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Modos de Falha J Stead lin posses em ster o paso sepuinie em drip Prevengao ou corregdo consiste na caracterizacao da forma como elas ocor- rem, ou seja, os modos de cada falha. O estudo e modelagem dos mecanismos de falha especificos de cada tecnologia constituem as ferramentas bésicas des- ta clapa, Este capitulo tem como objetivo introduzir 0s conceitos basicos de modos de falha, sua elassificago, modelagem e documentaco, como parte do estudo de FMEA (Figura 2-3), constante da Segunda Etapa do processo da Manuten= 40 Centrada na Confiabilidade 5.1 Conceituacao de Modos de Falha © estudo dos modos de fall deve iniciar-se pela definigdo precisa deste termo, segundo a MCC. Segundo as normas SAE JAI011 e TEC 60300-3-11, tem-se, respectivamente, as seguintes definigdes para modo de falha: + Um evento ou condigao fisica, que causa uma falha funcional; ou + Um dos possiveis estados de falha de um item, para uma dada fungo requerida, Ao contrério da falha funcional, usualmente associada a um estado anor- ‘mal da fungo do equipamento, o modo de falha esti associado ao evento ou fe- 70. IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, némeno fisico que provoca a transigdo do estado normal ao estado anormal. Os ‘modos de falha descrevem como as falhas funcionais acontecem, ou seja, © mecanismo de fallia ou o que pode falhar. Desta forma, eles também so as chaves sobre as formas adequadas de combate A falha funcional. Considere, por exemplo, os modos de falha do turbocompressor ilustrados, nna Figura S-1. Cada modo descreve uma condigdo de desgaste (do mancal, das paletas), ou evento (entupimento, vibragdo), os quais, individualmente, podem provocar a perda da fungao principal do turbocompressor. Entuplmento (Turbina) Dosgasto (Palas) ‘Muar projeto? Substitir? Vibragto (Base) Reslinhar? Desgasto (Mancal) ubriiear? Figura 5-1 — Exemplos de Modos de Falha Note, também, que cada modo de falha esté invariavelmente associado a ‘um componente do sistema em estudo (paletas, turbina, maneal, ete). Este fato pode ser utilizado para identificagao sistemitica dos modos de falha, através da expansio da arvore de falhias do sistema, com incluso dos modos das falhas. Neste caso, cada componente, no estado anormal, pode ser expandido em um ramo da érvore para incluir os possiveis estados de anormalidade, gerando seus ‘modos de falha. A Figura S-2ilustra este processo, utilizando o padrio de érvo- re de falha proposto no capitulo anterior. Redundancia Funges e componentes redundantes podem apresentar modos de falhas sem conseqiiéncias imediatas ou visiveis para a instalago, necessitando aten- MANUTENQAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 71 (Fungo Principal) (Oona ‘Subfungo | [Componente “Anomal ‘anormal Modo do Modo de Fatha t Faha 2 Figura 5-2 — Arvore de Causas de Falhas 4o especial. Nesta etapa do processo MCC, todos os modos de falhas possiveis devem ser cadastrados, ignorando a existéncia de redundancias que possam re- duzir suas conseqiiéncias. Estes aspectos serio tratados adequadamente nas tapas posteriores, quando estudaremos os efeitos e conseqiiéncias das falhas. Causas de falhas E importante distinguir modo de falha e causa da falha, O modo descreve 0 que esti errado na funcionalidade do item. 1 a causa descreve porque esté crrada @ funcionatidade do item. Esta distingdo é essencial para se entender as finalidades da manutengao ¢ do projeto. F fungdo da manutengZo combater 0 ‘modo da falha (sempre que ele ocorra), assim como & fungdo do projeto com- bater a causa da falha (de uma vez por todas). Na impossibilidade de combater um modo de fatha, eabe & manutengdo indicar, ao projetista, as necessidades de ‘modificagées para eliminar a causa da falha Em geral, cada componente de um processo pode gerar um conjunto de ‘modos de falha, caracteristicos de sua tecnologia. Cada modo de falha, por sua ver, pode ser originado por um conjunto de causas. A Tabela I relaciona ‘moddos e