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O surc “muito natural. Alguns ouvem com mais prazer com os olhos do que com 10s ouvidos Eu ougo com os olhos” (Girieunt Stuy, surda alemi, 1969), surdo, surdo-mudo ou deficiente auditivo? maioria dos ouvintes desconhece a carga se- mantica que os termos mudo, surdo-mudo, e deficiente auditivo evocam. E facilmente obser- vavel que, para muitos ouvintes alheios a dis- cussiio sobre a surdez, 0 uso da palavra surdo A pareca imprimir mais preconceito, enquanto 0 ) termo deficiente auditivo parece-lhes ser mais politicamente correto: Bu achava que “deficiente auditivo” era menos ofensivo ou pejorativo do que “surdo”.. mas, na convivéncia com os prdprios surdos, fui aprendendo que eles preferem mesmo é que os chamem de surdos e uns, ficam até irritados quando sdo chamados de deficientes. uitos surdos téma oportunidade Sobre essa questo terminologica, m' e ministram para ouvintes: de se posicionarem nos cursos de LIBRAS qi Essa histria de dizer que surdo ndo fala, que é mudo, est errada. ee cae 6 termo surdo-mudo e deficiente auditivo porque tem preconceito.. = a quem inventou o termo deficiente auditivo? Os médicost Eu 1 + ara vocés aprenderem a LIBRAS, eu estou aqut também para a 7002) vida do surdo, da cultura, da nossa identidade.. (professora es ae ose 0 termo surdo-mudo ndo & correto porque 0 surdo tom eee ea for treinado ele pode falar. Eu sou surdo, fui oralizado endo minha lingua é ade sinas.. (professor Suro» 2003). Digitalizado com CamScanner AG unRas! QUE LiNGUA F ESSA? jnham no trilho que rejeita a ideologia dominan. acima caminné uem o poder ¢ 0 saber clinicg stipos que constit jo: 0 reconhecimento As falas te vinculada a0s ¢* “ 192), e mostra (Lane, 19) stram ou dimensao politica, linguistica, cl nota: jo surdo, apropriadamente, CO ga toricamente nao tem pertencido aos sur. tacées, politicas e objetivos nao fam). stere' am outro | soci ado da d ale cultural da surdez, e que a nomea. ca que hi autorrepresen do os surdos discutem sua surdez, usam termos pro. dos com sua lingua, seu passado, e sua comunidade dos, Essa marca suger liares ao grupo. Quand fundamente relaciona (Padden & Humphries, 1988: 44). Pensar tais termos ¢ de suma importancia, uma vez que eles tém im- plicagdes cruciais para a vida dos surdos (Gesser, 2006, 2008). E disso que fala Laborrit (1994), quando diz: ecuso-me aserconsiderada excepcional, deficiente. Nao sou. Sou surda, Para mim, a lingua de sinais corresponde d minha voz, meus olhos so meus ouvi dos. Sinceramente nada me falta, 6a sociedade que me torna excepcional, Infelizmente, 0 povo surdo tem sido encarado em uma perspectiva exclusivamente fisioldgica (déficit de audi¢ao), dentro de um discurso de normalizagao e de medicalizagao, cujas nomeagées, como todas as outras, imprimem valores e convengées na forma como 0 outro é significado e representado, Cabe ressaltar, por outro lado, que nao é apenas a escolha acertada de um termo que elimina os preconceitos sociais. Os preconcei- tos podem estar disfargados até mesmo nos discursos que dizem assumir a diferenga e a diversidade’. Mas o deslocamento conceitual é preciso e urgente, e vem ocorrendo em primeira instancia na reflexao e problema tizacao dos conceitos de que fazemos uso ao nomear o outro. Afinal, como tone ee “a construgao das identidades nao depend so biolégica, e sim de complexas relagées lin uisticas, histéri ae guisticas, histéricas, sociais e culturais”; ou, como bem expressa L aborrit sobre a sua condica » “é a sociedade que me torna excepcional’. ' Peter McLaren (201 soda rich Malultaralsmo critico, argumenta que os termes dir versidade ou discurso d: la diferenga podem estar sendo melindrosamente utilizados nos te™?