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MINISTERIO DA EDUCACAO Secretaria de Educacdo Continuada, Alfabetizacio, Diversidade e Esplanada dos Ministérios, Bloco L, 2" andar - 70047-900 - Bras Gabinete: Fones: (61) 2022 9217 ¢ 2022 9018 - Fax: ( ) 2022 9231 Cireularn® 0. /2014-GAB/SECADVMEC Brasilia, 24 de junho de 2014. A (0) Senhor (a) Secretirio (a) Estadual ¢ Municipal de Educagaio Assunto: Orientagdes para a implementagio do Plano Nacional de Promogio, Protegao e Defesa do Direito de Criangas ¢ Adolescentes Convivéncia Familiar e Comunitiria (2006) € das Orientagies Téenicas ‘os de Acolhimento para Criangas ¢ Adolescentes (Resolugao conjunta Conselho Nacional de Assisténcia Social - CNAS € Conselho Nacional dos Direitos da Crianga e do Adolescente - CONANDA n°1/2009). Senhor (a) Secretario (a), 1 O Ministério da Educagao, por meio da Secretaria de Educagao Continuada, Alfabetizagao, Diversidade ¢ Inclusio (SECADI/MEC), em cumprimento aos dispositivos constitueionais, colabora com os sistemas de ensino ¢ exerce fungdo stributiva c supletiva, de forma a garantir a equali de_oportunidades educacionais e padrao minimo de qualidade do ensino mediante assisténcia técnica e financeira aos estados, municipios e Distrito Federal. 2. Nesse sentido, divulga 0 Plano Nacional de Promogao, Protegao ¢ Defesa do Direito de Criangas e Adolescentes Convivéncia Familiar ¢ Comunitiria (2006) ¢ as Orientagdes Técnicas: Servigos de Acolhimento para Criangas e Adolescentes (Resolugiio conjunta Conselho Nacional de Assisténcia Social - CNAS ¢ Conselho Nacional dos Direitos da Crianga ¢ do Adolescente - CONANDA n°1/2009). 3 Com 0 objetivo de orientar as Secretarias Municipais ¢ Estaduais de Educag2o na implementagdo desse Plano e dessas Orientagdes Técnicas, encaminhamos Nota Técnica n° 23/2014/CGDH/DPEDHUC/SECADI elaborada no ambito da Diretoria de Politicas de Direitos Humanos e Cidadania desta Secretaria, 4 Colocamo-nos & disposi¢o para informagdes complementares que se fizerem necessirias. Atenciosamente, Mende Macaé Maria Evaristo dos Santos Secretaria de Educagao Continuada, Alfabetizagao, Diversidade e Inclusio Ministério du Educagio Secretaria de Edueagao Continuada, Alfabetizagao, Diversidade ¢ Inclusio Diretoria de Politicas de Edueagio em Direitos Humanos e ‘Coordenacdo Geral de Direitos Humanos Nota Técnica n° 23 - CGDH/DPEDHUC/SECADUMEC Assunto: Orientagdes as secretarias municipais e estaduais de Educagio para a implementagaio do Plano Nacional de Promogdo, Protegdo ¢ Defesa do Direito de Criangas e Adolescentes & Convivéncia Familiar e Comunitéria (2006) e das Orientagdes Técnicas: Servigos de Acolhimento para Criangas e Adolescentes (Resolugo conjunta Conselho Nacional de Assisténcia Social - CNAS ¢ Conselho Nacional dos Direitos da Crianga e do Adolescente - CONANDA n°1/2009).. CONSIDERAGOES INICIAIS 1 © Plano Nacional de Promogdo, Protegdo e Defesa do Direito de Criangas e Adolescentes & Convivéncia Familiar e Comunitéria estrutura a politica de atendimento as criangas e adolescentes visando garantit seu direito a convivéncia familiar e comunitéria, Suas estratégias, objetivos e diretrizes esto fundamentados na prevengdo ao rompimento dos vinculos familiares, na qualificagdo do atendimento dos servigos de acolhimento e da rede de atengio e protegdo e no investimento para o retoro ao convivio com a familia de origem. Ja as Orientagdes Técnicas regulamentam a organizago e a oferta de Servigos de Acolhimento no émbito da politica de Assisténcia Social, em articulagaio com outras politicas basieas, como a de Educagio. 2 Os Servigos de Acolhimento sao voltados para criangas, adolescentes ¢ jovens até 21 anos em situagio de risco pessoal € social, cujas familias c/ow responsiveis encontram-se impossibilitados, de forma temporaria ou permanente, de cumprir com a fungiio de cuidados e protegao. De acordo com a Tipificagao de Servigos Socioassistenciais (Resolugdo CNAS n°109/2009), os Servigos de Acolhimento sio assim classificados: Servigos de acolhimento para criangas e adolescentes (0) a 18 anos): ‘io servigos que oferecem acolhimento provisério para criangas ¢ adolescentes afastados do convivio familiar por meio de medida protetiva (ECA, Art. 101), aplicada por autoridade judicial, em fungio de abandono