causas de falha tipicos de diversos componentes, dependendo da tec- nologia, 72 IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, Tabela 11 — Modos de Falha Tipicas iponente Modes de falhe Causas da fathe rele Contatos evte-crvitados Contatos soldados Contetos abertos Svicica nos contatos Babine interompida Espira aorta Bobing cuto-crcitade Quebra de islamento TTransformoder Enrolamento cure-crevitado __Quebra de lolomento Enrolamento aberto Espira oberta ‘Motor ‘Mancel aquecido Lubrifeagéo insufcerre Excovas abertes, Escovas desgastodas ou sujos Enrolamento aberto Espira berta Envolamento curo-ctevitade __Quebra de islamento Servometor _Vazamento Desgaste dos selos ‘Asvador no retoma Linhos de flido bloaveedae have Contatos etto-circuitador Contatos zoldados Contatos abertot Suivica nos contatoe Operador —__Operacdo correta no item errado Treinamento insufcionte Operogae erroda no item erode Remuneragae insure Operagée errada no item certo Supervise inadequada OperacSo antes do tempo certo Formagdo insufcante (Opera;ée depois do tempo corto Problemas pessoois Néo execucgio da tarefa Ambiente inadaquodo Observe-se que, de sta tabela identifica o gue pode falhar em cada componente, além da zagio da causa ou porque as falhas ocorrem. Modos de falha mecanicos Evidentemente, cada tecnologia possui scus mecanismos préprios ¢ parti- culares de geragdo de modos de falha, Na area mecdnica, por exemplo, so co- ‘mung muitos modos de falha, relacionados ao comportamento de materiais usados, conforme ilustrado na Tabela 12. © comportamento de cada tipo de material, usado em equipamentos de processo, é estudado por ciéncias especificas, cujos especialistas devem ser consultados no estudo de FMEA. Modos de falha elétricos ‘Na rea elétrica, também so comuns virios modos de falha, relacionados ‘2 materiais, conforme listados na Tabela 13. Modo de falha Fratura Desgasto Deformacto Inerustagio Modo de fatha Pardas Resistencia MANUTENGAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 73 Tabela 12 — Modes de Falha Mecénicos Tipe defalha Causa de felhe Doi Deformaao plstica por escorregamento. Frog Propegoséo de trinco rob tensdo esata Fadigo Propagasée de trinca rob tonsdo ciclo. Fadiga Termica __Propagacéo de trince por ciclo térmico. Mecinico Remogdo de moteral por att. Quimico Romogso de moteral por reoc6o quimica. Elotroquimico _Perda de material por reasdo elatroquimica, Corrosive ‘Ago (eletro}quimica do moio ombiente Adesivo Ruptura de micro adesses entre supeicies. Abrasivo Risco superficial por materiel meis duro. Covitess0 Mier jtos de liquide por colapso de bolhos. Froting Romoséo superficial por micro movimentos. Trego ‘Alongamento docil eob forga de waste. Pressae Encolhimente dell se forga de press. Torgio Distorgi helicoidal det! por tore. Processval Depésito de material uillzado ne process Ambiaotal Depésite de material do meio embi Tabela 13 — Modes de Falha Elétricos Tipe defalha Causa da falha Dislérica ‘Condugao elavice em semicondutores. Magnstice Magnetzagto de nicleos magnstices. Supedicil Condugde eltrice superficial em sélidos. Sobrecargo. Aquacimento por excesso de catregamento. Sobretansto Excesso de tensGo elatrica oplicada. Contaminagso _—Maaiicagdo de caractersica por impurezes. Terria Perde de isolamento por aquecimento. Elotroquimica Perde de islante por reagéo eletroqvimica, Quimica Redug6o do isolamento por reaséo quimico Mectnico Perde de seqb0 por exrusce dict Conteminasso __Maaificasbo de corocterstica por impurezas 74 IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, Destaque-se, nesta tabela, as falhas provocadas por sobrecargas,tipicas de sistemas sujeitos a crescimento vegetativo, esporédico ou acidental da carga imposta, ou esforgo extemo, obrigando & revisio periédica da capacidade ins- talada, inclusive em elementos estruturais, Modos de falhas estruturais Na avaliagio de modos de falhas de elementos estruturais, especialmente em edificagdes c estruturas de suporte de méquinas, além dos modos de