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Introdução……………………………………………………………………………………………………………………………………...03
CAPÍTULO 1 – Educação: Pesquisas e Práticas……………………………………………………………………………………....15
CAPÍTULO 2 – A Profissão de Docente………………………………………………………………………………………………....28
CAPÍTULO 3 – Docência e trabalho: reflexões sobre o papel da prática de ensino………………………………………..47
CAPÍTULO 4 – Formação de profissionais da educação no Brasil……………………………………………………………...54
CAPÍTULO 5 – A Prática Docente no Ensino de Adultos…………………………………………………………………………...67
CAPÍTULO 6 – Teorias de Aprendizagem……………………………………………………………………………………………….78
CAPÍTULO 7 – Novas estratégias de ensino no processo de aprendizagem………………………………………………..101
CAPÍTULO 8 – Escola do Futuro: Desenvolvimentos Cognitivo e Aprendizagem………………………………………….114
Conclusão……………………………………………………………………………………………………………………………………..122
Bibliografia…………………………………………………………………………………………………………………………………....127
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INTRODUÇÃO
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INTRODUÇÃO
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Como comentamos, a nossa sociedade e consequentemente a escola, que a
representa, está passando por muitas transformações nas últimas décadas, em
grande parte, pela força com que a tecnologia tem influenciado e ocupado lugar
cada vez mais importante em nossas vidas. Com esse contexto, a escola, ainda
tradicional, tem sido pressionada a exercer um papel mais participativo na
formação dos cidadãos, de ser mais atualizada na área tecnológica e obviamente,
a revisar seu método de ensino.
A escola, porém, não pode ser usada como cobaia de teorias e pensamentos, a
pesquisa precisa ser comprovada e exaustivamente questionada antes de usar a
escola como objeto de intervenção. É necessário que se avalie a utilidade da
pesquisa antes de aplicá-la em um contexto escolar. Além disso, muitas
pesquisas se distanciam da realidade e do cotidiano escolar, idealizando práticas
e ações, isso causa ceticismo de muitos gestores e professores em relação à
pesquisa científica.
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Sendo assim, a prática pedagógica não pode ser somente objeto de estudo, mas
objeto de conhecimento. Antes de interferir nessa prática e ditar ações de
mudança, ou intervenções, a pesquisa acadêmica precisa conhecer o
funcionamento da escola, a realidade escolar e o público que a escola recebe
atualmente. Não somente o professor precisa ser estudado e ouvido, mas os
alunos.
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Uma pesquisa qualitativa na área da educação, que envolve processos mais
lentos, como o de ensino-aprendizagem, não consegue e nem deve apresentar
resultados superficiais e imediatos. Essas características, no entanto, são as
mais apreciadas por muitos envolvidos no ensino atualmente.
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Pensando nisso, podemos dizer que a pesquisa científica na área da educação é tão
cobrada e pressionada pela sociedade como os professores. Ambos são questionados
por resultados rápidos, positivos e confiáveis, quando realisticamente falando, não
podemos obter esses resultados assim, pois tanto a pesquisa como a prática
pedagógica exigem aprofundamento e método, o que leva tempo.
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Para ajudar a escola a se atualizar, temos pesquisas que investigam as
pedagogias ativas, inspiradas em teorias como a de Piaget, Vygotsky, Ausubel e
Paulo Freire. Porém, essas teorias não são recentes e nem é recente tampouco a
preocupação com o método tradicional de ensino. John Dewey já salientava a
importância de se “aprender fazendo”, ou seja, praticar para poder aprender um
método ou teoria (GADOTTI, 2000).
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Outra demanda urgente é a escola utilizar o conhecimento prévio do aluno e a
base cultural e familiar que esse aluno traz para a escola, para isso a pesquisa
científica é muito importante e útil, pois fornece à escola as informações sobre
as características étnicas, culturais e sociais dos alunos de cada comunidade
escolar.
Um outro problema da escola que citamos aqui é ter como concorrente a internet
como fornecedora de conhecimento e informações, disputando com esta a
atenção e a motivação do aluno. Pois pensamos que está justamente nessa
competitividade o erro da escola atualmente. Em primeiro lugar, as pesquisas
acadêmicas mostram que a internet é instrumento poderoso a ser utilizado no
ensino, existem inúmeros artigos sobre o uso da tecnologia na escola, com
utilidade comprovada.
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Em segundo lugar, o nível de conhecimento e de informação que a escola oferece é, ou
deve ser, diferente do que é oferecido pela internet, e aqui também podemos ver a
importância do acesso aos dados das pesquisas científicas. Segundo estas, a escola
deve mostrar ao aluno que o que ele aprende na escola não vai encontrar na internet:
cidadania, amizade, ofício, ciência e práticas, dentre outras coisas. A escola não pode
e não deve se colocar como inimiga do serviço prestado pelas redes sociais e pela
internet no geral, porque o serviço que ela deve prestar é de outro nível.
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CAPÍTULO 1 – EDUCAÇÃO: PESQUISAS E PRÁTICAS
Concluindo, as práticas pedagógicas adotadas pelo professor no transcorrer de
sua carreira docente irão necessitar de uma boa base teórica, formada pela seus
estudos e qualificação; sua experiência, acumulada ano a ano no trabalho em
sala de aula e não menos importante, pelas leituras científicas, que irão lhe
atualizar sobre o cenário da educação, lhe trazer as mais diversas propostas e
métodos universais de ensino-aprendizagem, lhe trazer outras perspectivas e
visões sobre trabalho em sala de aula, e lhe aprofundar no conhecimento de
determinadas áreas de estudo.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
• O que é ser professor?
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O ofício de professor é exercido desde muito antes de surgirem as escolas
formais. Desde que se tornou importante fazer coisas se tornou importante
também ensinar a fazer. Não há como datar o início da docência, pois o ser 03 04
humano sempre ensinou seus descendentes o que aprendeu com seus
antecessores. Se formos pensar na história ocidental, na Grécia Antiga temos as
primeiras representações de um ensino mais formal.
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Foram os gregos que começaram a valorizar a razão para explicar os fenômenos
físicos e metafísicos e a dar início a um processo de ensino-aprendizagem que
inspiraria a civilização ocidental até o presente. Porém, não foram os filósofos os
primeiros pedagogos, mas assim eram chamados os escravos das pessoas mais
abastadas, que levavam os filhos de seus senhores para observar os filósofos nas
ágoras (espaço aberto em que os filósofos palestravam e debatiam ideias).
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
Portanto, os pedagogos ainda não estavam envolvidos com o ensino, apenas 01 02
conduziam crianças até o mesmo, daí a palavra ser usada até a atualidade. Com o
surgimento da democracia na Grécia, os filósofos sofistas passam a ensinar quem
pudesse pagá-los e formaram as primeiras turmas de alunos (PILETTI & PILETTI,
1995). 03 04
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Com todas essas transformações, a teoria científica e as universidades se
fortalecem. A escola tradicional, centrada na figura do professor se concretiza e o
modelo de ensino expositivo, no qual o professor transmite seus saberes aos
alunos oralmente e com apoio da lousa e livros, permanece por muito tempo. 03 04
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Nesse contexto, a profissão de professor, principalmente nas universidades,
passa a se destacar como o detentor e defensor da razão e da ciência. Com a
Revolução Industrial, desencadeada no século XIX, são fundadas as primeiras
escolas leigas de ensino básico que tinham como objetivo ensinar ofícios, para 03 04
que os jovens pudessem trabalhar na indústria, assim, a carreira de professor
começava a expandir seus papéis (PILETTI & PILETTI, 1995).
