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CONHECIMENTO OBJETIVO ‘KARL R, RorPen © maior milagre do universo € possivelmente o conhecimento humano, Como, porém, 0 homem adquire conhecimento € o faz cres- cer? De que modo, especialmente, age a ciéncia para progredir, subs- tituindo teorias antigas por outras novas ¢ melhores, em incessante Procura no rumo da verdade? No pasado, e até recentemente, a teoria do conhe ‘5 humano tem sido principalmente subj ta. Mesmo 0 conhecimento ci fico vinha sendo encarado como do. Karl Popper rompe com esta secular tradigdo, que pode ser data- da de Arist6teles. Sendo realista ¢ fall © autor considera 0 conhecimento cientifico, expresso em linguagem humana, nfo como uma parte de nés mesmos, mas como sujeito, ¢ sempre assim devendo ser, a critica objetiva. Esta age como uma espora, para levar-nos sempre & frente, e como uma rédea, para impedir que saia- ‘mos voando em abstragdes vagas. E 6 por meio da constante selecdo critica, num processo evolucioné- rio, que o conhecimento pode aumentar ¢ ser renovado. Esta € a tese fundamental deste livro, que 0 autor debate com argu- 1 COLECAO ESPIRITO DO NOSSO TEMPO A SOCIEDADE ABERTA E SEUS INIMIGOS (2 vols) — Kar R. POrPar ‘Tradugio de MILTON Amano, A CONDUTA DA VIDA — Lewis Musronn ‘Tradugdo de New R. a Suva. A LIBERDADE DO HOMEM — Pav Wi ‘Tradugio de Nett, R. DA. SILva. 0 ROMANCE AMERICANO — CARL VAN Dons ‘Tradueio de Net, R, pA. SIVA PANORAMA DO ROMANCE AMERICANO — Enwano /AGNEKNCHT ‘Tradugio de ESTiteR DE CARVALH HARMONIA POLITICA — JoXo Camo og Ouivera Tonnes. MANIFESTO DEMOCRATICO — Feapixann Penourka ‘Traduglo de Net R, DA Sttva. A CULTURA DAS CIDADES — ‘Traduglo de Nett, R, DA 0 NOME SECRETO — ‘Tradugio de M. 7, LIMA Tonnes. A FORCA DA TERRA — Aumnep Kazin ‘Traduglo de ARTHUR L. SMITH A RECONSTITUICAO DA SOCIEDADE — Watren Live ‘Tradugdo de Nex, R, pA Sttva A CIDADE NA HISTORIA (2 vols.) — Lewis MUMPoRD ‘Tradugio de Neil, R, DA SILVA CONHECIMENTO OBJETIVO — Kart R, Porres ‘Traduefo de MILTON AMADO Reitor: Prof. Dr. Orlando Marques de Paiva EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO Presidente: Prof. Dr, Mario Guimaraes Ferri Comissao Editorial Presidente: Prof, Dr. Mério Guimardes Ferri (Instituto de Biociéncias. Membros: Prof. Dr. Ant Cunha Instituto de Biociéncias, Prof. Dr. Carlos da silva Lacaz (Faculdade de Medicina), Prof. Dr. Pérsio de Souza Santos (Escola Politécnica) e Prof. Dr. Roque Spencer Maciel de Barros (Faculdade de Educacao) 30 OY 93> C.cegos robes ato ce o8 13 45659) frastle FICHA CATALOGRAFICA (Preparada pelo Centro de Catalogacio-na-fonte, ‘CAMARA BRASILEIRA DO LIVRO, SP] 2, Teoria do conhecimente cppazi 161 iees para 0 catélogo sistemético: Conhecimento : Teoria ; Metafisica : Filosofia Epistemologia : Metafisiea : Filosofia 121 Indugio : Légica 1 Teoria do conhecimento : Metafisien : Pilosofin, CONHECIMENTO OBJETIVO COLEGAO BSPIRITO DO NOSSO TEMPO 13 CLAUDIO MARTINS &s LIVRARIA JTATIAIA EDITORA SIR KARL R. POPPER CONHECIMENTO OBJETIVO Uma Abordagem Evolucionaria Tradugdo de MILTON AMADO EDITORA DA UNIVERSIDADE DE SAO PAULO EDITORA ITATIAIA LIMITADA ‘Titulo da edigao original inglesa OBJECTIVE KNOWLEDGE AN BYOLUCIONARY ArPADAC (Traduside da edigéo de 1973, corvigida Publicado pela OXFORD UNIVERSITY PRESS — LONDON) © KARL R. POPPER, 1972 Dedieado ALFRED TARSKI 1978 Direitos autorais para a lingua portuguesa adquiridos pela EDITORA ITATIAIA LIMITADA de Belo Horizonte PREFACIO. FENOMENO do conhecimento humano é, sem diivida, 0 maior milagre de nosso universo. Constitui um problema que nao seré resolvide em breve e estou longe de pensar que 0 pre- sente volume dé a sua solucdo uma contribuicdo ainda que pequena, Espero, porém, ter ajudado a reiniciar um debate que hd trés séculos tem estado atolado em preliminares. Desde