falha ‘mecainicos jé vistos, a norma IEC 60300-3-11 recomenda classificar os modos de falha segundo as seguintes fontes: + Dano Acidental — caracterizado pela ocorréncia de eventos discretos aleatérios que possam reduzir o nivel inerente de resisténcia residual; + Deteriorasiio Ambiental — caracterizada pela deterioragdo estrutural provocada por um ambiente adverso; ¢ + Dano por Fadiga — caracterizado pelo inicio e propagagao de fraturas devido ao carregamento ciclico da estrutura. A Tabela 14 relaciona exemplos dos modos de falha estruturais ineluidas nestes grupos. Tabela 14 — Modos de Falha Estruturais Mode de fatha Tipe de fatha Cause da fall Dano Acidental “Manutengbo —_Erre na execusdo da manviengbo rosso. Incidencia de chuva e vonto Abrasto Ocorréncia de chuva de granizo. Flatico Incidncie de raios Deterioragie Ambiental Corrosdo ‘Agio [elevolquimica do melo ombiente jorasde__Prépria de materiais eno por Fadige Mecénica Propogasée de rincas sab exforgos cicicos Termica Propogagie de tincas sab ciclo temico Iradiagéo __Aceloraséo da fadiga por irradiag Modos de falhas humanos Por tiltimo, os modos de falha relacionados ao comportamento humano io talvez os menos compreendidos, e por isso mais dificeis de serem classifi- cados. A relagio a seguir ilustra uma possivel classificago dos modos de falha MANUTENQAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 75 humanos, considerando os intengdo: spectos de atengio, esquecimento, conhecimento e + Distragio— falha de atenedo, em que uma agdo prevista ndo & executa- da ou é substituida por uma altemativa errada, por acidente, mesmo ha- vendo a compreensio correta da situagio e a formulagio correta das intengbes; + Lapso — quando uma ago prevista ndo é executada, por esquecimento do executante ou plancjador; + Engano ~ falha de conhecimento, provocada por erro de interpretagio za execugo ou formulagio de um plano; e + Violagio—desvio intencional de regras, préticas, procedimentos ¢ nor ‘mas estabelecidas, A Tabela 15 relaciona algumas causas provaveis para estes modos de falha, Tabela 15 — Modes de Falhe Humanos Modo de Felha TipedeFalha Cavs Fala Disrosso De Atonsao ‘Aividades monétonas ‘Ambient iadequode. lepso De Esquocimento _Limitagbes pessoais 0 impedem do foro. Alvidadet pouco frequentes Engano De Conhecimento _Néo sabem por ave fare. Nao sobem como fazer. Noo sabem quando fazer, Nao sabem o que fazer Fonsom que estéo fazendo corto, Ning consegue fazer, Vielagae De Intengao ‘Achom sua maneira melhor de fer. ‘Achom que do voi dor cv, Bo véem benefcio om for. Fonsam que estdo fazendo certo, ‘Acham ovtra coisa mais importante, ‘80 compensodos por née fazer ‘60 punidos por fazer. Voom conseqvéncia negativa em fer. Nao hé consequéncia negativa por nao fazer. $80 compensodot porafozer outa coisa, Eaistom obsteculos olem do seu controle 76 IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, A exemplo dos demais modos de falha, a andlise das causas subjacentes a0 comportamento humano exige a participagdo de especialistas nestas éreas, para a correta identificagao dos mecanismo de falhas. 5.2 Mecanismos de Falhas estudo dos mecanismos de falhas objetiva classificar os tipos de compor tamentos andmalos de materiais ¢ equipamentos, ¢, através deles, identificar as atividades preventivas e corretivas adequadas a cada tipo. A classificagio se dé através do conceito de taxa de falha, obtida da modelagem estocéstica dos fe- némenos envolvidos, antes e durante a ocorréncia de falhas. Modelagem estocastica © estudo matematico dos mecanismos de falha inicia-se pela madelagem 4a variagio temporal da probabilidade de falha funcional do item, por unidade de tempo. Esta caracteristica pode ser representada por uma fungao de distri- bbuigdo de probabilidade dada por: F(t) SOE. Equagio 1 onde ft) & fungdo densidade de probabilidade de falha,¢ F() &adistribuigdo de probabilidade acumulada de falhas, a partir de um determinado instant, ou centre dois instantes de tempo fy f, tal que: F()= [f(O-dt, Equaciio 