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Ética e Deontologia

Os terapeutas tem a responsabilidade fundamental de esclarecer as fronteiras da relação com o


cliente. Duas das mais importante fronteiras é o início e o fim da relação terapêutica.

Inicio da terapia

É um momento fundamental já que é primeiro momento onde é estabelecida a relação. Também é


importante para clarificar: quem é o cliente? Como serão geridos os pagamentos? Quais são as
regras de confidencialidade e privacidade? Qual é o papel do profissional? Como é que o
profissional descreve a sua prática? É importante clarificar e educar o cliente sobre o fim da
terapia, quais os critérios para finalizar a terapia e como se mede o progresso/sucesso
terapêutico.

Quem é o paciente?

Do ponto de vista legal, é relevante essa definição já que há o estabelecimento da relação implica
o dever de cuidar (quando alguém é estabelecido como cliente, recai sobre o psicólogo um conjunto
de deveres como reduzir sofrimento e promoção vitalidade da pessoa). É importante esclarecer no
CI quem é o cliente.

Torna-se uma definição complexa: (a) em sessões em que os pais participam


esporadicamente nas sessões com os filhos e pensam que também são os clientes, mas o
psicólogo não os vê assim; (b) os pais podem não se percecionar como parte do problema
quando estamos em terapia familiar; (c) em terapia de casal, o casal é o nosso cliente, e isto
tem impacto nas regras em relação aos acesso individual e aos registos das sessões.
(importância de haver CI diferentes para todos os intervenientes que clarifiquem a identidade
do cliente e os limites de confidencialidade).

Como serão geridos os pagamentos?

A renumeração pelo serviço deve ser abordada de forma clara e explicita, assim como a
clarificação das consequência do não pagamento (se as pessoas não pagarem, o psicólogo tem o
direito de término da terapia). Importante também clarificar a forma como os pagamentos serão
efetuados e o eventual envolvimento de seguradoras. É importante ter atenção a contornos de
várias situações: pais divorciados (manipulação ou exploração), plafonds limitativos das
seguradoras e potenciais consequência para os processos terapêutico.

 O psicólogo e o paciente devem chegar a um acordo, especificando a compensação e os


honorários (Standard 6.04 APA).

Quais são as regras de confidencialidade e privacidade?

É importante enumerar os princípios básicos de confidencialidade no contrato, incluído as situações


de quebra de confidencialidade. É importante evitar a não compreensão do cliente sobre o
contrato (nada substitui sentarmo-nos com as pessoas envolvidas num processo terapêutico, e discutir como a
informação irá fluir – i.e., que informação será partilhada, quando, e como)

Qual é o papel do profissional?

É fundamental para clarificar os conflitos de papeis, no que toca à terapia e pareceres


legais/forense (explicar participação em questões legais, explicar informação incorreta no CI, o
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que o psicólogo está disposto a fazer), à diferença entre o nosso papel de avaliação e de
intervenção e a mudanças nos papeis do psicólogo.

Como é que o profissional descreve a sua prática?

É importante haver clarificação das prática e da nossa abordagem. Incluir informação relativa à
gestão de situações de emergência, quais são estas situações e como vamos agir. Clarificar a
política de resposta a emails e telefonemas. Refletir sobre a compatibilidade entre a disponibilidade
do psicólogo e o tipo de intervenção/cuidado que o cliente necessita.

Fim da terapia

Existem um conjunto de mitos que influenciam o não término quando é necessário.

 MITO: “Uma vez paciente, paciente para toda a vida”: perpetua o mito que o psicólogo não
pode terminar a intervenção e tem de continuar a intervenção até o cliente decidir
terminar
 MITO: “Manter e intensificar a terapia podem resolver a rutura da aliança terapêutica /
ineficácia terapêutica”: por vezes, o mais ético é terminar a terapia e encaminhar para
outro profissional.

A dificuldade em interromper está relacionado com focos de preocupação:

 Será que se terminar agora poderá levar a ações disciplinares, por ter sido de feito de
forma incorreta ou abandono do cliente?
 Perceção de dever contino com o paciente
 Dano potencial para autoestima e esperança do cliente

Os psicólogos terminam a terapia quando se torna claro que o cliente já não necessita do
acompanhamento/serviço, é provável que não advenha mais benefício ou a continuação pode ser
danosa. Os psicólogos podem terminar a terapia quando se sentem ameaçados pelo paciente ou
por outra pessoa relacionalmente próxima do paciente.

Pode acontecer por mútuo acordo, por iniciativa do psicólogo ou iniciativa do cliente.

Mútuo Acordo

É a consequência ideal de uma aliança terapêutica bem-sucedida, quando há materialização dos


objetivos terapêuticos. Quando a continuação das sessões não apresenta uma melhor valia, o
terapeuta deve terminar o processo. O cliente ou terapeuta devem renegociar os objetivos ou
estabelecer objetivos novos e discutir “sinais de mudança”

 Objetivo da terapia: terminar a terapia

Se os requisitos/limitações do contrato foram atingidos, então poderá haver uma redução dos
valor das sessões ou sessões grátis. O que levanta questões éticas (enviesamento na avaliação
dos questões de justiça – qualquer cliente deve ter acesso a oportunidades semelhantes).

Também poderá haver por incapacidade física, mudança de área residencial ou termino da
prática clínica.
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Iniciativa do cliente

O cliente tem o direito de interromper a terapia quando querem, independentemente de o psicólogo


considerar que deveria ser continuada. A insistência da procura de contacto com o paciente/cliente
que abandonou a terapia ou que decidiu não prosseguir pode estar associado à crença errónea de
que é um dever do terapeuta manter contactos de follow-up. Evitar comportamentos de pressão.
Situações em que o follow-up pode ser ponderado com um deve do psicólogo (perturbações da
capacidade de fazer julgamentos, incapacidade para manter um nível adequado de autocuidado,
incapacidades graves, crises…)

Quando o paciente é menor e os progenitor decide terminar a sessão e o psicólogo discorda e o


divorcio parental (um dos pais retira o consentimento) são situações complexas.

Iniciativa do psicólogo

O psicólogo é responsável pelas decisões profissionais relativas ao tratamento e pode terminar


independente das objeções do cliente. O respeito pelo melhor interesse do paciente (apesar do
paciente pedir o acompanhamento, o psicólogo não deve manter uma relação terapêutica que ache
que não é necessária). Manter a relação sem objetivos definidos (irresponsabilidade profissional).
O paciente não está a colaborar nem participar de forma produtiva precisa de redireccionamento
da terapia ou reencaminhamento.

Estratégias

1. Consultoria
2. Plano de termino de terapia estruturado e documentado (de acordo com abordagem
terapêutica)
3. Aliança com muito tempo requerem mais cuidado no processo de término
4. Plano de termino deve ser discutido com o paciente e associado ao registo da intervenção
5. Implementação do plano e se o paciente não estiver de acordo devem-lhe ser dadas
alternativas exteriores.

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