os movimentos para frente ¢ para trés, e nao ha tanta necessidade dos movimen- tos da lingua, como na amamentagao natural. Com isso, a musculatura orofacial ndo é adequadamente estimulada, e a mandibula tem seu desenvolvimen- to anteroposterior prejudicado, podendo gerar pre- juizos para a futura oclusto."*? Para minimizar os problemas de desenvolvimento craniofacial durante este tipo de amamentaciio deve- -se utilizar bicos anatémicos/ortodénticos, com for- mato e textura semelhantes ao do bico do seio mater- no, sendo rigidos e com orificio pequeno, aproxima- damente 0,8 2 1 mm (cabeya de alfinete) (Fig. 34.2). Esta exigéncia tem por objetivo aumentar a forga ‘muscular necesséria durante 0 ato de stucco." Segundo Silva et al. (2005),"" a sociedade bra- sileira tem o costume de estimular o uso de mamna- deiras precocemente, devido as facilidades, princi- palmente para as mies, pois, assim a crianga pode ser alimentada por outra pessoa, ou até quando um povco maior, sozinha, nio precisando da presenca constante da mae. Vale salientar que o mesmo cui- dado de se evitar que 0 bebé mame em posigao dei- tada deve ser seguido quando diante da amamenta- do arificial (Fig. 34.34 eB). 499 Odontopediatria » Uma visdo contemporinca Fig. 34.2 -Bico de mamadeira do tipo ortedéntg, inca do quando a amementao artfical for necesséia, Obsenar © oto orginal do bico ortodBntco, tamanino recomende- do para estimular 0 movimento de succdo. Habitos de succdo nao nutritivos Existem trés teorias que buscam explicar a etio- logia dos habitos de sucgo no nutritivos: a pri- meira reporia que a instalago do habito esta rela- cionada & necessidade de suego durante o periodo de amamentacao artifical; a segunda é atribuida a distirbios emocionais, a uma regressio e fixagio na fase oral do desenvolvimento, na qual a sucgdo & um hébito normal; e a terceira teoria associa repe- tigdo de um comportamento aprendido.” A utilizagdo da mamadeira proporciona maior fiuxo de leite se comparado 4 amamentagdo natu- ral, portanto, a crianga necessita de menor nimero de suegdes, ndo havendo adequada estimulagdo da musculatura orofacial, satisfazendo-se nutricional- ‘mente em menor tempo.5** Contudo, a satisfacdo emocional no é alcancada ea crianga pode iniciar habitos de sucgo no nutritivos,**"* que por sua vez levam ao desenvolvimento de maloclusées den- ‘tains, 422905008 (Os habitos de sucgdo nao nutritivos séo extre- mamente comuns na infancia, tais como sucgio de dedos e de chupeta.**%"**" A instalagdo de um hébito nfo nutritive pode sofrer influéncia de varidveis psicossociais, tais como: tempo dedica- do pela mae aos cuidados com os filhos, forma de abandono de um habito anterior, acesso a orien- tacdo por profissionais da area de sade, influén- cia psicolégica da mae na relagdo mae-filho,”** conflitos familiares, pressdo escolar, estresse, entre utras.* Concomitante a isso, tem-se observado que a chupeta ¢ considerada a invengio mais prética para acalmar a crianga, sendo encontrada em todo Fig. 34.3 - A. Crionga mamando detada sem 0 auto deur aduto, Essa atiude deve ser evitada pelas mies. B. Posicgo comets pare a amamentacéo rifial. Cianca sentada no colo de mie, sendo que esta mantém 2 ma- madeira 2 45°, evitando que 0 iquido escort para o canal auditivo da cianga, enxoval para bebé,* pois é amplamente acessivel & populagdo e tem sua utilizagdo estimulada pelos pais, frente ao choro infantil, desde as idades mais. tenras. Observa-se, também, na literatura interna- cional, que sua descric2o utiliza-se de termos como pacifier ou comforter, sugerindo que sua utilizago dova ser indicada com os objetivos de “pacificar” ou “confortar” a crianca.