2 4 Equagéo 3 FU) - F(a) =f fed. quest Nestas expresses, a varidvel de tempo f pode ser substituida por qualquer ‘outra varidvel que traduza o ciclo operacional da fungdo, e que esteja relacio- nada & probabilidade de ocorréncia de falhas, tal como: + Tempo — horas, semanas, meses, trimestres, anos, decénios, ete; + Operagio—horas de uso, rotagdes, produc, quilmetros, toneladas, ete; + Ciclos — aberturas, fechamentos, partidas, paradas, rabastecimentos, etc. MANUTENQAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 77 ‘A unidade de medida mais adequada sera fungde do mecanismo bisico de deterioragdo funcional associado a0 modo de falha. Confiabilidade A manutengao interessa a probabilidade de que o item sobreviva a. um. dado intervalo (de tempo, ciclo, distancia, ete.). Esta probabilidade de sobrevi- véncia, denominada de confiabilidade, é dada por: , f Equagéo 4 R= [fO-de=1- [ f(-dt=1- FO, quest donde F~1-R(, Equacio 5 A confiabilidade R(t), a densidade de probabilidade de falha f{) e a pro- babilidade acumulada de falha F(t) podem ser expressas simultaneamente pela fingdo de taxa de falha do item, Taxa de falha A taxa de falha é definida pela probabilidade condicional da ocorréncia de falha no intervalo de ¢a 1d, dado que nao houve falha até o instante ¢, divi- ido pelo intervalo dr, A fungao de taxa de falha é representada matematic: mente pela expresso! dlog RW) Equagao 6 dt A Figura 5-2 ilustra as formas tipicas destas quatro fungdes, para um item com taxa de falha erescente: + My = taxa de falha; RY) + F(Q)= probabilidade acumulada de falha; + ffi) = densidade de falha, ‘onfiabilidade ou sobreviveneia a falha; I> Tamblm conbecida por Fungo de Riseo (Haard Function, Hazard Rate 78 IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, Figura 5-3 — Modelagom Matemética Qualquer destas fungdes ¢ suficiente para descrever um mecanismo de fa- tha. A Tabela 16 contém as relagdes tipicas entre elas, permitindo calcular as Ards fungGes restantes conhecendo-se apenas uma delas. Tabela 16 — Modelagom Matomética Expresso, f(t) Fit) Re) an zi : m= 1 a a Fy = [foie 1 1 -RH) | 1 ngqe lo an = Jos lr 1 ite Af tanner 4 vw | Grow | Sem | ghee ; Através da taxa de falha ¢ possivel classificar os diferentes mecanismos de falha encontrados nos sistemas. MANUTENQAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 79 Classificagao de mecanismos de falhas © estudo dos mecanismos de falha objetiva identficar caracteristicas di- ferenciais entre as diversas formas como as falhas acontecem, que ajudam a es colher a melhor estratégia de manutengao. A constatagdo de que diferentes mecanismos de falhas provocam diferentes comportamentos dos equipamen- tos ao longo da vida itil, constituiu 0 ponto de partida da metodologia MCC Os estudos originais de F.S. Nowlan e H. F. Heap na United Airlines conduzi- ram & identificagdo de trés comportamentos basicos dos equipamentos (no es- truturais de aeronaves comerviais) ao longo da Vida itil com relagao a taxa de falha: 1. Alguns itens mostram uma idade bem definida de desgaste, onde ocor- re um aumento rapido na probabilidade condicional de falha, por uni- dade de tempo; 2. Outros itens podem mostrar um crescimento constante da probabilida- de condicional de falha, por unidade de tempo; ¢ 3. Outros itens podem ndo apresentar qualquer degradacdo funcional ao longo da vida itil Estes comportamentos deram origem a seis curvas basicas de taxas de fa- thas observadas ao longo da vida itil, conforme mostra a Figura $4 a c e a 8 . F — S$ | —__S s§-§ WR Figura 5-4 — Caracteristicas de Desgaste Para explicar estes comportamentos, quatro mecanismos tipicos, deriva- dos dos modos de falha, so usualmente identificados em componentes indus- trials: 180. IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, + Desgaste Progressivo; + Falha Intempestiva; + Desgaste por Fadiga; + Mortalidade Infantil. Estes mecanismos jo encontrados em muitos componentes industriais e ‘materiais, independentes da tecnologia