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A Gest&o da Qualidade Total e a reestruturagéo industrial e produtiva: um breve resgate historico Felipe de Faria Monaco! ‘Adriana Fabricia Machado de Mello” Resume Neste artigo, apresenta-se um breve resgate histérico sobre 0 mo- delo de Gestio da Qualidade Total (GQT) em meio a um contexto mareado pela reestruturagdio industrial e produtiva, Em termos me- todolégicos, buscou-se respaldo num resgate teérico por intermédio dda pesquisa bibliogrifica em fontes secundirias com abordagem qualitativa, O modelo japonés é uma jungio dos prineipios tayloris- tas e das tradiges culturais japonesas, Nas organizagSes brasileiras, a GQT tem sido aplicada como uma ferramenta de administragiio para a solugdo de problemas e aumento de eficigneia e produtivi- dade, Nao obstante, nas tltimas décadas, o ambiente organizacional vem soffendo transformagtes em virtude de um contexto mareado pela reestruturagao industrial e produtiva, Entre as mudangas, es- {io os grandes avangos tecnolégicos, a antomagio industrial e dos ambientes de trabalho, o desenvolvimento da robética e da micro- eletronica, Em sintese, no ambiente organizacional brasileiro, os modelos de GQT esto sendo difindidos como uma panacéia, po- rém os desafios e as limitagGes a sna efetiva implementago podem ser observados nas organizagdes brasileiras em raziio de abstaculos culturais e do ‘eitinho brasileiro” de administragao. Palavras-chave: Qualidade Total, Administrago de Recursos Humanos, Reestruturagio industrial e produtiva Face, Unaese, v6.9.1, 9. 726,jandun. 2007 Zz Mestre em Admtnistrayto pela CPGA UTS; alist de Recitsos Hurranor ~ Badese, pofessor de Pose ‘eraduagso em Gestto de Revarsos Humanos na Unoess; professordecministagio Geral c Reersox nanos na Urivall e no Cesute; Universidade do Vale do Tigi, Centro de Eduoagie Superior VI, Sho José, SC; Rodovia SC 407, Estrada Geral de ‘a0 Fedro, Kin 4, sia, Vagem do Marvin: CEP 88122000; telefone (48) 32811500; felipemonaco@ hota. com “Bolsista de Iniciagio Cientifiea do Programa Antigo 170 — Unival pesquisudora do Nuteg — Curso de Aduisistragdo - Unival. Felipe deFana Manoco,Achana Fabricie Machado de Melo LINTRODUCAO. ‘Nas ultimas décadas, a informagiio e o conheci- ‘mento passaram a ser componentes importantes para © desenvolvimento das omanizagtes ¢ da sociedade. Numa velocidade até entiio desconhiecida, a tecnolo- gia esta cada vez mais a servigo das organizayies que possuem competéneia para utilizi-la de maneira ade- quada a sua realidade e proporcionar estratégias de sobrevivéncia num mercado hipercompetitive (DRU- CKER, 1996). A preocupayao com a gestio da qualidade esta crescendo cada vez mais e, inevitavelmente, atingira todos os setores da economia, nos proximos anos, As ‘empresas, por sua vez, introduzem novas tecnologias de gestio que tém produzido transformagées diretas sobre a Administragdo de Recursos Humanos. Nesse contexto, insere-se a Gestito da Qualidade Total, uma técnica de administrago em que se busca elevar os padrées de competitividade das empresas mum mer cado globalizada O mercado muda rapidamente, apresentando qzau de incerteza cada dia maior, aliado a um ni- vel crescente de exigéneia por parte dos consumi- dores, Nesse cenirio, os programas de Gestiio da Qualidade Total aparecem como uma panaegia para a sobrevivéncia das empresas, visto que na grande maioria dos casos, com a implantagio desses pro- gramas, busea-se um maior nivel de capacitagio das pessoas ¢ adaptabilidade dos recursos lnumanos diante das mutagdes do mereado. Do mesmo modo, a introdugio de programas de Gestio da Qualida- de Total desencadeia inevitavelmente mudangas no comportamento, no modo de pensar das pessoas ¢ nna telagio da organizagiio com o meio ambiente, gerando transformagées de ordem social e cultural dentro das organizagées. Surgem, também, incerte- zas quanto a condigio de adaptabilidade das pessoas aos