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GOVERNO DO ESTADO DA BAHIA SECRETARIA DA CULTURA E TURISMO COORDENACAO DE DESENVOLVIMENTO DO TURISMO AREA DE PROTECAO AMBIENTAL DE MARIMBUS-IRAQUARA PLANO DE MANEJO ZONEAMENTO ec PLANO DE GESTAO urplan grupo de planejamento urbanismo arauitetura lide. NOVEMBRO - 1996 Atualizado em Maio - 97 Equipe Técnica: Carl von Hauenschild Pedro Barbosa da Rocha Sobrinho Mauricio Freire Edson de Deus Gilberto Trioschi Fernandes Guerra Vanuza Gazar Amelia dos Santos Cerqueira + Arquiteto / Urbanista ~ Eng. Agrénomo = Advogado ~ Economista = Geélogo + Bidloga ~ Bidloga urplan urplan SUMARIO 4, APRESENTACAO 04 2. CONSIDERACOES GERAIS 05 3, ENFOQUE CONCEITUAL 06 4, ENFOQUE LEGAL 07 5. ANALISE DA SITUAGAO ATUAL 17 $1 QUANTO A SUA IMPORTANCIA HISTORICA 7 52 QUANTO AOS ASPECTOS DO MEIO NATURAL 18 5.3 QUANTO AOS PROCESSOS PRODUTIVOS 19 5.3.1 MINERAGAO E GARIMPO 19 $3.2 AGRICULTURA 20 5.3.3 PECUARIA 21 53.4 TURISMO 2 54 QUANTO A ACAO INSTITUCIONAL 2 5.5 CONSIDERACOES SOBRE A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL vy QUANTO AOS PRINCIPAIS CONFLITOS AMBIENTAIS GERADOS 25 516.1 MANEJO INADEQUADO DA BACIA DO ALTO PARAGUACU 25 5.6.2 DESMATAMENTO 27 5.63 FOGO 27 5.6.4 VANDALISMO 2 56S OCUPACAO DESORDENADA DO SOLO 20 5.6.6 TURISMO 29 6. ZONEAMENTO ECOLOGICO - ECONOMICO 34 6.1 CONCEPCAO DO ZONEAMENTO 3 6.1.1 DIRETRIZES GERAIS M 612 CONSIDERACOES QUANTO A ESCALA ADOTADA 36 6.2 DESCRICAO DO ZONEAMENTO 36 ATEGORIA DE PRESERVACAO 3 RIA_DE_CONSERVACAO 48 RIA DE USO SUSTENTAVEL 56 7. TABELA DO ZONEAMENTO 75 8. GESTAO E MANEJO DA APA 109 8.1 MODELO OPERACIONAL 110 8.1.1 INSTITUIGOES E ORGAOS ENVOLVIDOS NA GESTAO DA APA in 8 | 2 FLUXO PROCESSUAL PARA APROVAGAO DE PROJETOS 113 8.1.3 PROCESSO DE LICENCIAMENTO DO USO E OCUPACAO DO SOLO 4 $14 FERRAMENTAS DE APOIO A ADMINISTRADORA 14 8.2 PLANOS DE ACAO 118 $2.1 ACOES ESTRUTURANTES 18 2.2 ACOES FISICO ESTRATEGICAS 124 823 ACOES COMPLEMENTARES PARA SUSTENTABILIDADE DO MANEIO 137 9. DOCUMENTACAO FOTOGRAFICA 128 40. DOCUMENTACAO CARTOGRAFICA 129 urpian 4. APRESENTAGAO A Urplan - Grupo de Planejamento, Urbanismo, Arquitetura Ltda. elaborou o Plano de Manejo da Area de Protegéo Ambiental - APA MARIMBUS-IRAQUARA, contando com uma equipe de consultores especializados, além do apoio e colaboracao de pessoas, instituigdes e entidades da regiao O trabalho foi desenvolvido conforme Termo de Referéncia fornecido pela contratante, a Empresa de Turismo da Bahia - BAHIATURSA, e sob a coordenacao da Secretaria de Cultura e Turismo do Estado da Bahii A APA Marimbis-Iraquara foi criada através do decreto estadual n.° 2.216 em 14.06.93 sobre a responsabilidade da BAHIATURSA, alterada sua responsabilidade administrativa para a CODETUR pelo decreto n.°. 4.062 de 17.03.95. Sua area mede 1.254 km? e apresenta um perimetro de 225 km. A APA esta limitada ao sul pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina (Rio S40 José, Ribeirdo, Barro Branco, BA8S0, BR242), ao oeste pelas serras da Gameleira e St®. Anténio, ao norte por uma linha que éngloba o Rio Agua de Rega, a cidade de Iraquara e as vilas de Iraporanga e Estiva, ao este engloba os vales do Rio das Mitidas, St®. Anténio, parte do Utinga e a Lagoa Encantada ate encontrar o limite do Parque Nacional de novo na via de acesso da Lagoa Encantada A APA de Marimbus Iraquara abrange, portanto, os Municipios Lengois, Andarai, Palmeiras, Iraquara e Seabra. A razdo da decretagao desta APA foi sua importancia para © turismo do Circuito Turistico do Diamante, definido pelo PRODETUR-BA, como rea adjacente do Parque Nacional da Chapada Diamantina que no engloba importantes paisagens ¢ ambientes como os morros do Pai Ignacio, do Camelo, os vales do rios St° Anténio e Mucugezinho, as cavernas de Iraquara e o pantano dos Marimbus. Todas estas areas apresentam importantes elementos ambientais, de grande importancia para 0 eco-turismo no Estado, extremamente vulneraveis a degradagéo ambiental Este Plano de Manejo baseia-se no Diagnostico Ambiental apresentado no Volume I deste trabalho. Este diagndstico, junto com a conceituagao do zoneamento da gestio, foi discutido em reunides especificas e em reunides piiblicas nos municipios com os organismos governamentais e nao-governamentais envolvidos na area. Apds sua apresentagio no CEPRAM, foi realizada uma reunio publica em Iraquara, em 24 de margo de 1997, quando foram adicionadas novas sugestdes. Todas foram acolhidas ou discutidas e de uma forma ou outra consideradass neste plano. Este documento consiste no Volume II do Plano de Manejo, que trata do Zoneamento Ecolégico-Econémico e Plano de Gestao, contendo textos explicativos e material cartografico. O Volume I contém o Diagnéstico Ambiental da APA, com textos explicativos, material cartografico e fotogrfico urplan 2. CONSIDERACOES GERAIS Conforme detalhado no Volume I - Diagndstico Ambiental da APA Marimbus- Traquara, a area em estudo corresponde a poligonal definida pelo Decreto Estadual, embora tenha havido, na reuniio de Iraquara, pedidos de incluso de outras Areas. O estudo foi, repetimos, realizado de acordo com o termo de referéncia, A area estudada localiza-se no centro da Chapada Diamantina, regio fisiografica que ocupa cerca de 25% do territorio baiano, caracterizada por constituir um conjunto topograficamente elevado, com altitudes médias variando entre 700 e 1.500 metros, incluindo o pico mais elevado do Estado, 0 Pico do Barbado, com 2.033 metros. Sua existéncia, enquanto Unidade de Conservagao, faz parte de uma estratégia do poder publico estadual, com 0 objetivo de integra-la ao projeto turistico do Circuito do Diamante e Circuito do Ouro, garantindo a vitalidade dos ecossitemas naturais ai existentes e proporcionando melhoria na qualidade de vida dos seus habitantes A gestio da APA Marimbiis-Iraquara necessita de diretrizes especificas, voltadas para_um projeto de desenvolvimento que garanta 0 aproveitamento racional desta porgao territorial extremamente importante para o Estado da Bahia, tanto para fins de preservago e conserva¢io do meio natural, assim como o seu desenvolvimento sustentado. E fundamental considerar-se os limites do Poder publico na administragdo dessa categoria de Unidade de Conservagio. A nfo desapropriagdo de terras em poder da iniciativa privada e a definigdo de rigorosas restrigGes impostas aos ecossistemas ecologicamente significativos coloca a administragdo da APA em um permanente desafio de ajuste quanto a viabilizagdo de projetos econdmicos e a manutengao da qualidade ambiental das areas envolvidas na poligonal da Unidade de Conservagao, Além do interesse que o Estado possui, em desenvolver 0 turismo no interior da APA, as solugdes para a Unidade de Conservagio passam também pelo manejo agricola € pecuario adequado, a formacao de cooperativas de pequenos garimpeiros e pequenos artesdos, além da assisténcia técnica aos cultivos no sistema agroflorestal, tendo em vista a necessidade de revegetar, com espécies arbdreas nativas e espécies econdmicas as grandes areas desmatadas no interior da APA, especialmente as nascentes dos rios ¢ riachos e suas margens. A alternativa para o turismo na APA Marimbus-Iraquara, estaré. vinculada especialmente ao polo turistico jé consolidado em torno da cidade de Lengéis ¢ seu futuro portéo aeroviirio, a ser localizado nas imediag&es do povoado de Tanquinho Iraquara merecera atengéo toda especial, tendo em vista a grande concentragao de s arqueolégicos no interior do municipio Pretende-se estabelecer para o interior da APA, o planejamento rigoroso que assegure a consolida¢ao de projetos eco-turisticos de baixa densidade geradores de emprego e renda, de um lado, assegurando inffa-estrutura para tal, e de outro, desestimulando a proliferacao do turismo predatorio urplan 3. ENFOQUE CONCEITUAL As Areas de Protecdo Ambiental -APAs, enquanto categoria de Unidade de Conservagio, foram criadas para apresentar bastante flexibilidade em sua gestdo e manejo, tendo em vista a caracteristica de convivéncia com os milltiplos usos, de natureza privada ou publica. Institucionalmente, a APA difere profundamente das demais categorias de Unidades de Conservagao previstas no SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservagao, a exemplo de Reservas Biologicas, Parques Nacionais, Estagdes Ecoldgicas, dentre outras. Administrar uma APA é dividir um conjunto de responsabilidades legais com diversas entidades ¢ agentes da sociedade. Em sua concepeao legal, 0 artigo 30 do decreto 99.274/90 demonstra que a administragao “.. supervisora e fiscalizadora da Area de Protegéio Ambiental deverd orientar e assistir os proprietarios, afim de que os objetivos da legislagdo pertinente sejam atingidos”. Desta forma, a APA, na pratica, acaba sendo um instrumento piblico de planejamento, remetendo a protegao ambiental, para areas especificas, a uma regulamentagao mais detalhada, vinculada, de certa forma, a.um projeto de desenvolvimento econdmico. Como a instituigdo de APAs no requisita a desapropriagao, a extenso dos seus limites territoriais vai até onde for necessirio, ocorrendo normalmente, uma grande amplitude territorial, a exemplo da Area de Protego Ambiental do Litoral Norte, que envolve $ municipios e possui uma area de 134,800 ha. Desta forma, a abordagem institucional € delicada e extremamente dependente de fatores conjunturais e administrativos. No caso especifico da APA Marimbus-Iraquara, trata-se de um projeto de interesses convergentes, tanto a nivel municipal, estadual e federal, como dos empresirios locais e da comumidade, que aguardam a definigio de parimetros ambientais para a preservacdo, conservag4o e ocupacdo de uma dos trechos serranos mais belos de todo o territ6rio nacional Com esta convergéncia de interesses, sera possivel reunir a participagio dos Orgiios de fiscalizagio ambiental sediados na Chapada Diamantina, tais como o Escritorio Regional do CRA - Centro de Recursos Ambientais, além de orgios como a CAR, ENTERBA, EBDA, DNPM, SGM, EMBASA, EMBRATEL, DNER, DERBA, IPHAN, IBAMA, SRH, dentre outros. A Secretaria de Cultura e Turismo do Estado, através do CODETUR, funcionara como entidade coordenadora das demais instituigées com participaco no destino da APA, conciliando interesses e definindo as politicas para o projeto de desenvolvimento io, sempre direcionados para os projetos eco-turisticos de baixa densidade. 6 urplan 4, ENFOQUE LEGAL Lei Federal n.