utilizada, Desgaste progressive Nos mecanismos de falha por Desgaste Progressive ocorre uma dimimui- «fo gradativa da capacidade funcional ou resisténcia & falha, ao longo da vida Util, até atingir um limite de desempenho funcional, caracterizado como falha, conforme ilustrado na Figura 5-5, Probabilidade ‘Reumulada ‘oo Faha Probabildade ‘de Faia Probabiidade Condicanal ‘de Fahne =< Figura 5-5 — Curvas de Desgaste Progressive Note-se que pequenas variagSes nas taxas de desgaste da capacidade fue cional, entre itens de um mesmo lote, geram uma curva de densidade de proba- bilidade de fatha em forma de sino, no ponto de cruzamento coma linha limite de funcionalidade, quando ocorre a falha. O ponto inicial onde esta curva inicia o cteseimento, caracteriza a vida til do item. O valor médio obtido da curva de densidade corresponde a vida média do item. Usualmente, esta curva pode ser MANUTENQAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 81 representada por uma distribuigdo Normal ou Gaussiana, onde a vida média &a ‘mediana da distribuigao, e 0 pardmetro de forma o (dado pelo desvio padrio da distribuigdo) decorre das variagdes na taxa de desgaste na populagdo de itens. Integrando-se a curva de densidade de falha desde o inicio da vida il, obtém-se a curva de probabilidade acumulada de fatha do item (Lquagao 2). Conforme se observa, esta se mantém reduzida e constante ao longo da maior parte da vida itil, apresentando um crescimento gradual a partir do ponto limi- te da vida itil. Em conseqliéncia, a taxa de falha, ou probabilidade condicional de fatha (Equagao 6), apresentaré um crescimento acentuado, a partir do final da vida ttl A curva de sobrevivéncia, expressa pela fragdo de itens que sobrevivem ao longo do tempo, mostra uma regio plana préxima & populagao inicial, quando a quantidade de itens sobreviventes permanece estavel, dee sgradualmente apés o término da vida iil. Falha intempestiva No mecanismo de Falha Intempestiva, ou cataléptica, ocorrem apenas perdas bruscas e totais da capacidade funcional ou resistencia &falha, a0 longo da vida itil, conforme ilustrado na Figura 5-6. ‘CAPACIDADE FUNCIONAL Probablidecs Condicional oe Falna Densidade de Probabildade ‘de Fale Propabildade ‘Reumulada, e Falha Figura 5-6 — Curvas de Falhas Intempestivas 82, IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA, Como nao ha variagdo nas taxas de desgaste, a freqiténcia de distribuigdo das falhas mantém-se aproximadamente constante ao longo do ciclo operacio- nal, supondo que haja corregdo das falhas apds cada ocorréncia. A curva de densidade de probabilidade de fatha toma entdo a forma de uma exponencial negativa, com taxa de decréscimo constante, com o ponto maximo no instante inicial. Note que, neste caso, ndo hi sentido em se falar na wida iti, ja que no existe um instante caraeteristico a partir do qual haja um aumento da taxa de in- cidéncia de falhas, A fungdo de distribuigdo exponencial negativa, com taxa de decréscimo igual taxa de falha, modela adequadamente estes componentes. Esta fungao & utilizada para modelar tipicamente as seguintes instalagdes: + Sistemas complexos com varios modos de falhas; + Sistemas compostos de componentes com taxas de falha independentes; + Sistemas multicomponentes com causas de falhas heterogéneas; + Sistemas multicomponentes com substituigdes apés as falhas; e + Sistemas sujeitos a falhas aleatérias de origem externa, Integrando-se a exponencial de densidade de falha, desde o inicio da vida ail, obtém-se a curva de probabilidade acumulada de fatha do item, esta também com forma exponencial crescente, cujo inverso fornece a curva de sobrevivéncia, em forma de exponencial negativa. A curva de probabilida- de condicional de fatha seri uma reta horizontal, com taxa de falha constante, 0 longo de todo o ciclo operacional. A vida média, neste caso, pode ser defini- da pelo inverso da taxa de falhe. Desgaste por fadiga ‘Nos mecanismos de Desgaste por Fadiga ocorre uma diminuigdo grada- tiva do niimero de ciclos