ou cujas familias e/ou responsiveis encontrem-se temporariamente impossibilitados de cumprir sua fung3o de cuidado ¢ protegdo, até que seja viabilizado o retoo ao convivio com a familia de origem ou, na sua impossibilidade, o encaminhamento para familia substituta. Podem ser ofertados em diferentes modalidades: Servigo de Acolhimento Institucional (Abrigo Institucional e Casa-lar); = Servigo de Acolhimento em Familia Acolhedora. IL. Servigos de acolhimento para jovens (18 a 21 anos): Para jovens nessa faixa etéria que estdio em situagio de vulnerabilidade e risco pessoal ¢ social, com vinculos familiares rompidos ou extremamente fragilizados, sem condigdes de moradia e autossustentagao e desligados dos servigos de acolhimento para criangas © adolescentes, existe o servigo de acolhimento em Repiblica, que oferece ‘moradia subsidiada e acompanhamento técnica. O servigo deve ser desenvolvido em sistema de autogestiio ou cogestdo, possibilitando gradual autonomia e independéncia de seus moradores e 0 atendimento deve apoiar a qualificagdo, insergo profissional e a construgdo dos projetos de vida dos jovens. 3 A Educag&o figura tanto no Plano Nacional quanto nas Orientagdes Técnicas como parte integrante da rede de atengo ¢ protegdo dos direitos infantojuvenis, devendo garantir a escolarizagio (acesso, permanéncia e sucesso escolar) plena das criangas e dos adolescentes em situago de acolhimento. ANALISE TECNICA. 4. Como normativa, o Plano Nacional aponta responsabilidades e desafios para a Educagao, que foram reforeados pela Carta de Constituigdo de Estratégias em Defesa da Protegdo Integral dos Direitos da Crianca ¢ do Adolescente’, assinada, em 2013, por érgios do Executivo Federal e do sistema de Justiga e com diretrizes e ages a serem executadas até 2015. A Carta de Estratégias prevé a elaboragiio de orientagdes aos sistemas de ensino a fim de subsidié-los no Ambito da escolarizagao das criangas € adolescentes em situagio de acothimento. 5. Para tanto foi constituido um Grupo de Trabalho formado por representantes do Ministério da Educago (MEC), do Ministério do Desenvolvimento Social (MDS) e da Secretaria de Direitos Humanos da Presidéncia da Repiblica (SDH), que utilizaram como subsidios os dados do iiltimo Censo SUAS/2013; do Cadastro Nacional de Criangas e Adolescentes Acolhidos (CNCA), do Conselho Nacional de Justiga (CNJ) e 0 Relatério de Inspeges do Ministério Pablico, sistematizado pelo Consetho Nacional do Ministério Publico (CNMP). A andlise conjunta dos dados indicou a necessidade de melhor quantificar e qualificar as informagdes sobre 0 nivel de escolarizagiio das criangas ¢ adolescentes em situago de acolhimento. No entanto, os dados preliminares oferecem um importante diagndstico sobre a situagdo escolar desse piiblico capaz.de orientar a politica de Educagao. Sao eles: 1. Baixa escolaridade das criangas ¢ adolescentes em acolhimento institucional (casas-lares e abrigos); 2. Abandono escolar das criangas € adolescentes, sobretudo nas faixas etdrias mais avangadas; 3. Pouca interlocugio dos servigos de acolhimento com as escolas e consequente falta de acompanhamento por parte dos responsaveis legais ¢ cuidadores do processo de escolarizagao dessas criangas, adolescentes e jovens; 4, Dificuldade de matricula a qualquer tempo por parte dos sistemas de ensino - principalmente levando-se em conta que com a aplicag3io da medida de acolhimento ¢ quando da integrago familiar, eventualmente se faz necessaria a mudangas de escola; * htto://wwrw.sdh gov br/assuntos/criancas-e-adolescentes/carta-de-constituicao-de-estrategias 5. Auséncia de diagnéstico preciso sobre escolaridade das criangas e adolescentes em situagio de acolhimento institucional e de projeto pedagogico especifico para esse publico. 6. A partir da anilise dos dados do diagnéstico preliminar apontado, 0 Ministério da Educagdo estabeleceu as seguintes premissas que devem ser observadas para a garantia do direito a educagdo das eriangas e adolescentes em situagao de acolhimento: 1, Garantia e reconhecimento da Educago de qualidade como fator de atengio € protecdo para criangas e adolescentes em situagdo de acolhimento e, portanto, do papel da escola no Sistema de Garantia de Direitos; 2. Intersetorialidade das politicas pablicas bisicas de atengao e protegdo, em especial da Edueagao, como condigio para a qualidade do atendimento as criangas e adolescentes em situagdo de acolhimento; 3. Condigao peculiar da crianga e do adolescente em situagao de acolhimento a ser considerada no projeto politico-pedagogico da escola e no acompanhamento escolar desses estudantes. 