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Dados Intemacionais de Catalogacdo na Publicacao (CIP) “__(Gomare Brasileira do ir, SE Basi) Faber, Adele Coma falar pare seu ftho ouvir e ome ouvir para seu iho falar /‘Agle Saver, Elsine Maric (iustrages: Kimberly Ann Coe; tadughe: Aa Dayan, Dina Azra, EsabethC. Wajnyt). S30 Paulo: Summus, 2003 Titulo origina: How to talk zo kde wil stn & Hsten so ids wil tal Bibliografa, 150 979-88-323-0779-8 4, Comunfcagao Interpessoal 2, Educacao de criancas 3 Pais €filos 4, Piclogia infantil 2. Mazish, Elaine I, Coe, Ximberty Ano TH, Tul, 03-200 00-649.1 Tralee para catdlogo sstenstice 1. Grangas: Educagio: Vda fami 649.1 Compre em lugar de ftocopir Cada rea que oct da por um vo recompensa seus autores ‘© 04 convida a produir ais sobre o tama; Incentive seus editors 3 encomendsr, tradurir © publicar ‘tas obras sobre 0 asunto «pags as livros por estocare levar até voce tes a a sua Informaceo e o sev entrteniment, (ata real que vace dé pela fotacopia nao autorizada de um tie ajuda a matar a producto intlectual de seu pas Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar ADELE FABER ELAINE Mazuisi summus ‘Do original em tingua ingles ‘HOW TO TALK SO KIDS WILL LISTEN & LISTEN SO KIDS WILL TALK Copyright © 1993 by Adele Faber e Elaine Mazlish Direitos para a lingua portuguesa adquirdes por Summus Editorial. Traducao: Adri Dayan, Dina Azak e Elisabeth C. Wajnryt Tlustragio: Kiwberly Ann Coe Copa: Ana Lima Editoracio e fotoitos: All Print 4 edigio ‘Summus Editoriat Departamento editorial Rua Ttapicuru, 613 ~ 7° andar (5006-000 - Sao Paulo - SP Fone: (11) 3872-3322 Fax: (11) 3872-7475 ftp: // wn. summus.com.be e-mail: summus@sunmus.com.br ‘Atendimento a0 consumidor: ‘Summus Editorial Fone: (11) 3865-9890 Vendas por atacado’ Fone: (11) 3873-8638 Fax: (11) 3873-7085 e-mail: vendas@sunmus.com.br Impresso no Brasil <4 Agradecimentos A Leslie Faber e Robert Mazlish, nossos consultores em domi lio, que sempre estiveram disponiveis para nés — com uma frase me- thor, um novo pensamento, uma wwra de encorajamento. A Carl, Joanna ¢ Abram Faber, a Kathy, Liz e John Mazlish, que nos alegraram simplesmente por serem quem sao. A Kathy Menninger, que datilografou nosso manuscrito com iuita atengao aos detalhes, A Kimberly Coe, que retirou nossos desenhos ¢ nossas instru- ‘es rabiscadas © nos devolveu desenhos de pais e filhos pelos quais sentimos afeigao imediata, A Robert Markel pelo apoio ¢ pela orientagiio em um momento critica, A Gerard Nierenberg, amigo e consclhciro, que ofereceu gene- Tosamente sua experiéncia e seu conhecimento, ‘Aos pais em nossos encontros, por sas contribuigées escritas € Por serem nossos criticos mais severos. A Ann Marie Geiger ¢ Patricia King, por terem se dedicado tan- to quando precisamos delas. A Jim Wade, nosso editor, exjo bom humor constante e preocu- Pagio por qualidade tornaram um prazer trabalhar com ele. Ao dr, Haim Ginott, que nos apresentou aos novos modos de ico com as criangas. Quando ele faleceu, as criangas do randle campedo. Ele se preocupava muito mundo perderam um quanto a “nao haver mais arranhes em suas almas”. Sumario Carta a9 betor ove 9 Como ler ¢ usar este livre... . bees 13 [Erefeen tier otra et cerda ot oe 15 1. Ajudando 05 filhos a lidar com seus sentimentos. 19 2. Incentivando a cooperacio. 67 3. Alternativas ao castigo 109 4, Incentivando a autonomia Aensssesaomes 159 5. Elogio... : a 195 6. Liberando as criangas do desempenho de papéis 225 7. Uma simtese. 253 Vinte anos depois 261 1. As cartas 267 HL Sim, mas.. Ese... Comoe. 285 TL, Sua lingua materna.. » 299 Sobre as autoras. . 807 Questiondrio 309 Carta ao leitor Querido leitor, A diltima coisa que tinhamos imaginado era que esereverfamos um livro de auto-ajuda em habilidades de comunicagao para pais. relacionamento entre cada pai e filho é um assunto muito pes- soal e privado. idéia de dar a uma pessoa instrugbes de como falar em um relacionamento tao préximo simplesmente nao nos Parecia correta, Em nosso primeiro livro, Pais liberados/fidhos libera- dos, temtamos no ensinar ou fazer pregacoes. Tinhamos uma his- G6ria a contar. Nossos anos de encontros com o falecido psicologo infantil dr. Haim Ginott afetaram profimdamente nossas vidas. nhamos a certeza de que se contassemos como nossas novas habili- dades tinham mudado a forma como trativamos noxsos filhos, € a nds mesmas, nossos leitores assimilariam o espirito por tras das habilidades € se inspirariam a improvisar sozinhos, E, de certo modo, foi assim, Muitos pais nos escreveram com orgulho do