instrumentos da qualidade e do proprio papel a ser desempenhiado pela Administragio de Recursos Humanos. Conforme Ruas ¢ Antunes (1997), Albuquer- que e Franga (1998) e Monaco e Guimarties (2000), a possibilidade de ampliapdo da discussio acerca da qualidade concretiza-se medida que se constatam muitos estudos publicados sobre gestio da qualidade, ‘mas a maioria no se preocupa em esclarecer como. a implantagdo desses programas exerce influéncia na gestdo de recursos humanos. Diante do exposto, busca-se, neste artigo, apresentar um resgate tedrico acerca do toyotismo ¢ da gestio da qualidade num contexto marcado pela reestruturag%io industrial e produtiva 2 METODOLOGIA Neste artigo, busca-se respaldo num resgate te- 6rico, pois o intuito ¢ a apresentagao de um quadro te6rico de referéneia para uma maior compreensdo do ‘tema (GIL, 1991). Parte-se de uma etapa exploratoria de pesquisa que envolve a realizagio de estudos bi- Dliogréficos para a elaboragiio de um quadro teérico de referéncia que permita a compreenstio e a deseo- berta de novas idéias sobre 0 assunto, especialmente no que se refere ao toyotismo e & gestio da qualidade num context mareado pela reestruturaydio industrial e produtiva. Em se tratando de uma proposta de construgtio ‘eérica, uliliza-se a abordagem qualitativa de pesqui- sa, Segundo Richardson (1999), a pesquisa qualitati- ‘va proporciona ao pesquisador a possibilidade de uma visto mais ampla e substantiva em relagtio ao objeto de estudo, Os dados coletados sto oriundos essencial- mente de fontes secundarias, Foram coletados dados secundérios por meio de consulta em livros, anais de eventos e revistas especislizadas no ambito da litera ‘ura nacional sobre o tema. 3 RESGATE HISTORICO: UM ENFOQUE NAS. ERAS DA QUALIDADE, Segundo Garvin (1992) e Ballestero-Alvarez (2001), a qualidade sempre foi uma das grandes pre- ocupagies dos seres humanos. Apesar disso, o que Roce, Joagaba, 8," 1,p. 7-28 jn fun. 2007 hoje se entende e se aplica como coneeito de quali- dade € muito diferente do conceito empregado por antepassados primitivos. Nos séculos XVIII ¢ XIX, ‘a concepedio de qualidade, bem como seus controles, diferia muito em relagdo aos sistemas sofisticados de controle da qualidade praticados atualmente nas oxga- nizagdes. De acordo com Maximiano (2000, p. 82), “[..] a historia da administragao da qualidade total confiunde-se com 2 historia do modelo japonés de ad- ministragao.” O modelo toyotista on modelo japonés uma jungdo dos principios e téenieas da Qualidade ‘Total, da administragdo cientifica taylorista e das tra- digdes culturais japonesas. No inicio, em meio a um contexto caracteriza- do pela ulilizago do sistema manufatureito, quase indo era fabricado por artestios e artifices habilita- dos ou por trabalhadores experientes ¢ aprendizes sob a supervisio dos mestres de offcio. Conforme Maximiano (2000), antes do periodo industrial, © gerenciamento da qualidade baseava-se em dois prineipios: a inspegdio dos produtos pelo consumidor eo conceito de artesanato, em que os compradores confiavam na arte e genica de artestios treinados experientes Conforme Garvin (1992), Caravantes (1997) ¢ Maximiano (2000), o desenvolvimento da qualidade caracteriza-se nas seguintes eras: Era da inspegiio for- mal, Era do controle estatistico do processo, Era da garantia da qualidade e Era da gestio estratégica da qualidade 3.1 ERA DA INSPEGAO FORMAL Com a Revolugiio Industrial ¢ a consolidagiio. do sistema fabril, surgiram estratégias adicionais, tais como as especificagies e as mensuragbes escritas, os instrumentos de medigao e os laboratérios para testes @ padronizagao. A era da inspegao formal surgin com © aparecimento da produgao em massa ¢ a necessida- de de pegas intercambiaveis ‘Nessa época, consolida-se o sistema tayloriano- fordista que se caraoterizava num: Fees, Joagaba,v 6m 1, p.7-25, jn Jun 2007 | Gestio do Qualdade Total ea reestrtirazia industri © produtya