1: Baseado no diagndstico e nas premissas apresentadas e considerando que a eventual recusa de matricula e/ou no atendimento as necessidades educacionais desses estudantes fere a Constituigdo Federal e o Estatuto da Crianga e do Adolescente, © Ministério da Edueagdo sugere as secretarias municipais ¢ estaduais de Educagdo os seguintes pardimetros para ages no dmbito dos sistemas de ensino: 1. Garantir a matricula a qualquer tempo, a transferéncia, a certificagaio € a documentagaio das criangas e adolescentes em situagtio de acolhimento em nivel/etapa/modalidade adequada faixa etéria e trajetéria escolar; Garantir a permanéncia da crianga e/ou do adolescente na mesma escola em {que estudava antes da medida de acolhimento, desde que seja a melhor opgao para sua protegiio © convivéncia comunitiria. Caso haja necessidade de mudanga, que seu ingresso na nova escola seja feito de forma imediata pelo servigo de acolhimento; 3. Garantir transporte escolar para as criangas e adolescentes em instituigdes de acolhimento, facilitando seu deslocamento para a escola, seja ela proxima ou afastada do servigo de acothimento; 4, Alinhar a escolarizago das criangas ¢ adolescentes em situagio de acolhimento com 0 Plano Individual de Atendimento - PIA? Como ago interdisciplinar, a escola precisa participar da elaboragtio do PIA daquele estudante, em parceria com o servigo de acolhimento; 5. Melhorar efou estabelecer fluxos intersetoriais para acompanhamento da escolarizagdio das criangas e adolescentes em situago de acolhimento, em especial com os érgios da Assisténcia Social (Centro de Referéneia da * De acordo com as Orientagdes Téenicas: Servigos de Acolhimento para Criangas e Adolescentes (CNAS © CONANDA n° 01/2009), © PIA € 0 Plano onde constam objetivos, estratégias ¢ agdes a serem desenvolvides tendo em vista a superagio dos motives que levaram ao afastamento do convivio © 0 atendimento das necessidades especificas de cada situagdo em que se encontra a crianga e o adolescent Deverd ser elaborado tio logo 0 individuo seja acolhido, com a participagdo do Conselho Tutelar e, ‘sempre que possivel, com a equipe interprofissional da Vara de Infancia e Juventude. Assisténcia Social - CRAS, Centro de Referéncia Espe izado da Assisténcia Social - CREAS, érgio gestor da Politica de Assisténcia Social do municipio, coordenagdo dos servigos de acolhimento, entre outros) e os Conselhos Tutelares; 6. Garantir que as escolas nos municipios que registram servigos de acolhimento no Censo SUAS implantem programas do MEC, tais como: Mais Educagio, Mais Cultura nas Escolas, Atletas na Escola, Ensino Médio Inovador, Programa Nacional de Acesso ao Ensino Técnico e ao Emprego - Pronatec, ProJovem (para aqueles entre 18 ¢ 21 anos) e educagao especial inclusiva (caso haja necessidade de atendimento edueacional especializado); 7. Garantir que as criangas e adolescentes em situag3o de acolhimento tenham prioridade no acesso aos programas descritos acima nas unidades escolares (sua insergiio nas turmas especificas dos programas), mantendo sua participago mesmo apés a reintegracao familiar; 8. Definir departamento, geréncia ou unidade nas Seducs, com profissional responsavel, para acompanhamento das criangas ¢ adolescentes em situagao de acolhimento e sua matricula e frequéncia escolar; 9. Promover o acompanhamento dos coordenadores dos servigos de acolhimento ou das familias acolhedoras na escolarizagio das criangas © adolescentes em situagdo de acolhimento; 10. Solicitar aos servigos de acolhimento, sempre que possivel, toda a documentago referente & vida escolar da crianga ou adolescente em situagdo de acolhimento (boletins, matriculas / declaragdes das escolas onde estudou, conjunto de trabalhos pedagégicos etc) a fim de que a escola possa considerar essa especificidade em seu projeto pedagogico: 11, Orientar as escolas a elaborarem 0 diagnéstico escolar das criangas adolescentes em situag#o de acolhimento para fins de planejamento e acompanhamento pedagégico: 12. Fomentar a interlocugdo permanente da escola junto ao servigo de acolhimento, com a supervisto/apoio do profissional/area das Sedues responsivel pelo tema, a fim de estabelecer a proposta pedagézica © os programas educacionais prioritérios, bem como o acompanhamento escolar para as criangas ¢ adolescentes em situago de acolhimento. 