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TALAO DE REPOSICAO Titulo: UMA VIDA EM CONCERTO. Autor: Helena Sé e Costa Colecgao: Fora de Colecsa0/70 Cédigo: 1.90.070 ISBN: 9726103967 Cédigo de Barras: 9789726103967 Prego de capa c/ IVA Factura N.°__ Data Distribuic&io: ECL—Empresa de Comércio Livreiro, SA R.D. Manuel Il, 33 - 5.° - 4050-345 PORTO Estrada da Beira, 288 - 3030-173 COIMBRA Rua Sarmento de Beires, lote 46 R/C - 1900-411 LISBOA A Grande Via Introdugao as Memorias de Helena Sa e Costa Quando os editores deste livro me pediram que 0 completasse com potas musicolégicas & margem do texto, senti-me ao mesmo tempo obrigado e perplexo. Obrigado, pela grande admiragao que tenho pela pianista, pela mestra e pelo ser humano, excepcional a todos os titulos, que Helena Costa 6. Perplexo, porque a proposta tinha um risco que eu go desejaria, por nada deste mundo, correr: 0 de poder prejudicar, em vez de beneficiar, a leitura do texto principal. Por via de regra, 0s livros de memérias bastam-se @ si proprios. Séo atraentes pela soma de informagdes que contém sobre a vida, a época e as ideias de quem escreve; € Sdo-no tanto mais quanto mais simples e comunicativo for 0 telato - por outras palavras, quanto mals agradavel for a leitura. Ora, sobrecarregar 0 leitor com uma multidéo de notas de rodapé poderia, na melhor das hipoteses, tornar 0 livro mais douto, mas torné-lo-ia com certeza mais massudo. A partida, parecia-me mals sensato reunir numa Introdugéo 0 que quer que fosse indispensavel para esclarecer ou aprofundar as passagens mals dificeis de entender por leitores pouco integrados no mundo musical das salas de concerto dos séculos passados. Foi nesse sentido que fiz uma contraproposta aos editores, que aceitaram imediatamente e me enviaram o texto das memorias, Ne Volta do correio, Lito e reli-o, munido de lapis para anotar as passagens que, em meu entender, lucrariam com uma prévia abordagem im da primeira leitura tinha destacado um s6 periodo, s palavras do mesmo period. O periods ¢a0. As palavras sublinhad; J6gica. Nc nda leitura sublinhei du mus Nase aa destacado deu-me matéria para a Introd deram-me o titulo ‘odo em questo est incluldo no capitulo intitulado “Paris e Bach” 1al Helena Costa relembra os Concertos para 2 © 3 cravos ¢ stra de Johann Sebastian Bach que ela e outro discipulo de Edwin her tocaram (a0 piano) a seu lado e sob a sua direccao, em Paris noano de 1938. Tece, nesse capitulo, consideragoes interessantissimas sobre a personalidade do grande cultor de Bach que Fischer era e sobre a sua taiva aos puristas que repudiavam tudo o que se afastasse dos usos correntes na época da obra—a comegar pelo piano e a acabar “no que diz respeito ao pedal, colorido, sentimento e concepgao (:.)". A meméria do mestre entusiasma Helena Costa: “Fischer sacudia o pUblico, Passava uma esponja sobre o outro Bach (0 dos puristas), academico, de rotina, té6 vulgar e banal, de execugdes sem chama”. E oO entusiasmo leva-a mais longe: “E essa a filosofia que uso para definir uma interpretagao de certas obras primeiramente escritas para cravo ou clavicordio. Que elas possam ser executadas em qualquer instrumento! (...) Quantas vezes vamos buscar o sentido das ‘arcadas’ a um violino ou violoncelo, para poder frasear pecas de tecla”. O Paragrafo seguinte 6 o que eu destaquei e que passo a citar, na integra: ° no orqu Fis “Longe de mim (meu Deus! ter teorias pessoais para tao grande tarefa; Contudo, 6 na experiéncia, observacao, no que me foi transmitido, no que me salta a vista, a0 ouvido e a mente —além da grande via (o sublinhado nao é de Helena Costa, é meu) em que me tento inserir e me foi legada = que eu faco uma opgao e tento ‘transmitir, com a possivel ldgica e 0 maximo de convicgao, determinada maneira que ja 6, afinal, uma tradi £80, através dos nossos maiores, nesta inquietante, perscrutadora € moderna metade do século XX: 0 que nos espera no século XXI?”