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BIBLIOTECA DE FILOSOFIA Coordenagao de Roberto Machado Proust e os Signos, de Gilles Deleuze Foucault e a Psicanalise, de Ernani Chaves. Apresentacao de Benedito Nunes Os Ultimos Dias de Immanuel Kant, de Thomas de Quincey IMMANUEL KANT CRITICADA | FACULDADE DO JUIZO TRADUCAO de Valerio Rohden @ Anténio Marques 2*EDICAO Primeira Parte CRITICA DA FACULDADE DE JUIZO ESTETICA Primeira Segao ANALITICA DA FACULDADE DE JUIZO ESTETICA Primetro Livro ANALETICA DO BELO Primeiro momento do jutzo de gosto”, segundo a qualidade § 1. 0 jufzo de gosto 6 estético. Para distinguir se algo é belo ou nao, referimes a representagao, 1ndo pelo entendimento ao objeto em vista do conhecimento, mas pela faculdade da imaginacdo (talvez ligada ao entendimento) ao sujeito € 1 4 dotnigdo do gosto, posta aqui a fundamento, 6 de que ole 6 a faculdade de ajuizaments & considerado como objeto da complacéncia (a qual ndo é nenhum conhe- cimento do mesmo). Ora, que meu julzo sobre um objeto, pelo qual o declaro agradavel, expresse um interesse pelo mesmo, jé resulta claro do fato que mediante sensagao ele suscita um deseo de tal objeto, or conseguinte a complacéncia pressupde nao o simples julzo sobre ele, mas a referencia de sua existéncia a meu estado, na 2 4: portancente ao conhecimento, % Be: tale objotos. 51 medida em que ele 6 afetado por um tal objeto. Por isso, do 1» agraddvel ndo se diz apenas: ele apraz, mas: ele deleita . Nao 6 uma simples aprovacdo que the dedico, mas através dele 6 gerada inclinagao; e ao que é agradavel do modo mais vivo nfo pertence a tal ponto nenhum julzo sobre a natureza do objeto, que 2queles que sempre tém em vista 0 gozo (pois esta 6 a palavra com que se designa o intimo do deleite) de bom grado dispensam-se de todo 0 julgar. § 4. Acomplacéncla no bom é ligada a Interesse. Bom & 0 que apraz mediante a razo pelo simples conceito. Denominamos bom para (o itl) algo que apraz somente como meio; ‘outta coisa, porém, que apraz por si mesma denomninamos bom em ‘si Em ambos esi contido 0 conceito de um fim, portanto a relagao {da razo ao (pelo menos poss{vel) querer, consaqientemente uma complacéncia na existéncia de um objeto ou de uma ago, isto 6, um interesse qualquer. Para considerar algo bom, preciso saber sempre que tipo de ‘0 objeto deva ser, isto 6, ter um conceito do mesmo. Para ‘encontrar nele beleza, ndo o necesito. Flores, desenhos livres, Tinhas entrelagadas sem intengao sob o nome de folhagem nao signiticam nada, néo dependem de nenhum conceito determinado contudo aprazem. A complacéncia no belo tem que depender da Teflexdo sobre um objeto, que conduz a um conceito qualquer (sem determinar qual), © desta maneira distingue-se também do agraddvel, que assenta intelramente na sensacao. Na verdade, o agraddvel parece ser em muitos casos idéntico 20 bom. Assim, se diré comumente: todo o deleite (nomeadamente o 6 gozo. Mas se apenas este contasse, seria tolo ser escrupuloso com respeito 40s maios que no-lo proporcionam, quer ele fosse obtido passi- vamente da liberalidade da natureza, quer por atividade propria e Por nossa propria aluagao. A Tazo, porém, jamais se deixard persuadir de que tenha em si um valor a existéncia de um homem ‘que vive simplesmente para gozar (e soja até muito diigente a este propésito), mesmo que ele fosse, enquanto meio, o mais ttl possivel {2 outros, que visam todos igualmente ao gozo, @ na verdade porque le, pola simpatia co-participasse do gozo de todo o deleite. Somente através do que o homem faz sem considerag3o do gozo, em inteira liberdade @ independentemente do que a natureza também pass vamente poderia proporcionar-he, dé ele um valor absoluto’” & sua existéncia enquanto existéncia de uma pessoa; @ a felicidade, com a inleira plenitude de sua amenidade, nao é de Jonge um bem incondicionado.** 2 som a, ecrdacimo oe B ® “absolute, acréscimo de . 3 ina tne do gro ¢ ura nanfoi aber, Preranai sm que $0 pois Uma prelansa obrigaoriedade de todas 2 Sbutvo siesta oozes pode ant maprads (detach) to fepiituaimenta como se qusira, « mesmo que se 'alasse de um goz0 mistco, chamado coastal (K) 53 Mas, a despeito de toda esta diversidade entre o agraddvel e © bom, ambos concordam em que eles sempre estao ligados com interesse ao seu objeto, nao s6 0 agradavel (§ 3), e 0 mediatamente bom (0 util), que apraz como meio para qualquer amenidade, mas também o absolutamente e em todos os sentidos bom, a saber, 0 bem moral, que comportao maximo interesse. Pois o bom 6 0 objeto da vontade (isto 6, de uma faculdade da apetigao determinada pela azo). Todavia, querer alguma coisa e ter Complacéncia na sua (0 6, tomar um interesse por ela, 6 idéntico. § 5. Comparagao dos trés modos especificamente diversos de complacéncia. ‘© agradavel e 0 bom tém ambos uma referéncia a facukdade da apeligdo nesta medida trazem consigo, aquele uma complacéncia patologicamente condicionada (por estimulos), este uma complacén- Cia pratica, a qual ndo é determinada simplesmente pela representacao do objeto, mas ao mesmo tempo pela representada conexao do sujeito ‘com a existéncia do mesmo. Nao simplesmente o objeto apraz, mas também sua existéncia” Contrariamente,” o julzo de gosto mera- mente contemplativo, isto , um julzo que, indiferente em relagao & existéncia de um objeto, s6 considera sua natureza em comparagao com o sentimento de prazer e desprazer. Mas esta propria contem- plago 6 tampouco dirigida a conceitos; pois 0 julzo de gosto nao & nenhum juizo de conhecimento (nem teérico nem pratico),.' e por isso tampouco 6 fundado sobre conceitos e nem os tem por fim. © agradavel, 0 belo, o bom designam, portanto, trés re- lagées diversas das representagdes ao sentimento de prazer e desprazer, com referéncia ao qual distinguimos entre si objetos. ‘ou modos de representagao. Também nao sao idénticas as expressées que convém a cada um e com as quais se designa a ‘compiaceéncia nos mesmos. Agraddvelchama-se para alguém aquilo que o deleita; belo, aquilo que meramente 0 apraz, bom, aquilo que 6 estimado, aprovado,” isto é, onde & posto por ele um valor objetivo. Amenidade vale também para animais irracionais; beleza somente para homens, isto 6, entes animais mas contudo racionais, mas também nao meramente enquanto tais (por exemplo, espiritos), poré m ao mesmo tempo ‘Nao simplesmente... existoncia’,acréscimo de. Kant: ‘por isso: cortigido por Rosenkranz ‘A: conhecimento (te6re0). “aprovado', acréscimo de B. enquanto animais;** o bom, porém, vale para todo ente racional em geral; uma proposieao que somente no que se segue pode obter Sua completa justificago e elucidagao. Pode-se dizer que, entre todos estes modos de complacéncia, tinica e exclusivamente © do gosto pelo belo 6 uma complacéncia desinteressada e livre; pois Nenhum interesse, quer