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] RONDO CAMERON PUNO UAC AO Ne. DE HA 30 000 ANOS ATE AO PRESENTE, Je] =] ee Nee) {ou, cufemisticamente, «menos desenvolvidas» ou «em desenvolvimento»). E-dbvio ‘que, devido aos seus baixos rendimentos, so pobres, mas porqué subdesenvolvidas? "As estatisticas dos rendimentos per capita sio, no mellor dos casos, medidas rudimentares dontvel de desenvolvimento econdmico, Em primeiro lugar, sio apenas ‘proximagdes. Além disso, por diversas razdestécnicas, as comparagSes intemacionais de rendimento sto especialmente falfveis, Mas existem outras medidas de desen- ‘olvimento esubdesenvolvimento que, embora menos globus eabrangentes, sfo mais Gescrtivas.O Quadro 1.2 apresenta alguns exemplos. Como consequéneia de altastaxas, ‘10, ™ z 0 te 5 a Ca nape ong penis ae a Stan ae at ‘its os * ome os oxtr @ rowel I cone a She o Galle! nn puso woo appeal ams, amare) “sea ‘eine ontepeont or nae “ypeuos od ‘ouguoos onounnonar 2p seopeapyy —Z' OM ‘nt wt as ay asetouny np a 64 So Gs Ychy A LONE - . 8 5 = = eo # ge 4 * _ fb ob gE: 5 = mon 4 : e Be f : a a a ye ey eg ar = mz cocmttleniena matin 26 RONDO CAMERON de moralidde, a esperang de vida tnascengs varia de 40 anos 69 anos nas mages subdesonvolvida da Asi Afia e América Latina, ao paso que esté bem acim Se 70 anos na Europe Ocidental e na América do Norte, Amoralidade infantil € par ‘icularment clevada em passes pobre. A luz destsnimeros, nfo € surpreendente que as midades de uidados de sae seam mais sbundantes nas nagoe ea: nos Estado Unidos aproximadarente 470 pessoas por medio, na Sufga cerca de 700 Aste 323, comparadas com 1540 na Boliva, 20 mil no Gana 78 mil na 2gpia Em termon ainda mais materials, por cada 1000 pessoas nos Estados Unis hi TOD automgves de passageios, 450 em Fang, 41 no Equador, 3 na Tanzinae 13 aa Biminin Crescimento, desenvolvimento e progresso No discurso coloquial, os termos crescimento, desenvolvimento e progresso so {requentement uilizados como sefossem sinénimos. Noentanto, para fins centificos 6 necessério fazer a dstinglo, mesmo que essas diferengas sejam de certa forma arbitrrias, Crescimento econémico € definido neste livro como um aumento sustentado 4a produgdo total de bens e servigos produzidos por uma dada sociedade. Em dScadas recentes, esta produgfo total tem sido medida como rendimento nacional, ou produto nacional bruto (PNB). (Estatisticamente, hd uma pequena diferenga entre produto ‘nacional brutoerendimento nacional, que 6 ligeiramente mais baixo que o primeito, mas zna maioria dos casos neste Livro a diferenga pode ignorar-se; os dois agregedos ‘mover-se quase sempre juntos na mesma direccio, Out conceito, produto interno ‘bruto (PIB), ¢ também utilizado ocesionalmente; é normalmente um valor intermédio entre o PNB e o rendimento nacional] Embora no existam registos do rendimento nacional de épocas anteriores, nalguns easos esses valores podem ser ealeulados; de ‘qualquer forma, mesmo sem valores quantitativos espectficos, pode-se, por regra, ) t-ataxa de participagao de mfo-de-obra entre outros aspects, im um significado no fisempento evondmico duma popula. ‘Os recursos so a vasa «terra» dos ditames da economia clisica temo abarca io apenas aquantiade de tera eilidade do slo eos recursos nurs conven- ‘onas, mas também o lima, a topografi, a disponibilidade de égua eoutas carac- terfsticas do ambiente natural, inluindo a localizagio. Em séculos recente, a inovagdotecnogice fem sido a fonté mais dinimica de rmudanga e desenvolvimento ecanémicos. Ha um século,0 aulomével, avi, a rédio {a teloviado, para nfo mencionar os computadorese inmeros instrumentos de tdestruigio, no onstiams hoje, de aordo com alguns creas soca, ameagam dominar {snosss vides. Masa mudanzatecnoigca nem sempre foi to répda. tecnologia da Iade de Pedra perdurou durante centenas de milhar de anos com muito poueas ‘udangas. Mesmo hoje em dia, os métodos de produc agricola nalgumas partes do ‘mondo permanecem essencialmente imutaveis desde os tempos biblics, Com uma diserminada tecnologia —- que se ada Enropa Medieval ou da América Pré-Colom- bana 0s recursos disponiveis numa sociedade estabelecem os limites méximos dos feitosecondmicos, Todavia, a