. Helena Costa refere-se aqui a quatro fontes de informacao e de inspiragao que condicionam as suas opdes na "maneira” de executar uma obra 1-O resultado das suas observagées e reflexdes e da sua experiéncia 2-A tradigao de execucao que Ihe foi transmitida pelos mestres. 3 - As interpretagdes dos seus colegas “maiores” 4—A grande via que Ihe fol legada e em que tenta inserir-se. Anoco dessa grande via, que nao é fruto do trabalho nem da reflexao, que nao tem que ver com conhecidas interpretagdes dos “maiores", nem com tradigdes magistrais de execucdes lendérias, s6 pode vir da consciéncia de um outro tipo de tradi¢ao que trascenda a propria execucao da obra. Trata-se da “grande tradigdio” que Antonin Arthaud definiu como a onda envolvente formada pelo conjunto dos pontos maximos atingidos a0 longo da historia de um determinado género artistico. No caso vertente, pode restringir-se 0 campo de accdo dessa grande onda & musica instrumental europeia e, em especial, & musica para piano. Um relance retrospective a esse troco da Histéria levar-nos- -ia aos primérdios do pianoforte, na 12 metade do século XVIll e as obras dos maiores compositores de musica para instrumentos de teclas dessa época (os antepassados do piano): Georg Friedrich Haendel, Frangois Couperin, Domenico Scarlatti, Carlos Seixas e, acima de todos, Johann Sebastian Bach. Dai em diante percorreriamos, na crista da onda, o grande repertério de base de qualquer pianista que se preze. Chegar-se-ia entdo ao limiar da modernidade. E ai conviria parar, para focar a atengao na época vizinha do comeco da carreira profissional de Helena Costa, por sinal, uma das épocas marcantes na Historia da Masica em Portugal: o moderno despertar da mtisica instrumental no nosso pais. Deve-se essa importante inflexao da vida musical portuguesa = até entao centrada na dpera romantica italiana e nos seus dois baluartes, o Teatro de Sao Carlos, em Lisboa, e 0 Teatro de Sao Joao, u" anos de encontros breves e tumultuosos, nos escassos oasis de repouso coincidentes das duas carreiras internacionais de violoncelistas mais recheadas de sucessos da belle époque anterior 4 1" guerra mundial. Em 1913, jd separada de Casals, Suggia muda-se para Londres, onde rapidamente se torna no idolo do piiblico e da familia real britanica Nesse mesmo ano nasce no Porto Helena Moreira de Sa e Costa, filha de Luiz Costa (1879-1960) e de Leonilde Moreira de $4 (1882-1963), ambos pianistas, discfpulos dos mesmos mestres: primeiro de Bernardo Moreira de Sd e mais tarde, em fase de aperfeicoamento, do maior pianista portugués de todos os tempos, José Viana da Motta (1868- -1948). Tal como Suggia, Viana da Motta foi um caso de precocidade apadrinhado pela familia real. Aos 7 anos de idade entrou no Real Conservatorio de Musica de Lisboa, por especial intervencao do rei. Sete anos depois, completada a formatura oficial nos cursos de piano e harmonia, segue para a Alernanha, com uma bolsa real, onde estuda piano, composiga0 e direccao de orquestra com os melhores mestres daquela época, entre os quais 0 genial pianista e compositor Franz Liszt e ogrande chefe de orquestra Hans von Billow. Com 19 anos de idade, Viana da Motta dé inicio a uma carreira internacional fulgurante, centrada em Berlim, onde reside até ao deflagrar da guerra, em 1914. E ai que Luiz Costa o procura no seu longo estagio de