que conseguiram realizar em suas casas 6 por terem lido sobre nossas experiéncias. Mas houve outras cartas € nelas um apelo em comum, Queriam um segundo livro ~ com “lig6es”, “exer- icios praticos", “dicas", “lembretes”, algum tipo de material que as ajudassem a aprender as habilidades “passo a passo"” Chegamos a considerar a ideia seriamente por um tempo, mas nossa resisténcia inicial retornou e engavetamos a idéia. Além disso, estivamos ocupadas demais nos concentrando nas palestras € nos encontros que preparévamos para nossas viagens de apresentagio do trabalho. Nos anos seguintes atravessamos os Estados Unidos conduzindo encontros para pais, professores, diretores de escola, pessoal de hospitais, adolescentes e funciondrios de creches. Onde quer que fOssemos, as pessoas compartilhavam conosco suas experiéncias pes- soais com esses novos métodos de comunicagio — suas dividas, suas frustragdes € seu entusiasmo. Nos Ihes fomos gratas por sua fran- queza € aprendemos de todos. Nossos arquivos estavam transpor- tando material novo e interessantissimo, Enquanto isso, a correspondéncia continnava a chegar, nao s6 dos Estados Unidos, como da Franca, Canadi, Israel, Nova Zelandi inas, India. A sra. Anagha Ganpule, de Nova Delhi, escreveu: “HG tantos problemas sobre os quais eu gostaria de receber seus conselhos. Por favor, digam-me 0 que posso fazer para estudar esse assunto em profundidade. Estou sem said, As formas antigas nao ime servem, € nao tenho as habilidades novas. Por favor, ajudem-me a superar isso”. Essa foi a carta decisiva. Comegamos a pensar novamente na possibilidade de escrever tum livro que mostrasse “como”, Quanto mais falévamos sobre ele, ficivamos mais & vontade com a idéia, Por que nao um livro de “auto-ajuda” com exercicios para que os pais pudessem aprender as. habilidades que queriam saber? Por que nao um livro que desse aos pais a chance de praticar 0 que tinham aprendido em seu ritmo proprio ~ sorinhos ou com um companheiro? Por que nao um livro com ceatenas de exemplos de didlogos Jiteis para que 05 pais pudessem adaptar essa nova linguagem a seu estilo pessoal? 10 a ‘i i $ i€ A obra poderia ter quadrinhos que mostrassem as habilidades em ago, de modo que um pai pudesse dar uma olhada no desenho € recordar-se do workshop. Tornarfamos o livro pessoal. Falariamos de nossas préprias ex- periéncias, responderiamos as quest6es mais freqiientes ¢ ineluirta- ‘mos as histérias € os novos insigits que os pais compartillaram conosco em nossos grupos nos seis anos anteriores. Mas © mais im- portante € que manteriamos sempre em mente nosso maior objetivo =a busca constante dos métodos que afirmam a dignidade ¢ huma- nidade de ambos, pais e filhos Repentinamente nosso desconforto inicial sobre escrever um li yro de “auto-ajuda” desaparecen. Qualquer outra arte ou ciéncia tem seu livro de técnicas. Por que nao um livro para pais que querem aprender a falar para que seus filhos ougam e aprender a ouvir para que seus filhos falem? Assim que decidimos, comegamos a escrever rapidamente. Que- riamos mandar um exemplar para a sra. Ganpule, de Nova Deh antes que seus filhos crescessem. Adele Faber Elaine Mazlish coast i Como ler e€ usar este livro Parece-nos pretensioso dizer a alguém como ler uma obra (par ticularmente quando nés duas costumamos comecar um livro pelo meio, ou Iemos até mesmo de tris para a frente). Mas, j4 que este & nosso livro, gostarfamos de Ihe dizer como achamos que ele deve ser. Depois que vocé der uma folheada ¢ olhar os quadrinhos, co- mece como capitulo 1. Faga realmente os exercicios conforme avan ‘car. Resista a tentagio de pular os exercicios e chegar nas “partes boas”. Se tem um amigo compativel com quem fazer os exercicios, melhor suas respostas com atengao, [ambém esperamos que anote suas respostas para que esse livro se torne um registro pessoal para voce, Escreva claro ou ilegi- vel, mude de idéia, risque ou apague, porém escreva, Esperamos que voeés conversem, argumentem e discutam Leia o livro lentamente, Para nés foram necessérios mais de dez anos para aprender as idéias contidas nele, Nao sugerimos que vocé gaste tanto tempo assim para lé-lo, mas se os métodos apresentados aqui lhe fazem sentido, vocé pode querer fazer algumas mudangas ¢ & mais facil mudar um pouco de cada ver do que tudo junto, Apés ler um capi- 1s tulo, deixe © livro de lado conceda a si mesmo uma semana para fazer a ligio de casa, antes de prosseguir. (Voce pode estar pensan- do; “Com tudo 0 mais que eu tenho de fazer, a tiltima coisa de que ‘eu preciso € ligio de casa”, No