® atuais para encobrir u ima ideologia de assimilaca SSit i x me ralismoconservador ena ade asimilago que esta na base do discurso do mule" Digitalizado com CamScanner 0x00 47 CO intérprete é P ea ‘voz’ do surdo? g intérprete tem tido un gurtdos © ouvintes. Na maiori ange importancia va dos je sinais a partir dos lacos familiares e ¢ igos , s e da convive; amigos surdos (ocorrendo geralmenti sie almente e1 aliosa nas j ‘a Nas interagé ss ae ints ‘agées entre » OS intérpretes ta entre contato com ncia social com ‘zi s € vizinho: religisos)- No Brasil ainda nao ha tradi¢ao na a espacos escolares dio na profissio ou formaca agao specifica para esses Profissionais?, da mesma forma 4 pretes de linguas orais de prestfgio como, por exe Sa ae intér- gua inglesa e francesa. mplo, intérpretes de ling No caso da LIBRAS, a interpretacao ocorre geralmente de maneii informal, em momentos em que o surdo esta interagindo com s dividuos que nao dominam/conhecem a lingua de sinais. i - observa-se que a maioria dos intérpretes brasileiros tem ae proficiéncia eahabilidade de interpretar a partir, digamos, de uma — de “emergéncia” comunicativa na interacao surdo/ouvinte. Afirmar ue ° surdo precisa de intérprete em espacos institucionais em que as pessoas nao falama sua lingua jd é um direito reconhecido pela Lei n? 10.436, apro- vada em 24 de abril de 2002. Entao, escolas, universidades, reparticbes hospitais etc. devem atender essa populacao espec! poder ser assistido em sua piblicas, tribunais, ca assegurando-lhe © seu direito linguistico de lingua, Por outro lado, retomando a afirmacdo compartilhada pelo rete é a ‘voz’ do surdo, pode-se encobrir uma iingua, e isto, sabemos, nao é verdade. propria senso comum de que 0 intérp! crenga de que 0 surdo nao tem io absoluto? de surdos ncepgao de lin- O surdo vive no silénci e estar em um contexto acrenga de qu se da porque 4 co Muitos ouvintes tém entrar em um contexto silencioso- Iss as 14 institwigdes para a formaco ‘a aistancia. AS UFMG, UFES. i 1m out “AUaiersniiae weal de Santa Catarina (UPS) oa pacts cut ° primelro de educacao brasieras, passou a promover, em 2008, curiae de Lipras/portui NES/RJ, UFRGS: UFPR, c Intérpretes e tradutores mens sao: UFBA, UFC, UNB, NICAMP, UEPA, UFPE, UEGD, CEFET/RN. igués na cEFET/GO. Digitalizado com CamScanner AB unease Que LINGUAL 1ssM ente conjugada ao som cultural soal, "0S surde, pnversa | o, nao emitem som", gua esta, do ponto de vis as em CO afinal, como me disse uma das ouvintes em © vos nao fazem barll {alam com as maos ¢ as maos nao fazem barull auséncia de siléncio; é um rufdo ou som C1 surda, todavia, 0 barulho aciistico perceptivel aos ouvidos. Para a eee ee i 0 siléncio adquirem novas versées. Em ur a Spa arecte atid do, pie conypreender um poco essa naga a parti MN TT ts Relatou-me que quando esta em uma comunida' ee eee todos esto usando sinais ao mesmo tempo, tem a sensag i ae muito grande, afinal, diz ele, “ougo com os olhos’, € 0 mesmo também proce- de quando esté em uma multidao de ouvintes que falam a ee 9 ba- rulho’ neste tiltimo caso, é perceptivel Avisao do surdo através da indmica dos objetos e das pessoas, manifestada, porexemplo, em forma de movimen- “to, conversas paralelas, risos, express6es facial, corporal e manual. Poderfa- \ mos, entdo, nos referir a uma espécie de ruido visual (Gesser, 2006), pois o surdo pode nao saber o que est sendo falado, mas percebe visualmente a movimentagao das pessoas através da visdo. Isto porque os sons extrapolam sua caracteristica fisico-actistica e adquirem significados culturalmente re- lacionados. O som de uma tossida, por exemplo, pode ser, segundo Padden & Humphries (1988: 92) “um esponténeo produto de limpeza da traquéia, ou pode ser uma forma de indicar reprovacao, ou para dar um sinal’, Esse signi- ficado é culturalmente construido, e cada cultura organiza seus significados diferentemente. Assim, “o som nao tem um significado inerente, mas pode ter uma miriade de interpretagées e selegdes”. Essas convencées culturais sdo aprendidas e construfdas dentro das nossas praticas cotidianas. Por definigao, barulho é Aprender