aperfeicoamento, na dupla capacidade de pianista e de compositor - um dos quatro mestres antigos. discipulos de Liszt de quem recebe ligdes na Alemanha: além de Viana da Motta, Stavenhagen, Ansorge e Busoni. De regresso ao Porto, Luiz Costa nao tarda em ocupar uma posigao de relevo, como pianista- -concertista (os seus recitais de Beethoven tornam-se em acontect mentos ansiosamente esperados pelo publico portuense) e como colaborador dilecto do seu primeiro mestre, Moreira de Sa; herda dele © cargo de director do Orpheon Portuense ¢ ajuda-o a criar 0 Con- Servat6rio de Musica do Porto (em 1917), a cujo corpo docente pertence istico, Em Portugal, Pela porta aberta Por Luiz Costa, entraram os dois grandes L Freitas 14 expoentes do nosso Modernismo musical, primeiro Luiz de Branco (1890- 195) e, um pouco mais tarde, Claudio Carneyro (1895- 1963). Luiz de Freitas Branco, tal como Debussy em Franga, entrou de rompante no meio conservador da rotina musical lisboeta do novo século, espantando tudo e todos com o simbolismo das pecas para piano (e para voz) e dos poemas sinfénicos celebrando os nossos poetas "malditos” (Guerra Junqueiro e Antero de Quental) e nas delicias proib+ Paraisos Artificiais”; e angariando em seu favor das de “Vathek” e dos * a admiracao € a a mais séria das chancelas nacionais de qualidad amizade de Viana da Motta, que consagrou oficialmente o lado neo- classico da musica de camara do jovem compositor, ao presidiro juri da Sociedade de Musica de Camara que conferiu um 1.° prémio “com distinc40” & Sonata para violino e piano composta aos 18 anos por Luiz de Freitas Branco. Viana da Motta regressaria a Portugal por ocasiao da grande guerra que o forcara a abandonar a sua residéncia berlinense E em Lisboa, com 0 apoio incondicionel de Luiz de Freitas Branco, inicia uma revolucao cultural em tudo semelhante a que se verificara no Porto, no virar do século, protagonizada por Bernardo Moreira de Sé e Luiz Costa. Viana da Motta e Freitas Branco colaboram na fundagao da Socie- dade de Concertos de Lisboa (associagao inspirada no pioneiro Orpheon Portuense); redigem e assinam um projecto de reforma do antigo Real Conservatério de Musica. Assim nasce, em 1919, 0 Conservatério Nacional de Lisboa, do qual Viana da Motta é director (e professor de piano) e Luiz de Freitas Branco € subdirector (e professor de Composicao e Ciéncias Musicais). E ai que Helena Costa os vai encontrar quando, no principio da década de 30, se desloca a Lisboa para completar a sua formacao académica, musical e pianistica, Em 1935 Helena Costa completa a formatura no Conservatorio Nacional, obtendo na prova final a classificagao maxima de 20 valores atribuida or um juri presidido pelo director Viana da Motta. No mesmo ano e na mesma cidade tem o “baptismo de fogo” de pianista concertista, tocando a parte solista do 2° Concerto de Saint, pela novissima Orquestra Sinfonica Nacional, g, " maestro titular, Pedro de Freitas Branco (1896-1963) © de orquestra é a ultima personalidade m, guropeu = grosso med, os primeitos 40 ant ne enquadra a formacao de Helena Coste atingiu grande renome internacional Foi Maurice Ravel quem lancou Pedro de reira musical europeia, escolhendo-o para Preenchido com obras suas, por ocasiao da estreia do ¢, Biano e orquestra em Sol maior. Dois anos mais tarde, Pedro de Branco ja nao tinha tempo para dirigir em Portugal. $6 em cei lingua francesa, num s6 ano dirigiu a volta de 40 concertos g, {perto de 30 em Paris), culminando com uma Memoravel exec, 9° Sinfonia de Beethoven a frente da Orquestra e do Coro ga Carlo. No fim desse ano foi-lhe oferécida a direceao musical ¢ a da mais célebre orquestra