° 6.902/81 Criada pela Lei Federal 6.902 de 27 de abril de 1981, a unidade de conservagao denominada Area de Protegiio Ambiental (APA integra 0 SNUC - Sistema Nacional de Unidades de Conservagao. As APAs, de acordo com sua legislagao propria, podem ser decretadas pelo Poder piiblico em qualquer esfera de governo, portanto, a nivel federal, estadual e municipal. Observa-se, em outros paises, unidades com caracteristicas semelhantes, a exemplo dos Parques Naturais em Portugal, Parques Nacionais na Inglaterra e as “Landschaftsschutzgebiet” na Alemanha, conforme publicagao da SEMA sobre Areas de Protegao Ambiental Esta lei, em seu art. 8°, criou e definiu a finalidade da APA, “in verbis” “O Poder Executivo, quando houver relevant interesse puiblico, poderd declarar determinadas dreas do territério nacional como de interesse para a protegiéo ambiental, a fim de assegurar 0 bem-estar das populagées humanas e conservar ou methorar as condigbes ecologicas locais”. No art. 9°, o legislativo delega ao Poder Executivo, em cada APA criada, o estabelecimento de normas limitativas ou proibitivas, respeitando os principios constitucionais que regem o exercicio do direito de propriedade. Estas normas, como foi dito, limitarao ou proibirdo: “a) a implantagdo € funcionamento de indiistrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de agua; b) a realizagdo de obras de terraplanagem e abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensivel alteragdo das condigdes ecologicas locais; ©) 0 exercicio de atividades capazes de provocar uma acelerada erosio das terras e/ou um acentuado assoreamento das colegSes hidricas; 4) 0 exercicio de atividades que ameacem extinguir na area protegida as espécies raras da biota regional. © nao cumprimento das normas aqui registradas e daquelas especificas da APA criada, obviamente editadas apés um acurado plano de manejo, sujeitara o infrator nas sanges do paragrafo segundo do mesmo artigo, onde podemos destacar a apreensao do ‘material e das maquinas e a imposi¢do de multas, Para a instituigiio de uma APA no ha necessidade da desapropriagao das areas privadas, pois seu regime no esvazia 0 contetido do direito de propriedade.Esta sua principal caracteristica. A Area de Protegaio Ambiental ¢ uma Unidade de Conservacao que visa a protecao da vida silvestre, a manutengdo de bancos genéticos e espécies da urplan biota regional, bem como dos demais recursos naturais, através da adequagio e orientagdo das atividades humanas na area, promovendo a melhoria da qualidade de vida da populacao. © Artigo 9° da lei 6902/81, que trata das Areas de Protecdo Ambiental, estabelece: “Em cada Area de Protegdo Ambiental, dentro dos principios constitucionais que regem o exercicio do direito de propriedade, o Poder Executivo estabelecerd normas, limitando ou proibindo: a) A implantagdo e 0 funcionamento de indivstrias potencialmente poluidoras, capazes de afetar mananciais de agua; 4) A realizagéio de obras de terraplanagem ¢ a abertura de canais, quando essas iniciativas importarem em sensiveis alteragaes das condicdes ecoldgicas locais; ©) o exercicio de atividades capazes de provacar uma acelerada erosdo das terras e/ou um acentuado assoreamento das colegaes hidricas; @) O exercicio de atividades que ameacem extinguir, na drea protegida, as espécies raras da biota regional. O objetivo primordial de uma APA é conservar a diversidade de ambientes, as espécies os processos naturais. Para se atingir este objetivo € necessario orientar e adequar as varias atividades humanas, de forma a que elas se desenvolvam de maneira compativel com as caracteristicas ambientais da area. Esta proposta deve envolver necessariamente um trabalho integrado dos érgaos governamentais com a participacao da comunidade Dentre os objetivos especificos, varios aspectos so contemplados tais como 1, Proteger a cobertura vegetal relevante através de: Conservagio da vegetagio nativa; Reabilitaco de areas degradadas, © Identificagao e protegdo de areas de ocorréncia de espécies da flora de valor econémico e/ou cientifico. 2. Promover a protegdo da fauna através de: Conservagao da fauna silvestre; Identificagao de locais especificos para protegdo da vida silvestre; Protecdo da fauna associada aos recursos hidricos. 3. Manter ou promover a melhoria da qualidade dos recursos hidricos através de: ‘* Identificagdo de seus usos atuais e potenciais, * Classificagao dos cursos d’agua de acordo com as normas existentes; urplan * Identificagao, a nivel da bacia, dos fatores de comprometimento dos recursos hidricos, ‘* Implementagdo de estratégias de gerenciamento da qualidade da agua 4. Protegio dos recursos do solo, subsolo e rochas através de: * Normatizagdo das obras de terraplanagem; * Disciplinamento de atividades de exploragdo de recursos minerais; + Implementagao das técnicas de conservagdo do solo. 5. Contribuir, através de agdes de Educago Ambiental, para que a populago seja integrada nas medidas e praticas conservacionalistas. Entre as categorias de manejo, a APA é a que tem sido mais utilizada pelo governo do Estado da Bahia, tendo em vista as suas caracteristicas de adaptabilidade as limitages. administrativas e financeiras do Estado. A idéia basica da Area de Protegio Ambiental (APA) é permitir a compatibilizagdo das atividades produtivas na area com as diretrizes de conservagao dos recursos naturais. Este instituto de protegao ambiental é bastante inovador, pois permite ao Poder Piblico criar areas especialmente protegidas sem, contudo, retira-las do dominio de particulares, apenas limitando ou proibindo o exercicio de atividades que ameacem extinguir, na area tutelada, as espécies raras da biota regional Cédigo Florestal - Lei Federal n.° 4771/65 A tutela ambiental patria teve no Cédigo Florestal - Lei n.° 4.71/65 - um de seus momentos mais felizes. Logo no seu art.1°, preceitua que as florestas e vegetagdo existentes no territorio nacional sao “bens de interesse comum a todos os habitantes do Pais, exercendo-se os direitos de propriedade com as limitagdes que a legislago em sgeral e especialmente esta lei estabelecem Destarte, considera-se a incidéncia dos interesses difusos sobre a cobertura vegetal brasileira. Interesses difusos so aqueles que estio disseminados na populagio concretamente nao so de ninguém, mas dizem respeito a todos. Estes interesses so definidos em juizo mediante a Agdo Popular e a Agdo Civil Publica: a primeira de iniciativa exclusiva do cidadio e a segunda, pelo Ministério Publico, conforme as disposigdes da Lei 7347/85 No art. 16, 0 legislador, divisando a propriedade privada que possua a cobertura vegetal protegida por esta lei, delimitou uso e gozo da mesma, criando a reserva legal, tendo por escopo a preservagio minima da vegetagio ai existente. Como regra geral, 0 Codigo Florestal demarcou 0 minimo de 20% sobre a area de cada propriedade com cobertura arborea protegida. Cabe ao Poder Piblico, assim entendido em suas trés esferas - federal, estadual e municipal - demarear, executar e fiscalizar 0 cumprimento do minimo legal estabelecido urplan Codigo Florestal sugere, no caso de parcelamento, a responsabilidade condominial destas reservas florestais para assegurar uma administragao coletiva dos proprietarios e seus sucessores destas areas O art. 18 do Cédigo Florestal traz ao lume positivo 0 Principio da Cooperagio, também consagrado na Constituigdo Federal de 1988, art. 225. Por este principio do Direito Ambiental, a preservagdo do meio ambiente é fruto de uma cooperagao entre 0 Poder Publico ea sociedade civil. O dispositivo da lei 4771/65 aqui em tela, comanda ao Poder Publico Federal florestar ou reflorestar area de preservacao permanente (art. 2° ¢ 3°), se 0 proprietario nao o fizer, sem necessidade de desapropriagdo. Se o proprietario estiver utilizando tais éreas como culturas agricolas, o Poder Publico o indenizara. No texto legal original, arrimado na Constituigao Federal de 1946 com as devidas emendas ¢ atos institucionais, a competéncia era privativa do Poder Publico Federal. Mas, pelo Principio de Recepgo Constitucional, a C.F/88 criou a competéncia material ¢ legislativa do Poder Publico em suas trés esferas para tratar do assunto (art, 23, 24 e 30). Por conseguinte, fica entendido que nao s6 0 Poder Publico Federal agiré no caso sob anilise, mas também o Estadual e o Municipal Lei Federal n.” 6.938/81 Dispde sobre a Politica Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulago, ¢ da outras providéncias. Esta lei tragou as diretrizes ambientais brasileira, criou 0 6rgio consultivo/deliberativo - Conama - e, no art. 9°, inciso VI, elencou a criagdo de Areas de Protego Ambiental como um dos instrumentos da Politica Nacional do Meio Ambiente. Decreto Federal 99,274/90 Regulamenta a Lei n.° 6.902/81 € Lei 6.938/81, que dispdem, respectivamente, sobre a criagdo de Estagdes Ecoldgicas e Areas de Protegao Ambiental e sobre a Politica Nacional do Meio Ambiente, e da outras providéncias. ‘itada diante da nova Este decreto veio regulamentar a legislagao ambiental acima ordem legal imposta pela Carta Politica Federal de 1988. Reestruturou os orgaos federais, estipulando para cada um competéncia funcional harménica e interdependente As Areas de Protegdio Ambiental esto positivadas entre os arts. 28 e 32. No art 29, 0 legislador faz necessario a indispensavel especificidade do decreto que criar a APA, em estabelecer a denominagio, limites geograficos, principais objetivos ¢ as proibigdes e restrigdes de uso dos recursos ambientais nela contidos. O art, 30 consagra o ja aludido Principio da Cooperagao: “a entidade supervisora e fiscalizadora da APA verd orientar € assistir os proprietirios, a fim de que os objetivos da legislagdo pertinente sejam atingidos.” + urpian Nao vamos relembrar que, para alcangarmos a especificidade normativa do decreto criador da APA, teremos que empreender um cuidadoso estudo prévio da biota a ser protegida para que se faga o levantamento pormenorizado das espécies vegetais ¢ animais la existentes, sem falar nos elementos do reino mineral que incidam na manutengao do eco-sistema equilibrado. Desta maneira, como bem disse a renomada mestra na matéria, Professora Yara Maria Gomide Gouveia, “... as formas de manejo em unidades de conservagéo implantadas em terras de dominio privado, como é 0 caso das Areas de Protegdo Ambiental, podem prever varias espécies de restrigdes tendo em vista 0 bem a ser protegido e a destinagdo da area. Tais restrigdes, entretanto, néio sto ilimitadas e caso cheguem a mutilar o direito de propriedade, inviabilizando a ilizacéo do bem ou rompendo 0 necessario equilibrio entre o exercicio desse direito, constitucionalmente garantido e o interesse piiblico, estaremos diame de unidades de conservagéio que somente podem ser implamadas em terras de dominio piiblico e quando 0 séo em terras particulares, geram direito a indenizagdo, advindo da desapropriacao.” No mesmo decreto, 0 art. 27 dispde expressamente que “nas dreas circundantes das Unidades de Conservagéio, num raio de dez quilometros, qualquer atividade que possa afetar a biota ficard subordinada as normas editadas pelo Conama’” Momento muito feliz do legislador que denota o excelente assessoramento técnico que 0 auxiliou. Entendendo o meio ambiente como vetores que se interpenetram em total harmonia, ficam sujeitas ao império legal aquelas areas circundantes, como meio de prevengao e preservacdo da biota, de direito, protegida Resolugao n.” 10/88 - Conama © Conselho Nacional do Meio Ambiente, no uso das atribuigdes que Ihe sio conferidas por lei, editou a Resolugdo do Conama n°10, de 14/12/1988, que veio dispor sobre 0 zoneamento Ecolégico-Econémico das APAs e sobre a obrigatoriedade da delimitagao de zonas de protegao a vida silvestre, além de prever 0 estabelecimento de condigao para o exercicio de determinadas atividades nessa Unidade de Conservacio, Dentre tais atividades, podem ser destacados os projetos de urbanizacao, atividades agricola ou pecuaria, terraplanagem, mineracio, dragagem, escavacao ¢ outras. As zonas de vida silvestre visam a conservacao ou a preservagao da biota. Nesta Resolugio, frisa-se a necessidade de expedigdo de licenga pela entidade Administradora da APA, para atividades industriais e projetos de urbanizagao que la desejem se instalar. © art9 sugere a constituiggo de responsabilidade condominial sobre as areas de reserva florestal em parcelamentos rurais. O art.10 permite a formagio de parceria para vigilancia da APA, entre a entidade administradora e organizagdes néo governamentais, aptas a colaborarem e de reconhecida idoneidade técnica e financeira A legislago estadual nfo possui_normas de cardter geral e abstrato sobre as APAs. A Constituigao do Estado da Bahia define