o dos sentidos, quer o da razo, arranca aplauso. Por isso, poder-se-ia dizer da complacéncia que ela, nos trés casos mencionados, refere-se a inclinapao ou favorou respeito. Pois favor , a qual designa a validade no da referencia de uma representago a faculdade de conhecimento, mas ao senti- mento de prazer e desprazer para cada sujeito. (A gente pode, porém, servir-se também da mesma expressdo para a quantidade légica do juizo, desde que acrescente: validade universal objetiva, a diferenga da simplesmente subjetiva, que é sempre estética). ‘Ora, um julzo objetiva @ universalmente valido também & ‘sempre subjetivo, isto 6, se 0 julzo vale para tudo o que esta contido sob um conceito dado, entao ele vale também para qualquer um que represente um objeto através deste conceito. Mas de uma validade universal subjetiva, isto 6, estética, que nao se baseie em nenhum conceito, ndo se pode deduzir a validade universal Ibgica, porque aquela espécie de julzo no remete absolutamente a0 objeto. Justamente por isso, todavia, a universalidade estética, que & ‘conferida a um julzo, tambémtem que ser de indole peculiar, porque ela” ndo conecta o predicado da beleza a0 concelto do objeto, considerado em sua inteira esfera ligica,™ e no entanto estende o mesmo sobre a esfera inteira dos que julgam. No que conceme a quantidade l6gica, todos as julzos de gosto ‘so julzos singulares. Pois, porque tenho de ater 0 objeto ime- diatamente a meu sentimento de prazer e desprazer, e contudo néo através de conceitos, assim aqueles nao podem ter a quantidade de um julzo objetiva e comumente valido;* se bem que, se a representagdo singular do objeto do julzo de gosto, segundo as condiges que determinam o titimo, for por comparagao convertida em umconceito, um julz0 l6gico universal poder resulta disso: porexemplo, a rosa, que contemplo, declaro-a bela mediante un julzo de gosto. 2B: porque nko se conecta. 8 igglea", acréscimo de B. 5 ¢: julzos objetva 6 comumente vélidos. Contrariamente, 0 julzo que surge por comparagao de varios singu- lares — as rosas, em geral, S20 belas — nao é desde entéo enunciado simplesmente como estético, mas como um julzo K6gioo fundado sobre um julzo estético. Ora, 0 julzo “a rosa 6 (de odor)” agradavel" na verdade 6 também um julzo estéicoe singular, mas nenhum julzo de gosto e sim dos sentidos. Ele distingue-se do primeiro no falo de que o julzo de gosto traz consigo uma quantidade estética da universalidade, isto 6, da validade para quaiquor um, a qual no pode ser encontrada nojulzo sobre © agradavel. S6 e unicamente os julzos sobre o bom, conquanto deter- miner também a complacéncia em um objeto, possuem universalidade logica, no meramente estética; pois eles vale sobre 0 objeto, como ‘conhecimentos do mesmo, e por sso para qualquer um. ‘Quando se julgam objetos simplesmente segundo conceitos, toda a representacao da beleza é perdida. Logo, nao pode haver tampouco uma regra, segundo a qual alguém devesse ser coagido ‘@ reconhecer algo como belo. Se um vestido, uma casa, uma flor é bela, disso a gente nao deixa seu juizo persuardir-se por nenhuma razo ouprincipio, A gente quer submeter 0 objeto aos seus préprios olhos, como se sua complacéncia dependesse da sensagao; contudo, se a gente entdo chama o objeto de belo, cré ter em seu favor uma voz universal e reivindica a adesao de qualquer um, j& que do contrério cada sensagao privada decidiria 56 e unicamente para 0 observador e sua complacéncia. Ora, aqui se trata de ver que no julzo de gosto nada é postulado -, a no ser uma tal voz universal com vistas & complacén- cia, sem mediacao dos conceitos; por conseguinte, a possibiidade de um julzo estético que, 20 mesmo tempo, possa ser considerado como vlido para qualquer Um. O proprio julzo de gosto ndo postula o acordo Uundnime de qualquer um (pois isto s6 pode fazé-lo um julzo Kbgico-uni- versal, porque ele pode alegar raz6es): ele somente imputa a qualquer um este acordo como um caso da regra, com vistas a0 {qual espera a confirmacao néo de conceitos, mas da adesao de outros. ‘Avoz universal é, portanto, somente uma idéia (em qué ela se basela, no serd ainda investigado aqui). Que aquele que cré proferir um julz0, de gosto, de fatojulgue conformemente a essa idéia, pode ser incerto; masque ele, contudo, 0 refira a ela, conseqientemente que ele deva ser um julzo de gosto, anuncia-o através da expresso "beleza". Por i préprio, porém, ele pode estar certo disso pela simples conscién- cia da separacdo, de tudo o que pertence ao agradavel e ao bom, da complacéncia que ainda the resta; e isto é tudo para o qual ele * ‘Kant: uso; comigido por Erdmann 60 se promete 0 assentimento de qualquer um; uma pretensdo para a qual, sob estas condicSes, ele também eslaria autorizado, se ele ‘nao incarresse freqdentemente em falta contra elas e por isso proferisse um julzo de gosto erréneo. § 9. Investigaco da questio, se no julzo de gosto o ‘sentimento de prazer precede 0 ajuizamento do objeto ‘0U $0 este ajuizamento precede o prazer. A solugo deste problema 6 a chave da critica do gosto @ por isso digna de toda a atenga« Se 0 prazer no objeto dado fosse o antecedente e no julzo de gosto somente a comunicabilidade " universal do prazer devesse ser concedida a representacao do objeto, entéo um tal procedimento estaria em contradi¢ao consigo mesmo. Pois tal prazer no seria nenhum outro que o simples agrado na sensagao ‘sensorial e, por isso, de acordo com sua natureza, somente poderia ter validade privada, porque dependeria imediatamente da repre- ‘sentagao pela qual 0 objeto 6 dado. Logo, 6 a universal capacidade de comunicagao do estado de nimo na representacdo dada que, como condigéo subjetiva do julzo de gosto, tem de jazer como fundamento do mesmo e ter como consequéncia 0 prazer no objeto. Nada, porém, pode ser comunicado tuniversalmente, a ndo ser conhecimento e represeniacgo, na medida ‘em que ela pertence ao conhecimento. Pois 86 @ unicamente nesta medida a tiima & objetiva @ s6 assim tem um ponto de referéncia universal, com o qual a faculdade de representacao de todos é coagida a concordar. Ora, s2 0 fundamento determinante do juzo sobre essa ‘comunicablidade universal da representago deve ser pensado apenas subjelivamente, ou seja, sem um conceito do objeto, entao ele no pode ‘Ser nenhum outro sendo 0 estado de &nimo, que & encontrado narrelagso reciproca das faculdades de representago, na medida em que elas refetem uma representago dada ao conhecimento em geral “* 0 verbo milion tam 0 sentido lier de compartir ou compartihar. Embora ‘autores nBo kantanos (p.8x., Luhmann) considerem o substentvo Mitellung como ‘apenas designando um dos elementos da comunicagdo, especialistas kantanos ‘ontendem-no simplesmente no sentido de comunicagdo. Of. p. ex. J.Kulenkampf, Kants Logik des Asthetschen Uris, 1978, p. 80: ‘allgomein kommunizierbar (algemain miteibary. E F. Kaulbach, em Asthetische Weltorkeantnis boi Kant, 1984, . 