“** No entanto, se utiliza- da em qualquer situagdo de desconforto, pode indu- zit a crianga a buscar um prazer facil e “vazio”,*’ 0 ue pode favorecer a instalagio de hébito deletétio. Caso seja adotado 0 uso de chupeta, indica-se o tipo ortod6ntico, que produz menos sequelas relaciona- das ao habito (Fig. 34.4), £ sabido, porém, que a gravidade dos proble- mas advindos do hébito de sucgio nfo nutritivos depende da duracio, frequéncia ¢ intensidade de se uso,!2+62313541, como também da predis- posigao individual,***"* idade, estdgio no qual se encontram as trocas de dentes, oclusio, condicdes de nuttigdo, satide do individuo* e 0 padrao facial apresentado.”* ‘As sequelas mais prevalentes em relagio & ochusdo siio: mordida aberta,*'°** vestibularizagio dos incisi- Capitulo 34 + Hibiras bucais Fig. 34.4 - Dcistpos de chupetas: ortodéntica e conven cionel (na foto, dreta-esquerda). O uso de chupeta no & incicado, entetento, optase pelo bic ortodintica, quando 120 for passive evtar o habit. ‘vos centrais superiores,'flacidez dos labios, predispo- sigdo a respiragio bucal,® atresia de maxila e/ou palato ogival"*=* assoalho nasal mais estreito, sobressalign- cia, interposigao lingual, alterago nos padrdes de degluti¢do e fala'“e mordida cruzada posterior?" Gig. 34.54-D). Ressalta-se, entretanto, que tais habitos até a idade de 3 a 4 anos comumente nao trazem conse- quéncias prejudiciais permanentes para a oclusao, ois até essa idade, hé uma forte tendéncia para a autocorrego da maloclustio, apesar de essa corre- g8o espontinea ser dependente de varios fatores, tais como a competéncia da museulatura perioral e 0 padriio respiratério,'52 A persisténcia de hébitos bucais no nuttitivos em criangas acima dessa idade aumenta significa- tivamente a probabilidade de 0 arco dentétio vir a apresentar caracteristicas oclusais indesejaveis na dentigo decidua.*9° Em geral, aps 0 estabelecimento da dentiglio decidua, a crianga nfo deve apresentar hibitos de suego, uma vez que, nessa idade, 0 instinto de sue- gio deve ser substituido pelo de morder e pegar; 0 prolongamento da fase oral, nao sendo fisiolégico, transforma-se em hébito nocivo. Quanto mais preco- ce ocorrer a retirada do hibito, menor a possibilidade de surgirem distirbios miofuncionais.” No entanto, © que se observa é 0 seu uso prolongado. Algumas das justificativas so que inicialmente a realizaco do ato & consciente, até que se automatiza e tomna-se inconsciente de dificil remogao.**” Outra aborda- gem refere-se ao fato da mie utilizar a chupeta na busca de acalmar 0 bebS nos momentos de choro ¢ inquietago, consolando-o e tranquilizando-o, auxi- liando a mfe proporcionando-lhe seguranca nos cuidados com a crianga.** Habitos parafuncionais Envolvem todos os hébitos de mastigagZo sem fins nutritivos, como bruxismo/bruxomania (ranger 8 dentes), onicofagia (roer unhas), suegio de lé- bios, bochechas, objetos (canetas, roupas). Obser- vva-se que a presenca de hdbitos parafuuncionais esté fortemente associada a componentes emocionais ¢ normalmente de etiologia multifatorial. Habitos de mastigacao Bruxismo/bruxomania Definido como o hébito de cerrar ou ranger os dentes durante movimentos no funcionais do sis- tema mastigatério, podendo ser diurno ow notur- no, ¢ acometer criangas € adultos. Sua etiologia & complexa e multifatorial (fatores locais associados a fatores psicologicos). Dentre os fatores locais, destacam-se: 1. interferéneias oclusais, 2. fatores psicoligicos: disuirbios do sono, alteragdes com- Portamentais, ¢ 3. associagio de fatores. Além dis- so, pode-se considerar as influéncias genéticas ¢ algumas doencas de ordem geral, como as doengas alérgicas (rinite e asma) e deficiéncias nutricionais. ail Fig, 34.5 - Mordide aberta anterior como sequela do habito de sugao de dedo, A. Vista anterior. B. Vista lateral dieita.C, Vista lateral esquerda, D. Observar o dedo polegardireto da cianca, mais fino que 0 esquerdo, por causa do ato da sucra0. 