8. Para melhor orientar os parimetros sugeridos acima, 0 Ministério da Educagao disponibiliza’ a relag3o dos municipios que registram servigos de acolhi no Censo SUAS, bem como os respectivos enderegos das unidades, a fim de que as Sedues possam cruzar com as escolas existentes no entorno dos servigos e, assim, direcionar a implementago dos programas do MEC listados acima. & O MEC ainda cruzou os dados de faixa etaria das criangas e adolescentes acolhidos, segundo 0 Censo SUAS 2013, com os ciclos do ensino bisico, de acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais Gerais para a Educagdo Basica (Resolugio A relagio dos municipios com servigos de acolhimento, segundo 0 Censo SUAS, esta alocada no Repositério de Arquivos do MEC e pode ser acessada seguindo-se 0s passos abaixo, Os servigos nao ‘to identificados publicamente para se evitar a exposigfo das criangas e adolescentes. Assim, recomenda- se que somente as gestores ou técnicos autorizados por eles acessem o cadastr. 1° entrar no enderego: ramec.mec.gov.bt 2°. logar wilizando como nome de ususirio: convivenctafamiliarmec e senha: egdhmee 3°- localizar a pasta nomeada SECADI 4° - nesta pasta localizar o arquivo nomeado Censo SUAS 1°4/2010), elaboradas pelo Conselho Nacional de Educagio e homologadas por esse ministério, © objetivo é facilitar 0 atendimento, a elaboragio dos projetos politico pedagégicos ¢ 0 acompanhamento escolar das criangas e adolescentes em situagio de acolhimento, sobretudo considerando-se seu elevado grau de defasagem escolar ¢ a necessidade de corregdo do fluxo escolar. Faixa etéria Numero criangas, adolescentes ¢ jovens até 21 anos em Servigos de Acolhimento (Censo SUAS iclos de ensino = 2013) _ ‘Oa anos 4275 3a 5 anos 3812 Ensino infantil — creche € seola 6a Il anos 10350 Ensino fundamental anos iniciais 12a 13 anos 3147 Ensino fundamental anos | see finais 14a 15 anos 4609 Ensino fundamental anos finais Ensino médio 16a 17 anos 3594 Ensino médio EJA —Edueagao de Jovens e Adultos (para | ensino fundamental) 1821 anos 766 EJA— Educagio de Jovens e Adultos (para ensino médio) Ensino profissional e tecnol6gico (formagao inicial e continuada ou qualificago profissional, de nivel médio, de graduaco) Ensino superior (ndo faz. parte do ensino basico, mas pode contemplar parte do piblico do acolhimento) CONSIDI ERACOES FINAIS 10. A educagio € um direito constitucional que deve ser garantido a todas as criangas e adolescentes, independente de sua condigio pessoal ¢ social. Assim, a oferta de matricula, a claboragio de projetos politico-pedagégicos e 0 acompanhamento escolar as criangas e adolescentes em situagio de acolhimento devem ser prioridades dos sistemas de ensino. Como parte da politica de qualificagao da oferta de educagio. para o pill infantojuvenil, sobretudo daquele em situago de vulnerabilidade, a SECADI/MEC dispée de cursos de formagio continuada nas modalidades de extensio, aperfeigoamento e especializagdo para os profissionais da educagio basica — 0 curso Escola que Protege, voltado especificamente para a garantia de direitos de criangas adolescentes e que inclui a temética da “convivéncia familiar e comunitéria” em sua ementa. Os cursos sto financiados pelo ministério e executados por Instituigdes Piiblicas de Ensino Superior por meio da Rede Nacional de Formagio Continuada dos Profissionais da Educagio Basica do Ministério da Educag4o — Renafor. i Por fim, a SECADI se coloca a disposig2o para apoiar tecnicamente as secretarias municipais e estaduais de Educagio no estabelecimento de propostas & estratégias de atendimento em escolarizacao para esse piblico, tendo como referéncia 0 Plano Nacional ¢ as Orientagdes Técnicas. Brasilia, de junho de 2014. Fedo Waray de xs FABIO MEIRELLES HARDMAN DE CASTRO Coordenador Geral de Direitos Humanos. CGDH/DPEDHUC/SECADI/MEC De acordo. Brasilia, de junho de 2014.

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