necessarios para falha, em fungao da amplitude dos ciclos, em méquinas que operam neste regime alternativo, conforme ilustrado na Figura 5-7. declive da curva de desgaste ciclico, gera uma distribui¢io de densida- de de probabilidade de falha deslocada para esquerda, Esta caracteristica resul- ta em uma curva de sobrevivéncia decrescente e, portanto, em uma curva de probabilidade condicional de falha crescente, a partir do inicio da vida opera- cional, MANUTENQAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 83 Probabiidade Condlelonal de Falha Probabildade emus deFahia Cis Namero de Ciclos Figura 5-7 — Curvos de Desgoste por Fadiga Note que pequenas variagdes nas amplitudes dos ciclos, entre itens de um mesmo lote, geram uma curva de densidade de probabilidade de fatha em forma de sino inclinado, no ponto de cruzamento com a linha limite de funcio~ nalidade, quando ocorre a falha. O ponto inicial onde esta curva inicia o cresci- ‘mento caracteriza a vida itil do item. O valor médio obtido da curva de densidade corresponde A vida média do item. A fungao de distribuigo de probabilidade geralmente usada para repre- sentar este comportamento & a Log-Normal, devido & sua forma de sino incli- nado. B utilizada, por exemplo, pata modelagem das falhas por fadiga dos seguintes itens: + Componentes metilicos submetidos a tenses altemadas inferiores 20 limite de ruptura do metal; + Rolamentos e componentes mecinicos sujeitos a ciclos de esforgos alter- nativos; ¢ + Fadiga térmica de materiais sujeitos a variagdes ciclicas de temperatura, 184. IONY PATRIOTA DE SIQUEIRA Outras distribui es, em especial a de Weibull, também podem ser utili- zadas para modelagem deste mecanismo de falha Mortalidade infantil Nos mecanismos de falha por Mortalidade Infantil ocorre uma perda ‘brusca da capacidade funcional no inicio da vida do item. Em geral, fathas des- ta espécie sio oriundas de defeitos incipientes introduzidos antes do perfodo ‘operacional, por erros em varios processos: + Especificagio e projeto; + Inspegio e controle de qualidade; + Fabricagdo, estoque e transporte; + Fomecimento de pegas e materiais de insumo; + Montagem integragao; + Comissio smento € ativacao, A ocorréncia antecipada destes eventos resulta em uma distribuigao de 10"/ane Falha ocorters continuement Provavel ‘Ocorrerd véras vores <10-V/ane Falha ocorrers com frequéncia 2 102/ane Ocesional Possivel ocorrer varias vezes = 10/an@ Falha esperada ecarer ecasionalmente 2 10-"/ano Remote Esporada ocorreralgumos vores < 10/ane Falha rezoavelments experada 2 10-Yane Immprovavel Possivel de ocorrer, mos improvével = 10-/an0 Falha ocorrerd excepcionalmente 2 10/ane Inacrediavel inesperada ecorrer = 105/ane te N80 ocorrerd Outras escalas podem ser utilizadas, especializadas por tecnologia, ou ramo de negécio da instalagdo, com maior ou menor némero de classes. Em ‘outros casos, pode ser suficiente usar diretamente uma escala qualitativa de se- veridade. Niveis de severidade Muitas escalas de severidade sdo possiveis, dependendo da disponibitida- de de recursos para anélise. A pritica da MCC tem evidenciado que uma escala de quatro ou cinco categorias de severidade é suliciente para classificar ade- quadamente o efeito de falhas. Estas categorias sio derivadas da norma militar americana MIL-STD-882D%, conforme a Tabela 21, associando-as aos possi- veis danos ambientais, pessoais ou econémicos da falha SandardPractce For Stem Safty Program Requirements MANUTENGAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 101 Tabela 21 — Niveis de Severidade de Risco ‘Severidade Val ‘Ambiental Pessool____Econémico 1 Cateatatco 3 Grande Moral Total W Catico 4 Signticame Grave Porcal Marginal 3 lee Love Love Vv Minimo 2 Acstével Insignificant: Aceitovel ¥ Insignificant 1 in st Inexictonte Cada categoria pode ser associada a um valor numérico, o qual é utilizado na Equagdo 7 e Equagio &, para ponderar o risco de acordo com a severidade do efeito. Os pardgrafos seguintes descrevem o significado