areas de preservagdo permanente tais como as areas estuarinas, as matas ciliares, os manguezais, as dunas e restingas, lagos e lagoas, além de regides consideradas de per si como 0 Sitio do Descobrimento, incluindo suas + urplan reas urbanas, os vales do rio Paraguagiie do rio de Contas, a Zona Costeira, entre outras Estas areas, conforme observancia legal do art. 216, constituem patrim6nio estadual Funcio Social da Propriedade e Meio Ambiente A propriedade privada, individual, determinada, tem de se inserir no contexto social ¢ harmonizar-se com os anseios emanados pelo mesmo. Este espirito publico da propriedade privada foi primeiramente delineado, neste século, na Constituigao de ‘Weimar, o Estado Alemo configurado apés a I* Guerra Mundial Atualmente nossa Constituigo, no art. 5°, XXIII, eleva a fung&o social da propriedade ao status de direito e garantia fundamental. © meio ambiente traz em seu bojo uma gama de altos interesses sociais, ja que € considerado como patriménio piblico. Sobre o patriménio publico, como ja foi visto, recaem os interesses da coletividade: os difuisos e os individuais homogéneos. Este ultimo constitui uma inovagdo trazida ao corpo do direito positivo pelo Codigo de Defesa do Consumidor, no seu art. 110. Por conseguinte, o principio da fungao social da propriedade corretamente captou 08 anseios ambientais coletivos, tanto que a C.F/1988, nos seus art. 170, inciso VI, 182, pardgrafos segundo e art. 186, inciso II faz a devida interaga0_ politico-juridico- econémica dos dois institutos. Exemplificando, o ultimo artigo, “in verbis” “A fungdo social é cumprida quando a propriedade rural atende, simultaneamente, segundo critérios e graus de exigéncia estabelecidos em lei, aos seguintes requisitos: (o) I a utilizagdo adequada dos recursos naturais disponiveis e preservagdio do meio ambiente.” O principio da fung4o social da propriedade autoriza restrigdes propriedade, desde que adequadas e proporcionais ao fim que as motivou, ¢ intangibilidade do minimo de esfera de liberdade. No caso da APA, 0 exercicio do direito de propriedade softera limitagdes & proibigdes que deverdo ser obrigatoriamente suportadas por seu proprietario. Sempre que possivel, o interesse individual sera conciliado com o interesse social. Se, entretanto, 08 interesses mostrarem-se diametralmente opostos, nao restara outra alternativa ao Poder Publico senao a desapropriagao, ai com o fundamento no Decreto-Lei 3.365/41 (desapropriagao por utilidade publica) e Lei 4.132/62 (desapropriacao por interesse social). Como diz Helly Lopes Meirelles, figura de alto relevo do Direito Administrativo Patrio: “ A desapropriagao é, assim, a forma legal conciliadora entre garantia da propriedade individual e a fungao social dessa mesma propriedade, que exige usos compativeis com o bem-estar da coletividade 2 urplan Parcelamento do solo As normas de parcelamentos de solo tem como um de seus objetivos basicos ordenar e controlar o processo sucessorio fundiério da subdivisio da porgo maior em unidades imobiliarias auténomas , que sero devidamente registradas em Cartorio de Registro de Iméveis. A lei separa conceitualmente 0 solo urbano do solo rural , néo- urbano. A legislagZo sobre uso do solo urbano é atribuida, constitucionalmente, ao Municipio. Entretanto a lei 6766/79 , que dispdes sobre desmembramentos e loteamentos, no seu art.13, por ser anterior 4 Constituigdo vigente, estatui que cabe a anuéncia previa do poder estadual quando este decreta uma “area de interesse especial” ou “areas de protecdo especial” (art.14), e define os parametros de parcelamento através de decreto. Vale ressaltar que esta lei federal so permite, conforme o art.3,* parcelamento do solo para fins urbanas em zonas urbanas ou de expansdo urbana, assim definidos por lei municipal.” Essa legislagao federal de parcelamento do solo exerce uma grande influéncia na qualidade ambiental de uma APA que engloba areas urbanas, ou que permite parcelamentos com carateristicas urbanas: aqui sio estabelecidas as definigdes de areas nio-parcelaveis (art.3.), areas a conservar ou ndo-edificar e areas a serem doadas (35% da gleba parcelada) ao poder piiblico (art.4.) As areas rurais ou ndo-urbanas, como a area desta APA, so geridos pelo Estado ou a Federago. A lei 6766/79 aplica-se ainda em parcelamentos com fins urbanos em quando as mesmos forem definidos por lei municipal como “zonas urbanas ou de expansao urbanas” Os parcelamentos rurais sio regidos através do Estatuto da Terra, Lei 4.504/64, ¢ suas regulamentagSes (principalmente Decretos n.°s 55.286/64 e $5.891/65 e Lei n° 8.171/91). O Estatuto admite areas condominiais comuns em parcelamentos, (art.3.), cria formas juridicas/administrativas de parcelamento como a colonizago (cap.Il) e cooperativa, define 0 modulo minimo da parcela, conceitos basicos de zoneamento areas de preservagdo (8.171/91, cap. VI e art.103) como os deveres dos proprietarios rurais. Os parcelamentos do solo so conceitualmente divididos neste plano em desmembramentos, loteamentos e condominios horizontais. Séo definidos os seguintes coneeitos a) desmembramento (lei 6766/79 - art.2 § 2.°) “Considera-se desmembramento a subdivisdo de glebas em lotes,(..) com aproveitamento do sistema vidirio existemte, desde que ndo implique a abertura de novas vias ¢ logradouros piblicos, nem prolongameno, modificagdo ou ampliagao dos jé existentes.” B urpian A forma juridica de desmembramento pode ser condominial ou nao. O desmembramento ndo exige doagao de area publica ou institucional ao poder piblico, b) loteamento (lei 6.766/79, art.2., § 1 “Considera-se loteamento a subdivistto de glebas em lotes,(..) com abertura de rnovas vias de cireulagao, logradouros piiblicos ou prolongamento, modificagdo ou campliagdo das vias existentes”. A forma juridica do loteamento transfere para 0 Poder puiblico, através de doagao, que fica devidamente registrada, toda responsabilidade de conservagio, operagio ¢ manutengio das Areas comuns e da inffa-estrutura, uma vez implantado pelo empreendedor 0 loteamento em conformidade com o TAC - Termo de Acordo e Compromisso. A nova unidade imobiliaria auténoma, 0 lote, ¢ indivisivel e nao pode ser vinculada a nenhuma co-propriedade na forma de frago ideal relativa a uma area externa do lote c) condominio horizontal (cédigo Civil art.623 e outros) A figura juridica de propriedade em comum, “compropriedade”, ou “condominio” € definida nos artigos 623 a 646 do Codigo Civil. A incorporagdo de iméveis no regime de condominios , para fins de edificagdo, ou condominio vertical, foi criada e é regida pela na Lei 4.591/64. Considera-se Condominio Horizontal a subdivisio de uma gleba em areas privativas (parcelas) auténomas, pertencentes a cada condémino. Faz parte desta unidade, necessariamente, uma fragZo ideal das areas de uso e propriedade em comum do conjunto, conceitualmente insepardvel da unidade imobilidria aut6noma. Os parcelamentos em condominios horizontais nfo so regulamentados em lei federal especifica, mas so reconhecidos como forma legitima e indicada para fins de responsabilizagdo de um conjunto de proprietarios e seus sucessores pela manutengio de areas de interesse comum e de interesse ambiental, tanto no Codigo Florestal , no seu art.17.como na Resolugdo CONAMA n.° 10/88, no seu art.9.). A auséncia de normas gerais na legislagdo federal, sobre condominios horizontais exige uma regulamentagio no nivel municipal e pactuag4o nos instrumentos legais que instrumentam esta forma. As legislagdes municipais modemas (p.ex.: Salvador,LOUS 3853/88) cada vez mais indicam e conceituam esta forma de parcelamento. © empreendedor imobilidrio de um loteamento comum se libera de toda a responsabilidade pela infra-estrutura e pela manutengao e conservacao de areas piiblicas institucionais e comuns através de sua doagio ao Poder Piblico municipal. Este, normalmente ndo consegue prestar servigos de manutengdo nos inimeros loteamentos periféricos implantados que, muitas vezes, so lentamente ocupados. Em fungdo disto, esto sujeitos a uma degradagao acelerada e geram elevados custos de conservagao, por ir urplan terem sido muitas vezes equipados com infra-estrutura de baixa qualidade, curta vida itl e de elevado custo operacional No parcelamento em condominio, o empreendedor transfere a responsabilidade pelas areas que seriam piiblicas comuns aos compradores, que dividem os nus da infra- estrutura, doando somente as areas institucionais ao Poder piblico. Todos os Gnus das Prefeituras com a manutengao dos parcelamentos so poupados. Os compradores exigirio a qualidade da infra-estrutura do empreendedor, por que sabem, que a baixa qualidade da infraestrutura inicial onera as despesas futuras do condominio. Além disto, © empreendedor fara parte do condominio até vender a ultima parcela e est4, assim, mais perto dos co-proprietirios para ser responsabilizado permanentemente por eventuais falhas de implantagao. Estas vantagens levaram este Plano de Manejo a exigir em muitos casos a forma de responsabilidade condominial quando se trata de preservago, conservagdo e manutengao de areas de interesse comuns ¢ piblicos Os deveres e direitos do co-proprietario so vinculados a unidade auténoma, registrados no registro de imoveis e consequentemente validos para todos os sucessores. Cabe a0 TAC-Termo de Acordo e Compromisso , que Ajusta os direitos e obrigagdes do empreendedor, para efeito de licenciamento, definir as areas institucionais, e as areas publicas a seem doadas ao Poder piiblico para cumprir suas fungdes sociais. Conceitualmente, a percentagem da area a doar deve ser proporcional a demanda de servigos piblicos da populagio, empregos e tipo de usos alocados no condominio e do ecossistema a qual faz parte parcelamento em condominio é regido também pela convengio. A area comum do condominio pode ser de uso privativo, semi-restrito ou piblico; os usos permitidos nas areas privativas devem ser definidos pelo TAC e na convengéo. Um condominio pode ter usos diversificados e pode ter sub-condominios (verticais ou horizontais) quando assim definido no TAC respectivo e na convengao. O condominio nao pode impedir 0 acesso a areas publicas. Legislacio Complementar A APA Marimbiis-Iraquara, esta, especialmente, protegida pela legislacao ambiental federal, considerando, principalmente, a sua vizinhanga com o Parque Nacional da Chapada Diamantina O, Parque possui uma Zona Tampiio, que inclui o territério abrangido pela APA; correspondente a 10 km ao longo de sua. E competéncia do IBAMA a sua gest&o, 0 que requer a sua participagio no licenciamento dos empreendimentos e atividades que podem gerar um impacto no Parque Nacional Considerando também, a existéncia das cavernas no interior da poligonal da APA, a legislagio federal (Decreto Lei n’ 99.556 e Portaria IBAMA n° 887 de 15/06/90), urplan protege amplamente as cavernas ¢ seu entorno, assegurando condigdes normativas mais restritivas para empreendimentos que venham a se instalar em suas proximidades. Além da especial protecdo as cavernas, a Constituigdo Federal , na Segdo II - Da Cultura ~ arts, 215 e 216, considera as Pinturas Rupestres como Patriménio Cultural Brasileiro e, no Capitulo II - Da Unido, art. 20, as considera como Bens da Unido, responsabilizando, em seu art. 23, todas as esferas de poder pela destruigio e descaracteriza¢ao de bens de valor histérico e cultural 16 urplan 5, ANALISE DA SITUACAO ATUAL 5.1 QUANTO A SUA IMPORTANCIA HISTORICA A APA Marimbis-Iraquara localiza-se no Centro da Chapada Diamantina, A regio, envolvida pela poligonal da APA,tem seu passado