mudangatecnol6gica permite que esses limites se argoom, através da descoberta de novos geourss da utlizagdo mas eficiente dos factores de produgio convencionas, especialmente a mio-de-obra humana. A parte Continental os Estados Unidos suporta hoje ume populacto de mals de 250 milhes ‘etabtantes, com um dos nei de vida material mais elevados algumavezatingdos. ‘Antes de os Europeus aleangarem o.mesmo estédio, quando os seus habitantes bilizavam uma teenologia de lade da Pedra, conseguiamn suportar apenas uns poucos milhoes, ¢ com dificuldade. A populagZo da Europa Medieval, com uma tecnologia ‘muito mis avangada que xdos Americanos Pré-Colombianos,cresceu para um mximo Ge talvez 80 milhoes no ineio do séoulo xv, antes de declnar para 50 milhes, ou ‘menos, em resultado dum crise demogrfica desasrosa, Quatrocentos anos depos, pos uin longo periodo de mudanga tecnolégica o organizacional constante mas discreta, apopolagd tinha sumentado ara aproximadamente 150 milhdes. Hoje, ap6s ‘ois séculos apenas de rescimento econémico baseado em tecnologia modema, a ‘opulagzo da Europa 6 de mais de S00 mills de habtantes e os seus membros sio Inu mas ricos do que oF seus antepassados do século xv, e mesmo do sSculo xi Poder ter imaginado, Ointerelacionament de populagio, ecurss e tecnologia na economia € cond cionadoporinstiuigde soci, icluindo valores atitdes. Este conjnto de varidveis por vez, também chamado econtexto sociocultural» ou «maiz institucional» da Sctividade eoondmica,) Ao nivel das economias nacionais e doutrs agregados Semelhantes, as instituigdes mais requentemonterelevantes so aestatura social (ndmero,dimenso relatva, base econémicae fluid das classes sociais), «natureza doEsiado ou onto rime poli as propensdes ligosas ov ideolgicas os grupos ou classes dominantes¢(e stints) das masses. Além disso, poder ser preciso ter 2” RONDO CatteROW em conta uma imensidio de insttuigbes menores, como associngdes volunérias {empresas de negécios,sndicatos, cooperativas agricols)o sistema educative e mesmo ‘estrtura falar largada ou nuclear) e outos agentes formadore de valores. ‘Uma fungio socal que as inttugdeslevam aeabo € ade fornece elementos de continuidade eestbildade, sem os quais as sociedades se desinegrariam mts, a0 desemipenasein ests fun, pode sevir de bareras do desenvolvimento econdntico por condicionarem o rabalo humano, sonegando recursos duma exploagio racional (ex.: as vacassagradas da Indie), ou inbirem ainovagaoeadifusio de tecnologia Mas 8 inovasto institucional ¢ igualmente uma possibilidade, com consequéncias 10 diferentes das dainovago eenolgica,permiindo um wo mais eficazouitesivo dos recursos materais eda energie taleno humanos. Alguas exemploshistirios so as inovagdesinsttucionais de mereados rganizados, moeda coahada, patents, seguros¢ as diversas formas de atividade empresaral, como & modema socodade de capita. “Muitas ouras inovag6es so realgadas nos cspfalo sguintes, ‘Umalista completa de todas as insituigdes sociis com relevSnei para aeconomia cncheria muits pigines, a ands ds sas interacgbescom outasvargveis impor tantes €0aspecto mais file frstrante do estudo ds hstéra econémica, Mes qual- «quer tenatva para compreenderanaturezaemodalidades do desenvolvimento eons- tmico sem Ihes fazer reeréncia etd condenada a fiasco. No actual estado de connec mento, nfo hi enhuma aproximasiosistemstice a priori que possa ser utiliza para as estudiar na sua relago com a actvidade econémica, Em Ver dss, o estadante investgadortem de determiner no contexio dum problema ov epsGloespecticos, as instuigdesrelevantese depos procurarandlisar a natorea das sua interaoyées com ‘arveis mais puramenteccondmicas, Os esudiosos marxstasreivindicam te descoberto a chave no apes do processo 4o desenvolvimento econémico mas da evolugto da humanidade, De acordo com cles, «© «aodo de produgio»(elativamenteequivalente eenologia no esquema delineado aaterioment) 60 elemento-chave; tudo resto—estrtura socal, natueza do Estado, ieologia dominate, et.