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O século XIX e XX nos trazem novas teorias de aprendizagem, que (veremos com
mais detalhes em capítulo próximo dessa apostila) questionam o método
tradicional de ensino e passam a valorizar o papel do aluno no processo de
aprendizagem. Novos papéis são atribuídos ao professor, não basta mais ensinar
o ser, mas deve-se ensinar também o fazer.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Atualmente, o professor desempenha uma infinidade de papéis. A escola moderna
se fragmentou em várias etapas de ensino e com isso o papel do professor
também se diversificou. Houve uma estratificação do ensino originando o
professor de ensino infantil, o de ensino fundamental 1, o de fundamental 2 e 05 06
médio, formado em disciplinas específicas e o de nível superior.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
• Formação e Qualificação do Professor 01 02
Atualmente, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação, de 1996, traz em seu título
VI, artigo 62, a seguinte afirmação sobre a formação necessária para se lecionar
nas salas de aulas brasileiras: 03 04
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Para lecionar no Ensino Superior, o professor precisa ter uma especialização, seja 05 06
ela do tipo lato sensu (especialização comum) ou strictu sensu (mestrado e
doutorado), sendo que esta deve ter aderência à disciplina que irá lecionar.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Os afazeres de um professor, porém, vão além dos especificados em sua
graduação. Com a escola recebendo todos os alunos em idade escolar e com a
proposta de inclusão, o professor acaba tendo que exercer papéis que excedem
essa formação. Claro, que não é correto cobrar do professor certas tarefas, mas 03 04
se pensarmos que estamos lidando com crianças, adolescentes, ou seja, seres
humanos, que tem emoções, valores, individualidades, não podemos pensar em
um ensino frio, distante, automatizado. 05 06
Ensinar é mais que depositar conhecimentos em outro ser humano, como dizia
Paulo Freire, para que o processo de ensino-aprendizagem funcione, é preciso
que haja uma relação de confiança entre o mestre e o aluno, e essa confiança
precisa de dedicação e empatia para se desenvolver, de ambas as partes.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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• Legislação Trabalhista
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Sobre as demissões, o contrato de trabalho pode ser encerrado em comum
acordo entre as partes sem que haja multas rescisórias, também pode-se pagar
apenas metade da multa de 40% do FGTS e metade do próprio se houver acordo, 03 04
em caso de demissão sem justa-causa. O funcionário pode abrir mão do
seguro-desemprego se optar por sacar 80% do saldo do FGTS. A homologação da
rescisão não precisa mais ser feita no sindicato (FERREIRA, 2019).
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Embora tenha por base a legislação trabalhista vigente, muitos aspectos da
profissão docente, como valor de horas/aula e dissídios, são regidos pela
Convenção Coletiva de Educação, que é publicada anualmente e discutida pelos
sindicatos da categoria.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
Após três aulas consecutivas, o professor deverá fazer um intervalo de no mínimo
15 minutos. Caso precise exercer alguma função pedagógica para a escola nesse 01 02
período o professor deverá ser remunerado com meia hora/aula.
Para saber os direitos gerais da classe é preciso estar atualizado, primeiro sobre
as leis trabalhistas do país, estado e município em que se leciona; em segundo,
todos os anos acompanhar a discussão, a aprovação e a homologação da
Convenção Coletiva da classe.
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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• Plano de Carreira do Professor
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CAPÍTULO 2 – A PROFISSÃO DE DOCENTE
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Sendo assim, quanto mais qualificado e experiente o professor, maior seu salário,
sua prioridade na escolha de aulas, nas seleções oficiais e na progressão de
cargos. Segundo a LDB (1996), os sistemas de ensino devem assegurar o plano de 03 04
carreira do professor, incentivando a continuidade dos estudos, respeitando o
piso salarial, a progressão funcional baseada em desempenho e qualificação e a
saúde do professor em toda sua globalidade.
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Finalizando, a carreira do professor tem muitas vantagens, legislação específica
desde sua formação até o plano de carreira, mas ainda há carência de respeito às
leis e ao trabalho em sala de aula e fora dela. Enquanto a sociedade não valorizar o
professor, o aluno também não o fará.
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
Atualmente tem se comentado muito nos meios acadêmicos a importância da prática docente
na formação do professor, desde a graduação até no exercício de seu papel em sala de aula. É
um desafio para quem se preocupa com essa formação aliar as muitas teorias educacionais a
uma prática efetiva, gerando um trabalho mais completo.
No seu artigo 82, a LDB (1996) afirma que o estágio supervisionado é obrigatório nos cursos de
licenciatura, sendo este de no mínimo 300 horas. Na disciplina Prática de Ensino, o aluno deve
entender como funciona o cotidiano do professor, através de troca de experiências e vivências,
essa disciplina é oferecida paralelamente ao estágio supervisionado. Muito se fala sobre os
objetivos dessa disciplina e sobre o que realmente seria importante o aluno absorver antes de
se formar, então, falaremos um pouco sobre as questões que permeiam a profissão e o que
seria útil ao futuro docente saber sobre a prática de ensino.
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
Ao pensarmos no trabalho docente como algo humano, precisamos refletir em como esse
trabalho está relacionado aos fatores históricos, citados, inclusive, no capítulo anterior e como
a sociedade e o contexto atual influenciam esse trabalho. A visão que se tem do trabalho do
professor é algo penosa, sacrificante, baseada em uma vocação quase divina. Esse conceito
precisa ser quebrado.
Ao se colocar como profissional, sem qualidades divinas, mas ainda assim com qualidades, o
professor vai exigir um tipo de respeito que não tem obtido, não só o respeito a ele como ser
humano, mas como trabalhador. A profissão docente, como qualquer outra precisa
remunerada de maneira justa e o professor precisa se colocar firme por essa remuneração.
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
A visão de que o professor dá aulas por gosto, e não por necessidade deve cair por terra.
Atualmente, todos buscam trabalhar no que gostam, mas nem por isso deixam de receber por
isso. O sistema transformou a sociedade em uma luta degenerada por emprego e pelo
sustento, e o professor, como outros profissionais, foi engolido por esse contexto. Portanto,
todos devem lutar para resgatar a dignidade do trabalho humano.
No seu cotidiano dentro da escola, é preciso que o professor resgate essa dignidade da
profissão. Já percebemos que não podemos depender da sociedade para nos resgatar desse
contexto, é preciso ação.
As práticas desenvolvidas em sala de aula precisam ser mais valorizadas, pelos próprios
professores. Ou seja, é preciso criar uma cultura em que os colegas troquem mais
experiências, mais vivências, que isso seja reunido, documentado e compartilhado. O trabalho
do professor precisa ser estudado, mas não como muitos fazem, de longe, precisa ser visto de
perto, precisa ser notado.