entanto, a experiéncia nos diz que a disciplina de ter de colocar as técnicas em agiio ¢ registrar os resulta- dos ajuda a colocé-las em seu devido Ingar ~ dentro de voce.) Finalmente, uma observagao sobre os pronomes, Tentamos evi- tar 0 inchmodo “ele/ela, dele/dela”, alternando aleatoriamente entre © uso do género masculino ¢ feminino. Esperamos nio ter nenhum Vocé pode també ‘estar se perguntando por que algumas par- tes deste livro, que foi escrito por duas pessoas, € narrado do ponto de vista de apenas uma. Foi a nossa forma de solucionar o problema incémodo de constantemente ter de identificar quem estava falando sobre a experiéncia de quem. Pareceu-nos que ficava melhor que “eu, Adele Faber” ou “en, Elaine Mazlish”, Quanto a nossa conviccio do valor das idéias nesta obra, falamos em unissono. Ambas constatamos esses métodos de comunicagio na ritica, com nossas proprias familias ¢ com milhares de outras. £ um grande prazer para nds compartilha-las agora com voc’. “ i i i Prefacio © que todos os pais querem para seus filhos? Provavelmente, que se tornem pessoas fortes, humanas e sejam felizes. Falar € facil, Transformar este objetivo em habilidades muito priticas ¢ eficientes ¢ a “magica” que Adele Faber ¢ Elaine Mazlish conseguem neste livro: como ouvir seu filho; como aceitar seus senti- cooperagio; quais as is € eclucativas ao castigo; como estimular a autonomia e mentos negatives; como conseguir a si lterna- tivas pos a responsabilidade; como clogié-los de maneira construtiva e, final- ‘mente, como tiré-los de rétulos estabelecidos Quanta coisa! E sabemos que nao é facil! Muar atinudes € como aprender uma nova linguagem. £ conhe- cer outro caminho, outro jeito para lidar com as diferentes situacées familiares. Os pais mais bem-intencionados percebem que, muitas ve~ es, a fala automética ~ aquela que usamos sem pensar com nossos fi- hos ~ acaba levando sem querer a confflitos, sem entendermos por que! Pais, nao desanimem!! Mudar habitos € possivel! As veres, lemos algo que nos propoe uma mudanga e pensamos que é algo muito idealizado € longinquo em relagéo a nossa propria realidade. bine ——_ . Somos psicélogas € trabalhamos hii varios anos nas fireas clinica © educacional, com especializax em orientagio de pais © auto- estima. No decorrer dos atendimentos percebemos que muitos pais tém dificuldade em comunicar-se com seus fillhos de maneira cons- trutiva, Procuravamos entre 0s vario. livros de educagio excelentes aquele que ajudasse os pais a colo.ar suas boas intengdes em préti- ‘ca, nos interminiveis desafios do cotidiano. Como falar para seu fitho cousir ¢ como ouvir para seu filho falar nos chamou a atengdo e se mos- t20u muito efetivo nas indicagoes que fizemos. (© que sera que o torna tdo especial e diferente? As autoras ofere- cem meios para construir a auto-estima nos filhos, positiva e realista, Preservando a dos pais. Eachamos este aspecto imprescindivel. Uma crianga com boa auto-estima tem mais contianga em si, estabclece metas € objetivos elevados, esforgase para atingilos € consegue en- frentar com maior trangiilidade os aspectos dificeis em sua vida, Ao adotar Como falar para seu fitho ouvir em nossa clinica, con seguimos perceber a importancia destas habilidades, como e por que elas funcionam: elas partem de um principio fundamental: RESPEITO (pelos filhos ¢ principalmente pelos pais). Quando nos encontramos com Adele Faber ¢ Elaine Mazlish, tivemos mais uma surpres S30 mulheres formidéveis, afiveis, criativas, cheias de vida, que acreditam no que falam e vivenciam tudo que eserevem, Elas so a personificagio do “FAGA 0 QUE BU DIG EU FAGO", . FAGA.O QUE ‘Também o aplicamos em nossas casas e adoramos 0 resultado, Assim como muitos de vocés, ja usdvamos algumas habilidades, mas ainda nao tinhamos percebido conscientemente a sua importancia, © estas foram reforcadas. Outras, aprendemos ¢ passamos a utilizar em nosso dia-a-dia, Nossas familias agradecem! Passamos pela infiincia ¢ adolescén- cia de nossos filhos com um relacionamento préximo, amoroso € alegre, € podemos, pais ¢ filhos juntos, encontrar solugdes satisfat6- ias aos desafios que surgem. 