sinfonica de Paris, a Orquestra Lamour, Infelizmente esse cargo Prestigioso implicava, Por forca de um decre estatutario, a adopeao da nacionalidade francesa Pedro de Freitas g recusou-se a mudar de nacionalidade e Optou por aceitar outro co contemporaneo: para criar e dirigir, na sua Patria, uma Orquestra Sint nica Nacional com sede em Lisboa e em dependéncia funcional turo organismo oficial de radio, que se chamaria Emissora Nacional de Radiodifusdo. Caso Singular: a criagao da Orquestra, ainda em 1934, pre- cedeu a do seu organismo patronal que sé abriu no ano seguinte! No quarto de século Seguinte, o tandem musical constituido por este maes- tro e pela “sua” orquestra sinfénica foi o Principal fulcro de animacao da vida musical de Lisboa e, por €xtensao, do restante pais. Por exemplo. na Primavera de 1937 Pedro de Freitas Branco dirigiu cinco concer (com a “sua’’ Orquestra) no Porto, com a Participagao dos melhores 16 solistas locais, entre 98 quais Guilhermina Suggia e Helena Costa Freitas Branco nq Gitigit, em 1939 oe "UM fe Ne s [ae Suggia, entretanto, estabelece residéncia na sua cidade natal comple- tando ai a formacao de uma jovem e talentosa violoneelista local, a ima mais nova de Helena Costa, Madalena. As duas irmas viriam a com- pletar, juntas, a formagao basica (em solo patrio), frequentando nos cursos de Verao de Berlim as master classes regidas pelas maiores sumidades germanicas da época. Para Helena Costa, foi o principio de uma ligaco duradoura com aquele que passou a considerar como "“mestre entre os mestres”, Edwin Fischer. Este grande intérprete (pia- nista, chefe de orquestra e pedagogo fora-de-série) adoptou-a como discfpula predilecta e levou-a nas digress6es da sua Orquestra de CAmara, por varias cidades alemas e até as capitais de Franca e da Bélgica. Helena Costa ficou devendo a Edwin Fischer uma consciéncia mais profunda da grande via em que deveria integrar a sua carreira profissional - ancorada na veneragao da figura ancestral que mais con- tribuiu para o nascimento da onda transportadora da grande tradigao: Johann Sebastian Bach. Assim foi... e assim é. No fim de uma carreira brilhante de pianista e de professora de piano, Helena Costa segue a grande via que Ihe foi legada por Johann Sebastian Bach ha mais de 250 anos. E a sua pergunta inquieta - “O que nos espera no século XX|?" — teré a resposta que Ihe derem os novos descobridores da grande tradicao. Jodo Paes Janeiro de 2001 INFANCIA Era uma vez uma menina. Tinha uns Pais maravilhosos e cedo se deu conta de que tinha, também, uns irmaos maravilhosos. Mas, comecemos pelo principio. E 0 principio 6 musica. Sim, a mais longa meméria revela o deslumbra- mento de comegar a manha ao som da musica Seu pai cedo se sentava ao piano, antes de comecar outros trabalhos — a leccionagao. Infaliveis, os Estudos de Chopin — a biblia dos pianistas. Mais que um “desenferrujar” de dedos ~ sistema vulgarmente utilizado por uns quantos estudiosos do piano ~a técnica de Luiz Costa era inteligente, musical, superior. E a beleza de varios “Estudos”, nomeadamente os embaladores op. 25 n.* 1 e 3 passaram a fazer parte do mundo de beleza em que Helena necessariamente se movia. Movia ~ digo bem — porque esse ritmo a convidava ao movimento, & danga. Dancar, com quem? Como crianga - a meméria voa ao tempo dos seus dois anos e meio - servit-se, nao poucas vezes, de um cabide disponivel e toca a bailar (convém homenagear a verdade e confessar que o sentimento do chamado ritmo interno perdurou, sem contudo se exteriorizar pela vida fora, porque nunca dancar foi o seu forte). Por essa altura — dois anos e meio de idade — um grande