ligado ao ciclo da mineragao do diamante, posterior ao ciclo do ouro, que remonta ao século XVIIL 0 ciclo do ouro tinha na cidade de Rio de Contas o seu principal entreposto comercial. Este ciclo durou cerca de 100 anos, até o esgotamento das jazidas auriferas nos primeiros anos do século XIX. A descoberta de veios de diamante, a leste da “ Chapada, no leito dos rios Cumbucas e Mucugé, tiveram como conseqiiéncia 0 deslocamento do centro de referéncia regional, causando éxodo de mineiros para os novos garimpos e uma fase de estagnagdo econdmica na regio de Rio de Contas Este novo surto de mineragio propiciou uma nova organizagdo espacial na Chapada, onde foram sendo criados novos assentamentos humanos, como Xique-Xique (Igata), Andarai, Mucugé e Lengdis, sendo que este ultimo, configurou-se como 0 principal entreposto comercial da Chapada, em substituigao ao de Rio de Contas Esta fase, ou ciclo do Diamante, durou cerca de % de século, até que, por volta de 1871, o garimpo entra em declinio. Dois fatores basicos, teriam concorrido para o fato: 1 - a concorréncia das jazidas sul-afticanas 2 - 0 emprego de métodos extrativos rudimentares, que nao permitiam a exploragao de depdsitos de médio e baixo teores. Terminado 0 “ciclo da mineragio” na Chapada, os “coronéis” do sertdo, iréo recrudescer suas lutas pelo dominio das terras e do poder politico, conforme enuncia Bandeira, “A epopéia dos coronéis na Chapada Diamantina teve inicio ainda no periodo mondrquico, agravando-se, no entanto, no final das tiltimas décadas dese periodo, quando surgiram as primeiras divergéncias politicas motivadas por interesses partidarios e a busca incessante do poder, culminando com hostilidades e desafios no alvorecer da Repiiblica”, Essas lutas, estenderam-se até a Revolugdo de 30, trazendo consequiéncias danosas economia regional, produzindo grande éxodo populacional em dirego as lavouras de café do sul e garimpos de Mato Grosso e Goias No inicio do século XX, uma nova valorizagio do diamante no mercado internacional, propiciou uma retomada dos trabalhos exploratorios, porém na década de jaria outra fase de declinio 0 urplan A partir desta época, até os dias de hoje, a regio encontra-se de uma maneira geral, num processo de estagnago econémica, sendo identificadas areas de maior dinamismo pela expansio da agricultura irrigada, em Mucugé e Barra da Estiva, Seabra, com o apelo regional de comércio e servigos, e Lengéis, capitaneando o turismo, apesar da predominancia da atividade pecuaria na ocupagdo das terras Além da sua importancia na historia do Brasil colénia, até os dias atuais, a Chapada registra a passagem do homem pré-historico, ou seja, os habitantes que no foram documentados na Idade Moderna, como cita 0 espeledlogo Aloisio Cardoso (CRA) Cardoso define que, dentro do contexto da APA Marimbiis/Iraquara, € preciso considerar 0 periodo da pré-histéria como estendido até a chegada dos primeiros bandeirantes e colonizadores na regido. Para que se possa definir quando o homem pré- historico iniciou a ocupagdo desta regio, é necessirio a realizagdio de pesquisas nos abrigos e cavernas que comprovem a época e a maneira como viviam esses habitantes Até a presente data, nfo consta nenhuma datacdo das pinturas existentes nos sitios arqueol6gicos. Os registros foram deixados nos paredées de calcareo ou no quartizioto. As diferengas técnicas de estilo e temas registrados nos painéis de pinturas rupestres, comprovam que varios grupos humanos viveram na regio, alternadamente, Existem painéis, conforme relata Aloisio Cardoso, como o do Sitio Led, Lapa do Caboclo e outros, onde ocorrem sobreposigao de desenhos. Percebe-se, também, que a tematica de cada sitio dificilmente se repete em outros locais ¢ que os motivos dos desenhos nao sao repetitivos. Tudo isto demonstra a riqueza dos monumentos arqueol6gicos da regitio 5.2 QUANTO AOS ASPECTOS DO MEIO NATURAL © meio natural da APA Marimbis-Iraquara € tipico de regides serranas, com relevo bastante entrecortado, associado a pediplanos. A altitude média varia de 650 m a 800 m, cercado por serras com altitude em torno de 900 ma 1.150 m. A APA como um todo possui clima Tropical Quente de Seca Atenuada, variando com a altitude e as condigdes especificas do relevo de cada localidade presente na APA, formando diversos micro-climas A regido, como um todo, caracteriza-se por ser formadora de diversos rios & riachos, que contribuem por sua vez, com importantes rios do Estado, a exemplo do Rio Paraguagi, Rio de Contas, Rio Itapicurd, além do Rio Sao Francisco principal rio que corta a APA é 0 Rio Sto. Anténio, que recebe aguas do Rio Preto € Rio Cochd e demais riachos da regio. Possui dirego geral EW em alguns trechos e NW-SE em outros, Além do Rio Sto, Antdnio, destaca-se também o Rio Sao José e 0 Rio Utinga, este ultimo tributério do Santo Anténio 18 urplan ‘A drenagem gerada na planicie calcérea, que ocorre predominantemente no municipio de Iraquara, ¢ escoada pelo Rio Sto. Anténio em direcdo a cidade de Lengéis, formando uma série de cavernas e banhados de éguas cristalinas ainda no municipio de Iraquara, cortando, mais tarde, o relevo alto das Serras do Sobrado, Neste percurso, 0 rio gera “canyons” com desniveis de até 400 metros (Serra da Cravada). Seguindo o percurso dos afluentes geradores do Rio Sto, Anténio, sob a planicie calcarea, registra-se a ocorréncia de uma das maiores concentragdes de cavernas do mundo, segundo as informagdes do Escritorio Regional do CRA. Segundo Relatério da SGM, foram levantadas, em 1993, cerca de 60 cavernas no municipio de Iraquara na escala de 1:60.00, sendo ja comprovado, em estudos atuais efetuados pelo CRA, que este mlimero supera mais de 100 cavernas. Ainda segundo a SGM, todas estas cavernas, a exce¢ao de uma (Pedra Ume), foram formadas no calcéreo da Formagao Salitre. As cavernas ou grutas possuem dimensdes variaveis e aberturas geralmente controladas pelo acamamento, fraturas e abatimento de dolinas. Algumas grutas como em Zabelé, Baixa Funda, Trés Irmaos, etc., absorvem completamente as aguas superficiais dos riachos formando sumidouros que dio origem a drenagem subterranea. Nas paredes de algumas grutas, encontram-se pinturas rupestres com figuras de animais, maos, sol, flechas e desenhos geométricos, que os arquedlogos acreditam tratar- se de obra do homem americano pré-colombiano, que viveu nesta regio cerca de 5,000 a 10.000 anos antes do presente, apesar de no haver datacdo comprovada, conforme afirma 0 espeledlogo Aloisio Cardoso, 5.3. QUANTO AOS PROCESSOS PRODUTIVOS Conforme ja citado anteriormente, 0 desenvolvimento econdmico da Chapada sempre esteve ligado ao garimpo do diamante, a agricultura, a pecuéria e muito recentemente a chegada do turismo, Para uma melhor entendimento do atual contexto produtivo da APA de Marimbus-Iraquara, sero descritos resumidamente a seguir, a situagdo de cada um dos agentes produtivos: ‘5.3.1 MINERACAO E GARIMPO. A situagao da mineragdo no interior da APA é bastante complexa, tendo em vista a existéncia de um violento processo inercial que inclui a atividade de mineragio ¢ garimpo, como sendo a alternativa preferencial para o desenvolvimento econémico ¢ aproveitamento da mao de obra local e regional. Praticamente todo o interior da APA esta incluido em processos de aproveitamento para minerago, tanto para a exploracio do diamante nos leitos dos. tios, como as Rochas Ornamentais, Metais-Bases e Fosfatos, Metais-Base e Barita, além de Chumbo e Zinco. Os minérios normalmente encontram-se em areas ja protegidas pela urplan legislagao ambiental. Este consiste em um dos maiores conflitos de uso da APA Marimbiis-Iraquara A atividade de mineragio e garimpo por sua vez, tem demonstrado ser gradadativamente mais onerosa e pouquissimo rentavel, especialmente a lavra de diamante, incorporando sempre elevados custos fixos, associados a diminuigio do minério ¢ a dificuldade de encontra-lo. Para conseguir ser rentavel, ela tem que ser altamente predatéria, destruidora do ambiente natural e estabelecer relages desumanas de sub-emprego. pds estudos técnicos desenvolvidos no interior da APA efetuados pela SGM, objetivando a elaboragio do Programa de Desenvolvimento Sustentado para a CAR - Companhia de Desenvolvimento e Agio Regional, relatou-se que “os custos ambientais decorrentes da produgdo de diamantes em lavras e garimpos desde dos anos vinte até os nossos dias, esto materializados em danos catastroficos nos leitos e planicies de inundagdo dos principais rios que compdem a bacia do rio Paraguagt. A lavra predatoria, praticada historicamente sem qualquer planejamento técnico, € uma atividade que premia atualmente alguns poucos proprietarios de dragas, em detrimento de um grande contigente de garimpeiros, pouco influindo no desenvolvimento sécio- econdmico da regio e na qualidade de vida dos seus cidadaos” © mesmo documento cita ainda que, entre todos os rios no interior da APA, apenas 0 Alto Rio Sto. Anténio apresenta viabilidade de exploragao. Segundo estudos de Gauthier, consultor canadense da SGM, o cascalho diamantifero do alto Rio Sto. Anténio daria um potencial de reserva da ordem de 1.000.000 (Hum milhio) de quilates de diamantes. O Rio Sao José, por exemplo, conforme os estudos da SGM, nao apresenta viabilidade econdmica de exploragao, 5.3.2 AGRICULTURA A atividade agricola no interior da APA concentra-se na planicie calcérea do municipio de Iraquara, salvo alguns cultivos localizados proximos ao leito dos rios nos municipios de Lengdis, Palmeiras e Seabra A atividade agricola na planicie calcarea ¢ efetuada em sua grande maioria, por pequenos e médios agricultores, produzindo lavouras de subsisténcia como o fei milho, além de cultivos econémicos adaptados aos rigores da seca, como a mamona e 0 sisal. Esta agricultura é efetuada sobre solos de alta fertilidade natural e aptos ao cultivo mecanizado, 0 que torna tdo intensa esta atividade econémica, Analisando a agricultura praticada sobre os solos férteis de Iraquara, sobre 0 Angulo da preservago ambiental e das possibilidades crescentes que o turismo oferece para a regiio como um todo, esta atividade econdmica passa a ser identificada como produtora de grandes conflitos de usos e de interesses. Praticamente toda a planicie calcdrea situa-se sobre uma das maiores concentragdes de cavernas, além de diversos 20 urplan sitios arqueolégicos com pinturas rupestres. No interior desta area, os rios formam verdadeiras lagos de aguas limpidas e cristalinas, despertando a atengdo de turistas € mergulhadores de todo 0 pais. Conforme cita_o espeleolégo Aloisio Cardoso, “o fator importante que determinou a ocupagdo do colonizador no municipio de Iraquara, foi a fertilidade do seu solo (latossolo vermetho). A ocorréncia de dgua no Poco de Manoel Felix, no leito do Riacho de Agua de Rega, fez surgir 0 povoado que originou a cidade de Iraquara. Na regidéo diamantifera o solo ndo era adequado para a agropecudria e a regido de Traquara constituiu-se entao, como fornecedor de produtos agricolas e pecuarios. Como esta atividade exigia 0 uso extensivo do solo, ocorreu entio um proceso de desmatamento generalizado, Atualmente nas areas de solos férteis, praticamente néo existem remanescentes de vegetagao mais densa” A agricultura irrigada no municipio de Iraquara tem crescido rapidamente e sem qualquer tipo de controle sobre o uso da agua, havendo a captaco inclusive, no interior das cavernas. Sem o devido controle sobre 0 uso da agua, verifica-se a utilizagao excessiva do manancial, promovendo o carreamento dos residuos de solo e agroquimicos para dentro das cavernas. As demais areas agricolas da APA sao formadas por solos de pouca fertilidade natural, com solos diicos e pedregosos, além de relevo normalmente acidentado Justamente por isso a maior concentragao das areas cultivadas esto nas baixadas férteis dos solos de aluvido, bem préximo do leito dos rios e riachos dos municipios de Lengéis, Seabra e Palmeiras. Este tipo de agricultura também gera diversos conflitos de uso, uma vez que concorre para o desmatamento das matas ciliares, destroi os corredores de fauna silvestre, promove o desbarrancamento das margens dos rios e, consequentemente, 0 seu assoreamento, além da contaminag4o dos mesmos por agrot6xicos e fertilizantes. 