Descartes, Hobbes, Locke, e sua escola, que Inclui nao sé David Hume mas também Thomas Reid, a teoria do conhecimento humano tem sido amplamente subjetivista: 0 co- nhecimento tem sido encarado como um tipo especialmente se- ‘puro de crenca humana, € 0 conhecimento cientifico como um tipo especialmente seguro de conhecimento humano, Os ensaios deste livro rompem com uma tradicao que pode ser rastreada até AristOteles — a tradi¢ao dessa teoria do co- nhecimento, de senso comum. Sou grande admirador do senso comum, que, afirmo, é essencialmente autocritico. Mas, se estou disposto a sustentar até 0 fim a verdade essencial do realismo do senso comum, considero a teoria de senso comum do conhe cimento como wna asneira subjetivista. Essa asneira tem dor ocidental. Tenho tentado erradicd-la ¢ substi tui-la por uma teoria objetiva do conhecimento, essencialmente conjectural. Isto pode ser uma pretensio audi ‘mas iio peco desculpas por ela. Sinto, porém, que devo desculpar-me por certas sobrepo- sigdes: deixel os vdrios capitulo, publicados anteriormente ou ndo, quase no préprio estado em que foram escritos, mesmo quando se sobrepunham parcialmente. Esta € também a razdo nos Capitulos 3 ¢ 4, em “segundo” bora prefira agora falar em 3 Kart R. Porrer Penn, Buckinghamshire 24 de julho do 1971 SUMARIO 1. CONHECIMENTO CONJECTURAL: MINHA SOLUGAO DO PROBLEMA DA INDUCAO 8 a Indugio, M2 — 5 — Con Problema’ Légieo 18. — Coment ico, 18. : Verdade, 23, Dabilidade, 28, 9 — Preferéncia Bases de Minha Reformalagio do Problem Indugio de Hume, $8. 11 — Reformulagio do Problema Pricologico de. Indugio, 96. 12 "0. Problema Tract ‘onal do Indugio ea Thvalidade de Todos os Principios ou Regras de Indugo, 97,18 — Além dos Problemas ¢ 1 dugio e Demareacio, 2, DUAS FACES DO SENSO: ARGUMENTO A FAVOR DO REALISMO DE ce CONTRA A TEORTA DE SENSO COMUM DO CONHECIMENTO. a 1 — Em Desealpa_da Filosofia, a1 — 0 Ponto de Partida Inseguro: Senso Comum e Critica, 42, § — Con- traste com Outros Processos, 44, 4.— Realismo, 45. 5 — Argumentos em Prol do Realismo, 48. 6 — Obser- vyagies sobre a Verdad Verdade eConte 51, 7 — Contevdo, Contesido de alsidade, 68.8 — Observagies , 55, — Veroasimilitude © 10 — Verdade e ‘Alvos, 63.11 — Comentarios sobre aa. Nog jade e Verossimilitude, 63,12 — A Errénea Teoria de Senso Comum do Conhecimento, 68 ‘Teoria de Senso Comum do Conhecimento, 68 tien da Teoria. Subjetivista do Conhecimento, 70 0 Carter PréDarwiniano da Teoria de Sneso Comum a9 16 — Esbogo de uma Epistemologia V1 — Conhecimento de Base © Pro- blemas, 7. Impregnado de Teoria, Ine 18 — Retros- peeto sobre » Epistemologia 5 1. 20 — Co. nhecimento no Sentide Objetivo, 21 — A Procura d Certern e a Principal Fraqueza da Teoria ¢ do Conhecimento, 79. 22 — Observacoes Ai fa Certera, §1, 23 — O Método da Cincia, 84,24 — PreferénciaRacional e 0 Problema. du ise de nossas Escolhas © Predigeds, 85. 25 — Citn- cia: 0 Crescimento do Critien Inventiva, a8, Uma Reflezdo Deer nduedo, 88. 26 — Os’ Problemas de Causagio © Indueao, de Hume, 88, 2M — Por que o Problema Légico da Indugio de Hi mais Profundo do que seu Problema da. C: 2B — Intervengho de Kant: Conhecimento G 29 — A Solugdo do Paradoxo de Hume: Restai Racionalidade, 95, 30 — Confusses Ligadas ao Pi da Indugio, 98. Brvé de Just 3, EPISTEMOLOGIA SEM UM SUJEITO CONHEC 1 — Tris Testes sobre Bpistomologia e 0 Te 108, "2 — Uma Abordagem Biolbgiea do Tereeiro Mu eldgho @ Critiea da Bpistemologia Subjetivismo em Légiea, Teoria da Probabilidade e Ciéncia Fisice, 188, 8 —-A Logica e a Biologia da Descoberta, 141." 9 — Descoberta, Humanismo e Autotranszendén- cin, 144 4. SOBRE A TEORIA DA MENTE ORJETIVA 1. —Pluralismo 5. A META DA CIENCIA Bibliografia Selecionade, 191. Nota Bibliogrticn, 192 10 180 6, DE NUVENS E RELOGIOS Uma Abordagem do Problema da Racionalidade e da Liber- dade do Homem. TA SVOLUCKO E A ARVORE DO CONHECIMENTO 1 — Algumas Observagies sobre Problemas e 0 Crescimen to do Conhecimento, 235. 