acontecimento veio ampliar o forte relacionamento de familia que ja a unia a seu irmao 19 2 Com x emeio mais velho, que, verdadeiro “ gentleman tres anos eo muitas coisas. Ele jé se interessava pela Historia ° ootas e, sobretudo, brincava com ela, as mais das vena iniciado nas '*"companheiro vivo e admirado. O grande acontecimer” es foi numa manha anunciado pelo Pai, chamandg os fthos, atrds refe! vig ver uma boneca” a0 quarto da mae ir ver uma sei, deve ter sido a Sr. D. M. C. que a deu” (bastante sabia Vitada quanto inopoy Luis a ira, Ih ~ inimos e presentes, esta resposta foi to espe! tuna). Anal, ere uma boneca verdadeite a irma Madalena, que veio completa y quinteto de familia - os pais e os trés irmaos. A Mae foi toda a vida, até aos 80 anos, uma Mae-modelo, a grande Esposa de seu Marido, em profunda comunhao de interesses e valores, exemplo de amor e compreenséo. \ivia@ Familia, nesse tempo, na Rua de Malmerendas — hoje do Dr. Aves da Veiga .°90. Ai nasceram os trés irmaos. Casa antiga, a sala do piano no primeiro andar, era ampla. E no rés-do-chao tambérn havia ~do-chéo para naj oo ae me Perturbar 0 sono das Criangas). Muitos deles ficaram Verdadeing oreSS0" para a Vida, avidos da sua conversa, fruidores de leira amizade feciproca. Ninguém faltava aos recitais do Mestre - pontualmente nos dias 16 de Dezembro e 27 de Margo ~ datas de nascimento e morte de Beethoven Além dos recitais de Beethoven, outros se realizavam, muitas vezes com “Concertos” acompanhados ao 2.° piano por sua mulher, que assim desempenhava a parte orquestral Leonilda Moreira de Sa e Costa era uma pianista nata, Discipula de seu Pai ~violinista Bernardo Valentim Moreira de Sé e de Mestre Viana da Mota —, recebeu também ligdes de Mestre Rey Colago. Cedo foi iniciada na Mdsica de Camara, ora acompanhando seu Pai, ora actuando em trios, com diversos elementos entre os quais 0 grande Pablo Casals em inicio de carreira e a insigne Guilhermina Suggia. Com esta inesquecivel artista colaborou numerosas vezes no Porto ¢ também se fez ouvir com ela em Espanha e em Londres. Casals diria a Helena e Madalena, bem mais tarde, que recordava afectuosamente as colaboragdes com Leonilda, quando bem nova ~ “mi compaherita del Trio” O mesmo sucedeu a Luiz Costa, que, além de solista, era eximio “par tenaire” de musica de cémara, desde os tempos antigos do “Orpheon Portuense” as suas actuagées com os quartetos Chaumont, Zimmer e Rosé, de Paris, Bruxelas e Viena e com Suggia, em Londres A familia Moreira de Sé foi sempre muito unida — o casal Felicidade Molarinho (17.* ¢ ultima filha do casal Molarinho, de Guimaraes, irma do gravador Molarinho) e Bernardo Valentim Moreira de Sa (nascido em Guimardes, em 1853, e falecido no Porto, em 1924) teve 7 filhos, dos quais 2 mortos em crianga, dois engenheiros e trés filhas. Leonilda.e as ‘Suas duas irmés solteiras Felicidade e Ismalia mantiveram a mais intima ligagao, sempre. Viviam na R. da Duquesa de Braganca, 244 — hoje R. de D. Joao IV - muito perto da Rua de Malmerendas. Al, os jantares semanais de familia constituiram um ritual. 2 o momento de sai da R. de Malmerendes Fos cg, Mas, cheat icavamse, era necessério casa mai ‘oF @ maior jardin, age nultiplicavann-se. casa . alunos mi inteto para o Largo da Paz, 53, case arrendagy fsa je recordacdes € ¥ : : ap as Helena e Madalena, nos anos 70. - na R. da Torrinha, vivia entéo a mae de Luiz Costa, a encantadorg aoe govinda Gomes Pinto da Costa, j vidva de Antonio Ferreia s, awe tendo ja perdido o seu filho Joo. Luiz Costa vistaves noe jantar. noites, depois de Muito estimada, também, era a irma de Luiz Costa, Isabel Sofia ds Cos Barbosa, filha do 1.