16 ra seu filho ow Nossus cursos baseaddos no wurkshop “Como kalat vir’ tém recebido um timo feedback de outras macs. Akém de diverti- dos e dindmicos, oferecem dicas praticas de atitudes e comunicagio, € 1m um ambiente agradavel para compartilhar experiéncias. © importante ¢ Jembrar das habilidades propostas e utilizé-las, Mesmo que as vezes voces nao consigam aplicé-tas, os filltos sempre ccriam novas situagées para que voces tenham a oportunidade de uséelas. rio afetivo de sua casa. Junto com 0 livro, nossos cursos reforgam este novo caminho, para ser tillada pelo resto da vida. O beneficio € sentir a familia unida, num clima de crescimento e trangtilidade. Como falar para seu filho onir & como ouvir para seu filho falar € jatando valores humanos bisicos que , pouco a pouco, voces perceberdo uma mudanga no cen muito sério € profundo, re ! todos estamos procurando: respeito, amor, limites, compreensio, cooperacio, autonomia, empatia, alegria, honestidade, iniciativa © perseveranca. Escolhido ¢ adotado em intimeras universidades, instituigées de prevengio ¢ tratamento contra drogas ¢ violencia doméstica, progra- mas de assisténcia & familia, escolas de pais, com muito sucesso (mais de 2 milhdes de cxemplares vendidos nos Estados Unidos) 0 seu re- conhecimento mundial (afinal, j4 foi traduzido para outros 18 idio- mas!) é totalmente merecido. Ele oferece realmente os instrumentos {que 08 pais procuram. Esperamos que voce também eneontre respos- tas as suas indagacdes, desfrute a leitura € aproveite 0 novo saber para sentir-se bem consigo mesmo e com aqueles que voce ama. Como falar para seu filho ouvir e como ouvir para seu filho falar & um livro inteligente e sensivel para pessoas inteligentes ¢ sensiveis. Agradccemos a honra de té-lo traduzido, Parabéns & Summus “antenas” ligadas para a qualidade ¢ jar filhtos mais felizes, fortes € Editorial por estar com as oportunidade de ajudar os pais a saudéveis emocionalmente ‘Adri Dayan, Dina Azrak ¢ Elisabeth C. Wajrayt " Ajudando os filhos a lidar com seus sentimentos Parte | Eu cra uma mae maravilhosa antes de ter filhos. Uma especia- lista no aysunto ao ajudar os pais com os problemas enfrentados com seus filhos. Af tive os meus trés filhos. Conviver com criangas de verdade nos torna humildes. Toda ‘manha ew dizia a mim mesma: “Hoje vai ser diferente”, ¢ cada ma- nha era uma variagio da anterior. “Voce deu mais pra ela do qne pra mim...” “Esse é 0 copo rosa. Ku quero © azul.” “Esse cereal parece resto...” “Ble me empurrou..." "Fu nao toquei nele. “Eu nao vou para 0 quarto. Nao é voeé que manda!” Eles, finalmente, me venceram. E, embora fosse a titima coisa que cu sonhara fazer, entrei para um grupo de pais. O grupo se reunia em um centro de orientacio infantil local e era ditigido por ‘um jovem psicélogo, o dr. Haim Ginott © encontro foi intrigante, O assunto era" ‘gas", e as horas voaram, Cheguei em asa com a cabeca fervillhando ‘com novos pensamentos e um caderno cheio de idéias nio digeridas: sentimentos das crian- 19 > Acone: io direta entre 0 modo de as criangas sentirem © 0 modo de se comportarem. * Quando as criancas se seniem bem, se comportam bem, + Como as ajudamos a sentir-se bem? + Accitando seus sentimentos! PROULEMA ~ Os pais geralmente nao aceitam os sentimentos dos filhos; por exemplo: “Vocé nao esta sentindo isso de verdade.” “Vocé 56 esta dizendo isso porque esté cansado.” “Nao ha motivo para ficar to chatendo.” A continua negagio de sentimentos pode deixar as criangas confiusas ¢ irritadas, Também as ensina a nao saber quais so seus sentimentos ~ ¢ a nao con rneles. Depois da sesso, lembro-me de ter pensado: “Talvez os outros pais facam assim. Eu néo”. Entdo comecei a ouvir a mim mesma, Kis alguns exemplos de conversas de um tinico dia cm minha casa, FILHO: Mae, estou cansado! EU: Vocé nao pode estar! Acabou de tirar uma sonecal FILHO: (mais alto) Estou cansado! EU: Voeé no estd cansado, s6 sonolento, vi se vestir! FILHO: (resimungando) Nao! Estou cansado! FILHA: Mae, estou com calor. EU; Esté fio, fique agasalhada. HILHA: Nao! Estou com calor! FU: Eu ja disse: fique agasalhadal FILIIA: Nao! Estou com calor! FILHO. Esse programa de TV foi chato! EU: Nao, foi muito interessante, FILHO: Foi bobo! EU: Foi educativo. FILHO: Foi uma droga! BU: Nao fale assirn! 20 Percebem que acontecia? Além de as nossas conversas. se transformarem em discusses, eu acabava sempre dizendo aos meus filhos repetidas vezes para néo confiar em suas proprias percepcoes, sim nas minhas. Assim me conscientizei do que eu estava fazendo. Decidi entio mudar. Mas nao sabia como fazé-lo, © que finalmente acabou por me ajudar foi colocar-me no Tugar dos meus filhos. Gomecei por perguntar-me: “Suponha que eu fosse uma crianga cansada, com ca- Jor ou com sono, € quisesse que aqueles adultos entendessem meus sentimentos. Como seria”. Nas semanas segui cur imaginava que meus filhos estariam experenciando; e, quando 0 fiz, parecia que minhas palavras saiam naturalmente. Eu no estava