a lingua de sinais, fazer parte das comunidades surdas, es- tar em contato com o mundo dos surdos, Por exemplo, sao iniciativas que podem hos fornecer subsidios para compreender melhor as questées de- ae Na cultura surda, o barulho/som tem outros significados — é 0 ieee eee campainha toca em sua casa, a vibragaio ‘ado embaixo do travesseiro (Lane, 1984), ou mesmo Digitalizado com CamScanner 08.200 49 mMpre um es estranhame and0 um surdo diz, por exemplo, que eneen mer ae eu comigoy quando tive a oportunidade a Universidade Gallaudet, nos F ara muitos ouvintes, és nto muito grande aay Duvir” miisica. Isso de convive 'stados Unidos com surdos 1 00! americans ni Hoje Pass ei por um situagdo constrangedora, Estévamos t de estar. Havia muitas conversas animadas entre todos reunidos em os surd uma sala tivertiam e contavarm um pouco da sua vida, de suas hist ease 1, de suas histérias, Quando che- ea minha vez, una surda americana pediw-me pa Fpprasil das pessoas, da cultura, Ainda com certa apa uum pouquinho aornalingua americana de sina, feel sobre alguns ly reas lima tropical € sobre a comida caseira de que eu senti ae honitos, sobre o dade para entender os sinais americanos, eno vi pees eee ando do carnaval, das dancas, das mulatas, das praias ae ‘sao corriqueiros € inevitdveis quando um brasileiro “pinta” ina assim, esperei que algum tipo de pergunta fosse dirigido diretamente a mim, vendo demorou muito, um deles indagou: como se danga samba? No impulso, jmediatamente respondi que ndo poderia mostrar porque nd tinha a miisica disse para eu fechar os olhos e imaginar a musica. Imaginar a mist ‘eu deveria recorrer @ minha meméria actistica...Senti sma limitagdo muito grande e vi o quanto dependo do som da misica para dancar, Conversa vai, conversa vem, um surdo me crow para dangar: Fiquei todos nds somos perpassados e contaminados rs ys quais estamos em contato. Pensar 0 surdo no sin dadee uma cultura surda, é apagar a diversidade e on ti aistingue © surdo negro da surda mulher, do neh on ticulturalismo que gurdo cadeirante, do surdo homossexual, do surdo ae indio, do Jares ouvintes, do surdo de lares surdos, do surdo a do surdo de ta, do surdo de zonas rurais... (Skliar, 1998; Gesser, ae paulis- as cull *iee TUras ouvintes, especial °590 politico-ideoldgica, é encarregam de mostigr cn tenses. Mesmo ¢ Mostrar como 1Ue 0 discurso Inte (sociedade (os pelas culturas com ular, com uma identi- O surdo nao fala porque nao ouve? Crenga. Duas leituras podem ser inferidas dessa colocagao. Primeira, oque entendemos por fala. Historicamente, a lingua de sinais tem sido relegada a um estatuto de mfmica. Vimos que a lingua de sinais recebeu, tardiamente, o reconhecimento linguistico na década de 1960. Nesse pe- riodo, curiosamente, podem-se constatar resisténcias de alguns linguistas areconhecer a legitimidade dos sinais, pois tradicionalmente a visdo de lingua tem sido fortemente pautada por uma perspectiva essencialmente orat-auditiva. A sociedade, de modo ampliado, concebe fala com 0 sentido de produgao vocal-sonora. A verdade é que 0 surdo fala em sua lingua de sinais, f necessdrio, entretanto, expandir 0 conceito que temos de linguas humanas, e também redefinir conceitos ultrapassados pars enxergar ou- tradimens&o na qual conceber a lingua — © canal viso-gestual*. ada na afirmativa acima diz respeito are: sentido vocal) ¢ audisao. Os (se assim desejarem!) A segunda leitura imbricé lagdo que se estabelece com fala (ag0" Surdos que tém perda auditiva profun ‘ano da podem de do cérebro para is dos surdos: Oestudio- tesa Faculdade dentr© 1g, 1995: 434) mm Ad Chomsky, por exemplo, tem fala Be \guagem nos seres humanos, quando menclo observa que os termos utilizados em linguistica OF" (choms ‘uma modalidade tnica, aquela relacionada aos 6r8405 a do sobre a plasticida ‘ona as linguas de sina ado restritos Digitalizado com CamScanner 56 unease Que LINGUA E ESSA? m com seu aparato vocal intacto, a ntimero de surdos que falam a lingua majoritarig é -c4rio treinamento junto aos profi; oral, por exemplo, Para tanto, € necessario tre See al, . 