5.3.3 PECUARIA A. pecuaria no interior da APA possui pouco expressividade econdmica, constituindo-se em atividade produtiva suplementar, especialmente nos municipios de Seabra, Iraquara, Andarai e Palmeiras. O municipio de Lengdis ja possui uma pecuéria mais expressiva, sendo sua maior concentragdo fora dos limites da APA, proximo ao povoado de Tanquinhos, No interior da APA, a maior concentragao localiza-se proxima ao Pantanal dos Marimbris. © maior conflito de uso gerado pela pecuaria consiste no desmatamento sobre as areas com remanescentes da Floresta Estacional, especialmente nas areas proximas da cidade de Lengéis e nas margens do Pantanal dos Marimbiis. 21 urplan 5.3.4 TURISMO A atividade turistica, enquanto segmento econémico, ¢ bastante diversificada e com ramificagdes em diversos setores da economia, especialmente a atividade terciaria. O turismo concentra-se na APA na cidade de Lengéis, mas as visitagdes de atratividades atualmente ocorrem na érea da APA prioritariamente no morro do Pai Igndcio ( Mun. Palmeiras), no Mucugezinho (Mun. Lengéis) e nas cavernas da Lapa Doce e Pratinha (Mun. Iraquara). As principais fontes geradoras de renda na atividade turistica entretanto, consistem nos servigos de hospedagem e alimentagdo. A populagao local de menor poder aquisitivo, ainda permanece 4 parte da renda gerada, havendo uma expectativa positiva de mudanga, com a ampliagdo dos servigos co-ligados ao turismo, especialmente os garimpeiros que esti com suas atividades interrompidas por conta do fechamento dos garimpos clandestinos Os problemas que geram conflitos de uso com 0 turismo, so bem menores do que com a mineragao e a agricultura, entretanto, ja so preocupantes e necessitam de respostas rapidas e duradoras. A ocupacio desordenada do solo, a disposi¢io inadequada do lixo gerado pelo turista, além dos atos de agressio a0 patriménio natural, ja sio problemas graves, que ocorrem diariamente nos locais de maior visitac4o A tendéncia natural é de ter atividades imobilidrios cada vez frequentes, cada vez maiores € empreendimento hoteleiros cada vez mais arrojados. Este processo ja esta acontecendo em Lengdis. O nucleo histérico ja sofreu interferéncias indesejaveis, conflitando com a ocupacZo e volumetria tradicional (0 novo hotel, residéncias desproporcionais, agencia bancaria do Banco do Brasil, novos loteamentos). Os primeiros empreendimento de lotes de residéncias de veraneio esto em fase de projeto e a cidade, com a implantagao do sistema de saneamento basico, apresenta uma demanda significante para uma expansio territorial que interfere na paisagem urbana e do entorno, ‘A mesma tendéncia em tamanho muito menor pode se observar no Capi (fora da APA) e no vale do Mucugezinho. Este ultimo local, em fungdo do grande fluxo de turistas locais e regionais e de sua proximidade com a BR 242, apresenta o maior degradacao ambiental em fungdo do turismo, 5.4 QUANTO A ACAO INSTITUCIONAL Uma série de drgaos ¢ instituiges governamentais possuem atuagao na regiao da Chapada Diamantina, 0 que inclui a APA Marimbus-Iraquara. Grande parte dos drgéos esto ligados a projetos especificos, cada qual vinculado aos interesses proprios de sua agdo governamental, a exemplo da COELBA com a distribuigdo de energia, a EMBASA com a questo do saneamento e distribuigdo de Agua, o DERBA com a malha vidria, a EBDA com assisténcia técnica ao produtor rural, a CAR com a coordenagao das ages de 2 urpian planejamento estrate: diversos outros co, o INTERBA com a demarcagao da estrutura fundiaria, alem de Vinculados diretamente com 0 controle ¢ a gestio ambiental estio o Escritorio Regional do CRA em Seabra, 0 DDF sem sede regional ¢ o IBAMA em Palmeiras. O CRA acompanha os processos de licenciamento ambiental ¢ as agdes de fiscalizagdo \eressbes ao meio ambiente, O DDF enguanto organismo responsavel pela politica florestal do Estado, mesmo que agindo de forma incipiente, tem proporcionado controle as queimadas tanto no Parque Nacional da Chapada Diamantina quanto no seu entorno, 0 que inclui a APA Marimbus-lraquara sol A atividade de assisténcia técnica ao produtor rural, no pode desconhecer que © maior celeiro agricola da regio esta localizado sobre 0 distrito espeleolégico de aquara. A CAR nao poder estimular a construgio de barragens que provoquem a inundagdo das cavernas ¢ muito menos 0 DERBA poderd construir estradas que provoquem o rebaixamento e a demoligdo das mesmas, ‘Até 0 momento 0 Estado tem agido de forma isolada, com montagem de superestruturas institucionais. A criagdo da APA coloca um fato novo na regiiio, com ressondncia em toda a Chapada Diamantina, pois tenta produzir um modelo de desenvolvimento que deverd forgar, necessariamente, os érgios zovernamentais ¢ ndo- governamentais a possuirem uma ago conjunta ¢ colegiada. urplan 5.5 CONSIDERACOES SOBRE A SUSTENTABILIDADE AMBIENTAL Para se pensar em um modelo de desenvolvimento para a APA Marimbus- Iraquara, torna-se necessirio avaliar todas as possiveis propostas existentes , diante da sustentabilidade ambiental global da area. Praticamente no existem estudos que possam definir qual o suporte que cada regio ou local possui, para uma determinada atividade ou para a convivéncia humana como um todo. © parametro mais indicado em primeira anilise, seria a auto-sustentagio econémica local, com crescimento da renda per-capita e garantia da qualidade de vida dos atuais habitantes, com a melhoria da educacao, saiide, alimentagdo, infra-estrutura basica, etc., tudo sem a modificagao do “perfil” ambiental desejavel. Nao deixa de ser um desafio muito grande, considerando-se sobretudo, os métodos e modelos de desenvolvimento adotados até entao. Este consiste, por fim, no desafio para a sobrevivéncia do homem no Planeta. A idéia de um desenvolvimento sustentivel, vem adquirindo desde quando foi incorporado nos meios académicos até os dias atuais, concepgdes diversas quanto a sua verdadeira proposta. Assim, o termo Desenvolvimento Sustentavel tem servido de formula universal para 0 desenvolvimento de projetos de miltiplos interesses, onde quase sempre a pratica nfo confirma a teoria. O conceito de sustentabilidade propée que se utilize os recursos naturais de forma que atenda as necessidades do presente e também as do futuro. Para atingir esse propésito, € preciso que se mantenha no tempo um estoque constante de capital natural Isso obriga a necessidade de se “reverter um modelo histérico de desenvolvimento caracterizado pela insustentabilidade de processos e praticas de produgao e exploragio adotadas ao longo da historia econdmica da regiio Nordeste"(Carvalho, O. 1994 in Anélise & Dados), Seguindo 0 raciocinio da proposta de um desenvolvimento sustentavel, Benjami (1993), coloca que, “reduzir ainda mais a variabilidade biol6gica existente no planeta pode significar privar as geragdes futuras de potenciais insuspeitados, pois cada espécie existente leva consigo caracteristicas tnicas, que jamais voltardo a ocorrer”” Considerando a importancia ecolégica e a necessidade de ordenar as atividades econémicas, em particular o turismo, a questo da biodiversidade nao deve ser tratada, segundo Benjamin, C. (1993) de forma negativa, adotando posturas que tragam mensagens do tipo “é preciso proibir, fiscalizar, reprimir a destruigdo”. Nesses termos a batalha sera perdida. E necessério adotar atitudes essencialmente positivas, no sentido de nao se contrapor as alternativas de sobrevivéncia encontradas pelas suas populagdes, que precisam ser integradas em projetos de desenvolvimento. O autor afirma ainda que “quando empregadas em atividades que the garantam o sustento e ao mesmo tempo valorizem 0 uso racional do ambiente, as populagdes se tornam, elas mesmas, guardias da ecologia. caso contrérrio, néio.”” 4 urplan Pensando desta forma, a educagdo ecolégica assume importante papel na politica ambiental, consequentemente, no proceso de sustentabilidade da area. Independentemente de sua amplitude e abrangéncia espacial, esse tipo de educagao ajuda a consolidar a médio e longo prazo o nivel de consciéncia e formagao dos recursos humanos necessérios para o alcance dos objetivos da sustentabilidade 5.6 QUANTO AOS PRINCIPAIS CONFLITOS AMBIENTAIS GERADOS Serdo listados a seguir, os principais conflitos ambientais verificados na area estudada, tanto através de observagdes em campo, como por indicagdes de érgios governamentais e entidades civis, A descrig&o dos mesmos sera feita de forma aleatoria, procurando-se relacionar o conflito de uso com a situagao que o proporcionou: 5.6.1 MANEJO INADEQUADO DA BACIA DO ALTO PARAGUACU ‘A Chapada Diamantina é uma regio formadora de nascentes para rios importantes no Estado da Bahia, o que inclui em especial o Rio Paraguagi, responsavel pelo abastecimento da Barragem de Pedra do Cavalo e, consequentemente, pelo fornecimento de agua potavel para a Regido Metropolitana de Salvador. Os rios que cortam a APA Marimbis-Iraquara sio todos tributarios do Paraguagii, nao tendo sido feito até entao, um manejo destes afluentes compativel com a responsabilidade que o Estado deposita nos mesmos. Além do abastecimento urbano, os afluentes do Alto Paraguagii constituem-se no Cartdo Postal de quase totlos os pontos turisticos da Chapada e da APA, entre os quais o Mucugézinho, o Ribeiro do Meio, entre tantos outros, Segue abaixo, algumas das priticas impactantes no manejo dos rios ¢ riachos no interior da APA: 5.6.1.1 Contaminagdo das Aguas por Sedimentos e Produtos Quimicos Observa-se 20 longo do leito dos rios muito lixo, construgdes em cima de suas margens, lancamento de esgotos a céu aberto, sedimentos organicos e inorganicos finos e médios que provocam o assoreamento do leito, residuos de agrotéxicos e fertilizantes, além de rejeitos das dragas. 5.6.1.2 Garimpo Mecanizado Esta atividade econémica consistia até bem pouco tempo, em uma das mais catastroficas possibilidades do homem se relacionar com 0 meio ambiente e retirar dele o seu sustento. O garimpo mecanizado vinha ocorrendo tanto no interior da APA quanto em 25 urplan toda a regio, inclusive no interior do Parque Nacional da Chapada Diamantina, deixando cicatrizes irreparaveis no leito dos rios. Conforme Relatério da SGM (1996), “os servigos de lavra apenas no municipio de Lengéis, eram tocados por 36 dragas motorizadas, algumas delas operando dentro do Parque Nacional, as quais foram paralisadas numa agdo conjunta do DNPM e do CRA, em maio de 1996. Os proprietarios desses servigos , uma minoria, principais promotores da degradagéo ambiental na regio, sub-empregava pelo menos 300 garimpeiros nas lavras, sem 0 minimo respeito as leis trabalhistas e & condigdo humana” 5.6.1.3 Barramento do Rio Sto. Antonio © Governo do Estado através das agdes de planejamento da CAR ¢ da Superintendéncia de Recursos Hidricos - SRH, pretendem promover o barramento do Rio Sto. Anténio. Esta atividade esta sendo relacionada como conflito de uso, nao pelo barramento em si, que se bem localizado, trara apenas resultados benéficos para a regia. problema consiste na provavel localizagao do barramento, que segundo 0 Geélogo da SGM, Dr. Gélbio Melo Fagundes da Rocha, em Relatério da SGM (1993), “as cavernas localizadas a montante do barramento possuem direcdo geral NS e EW, porem, a ramificagdio subterrdnea deve ser bastante complexa ¢ 0 escoamento das cavernas se dé, preferencialmente, de NW para SE em diregdo ao Rio Sto. Anténio, 0 que provavelmente caso a barragem for construida nas imediagdes da Fazenda Prata, todas as grutas ‘seriam inundadas com o tempo”. 