71 enlende Miteibarkelt der Gefthle como uma harmonia comunicatva, ‘kommunikativen Harmonie, © préprio Kant assim se oxpressa na Reflexo 767: Der Goachmack macht, dass der Genuss sich kommuniziert (0 gosiotaz com que 0 gozo 8¢ comunique). 61 ‘As faculdades de conhecimento, que através desta repre- ‘sentago so postas em jogo, esto com isto em um livre jogo, porque | ‘enum conceito determinado limita-as a uma regra de conhecimento particular. Portanto, 0 estado de animo nesta representagéo tem que ‘ser 0 de um sentimento de jogo livre das facukdades de representacao ‘em uma representagao dada para um conhecimento em geral. Ora, & ‘uma representagéo pela qual um objeto 6 dado, para que disso resuite conhecimento, pertencem a faculdade de imaginagao,* para a com posi¢do do muiltiplo da intuig&o, e o entendimento, para a unidede do ‘conceito, que unica as. 3. Este estado de um jogo livre das faculdades de conhecimento em uma representagéo, pela qual um ‘Objeto 6 dado, tem que poder comunicar-se universaimente; porque o conhecimento como determinacgo do objeto, com o qual repre- ‘sentag6es dadas (seja em que sujet for) devem concordar, 8 0 Unico modo de representacdo que vale para qualquer um. ‘A comunicabilidade universal subjetiva do modo de repre- sentagdo em um julzo de gosto, visio que ela dave ocorrer sem pressupor um conceito daterminado, nao pode ser outra coisa sendo © estado de Animo no jogo livre da faculdade da imaginagéo ¢ do ‘entendimento (na medida em que concordam entre si, como 6 re- ‘querido para um conhecimento em gera), enquanto somos conscientes ‘de que esta relago subjetiva, conveniente ao conhecimento em gral, ‘tem de valer também para todos @ conseqdentemente ser universal- mente comunicével, como o 6 cada conhecimento determinado, que, pols, sempre se baseia naquela relac4o como condig&o subjetiva. Este ajuizamento simplasmente subjetivo (astético) do objeto ou da representago, pela qual ale 6 dado, precede, pois, o prazer no mesmo objeto e 6 o fundamento deste prazer na harmonia das faculdades de conhecimento; mas esta validade subjetiva universal da complacéncia, qua ligamos & raprasentacSo do objeto qua de- ominamos belo, funda-se unicamente sobre aquela universalidade das condigdes subjetivas do ajuizamento dos objetos. ( fato de que 0 poder comunicar seu estado de nimo, embora somente com vistas &s faculdades cognitivas, comporte um prazer, poder-se-ia demnonstrar faciimente (empitica @ psicologicamente) @ partir da tendéncia natural do homem a sociablidade. Isto, porém, no *® Einbiaungstraft 6 om slamto um terme técrico, usado sobretudo por Kant no ‘Sento de taculdade da imaginagko. CI, p. ex., Anthropologie § 28, Acad. p. 167. Em vista disso traduzimos Einbldung por imaginagio @ Einbidungsiraf por faculdade da imaginagio; do mesmo modo como waduzimos Urtelskraft por faculdade do julzo @ Erkenntniskraft (como Erkenntnisvermégen) por laculdade de ‘contiecimento 62 6 suficionte para o nosso objetivo. O prazer que sentimos nos 0 imputames a todo outro, no julzo de gosto, como necessério, como se, quando denominamos uma coisa bela, se tralasse de uma qualidade do objeto, que 6 determinada nele segundo conceitos; pois a beleza, sem referéncia ao sentimento do sujeto, por si nao é hada, Mas temos que reservar a discussao desia questo até a resposta aquela outra: se @ como julzos estéticas a priori so possivels. ‘Agora ocupamo-nos ainda com a questéo menor: de que modo tomamo-nos conscientes de uma concordancia subjeliva reciproca das faculdades de conhecimento entre si no julzo de gosto, se esteticamente pelos meros sentido interno @ sensapo ou se intele- clualmente pela consciéncia de nossa atividade intencional, com que pomos aquelas em jogo. ‘Sea representago dada, que enseja o juizo de gosto, fosse um conceito, que unificasse entendimento e faculdade ca imaginagdo no ajuizamento do objeto para um conhecimento do mesmo , entéo a consciéncia desta relac4o seria intelectual (como no esquematismo objetivo da faculdade do julzo, do qual a Crftica trata). Mas 0 julzo tampouco seria proferido em referéncia a prazer desprazer, portanto, no seria nenhum julzo de gosto. Ora, 0 julzo de gosto, cortudo, determina independentemente de concsitos 0 objeto ‘com respelto & complacéncia e ao predicado da beleza. Logo, aquela, unidade subjetiva da relagdo somente pode fazer-se cognosctvel através da sensagao. A vivificagéo de ambas as faculdades (da imaginago e do entendimento) para uma atividade indeterminada, ® mas contudo undnime através da iniciativa da representagdo dada, a ‘saber daquela atividade que pertence a um conhacimento em geral, é ‘a sensago, cuja comunicabilidade universal o julzo de gosto postula. Na verdad, uma relagao objetiva somente pode ser pensada, mas na medida em’ que de acordo com suas condigdes 6 subjeliva, pode todavia ser sentida no efeito sobre 0 animo; e em uma relagao que no se funda sobre nenhum conceito (como a 'relagao das faculdades de representacdo a uma faculdade de conhecimento em geral) tampouco 4 possfvel uma outra consciéncia da mesma sendo por sensacao do ‘feito, que consiste no jogo faciltado de ambas as faculdades do nimo (da imaginag2o e do entendimento) vivificadas pela ooncordancia reciproca. Uma representaeo, que como singular e sem comparagao ‘com outras todavia possui uma concordancia com as condigées da. universalidade, a qual constitul a tarefa do entendimento em geral, * ¢: datarminada, cconduz.as facudadess do conhecimento a proporcionada disposigso, que -exigimos para todo o conhecimento e que por isso também consideramos ‘lida para qualquer um que esteja destinado a julgar através de entondi- "mento e sentides coligados (para todo home). Explicagdo do belo inferida do segundo momento Belo é 0 que apraz universalmente sem conceto, Terceiro momento do jutzo de gosto, segunido a relagdo dos fins que nele & considerada. § 10, Da conformidade a fins om geral. ‘Se quisermos explicar o que seja um fim segundo suas deter- minagées transcendentais (sem pressupor algo empirico, como 6 0 caso do sentimento de prazer), entdo fim 6 0 objeto de um conceito, na medida em que este for considerado como a causa daquele (0 fundamento real de sua possibiidade); @ a causalidade de um conceito com respeito a seu objeto é a conformidade a fins (forma finalis). Onde, pois, nao & porventura pensado simplesmente 0 conhecimento de um objeto mas 0 préprio objeto (a forma ou existéncia do mesmo) como efeito, enquanto possivel somente mediante um conceito do titimo, af se pensa um fim. A repre- ‘sentagao do efeito é aqui o fundamento determinante de sua causa @ precede-a. A consciéncia da causalidade de uma representagao com vistas ao estado do suleito, para conservara este nesse estado, pode aqui de modo geral designar aquilo que se chama prazer, conirariamente, desprazer 6 aquela representag4o que possui 0 fundamento para determinar o estado das representagdes ao seu proprio oposto (para impedi-las ou elimind-las).