2 — Observagies sobre Me todos em Biologia e’Especialmente na Teoria da, Ev. 242. 8, — Uma Conjec Dualismo Genético”, 248, ‘Adéndo, 0 Bsperangoso Monstro Comportamental, 367. 8, UMA VISAO HISTORIA BALISTA DA LOGICA, DA FISICA B DA jamo_e Pluralismo: Redueio versus Emersio, imo e Emersio na Histérla, 271 2 — Realisimo e Subjetivismo om Fisica, 276. 4 — Re ismo em Logiea, 279 8. COMENTARIOS FILOSOFICOS SOBRE A TEORIA DA VERDADE DE TARSKI . Adondo, Uma Nota sobre a Definigho de Verdade, de Tar i, 808. APENDICE, 0 BALDE E 0 HOLOFOTE :DUAS TEORIAS DO CONKECIMENTO : NOTAS . Capfutlo 1, 333, Capitulo 4) 345, Captiulo 7, 368. Capitulo 9, 365 INDICE DE NOMES NDICE DE ASSUNTOS Capitulo 2, 335. Capitulo 5, 354 "Adendo, ‘365 Adendo, 387 italo 8, Capitulo 6, 856. Capitulo 8, 365. Apendice, 369, 198 284 261 > 294 an M6 1 — CONHECIMENTO CONJECTURAL: MINHA SOLUCAO DO PROBLEMA. DA INDUCAO 0 irracionaliamo erescente em todo 0 século 19 ¢ no que ja passou do século 20 ¢ uma seqiéncia na- tural da destruigéo do. empirisme por Hume. BerTeaND Russet Julgo haver resolvido importante problema filoséfico: 0 problema da indugéo. (Devo ter chegado a solugdo de 1927 ow por af.(1) Essa solugio tem sido extremamente frutifera, capacitando-me a resolver bom nimero de outros problemas filos6ficos. Poucos filésofos, contudo, apoiariam a tese de que resolvi © problema da indugdo. Poucos fildsofos tém-se dado a0 ined- modo de estudar — ou mesmo de criticar — minhas concepgdes de tal problema, ou de tomar conhecimento do fato de haver eu feito algum trabalho a esse respeito. Muitos livros publi- cados bem recentemente no fazem a menor referéncia a minha obra, embora muitos deles déem mostras de ter sido influen- ciados por alguns ecos bastante indiretos de minhas idéias. E as obras que tomam conhecimento de minhas idéias costumam atribuir-me opinides que nunca sustentei, ow criticar-me com base em evidentes incompreensdes ou interpretacies errdneas, ‘ou com argumentos invdlidos. Este capitulo é uma tentativa de explicar minhas concepgdes de novo e de um modo que conte- nha plena resposta a meus criticos. Minhas duas primeiras publicagdes sobre o problema da indugfo foram minha nota em Erkenntnis, em 1933,(2) na qual apresentei em sintese minha formulacdo do problema e minha solugdo, e meu livro Logik der Forschung (L.d.F.), em 1934.(8) ‘A nota e também o livro foram muito concentrados. Esperei, uum pouco otimistamente, que os leitores descobrissem, com a B ajuda de umas sugestdes hist6ricas que fiz, a razio de ser deci- iva minha reformulacdo peculiar do problema. Penso que o de haver reformulado o problema filoséfico tradicional foi mou possivel sua solucio. Por problema filosdfico tradicional da indugdo quero dizer uma formulagdo como a seguinte (que chamarei Tr): Tr — Qual é a justificativa para a crenca de que 0 futuro sera (amplamente) cor » qual & a justi ficativa para as inferéncias Formulagdes como estas esto erroneamente feitas, por vérias razées. Por exemplo, a primeira supde que o futuro sera como 0 passado, suposico que, de inicio, considero errada, a menos que a palavra “como” seja tomada em sentido t8o fle- xivel que torne a suposigio vazia ¢ inécua. A segunda formu- Jago supse que hé inferéncias indutivas normas para extrair inferéncias indutivas ¢ es nao deveria ser feita sem critica e que Penso, portanto, que ambas as form destituidas de © observagoes semelha muitas outras formulagdes. Minha tarefa formular outra vez o problema que penso estar por trés do que chamei problema filos6fico tradicional da inducéo. ‘As formulagées que agora se tornaram tradi historicamente, de data bem recente: brotam da por Hume a indugdo