Ll métody de rasiondizar « rodupio, Togo, de possbiitar © aumento da produsvidade do trabalho ‘economizande tempo’, suprimtine do gertoe desnecesririos ¢ connportamentos supathios no interior do process progutvs BAGO; MOREIRA, 1988, p. 10) Esse sistema proporcionon o aperfeigoamento da divisio social do trabalho e a introdugiio do siste- ma fabril, assegurando definitivamente o controle do tempo de operagaio do trabalhador. Parfindo dessa mesma concepgao, Ford buseon © aumento da produtividade e racionalizagao do tra bbalho por meio da racionalizagiio da prodngéo, Para Faria (1992, p. 72): [1 enquanto Taylor buscava a obten- {0 de rendimentos intensvs através do estudo da decomposigao. do trae batho, Ford busca 2 dispose dos ‘emmpregados em ordem de operagses, pareslando ¢ wabalho em etapas sue Sessivar € seqensiais. no que feo sonkeside come linha de monger, As contribuiges de Taylor e Ford, para obten- gdo de ganhos de produtividade e redugdo dos custos, siio indiscutiveis, mas, por outro lado, a pressio sobre os trabalhadores para aleancar a eficiéncia maxima iio deve ser esquecida, Para Ballestero-Alvarez (2001), as primeires ages reais desenvolvidas no sentido da qualida- de surgem nos Estados Unidos, em 1920, Em 1922, Radford publica The contro! of quality in mareufze turing, procurando abordar alguns prineipios de qua- lidade centrados principalmente na inspegdo. Em 1924, a Western Electric Co. cia um Departamento de Engenharia e Inspegio que, posteriormente, iria ve tomar um Departamento de Garantia da Qualidade dos Laboratérios Bell. Do ponto de vista do controle de qualidade, aprin- cipal conquista foi a eriagio de um sistema racional de medidas, gabaritos ¢ acessérios, Contudo, os produtos ainda eram inspecionados um a um, fazendo com que ainspegiio encontrasse os defvitos, mas nélo produzisse qualidade preventivamente, Nessa época, o controle da qualidade era feito apenas por inspegao final, em que ram separados o8 prodntos bons das defeitoses. Felipe deFana Manoco,Achana Fabricie Machado de Melo 3.2 ERA DO CONTROLE ESTATISTICO DO PROCESSO Com a expanstio do comércio eo aumento da tecnologia, conceitos ¢ ferramentas adicionais foram inventados a fim de assistir o gerenciamento da quali- dade. Os principais sao a verificagdio por amostragem eas garantias de qualidade nos contratos de venda. Com a verificagio por amostragem, cria-se um depar- tamento especializado no controle de qualidade e na localizagao de defeitos. Conforme Maximiano (2000) e Ballestero- Alvarez (2001), por volta de 1924, foram introdu- zidos, por W. A Shewart, procedimentos estatisticos para controlar os processos produtivos, por intermé- dio da aplicagtio de carias de controle e amostragens colhidas ao longo da produco. A produgio em massa rion a necessidade de pegas e componentes padroni- zados em larga escala, fazendo com que a inspegao 100% se tornasse invidvel e, muitas vezes, impossivel de ser executada, Por esse motivo, a partir de 1930, passou-se a adotar a inspeyao € amostragem ao lon- go do proceso produtivo. Fm 1931, W. A. Shewhart publica Eeonomtic control of quality of manaifactured product, attibuindo, pela primeira vez, eunho cienti- fico aos estudos da qualidade. Foram, entdo, eriados métodos para amostragem © grificos de controle de provessos para assegurar a qualidade do produto final A inspegio no foi abolida, mas ficou limitada a pe- quenas amostragens do todo. 3.3 ERA DA GARANTIA DA QUALIDADE, Abrangeu quatro novos elementos, que sifo: og custos da qualidade (Juran), o controle da Qualidade Total (Feigenbaum), a engenhasia de confiabilida- de e o defeito zero. De acordo com Slack (1996) & Ballestero-Alvarez (2001), Crosby acreditava que a filosofia de zero defeito reduziria o custo total da qua- lidade. Para disseminar sua filosofia, institui 14 prin- © exeoupdo no processo de trabalho. Aparéncia porque a consepsie efetiva dos prodtos, a de- isto do gue e de como