“*| ‘A faculdade de apeti¢go, na medida em que 6 determindvel somente por conceitos, isto 8, a agit conformemente a repre- sentago de um fim, seria a vontade. Conforme a um fim, porém, chama-se um objeto ou um estado de Animo ou também uma acao, ainda que sua possibilidade nao pressuponha necessariamente a representacao de um fim, simplesmente porque sua possibllidade “+ smpedt-ias ou eliming-las" falta om A. 64 ‘somente pode ser explicada ou concebida por nés na medida em que admitimos como fundamento da mesma uma causalidade segundo fins, isto 6, uma vontade, que a tivesse ordenado desse modo segundo a representacSo de uma certa regra. A conformidade a fine pode, pols, ser som fim, na medida em que nao pomos as ‘causas desta forma em uma vontade, e contudo somente podemos tomar compreensivel a nds a explicagao de sua possibildade en- quanto a deduzimos de uma vontade. Ora, ndo temos sempre necessidade de descortinar pela razéo“ segundo a sua possibili- dade) aquilo que observamos. Logo, podemes pelo menos observar uma conformidade a fins segundo a forma ~ mesmo que nao Ihe + Tanto pot falta de linguagem floséfica como de claraza conceitual, 0 termo Einsohen/Eisicht (ings: insight) nfo encontrou também no portuguds até agora, ‘uma tradupso aceitivel. Adptou-se ora ciscornitidiscernimento (Santos/Morujdo), Intolecgfo (Heck) ou enteverinrovisto (Rohden). E curioso que a propria lingua, inglesa, que possui em insightum consagrado termo equivalents, no tenha feito uso dele na tedugie da Cride of Judgment da Meredith, onde encontramos para ‘einsehen... (oP. 23) 000k with the ey@ ofreason «para Einsicht Understanding. Em ouras tentatves de tadugdo encontramos _saisirjuger(Philonenko) ‘comprencre/examen (Delamarre), _riguardere/sapere__(Gergjulo/Verr ‘considerarfnvestgacién (Morenta). insight ambém tem sido teduzido do inglds a0 ‘alomo por Durchbiick (perepectve), Ouzos lermos que the convém aBo 08 latinos Insplosre/nspecto (inspecionar, insperio) também perspicere/perspicata ver alrevés, peraplodcia), como 0 Grego frdnesis. Ligado & percepglo visual, o termo Einsicht significa ume epreensio de estuturas ou de um todb dotado de sentido. Psloologicamente ofenémeno é assim descr: “(Uma pessoa vse controntada com ‘um estado de coisas inialmente opaco , fechado, indstinto, Confuse etonta eno, mediante escolha de uma posiglo ou &ngulo visual, apreender melhor oicamenta esses estados de coises © conhect-los em suas intorconexées (K- MUller, in: J. Pitter (ed), Hist. Wort. o. Phil, 1972(1)418)., Bonnet observa que 6 uma condiglo necesséria mas no suidente de uma conduta dotada de EEinaicnt (neigh que ei "prove um saber previo ou uma pré-conivieyu do caminho ‘correto para.a solugto de um problema prétco’ (Rationallat, wad. alem& 1967, p. 127). Ele ga ainda Einsichvinsight a uma goneralizagéo conceitual @ faz depender © valor lectico do concalte de seu reconhiecimentolingolstico ¢ pbc. Do ponto de. Vista de que uma palavra demasiado vaga nBo serve para a déncia (Bennett), tam ‘Sento a conclusto de G. H. Hartmann, em "Begriff und Kriteien der Einsict’, de {que 0 sentido desse tormo continua uma terra Incdgnita, com uma aplcaggo ‘2preseada ao comportamento animal, som que se conhecesse sufciontomontso Sou ‘2dmiido correlate humano, De um ponto de vista kantano o também na dregao da. ‘concepgBo apontada por Bennett tam sent a pergunta de Hartmann: E Einsicht ‘uma espécie do genus ineigéncia ou vice-versa? (in: Graumann (ed), Denkon, 1069, p. 143), Vale alentar a ess0 rospolto para a verstio kantiana dos termos da Peychologla empiica de Baumgarten, no vol. XV da Acad. Kants handschriticher Nachlass) 65 ponhamos como fundamento um fim - como matéria do nexus finalis— ‘enolé 1a emobjetos, embora de nenhum outro mado sendo por reflexdo. § 11. 0 julzo de gosto nao tem por fundamento sendo a forma da conformidade a fins de um objeto (ou do seu modo de representacéo). ‘Todo fim, se 6 considerado como fundamento da complacén- ia, comporta sempre um interesse como fundamento de determi s@80 V: Perspicacia, observa Baumgarten que “o habito de observar a Identidade das coisas chama-se engenho em sertide esto" © que o"habito de obsorvar a cversidade das coleas chama-se acumen’: deciarados belos pela maioria das pessoas, se bem que ambos paregam ter por funda- mento simplesmente a matéria das representagées, a saber, pura simplesmente a sensacdo e por isso merecessem ser chamados ‘somente de agradaveis. Entretanto, ao mesmo tempo se observara que as sensagdes da cor como as do som somente se consideram To direito de valer como belas na medida em que ambas so puras; © que 6 uma determinago que jd concerne & forma e é também 0 nico dessas representagdes que com certeza pode comunicar-se tniversalmente; porque a qualidade das préprias sensagdes nao pode ser admitida como undnime em todos 0s sujeitos, e a ameni- dade de uma cor, superior & de outra, ou do som de um instrumento ‘musical, superior ao de um outro, dificilmente pode ser adrritido como ajuizado em qualquer um da mesma maneira, ‘Se com Euler se admite que as cores sejam, simul- taneamente, pulsagées (pulsus) do éter sucessivas umas as outras, ‘como sons do ar vibrado no eco e, oque é 0 mais nobre, que 0 Animo perceba (do que absolutamente nao duvido),‘' nao meramente pelo sentido, 0 efelto disso sobre a vivificagdo do érgao, mas também pela teflexdo, o jogo regular das impressbes (por conseguinte, a forma na ligagdo de representagdes diversas); ento cor e som no seriam simples sensagdes, mas ja determinagdes formais da uni- dade de um miitiplo ‘dos mesmos e neste caso poderiam ser também computados por si como belezas. 4 (enquanto formal" fata om A © Euter, Leonhard (1707-83), matamaio e aio nascto om Basisiafalecdo om '. Petersburg 1 sico @ um dos matemaicos mais universes, 5° A, B: "do que até duvido muito". Segundo Windeiband (Acad. V, p. 527). 