7 sionais da fonoaudiologia, 0 grande problema Lear lista & o efeito colateral que se instaurou na com alas ha i sta i a © sentimento de indignagao, frustracao, opresso ec usuarios dos sinais, uma vez que, durante as se peer nine petitivos pregados pelo oralismo do passado, a ling e rejeitada em prol do uso exclusivo produzir fala inteligivel: basta estare prova disso 6 0 grande n da lingua oral. O surdo tem dificuldade de escrever \ porque néo sabe falar a lingua oral? Essa 6 uma crenga nociva e levanta varias questdes sobre as quais 6 preciso refletir: A primeira passa fundamentalmente pelo ensino. A es- crita é uma habilidade cognitiva que demanda esfor¢o de todos (surdos, ouvintes, ricos, pobres, homens, mulheres...) e geralmente é desenvolvida quando se recebe instrugao formal. Entretanto, o fato de a escrita ter uma relagao fénica com a lingua oral pode e de fato estabelece outro desa- fio para o surdo: reconhecer uma realidade fonica que no lhe é familiar acusticamente. Sao como simbolos “abstratos” para o surdo (Ahlgren, 1994). E nesse sentido que outra relacao é estabelecida, Na lingua portuguesa, ha também um fator emocional em jogo, que diz respeito a uma meméria muito negativa retratada a partir da experi- Digitalizado com CamScanner ce dos momentos de escrita, entretanto, a j gs custo 12 escolariza¢ao dos surdos te: roo ve deles a negasao da lingua de si ais jasmo de se esperar que a experién ee tivesse relagdes diretas com 0 s wert eaversio ao idioma. al hese Significados, sendo o n a alfabetizacao, Com isso, acai, por. entimmento de impotencta, batya utra questao séria, que se desdobra da crenga de di fculdade de escrever porque ndo sabe falar a lingua com ideais linguisticos — ideais que rejeitam os vario riedades desprestigiadas, dos imigrantes, dos indigenas e dos pré “iedos. Tanto 0 portugués escrito como 0 oral de que o ae At = sao estigmatizados, ia que nao atingem os ideais de lingua impostos por uma maioria de ouvintes (Gesser, 2006). Ainda que o surdo nao vocali- zasse uma palavra da lingua oral, ele poderia escrever bem o portugués como fazem muitos falantes de outras linguas estrangeiras, por exem- plo. Como disse anteriormente, a relac&o que o surdo estabelece com aescrita da lingua oral é distinta, mas fazer da escrita e da fala uma coisa sé é, antes de tudo, uma justificativa para pasteurizar o idioma ediscriminar a forma que cada um dé 4 lingua que usa. E é na sala de aula, durante a escolarizacao, que é preciso rever essa relagao entre lin- gua falada e escrita. Inevitavel nao fazer novamente um paralelo coma discuss4o de Bagno (1999: 49) quando ele desconstréi o mito “o certo é falar assim porque se escreve assim”. Bagno afirma a necessidade de os professores ensinarem a ortografia oficial aos seus alunos, mas a gra- mética normativa nao pode ser uma “aplicagao autoritdria, intolerante e tepressiva”, pois ela é um dos mecanismos responsveis pela manuten- sao do preconceito contra as diversidades linguisticas, disseminando ainda mais a exclusdo social em nosso pais. que “o surdo tem oral’, tem a ver 's falares das va- A surdo Seguindo o viés dessa mesma crenga, ha quem pregue que © Ado aprende os contetidos escolares porque tem mais dficuldades av 0 ouvintes, Também irma gémea da crenga de que pobre tem mais ee dade de aprender do que rico, de que 0s bonitos sao mais ae ae °Sfeios e tantos outros absurdos. Tenho que cair no Ingat-cOnt™ 1” "eforcar. que nao se trata de dificuldade intelectual e sim de Hi oe — Portunidade de acesso a uma escola que reconhesa a5 € ' c 9 dos surdos, istcas; que promova acesso a lingua padrao: que, no cas —= Digitalizado com CamScanner 5B snag QUE LINGUA E ESSA? tenha professores proficientes na lingua de sinais; que permita a alfahey, zacao na lingua primeira e natural dos surdos... O uso da lingua de sinais atrapalha a aprendizagem da lingua oral? Errado. Esse era (ainda 6?) um pensamento muito disseminado Pe- los oralistas convictos. Ora, a falta de interesse dos surdos na aprendiza. gem da lingua majoritdria oral tem estado intimamente relacionada aos castigos e punigées que a histéria da educagdo dos surdos se encarrega de narrar. As atividades arduas, desgastantes e intensas das sessdes de “treino” para aprender 0 idioma contrastam com 0 prazeroso e natural uso da lingua de sinais pelo grupo. 