501 502 Odontopediatria Una visdo contemportnea bruxismo pode ser representado como uma manifestagdo do inconsciente ¢ de distirbios emo- cionais com forte componente de dificuldade ‘emocional em criancas, de ambos os sexos. Apesar de ser considerada uma alteragdo comum, hé difi- culdades em se quantificar a prevaléncia, pois por ser realizado de forma inconsciente, os individuos nifo se queixam.? Para Cunha et al. (2005),’ de acordo com a vi- sto dos psieSlogos, o bruxismo pode ser mais bem definido como um hébito nervoso em resposta a problemas pessoais insoliiveis ou a impossibilida- de de exprimir sentiments de ansiedade, raiva ou agressividade. Além disso, o tipo de comportamen- to infantil também influencia na manifestagao deste tipo de habito."°*" A fase de dentigio decidua, faixa etiria entre 2 4 anos de idade, corresponde a uma fase muito ativa na crianga, com intenso desenvolvimento de sua capacidade motora, fase de muitas novidades, muitas mudangas, confusao de realidade e fantasia; com isso, os distiibios do sono aumentam a inci- <éncia do habito.’ O mesmo pode set observado na dentigo mista, porém a causa se deve ao aumento das interferéncias oclusais devido as trocas denti- rias, 0 que pode ser solucionado fisiologicamente durante o desenvolvimento da oclusio.” diagnéstico do bruxismo deve ser 0 mais pre coce possivel para sua prevengio ¢ tratamento, e tando assim, sequelas para a crianga. Deve ser base- ado na associagao da histéria do paciente (anamne- se) e do exame clinico.”’*" A anamnese deve ser minuciosa, colhendo informagdes dos responséveis e também da crianga, além de levar em consideragio 0s sintomas relatados, como por exemplo, nuidos durante 0 sono. Sugere-se que o cirurgido-dentista busque informagdes relevantes sobre a vida dessa cerianga, seus hébitos, rotina, relagdes pessoais, es- cola, para conhecer 0 paciente ¢ 0 micleo familiar envolvido. Durante o exame clinico deve-se obser- var a presenga de sinais patognoménicos articula- res, musculares, dentérios e/ou periodontais ¢ dor orofacial. Sinais dentarios comuns sdo as favetas de desgasie atfpicas, localizadas (grupos de dentes) ow generalizadas (toda a dentigao). Normalmente os dentes deciduos sofrem um desgaste mais répido devido & fragilidade da estrutura do esmalte (Fig. 34.6). O desgaste excessivo generalizado pode levar a redugdo da dimensio vertical. Outros sinais podem estar associados, como hipersensibilidade térmica, mobilidade dentria, danos ao ligamento petiodon- tal, hipercementose, fratura de clispides, fratura de restauragdes e até a necrose pulpar.*"'*“* Fig. 34.6 - Aspecto clnico do desgaste dentério generali- zad0 (dentes deciduos) de um paciente bruxémano de 05 ‘anos de idede. Shinkai et al. (1998), estudando a prevaléncia de bruxismo notumo em criangas de 2 a 11 anos, encontraram uma prevaléncia de 28,64% para bruxdmanos. Dentre estes, a maior incidéneia em criangas na denti¢ao decidua, com o maior pico sendo entre 2 a S anos. Dentre os bruxémanos, 27% eram criangas ansiosas, 31% hiperativas e 51% com problemas respiratérios e/ou alérgicos. Bntretanto, Vasconcelos et al. (2009)," analisando criangas com idades entre 5 ¢ 12 anos, obtiveram uma preva- éneia de 12,6%. Laucis-Pinto et al. (2000),” tam- bém encontraram maior prevaléncia de bruxismo ‘na dentiglio mista e assocfaram uma maior frequén- cia deste habito em criancas apresentando alergias, amigdalites ou rinites, confirmando os achados de Marks (1980).” (O tempo de aleitamento matemo interfere sig- nificativamente na presenga de hébitos bucais.” Quanto maior o tempo de aleitamento materno, me- notes so as chances de desenvolvimento de habi- tos deletérios. Isso se aplica também ao