5.6.1.4 Irrigagito sem Planejamento A planicie calcérea de Iraquara representa a porgdo territorial mais fértil da APA, com solos do tipo Latossolos Vermelhos, aptos para o cultivo intenso, tanto pela sua fentiidade natural como pela topografia plana. E justamente sob esta planicie arida, que existem as cavernas ¢ os rios de aguas transparentes. Os produtores rurais alheios a fragilidade dos eco-sistemas e a0 potencial turistico das cavernas, esto efetuando a captagdo da agua para irrigagao no interior das mesmas. Conforme Oficio CRA 05/96, “além das cavernas em si, a legislagdo federal protege os Troglobios (animais com habitat exclusivo no interior das cavernas). Nas cavernas do Buraco do Jaburii e Baixa do Salitre onde ocorrem Troglobios ANFIPODAS, existindo atualmente captagdo nestes locais. Outra captagdo que vem apresentando problemas & do leito do riacho Agua de Rega. Nas proximidades da cidade de Iraquara ocorrem uma grande concentragdo de pequenos projetos de irrigagéo. Ano apés ano, 0 volume de agua que ressurge na Caverna da Pratinha e Lapa Doce I vem diminuindo de volume. No ano de 1995 0 proprietério da caverna teve que fazer uma ‘pequena barragem para possibilitar o banho dos turistas. Ainda ndo existem estudos que provem a origem das dguas da Pratinha, mas muito provavelmente seja das nascentes do riacho Agua de Rega que jé esté secando”. urpian 5.6.1.5 Erosdo do Solo e Assoreamento do Leito dos Rios A agricultura mecanizada e os desmatamentos sobre as cavernas tém provocado a erosio do latossolo vermelho para o interior das mesmas. Conforme Oficio CRA 05/96, em vdrias cavernas estdé ocorrendo a modificagdo da cor dos espeleotemas do branco para o avermelhado do solo da superficie. Com os desmatamentos, as dguas das chuvas e da irrigagdo demasiada estéo levando através das trincas das rochas, 0 solo vermelho” Além da erosao sobre a planicie calcarea, verifica-se também ao longo de todos os rios e riachos da APA, 0 desbarrancamento de suas margens, provocando o conseqiiente assoreamento e possibilitando a sua maxima evaporagao. Este processo erosivo esta associado ao desmatamento das matas ciliares e a atuagdo criminosa das dragas 5.6.2 DESMATAMENTO. desmatamento ¢ uma pritica constante em toda a Chapada Diamantina, o que inclui a area em estudo, tanto pela falta de agGes eficazes de fiscalizagio e controle, quanto pela falta de conscientizagao da populagdo. Agdes de desrespeito as normas ambientais tem sido feita com mais frequéncia e com maior poder impactante, através da formacio de imensas pastagens ¢ com fins imobilidrios, especialmente sobre os remanescentes da Floresta Estacional ¢ nas margens dos rios. Na regio da Caatinga, a agricultura intensa também vem provocando sérios danos. Conforme Oficio do CRA 05/96, “o desmatamento sistemético das dreas proximas as cavernas e as figuras rupestres tém provacado sério danos ds mesmas. O relatério cita que o corte das drvores proxima dos painéis esté fazendo com que ocorra incidéncia de raios solares na rocha, provocando o seu trincamento e a destruigdo das pinturas rupestres. Um exemplo tipico deste fato encontra-se no Sitio da Torrinka 1, Torrinha II e 0 da Dolina Grande. Além deste fato, 0 desmatamento nos terrenos superiores dos pareddes para as lavouras, com aragem das terras, esto provocando a cobertura das pinturas com o avermelhado do solo lavado pelas emcurradas, conforme pode ser verificado nos Sitios da Torrinha III e Abrigo do lois” 5.6.3 FOGO. As queimadas na Chapada Diamantina sempre foram utilizadas como método primitivo para renovar os brotos das plantas nativas, que serviam de alimentagdo para 0 gado ou para a coleta de flores (Sempre Vivas). Atualmente ja ndo existe tanto 0 pastoreio extensivo do gado nos campos gerais, porém as queimadas continuam existindo, A vegetagio seca do alto das serras contribuem para que o fogo se espalhe e até permanega escondido e recomece de novo, com a ajuda do “Candoba”, mas ¢ preciso que alguém inicie 0 processo. Acontece das maneiras mais diversas, desde uma simples ponta de a urplan cigarro jogado do carro ao longa das estradas ou de pessoas andando nas trilhas, de queimadas de pastos ¢ até as queimadas de vandalismo e criminosas para que se justifiquem os desmatamentos. Uma vez iniciado o incéndio seu combate ¢ extremamente dificultado em fungaio da falta de equipamento, da falta de acesso com equipamento de combate (trilhas carrogaveis) e da demora da identificagao e dificuldade de localizag4o do incéndio. Cada fogo destroi mais a biodiversidade da Chapada, elimina as orquideas, afugenta os animais silvestres, destroi as matas de galeria e afeta o surgimento das nascentes no topo das serras Um dos problemas mais graves da Chapada ¢ 0 super-aquecimento global da regido, que vem ocorrendo por conta da eliminagao gradual da vegetagao, expondo o solo litdlico a altas temperaturas, diminuindo sistematicamente o balango hidrico regional. Com este super-aquecimento provocado pela falta da vegetagdo, as chuvas nao precipitam de forma regular pela falta de umidade relativa do ar, ocorrendo geralmente de forma torrencial, causando severos danos ao meio ambiente por conta das inundagdes Segundo Aloisio Cardoso, 0 fogo também prejudica de forma irreparavel as pinturas rupestres, pois 0 calor das chamas provoca o trincamento das rochas, destruindo completamente os painéis. 5.6.4 VANDALISMO Sugerido como tematica conflitiva de uso através do Oficio CRA 05/96, este conflito refere-se a0 comportamento impensado do ser humano que frequenta a Chapada, podendo ser tanto 0 habitante nativo como 0 turista. Estéo vinculados a este uso conflitivo, todas as priticas que provocam agress4o a0 meio natural, especialmente nos locais de maior visitagao publica, a exemplo de: Langamento de lixo doméstico em trilhas, cavernas, cachoeiras, etc.; Gravagio de nomes nas cavernas, pinturas rupestres, leito dos rios, dentre outros locais, feitos muitas vezes com spray, pedra afiada, carvdo, etc. No interior da APA, 0 exemplo mais caracteristico é a Lapa do Tapuio € 0 leito do rio Mucugezinho; Freqiiéncia excessiva de pessoas por cavernas e locais de visitagao publica (Morro do Pai Inicio, dentre outros), promovido por guias despreparados ou pela populagao de forma geral, muitas vezes arrancando espécies vegetais raras e endémicas e jogando-as fora mais na frente; Destruigdo de fragmentos das cavernas como “lembrangas”; ‘Ateamento de fogo, etc.; 28 urplan 5.6.5 OCUPACAO DESORDENADA DO SOLO A ocupacao irregular e desordenada do solo, consiste em um dos principais, conflitos de uso na regio e a criagdo da APA possui como objetivo principal, definir normas de utilizagdo para o espago piiblico e privado, orientando e ordenando as atividades de preservagdo, conservagao e uso © surgimento e a expansio das cidades e povoados sempre seguiram a acomodagao aleatoria de interesses, além da comodidade e conforto imediato, em detrimento do espago piblico e o bem estar coletivo. ‘A ocupagio das margens do Mucugézinho e do Ribeirio do Meio, além da construgao da BA-122 exatamente em cima de uma area de densidade muito grande de dolinas e cavernas, séo exemplos tipicos do descuido com o planejamento das areas que sio 0 cartao postal da APA Marimbiis-Iraquara, dentre outros. Segundo Relatorio da SGM (1993), a Curva dos Noivos na BA-122 foi construida em cima das cavernas ¢ segundo consta, as paredes das cavernas vibram com a passagem dos veiculos, com risco, inclusive de destizamentos. Na expansio da cidade de Lengdis esto sendo parceladas e ocupadas, na forma prejudicial ao imagem urbana , areas que interferem na qualidade da integragio da cidade historica na paisagem, Introdugao de novas tipologias e volumetrias construtivas como 0 novo hotel, residéncias modernistas e a filial do Banco do Brasil interferem na harmonia da mesma forma como a desconfiguragao da paisagem através de aberturas de vias de parcelamentos improvisadas. 5.6.6 TURISMO PREDATORIO © turismo, na forma praticada atualmente pelos turistas locais, regionais nacionais e vendido pelos setor turistico local consiste predominantemente no comportamento consumista: os atrativos naturais so visitadas como se fossem tarefas de uma gincana, sdo comercializadas pelas agencias e guias como produto a quilo eo turista é tratado como gado semi-confinado (seu rendimento é mais importante do que sua satisfagao) A vida turistica consumptivo ainda gera um entretenimento extremamente ruidoso e massificador, especialmente na época das grandes festas, organizadas pela administragao municipal e 0 comercio turistico. Este tipo de turismo é extremamente impactante por que gera lixo, ruido, supercarregamento da infra-estrutura, degradacao em fungao de superlotagéo momenténea, perda de imagem do destino turistico, baixa qualidade de servigos e consequentemente perda de turistas de maior poder aquisitivo e maior gasto por dia, de melhor consciéncia ecoturistica/ecolégica, de maior permanéncia e incidéncia de repeticao do local de ferias. Este turismo troca a quantidade pela qualidade e gera degradagao, um destino turistico descartavel e curta duragao. urplan conflito deste tipo de turismo ¢ 0 mesmo de qualquer outra atividade econémica extrativista na APA: a agricultura que nfo “cultiva”, extrai sem repor, 0 solo ¢ a minerag&o que sé extrai degradando sem visio global dos reflexos da ago e do uso pos- extragGo, Todas estas atividades e conflitos devem ser administrados e redirecionados para gerar um desenvolvimento sustentavel sem desgaste desnecessério de recursos nao- renovaveis. 4 urplan 6. ZONEAMENTO ECOLOGICO - ECONOMICO As diretrizes de ocupagao definidas neste Zoneamento, subsidiarao as politicas de gestdo da APA Marimbus-Iraquara, em consonancia com os interesses estratégicos do Governo do Estado, das Prefeituras de Lengdis, Iraquara, Palmeiras e Seabra e da sociedade como um todo © Governo do Estado instituiu a APA em fungdo de um projeto de desenvolvimento regional, tendo como ponto de partida o Programa de Desenvolvimento Turistico do Estado da Bahia - PRODETUR-BA. A delimitagdo desta APA tinha como objetivo basico a protecéo das paisagens tipicas em volta do Circuito do Diamante ainda no protegido pelo Parque Nacional da Chapada Diamantina - o pantanal dos Marimbus e as cavernas da planicie de calcario de Iraquara. 