de cada categoria de efeito, segundo sua severidade. Efeito catastréfico Uma falha produz um Efeito Catastréfico se cla pode causar a morte de seres humanos, ou perda do sistema principal, ou grande dano ao meio ambiente. Armorte de seres humanos é cvidentemente inaccitavel em qualquer emprecndi- mento controlado. A perda do sistema principal poder decorrer de incéndio, explosdes ou qualquer outro efeito que produza a indisponibilidade irrecuperd vel de toda uma instalagdo ou processo, Este caso depende, evidentemente, da importincia do sistema em estudo. Se ndo existirem sistemas adequados de protegao, o projeto teré que ser modificado invariavelmente, Efeito critico ‘Uma falha produz um Efeito Critico quando ela pode causar ferimento severo ou mesmo a morte, ou dano significante ao sistema ou ao meio ambien- te, resultando na perda da missio da instalagao. Embora menos grave que a ‘morte, a possibilidade de ferimentos severos em seres humanos exige medidas também criticas, J4 a dimensio dos danos significantes, e suas conseqiiéncias, dopenderio da aplicagdo e importancia do sistema, Efeito marginal Uma falha produz um Efeito Marginal quando pode causar ferimento eve ou dano de pequeno porte no sistema ou no meio ambiente, resultando em 102. JONY PATRIOTA DE SIQUEIRA demora ou degradago de sua missio. A accitabilidade de ferimentos de pe- queno porte dependeré da freqiiéncia prevista, e da possibilidade ou no de adogdo de medidas preventivas ¢ corretivas. Os danos pequenos, que apenas degradem ou atrasem o cumprimento de uma missio/fungao, também deverdio set avaliados em relagdo a criticidade da prépria missdo/fungao. Efeito minimo ‘Uma falha resulta em um Efeito Minimo quando provoca conseqiiéncias reduzidas na operacao, meio ambiente e seguranga, abaixo dos niveis méximos permitidos das normas legais, demandando recursos econdmicos minimos para restauragao a condigdo original. Efeito insignificante Finalmente, uma falha produz um Efeito Insignifieante quando for in- suficiente para causar ferimentos em seres humanos, ou danos ao sistema, ou impactos no meio ambiente insuficientes para infringir qualquer norma ambi- ental, Aceitabilidade de risco Asescalas de severidade acima representam um nivel resumido de avalia- edo de efeito, suficiente para anilise dos sistemas mais simples. Caso no en- volva risco de perda de vida humana, pode-se associar cada nivel de severidade uma escala numérica, que pode medir a conseqiiéncia econémica, tal como perda financeira, material, temporal, etc., de interesse da organizago, Se 0 feito oferece risco de vida, a mensuragdo da gravidade as vezes limita-se & comparacdo com outros riscos incontroléveis, tais como as catdstrofes e aci- dentes naturais, com os quais os seres humanos jé convivem. A accitabilidade ao risco deverd ser definida pelo gestor da instalagao ou corganizagdo, sendo comum a adogao de classes de aceitabilidade, como as des- critas na Tabela 22, baseadas na atitude e ado consciente da organizacao dian- te de sua ocorréncia ou possibilidade. Se os componentes de risco (freqiiéneia, severidade e detectabilidade conforme a Equagio 7 e Equagio 8) forem definidos numericamente, sera pos- sivel estabelecer faixas de valores para os diversos niveis de aceitabilidade, através de uma matriz de riscos. MANUTENGAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 103 Tabela 22 — Niveis de Accitabilidade de Risco ‘cei Bi ‘Asa Infolervel Tnocetavel ove ser eliminado Indesojavel Inmpraticdvel roduzie Exige oprovasoo Tolerével Permit controle adicional Exige oprovagoo Desprezivel Permit controle adicional Nao erige aprovacto Matriz de riscos Combinando os niveis de freqiiéneia dos modos de falha, com os niveis de severidade c accitabilidade ja definidos, ¢ possivel construir uma matriz de riscos como a ilustrada na Tabela 23: Tabela 23 — Matriz de Riscos <> Insignificante Minima Marginal Critica Catastrafi Indessidvel __Indessigvel InfolorovelIntolerovel_Intolervel Tolerével_ __Indesejavel__IndeseidvelIntolerovel