6 a variant da 3, edigBo (C) que cortesponde ao pansamento de Kant 70 Mas o puro de um modo simples de sensagao significa que a uniformidade da mesma néo é perturbada e interrompda por nenhum, ‘modo estranho de sensago ¢ pertence meramente & forma; porque neste caso se abstral da qualidade daquele modo de sensago (seja ‘que cor ou som ele representa). Por isso, todas as cores simples, na medida em que 840 puras, s&0 consideradas belas; as mes- cladas ndo tém esta prerrogativa precisamente porque, 4 que no ‘so simples, ndo possuimos nenhum padréo de medida para o ajuizamento de se devemos chamé-las puras ou impuras. E um erro comum e muito prejudicial ao gosto auténtico, incorrompido @ sélido, supor que a beleza, atribuida ao objeto em virlude de sua forma, pudesse até ser aumentada pelo atralivo; se bem que certamente possam ainda acrescer-se atrativos a beleza para interessar 0 Animo, para além da seca complacéncia, pela epresentacdo do objeto ¢, assim, servir de recomendacao ao gosto @ A sua cultura, principalmente se ele 6 ainda rude e nao exercitado, Mas eles prejudicam efetivamente o julzo de gosto, se chamam a tengo sobre si como fundamentos do ajuizamento da beleza. Pols las esto to distantes de contribuir para a beleza, que, enquanto estranhos, somente 18m que ser admitidos com indulgéncia, na medida em que no perturbam aquela forma bela quando 0 gosto 6 ainda fraco @ ndo exercitado. Na pintura, na escultura, enfim em todas as artes pldsticas; na arquitetura, na jardinagem, na medida em que séo belas artes, 0 desanho &'0 essencial, no qual ndo 6 0 que deleita na sensagao, mas simplesmente 0 que apraz por sua forma, que constitu o fundamento de toda a disposigo para 0 gosto. As cores que iluminam 0 esbogo pertencem ao atrativo; elas, na verdade, podem vivificar 0 objeto em si para a sensagao, mas nao tomé-lo belo e dligno de intui¢éo; antes, elas em grande parte séo limitadas muito por aquilo que a forma bela requer, e mesmo ld, onde 0 atrativo 6 admitido, so enobrecidas unicamente por ela. Toda forma dos objetos dos sentidos (dos externos assim ‘como mediatamente do interno) 6 ou figura ou jago, no uitime caso, ‘ou jogo das figuras (no espaco: a mimica e a dana); ou simples’ jogo das sensagdes (no tempo). O atrativo das cores ou de sons agradaveis do instrumento pode ser-Ihe acrescido, mas o desenho na primeira ea composi¢o no titimo constituemo verdadeiro objeto do julzo-de-gosto puro; e 0 fato de que a pureza das cores assim como a dos sons, mas também a multiplicidads dos mesmos e 0 5 simplas" falta om A n seu contraste paregam contribuir para a beleza néo quer significar que elas produzam um acréscimo homogéneo & complacéncia na forma porque sejam por si agradaveis, mas somente porque elas tomam esia tltima mais exata, determinada e completamente in- tulvel, @ além disso vivificam pelo seu atrativo as representagdes ‘enquanto despertam e mantém a atengao sobre o proprio objeto. ‘Mesmo aquilo que se chama de omamentos (parerga).” isto 6, que no pertence a inteira representacao do objeto internamente como parte integrante, mas s6 externamente como acréscimo e que aumenta a complacéncia do gosto, faz isto, porém, somente pela ‘sua forma, como as molduras dos quadros, ou as vestes em estdtuas, ou as arcadas em tomo de exificios suntuosos. Mas se 0 préprio ornamento nao consiste na forma bela, e se ele 6, como a moldura dourada, adequado simplesmente para recomendar, pelo ‘seu atrativo, 0 quadro ao aplauso, entao ele se chama adoro - @ rompe com a auténtica beleza. Comogao, uma sensacao cuja amenidade 6 produzic somente através de inibigéo momentanea e subseqiiente efusdo mais forte da forga vital, ndo pertence absolutamente a beleza, ‘Sublimidade (com a qual o sentimento de comogdo esta ligado)* requer, porém, um critétio de ajuizamento diverso daquele que © gosto poe como seu fundamento; e assim um juizo-de-gosto puro no possuiinematrativo nem comogo como prinefpio determinante, ‘em uma palavra, nenhuma sensacdo enquanto matéria de julzo estético. § 15. O julzo de gosto 6 totalmente independente do conceito de perfeigao. A conformidade a fins objetiva somente pode ser conhecida através da referéncia do miiliplo a _um fim determinado. logo ‘somente por um conceito. Disso, todavia, ja resulta que belo, cujo ajuizamento tem por fundamento uma conformidade a fins mera- mente formal, sto é, uma conformidade a fins sem fim, 6 totalmente independente da representacao do bom, porque o tiltimo pressupoe uma conformidade a fins objetiva, isto é, a referéncia do objeto a um fim determinado. 4: além disso palo sou atravo despertam @ elavam a atenglo sobre 0 préprio objet. “(parorgal falta em A 5 as molduras dos quadros ou’ fata om A. 5 “(com a qual..bgadoy falta em A 2 ‘A conformidade a fins objetiva 6 ou extema, isto 6, a utilidade, u interna, isto 6, a perfeigo do objeto. O fato de que a complacén- ‘cla em um objeto, em virtude da qual o chamamos de belo, nao pode basear-se sobre a reprasentacdo de sua utlidade pode concluir-se suficientemente dos dois capitulos anteriores; porque em tal caso ela ndo seria uma complacéncia imediata no objeto, a qual 6 a condigao essencial do juzo sobre a beleza. Mas uma conformidade a fins interna objetiva, isto 6, a perfeigéo, jd se aproxima mais do ppredicado da beleza ©, por isso, foi tomada também por filésofos ilustras - todavia com 0 complemento quando ela for pensada confusamente - como idéntica & beleza. E da maxima importancia decidir em uma critica do gosto se também a beleza pode efeti- ‘vamente dissolver-se no conceito de perfeigao. Para ajuizar a conformidade a fins objetiva, precisamos sem- pre do conceito de um fim o (se aquela conformidade a fins nao deve ‘seruma utilidade externa, mas interna) do conceito de umfim interno que contenha o fundamento da possibilidade interna do objeto. Ora, ‘assim como fim em geral é aquilo cujo conceito pode ser conside- ado como o fundamento da possibilidade do préprio objeto; assim, para reprasentar-se uma conformidade a fins objetiva em uma coisa, © concelto do que esta coisa deva ser precedé-la-4; e a concordan- cia do matiplo, na mesma coisa, com esse concsito (0 qual fomece ele a regra da ligago do mesmo) 6 a perfelpdo qualilativa de uma coisa. Disso a perfeigéo quantitativa, como a completude de cada coisa em sua espécie, 6 totalmente distinta e um simples conceito de grandeza (da totalidade), no qual ja 6 antecipadamente pensado como determinado o que a coisa deva ser, e somente 6 perguntado se fodoo requerido para isso esteja néle. O formal na representacao do uma coisa, isto 6, a concordancia do mitiplo com uma unidade (Geja qual for), de modo nenhum dé por si a conhecor uma confor. midade a fins objetiva; pois uma vez que se abstrai desta unidade ‘como fim (0 que a coisa deva ser), no resta sendo a conformidade a fins subjetiva das representagdes no animo do que intui; essa conformidade presumivelmente indica cetta conformidade a fins do ‘estado da representago no sujeito, e neste uma salisfagéo para captar uma forma dada na facuklade da imaginagao, mas nenhuma perfeig&o de qualquer objeto, que aqui ndo é pensado por nenhum conceito de fim. Como, por exemplo, quando ra floresta encontro um relvado, em tomo do qual as rvores esto em circulo e ndo me represento al um fim, ou seja, de que ele deva porventura servir para a danca campestre, ndo 6 dado pela simples forma o minimo conceito de