6.1 CONCEPCAO DO ZONEAMENTO © Zoneamento Ecolégico-Econdmico da APA Marimbis-Iraquara foi elaborado com base nas informagdes do Diagnéstico Ambiental, evidenciando-se os aspectos do meio bidtico e do meio fisico (especialmente recursos hidricos, caracterizagio de solos e geomorfologia), acrescidos da avaliago sécio-econdmica local e regional, e suas consequiéncias diante do aproveitamento da area voltado para projetos econémicos que proporcionem a sua integrag&o com o meio natural. Pretende-se com este Zoneamento inserir um projeto de desenvolvimento econmico com énfase 0 turismo, que valoriza o meio ambiente, em uma das éreas serranas mais bonitas do interior brasileiro, considerando a existéncia de fortes presses do antropismo depredatério sobre a area, especialmente o turismo desordenado, a agricultura convencional proxima de cavernas ¢ 0 garimpo mecanizado A area da APA evidencia-se, sobretudo, por ser area contigua do Parque Nacional da Chapada Diamantina, refletindo a necessidade de se estabelecer critérios de preservaco, conservago, parcelamento, uso e ocupagdo do solo para areas de seu entorno, quais apresentam elevada sensibilidade ambiental e potencial eco-turistico e tendéncia de antropizacdo degradatoria Considerando os aspectos vinculados ao antropismo degradatério, tais como o crescimento desordenado da cidade de Lengéis impulsionado pelo turismo e mercado imobiliério e a falta de alternativas econémicas para a populagdo de baixa renda que sempre sobreviveu do garimpo e da agricultura convencional em areas ambientalmente sensiveis, percebe-se a necessidade emergéncia de se garantir a0 poder piiblico e a sociedade como um todo, um instrumentario de controle ambiental agil e pratico As pressGes atualmente exercida sobre o Parque Nacional da Chapada Diamantina e suas areas adjacentes mais frigeis, a exemplo do Morro do Pai Inacio, Morro do Camelo, pantanal dos Marimbiis e as cavernas de Iraquara, inserem-se em uma realidade de pobreza e falta de alternativas econdmicas em uma regio do interior da Bahia, Esta 31 urplan realidade gera tendéncia de emigragdo para o sul do pais ¢ esvazia as regides de boa parte da forga de trabalho e do dinamismo, elementos tao importantes para realizar novas perspectivas econémicas na regio. A convergéncia de todos estes elementos coloca 0 Governo do Estado diante de problemas que precisam de solugdes econdmicas e sociais com respostas rapidas, que sejam ambientalmente sustentaveis Desta forma, 0 zoneamento proposto inclui em sua concepgdo alternativas de manejo ambientalmente sustentaveis de areas de uso conflitante. A identificagio e indicagao de projetos e politicas de alternativas econdmicas e de manejo, que amenizam estes problemas estruturais detectados, é a tinica forma de como um Plano de Manejo pode subsidiar a administragio desta problematica, tendo em vista que a unidade de conservado APA nao dispde do instrumento de desapropriagao de terras. As proposigdes para potencializagdo do modelo de desenvolvimento pretendido, serio detalhadas no Capitulo das Estratégias de Gestio e Manejo. Tendo em vista os elementos expostos em tela e, considerando sobretudo, a diversidade de ambientes ¢ ecossitemas naturais existentes na APA Marimbiis-Iraquara, associado ao imenso potencial econémico da area estudada e seu entorno, especialmente através do surgimento de projetos ligados ao turismo ecolégico, conclui-se por um modelo de desenvolvimento que contemple os seguintes parametros: = amortega os efeitos do antropismo através do planejamento para uso e ocupacio, com a adequacao dos projetos atuais e futuros nas areas no entorno da cidade de Lengdis, = promova uma rearrumacio na vetorizacao do crescimento na cidade de Lengois, conduzindo um direcionamento da expansio urbana conforme recomendagdes do Plano de Referéncia Urbanistica proposto para o local; - proporcione o surgimento de projetos de infra-estrutura, assisténcia técnica e servicos diversos, incluindo estimulo & agricultura organica, especialmente fruticultura com espécies arbustivas e arbéreas perenes, agrosilvicultura, agroflorestas e artesanato, dentre outros; ~ estabelega critérios para a compatibilizagao de projetos turisticos na porgdo serrana da APA e nas proximidades do Complexo Espeleolégico de Iraquara, através de projetos que conciliem a preservagio da integralidade dos ecossitemas com a presenca do homem, desestimulando a possibilidade de projetos de parcelamento do solo, priorizando- se empreendimentos voltados para o turismo de baixa densidade. Enfim, a concepgdo do Zoneamento Ecolégico-Econémico proposto neste documento, reflete uma série de interesses convergentes, especialmente com relagio as politicas de preservagao, conservagdo e uso, discutidos com os diversos segmentos da sociedade, tanto com ambientalistas e moradores dos municipios da Chapada Diamantina, como técnicos dos diversos organismos governamentais com atividades relacionadas com © desenvolvimento econémico e a com a preservagao ambiental urplan FATORES DETERMINANTES PARA O ZONEAMENTO. Esta APA foi delimitada pelo PRODETUR-BA objetivando o desenvolvimento econdmico sustentavel desta regio, voltado para o turismo, com a finalidade de gerar emprego, renda e oportunidade de investimentos A estratégia de desenvolvimento na Chapada Diamantina objetiva a desconcentragao da infra-estrutura de hospedagem (atualmente concentrada em Lengéis € Rio de Contas) ¢ integragao dos atrativos através da implantagio de circuitos turisticos, 0 Circuito do Diamante e o Circuito do Ouro, © Circuito do Diamante (Lengéis, Andarai, Igati, Mucugé, Guiné, Capio, Palmeiras, Parque Espeleolégico de Iraquara) interliga os niicleos urbanos e atrativos em volta do Parque Nacional da Chapada Diamantina, Para garantir a proteao do potencial eco-turistico das areas mais importantes do circuito, que ainda nao contaram com a protegio legal do Parque Nacional, foi criada pelo PRODETUR-BA a APA Marimbus/Iraquara Este Zoneamento Ecol6gico-Econémico procura entdo consolidar os conceitos basicos de desenvolvimento eco-turisticos do PRODETUR-BA num manejo ambientalmente e s6cio-econdmicamente sustentavel , redirecionando os usos e tradigdes conflitantes para atividades produtivos ecologicamente. Os principais conflitos detectados pelo diagnostico ambiental so as queimadas, a explorag4o mineral (diamante) mecanizada depredatéria nos leitos dos rios, a agricultura extrativista (sem preservagao da qualidade do solo), exploragdo irracional dos recursos hidricos superficial e subterraneo para irrigagdo, a agricultura irrigada na area das cavernas, 0 desmatamento para fins de ampliagao da area agriculturavel, para suprimento com lenha (uso para produgao de cal , estacas de cerca, construgio e uso domestico, como para varas no cultivo de tomates, queimas de pastos, campos rupestres (coleta de Sempreviva e caga) faixas adjacentes as rodovias, 0 turismo depredatério nas cavernas, morros (Pai Ignacio) e nas areas balnedveis (p.ex.:Mucugezinho, Pratinha) e construgdes que agridem a paisagem natural (p.ex.: antena da Telebahia, subestagao da Coelba, posto de gasolina) e a paisagem urbana tradicional (p.ex.: Banco do Brasil e hotel novo em Lengéis). Tendo em vista os conceitos de desenvolvimento do PRODETUR-BA, a qualidade ambiental pretendida e os usos conflitantes existentes, se estabeleceu as seguintes diretrizes para esta APA * Preservagdo da paisagem natural e carateristica da Chapada e paralisagdo imediata da aco degradatéria, ‘* Preservagdo especial e delimitagao do Distrito Espeleolégico de Iraquara e dos Marimbus; 33 urpian ‘© Preservagao completa da escarca vegetacio florestal ; * Reflorestar os ambientes degradados e recomposicdo da biodiversidade, © Preservacdo do potencial dos atrativos turisticos; ‘© Preservacao da imagem dos micleos urbanos tradicionais e historicos; © Preservacao dos cursos d’agua e a sua sanidade; # Preservar o potencial de atividades tradicionais e existenciais da populagao; * Preservar o potencial de atividades econémicas estruturais da regio; ‘© Ordenamento da exploragdo dos recursos minerais e hidricos; * Ordenamento da acessibilidade aos atrativos eco-turisticos; ‘* Ordenamento da expansio urbana dos nucleos existentes (Lengéis, Sao Joao, Sta. Rita, Traquara, Iraporanga; * Ordenamento dos niicleos turisticos ¢ isolados (Vila Turistica do Barro Branco, Entroncamento BR242/BA850 e vale do Rio Sto. Anténio da Lagoa da Porta-Pratinha) € 0 terminais turisticos (Mucugezinho, Pai Ignacio, Cavernas, etc.); * Viabilizagao © ordenamento das ligagdes vidrias propostas (Lengois-Andarai, Br242- Pratinha) ; ‘© Viabilizar 0 uso dos recursos hidricos para 0 eco-turismo; © Compatibilizagao de usos econémicos com a sustentabilidade ambiental (garimpos, agricultura irrigada nas Areas das cavernas, desmatamento, queimas, turismo degradatério, infra-estruturagao impactante, etc. ; * Gerar sé empreendimentos e parcelamentos que responsabilizem juridicamente os proprietarios de iméveis e seus sucessores, em conjunto, pela melhoria ambiental, manejo e manutengao das areas comuns do parcelamento como das areas de preservaciio em seu entorno; 6.1.1 DIRETRIZES GERAIS. 34 urplan A. Area de Protegio Ambiental - APA, enquanto categoria de Unidade de Conservagdo, caracteriza-se pela sua capacidade de promover a adaptagao do ser humano € seus miiltiplos usos no ambiente que se deseja conservar e proteger. A Resolugéo CONAMA n° 10/88 dé as diretrizes para Zoneamento e Gestao das APA's, devendo os estudos especificos de cada area definir 0 melhor manejo para garantia da qualidade ambiental do territério. Diversas APA's tém sido criadas no territério brasileiro, muitas delas convivendo com problemas de usos conflitivos com a legislagdo ambiental vigente, podendo-se citar, entre outras, a APA de It em Sao Paulo, a APA de Jericoacoara no Ceara, as APA’s do rio Descoberto e do rio S40 Bartolomeu no Distrito Federal, além das APA’s intermunicipais de vastissimas areas, como a APA do Litoral Norte na Bahia e a APA’s de Corumbatai, Botucatii e Tejupa, em Sao Paulo. Os conflitos de uso e ocupagao do solo existentes nas areas estabelecidas como APA, so normalmente anteriores aos decretos de criagdo das mesmas, que vem a ser um instrumento a mais na tentativa de ordenar a ocupagao do territério. Outro complicador no caso de usos conflitivos com a legislacdo, é a falta de normas ambientais mais especificas para 0 meio urbano, o que tem causado situagSes em que € dificil conciliar os aspectos ambientais, sociais e econdmicos, dentro da complexidade em que se apresentam nas aglomeragGes urbanas. Para ser realista e exeqiivel, este instrumento nfo deve se limitar a um zoneamento baseado no uso do solo atual e & simples aplicagao da legislagao vigente, como tem sido feito na maioria dos casos, mas procurar entender a dindmica da rea e suas implicagdes regionais, para propor solugdes especificas e diferenciadas para cada zona, tendo sempre por objetivo garantir um tipo de uso ambientalmente viavel ou produzir um tipo de uso, associado a um projeto econdmico, ecolégicamente sustentado e que sanea a degradagio ambiental do passado e assegura 0 manejo adequado no futuro. © Zoneamento aqui proposto foi elaborado com base nos aspectos gerais e estratégicos do planejamento, assegurando os usos de interesse coletivo ¢ institucional, evitando-se produzir um documento que reflita apenas o dinamismo econémico atual, porém, objetivando-se ser um instrumento util de planejamento, observando-se as caracteristicas do meio natural, além das vocagdes e tendéncias econémicas, assegurando e ampliando o crescimento da qualidade de vida da populacio © Plano de Manejo da APA Marimbis-Iraquara fornece um instrumentario de planejamento e controle para a entidade Administradora da APA. Este podera ser detalhado no micro espago através de Planos Diretores Informativos - PDI, que podem ser exigidos pela administradora dos empreendedores e proprietirios de iméveis, de parcelamentos e projetos que trazem impactos que extrapolam os limites do empreendimento ou quando serio implantados em etapas. Os PDI’s dardo, junto com os urpian micro-dados, a levantar pelos requerentes em escala compativel, condigdes de maior detalhamento. sempre partindo das diretrizes do zoneamento ecologico-econdmico. Objetivo basico do PDI ¢ subsidiar a analise de projetos ¢ situagdes a licenciar € monitorar e fornecer um retrato fiel da situagdo atual da area, que servird no futuro como referencial para medir as modificagdes ambientais gerados pelo empreendimento e chequar a eficaz das medidas mitigadoras propostas no licenciamento Todo licenciamento na area da APA € um compromisso condicional entre a pessoa licenciadora ¢ a licenciada, definido a partir das diretrizes do Plano de Manejo ¢ condicionado ao cumprimento das obrigagdes das partes. Elemento basico ¢ legal deste compromisso ¢ 0 Termo de Acordo ¢ Compromisso - TAC, onde serdo fixados publicamente os direitos ¢ deveres das partes, as condicionamtes que levaram ao licenciamento ¢ as medidas a cumprir pelas partes. 