bruxismo.,* A prevaléncia do bruxismo aumenta significativa- ‘mente com a idade* e a varidvel género parece niio interferir na prevaléncia dos hébitos bucais." O entendimento dos fatores etiolégicos envol- vidos € fundamental para o estabelecimento da te- rapéutica adequada para um prognéstico favordvel. ‘Assim, a abordagem necessita ser multiprofissio- nal, envolvendo outros profissionais relacionados com a crianga, como pediatra, psicdlogo, professor, sendo imprescindivel a colaborago do niicleo fa- miliar. E unfinime entre os pesquisadores a necessi- dade do encaminhamento do paciente a psicélogos ou psiquiatras ¢ 0 tratamento em conjunto para 0 sucesso da intervengiio.””* Além disso, sugere- se a insergdo de medidas de orientagao educativo- preventivas,” pois a persisténcia do bruxismo pode influenciar na qualidade de vida da crianga.** Capitulo 34 + Hibiras bucais Onicotagia Aonicofagia, ato de roerunhas, também pode ser um habito adquirido através de imitagdo de outros ‘membros da familia, ou em fungdo da transferéncia do habito de suegdo. De acordo com a intensidade, a forga nto fisiolégica gerada pode ocasionar alte- rages dentérias, tais como: fratura das bordas den- térias, movimentagdes dentirias, gengivite e infec- des flingicas. Dessa forma, sugere-se que durante a anamnese e exame clinico do paciente observe-se as unas, as quais apresentam um “sinal cléssico” de desgaste. Suc¢do de labio Asucgio de lébio caracteriza-se pelainterposigiio do libio inferior atrds dos incisivos superiores, pro- duzindo forca vestibular sobre estes e forca lingual sobre os incisivos inferiores. Como consequéncias, observa-se a vestibularizagao dos incisivos supe- riores e a lingualizagao dois incisivos inferiores, aumentando o transpasse horizontal. Normalmente, ocorre secundariamente & prosenca de malocludes ‘como, por exemplo, a Classe IL £ comum “desapa- recer” frente & corresao da maloclusio. Distirbios miofuncionais decorrentes de habitos de sucgao ‘Habitos de suego prolongados podem provo- car maloclusdes, como a mordida aberta anterior, mordida cruzada posterior, Classe II e sobressa- ligncias,"* além de danos em misculos e fun- gies do sistema estomatognético, como fala, mas- tigagtio, degluti¢aio e respiragdo.”""""" Estes danos podem ser denominados distirbias miofun- cionais orofaciais. Na presenga de hibitos de sucgdo, os labios po- dem se tomar flicidos, com possivel eversio do ldbio inferior, 0 que dificulta o sclamento labial, favorecendo a respiragio bucal. 7" Este padtdo respiratério pode determinar modificagdes no posicionamento de dentes, mandibula e lingua, além de auséncia de selamento da cavidade bucal, provocado pela falta de contato dos labios, determi- nando respostas neuromusculares inadequadas para © correto ctescimento € desenvolvimento cranio- facial. A combinagao de maloclusio e respiragio ‘bucal provocada pelos hibitos de sucedo pode re- presentar um efrculo vicioso que perpetuaria tanto a ‘maloclusdo quanto a respiragdo bucal.”” ‘Os miisculos linguais também podem sofrer con- sequéncias negativas."*” Padroes inadequados de ‘movimentago lingual durante a fala, deglutiggo € em posi¢ao habitual de repouso podem estar pre- sentes, 2528660375 ‘A lingua pode se apresentar flicida, com maior ‘mobilidade dorsal e em posture habitual de repouso ‘mais anteriorizada e baixa:2471.72 ‘A deglutig&o pode ser produzida de maneira adaptada, isto , com participagdo exagerada dos miisculos periorais, intexposigao lingual e auséncia de selamento labial. A flacidez muscular, 0 com- prometimento da mobilidade das estruturas or0- faciais, respiragio bucal e a presenga de mordida aberta anterior provocados pelos habitos de sueco sfo os maiores responséveis pelos transtomos de doplutigio 26070875 ‘E comum a associag&o entre distirbios de fala ca ppresenca de habitos de suegio,°“"" principalmen- te diante de maloclusdes como a mordida aberta an- terior. Fonemas como /s/, //, I, /d, fn! e /V passam a ser produzidos pela colocagao da lingua interden- tal, o que ndo é correto e esti associado a um padrio de deglutigao semelhante, isto ¢, com interposigdio de lingua.