perfeicdo. Representar-se uma conformidade a fins 73 objetiva formal mas sem fim, isto 6, a simples forma de uma perfei¢ao (sem toda matéria e conceito daquilo com 0 que é posto de acordo, mesmo que fosse meramente a idéia de uma conformi- dade a leis em geral),”” uma verdadeira contradicao, Ora, 0 julzo de gosto é um julzo estético, isto 6, que se baseia ‘sobre fundamentos subjetivos e cujo fundamento de determinacao no pode ser nenhum conceito, por conseguinte tampouco o de um fim determinado. Logo, através da beleza como uma conformidade a fins subjetiva formal, de modo nenhum é pensada uma perfeico. do objeto, como pretensamente-formal, e contudo uma conformi- dade a fins objetiva; e a diferenca entre os conceitos de belo e bom, como se ambos fossem diferentes apenas quanto a forma légica, endo o primeiro simplesmente um conceito confuso, e o segundo, um conceito claro de perfeicdo, afora isso, porém, iguais quanto ao contetido e a origem, é sem valor; porque ent&o nao haveria entre eles nenhuma diferenca especifica, mas um julzo de gosto tanto seria um jufzo de conhecimento como o julzo pelo qual algo é declarado bom; assim como porventura 0 homem comum, quando diz que a fraude 6 injusta, funda seu julzo sobre princ{pios confusos, 0 fldsofo sobre principios claros, no fundo, porém, ambos fundam. ‘se sobre os mesmos principios da razao. Eu, porém, j4 menci que um julzo estético é Unico em sua espécie e nado fomece absolutamente conhecimento algum (tampouco um confuso) do objeto: este timo ocorre somente por um julzo Kégico; j4 aquele, 0 contrétio, refere a representagdo, pela qual um objeto & dado, simplesmente ao sujeito e nao da a perceber nenhuma qualidade do objeto, mas s6 a forma conforme a um fim na determinag4o™ das faculdades de representacao que se ocupam com aquele. O juizo chama-se estético também precisamente porque o seu fundamento de determinaco nao é nenhum conceito, e sim o sentimento (do sentido interno) daquela unanimidade no jogo das taculdades do 4nimo, na medida em que ela pode ser somente sentida, Contraria- mente, se se quisesse denominar estéticos conceitos confusos eo julzo objetivo que aquela unanimidade tem por fundamento, ter-se- ia um entendimento que julga sensivelmente, ou um sentido que representaria seus objetos mediante conceitos, o que se contradiz."” A faculdade dos conceitos, quer sejam eles confusos ou claros, é 0 57 smesmo que fosse...m gor) falta om A. 5 1B: uno. 5 na detarminagfo fata om A © to que 90 contradiz’ falta om A. 4 ‘entendimento; @ conquanto ao julzo de gosto, como julzo estético também pertenga o entendimento (como a todos 0s julzos), ole ‘contudo pertence ao mesmo, néo como faculdade do conhecimento de um objeto, mas como faculdade da determinagao do julzo e de ‘sua representago (sem conceito) segundo a relagao da mesma ao sujeito e seu sentimento interno, e na verdade, na medida em que este julzo 6 possivel segundo uma regra universal. § 16, 0 julzo de gosto, pelo qual um objeto 6 declarado belo ‘sob a condi¢so de um concelto determinado, néo puro. H4 duas espécies de beleza: a beleza livre (pulchritudo vaga) @ a beleza simplesmente aderente (pulchritudo adhaerens). A primeira no pressupde nenhum concetto do que o objeto deva ser, ‘a segunda pressupde um tal conceit @ a parfeigao do objeto ‘segundo o mesmo. Os modos da primeira chamam-se belezas (por si subsistentes) desta ou daquela coisa; a outra, como aderente a um conceit (beleza condicionada), é atribuida a objetos que esto sob 0 conceito de um fim particular. Flores so belezas naturais livres. Que espécie de coisa uma flor deva ser, dificilmente o saberd alguém além do botdnico; e ‘mesmo este, que no caso conhece 0 6rgao de fecundagso da planta, se ulga.a respeito através do gosto, nao toma em consideragao este fim da natureza. Logo, nenhuma perfeiggo de qualquer espécio, nenhuma conformidade a fins intema, & qual se refira a do miltiplo, 6 posta a fundamento deste julzo. Muitos passaros (0 papagaio, 0 colibri, a ave-do-paraiso), uma poreao de crustdceos do mar 840 belezas por si, que absolutamenie nao convém a nenhum objeto determinado segundo conceltos com respeito a seu fim, mas aprazem livremente @ por si. Assim, os desenhos a Ja grecque, a folhagom para molduras ou sobre papel de parade ate., Por si ndo significa nada; nao representam nada, nenhum objeto ‘sob um conceito determinado, @ s8o belezas livres. Também se pode computar como da mesma espécie o que na musica denomi- nam-se fantasias" (sem tema), ¢ até a inteira misica sem texto. No ajuizamento de uma beleza livre (segundo a mera forma), © julzo de gosto & puro. Nao 6 pressuposto nenhum conceito de ‘qualquer fim, para o qual o muitiplo deva servir ao objeto dado eo qual este ultimo deva representar, mediante o que unicamente seria limitada a liberdade da faculdade da imaginago, que na observagao da figura por assim dizer joga. © ¢: fantasia. No entanto, a beleza de um ser humano (@ dentro desta espécie a de um homem ou uma mulher ou um filho), a beleza de um cavalo, de um ediffcio (como igreja, paldcio, arsenal ou casa de campo) pressupée um conceito do fim que determina 0 que a coisa, deva ser, por conseguinte um concelto de sua perfeigao, © 6, portant, beleza simplesmente™ aderente. Ora, assim como a li- ‘gacdo do agradavel (da sensagdo) a beleza, que propriamente $6 onceme & forma, impedia a pureza do juizo de gosto, assim a ligagao do bom (para o qual, a saber, o mitiplo 6 bom com respeito A propria coisa segundo o seu fim) & beleza prejudica a pureza do mesmo. Poder-se-ia colocar em um edificio muita coisa que aprazeria imediatamente na intuigdo, desde que nao se tratasse de uma igreja; poder-se-ia embelezar uma figura com toda sorte de floreados & com linhas leves porém regulares, assim como o fazem os neozelandeses com sua taluagem, desde que néo se tratasse de um homem; e este poderia ter tragos muito mais finos e uma fisionomia com um perfil mais aprazivel e suave, desde que ele no devesse representar um homem ou mesmo um guerteiro, (Ora, a complacéncia no maitiplo em uma coisa, em referéncia a0 fimintemo que determina sua possibilidade, é uma complacéncia, fundada sobre um conceito; a complacéncia na beleza é, porém, tal que nao pressupée nenhum conceito, mas esté ligada ime- diatamente a representacao pela qual o objeto é dado (nao pela qual ele 6 pensado). Ora, se 0 julzo de gosto a respeito da tiima complacéncia tornado dependente do fim na primeira, enquanto julzo da razdo, @ assim 6 limitado, entao aquele nao é mais um julzo de gosto livre e puro. Na verdade, 0 gosto lucra por essa ligagdo da complacéncia estética & complacéncia intelectual no fato de que ele é fixado; ele, ‘com certeza, nao é universal, nao obstante possam ser-lhe prescri- tas regras com respeito a certos objetos determinados