6.1.2 CONSIDERACOES QUANTO A ESCALA ADOTADA Contorme determinado no Termo de Referéncia deste Plano de Manejo, a escala definida pela contratante para apresentago do Zoneamento Ecologico-Econémico € 150,000, adequada para 0 macro-planejamento, com definigdo das diretrizes de uso © ocupagao do territério. Para uma melhor compreensio da realidade de campo dos projetos executivos, os proprietarios de imoveis, localizados em zonas que exigem informagdes mais detalhadas, deverdio apresentar em escala de 1:2,000, Relatério de Informacao Ambiental - RIA. Através destes informagdes sera possivel identificar ¢ caraterizar os eco-sistemas presentes em sua area, para que sejam avaliadas as implicagdes das ages pretendidas & aplicadas as normas ambientais vigentes. A forma ¢ nivel de detalhe do PDI sera definido em fungdo de cada caso pela Administradora da APA ¢ esta melhor esclarecida no capitulo das Estratégias de Gestio ¢ Manejo. 6.2 DESCRICAO DO ZONEAMENTO. © Zoneamento Ecolégico-Econémico da APA de Marimbus/Iraquara prevé 15 Zonas, com diretrizes de planejamento especificas para cada uma delas, associadas ao projeto de desenvolvimento concebido para a Unidade de Conservagao. Adotam-se aqui, preferencialmente, a mesma conceituagao de zonas utilizadas na APA do Litoral Norte do Estado da Bahia, com o objetivo de uniformizar a conceituagao técnica em uso no Estado, através do enquadramento das mesmas nas categorias de preservagdo, conservagéo e¢ uso, com base no nivel de intervengdo antropica, perspectivas econdmicas e estigio de vitalidade dos eco-sistemas. © uso ¢ ocupagio dos ambientes presentes na APA, ficam sujeitos as diretrizes aqui expressas, vineuladas a uma projegiio © tendéncia de uso, sem prejuizo da aplicacdo das normas ambientais especifieas para cada eco-sistema, urplan I - CATEGORIA DE PRESERVACAO, 1. ZPVS - Zona de Protegao da Vida Silvestre; v ZPP - Zona de Preservagao Permanente; ZPR - Zona de Protegao Rigorosa; 4, ZPC - Zona de Protego de Cavernas; IL- CATEGORIA DE CONSERVACAO 1, ZAF - Zona Agro-Florestal; 2. ZCP - Zona de Controle da Paisagem; 3. ZPV - Zona de Protegao Visual; Ill - CATEGORIAS DE USO SUSTENTAVEL 4, ZAR - Zona de Agricultura Restrita; ZAG - Zona de Agropecuaria, ZTE - Zona Turistica Especial; ZNT - Zona de Vila Turistica; ZOC - Zona de Ocupagio Controlada; NUA - Niicleo Urbano de Apoio; 10.ZEP - Zona de Expansdo Prioritari LLNUC - Niicleo Urbano Consolidado. Cm r Hau 2.1 CATEGORIA_DE PRESERVACAQ E assim classificada pelo elevado valor ecolégico dos seus ecossistemas, estando intimamente associada a preservagao da fauna silvestre de remanescentes da flora em estagio avancado de regeneracao. Engloba areas de alta fragilidade ambiental, onde a presenca humana deverd ser inibida, minimizada ou adequada ao uso preservacionista Todos os empreendimentos que contém nas glebas originais de parcelamento zonas da Categoria de Preservacio ou que sio limitrofes a estas, terio a obrigatoriedade de sua manutengao, revegeta¢io e recuperacio de areas degradadas. Esta condicionante deverd constar no TAC do licenciamento do empreendimento e deve ser averbado junto ao registro do imével, valendo desta forma também para todos sucessores. Esto presentes nas zonas enquadradas nesta categoria => Topos de serras com vegetagao de campos rupestres; urplan => Grotdes rochosos com matas de galeria; = Cavernas, sitios paleontologicos e arqueolégicos, => Areas umidas com vegetacio higréfila e hidréfila; = Nascentes, corregos, margens de rios lagoas; = Macigos expressivos ¢ continuos de floresta estacional, em estigio médio ¢ avangado de regeneracao; = Macigos expressivos e continuos de vegetagao de caatinga, em estagio médio e avangado de regeneracao; => Ecotones = Locais identificados como ponto de nidificagdo ¢ refiigio da fauna silvestre, independente de seu nivel de antropizagao; As zonas desta categoria sao: 38 urplan 6.2.1.1 ZPVS - ZONA DE PROTECAO DA VIDA SILVESTRE Assim definida pela necessidade de protegio de ambientes essenciais para a manutengao do equilibrio ecologico de diversas espécies da fauna silvestre que habitam estes locais ou que os utilizam para nidificagao, pernoite e/ou alimentacao. © Localizacio 1 - os Marimbus, também conhecido como Pantanal dos Marimbus, situados a leste da cidade de Lengdis, compreendendo as areas embrejadas e alagadigas ao longo do trecho de confluéncia dos rios Sto. Anténio e Utinga, nos Municipios de Lengois, Utinga e Andarai; IL - os campos rupestres, ao norte do Rio Sto. Anténio, entre os riachos do Mel e das Mitidas e a vila de Estiva, no Municipio de Lengdis + Aspectos Ambientais Sao ambientes distintos, que variam do topo serrano com vegetagio de campos Tupestres, até as “ilhas” existentes no “pantanal dos Marimbus”, sendo interligadas pelas margens do Rio Santo Anténio e Rio Utinga, Estas areas embreijadas se formaram em fungo da acumulagio de material nos leitos (assoreamento de cascalho) gerado pela garimpagem intensiva de diamantes nos ios ao longo do ultimo século. Nestas areas alagadicas predomina a avefauna e os pequenos roedores, ja tendo sido alvo intenso de cagadores da regio, Nos ambientes serranos predomina a fauna tipica dos campos Tupestres, destacando-se os répteis, ofidios, pequenos roedores e alguns poucos mamiferos. Segundo relato de moradores das proximidades, nos grotdes rochosos das serras ainda podem ser encontradas algumas espécies de “oncas” © Uso Atual No topo ¢ nos grotdes das serras nfo existe praticamente qualquer tipo de uso atual, sendo visitada esporadicamente por cagadores. Nos “Marimbis” existe uso na periferia do pantanal, especialmente a pecuaria e a agricultura. Como em todos os vales da regio diamantifera, que apresentam acumulacao de cascalho, também aqui nos Marimbiis existem areas com alvarés de pesquisas minerais, mas nenhuma com autorizagio de lavra Existem somente duas travessias dos Marimbiis, Uma com barragem e pontilhio de madeira sobre o Rio Utinga no extremo nordeste da APA e outra na proximidade do povoado de Remanso (localmente chamado “enjojo”), um canal transversal para uma balsa que interliga as duas estradas que terminam em ambas as margens dos Marimbus (antiga via para Andarai). Captagio de agua para os usos nas margens. © Parimetros Ambientais: 1 protegdo ambiental: urplan () protegao dos ambientes naturais necessarios 4 existéncia ou reprodugao da flora local e da fauna residente ou migratoria; (b) reconstituigao e manutengao da diversidade genética: preservacdo dos ecossistemas do banco genético; captagio de agua somente quanto autorizada pela Administradora da APA; edificagdes proibidas, salvo casas de bombas, em pontos de captagao de égua, devidamente aprovados pela Administradora da APA; 2.usos indicados: exclusivamente turismo ecoldgico, através de trilhas para pedestres © canoas, visitagao controlada, no “Enjojo”, e pesquisa cientifica; 3.parcelamento e desmembramento do solo - regra geral no sero aprovados quaisquer projetos de parcelamento ou desmembramento, em areas situadas exclusivamente nas ZPVS; B.Lexcegdes: projetos de parcelamento ou desmembramento de imév ZPVS, desde que (a) as areas integrantes da ZPVS sejam transformadas em Reserva Particular de Patrim6nio Natural - RPPN, mediante institui¢do do regime juridico proprio, no Cartério de Registro de Iméveis competente, em forma condominial: , situados parcialmente nas (b) fiquem sob responsabilidade, em carter irrevogavel e irretratavel, comum a todos os condéminos, para a preservago, revegetagio e manutencdo da reserva; 3.2. obrigacdes dos empreendedores: (a) responsabilidade, em carater irrevogavel e irretratavel, comum a todos os condéminos, de preservacao, revegetacdo e manutengdo das reservas, constando tal condigao de forma expressa na respectiva Convengao de Condominio; (b) registrar no Cartorio de Registro de Iméveis competente a Convengdo de Condominio ¢ fazer constar nos instrumentos publicos ou privados de compra e venda, promessa de compra e venda ou cessio de direitos, as obrigacdes instituidas a todos os sucessores a qualquer titulo; (©) recuperacao das areas degradadas ou ainda em proceso de degradagao; (d) revegetagdo das margens de cursos d’agua e nascentes, especialmente com espécies nativas e adaptadas a estes ecossistemas; (©) construgdo e manutengao de uma via no limite entre ZPVS e as limitrofes (0) nao construir cercas; 4 ObrigagSes especificas da Administradora da APA: a) autorizar a captacdo de agua; b) aprovar a localizagao das casas de bomba urplan 6.2.1.2 ZPP- ZONA DE PRESERVACAO PERMANENTE Assim definida pela necessidade de garantir a integridade dos ecossitemas naturais existentes, além de promover a recomposigao gradativa dos ambientes destruidos ou modificados. * Localizagiio I - parte dos vales dos rios Coché, Preto, Sto. Anténio, nos Municipios de Iraquara, Palmeiras ¢ Seabra; IL- vale do Riacho das Almas e seus afluentes, no Municipio de Iraquara; III - parte do vale do Rio Agua de Rega, no Municipio de Iraquara © Aspectos Ambientais Ambientes vulneréveis & presenga do antropismo degradatorio, sendo necessario a manutengdo da vitalidade dos mesmos, Sdo areas com ecossitemas de mata ciliar, nascentes, margens de ios e lagoas, cachoeiras e cascatas, além de reas permanentemente inundadas. Excluindo o vale do baixo Sto. Antonio e do alto Riacho das Almas, todos os demais vales desta zona sfo depressdes geolégicas do calcario com escarpas quase verticais de extrema beleza paisagistica. Os Riachos das Almas e Agua de Rega inclusive correm 0s iltimos 6-7km subterraneamente e desembocam desta forma no Rio Sto. Anténio * Uso Atual Estes ecossitemas encontram-se sob diversos usos que incluem especialmente a agricultura de subsisténcia, a horticultura, além da pecuaria extensiva, 0 garimpo, a mineragdo de areia e pedra e pequenas olarias. Os mananciais mais atingidos com a atividade antropica so 0s vales dos rios Coché, Preto e Sto. Anténio. No municipio de Traquara é intensa a captagao de agua para irrigagio de cultivos periféricos aos mananciais superficiais e subterrdneas (em cavernas). No Rio Sto. Anténio existem varios registros de alvara de lavras diamantiferas, mas atualmente no exploradas. Os garimpos ilegais existentes foram retirados Tecentemente mas ficaram as seqielas ambientais (crateros, valas, desmatamento, desvio de cursos, etc.) © Parfimetros Ambientais 1, protego ambiental: (a) preservacao dos ecossitemas de matas ciliares ao redor das nascentes, nas margens de Fios e lagoas, cachoeiras e cascatas, além de reas permanentemente inundadas, vedada qualquer modificago no ambiente natural e o uso para fins agropecuarios e retirada de lenha ou madeira; 41

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