*""* Os fonemas em que hi elevaco de pon- tade lingua como 0 i, /V, € 0s grupos consonantais de /+! (consoante seguida de r, como pra) ¢ /W (con- soante seguida de I, como pla) também podem ser alterados, acarretado pela deficiéncia de mobilidade das estruturas orofaciais (labios e lingua). Consequéncias negativas para 0 desempenho ‘mastigatorio também sio descritas.®*”* O padrdo de succdo durante o aleitamento natural promo- ve movimentos efetivos de abertura e fechamento ‘mandibular. Existe intenso trabalho muscular com o avango e retrusdo da mandibula, fazendo com que todo o sistema muscular, principalmente os miiscu- los masseteres, temporais e pterigSideos, adquiram. (© desenvolvimento ¢ forga muscular necessétios quando solicitados durante a mastigagao, o que no acontece durante o aleitamento artificial.” E, por- tanto, a musculatura nao é preparada para executar uma mastigagio eficiente. ‘A interrupgio dos hébitos de suego durante 0 perfodo de dentadura decidua pode favorecer a eli- ‘minagio ou redugdo de alguns danos como a mor- ida aberta antetior,"*" porém pode no contribuir para a climinagao da mordida cruzada posterior." s distirbios miofuncionais decorrentes dos ha- bitos de suogdo também podem ser atenuados com sua eliminagio,**** porém os resultados so 503 504 Odontopediatria Una visdo contemportnea melhores quando as criangas so submetidas Te- rapia Miofuncional Orofacial durante 0 periodo de demtigao decidua. A importancia do tratamento nesta fase se deve ao fato de que o crescimento € desenvolvimento orofacial adequado dependem do correto desempenho de todas as fingdes estomatog- Manobras p: dos habitos bucais Para que se tenha um resultado eficiente na re- tirada de um habito deletério, itens importantes de- vem ser avaliados (Quadro 34.1). Porém, nos casos em que o habito ja estd instalado, o ideal 6 atuar na sua causa de forma interceptativa.” Cada uma dessas formas de intervengio estard relacionada & época do diagnéstico. Além disso, evita-se um reflexo indesejével no deseavolvimen- to emocional da crianga. A atuagao de profissionais frente a remogdo de habitos de sucgaio pode apre- sentar grande eficiéncia, evidenciando a importin- cia dessas intervengdes."* ‘A remogio de habitos de suoydo ndo nutritivos deve ser feita de maneira criteriosa, pois pode haver insueessos no abandono ou mesmo a migragio para um novo habito que pode ser de suegdo ou nfo. ‘No que diz respeito as manobras utilizadas para remogdo dos habitos no nuttitivos, como chupeta € mamadeira, observa-se a opcao por dispositivos me- cfnicos e/ou métodos mecdnicos."** Vale salientar que diante das opgdes de intervengao, 0 profissional deve escolher métodos que motivem a crianga, bem como que esclaregam as diividas dos pais, Manobras preventivas Orientacao familiar, motivagao aos pais A melhor forma de remover 0 hibito deletério € a sua preveneiio e esta pode ser realizada através da divulgagao de informagies e motivagio aos pais. A influéncia da familia € muito importante para a liminagdo do habito. O método mais utilizado para que a crianga o abandone & 0 aconselhamento ¢ conscientizagao, pois quando o habito passa a ser consciente é removido mais facilmente."