e de seu impacto sobre a teoria de senso comum do conhecimento, Voltarei a mais detalhado exame das formulagSes tradi- is de apresentar, primeiro, a concepgo de senso ‘comum, a seguir a concepcio de Hume e, por fim, minhas pré- prias reformulagdes e solugdes do problema 1 — 0 Problema de Senso Comum da Inducao A teoria de senso comum da indugo (que também apelidei “teoria do balde mental") & a teoria mais famosa, na forma da igéncia que ndo haja ‘enho tentado mostrar tio foi formulada marménides com :0: Muitos mi io tenha chegado através de scus sentidos Contudo, temos expectativas e fortemente acreditamos em certas regularidades (leis da natureza, teorias). Isto leva 90 problema de senso comum da indugo (que chamarei Sc): Se — Como podem ter surgido essas expec vas e crencas? ‘A resposta de senso comum €: Por meio de observagses repetidas feitas no passado: acreditamos que o sol nascera amanh& porque ele assim tem feito no passado. Na concepgio de senso comum € simplesmente tido como certo (sem que quaisquer problemas se suscitem) que nossa crenga nas regularidades é icada por aquelas observagdes idas que sio responséveis por sua genese, (Génese cum justificativa — ambas devidas a repeticio — € 0 que os fil6- sofos, desde Aristételes e Cicero, tém chamado epagdg? ou indugao .)(°) 2 — Os Dois Problemas de Inducao, de Hume Hume interessava-se pela situago do conhecimento hu- ‘mano ou, como poderia ter dito, por indagar se alguma de nossas crencas — e qual delas — poderia ser justificada por razbes suficientes.(*) Levantou ele dois problemas: um problema légico (HL) € um problema psicolégico (Hrs). Um dos pontos importantes € que suas duas respostas a esses dois problemas de certo modo se entrechocam. O problema de Hume €:(7) Ht — Somos sados em raciocinar partindo de exem- plos (repetidos), dos quais temos experiéncia, para outros exemplos (conclusdes), dos quais no temos experiéncia? ‘A resposta de Hume a Ht. é: Nio, por maior que seja o mimero de repetigdes. Hume também mostrou que a situagio légiea permanecia exatamente a mesma se em HL a palavra provaveis foss rida depois de “‘conclusdes”, ou se as palavras “para exe fossem substituidas por “para a probabilidade de exemplos”, problema psicol6gico de Hume é: Hes — Por que, nao obstante, todas as pessoas sensatas esperam, e créem que exemplos de que nfo tém experiéncias conformar-se-o com aqueles de que tém experitncia? Isto &: Por que temos expectativas em que depositamos grande con- fianga? 15 A resposta de Hume a HPs €: Por causa do “costume ou habito”; isto € porque somos condicionados pelas repeticdes pelo mecanismo da associagao de idéias, mecanismo sem 0 qual, diz Hume, dificilmente poderiamos sobreviver. 3 — Conseqiiéncias Importantes dos Resultados de Hume Por esses resultados, 0 proprio Hume — ais que jé houve — transformou-se num smo tempo, num crente: crente numa epistemologia irra- cionalista, 6eu resultado de que a repetigio nfo tem qualquer forga como argumento, embora domi levou-o & conclusio de que 0 , ot desempenha apenas um papel menor em “conhecimento” € desmascarado como sendo néo s6 da natureza de crenca, mas de crenca ra~ cionalmente indefensdvel — de uma fé irracional? ‘Tomnar-se-4 Gbvio na seccHo seguinte © nas secgSes 10 ¢ 11 que tal concluséo itraci ‘nfo pode ser derivada de minha solugdo do problema da inducéo, ‘A conclustio de Hume foi igorosa e desespe- radamente expressa por B. Russel por Hume a indugdo, diz Russel representa a bancarrota da_ra “Assim, € importante descobrir se hé alguma resposta a Hume ia. que seja inteira ou principalmente em- ica. Se nfo houver, ndo hd diferenca intelectual entre a sen- satez e a deméncia. © lunético que acredita ser um ovo escal- dado 36 seré condenado com base em que pertence a uma minoria” Russell prossegue asseverando