° casamento do Av6 Ant6nio Ferreira da Costa e da (depois falecida) D. Isabel Sofia Gomes Pinto da Costa, prima corms da Avo Adozinda (esta depois 2.* esposa do Avé Costa). Sua filha, ata Isobe era Senhora da Quinta da Porta, no Minho, em S. Pedro de Fralies (ao lado de Viatodos), onde nasceu Luiz Costa, durante a permanéncia dos Pais em férias, a26 de Setembro de 1879. A quinta, velha pertenga dos antepas- sados Gomes Pinto, veio agora a ser de Helena, de Madalena e dos seve trés flhos, Henrique Luis, Helena e Luiz Gaspar (respectivamente formados em Filosofia e Antropologia, em Classicas e em Ciéncias da Educagao e Arquitectura). © amor 4 musica vem de longe. © avé Moreira de $4 e seu itmao Félix, com sete anos, tocaram em Braga, respectivamente violino e piano, num Concerto em honra de D. Pedro V. Uma irma tocava piano, também, Eram muitos mos; @ dos filhos do Av6 Moreira de Sa, além de Leonilda, exiria Planista (ja citada), as outras filhas tocavam piano — |smialia tocava também Violino é cantava, Felicidade igualmente cantava. Fernando tocava violino. Todos faziam parte do grupo do Orpheon Portuense menos Bernardo, que Cedo partiu para Bruxelas, onde se formou em Engenharia (Fernando foi também engenheiro, oficial do Exército} Polo lado BatertiO, Wa Soe Oa a sneer ar 25 0 seu repertério dngaee SaSe0 65 (eda® ce doncel career pera Contudo, senhora de bom gosto, ela e seu merida achares oportuno, entregar seu flo ~ Luiz Costa —a0s cuidados de Moreira dese © Mestre @ musicdlogo afemacio/ino Potto, Cencis'da jovamjatertniee iG6es de D Erclia, Contava ele que, 20s 16 anos, bateu & porta de Moreine de Sie uviu tocar muitissimo bem. Julgou tratar-se do Mestre, bn grande a urbrese Quando déparod Eom lima jovem da 1 engsi the ele eaeaeas encantedoa era a MUsie# Aue toca igensaussiadie aim E a menina Leoniida veio a ser a sua mulher (a como aquela menina” 2). Casaram a 19 de Dezembro de 1908 na lgreja do Bonin Seu filho mais velho, Luis, nasceu em 8.10.09, Helena em 265.13 ¢ Madalena em 20.11 caria muitissimo bem”, sendo seria Mas Luiz Costa em breve também “to e feito ouvir, numa inexplicével que, um escasso ano volvido, se tives Sonata de Haydn, no Orpheon Portuense. A Avé paterna fo uma das pessoas da familia que desde o inicio sempre lena a fazer-se ouvir. E esta, téo pequena, nem sequer era ‘Vou tocar um incitaram Hel capaz de articular o r. Muito simplesmente anunciava: Peludo”. (Muitos "preliidios” ouviu depois pela sua meninice foral). Era um prazer assistir a ligées. Mas outra finalidade havia, também, quando entrava na sala “das ligdes”. Era ver se a estudante, ao piano, se teria feito acompanhar por alguma irma mais jovem. Caso isso acontecesse, a mais nova seria convidada a “ir brincar para o jardim”. Naqueles tempos re- ma aluna havia que vinha jé a aula sozinha, mas muitas delas cuados, algu ‘osta ~ vinham acompanhadas das ~ alunas de Leonilda, alunas de Luiz C Maes. As “maes” desses tempos tinham como principal dever acompanhar as filhas — no havia muitas com outra “profissao". E, como é natural, as filhas que ainda nao aprendiam vinham na sua companhiae lé se ia “brincar para o jardim” VIDA EM CoNceR TO even SAE COsTa— MEMGRIag Prefécios de Vasco Graca Moura @ Jogo Paes Composigéo: ar _ Ola Grafica: Lg 2 Impressao- Thogratia do Carvathido Porto | edigg0: Suh de 2001 © Porto 20097, ¢ A © CAMPO DAS LETRAS _ Editores, SA, 2001 RD, Manue) I, 33.56 - 4050-345 Porto Telef : 22 6007708 Fax: 29 60049 19 Email campo, letras@maj Telepag pt Site "Mew compoteine pt "Sey 2610396, COdigg ® barra 872610396 ito fagay 1216 56/07 her Aum 19

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