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
A sociedade sempre se sente à vontade para interferir na prática docente, para criticá-la, com
mais frequência e com mais intensidade do que se vê em qualquer outra profissão. Tornar essa
prática algo visível para essa sociedade vai poder mostrar o quanto a rotina do professor é
sofrida na defesa da educação. Não é algo que se veja em uma foto, uma imagem, não é um
sofrimento de origem física, mas de origem moral. É a visão das teorias que aprendeu se
nublando, é a decepção de ver seus ideais sendo massacrados. Tudo porque a teoria
educacional, o sistema educacional não representa o professor.
Os alunos caminham para a escola em busca do novo, do conhecimento, da verdade. Todos que
veem as crianças pequenas indo para a escola, percebem o entusiasmo, a curiosidade e a
alegria com que vão para a escola. A Educação Infantil é uma das poucas coisas que merecem
bem poucas críticas na educação brasileira, ela tem sido um oásis em um deserto de ideias e
práticas improdutivas.
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
A escola, porém, vai destruindo, ano a ano, série a série, o entusiasmo dessas crianças. O
modelo ultrapassado de ensino, o método tradicional, as regras inúteis e excessivas para
algumas coisas e a falta de regras e ações para outras, tudo contribui para o aluno querer
distância da escola.
Claro que essa decepção não pode ser creditada ao professor, nem mesmo ao gestor, são
peças de um mecanismo. Muitos e muitos professores saem da universidade da mesma forma
que as crianças entram na escola: cheios de disposição, de entusiasmo, de confiança. O
sistema escolar os destrói da mesma forma que destrói a infância de muitos alunos.
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CAPÍTULO 3 – DOCÊNCIA E TRABALHO: REFLEXÕES SOBRE O PAPEL DA PRÁTICA DE ENSINO
O governo não entende que não é nosso corpo docente que precisa se qualificar e melhorar,
que não são os alunos que precisam se adaptar, que é o sistema educacional brasileiro que
precisa mudar. Não é nem uma questão financeira e material, embora seja necessária e precise
ser maior; mas sim uma questão de flexibilização. O governo precisa parar de impor
burocracias e regras desnecessárias à gestão e deixar esta cuidar do que importa: seus alunos.
Concluindo, acreditamos que passamos do momento em que o professor precise fazer uma
autocrítica sobre sua prática docente. A maioria dos professores, mesmo os mais relapsos
refletem sobre suas ações em sala de aula, tentam compreender o processo educativo, leem,
estudam e se atualizam. O momento atual é de olhar para esse profissional com o respeito e
valor que ele merece.
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
A escola é um ambiente cheio de diversidade e que participa da formação de todas nossas
crianças e adolescentes, por isso, ela precisa de uma quantidade também diversificada de
profissionais com as mais variadas formações. Neste capítulo, iremos descrever como é a
formação dos profissionais que trabalham na educação nacional e como esse trabalho é
realizado.
Antes de falarmos sobre os profissionais da educação, seria interessante entender como é a
escola na qual eles irão trabalhar. Segundo a LDB, em seu título II (1996), é dever da educação
nacional garantir igualdade de condições a todos seus alunos, liberdade de aprendizagem,
pluralismo de ideias e concepções pedagógicas, valorização dos profissionais de educação,
qualidade de ensino, vincular teoria e prática, respeito à diversidade étnico-racial, dentre
outras coisas, isso no ensino público e privado.
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
O Estado tem obrigação legal de oferecer educação básica e gratuita dos 4 aos 17 anos de
idade, através de pré-escola e educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. Também
deve oferecer a Educação de Jovens e Adultos – EJA, da mesma forma, para quem não teve
acesso aos estudos na idade própria. As escolas também devem oferecer o período noturno
como opção para educandos que não podem frequentar durante o dia.
Em seu título III, inciso X, a LDB (1996), garante a oferta de vagas em escola pública de
educação infantil e ensino fundamental, perto de sua casa, para todas as crianças a partir dos 4
anos de idade. Apesar da lei, ainda há muitas dificuldades para se cumprir essa determinação,
por causas sociais e geográficas.
Para crianças que têm necessidade de ficar em casa, em clínicas ou outras instituições de
saúde, por conta de seu estado físico, a LDB, em seu artigo 4, título III (1996), garante regime de
educação domiciliar. Neste capítulo, abordaremos esse tema ao explicar a formação e o
trabalho de quem pratica pedagogia em ambientes não-escolares.
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
A educação infantil e o ensino fundamental 1 deve ser oferecido, preferencialmente pelos
municípios, daí a importância de os profissionais de educação dessas etapas ficarem atentos à
legislação municipal e às publicações de editais locais para contratação de professores. Caso
não haja essa oferta em nível municipal, a secretaria estadual de educação se incumbe dessas
etapas e obrigatoriamente do ensino fundamental 2 e médio, EJA, educação especial e ensino
técnico de nível médio (LDB, 1996).
O ensino nacional é dividido em dois níveis: básico e superior. O nível básico tem três etapas:
educação infantil, ensino fundamental e ensino médio. O nível superior é dividido em
graduação e pós-graduação. As modalidades de ensino são: a educação regular, educação
especial, ensino técnico, educação indígena, educação à distância (EAD) e EJA.
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Agora que já explicamos um pouco como funciona a educação nacional, vamos ver como se dá
a formação dos profissionais que irão atuar nessa educação. Para trabalhar na Educação
Infantil, o professor deve ter formação em Pedagogia ou Curso Normal. Essa formação pode ser
obtida no modo de ensino presencial ou à distância. As características do curso de Pedagogia,
segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais (CNE, 2006), atualmente são:
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
● Educação indígena: a criança da aldeia indígena tem direito ao ensino da língua
portuguesa como segunda língua, sendo assim, o professor dessa modalidade deve
alfabetizar e ensinar as disciplinas para essa criança em sua língua materna, ou seja, a
língua do povo da criança. Portanto, além de ter o diploma em licenciatura, o professor
precisa saber falar a língua ou haver um intérprete presente;
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
● Asilos ou Instituições de Saúde Mental: existem adultos nessas instituições que não
puderam frequentar o ensino regular na idade própria, então, é oferecida a eles a EJA,
dentro do seu ambiente;
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
Além dos graduados em Pedagogia, também são profissionais da educação, os licenciados, nas
mais diversas áreas, como: matemática, física, química, história, geografia, línguas
estrangeiras, língua portuguesa, artes, educação física, entre outros. Para se lecionar no
Ensino Fundamental II, ou seja, do sexto ao nono ano, e também no Ensino Médio,
recomenda-se a contratação desse tipo de licenciado (LDB, 1996).
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
A LDB, admite como profissional da educação “trabalhadores em educação, portadores de
diploma de curso técnico ou superior em área pedagógica ou afim” (LDB, título VI, artigo 61,
inciso II, 1996). Atualmente, também se admite o notório saber, sendo transcrito na íntegra,
abaixo, o que diz a LDB (título VI, artigo 61, inciso IV, 1996):
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
O portador de diploma de curso superior também pode fazer uma complementação pedagógica
para poder lecionar, esta deve seguir as diretrizes do Conselho Nacional de Educação sendo o
curso reconhecido pelo MEC (LDB, 1996).
Para o trabalho em salas de Atendimento Educacional Especializado (AEE), ou seja, na
Educação Especial, o professor, além de curso de licenciatura, precisa ter especialização em
Educação Especial ou suas ramificações (LDB, 1996).