que se a indugfo (ou o prin- iva para chegar ages particulares é ‘Assim, Russell acentua o choque entre a resposta de Hume a Hie (a) a racionalidade, (b) 0 empirismo ¢ (c) os proce- dimentos cientificos Tornar-se-4 bvio, nas secgdes 4 e 10 a 12, que todos esses choques desaparecem se for aceita minha solugéo do problema 16 da indugGo: ndo hé choque entre minha teoria de néo-indugio e a racionalidade, ou 0 empirismo, ou 0 procedimento da ciéncia, 4 — Meu Modo de Abordar 0 Problema da Induct (1) Considero de extrema importincia a distingo, cita no tratamento dado por Hume, entre um problema € um problema psicolégico. Mas nao penso que seja t6ria a concepedo que Hume tem do que me inclino a la; mas encara-os como processos mentais “ra- Em contraposigo, um de meus pr dagem, sempre que duzir todos os termos ‘pais métodos de abor- “teoria explant “assergio de observagio” ou de um em vez de “Justificativa de uma cren¢ da alegagio de que uma teoria é verdad “assergio de test ” falo de “ a", ete. Este processo de colocar as coisas no modo de falar obje- tivo, ow I6gico, ou “formal” serd aplicado a HL, mas néo a Hrs; contudo: (2). Uma vez resolvido o problema I6gico, Ht, a solugio & transferida para o problema psicoldgico, Hs, com base no se- uinte principio de transferéncia: 0 que & verdadeiro em légica verdadeiro em psicologia. (Principio andlogo se sustenta de modo geral para o que habitualmente se chama “método cienti- ‘0 que € verdadeiro ico e na historia da tura algo ousada -ologia da cognico ou dos processos de pensamento, (3) Ficaré claro que meu princfpio de transferéncia asse- gura a ponder a sew principal sem violar o prinefpio de transferéncia, entdo’ nfo pode haver choque entre l6gica e psicologia e, portanto, nenhuma conclusio de que nosso entendimento é irracional. (4) Tal programa, juntamente com a solugéo dada por Hume a H., implica que se pode di légicas entre teorias cientificas © observagies, mais do que é em Ht. (5) Um de meus_principais resultados & que, estando um erro — uma espécie de ilusio indugéo por repetioao no existe. 5 — 0 Problema Légico da Indi ‘eformulago e Soluce Em vista do que acaba de se (ponto (2) da prece- dente secgfo 4), tenho de reformular o Ht. de Hume num modo de Hume, por que descrevem acontecimentos obser ¢ “exemplos de que nfo temos Formulei 0 problema légico de indugéo de Hume do se- guinte modo: Pode a alegacio de que uma teoria explana observagio (que, pode-se dizer, sho “base Minha resposta ao problema ¢ a mesma de Hume: Nao, ras justificaria versal € verdad lizagio de Ly. Obté palavras “6 verdad rdadeira, ou € falsa, ser justificada por “razdes em- 6, pode a admissio da verdade de assercdes de ar a alegagio de que uma teoria universal é verda- 8 alegacio de que € falsa? A este problema, minha resposta € positiva: Sim, a admis sdo da verdade de assercdes de teste as vezes nos permite justi- ficar a alegacdo de que uma teoria explanativa universal é falsa 18 Esta resposta se torna muito importante se refletirmos sobre a situaglo de problema em que se ergue o problema da face de varias teorias explanat solugdes de um problema de explanacdo — por exemplo, um problema cientifico; e também em face do fato de precisarmos, menos desejarmos, escolher entre elas. Como vimos, (ima) de um demente, Hume tambéen concorrentes. “Suponhamos (escreve el ha em mente teorias we uma pessoa concordo,... que a prata é mais fusfvel do que o chumbo, ou que o merctirio é mais pesado do que 0 ouro....”(#8) Esta situagdio de problema — a de escolher entre varias teorias — sugere terceira reformulacdo do problema da indugdo: L, — Pode uma prefer a falsidade, por algum: outras ser ‘alguma vez j ia, com respeito & verdade ov A luz de minha resposta a L, a resposta a Ly torna-se

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