*** A crianga possui habilidades inatas para 0 de- senvolvimento da linguagem que também é ex- tremamente influenciada pelo ambiente. Portanto, quanto maior for a participagao da familia no pro- cesso de desenvolvimento, mais facil seré a coo- ‘petagdo da crianga, lembrando sempre de respeitar suas limitagdes A otientagdo e a conscientizagéo dos pais deve comegar de forma precoce quando a crianga esté adquirindo formagao de condutas, como por exem- ploa importincia da amamentagéo natural.” Entre os 2.e 4 anos de idade, sugere-se uma in- tensificago quanto ao aconselhamento para remo- Gio do hébito, pois, existe grande possibilidade de autocorreyao morfolégica da maloclusao ¢ restabe- lecimento do equilibrio do sistema estomatognati- co, se este for removido até os 4 anos de idade.*” (Fig. 347A B) Abordagem psicolégica e motivaséo da crianga Um dos requisitos findamentais para o sucesso ‘na remogio do hébito bucal & a abordagem psico- Iogica e a motivagdo da crianga. Estes, por sua vez, estdo associados a maturidade e ao desenvolvimento cognitivo da ctianga. Caso a crianga nao demonstre interesse em remover o hébito ou o profissional de- twote que ela nfo esté apta a entender as orientagdes, sugere-se 0 adiamento de qualquer conduta ou que ela seja encaminhada a um psieélogo, profissional capaz de detectar a razo para tal atitude, bem como para auxiliar na modificagao de conduta Existem procedimentos popularmente utiliza- dos para a retirada de habitos deletérios de suegio de polegar (ou dedos) ¢ onicofagia, tais como: colo- car pimenta no dedo, chantagear com oferecimento de presentes, usar esmalte de sabor desagradavel, dizer que os dentes esto feios, castigar, envolver gaze nos dedos ou mio. Dentre as “téenicas” para ‘remogo de chupeta, encontram-se: colocar subs- tincias de sabor desagradavel na chupeta, firar ou cortar 0 bico, jogar fora. Esse tipo de procedimento considerado reforgo negativo, com ameagas ¢ me- didas punitivas, pode ser frustrante, podendo gerar mais angistia na crianga, E, em geral, so infrutife- ros como tentativa de motivar a crianga a deixar 0 habito, pois convertem a uma situagao de prazer em desconforto, podendo levar a crianga a desenvolver um novo habito deletério =** O que deve ser sempre realizado é motivar 0 pa- cionte na vontade de mudar, por meio de estimulos como: anilise de gravuras ¢ livros, slides com casos solucionados, visualizagao no espelho, fotografias, suas préprias melhoras. Pode-se utilizar de didlo- go com a crianga e pedir para que esta marque em Capitulo 34 + Hébitos bucais Fig. 34.7 - A Mordide aberta anterior por hébito de succdo de chupets e memadeira. B. AutocorregSo de melodusfo, aps remagao dos habites, em ciance de S anos de idade. Quadro 34.1 - itens imporiantes a serem avaliados na remogéo do habito vicoso. Tentar descobrir o que leva 0 paciente @ manter um hébite. Compreendé1o,e, em hipétese algun, rdiclaizéto, Esdlarecer 8 amiia os motivos de o paciente master @ importénda do seu apoio e compreenséo. Conscientizar 2 familia sobre os prejuizas causados pelo habito vicoso, itegrando-e ao tratamento. Detectar, junto 20s pais, dados relevantes sobre o relacionamento familiar que possam estar causando ou exacerbando a5, rmanifestagbes de ansiedade ou de cidmes reveladas na sucra0 vciosa, Procurar eliminar 0 habita antes da idade escolar, quando o contata social se ampla ea atitude antissacal do habite pode refit indesejavelmente no seu deserwoWvimento emaciena. Motivasdo do paciente: despertar nele a vontade de mudar. A cade vita realizar o reforco positvo, Insist, 20 més, na retiada natural do habit antes da adoro de aparelhos. Diagnéstco precoce: quanto antes @ intervengéo melhor 0 pragnéstico. Planejamento: lembrar da importance da abordagem mutidisciplinar Planejarerto: invesigar outs problemas de ordem sistémica e buscar tatarento. 