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
De uma forma geral, a LDB (1996), no artigo 62, do título VI, afirma o seguinte sobre a formação
dos profissionais da educação:
Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á nível
superior, em curso de licenciatura plena, admitida, como formação mínima para o
exercício do magistério na educação infantil e nos cinco primeiros anos do ensino
fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade normal. (Redação
dada pela lei nº 13.415, de 2017)
Quando a LDB foi publicada, os professores que atuavam na educação básica e que não
possuíam a formação adequada tiveram que receber a mesma, com incentivo do governo
municipal, estadual e federal, inclusive fornecendo bolsas de incentivo.
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CAPÍTULO 4 – FORMAÇÃO DE PROFISSIONAIS DA EDUCAÇÃO NO BRASIL
No artigo 66, a LDB (1996) recomenda, para se lecionar no ensino superior, que o professor
tenha pós-graduação, preferencialmente mestrado e doutorado. O MEC também recomenda
que a pós-graduação do professor tenha aderência à disciplina ou disciplinas que irá lecionar.
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
É muito comum, quando falamos sobre escola e ensino, pensarmos em crianças. Mesmo os
adolescentes, acabam por ter um papel secundário quando refletimos sobre questões
escolares. Somente quem trabalha no cotidiano escolar percebe o quanto é diferente ensinar
uma criança pequena e um adolescente de 17 anos. São mundos quase opostos de tão
diferentes.
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
● Andragogia: ensino de adultos
Andragogia é uma área de estudos que objetiva compreender a forma como os adultos
aprendem. Ela vai investigar as características desse aprendizado, os processos envolvidos, as
práticas didáticas usadas, os métodos de ensino mais eficazes, entre outros detalhes. O
adulto, ao contrário da criança, procura voluntariamente o ensino e a andragogia vai investigar
as motivações para isso (MARQUES, 2007).
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
Dentre os motivos que fazem uma pessoa adulta procurar cursos e capacitações, os mais
comuns são (MARQUES, 2007):
Qualificação: quando buscam uma faculdade, uma pós-graduação, para dar um passo a mais nos
estudos;
Emprego: quando o trabalhador quer se atualizar, se capacitar, seja por motivação própria ou
exigências do cargo (ainda assim, é voluntário);
Realização Pessoal: quando a pessoa quer atingir um objetivo pessoal, de aprender por aprender, pelo
gosto pelo saber;
Mudança de Vida: muitos procuram uma segunda graduação, ou fazer cursos em áreas diferentes da
que atuam para mudar de carreira, de profissão, por estarem insatisfeitos.
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
Pensando que esse aprendizado tem motivações diferentes das que as crianças têm, é
importante desenvolver programas de estudos e cursos que atendam essas motivações e
cumpram os objetivos dos adultos ao procurarem a continuação dos estudos. Também devem
estar atentos para manter a motivação, pois o adulto tem total autonomia para abandonar
esses estudos.
Outra característica importante do ensino de adultos é que estes têm mais autonomia didática,
mais independência, ou seja, o professor pode usar as habilidades dos alunos para deixá-los
mais livres em suas tarefas e atividades, explorando as áreas de interesse dos mesmos, o que
além de dar mais dinamismo à aprendizagem também vai manter o entusiasmo no processo de
ensino-aprendizagem (MARQUES, 2007).
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
Uma diferença interessante entre Pedagogia e Andragogia é que esta última não necessita de
um ambiente tão adaptado quanto o usado no ensino de crianças. Uma sala com o mínimo de
conforto e salubridade, e os recursos de tecnologia adequados pode ser usada em grande
escala, em várias disciplinas. Tanto, que em universidades a maior parte das salas são
padronizadas. As atividades mais específicas são realizadas em laboratórios especiais e
geralmente a organização dá conta da demanda (MARQUES, 2007).
A aula com adultos flui de uma maneira bem mais dinâmica. O professor e o aluno têm uma
comunicação melhor articulada, a troca de ideias e sugestões favorece a progressão didática e
o diálogo aumenta a motivação tanto de professores como de alunos. O acesso às tecnologias é
mais amplo entre os adultos, eles têm permissão para usar livremente o celular, o que facilita a
comunicação com o professor e os colegas.
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
O professor, nesse contexto, se torna um parceiro dos alunos, pois não há tanto tempo
dedicado a pequenas questões individuais, a sala de aula de adultos é mais hegemônica, o que
permite ao professor avançar mais rápido e aplicar mais teorias didáticas e de aprendizagem.
Como o adulto tem mais vocabulário e articulação da linguagem, as dúvidas são expostas mais
rapidamente e de modo mais eficiente, o professor também consegue entender mais rápido se
está sendo claro e objetivo.
O mesmo acontece com a organização dos cursos: a comunicação com adultos favorece a
atualização constante baseada no feedback que os alunos trazem aos gestores. Assim, de
semestre em semestre, ano em ano, atualizações e mudanças efetivas podem ser realizadas de
modo a melhorar a qualidade do curso e a satisfação dos alunos e professores (MARQUES,
2007).
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
A troca de experiências entre os alunos também é diferente da que ocorre entre as crianças, as
parcerias para estudos e trabalhos, embora também motivadas pela afinidade, costumam ter
objetivos mais práticos, pedagógicos. Isso diminui os conflitos nas atividades coletivas e
melhora o desenvolvimento dos trabalhos.
Embora tenham suas diferenças, ensinar adultos ou ensinar crianças, ou adolescentes, enfim
independentemente do público, a educação tem alguns princípios comuns para todos: a
motivação para ensinar, a motivação para aprender e o comprometimento de todos os
envolvidos no processo.
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
● Educação de Jovens e Adultos (EJA)
A EJA é uma modalidade de ensino que objetiva oferecer os estudos necessários para que
jovens e adultos que não concluíram o Ensino Fundamental e o Ensino Médio na idade própria, o
façam. Para isso, a LDB (1996), no título V, capítulo II, orienta que essa modalidade seja
oferecida de forma gratuita e adaptada às necessidades dos alunos do sistema educacional.
Além da LDB, nossa lei máxima, a Constituição Federal de 1988 assegura a educação de jovens
e adultos como um direito de todos. Também garante o atendimento quanto ao material
didático, transporte escolar, alimentação e assistência à saúde em todas as etapas da
educação básica.
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
Segundo as Diretrizes Curriculares Nacionais para Educação de Jovens e Adultos (Parecer
CNE/CEB 11/2000 e Resolução CNE/CEB 1/2000) as funções da EJA são:
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CAPÍTULO 5 – A PRÁTICA DOCENTE NO ENSINO DE JOVENS E ADULTOS
O funcionamento da EJA é através de módulos de seis meses cada (cada um equivale a uma
série). Para o Ensino Fundamental as disciplinas, segundo a BNCC, são: Geografia, História,
Matemática, Ciências, Educação Física, Artes, Inglês e Língua Portuguesa. No Ensino Médio as
disciplinas são: Filosofia, Sociologia, História, Física, Química, Matemática, Ciências, Educação
Física, Artes, Inglês e Língua Portuguesa.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Desde a antiguidade a ciência tem se preocupado em analisar e explicar como os seres
humanos aprendem. Embora tenham surgido diversas teorias a respeito do tema nos últimos
séculos, atualmente, são consideradas as mais completas e úteis para a educação, as dos
seguintes autores: Ivan Pavlov, John Watson, B.F.Skinner, Jean Piaget, Lev Vygotsky, Henri
Wallon, Howard Gardner e David Ausubel.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
● Behaviorismo: Ivan Pavlov e John Watson
Na década de 1920, Pavlov estudava processos de digestão e utilizava cães em suas pesquisas.