produzir nao pertence 0s ttbalhadores, (ANTUNES, 1995, p. 34, srifo dy ator), Para Coriat (1994), o sistema japonés baseia- se em dois pilares: a auto-ativagio, por um lado e o metodo just i fime, por outro. O principio da au- tonomagao ¢ uma jungio de duas palavras: autono- mia e automagao. “A iddia sendo aqui a de dotar as maquinas automaticas de certa autonomia, a fim de introduzir um mecanismo de parada antomatica em caso de funcionamento defeituoso.” (CORIAT, 1994, p. 52). No método just in time, desenvolve-se “[..] a idéia de criar um sistema onde o proprio trabalhador ‘buscaria suas pegas no posto de trabalho, em oposigo ao principio fordista em que o trabalador aguarda as peyas que Ihe vém do comego da cadeia.” (CORIAT, 1994, p. 55). Com isso, torna-se possivel descentra- lizar ao menos uma parte das tarefis do processo de controle de fabricagto e, por outro lado, essa extenstio petmitiu integrar as tarefas de controle de qualidade dos produtos as préprias tarefas de fabricagtio Dessa maneira, so introduzidos og prineipios da desespecializagio e polivaléncia operiria, con- duzindo a reintegragao da gosto da qualidade 20 proprio local de trabalho. Conforme Coriat (1994), a utilizagio de estratégias de destmigtio dos saberes operirios vem acompanhiada de uma ruptura com as priticas tayloristas de decomposigio do trabalho em ‘movimentos elementares. Essa desespecializagao dos profissionais acaba transformando-os de operirios parcelares em plurioperadores (profissionais poliva- lentes e trabathadores multifineionais), Por tras des- Fees, Joagaba,v 6m 1, p.7-25, jn Jun 2007 | Gestio do Qualdade Total ea reestrtirazia industri © produtya ses principios, pretende-se controlar os limites ¢ © escopo do saber e da qualificago dos operitios, com © intento de reduzir o seu poder sobre a produgao & aumentar a intensidade do trabalho. Portanto, o objetivo do método japonés de pro- dugio consiste na ideia de separar a produgto unifor- me em grande escala de produtos, abrindo uma nova ‘via a um conjunto ce métodos que petmite a producto em alto volume de produtos diferenciados. “Assim, a regra € efetivamente pensar pelo avesso — partindo do mercado para garantir permanentemente a adapta- bilidade da empresa A mudanga.” (CORIAT, 1994, p. 7, No entanto, todo esse cenarie nfo se construiu em vio. Segundo Chesnais (1996, p. 304): [1 aconjuntura mundial dos an0s 90 apresen a, pois, a8 cirntarstieas de uma deprossio sedi longa, [J A destmigdo de postos de trabalho, mito superior 4 exapao de novos ‘mipregos. nao & s6-uma espécie de fatalidade stride tecnologia’ cm simesma. Flaresul- (a, pelo menos em igual medida, da mebilidade 2 apao quase fetal que o capital industrial re= cuperon, para investire desinvesir a vontade, “em casa" uno esrangeite, bm como da ibe> ‘aizago do comérsio iternacinal Egse fato acontecen ao mesmo tempo em que as corporagdes viram-se com muita capacidade ex- cedente inutilizivel (principalmente fibricas € equi- pamentos cciosos) em condigées de intensificagao da competigao. Isso as obrigou a entrar num periodo de racionalizagio, reestruturactio ¢ intensifieagio do controle do trabalho para conseguirem acompanhar os niveis de competigsio mundializados. Dentro desse cendtio, segundo Harvey (1993, p. 139) [ol a mudanga teenolégice, a automapao, a ‘busen de novas tina de produ « nichos ds rmervade, a disperse geourfiea para zonas de controle do tabalho mais Fel, sfasses eme- ‘dae para acelerat 0 tempo de giro do capital paaram ao primeira plano das esvatéeias cor- poratvas de sobzevivensia, E nesse contexte que o toyotismo encontra es- ago para sua coneretizagio, pois: Felipe deFana Manoco,Achana Fabricie Machado de Melo [1] a aamaulapio flesiva,[.] 