conforme- mente a fins. Mas estas, por sua vez, tampouco so regras de gosto, @ sim meramente do acordo do gosto coma razo, isto é, do belo com 0 bom, pelo qual o belo 6 utilizavel como instrument da intencdo‘com respeito ao bom, para submeter aquela disposicao do Animo - que se mantém a si propria e 6 de validade universal subjetiva - aquela maneira de pensar que somente pode ser man- tida através de penoso esforgo, mas & valida universal e objeti- vamente. Propriamente, porém, nem a perfeigdo lucra através da ® -eimpiasmento" falta om Vorlénder (C) 76 beleza, nem a beleza através da perfeigéo; mas visto que, quando mediante-um conceito comparamos a representagao, pela qual um objeto nos 6 dado, com 0 objeto (com respeito ao que ele deva ser), no se pode evitar de ao mesmo tempo comparéla com a sensagao 1no sujeito, assim, quando ambos os estados do 4nimo concordam entre si, lucra a intaira faculdade de representacao, Um julzo de gosto seria puro com respeito a um objeto de fim interno determinado somente se o julgante néo tivesse nenhum conceito desse fim ou se abstralsse dele em seu julzo. Mas este, ‘entdo, conquanto proferisse um julzo-de-gosto correto enquanto ajuizasse 0 objeto como beleza livre, seria contudo censurado & culpado de um julzo falso pelo outro que contempla a beleza nele ‘somente como qualidade aderente (presta atengao ao fim do ob- jeto), se bem que ambos julguem corretamente a seu modo: um, ‘segundo o que ele tem diante dos sentidos; o outro, segundo o que ele tem no pensamento, Através desta distingao pode-se dissipar muita dissengao dos jutzos do gosto sobre a beleza, enquanto se thes mostra que um considera a beleza livre 8 0 outro a beleza aderente; o primeiro profere um julzo-de-gosto puro e o segundo, um julzo-de-gosto aplicado, § 17, Do ideal da beleza. Nao pode haver nenhuma regra de gosto objetiva, que deter- mine através de conceitos 0 que seja belo. Pois todo julzo prove- niente desta fonte é estético; isto &, 0 sentimento do sujeito, e no © conceito de um objeto, ¢ seu fundamento determinante. Procurar um prinefpio do gosto, ‘que fornega o critério universal do belo através de conceitos determinados, é um esforgo infrutffero, porque (© que 6 procurado & impossivel ¢ em si mesmo contraditério. A ‘comunicabilidade universal da sensagao (da complacéncia ou descomplacéncia), ¢ na verdade uma tal que ocorra sem conesito, ‘a unanimidade, o quanto possivel, de todos os tempos @ povos com respeito a este sentimento na representagao de certos objetos, © critério emplrico, se bem que fraco e suficiente apenas para ‘a suposigo da derivago de um gosto, t4o confirmado por ‘exemplos, do profundamente oculto fundamento comum a todos os homens, da unanimidade no ajui- zamento das formas sob as quais Ihes s40 dados objetos. Por isso, se consideram alguns produtos de gosto como ‘exemplares: nao como se 0 gosto possa Ser adquirido enquanto ele © 4: "90 voli pare’ 4 imita a outros. Pois 0 gosto tem que ser uma facuidade mesmo propria; quem, porém, imita um modelo, na verdade mostra, na medida em que o encontra, habilidade, mas gosto ele mostra somente na medida em que ele mesmo pode ajuizar esse modelo.™ Disso segue-se, porém, que o modelo mais elevado, o original do gosto 6 uma simples idéia que cada um tem de produzir ‘em si proprio e segundo a qual ele tem que ajuizar tudo 0 que 6 objeto do gosto, 0 que & exemplo do ajuizamento pelo gosto e mesmo o gosto de qualquer um. idéia significa propriamente um conceito da razo; ideal, a representagao de um ente individual como adequado a uma idéia. Por isso, aquele original do gosto ~ que certamente repousa sobre a idéia indeterminada da razio de lum maximo, @ no entanto no pode ser representado mediante conceitos, mas somente em apresentagdo individual ~ pode ser melhormente chamado 0 ideal do belo, de modo que, se ndo ‘estamos imediatamente de posse dele, contudo aspiramos a pro- duzi-lo em nés. Ele, porém, sera simplesmente um ideal da 4 faculdade da imaginaco, justamente porque ndo repousa sobre conceilos, mas sobre a apresentagdo; a faculdade de apresentago porém 6 a imaginagao. Ora, como chegamos a um tal ideal da beleza? A prioriou empiricamente? E do mesmo modo, que género de belo & capaz de um ideal? Em primeiro lugar, cabe observar que a beleza, para a qual deve ‘ser procurado um ideal, no tem que ser nenhuma beleza vaga, mas uma beleza fixada por um conceito de conformidade a fins objetiva; conseqientemente, no tem que pertencer a nenhum objeto de um julzo de gosto totalmente puro, mas ao de um juizo de gosto em parte intelectualizado. Isto 6, seja em que espécie de fundamentos do ajuizamento um ideal deva ocorrer, tem que jazer & sua base alguma id6ia da razo segundo conceitos determinados, que determina a prior| © fim sobre o qual a possiblidade intema do objeto repousa. Um ideal de flores belas, de um mobildrio belo, de um belo panorama nao pode sserpensado. Mas tampouco se pode representar oidealde umabeleza Modelos do gosto com respeio ds ares elocutvas tom cult: 0 primeio, para no tr que sotrer um as inguas vives, de modo que expresstes habituais tornam-se arcaicas e oxpressGes recriadas ao postas am circulago por ‘somento um curte perlodo de tempo; o segundo, para que ela tonha uma gramatica (que no seja eubmetda a 78 aderente a fins determinados, por exemplo, de uma bela residéncia, de uma bela drvore, de um belo jarcim etc.; presumivelmente porque ‘08% fins no so suficientemente determinados @ fxados pelo seu ‘concelto, conseqdentemente a conformidade a fins é quase to livre ‘como na beleza vaga. Somente aquilo que temo fim de sua existéncia em si proprio — 0 homer, que pode determinar ele proprio seus fins pela razfo -, ou onde necesita tomé-los da parcepgao externa, todavia, pode compard-los aos fins essenciais ¢ universais e pode ‘enigo ajuizar também esteticamente a concordancia com esses fins; ‘este homem 6, pois, capaz de um ideal da beleza, assim como a humanidade em sua pessoa, enquanto inteligéncia, 6, entre todos os ‘objetos do mundo, a Unica capaz do ideal da ; ‘A isso, porém, pertencem dois elementos: primeiro, a idéia normal estética, a qual 6 uma intuigao singular (da faculdade da imaginagdo), que representa 0 padréo de medida de seu aju- ‘zamento, como de uma coisa pertencente a uma espécie animal particular; segundo, a idéia da razdo, que faz dos fins da humanidade, na’medida em que néo podem ser, representados ‘sensivelmente, o principio do aluizamento de sua figura, através da qual aqueles se revelam como sem efeito no fendmeno. A idéia normal tem que tomar da experiéncia os seus elementos, para a figura de um animal de espécie particular; mas a maxima conformidade a fins na construgdo da figura, que seria apta para padrao de medida universal do ajuizamento esiético de cada in- dividuo