Ao alimentar os cães, Pavlov apresentava diversos estímulos palatares para estimular a
salivação. Biologicamente, a salivação ocorre com estímulos ligados a alimentação e digestão,
como a mastigação e a deglutição dos alimentos (MOREIRA, 2011).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Porém, os cães de Pavlov, começaram a produzir saliva quando ouviam os passos dos
alimentadores, ou quando viam a tigela com alimentos. Pavlov achou isso interessante e
começou a apresentar estímulos sonoros conjuntamente com a tigela de comida. Estava
nascendo a teoria do Condicionamento Clássico (MOREIRA, 2011).
Para entender esse condicionamento, é preciso que se explique que nós nascemos com
reflexos, próprios da espécie, como salivar, piscar, engasgar, espirrar, chorar, etc. Para se
desencadear esses reflexos inatos, é preciso que um estímulo seja apresentado. Por exemplo,
para espirrar, é preciso que um agente estranho entre no nariz; para chorar, precisamos sentir
dor; para piscar, os olhos se ressecam.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Os reflexos inatos não são voluntários, nem controlados pela pessoa, mas podemos
condicioná-los. Foi o que Pavlov fez. Ele trocou o estímulo natural para a salivação, por um
artificial, para isso, ele associou diversas vezes o estímulo natural (comida) ao estímulo
artificial (som, campainha). Após algumas sessões, o cão passou a salivar somente com o
estímulo artificial. Um exemplo comum que temos de condicionamento clássico é o de chorar
ao ouvir uma música mesmo sem estarmos sentindo tristeza, dor. Em algum momento,
associamos a música a uma dor que estávamos sentindo e agora estamos condicionados.
Além dos comportamentos inatos, o ser humano também aprende certas ações, como cantar, falar,
dançar, digitar, entre outros. Esses comportamentos são chamados de Operantes. O psicólogo
americano B.F. Skinner desenvolveu uma pesquisa na qual comportamentos aprendidos, operantes,
são reforçados negativamente ou positivamente (MOREIRA, 2011).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
No reforço positivo (positivo no sentido de aumentar a chance de ocorrer o operante), o
comportamento tende a aumentar ou se intensificar com o estímulo apresentado. Na pesquisa
de Skinner, ele colocava pombos em gaiolas que tinham dois dispositivos: um fazia cair ração
quando o pombo bicava e o outro não. Quando o pombo descobria qual fazia cair comida bicava
sempre o mesmo e ignorava o outro, pois o dispositivo trazia prazer e satisfação.
Com o ser humano é a mesma coisa, se um estímulo nos causa prazer e satisfação, nós
repetimos o comportamento, por exemplo, se ao cantarmos somos elogiados e aplaudidos, a
tendência é que cantemos com mais frequência. É o Condicionamento Operante (MOREIRA,
2011).
No reforço negativo, por outro lado, o estímulo tende a diminuir ou extinguir o comportamento.
Por exemplo, se uma criança, ao perguntar para o professor alguma questão é respondida com
aspereza ou é ridicularizada, a tendência é essa criança não repetir ou diminuir o
comportamento.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Assim, temos na escola, a possibilidade de usar também o condicionamento operante, quando
queremos que um comportamento da criança se repita mais vezes (como estudar, ficar em
silêncio) ou que seja excluído (como agredir colegas), apresentamos estímulos positivos ou
negativos, como elogiar ou repreender.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Psicologia Genética: Jean Piaget
O biólogo suíço Jean Piaget é um dos maiores expoentes nas pesquisas e práticas
educacionais. Sua teoria de desenvolvimento cognitivo é a base da educação infantil e
primeiros anos do ensino fundamental. Também se dedicou ao desenvolvimento moral e social
das crianças. Sua teoria revolucionou a educação ao mostrar que o desenvolvimento infantil
tem características únicas e que a aprendizagem depende da adaptação ao meio.
Para Piaget, inteligência é adaptação. O ser humano nasce com estruturas mentais próprias da
espécie, que em contato com o meio e seus objetos de aprendizagem desencadeiam os
processos mentais de adaptação e organização. A adaptação é desencadeada por um
desequilíbrio nas estruturas, uma necessidade de reorganização das informações, e isso
acontece quando nos deparamos com um novo objeto de conhecimento, uma informação nova
(PIAGET, 1964).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Se pensarmos nessa parte da teoria de Piaget podemos notar como a diversidade de estímulos,
produzida pela diversidade no ambiente (seja ela humana ou material) é importante para o
desenvolvimento cognitivo. Quanto mais estímulos ambientais a criança tem, mais ela
desenvolve sua estrutura mental.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Assim, a criança, em contato com um mundo novo, está o tempo todo adaptando e organizando
informações. A evolução cognitiva da criança, segundo Piaget, ocorre em 4 fases (PIAGET,
1964):
I.Período Sensório-Motor (0-2 anos): fase de imitação, de exercício dos reflexos, a criança desenvolve a
linguagem, é egocêntrica;
II.Período Pré-Operacional (2-6 anos): a criança inicia o processo de socialização e exercita o jogo simbólico,
o faz-de-conta;
III.Período Operacional Concreto (7-12 anos): período das operações mentais concretas, aprende a lógica,
conceitos de número, de tempo, de reversibilidade. Existe um material de apoio ao professor, chamado “Caixa
de Piaget”, na qual encontramos provas operatórias desenvolvidas por ele para analisar em qual período a
criança se encontra;
IV.Período Operacional Formal (a partir dos 12 anos: início do pensamento lógico-dedutivo, a criança começa
a entender e criar pensamentos formais, abstratos, teorias mais complexas.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Nos dois primeiros períodos de desenvolvimento, Piaget estudou o conceito de regras na
criança e acabou por formular as etapas de desenvolvimento moral. Estudando crianças
jogando bolinhas de gude, ele observou que as mais novas jogavam de acordo com as próprias
regras e estavam mais preocupadas em apalpar os objetos; esse período, Piaget chamou de
anomia moral (PIAGET, 1994).
Conforme crescem, as crianças passam a temer a autoridade moral e respeitam as regras por
medo do castigo e punição, se perguntadas sobre sanções, elas são mais rígidas e punem de
acordo com as consequências do erro e não com as intenções, essa forma de pensar é
chamada de responsabilidade objetiva e esse período Piaget nomeou de heteronomia (PIAGET,
1994).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Com o surgimento do pensamento formal as crianças dominam as regras do jogo e entendem o
significado intrínseco das normas, pensam na coletividade e no bem-estar social; com isso,
elas elaboram sanções de acordo com as intenções da pessoa ao cometer um erro e não
somente nas consequências. É a responsabilidade subjetiva. Esse período é o de autonomia
moral, segundo Piaget (PIAGET, 1994).