'Nao hesitar na busca por orentacao psicolégica. ‘Atuagdo conjunta com o fonoaudidlogo: 2 foncterapia favoreceré © correto desenvolvimento e restabelecimento das funcées ‘eestabilidade do tratamento, ‘um cartio, diariamente, todas as vezes que chupar © dedo,” ou marcar em tabela-calendério com os trés petiodos do dia, e a cada periodo sem o habito, cola-se uma figurinha. Em ambas as opgdes 0 ci- rurgitio-dentista deve ser informado do progresso.”" A diminuigdo do nimero de vezes que a crianga Pratica o habito é uma evidéncia de progresso e in- dica que ela acabaré descontinuando este hibito. Nos casos de onicofagia, por exemplo, pode-se utilizar como estimulo a prépria vaidade da crianga, utilizando esmaltes coloridos. A pereepedo do esmal- te imtacto, além de ser uma forma de controle tanto dos pais quanto da crianga, melhorard a autoestima. ‘Cada passo de sucesso com @ remogao do habi- to obtido deve ser associado a qualquer elemento ositivo que fortaleca o comportamento adequado, como elogios, sorrisos, abracos e prémios (mas nio suborno) Investigagéo de problemas de ordem geral Uma investigagdo de possiveis alteragdes sisté- micas e sintomatologia é determinante para a con- dota clinica. Habito parafuncional como bruxismo tem etiologia complexa ¢ multifatorial (fatores lo- cais, sistémicos, psicolégicos ¢ ocupacionais).°”" Assim, a determinagao dos fatores etolégicos constitui-se em ponto inicial para o tratamento. Em casos de pacientes respiradores bucais, deve- 505 506 Odontopediatria » Vina vio conemporinea -se buscar intervengo 0 quanto antes. Deve-se realizar avaliagao da condigao geral do paciente: hipertrofia de amigdalas, hipertrofia de adenoide, hipertrofia dos cometos, desvios de septo, pélipos nasais e presenca de alergias. A partir destas infor- mages, uma abordagem multidiseiplinar pode ser implementada para estimular 0 crescimento dos seios nasais, crescimento transversal da maxila, crescimento transversal da face e ereseimento ver- tical da maxila, ‘Abordagem muttidisciplinar ‘Toda proposta de manobra para eliminagao dos habitos bucais ndo pode ser realizada de forma iso- ada. Como mencionado anteriormente, énecessério um diagndstico precoce e um correto planejamento e este geralmente est relacionado a uma equipe ‘multidisefplinar, a fim de proporcionar um adequa- do crescimento e desenvolvimento da erianca. Dessa forma, os habitos bucais deletérios neces- sitam no s6 de uma abordagem odontopediatrica ¢ ‘ortodéntica com controle somente do proceso me- cénico, mas também de diagnéstico, planejamento e controle de outros profissionais da area da satide, como: psicblogos, fonoaudiélogos, fisioterapeutas € otorrinolaringologistas; os quais, além de pro- porcionar uma terapéutica mais eficaz, favorecem a dimimuig2o do risco de recidivas do habito ou da maloclusio. Manobras interceptativas Buscar solugdo para interrupgao de um habito por meio do uso de dispositivos interceptativos & uma opgio oferecida pela Odontologia. Esses dis- positives ortodénticos podem ser utilizados com dois intuitos: (1) quando a erianga quer deixar o hé- bito e ndo consegue, sendo utilizados como lembre- te; (2) quando a maloclusao jé esta instalada. Em qualquer uma dessas propostas, a interven- sao ortodénttica deve ser iniciada somente apés os 6 anos de idade, interceptando-se as sequelas destes habitos no desenvolvimento da oclusio por meio de aparelhos ortodénticos removiveis ou fixos.!”* Dispositivos interceptativos do tipo “lembrete” A instalagao de dispositivos mecanicos, como o uso de aparelhos ortodénticos do tipo “lembrete”, pode ser eficaz na remogio dos habitos deletérios desde que haja uma anélise individual, com medi- das terapéuticas especificas para cada caso."* O hé- bito € automético e inconsciente, logo, uma ajuda deve ser fornecida a crianga para que uma resposta, consciente seja obtida, Dai, a importincia de reali- zar um trabalho de educagao e conscientizagio da crianga e da familia."