usando somente uma técnica, Pensava de fato assim quando dizia: “Entao, vocé ainda esté sentindo cansago, mesmo depois de tirar uma sonecat” ou “Hum, eu estou com frio, mas acho que para voce estd quente”, ou “Vejo que voce ndo gostou desse programa”. De qualquer modo, éramos duas pessoas, diferentes uma da outra, ca- pazes de ter dois tipos de sensagdes. Nenhum de nds estava certo ou (es, tentei conectar-me aos sentimentos que ‘errado. Cada um tem a sua propria maneira de sentir. Por algum tempo essa nova habilidade foi de grande ajuda. Houve uma notavel redugio no néimero de argumentos entre mim e as criangas, Entao um dia minha filha esbravejou: “Eu odeio minha av6!”, € era da minha mae que ela estava falando. Nao hesitei um mi- nuito, “Isto € uma coisa horrivel de se dizer!”, eu falei repreenden- doa, "Voce sabe que no quis dizer isso, Eu nunca mais quero ouvir uma coisa dessas saindo da sna bocal”. Essa pequena conversa me ensinou algo mais sobre mim mesma, Eu me tornara bem mais capaz de aceitar a maioria dos sentimentos dos meus filhos, mas quando um deles me dizia algo que me deixava ansiosa ou com raiva eu voltava ao meu jeito de antes, no era incomum. Nas ‘Também aprendi que a minka reag mas paginas vocé encontraré exemplos de outras declaragées a Een das criangas, que levam os pais a negar os sentimentos dos filhos, automaticamente, Gostaria que o Ieitor lesse eada declaragio e ano- tasse © que acha que um pai diria se ele negasse os sentimentos de seu filho. 1, FIMO: Eu nao gosto do bebe. PAUMAE: (negando sentimento) 2. FILHO: Minha festa de aniversirio foi uma droga. (Depois que vocé trabalhou duro para transformé-lo em um dia maravilhoso,) (negando o sentimento) 8. FILHO: Meu aparelho esté me machucando. Nao vou usé-to ‘mais, Nao me interessa 0 que o ortodontista disset PAIMAE: (negando o sentimento) 4. ¥ILHO: Fstou Touco de raival $6 porque eu me atrasei dois mi- nutes para a gindstica, 0 professor me expulsou do time. PAUMAE: (negando o sentimento) Voce escreveu respostas do tipe: “Nao € assim. Bu sei que no fundo do seu coragio vocé real- mente adora 0 nené.” 2 “Do que voce esta falando? Voce teve uma festa maravilhosa — sorvete, bolo de aniversirio, baldes. Bom, esta foi a iiltima festa que vocé teve!” “Seu aparelho nao pode machucar t-nto. Depois de todo di- nheiro que eu gastei na sua boca, voce vi! usar, quer goste ou nao!” “Vocé nao tem o direito de ficar zangado com 0 professor. A caulpa € sua, vocé deveria ter chegado na hora.” De algum modo, essa fala ¢ fécil para muitos de nés. Mas como as criangas se sentem quando a ouvem? Para se ter uma idéia de como é ter os préprios sentimentos desconsiderados, tente 0 se- guinte exercicio de imaginagio. Voce esté no trabalho ¢ seu chefe pede que voce faga um ser- vigo extra, Hle 0 quer pronto até o final do dia, e vocé pensou em fazé-lo imediatamente. Mas, por causa de uma série de imprevis- tos, vocé se esqueceu completamente; as coisas foram to confu- sas que vocé mal teve tempo para seu almoco. Quando vocé € seus colegas esto se aprontando para ir embora, seu chefe se aproxi- ma e pergunta pelo trabalho, Rapidamente, vocé tenta explicar como seu dia foi superocupado. Ele interrompe € com vor altera- a “Nao estou interessado em suas desculpas. Por que voce da gi acha que cu estou the pagando? Para ficar o dia inteiro senta- do?”, Quando vocé abre a boca para falar, ele diz: “Poupe-me!” ¢ -¢40 a0 elevador. Seus colegas fingem nao ter ouvido. Vocé acaba de juntar suas coisas para sair €, a caminho de casa, encontra um amigo. Esti tio aborrecido que Ihe conta o que aconteceu. Seu amigo tenta “ajudé-lo” de oito formas diferentes. Na medi- da em que ler cada resposta, sinta sua primeira reagio e anote. (Nao ha respostas certas ou erradas. O que vocé sentir esta certo para voce.) 23 m Negacéo de sentimentos: “Nao ba rardo para se aborrecer tanto, £ tolice sentir-se assim, Talver esteja cansado ¢ exagerando. No pode ser tio terrivel como voré falou. Vamos li, sorria, vocé fica bem melhor quando sorri". Sua reacae~ Defesa da entra pessoa: "Eu posso entender a reacio de seu chefe Ele provavelmente esta sob muita pressdio, Vocé tem sorte de ele ndo se exaltar com mais freqiiéncia" Sua reagio: PaseeBes Ede osbnte er enssmsde sn GaisssasaaEaTESSSESTEEESEETEDS Se ere eee enti eee Oceano ee eee see eee Resposta filoifica: “Othe, a vida € assim. As coisas niio sto como queremos. Vocé tem de aprender a aceitar Nesse mundo nada € perfeito”. Sua reagio: OO Conselho: “Sabe o que voce deveria fazer? Amanhi de manha, va direto a sala do seu