Assim, Piaget e suas teorias, moral e cognitiva, mudaram totalmente as bases teóricas do
aprendizado infantil e, consequentemente, humano. Pela teoria piagetiana não concebemos
mais a inteligência como algo a ser medido, mas observado, e passamos a acreditar que todas
as crianças conseguem aprender: quanto mais estímulos, mais aprendizado.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
● Psicologia Sócio Histórica: Lev Vygotsky
Para o psicólogo russo Lev Vygotsky, a criança vai aprender todo o conhecimento social e
histórico do meio em que vive através da linguagem e da interação social. Ele não credita o
desenvolvimento humano à maturação do organismo, mas a processos sociais que envolvem a
mediação do outro (VYGOTSKY, 2002).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Na escola, a criança deve ser entendida como um ser histórico que já carrega em si conteúdo
cultural significativo. O professor deve avaliar esse conhecimento prévio da criança para
entender a zona de desenvolvimento real do seu aluno, ou seja, o que ele já sabe. Pensando em
suas habilidades, o professor vai então focar na zona de desenvolvimento potencial, ou seja, o
que ele é capaz de aprender. Assim que entender essa potencialidade, vai elaborar seu
planejamento, que será composto de atividades significativas (zona de desenvolvimento
proximal) que ajudarão a sair do ponto A para o ponto B (VYGOTSKY, 2002).
Nessa teoria de aprendizagem, então, a escola deve estar sempre atenta ao desenvolvimento
da linguagem, do diálogo, da comunicação, para promover a troca de experiências, de
vivências, sempre estimulando a socialização, a interação e a integração dos alunos.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
● A Afetividade: Henri Wallon
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
A teoria de Wallon valoriza tanto aspectos genéticos, inatos, como os aspectos determinados
pelo meio. Ele divide o desenvolvimento humano em 5 etapas:
I.Impulsiva-emocional: surge no primeiro ano de vida da criança e é caracterizada pelas interações afetivas;
II.Sensória-motora e projetiva: vai até os 3 anos, é caracterizada pela exploração dos espaços e dos objetos. Também
surge o jogo simbólico e a linguagem;
IV.Categorial: a partir dos 6 anos, o mundo da criança se amplia e ela passa a ter muita curiosidade por objetos de
conhecimento cada vez mais diversificados;
V.Predominância Funcional: as ações hormonais desenvolvem o corpo e o pensamento se torna mais complexo, a
necessidade afetiva é preenchida com os pares e a sexualidade começa a ser foco de interesse, existem muitos
questionamentos nessa fase o que origina muitos conflitos com a família e a escola (GALVÃO, 1995).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Para Wallon, a afetividade se manifesta de três formas: a emoção, o sentimento e a paixão.
Essas formas se manifestam desde o nascimento, mas se diferenciam e se intensificam
conforme algumas fases de desenvolvimento. (GALVÃO, 1995). A escola tem por dever zelar pelo
desenvolvimento e equilíbrio emocional de seus alunos para que esses tenham um aprendizado
efetivo e completo.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
● Aprendizagem Significativa: David Ausubel
Nunca uma teoria de aprendizagem foi tão urgente quanto a da aprendizagem significativa do
psicólogo americano David Ausubel. Levar em conta o conhecimento prévio, a cultura, a
bagagem cognitiva que a criança traz para a escola e trabalhar isso como base para novos
aprendizados resume a contribuição dos estudos de Ausubel para o ensino e práticas escolares
(MOREIRA, 2011).
Ausubel expôs suas teorias em um contexto dominado pelo behaviorismo, este, não levava em
consideração o que os alunos já sabiam e trabalhava somente o comportamento observável e
mensurável. Assim, a teoria de Ausubel trouxe uma linha de pensamento oposta: aprender
reconfigurando as estruturas mentais já existentes. Ao ressaltar a importância da história do
indivíduo e a do professor como mediador, Ausubel se aproxima da teoria de Vygotsky; ambos
reforçam que o conteúdo ensinado na escola deve ter valor social e significado para o aluno
(MOREIRA, 2011).
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Assim, a teoria da aprendizagem significativa nos auxilia muito na atualidade, na qual vivemos a
necessidade de motivar alunos e professores, aliar tecnologia e ensino e dar mais dinamismo
nos processos educativos. Trazer material didático significativo é de suma importância para
ressignificar o papel da escola e o perfil do aluno.
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CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
● As Inteligências Múltiplas: Howard Gardner
Durante muito tempo a escola não levava em conta as diferentes habilidades e competências
de seus alunos. Não entendia ou não justificava o fato de muitos estudantes serem habilidosos
em determinadas áreas e terem dificuldades de aprendizagem em outras. Assim, o psicólogo
americano apresentou a teoria das inteligências múltiplas e atualizou todo nosso conceito de
aprendizagem escolar.
98
CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
I. Lógico-Matemática: habilidade para operações matemáticas e lógicas;
99
CAPÍTULO 6 – TEORIAS DE APRENDIZAGEM
Com o avanço dos estudos, Gardner considerou também a inteligência natural, habilidade de se
relacionar com a natureza, e existencial, de cunho filosófico. Com essas novas concepções de
inteligência, a escola começa a repensar seu paradigma educacional e a reavaliar a forma como
ensina e avalia seus alunos. As habilidades individuais entram na pauta de planejamento
escolar e os conteúdos começam a ser pensados de acordo com essas habilidades, assim
como a avaliação.
100
CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
101
CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
A escola brasileira ainda segue modelos arcaicos de ensino, porque sua estrutura é engessada,
não abre caminho para que grandes mudanças sejam feitas. Embora a nossa legislação seja
atual e inspirada em paradigmas teóricos mais contemporâneos, nossa escola ainda é pensada
e construída para o modelo formal. Por exemplo, o material didático, a sala de aula e o regime
de ensino seriado, com avaliações escritas e teóricas, só permitem que o professor siga esse
modelo, com aulas expositivas, cópias e aluno inativo.
102
CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Derrubar e remover esses obstáculos ainda é o maior desafio do professor quando pensamos
em estratégias de ensino. Como ele vai usar todas as teorias de aprendizagem que aprendeu na
graduação, que são inspiradas em métodos ativos, quando a escola não lhe permite isso, nem
burocraticamente, nem fisicamente, nem pedagogicamente? É o que tentaremos solucionar
nesse capítulo.
103
CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Além da diversidade de seu público, seja essa diversidade cognitiva, física ou social, a escola
tem que lidar com os dispositivos tecnológicos que acompanham essa nova geração. Muitos
alunos trazem celulares para a escola e querem usá-los, muitos não veem o atrativo dos livros e
cadernos, querem computadores, muitos não conseguem fazer a letra cursiva, mas digitam
rapidamente. Como lidar com essa invasão tecnológica se a escola só possui lousa, caderno e
livros didáticos impressos, quando muito?
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Os alunos da escola atual são nativos digitais, são crianças e adolescentes que não conseguem
mais passar 4 ou 5 horas sentados, ouvindo e copiando. Esse público tem acesso muito rápido
a uma grande variedade de informações fora da escola e quando entram nesta, parece que o
tempo para. Além de não oferecer um conteúdo atual e significativo, a escola usa métodos
ultrapassados e materiais desinteressantes.