ntolerovel Ocasional —Tolerdvel-—=—“Tolerdvel’ —ndesejavel ndesejavel Infolervel Remote Desprezivel Desprerivol Tolerdvel —Indoseiavel _Indossisval Improvavel Desprezival Desprezivel Desprezivel_ TolerévalTolorvel Inocredtével —_Despresive rezival _Despresival _Desprezivel Note que esta matriz produz, para cada par de valores de Severidade e Fregiiéncia, um nivel de Accitabilidade do Risco classificado entre as opges da Tabela 22, para as quais ja foi definida, a priori, a atitude da organizagéo. Nesta matriz fica féciltragar a linha diviséria que separa as células toleriveis € despreziveis das eélulas indesejaveis c intoleraveis. Tal linha pode representar o limite de accitabilidade de risco, sendo particulares e especilicos de cada or- ganizagao. ‘Novamente, se a severidade tiver sido quantificada em uma escala numé- rica, tal como o valor da perda econémica, e se a freqiiéncia for quantificada também em uma escala numérica, tal como freqiiéncia mensal, anual, etc., en- 104. JONY PATRIOTA DE SIQUEIRA ‘Wo serd possivel atribuir uma escala numérica ao risco de cada falha através da cexpressio anterior. Neste caso, a andlise se resumiré a uma comparagdo numé- rica com uma escala de aceitabilidade. Evidentemente, sabe-se que, em qualquer situagdo, 0 nivel de tolerancia a0 risco é um aspecto subjetivo ¢ dificil de quantificar, sendo varivel entre pessoas ¢ empreendimentos. Teré, entretanto, de ser estabelecido e documes tado, no Plano de Implementagdo da MCC, descrito no Capitulo 12, entre as preferéncias e politicas da organizagdo, para nortear as decisdes sobre as ativi- dades de manutengao, ‘Segundo a metodologia MCC, apenas os modos de falha com efeitos con- siderados inaceitiveis ¢ intoleraveis, na escala de aceitabilidade ao risco, sero considerados nas etapas seguintes do processo MCC. Os demais modos de fa- tha, classificados como toleréveis ou despreziveis na escala de aceitabilidade, sero apenas documentados no estudo de FMEA, nao ensejando andlise adi- cional pela MCC. 6.3 Documentacio de Efeitos ‘A documentagio dos efeitos das falhas constituia fase final da Anilise de ‘Modos e Ffeitos de Falha, 0 registro ocorre nas duas colunas finais do formu- lirio FMEA, conforme ilustrado na Figura 2-2. Note que tanto a descri¢do do efeito quanto seu nivel de criticidade, seja ele medido pela severidade ou aceitabilidade do risco, devem ser registrados no formulario. A descrig&o obedecerd a um dos padres utilizados neste capi- tulo, Jé 0 nivel de criticidade deverd usar uma das escalas de severidade ou aceitabilidade do risco, adotada e documentada no Plano de Implementaco da MCC. O nivel de criticidade servird para sclecionar as falhas que scrdo analisa- das nas etapas subseqiientes da MCC. 6.4 Resumo Este capitulo forneccu uma introdugdo aos conccitos de efeitos de falhas adotados na Manutengio Centrada na Confiabilidade, constando da + Identificago dos seus efeitos; + Classificagdo dos impactos correspondentes; & + Documentagiio dos Efeitos no formulirio FMEA. MANUTENGAO CENTRADA NA CONFIABILIDADE 105 Os limites de aceitabilidade dos efeitos das falhas so definidos através da quantificagio ou classificago dos riscos envolvidos, decorrentes da andlise de freqiiéncia e severidade dos efeitos dos modos de falha. Estes dados ajudam a filtrar os modos de falha insignificantes, que ndo justificam esforgo adicional de andlise. Os demais serdo submetidos a avaliagdo de conseqiiéncias das fa- thas, na etapa seguinte da MCC, assunto do préximo capitulo. 6.5 Questées de Revisio 1. Quais as diferengas entre os efeitos e sintomas de uma falha? 2. Que partes devem constar da deserigdo do efeito de uma falha? 3. Quais os significados e importincia das escalas de detectabilidade, freqiiéncia e severidade de riscos na MCC? 4. Que critérios sio utilizados para definigao dos niveis de aceitabilidade de risco de uma organizacao? 5. Como é formada a matriz de riscos de uma organizagio?

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