chefe e diga: ‘Othe, eu estava errado’. Entio semte-se e faca de imediato a tarefa que voce negligenciou. Nao se desvie por causa dos imprevistos. Se voeé for esperto e quiser man- {er seu emprego, tome cuidado para isso nio ocorrer de novo", Suareagio; ee — a Perguntas: “Que imprevistos foram esses que vocé até esqueceu do pedido de seu chefe?", “Vocé nio percebeu que ele ficaria contrariado se niio 0 rece besse imediatamente?”, “Isso jé tinha acontecido antes?” “Por que vocé no foi atras dele quando ele saiu da sala e ten- tou explicar de novo?” Sua reagii Piedade: “Oh, coitado! Isso € terrivel, sinto tanto por vocé que me di vontade de chorar”. Sua reagio. Bancando 0 psicanalista: “Voce jé pensou que © motivo real de vocé estar aborrecido € porque seu chefe representa a figura paterna em sua vida? Quando erianga, provavelmente voce se preocupava em agradar a seu pai, e quando seu chefe 0 repreen- eu seus sentimentos de rejeigao voltaram, nao é verdade?”. Sua reagio: _ Resposta empdtica (ama tentativa de perceber os sentimentos do outro): "Puxa, parece que essa foi uma experiéncia desagra dvel. Ser atacado desse jeito na frente de outras pessoas, espe- cialmente depois de ter tido um dia tdo dificil, deve ter sido duro de engolir”, Sua reagio: Vocé na verdade explorou suas s diante das formas mais Uusuiis que as pessoas empregam em suas falas. Agora gostaria de compartilhar com voce algumas de minhas reages pessoais. Quan- do estou aborrecida ou magoada, a siltima coisa que quero ouvir é conselho, filosofia, psicologia ou o ponto de vista dos outros. Essas Tespostas s6 me fazem sentir pior que antes, Piedade me faz sentir infeliz, perguntas me colocam na defensiva, mas 0 que me deixa ‘mais furiosa ainda é ouvir que nao tenho razio de sentir 0 que estou sentindo. Em geral minha reagio a essas respostas é: “Deixa pra ld, © que adianta continuar?”, Mas, se alguém realmente ouvisse, se alguém reconhecesse meu soffimento interior € me desse a chance de falar mais sobre 0 que esta me incomodando, eu comegaria a me sentir menos aborrecida, menos confusa € mais capaz de lidar com meus sentimentos ¢ meu problema, Eu poderia até pensar: “Em geral meu patrio é justo... Acho que eu deveria ter feito aquele relat6rio imediatamente... Mas ainda do consigo ignorar 0 que cle fez... Bem, vou chegar cedo amanha © antes de tudo, vou escrever aquele relatério... Mas, quando o le- var A sua sala, vou Ihe dizer 0 qi mito me incomodou ele ter falado daquele jeito... E também the direi que, de hoje em di Je, se ele tie ver alguma critica, eu gostaria de ouvi-ta em particular’ O processo nio € diferente para nossos filhos. Eles também po- dem enfrentar sozinhos se tiverem um ouvido atento € uma resposta empitica. Mas falar a lingua da empatia nio é algo que vem natu- lingua materna". A maioria de 26s cresceu tendo nossos sentimentos negados, Para nos tornarmos ralmente. Nao faz parte de noss Muentes nese novo idioma da aceitagio, temos de aprender e prati- ‘car seus métodos. Kis alguns modos de ajudar os filhos a lidar com seus sentimentos, 26 3. 4. Como ajudar em relagao aos sentimentos Ouvir com toda a atengio. Reconhecer seus sentimentos com uma palavra: “Oh. Hum... Sei Dar um nome a seus sentimentos. Realizar seus desejos no nivel da fantasia Nas préximas paginas voce verd o contraste entre esses méto- dos € as formas com que as pessoas, em geral, respondem a um filho que esta chateado. ‘OUGA-O COM TODA A ATENGAO. EM VEZ DE OUVIR PARGIALMEN TE, OU HE aur enti ev ELV ESTOU, CONTINUE, PAL Voce ‘PELE ME BATEY SIL ME DENI ovation Al Yoot we ove Z Sis ESTO FU coNseO oR owvoo topo : EVRRONOED AO MESH TEMPO, Pode ser desencorajador tentar falar com quem s6 diz estar ouvindo. 28 ea i AVEO DEVOOT, EDU ME DEPOIS ELE BATE BaTEU ASIN DE OVO. MNS FREE. Pal voce std SABEO QUE? 4 SO YOU BRNCAR com DANN DAC EM DIANTE ELE NAO SAI POR AL fag sO EE muito mais fil contar seus problemas a um pai que esta realmente ou vindo, Ele nem tem de dizer nada. Muitas vezes do 0 que a erianga precisa € de urn siléncio compreensivo 29 REGONHEGA SEUS SENTIMENTO COM UMA PALAVRA: “OH... HUM... SEL.” EM VEZ DE PERGUNTAS E GONSELHOS 00 DERETNA NA TEM CERIEZA QUE BIEN ROUROU Hig PeeoEL? OM Oe voce Se ARTA OUMIDO FH Hs ‘MEU LABIS n (Mo, MAO PERO EE spe SORA wee ‘AO BANBERRO ! VeRHEHO DEKOVO SSWAAK AMA SS CSAS PRA THEI: Eaten e600 } CARTER QUANDO. t s 2 NAO BANE. S a iS Vor SABE QUEM FoROUBADA ANTES 7 ' wy | Ase 0ncar em oan: oumo ex ESHA IHOE A PRIMERA VEZ, EV SCRE farsa ESA EA ants Tet DM | sarpacusse yoo = Doha Dena ses ois weve = MARE See ESHONDER