®" Qualquer dispositive mecfnieo, fixo ou remo- vivel, para impedir 0 hibito, pode ser agressivo © depende da aceitacdo da crianca. A mecanoterapia ‘para o tratamento da maloclusdo resultante pode ser simples, mas as implicagdes psicolégicas da terapia quando hé rejeigio da crianga no sio claramente conhecidas, podendo-se piorar as consequéncias para o desenvolvimento psicossocial, Grade palatina A utilizagio de alguns dispositivos ortodénti- cos pode auxiliar no abandono do habito, como a grade palatina que desestimula o habito ov difi- culta a sucgdo.%"* Esse tipo de aparelho, fixo ou removivel, pode ser utilizado para desestimular hébitos, devendo ser implementado apés avaliagio fonoaudiologica, © apenas se 0 paciente demons- iar imteresse. Sua permanéncia na cavidade bucal deve ser de no minimo 6 meses, para sucesso clf- nico final” (Fig. 34.8A eB), Férula de Anke A Férula de Anke consiste em uma férula plés- tica de 0,5 a 1 mm de polietileno transparente ou colorido, que recobre os dentes e 0 palato duro, eli- minando 0 contato com 2 mucosa e, consequente- mente, o prazer que a sucgao da chupeta traz.'* Dispositivos interceptativos atuando na sequela Placa de mordida miorrelaxante Para conter o desgaste oclusal patolégico dos dentes deciduos e permitir a erupgdo continua de dentes posteriores, evitando perda de dimensio ver- tical, deve-se confeccionar uma placa que recubra, as superficies oclusais de todos os dentes, além de 2 mm das superficies vestibular e lingual, com su- perficie plana (impedir interferéncias oclusais) para uso noturno.” (Fig, 34.94 e B). Capitulo 34 + Hébitos bucais Fig. 34. 9 - Piace de morcida miomelarante. A. Placa confeccionads em resina.B. Placa confeccionada em silicone. Fatas gertimerte cedidas pela Profa. Dra. Nancy Tomaca Sacona, Dispositivos expansores ‘Uma vez que o hébito deletério causou 0 esta- belecimento de maloclusio, dispositivos expanso- res, tais como: disjuntor palatino Haas, placa com molas, placa com parafuso expansor, aparelho Porter Quadrihélix, so 2 opgdo para a corresdo do problema conforme seré abordado no capitulo 37. Cabe ressaltar que & de extrema importincia que o hibito seja removido antes da corrego or- tod6ntica. _Referéneias 1. Aguiar KF, Petussi BG, Areal R, Bosco VL. Remogao {de bitos de suosio ndo-nutritiva:integrapo da odon- topediatria, pscologia e familia. Arq Odontol 2005:41 (4)273.368, 2. Mendes ACR, Valenga AMG, Lima CCM. Association ‘netween breast-feed, non-nutritive habits and maloceli- sons among children between 3 and 5 years old. Ciene (Odontol Bras 2008:11(1):67-75. 3. CavassaniVGS, Ribeiro SG, Nemr NK, Greco AM, Kable J, Lehn CN. Suction oral habits inital study in low income population. Rev Bras Otorrinolaringot 2008;69 (1):106-10. i ‘Siqueira ABUM. A época de instalaglo da mamadcira ‘esti elacionsda com a instalaedo de hfbitos oruis nlo- utitivos?, Rev CEEAC 2003:5(4):313-316. Oliveira AB, Souza FP, Chiappetta ALML. The rela- tionship between non-nuttive suckiag habits, infant {feeding methods and malocclusion in children with pri- ‘mary dentition, Rev CEFAC 2006;8(3):382-359. Leite-Cavalcanti A, Medeitos-Bezerra PK, Moura C. Aleitamento natural, aleitamento artificial, habitos de ‘suegao ¢ maloclusdes em pré-escolares Brasileiros. Rev ‘Salud Publiea 2007:9(2):194-204, Peres KG, Barros AID, Peres MA, Vietora OG. Effects ‘of breastfeeding and sucking habits on malocelusion in ‘birth color study. Rev Saide Pablica 2007:41(3)'343- 350. ‘Moyers. RE Oriodontia 4 ed. Rio de Janeiro: Guana- ‘bara Koogan; 1991. 483 p. ‘Cuma SRT, Leber PM, Schalka MMS, Corréa MSNP. ‘Habitos bucais. In: Conta MSNP. Odontopediatria na primeira inflncia 2a ed. 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