-—¢ meramente esuperstrutura, O elemento dinkmico & fomecido pela uta entre as clases sotais plo dominio das mcios de produto. Et quanto alguns aspectos de andise marxista so itis para compreender &histria ‘econsmica, o sistema como um todo & demasiado simplifieado e, nas mos dos seus — a expresso é de ‘Simon Kuznets, galardoado com o Prémio Nobel da Economia (f. Cap. 8) —aumente ovamente a produtividade edisponibiliz recursos renovados. Figura .2apresenta, uma representaglo simplificada da relagfo entre populagio e inovagdes de époce, ‘Os capfulos que se Seguem fomnecem um teste empirico a esta hipétese, enquanto tentam explicar o desenvolvimento econsmico ao longo da historia Frouna 12 APENDICE Seja ¥ 0 rendimento nacional (ou produgio) ¢ P, R, Te X, respectivamente, popula, recurso, tecnologia einstiuigdes sociais (0 agrande desconhecidon). Assim, Y=f(PRTX) ‘ea taxa de mudanga ao longo do tempo é aye Gedt | Por motives referidos no texto, equagSo nfo pode ser escrita de uma forma opers- ional. 2 DESENVOLVIMENTO ECONOMICO NOS TEMPOS ANTIGOS (0s humanos, 0s enimais que uilizam ferramentas, podem ter surgido nia Tecra hi jf cera de 2 miles de anos', mas, se assim for, os tnicos utensils que uilizaram J zante os primeiros 1 990 000 anos, aproximadamente da sua existéncia foram toscos ttensflos manuais — cacetes, machados, raspadores e outros objectos semelhantes —, feitos de madeira, osso e pedra. Embora tenhamos um conhecimento muito pouco conereto e pormenorizado deste longo periodo da nossa evolugto, 0s estudiosos. feuniram provasfragmentérias altamente dispersas com muita conjecturaeengeaho a fim de dele fazer um retrato plausivel ‘Os primeiros humanos, antepassados do Homo sapiens, eram provavelmente cria- taras ommnivoras que complementavam o regime alimentarbisico de tubérculos, bagns fenozes com insectos, peixe, moluscos (onde os havia), carne de caga de pequenas ‘imensbes epossivelmente cadéveres em decomposigfo. As suas primitivas ferramentas, ‘ger fossem Tetradasdirectamente da natureza ou sujitas a uns retoquesinsignificantes, teriam sido utilizadas principalmente para cavar,raspar e esmagar — isto €, enquanto txtensdes ou modificagdes da mo humana, Em milénios sucessivos, aevoluedo biol6- fica Toi acompanhada, ¢ eventualmente ultrapassada, pela evolugdo social e tecno- Tbgiea. Pedras anteriormente usadas para esmagar foram cinzeladas ou lascadas para fazer rudes pontas cortantes; em paus direitos foram feitas pontas agucadas para servir de angas rudimentares. Tipos especias de pedzas, como o sflex ea obsidiana, revela ram-se especialmente adequados para afeitura de ferramentas,e 08 0s80s, os chiftes ‘Comrfim entraram na lista de materiis dos fabricantes de ferramentas, No comego, testa evolugzo tecnol6gica foi provavelmente tio lenta quanto a propria evolugso bioldgien, mas deve tr sido acelerada aproximadamente nos dltimos 30 mil anos. Perto 4o Fim da dltima glaciagao (Wer), hd uns 20 04 30 mil anos, os humanos do final do Paleolitic tinham alcangado um estado relativamente avangado de desenvolvimento TO antes ensombra, lo aps pr una equa de prov, como pr denies diverge ted cimnaoss. Perse Homo spies, sept que perenem das traps existent, em ‘nw 250 al anon forced pla Homo rete pelo Home hails, Fora centred ‘eons venosrunandides ne Gutta promimidade o quo poser tr sd feraeras de pedis ‘uo poses gs aa tem qos 20 les ds anos ene ” RONDO CAMERON Frouna 2.1 — Fervamentas poleoiicas. Eos ferramentas de pedra tnham muitos usos. A mmalora eva encalxada empegas ox cabos de madeira para facitar seu uso. (De Ax THOU the Ages, 3? ed, de Helen Gardner; direitos reservados por Harcourt Brace Jovanovich, In, 1948, 1975, Reprod com autorizacto.) tecnolégico e provavelmente também social, Fizeram uma grande variedade de erramentas de pedracinzelada e lascada, incluindo facas, sovelase formes, eusavarn ‘sos, chifres econchas como anz6is eagulhas (Fg. 2.1). Como armas, tinham lange, hharpoes, fundas e arcos e flechas. Nesta época, os humanos eram principalmente ccagadores camivoros, pelo menos na Burdsia na América do Norte na Africado Norte, ‘entre as suas presasfavoritascontavam-se os cavalos selvagens, os bisontes, as remas ©0s mamutes, que abundavam naqueles tempos. H muito que conheciam e wtilizavam 0 fogo. ‘Auuidade de organizagio social era o bando, ou tibo,consistindo em cerca de meia

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