MEU APSE oe care 0 oan ewpn Ea ove voce Ao ouME sy i Sy jum...” ou *Sei..” ajudam muito. Esse tipo de ma atitude de importar-se, permite que a crian: tos ¢ € provavel que ela As simples palavvas “Ob. Palavra, combinado com ‘@ explore seus préprios pensamentos ¢ sentimn bore suas préprias solucdes. Acctianga tem dificuldade de pensar de forma clara ou construtiva quando alguém fica perguntando, culpando ou dando conselhos 30 a EM VEZ DE NEGAR SEN TIMENTOS.. in TRA woe. 4 es esua va who eu 1do ai HE DE MAN... CHATEADA QUERIDA pentane PARE COM ISSO EU 0MPRO OUTRA Pea woes i 10ho quero oureat AGORA voce NAO SA SENDO RACOAUEL! \ i | | i i ‘DE, UM NOME ASEUS SENTIMENTOS, “AA TARTARUGA HORE HA ESTUA WA QUE DE WANA on, 1, que Maro. 7 HABA dr PeRDER MINE ACA i aid \ 1 VA EUSIAIA A vets Se VOCE REAINENTE SE fc ROGUES... yu unns | PORT C4 TTA EU DAYA couNDA 70005 05 IAS E estranho, Quando ped dé importancia a um se mais chateada, 108, mesino com delicadeza, que a erianga nao imento desagradavel, parece que ela s6 fica Geralmente os pais no respondem desse modo, por temer que, a0 no- ele piora. © oposto é exatamente verdade, A crian- @ fica profundamente confortada quando ouve as palavras do que est Vivenciando, Alguém reconheceu sua vivéncia interna, ws EM VEZ DE EXPLICAGOES E LOGICA, NAO Tei, JA DISSE QUE NAD wep, Tees cca Sf wou / says Ws j wy \. : I AGORA voce ESTA — AstNo COMO wi BEBE Quando as eriangas querem algo que nao podem ter, os adultos gevalmen- te responelem com explicagoes logieas justificando o porque. Muitas vezes, quanto mais explicamos, mais elas protestam, GA OS DESEJOS DA GRIANGA NO NIVEL DA FANTASIA. a See je vER MON aa Cue MYON caer ce eu RO \ 1 Oy 68 t gy) oe 7 my wv EY GOSTARA DETER OMA of ‘cal DE SueRRDS 1M ENTAO ‘ oan pea eae | AQHOQUE YoY wae cpa’ \ As veres, x6 0 fato de ter alguém que entenda 0 quanto vocé deseja algo forma a realidade mais toleréve Aqui esté: quatro formas possiveis de oferecer um primeiro so: corre a crianga aborrecida: + Ouvir com toda a atengio. + Reconhecer seus sentimentos com uma palavra. + Dar um nome a seus sentimentos, + Satisfazer seus desejos na fantasia Porém, mais importante que qualquer palayra que usamos, a nossa atitude. Se nio for de compaini , qualquer coisa que disser- ‘mos sera recebida pelo filho como falsa ou manipulativa. S6 quando ‘ossas palavras so imbuidas de sentimentos reais de empatia é que falam diveto ao coragio da crianga. Das quatro habilidades citadas, talver a mais dificil & ter de ouvir uma crianga expor sas emogoes € “dar um nome ao sentimento”, E. preciso pritica ¢ concentragdo para ser capaz de olhar para dentro © que cerca a fala da crianga, para idemtficar 0 que ela esta sentindo. ‘Também € importante darmos a clas o vocabulitio para a sua reali- dade interior. Uma ver que tenham palavras para expressat 0 que es- to sentindo, podem comegar a ajudar a si mesmas © exercicio a seguir apresenta uma lista de seis declaragées que tama erianga pode fazer a seus pais. Gostaria que voc® lesse cada de- claragio ¢ imaginasse: 1. Uma palavra ou duas que descrevam o que a crianga pode estar sentindo, Uma afirmagio que voc’ possa fazer para a crianga que mostre que voce a entendeu. 56 RECONHECENDO OS SENTIMENTOS 0 fi diz: 1. “Eu gostaria de dar um soco 1 cara do Michael!” 2.°86 por causa de uma chuva fraca, minha professora disse que no poderiamos ir a0 passcio. Ela é ‘stipidat” 3. "Mariana me ‘convidou para a festa, mas sei Ia.” 4. "Eu nto sei por que 08 profesores tém de cncher a gente com Ue palavra que descreva 0 que ele pode estar sentindo, Vergomha Use 4 patasra em uma frase que mosire gue vocé entendew 0 sentimento (nao faga perguntas ‘x dé consethos) “Isso deve ter causado muita ‘ergonha em voe8.” “Parece que isso 0 envergonhou.” 7 ime patcora que 2 # blr ee wa frase 0 filbe desc o que ee MOTE qe vert entenden 0 pode ear seuindy, “iment (x40 fuga perguntas ou dé consethos), 5. *Nés tivemos tweino de basquete oe hoje © eu nao consegui acertar a gee a bola nenhuma ver." = 6. “Jancte esté se mudando e ela é Eeerearere rere tninka melhor a amiga.” ‘ue 0 filho pereeba que vocé sabe 0 que ele esté sentindo? Para a maioria das pessoas estas falas no vem naturalmente: “Puxa, vocé parece brave!" ou [isso deve ter sido um desapontamento para voce.” “Hum, Hum, vocé parece :er vidas sobre ir ou no a essa festa,” Parece que voce esta chateado com toda essa licto de cava “Oh... isso deve ter sido frustrante. “Uma boa amiga que se muda pode ser bem chato." Ra Ho entanto, € esse tipo de afirmagdo que dis eriangas um Rendadiro