Percebendo a demanda por tornar as disciplinas mais dinâmicas, com textos mais
significativos e mais aplicáveis, a escola tem repensado métodos e materiais, tentando
incorporar as novas tecnologias ao seu cotidiano e adotar práticas mais ativas, democráticas e
participativas.
105
CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
● Pedagogias Ativas
Pedagogias ativas são práticas de ensino baseadas nas teorias ativas de aprendizagem, ou
seja, participativas, democráticas, construtivas e significativas. Como pudemos ver, pelo
contexto social em que vivemos atualmente, a escola precisa se atualizar e adotar práticas e
métodos que despertem novamente o entusiasmo e a motivação dos seus alunos e
professores.
Não é recente essa preocupação, o movimento brasileiro chamado “Escola Nova”, iniciado por
intelectuais e educadores na década de 1930, já discursava sobre a importância de romper com
o modelo tradicional de ensino, melhorando a qualidade da escola pública. Esse movimento
também defendia um ensino laico, criticando duramente o ensino religioso nas escolas
(PAVANI, 2020).
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Outro nome importante na luta por melhorar a qualidade da escola foi o educador e filósofo
brasileiro Paulo Freire, hoje patrono da educação nacional, que já criticava o modelo tecnicista
e alienante da educação tradicional. Freire (1996) dizia que a pedagogia deveria ser crítica e não
um sistema de depósito bancário, em que o professor deposita conteúdo em um aluno passivo.
Em seu trabalho, Paulo Freire defendeu uma educação voltada para questões sociais, com o
objetivo de valorizar a cultura e os saberes prévios dos alunos e sanar as desigualdades
produzidas pela sociedade. A escola teria a função de acolher e ensinar a todos de forma igual,
dando assim, a almejada igualdade de oportunidades que tanto defendemos ainda hoje
(FREIRE, 1996).
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Assim, a importância de se adotar metodologias mais ativas ainda se mostra urgente. As novas
gerações de alunos estão cada vez mais desinteressadas do cotidiano escolar e os professores
têm tido cada vez mais dificuldades em ensinar. Precisamos parar de culpar os alunos e
professores, também não é mais questão única, e tão somente, de investimentos financeiros. A
escola precisa mudar de postura e não se consegue isso se os poderes que comandam a
educação não incentivarem.
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Se nossa LDB dá flexibilidade para a escola trabalhar, seria o momento dos governos
municipais, estaduais e federal pararem de exercer tanta tutela sobre a escola. Os gestores e
professores precisam de mais liberdade para planejar o ensino e aplicar as práticas
motivadoras e significativas.
Tendo tempo e liberdade suficientes para transformar a escola em um lugar que motive e
cative o aluno, o professor e os seus gestores podem elaborar métodos mais eficazes para seu
público, mais de acordo com seu contexto escolar e mais adequado ao seu cotidiano, por
exemplo, vejamos as estratégias que as pedagogias ativas nos mostram como caminhos mais
atuais:
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
➢ Diálogo com alunos maiores para saber de suas dificuldades, seus sonhos e suas necessidades;
➢ Reflexões críticas;
➢ Métodos de ensino que envolvam a participação ativa dos alunos e material adequado a esse
método.
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Pensando nessas necessidades de mudanças nos paradigmas educacionais, a nova Base Nacional
Comum Curricular (BNCC/MEC, 2020) trouxe algumas questões para a orientar a escola no
planejamento do currículo e sua aplicação. Algumas mudanças foram feitas tentando dar mais
significação ao currículo e atender a mais necessidades educacionais.
Como objetivo principal, a nova BNCC afirma a importância de se desenvolver dez competências em
seus alunos, nas grandes áreas de conhecimento, de modo contínuo e intrínseco nas disciplinas:
conhecimento; pensamento crítico, científico e criativo; repertório cultural; comunicação;
argumentação; cultura digital; autogestão; autoconhecimento e autocuidado; empatia e cooperação;
e autonomia e responsabilidade.
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
Como podemos notar, a preocupação com um currículo mais significativo e que motive mais
professores e alunos é nítida. O desafio do professor será conseguir desenvolver essas competências
no cotidiano escolar usando um material que ainda é engessado e padronizado, e ainda sendo
cobrados para usarem métodos tradicionais.
Pensando nesse desafio, o Movimento pela Base Nacional Comum, um grupo não-governamental
surgiu para defender a nova BNCC e auxiliar escola e professores na implementação da mesma. No
site desse movimento tem dicas para planejamento escolar, planos de aulas, atividades práticas e
indicação de livros, além de troca de experiências e tira-dúvidas. O acesso é em:
http://movimentopelabase.org.br/
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CAPÍTULO 7 – NOVAS ESTRATÉGIAS DE ENSINO NO PROCESSO DE APRENDIZAGEM
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
Para finalizarmos nossos estudos sobre as práticas docentes atuais e o ensino nas escolas brasileiras,
trazemos algumas reflexões sobre a escola do futuro. Esse conceito é usado para descrever as
características que a educação básica nacional pretende apresentar nas próximas décadas. Essas
características são a mescla do que é útil no ensino tradicional com as necessidades educacionais
que o novo contexto social exige, como o conhecimento de tecnologias.
Um dos projetos que têm preocupação em melhorar e atualizar a escola pública é justamente o
Projeto Escola do Futuro. Pensamos que este projeto resume todas as dicas e teorias citadas até aqui,
por ser completo no objetivo de tornar a escola mais moderna e mais efetiva. Esse projeto pretende
transformar a educação básica e tem sido implantado em algumas escolas-modelo. Vamos estudar
agora quais as principais características dessas escolas.
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
● As Novas Tecnologias
A tecnologia digital deve ser encarada na escola, não como a inimiga ou aquela que pretende
substituir a escola, mas como um instrumento importante para a mesma, facilitando a
comunicação e o acesso à informação e ao conhecimento. A tecnologia vai ajudar a otimizar o
tempo da sala de aula, dinamizar o fluxo de informação e trazer experiências mais significativas
para os alunos. Com computador ou lousa digital, e acesso à internet, as possibilidades do
professor em sala de aula aumentam consideravelmente.
Um outro aspecto importante é a autonomia que o aluno consegue, podendo ser protagonista
do próprio processo de aprendizagem. Enquanto o professor lhe apresenta o caminho e o guia,
a internet oferece os recursos para sua caminhada. Assim, esse aluno pode manter o
entusiasmo e a motivação para frequentar a escola, pois verá possibilidades de aprender de
modo claro e com mais aplicabilidade ao seu futuro (SILVA, 2019).
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
Ao dizermos que a escola precisa se adequar ao contexto e à realidade social nos quais está
inserida, não podemos deixar de frisar a importância da participação da família e da
comunidade dos alunos no cotidiano escolar. Em primeiro lugar, uma escola para todos, como
pretende ser, precisa ser realmente aberta a todos. Aos pais, que precisam acompanhar o
aprendizado dos filhos e à comunidade, que através de seus impostos, mantém essa escola e
quer ver retorno para isso.
Muitas escolas já têm esse projeto de inserir a comunidade em seus eventos, tanto na
elaboração, quanto na participação. Também muitos gestores consultam os pais de alunos
para tomar decisões importantes para a escola. Basta que se use experiências positivas nesse
sentido como inspiração e modelo para mais ações do tipo (SILVA, 2019).