0 uso dos sinais sempre germina no encontro surdo-surdo e essa realidade faz com que os profissionais te- mam pelo “progresso” de seu trabalho, ou seja, acreditava-se (acredita- se?) que o treinamento de leitura labial e da vocalizacao pudesse ficar completamente comprometido (Lane, 1984; Paden & Humphries, 1988; Sacks, 1990). Colada a essa crenga, est também a ideia de que uma crian- $a exposta a mais de uma Iingua em sua infancia poderia comprometer a aquisic40/aprendizagem de uma das linguas, em fungao das interferén- cias, trocas e mesclas lingufsticas. Essas caracteristicas, ao contrario do que se pensa, sao completamente naturais no repertério dos individuos bilingues, e muitos estudos que focam o fendmeno do bilinguismo descre- vem essa questio (cf, Grosjean, 1982; Romaine, 1995). As acées negativas quanto ao uso da estdo, em grande medida, atreladas aos se Muitos pesquisadores tém abolido a visio mente o inverso: é 0 ndo uso da lingua de si Vimento € a aprendizagem de outras lingua lingua de sinais estiveram e ‘guidores da filosofia oralista. exposta, ao afirmarem justa- inais que atrapalha o desenvol- 's pelo surdo. Considerando-se Digitalizado com CamScanner ©8800 59) itivas; afetivas e sociais dos seres hum; oe gt majoritéria deve ser pautada no ensino f¢ da escrita. O ensino da escrita para os surdos, a ormal e vevelmente, promovido na Tinga ht consenso entre especialista: de conhecimento e ao di Ingua de sinais nao é uti ‘anos, Enta Entao, a aprendizagem 'M sua mod; ali- Atretanto, tey 4 primeira de bre o fracasso ¢ ai envolvimento da linguagem aah ) ‘a como lingua de instrugao’ ad ™ que ser, Sinais. Atualmente ‘scolar em rel jndiscU pam aq uisich quando a a alunos que aprenddem 08 conceitos académicos ¢ as habilidades ¢ : : as habilidades mento em sua lingua nativa podem mais pronta e rapidamente tr le letra. meas habilidades para uma segunda lingua, porque werner lento esta aatrasado na lingua e esquema que eles compre : {981 apud La Bue, 1995: 207). Preendem (Cummings, 1979, O respeito a diferenga lingufstica do surdo lhe é garantido sé e se a educagao é feita em sua lingua natural. Todos os cidadaos devem ter o direito de ser educados em sua prépria lingua (Hornenberger, 1998). Mas aquestao é:a escola tem atuado de forma a garantir 0 acesso e o uso da lingua dos surdos, por exemplo, em seu ambiente escolar? O surdo precisa da lingua portuguesa para sobreviver na sociedade majoritéria ouvinte? Essa posigao foi defendida por uma professora de lingua portuguesa, de outras 4reas também compactuem com se pensarmos que nosso idioma asileira faz uso dele e embora muitos profissionais essa visio. Nao ha nada demais nisso, oficial é 0 portugués e que, em tese, a populacao brasilel de de suas variantes para poder ir e vir nas situagdes cotidianas (familia & cola, trabalho...). 