alisio eas iberam para comecar a lidar com seus proble. mas (A propos, niio se preocupe se as suas palavras se estenderem mais. Voce dard as criancas um vocabulario para que expresse sentimentos delas.) ae Grea Algu de vocés podem estar pensando: “Bem, consegui dar mone acfPosta que mostrou que entendi mais ou menos, mas como a Conversa continuaré? Como eu devo prosseguir? Econ selho em seguida?”, seen gears 38 i | Contenba-se quanto a dar conselhos. Sei que a tentagio € pro- curar resolver o problema da crianga com uma solugao imediata: “Mie, estou cansada,” “Entdo v4 deseansar,” “Eu nao estou com fome.” “Ent@o nao coma!” Resista tentagio imediata do “faga o melhor”. Em vez de con- selho, continue a aceitar e refletir sobre os sentimentos de seu filho, Eis um exemplo do que quero dizer: um pai em nosso grupo contou que seu filho pequeno entrou correndo em casa, gritando: “Eu ‘quero dar um soco na cara do Michel”. 0 pai disse: “Normalmente a conversa seria assim": FILHO; Bu queria dar um soco na cara do Michel! PAL — Por qué? O que acontecen? FILHO: Ele jogou 0 meu caderno na lama. Pat Vocé nao fez nada para ele, antes? FILHO: Nao! Pak ‘Tem certeza? FILHO: Juro! Eu nem toquei nele! PAL: Michel & seu amigo, aceite meu conselho € esquegi isso. Voré nio € tio perfeito. As vezes voeé comega e culpa ‘outra pessoa, do jeito que faz. com sew irmio. FILHO: Nao, eu nao fiz isso. Ele bateu em mim primeiro, Eu nao posso falar com voce. Mas © pai acabara de participar do primeiro workshop sobre ‘como ajudar seus filhos a Tidar com seus sentimentos e isso foi o que ovorreu de verdade: FILHO: Eu queria dar um soco na cara do Michel. Pat: — Puxa, vooé est bravo! ” FILHO; Eu queria acabar com a cara dele Pak Puxa, vocé esté muito bravo! FILHO: Sabe o que aquele bruto fez? Ele agarrou meu caderno no ponto de dnibus e jogou na sujeira, E sem nenhuma raziol PAL Hum... HINO, Eu aposto que ele pensou que fui eu quem quebrou seu passarinho bobo ra aula de artes, PAL Voeé acha? FILHO: E, ele ficou olhando para mim enquanto estava chorando, PA Oh! FILHO: Mas eu nao quebreil Nao fai eu! PAL Vocé sabe que nao quebrou. FILHO. Eu ndo quebrei de propésito, nao tive aalpa se a boba da Debi me empurrou na mesa PAL Entdo a Debi empurrou voce? Muto: E, Um monte de coisas caiu, mas a tinica que quebrou foi 0 passarinho. Eu nio queria quebracto. O passarinho dele estava bonito. "Al Vocé realmente nio queria quebré-lo. FILHO: Nao, mas ele nio acreditaria. Pat: Vocé acha que ele acreditaria se vocé dissesse a verdade? HLHO: Nao sei, mas eu vou dizer, mesmo que ele nio acredite, Acho que ele deve me pedir desculpas por ter jogado 0 ‘meu caderno no chio, © pai ficou at rt perguntas e, no entanto, © filho the comtou toda ia. Néo dera uma palavra de conselho £0 filho acabou encontrando sux propria solugio. Parecia-the ine Greditivel que ele pudesse ter sido tio ttl a seu filho, somente ao ouvi-lo e reconhecer seus sentimentos. Facer um exercicio escrito ¢ ler um didlogo-modelo & uma coi. “+ Golocar as habilidades de escuta em ago numa situagio real 40 ee—_—_——— com nossos préprios filhos é outra bem diferente. Os pais em nossos grupos relataram que ¢ til dramativar juntos ¢ treinar antes de dar com as situages reais em casa A seguir voeé encontraré um exercicio de dramatizagio para fazer com um amigo ou parceiro, Decidam quem faré o papel de filho o de pai. Entéo leia somente a sua parte, Situagao do filho (ramatizagao) 1. O médico disse que vocé tem uma alergia e precisa tomar i Jecio toda semana para nto espinrar tanto. As vezes as injecbes dloem ¢, outras, vocé mal as sente, A que vocé tomou hoje é das que doem mesmo. Depois de sair do consultério, voce quer que seus pais saibam como foi. ‘Seu pai vai lhe responder de dois modos diferentes. Na primeira Yer seus sentimentos sero negados, mas mesmo assim continue ten= tando fazer seu pai entender. Quando a conversa tiver naturalmente terminado, pergunte a si mesmo como foram os seus sentiments € compartilhe sua resposta com quem yocé estiver dramatizando, Gomece a cena esfregando seu brago e dizendo: “O méico quase me matow com aquela injec!” IL A situacdo € a mesma, s6 que dessa vex seu de forma diferente. De novo, quando a conversa ti terminado, dessa vez e compartilhe sua resposta Pergunte a si mesmo como foram seus sentimentos Comece a cena do mesmo modo, dizendo: “O médico quase me matou com aquela injecao!” Quando vocés concluirem as duas cenas, poderio inverter os Papéis para poder vivenciar © ponto de vista do pai. an

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