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
Ainda pensando nas tecnologias, essas podem auxiliar as escolas a manter um ensino híbrido,
ou seja, metade presencial e metade online. É um recurso mais caro e que precisa de um ótimo
planejamento, mas com a velocidade da internet aumentando e também a expansão dos
dispositivos móveis, é um sistema que precisa ser considerado, pois já funciona no Ensino
Superior (SILVA, 2019).
Assim, o currículo também precisa ser repensado. Junto com as disciplinas tradicionais, como
matemática e português, é preciso inserir disciplinas que ensinem a lidar com as tecnologias e
com outras necessidades do mundo atual. Uma dessas necessidades é o mercado de trabalho.
Ele está mudando e novas profissões estão surgindo a cada ano, por isso, a escola precisa
oferecer, conjuntamente com ensino regular, o ensino técnico, mais específico e de menor
duração, para preparar para essas profissões.
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
● A Educação Maker
Já comentamos sobre a importância de dar significado ao que se ensina e uma forma eficaz de
se colocar isso em prática é ensinando a fazer. Os alunos precisam dar aplicabilidade ao que
aprendem e para isso a escola precisa de tempo para inserir mais práticas em seu cotidiano. A
educação maker, como é chamada essa prática feita pelos alunos problematiza situações e
deixa os alunos “botarem a mão na massa”.
A nova BNCC, como já vimos, já se preocupa com a aquisição dessas competências, tais como:
Pensamento Científico, Crítico e Criativo, a Empatia e Cooperação e a Responsabilidade e
Cidadania (SILVA, 2019).
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
As novas gerações desenvolvem o aspecto cognitivo de modo mais rápido que as de um século
atrás, isso porque, retomando a teoria piagetiana e vigotsquiana, elas têm mais estímulos do
meio, mais interação com objetos de conhecimentos diversificados e mais relações sociais.
Assim, a aprendizagem dessa criança precisa acompanhar esse ritmo de desenvolvimento.
Sem o interesse, nenhum aprendizado é realizado e para se captar e manter o interesse dessas
crianças é preciso inovar, flexibilizar e ter conhecimento desse público. Uma maneira de
manter o interesse dos alunos é deixar que eles escolham as disciplinas. A escola pode manter
uma base obrigatória e oferecer disciplinas eletivas para que o aluno curse as que mais tem a
ver com seus interesses atuais e futuros. É muito importante, assim, que a escola tenha uma
boa equipe de orientação, como psicopedagogos, por exemplo.
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CAPÍTULO 8 – A ESCOLA DO FUTURO: DESENVOLVIMENTO COGNITIVO E APRENDIZAGEM
Outro fator importante no aprendizado da nova geração é o emocional. Temos observado uma
fragilidade muito grande nessas crianças e adolescentes, que nasceram expostos nas redes
sociais e cresceram sendo julgados e avaliados. Ao mesmo tempo, os cuidados com a infância
nunca foram tão extensos, a ponto de alguns pais se anularem em função dos filhos. Isso criou
uma geração que não sabe lidar com frustrações e reveses da vida real.
Por isso, a escola precisa fortalecer a personalidade e a autoestima desses jovens enquanto
ensina o conteúdo regular, pois se não estiverem focados, não aprenderão. Algumas
habilidades, assim, precisam entrar no planejamento, tais como: resiliência, tato social e
emocional, coletividade, comunicação e sociabilidade. Ainda em 2020 essas habilidades serão
obrigatórias na BNCC.
Como pudemos entender nesse capítulo, uma nova geração, nascida em uma sociedade
movida a informação, tem um desenvolvimento cognitivo diferenciado, que precisa ser
atendido pela escola para que o aprendizado e o interesse por este sejam efetivos.
121
CONCLUSÃO
122
CONCLUSÃO
A sociedade está mudando, o mundo está mudando, e rápido. As tecnologias avançam e se
atualizam rapidamente, as informações circulam cada vez mais velozes e em maior quantidade,
nossa vida é invadida por cada vez mais serviços digitais e dispositivos móveis. Enquanto todas
essas transformações acontecem e impactam nosso modo de viver e de pensar, a escola
permanece presa a um modelo arcaico de ensino.
Nos nossos estudos, pudemos entender as necessidades de mudanças que a escola tem
enfrentado e as causas dessas necessidades. Pudemos notar que a escola já sabe o que tem
que fazer e está tentando sair desse modelo de ensino já superado e cada vez mais ineficiente.
As teorias de aprendizagem que apresentamos aqui nos mostram que os seres humanos
dependem intensamente do meio em que vivem para adquirir conhecimento. Desde as teorias
comportamentais até os estudos cognitivos, a importância do meio fica evidente, porque
oferece os recursos materiais, os objetos de estudos, a vivência, a experiência e o mais
importante, o contato humano e a interação social.
123
CONCLUSÃO
O mundo da educação recebe atualmente uma geração inquieta, ansiosa, pensante, que
necessita mais do que nunca de métodos mais ativos de ensino. O aprendizado não pode mais
ser o tradicional e passivo, precisa de práticas, de experiências, de trocas de ideias, de
estímulos e motivação. As pedagogias ativas vêm sendo pouco a pouco integradas na
educação e no currículo. A nova BNCC propõe atividades mais práticas e desenvolvimento de
competências sociais e emocionais.
Os professores têm recebido uma formação mais preocupada com o uso de tecnologias e
práticas docentes mais voltadas para o estilo de aprendizagem de seus alunos. Os cursos de
graduação precisam dedicar carga horária para o estágio supervisionado, onde o futuro
professor vai conhecer o cotidiano escolar e as estratégias pedagógicas usadas em salas de
aula. Na disciplina de prática docente, o graduando tem a possibilidade de viver e refletir sobre
a realidade escolar atual.
124
CONCLUSÃO
Assim, o contato com a funcionalidade da escola pode dar informações suficientes para que
esses estudantes reflitam sobre as práticas docentes usadas atualmente e o que podem
oferecer para melhor o processo de ensino-aprendizagem quando forem docentes. Pensamos,
que a formação de profissionais da educação no país, embora ainda tenha algumas falhas, têm
atendido as necessidades da educação, a grande dificuldade, na verdade, é a educação atender
as necessidades dos profissionais que trabalham com ela.
Por isso, uma mudança na estrutura escolar e em seus métodos de ensino é tão importante e
urgente, para preencher as expectativas e os anseios dos professores, mas atender também as
necessidades de seus alunos. Uma escola que oferece recursos e potencialidades para o
professor realizar toda sua prática pedagógica de modo amplo oferece também grandes
oportunidades de aprendizado para seus alunos.
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CONCLUSÃO
A escola do futuro é uma escola de práticas e vivências, que conta com a participação da
sociedade e da família dos alunos. Os professores sofrem menos tutela do Estado, podendo
trabalhar com mais liberdade de desenvolver sua prática e aplicar suas teorias e métodos
educacionais. Alunos e professores serão parceiros na caminhada do saber e a escola pensará
na tecnologia como um instrumento útil no aprendizado e não mais como sua inimiga. Assim, a
escola será para todos e de todos, pois terá condições de atender as necessidades
educacionais de todos seus alunos.
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BIBLIOGRAFIA
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