8 apsia no fl Xibiidade dos prosessos de trabalho, dos mer~ clos de trabalho, ds produtos © pades de ‘onan. Carasteiza-se pelo surgimento de ‘lores de produgtointiramente novos, vas smunciras de fomecimento de servigos finan csdtos, novos mercados ¢, sobretudo, taxas al+ famente intensifeadas de inovngio comercial, twonoligicas © orgarizaciona. (HARVEY, 1983, p. 140). Entretanto, outro fato que nao pode ser deixado de lado ¢ 0 movimento do emprego rumo ao chama- do setor de servigos, bem como a descentralizagiio de conjuntos industriais para regiSes completamen- te novas € alé entio subdesenvolvidas, Isso se deve ao fato da presto por mudanga estar acompanhada de um maior interesse pelos paises emergentes. Por outro lado, as condigdes empresariais desfavoraveis inibem os investimentos nos paises desenvolvidos, como a maturidade dos mereados, o acirramento da concorténcia, o custo da miio-de-obra e a presstio do movimento ambientalista (WOOD JUNIOR, CAL- DAS, 1998). Essa migragiio para regides, até entio pouco exploradas, deve-se ao fato do que Harvey (1993) chama de “eompresstio do espago-tempo”, que surge principalmente em virtde da facilidade da comuni- cagiio veloz e em tempo real, via satélite, e da queda dos custos de transportes, que possibilitam cada vez mais a difistio imediata dessas decis6es num espa 0 de tempo cada vez mais curto. Negroponte (1995) complementa observando que, na era da informagao, as onganizagées esto cada vez menos preooupadas com a relagiio espago-tempo, visto que as pesso- as podem morar e trabalhar num tinico local ou em lugares diferentes, e © conceito de enderego adquire novo significado. Kurz, (2005) entende que o conceito de tempo na atualidade enseja uma dinamica que ex- plicita um profundo mal-estar da modemidade, visto que o tempo de trabatho é tempo sem liberdade, um tempo impingido ao individuo em proveito de um fim tautoligico que the ¢ estranho, determinado pela dita dura das unidades temporais abstratas e uniformes da producdo capitalista. Além disso, esa mesma légica da economia do tempo cinde o ganho obtido da trans- formagao do tempo livre sum tempo de consumo ¢ “cio criativo”. O que se espera € mais tempo livre para todos ao invés da acelerago da massificagio do ‘tempo ocioso e o desemprego estrutural de massas. Harvey (1993, p. 140) acredita que essas novas facilidades de comunicagao. tiexibilidade emobilidade petmitem aos empregadores exercerem “{...] presses mais fortes de controle do trabalho sobre uma forga de trabalho de qualquer maneira enfraquecida.” Essas ‘ransformagées acabaram refletindo no mercado de trabalho, que passou por uma radical reestruturagdo. Nesse contexto, a globalizaciio acaba sendo utilizada, como uma palavra designada para descrever um fend- meno, caracterizado por um poder magico, que suscita nas pessoas a rlog#o de uma politica contra a qual no hid resist@ncia possivel. Como destaca Rifkin (195), © processo de globalizagio trouxe melhorias nas eon- digdes de vida para muitas pessoas, mas ao mesmo ‘tempo muitas outras esto sendo vitimas dela. 6 CONCLUSAO Os seres hnmanos sempre se preocuparam com a qualidade, contudo © gerenciamento da qualidade surge mais precisamente quando artesSes aplicam 0 conceito de inspeedo aos produtos. A aplicaedo da inspegito proporcionou 0 aperfeigoamento da diviséo social do trabalho e o aparecimente do sistema fabril — assentado nos prineipios tayloriano-fordistas de or- ganizagiio e gestiio do trabalho —, trouxe uma maior preocupayio das empresas no sentido da aplicagio de métodos de racionalizagio da produgiio, logo possi- Dilitou o aumento da produtividade do trabalho, eco- nomizando tempo, suprimindo gastos desnecessitios ¢ comportamentos supérfiuos no ambito do processo produtivo, Do ponte de vista do controle da quatida- de, a principal mudanga foi a etiagdo de um sistema racional de medidas ¢ téenicas para o controle da Qualidade Tota Entre as décadas de 50 ¢ 70, Eiji Toyoda e ‘Taiichi Ohno coneluiram que o sistema tayloriano~ fordista nfo estaria adequado @ dinfmica de funcio- Roce, Joagaba, 8," 1,p. 7-28 jn fun. 2007

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