0 que ha de errado coma asser¢ao, entao? Em an lugar, parece ficar velado um discurso em prol do ee 7 adiferenga e a heterogeneidade linguistica sao malvistas. Al ent : oa tocante & educacao dos surdos, a maioria dos eee ditar que a lingua oral seja o meio linguistico, io mal profissionais t relegando 0s rtd (1998) ¢ Botelho (1998) discor As obras de Fernandes (1989), Quadros re . ‘™ profundamente sobre essa questo. (1997a/b), Souza ad Digitalizado com CamScanner 60 uarase QUE incu € ESSA? revive” se lhe for trad ira em seus ambientes de convivig ce Ihes 0 proprio direito de cidadania, i Tirar deles esse eee pe “ sim, 0 mais coerente ioritdria ouvinte’, pois écom e através day, na sociedade maj ete sécome at mt nao sobrevive . que the 6 garantida a construgao ie cor entidade cultural surda (Pe do, aconstituisdo e 0 fortalecime! } 1988, 2000; Skliar, 1997)- a tem, sim, um papel fundamental na escolariza. a0 e na vida cotidiana do surdo, da coe ae de todas as criangas brasileiras. Entretanto, a fala exp’ ee que “o ano da lingua de sinaisatrapatha a aprendizagem do surdo 0a U8gua ma- joritdria oral” enaltece 0 desde sempre contexto i surdez, isto é, a énfase no ensino da lingua oral, geralmente ficando os sinais relegados ao plano inferior ou, ainda, nao aceitagao e a valorizacao da realidade bi/multi- lingue dos surdos. Afinal, bilingue nao é somente aquele que domina duas Iinguas orais de prestigio, como 0 inglés e o portugués, por 'exemplo. Os surdos vivem uma situacdo sociolinguisticamente complexa e sua condi- cao de individuos bilingues Ihes era negada por serem tratados como “de- ficientes’, expressando-se “em uma lingua que nao é reconhecida como lingua (a lingua de sinais) e em um portugués (escrito e oral) que nao atinge as expectativas impostas e desejadas por uma maioria ouvinte” (Gesser, 2006: 51). Para dar conta das questdes educacionais na formagao do surdo, inclusive aprendizagem da ifngua portuguesa em sua modali- a aa a légica praticada até entao nos d que precivam saber a anas : “Os professores ouvintes de criangas surdas para poderem educd-las” o surdo nao ‘so io. ano secundario. . sua Iingua prim direito tolher-} seria dizer que pl direito de usar A lingua portugues Todos os surdos fazem leitura labial? Digitalizado com CamScanner ©8900 61 jinguage™ como é a habilidade para o de. al d? is, POT exemplo. Essa é, entretanto, um, a nals, ag : A Muito rece ge si ates, € varios Surdos com quem converseirelainn oe 0 : . ent tas mais frequentes quando estao entre ouvint pers nals el ‘Senvolvime, nto da ling a creng by ne uma das les que no sabem 8: jatam qu mum primeiro contato, se sabem ler os labio: souvintes ficam desesperados quando vem fa ‘Entao nao sabem o que fazer ou o que dizer. p jeito de apavorado de alguns, Mas fico muito enfurecida quando me uncam a toda hora se eu sei fazer leitura labial... porque fico triste ye muitos nem sabem que o surdo usa lingua de sinais para se comuninn hependendo do meu humor, digo que sei ler os labios, mas tem situagdes que o a sinalizar em LIBRAS sem parar, e quando alguém fala a lingua comes . lingua oral comigo faco de conta que nao entendo nada (entrevista gerada em 2005) " Algun’ urd lar comigo e veem que sou Acho até engragadla olhar per de saber Ainda que a filosofia baa tenha predominado na educagaio dos surdos por muitos anos, ha uma variagao entre surdos mais habilidosos para leitura labial e outros nem tanto. Curioso, entretanto, é 0 jeito de- sengoncado dos ouvintes quando dependem dessa forma comunicativa para travar uma conversa com 0 surdo: articulam exageradamente as pa- avras, falam muito alto, quase gritando (nao esque¢am, os interlocutores sio surdos!), outras vezes soletram demasiadamente as letras e silabas... Essas situagdes remetem-nos, por exemplo, as imagens de um turista em um pais cujo idioma ndo domina (que grita e fala pausadamente o seu proprio idioma acreditando que o estrangeiro possa decifré-lo), Por outro lado, essa imagem, nao se pode negar, é também ilustrativa de como o ser humano busca formas para estabelecer a intera¢o com 0 outro. Uma ob- servacao importante: leitura labial € s6 um recurso utilizado em situagoes comunicativas emergenciais com os surdos, Se vocé interage frequente- mente com os surdos a lingua de sinais é indispensdvel! Relato feito em lingua de sinais e traduzido para o portugues: Digitalizado com CamScanner

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