desta espécie, a imagem que residiu por assim dizer inten- cionalmente & base da técnica da natureza, @ A qual somente a ‘espécie no seu todo, mas nenhum individuo separadamente, 6 adequada, jaz contudo simplesmente na idéia do” que ajuiza, a qual, porém, com suas proporgdes como idéla estética, pode ser apresentada inteiramante in concreto em um modelo . Para tomar em certa medida compreensivel como isso se passa (pois quem pode sacar totalmente da natureza seu segredo?), queromos tentar uma explicagao psicolégica, Deve-se observar que a faculdade da imaginagao sabe, de um ‘modo totalmente incompreensivel a nés, ndo somente revocar os sinais de conceltos mesmo de longo tempo ads, mas também Teproduzir a imagem @ a figura do objeto a partir de um numero indizivel de objetos de diversas espécies ou também de uma e ant: “estes, cortigido por Ercan. © Kant: ‘uma’, corigde por Erdmann, ® B: dos que ajutzam. mesma espécie; ¢ igualmente, se 0 animo visa comparagées, ela, de acordo com toda a verossimilhanga, se bem que nao suficiente- mente para a consciéncia, sabe efetivamente como que deixar cair uma imagem sobre outra , pela congruéncia das diversas imagens da mesma espécie, extrair uma intermedidria, que serve a todas ‘como medida comum. Alguém viu mil pessoas aduttas do sexo masculino. Ora, se ele quer julgar sobre a estatura normal avalidvel ‘comparativamente, entao (na minha opinio) a faculdade da imagi- ago superpde um grande numero de imagens (talvez todas aquelas mil); e, se me for permitido utilizar, neste caso, a analogia da apresentacao dtica, é no espago, onde a maior parte delas se retine, e dentro do contorno, onde o lugar é iluminado pela mais forte concentragdo de luz, que se torna cognosc{vel a grandeza média, que esté igualmente afastada, tanto segundo a altura quanto a largura, dos limites extremos das estaturas maximas @ m{nimas; e esta 6a estatura de um homem belo. Poder-se-ia descobrir a mesma coisa mecanicamente se se medissem todos os mil, somas- som entre si suas altura e largura (e espessura) e se dividisse a ‘soma por mil, Todavia, a facukdade da imaginagao faz precisamente isto mediante um efeito dinamico, que se origina da impressao variada de tais figuras sobre 0 érgao dos sentidos. Ora, se agora de modo semelhante procurar-se para este homem médio a cabeca média, para esta 0 nariz médio etc,, entéo esta figura encontra-se a fundamento™ da idéia normal do homem belo no pals onde essa comparago for felta; por isso, sob essas condigées emplricas,* um. negro necessariamente tord Uma idéia normal da beleza da figura diversa” da do branco e o chins uma diversa da do europeu. Precisamente 0 mesmo se passaria com 0 modelo de um belo cavalo ou cdo (de certa raga). Esta idéia normal nao é derivada de proporgGes tiradas da experiéncia como regras determinadas; mas 6 de acordo com ela que regras de ajuizamento tomam-se pela primeira vez possiveis. Ela 6 para a espécie inteira a imagem flutuante entre todas as intuigdes singulares e de muitos modos diversos dos individuos e que a natureza colocouna mesma espécie como protétipo de suas produgSes, mas parece néo té-lo con- seguido inteiramente em nenhum individuo. Ela n&o 6 de modo algum o inteiro” protétipo da beleza nesta espécie, mas somente & ® A: esta figura é aia, ® sob estas condigtes empiticas fala om A 7 A: um ideal..cverso da beloza, 7 sintaio* fata om A. forma, que constitui a condigao imprescindivel de toda a beleza, por conseguinte simplesmente a correpao na exposigao da espécie. Ela 6, como se denominava o famoso dorfforo de Policieto, a regra (precisamente para isso também podia ser utilizada em sua espécie ‘avaca de Miro). Precisamente por isso, ela também ndo pode conter nada especificamente caracteristico; pois, do contrario, ela nao seria idéia normal para a espécie. Sua apresentagao tampouco apraz pela beleza, mas simplesmente porque ela nao contradiz rnenhuma condi¢ao, sob a qual unicamente uma coisa desta espécie pode ser bela. A apresentacdo 6 apenas academicamente correta.”* Da idéia normal do belo, todavia, se distingue ainda o ideal, que se pode esperar unicamente na figura humana pelas razoes |é apresentadas. Ora, nesta 0 ideal consiste na expressao do moral, ‘sem 0 qual o objeto nao aprazeria universalmente e, além disso, ositivamente (ndo apenas negativamente em uma apresentagao academicamente correta). A expresso visivel deidélas morais, que dominam internamente 0 homem, na verdade somente pode ser tirada da experiéncia; mas tomar por assim dizer visivel na ex: presso corporal (como efeito do intetior) a sua ligago a tudo o que nossa razo conecta ao moralmente-bom na iiéia da suprema conformidade a fins — a benevoléncia ou pureza ou fortaleza ou serenidade etc. — requer idéias puras da razao e grande poder da faculdade da imaginacdo reunidos naquele que quer apenas aluiz- las, e muito mais ainda naquele que quer apresenté-las. A corregao de um tal ideal da beleza prova-se no fato de que ele nao permite a nenhum atrativo dos sentidos misturar-se & complacéncia em seu objeto e, nao obstante, inspira um grande interesse por ele; 0 que ‘entdo prova que o ajuizamento segundo um tal padrao de medida jamais pode ser puramente estético e o ajuizamento segundo um ideal da boloza nao 6 nenhum simples julzo de gosto. 72 Achar-se-4 que um rosto perfeltamente regular, que o pinior gostaria de pedir ‘como modelo para posar, geralmente nBo diz nada, porcue no contém nada caracteristco, portanto, expressa mais aiddia da espécie do que o espectio de uma, Pessoa O cavaceristico desta espécie, quando ¢ exagorado, isto 6, prejudica a prépria kddia normal (da conformidade @ fins da espécie), chama-se caricature ‘Também a expariéncia mostra que aquoles rostos totalmente regulares gersimento traam também somente um homem mediocre no interior; rasumivelmente (s0 30 ode admite que a natureza expresse no exterior as proporgées do interior) porque, ‘8 nenhuma das dleposigées do &rimo ¢ salienle sobre aquela proporgto que 6 requorida para constiuir simplasmente um homom lvra de defeltos, nada se pode ‘esperar daquil que s0 denomina génio, no qual a natureza parece aastay-s6 das rolagéos normals das laculdades do Arimo em benefeio de uma faculdad 86 (K) at Explicagao do belo deduzida deste terceiro momento. Beleza 6 a forma da conformidade a fins de um objeto, na ‘medida em que ela 6 percebida nele sem representagao de um fim.” Quarto momento do jutzo de gosto segundo a modalidade da complacéncia no objeto.” § 18. 0 que 6 a modalidade de um julzo de gosto. De cada representagao posso dizer que é pelo menos poss/vel ue ela (Como conhecimento) sejaligada a um prazer. Daquilo que fem serd uma neces- fe prética, na qual, através de conceltos de uma vontade racional pura — que serve de regra a entes que agem livremente -, esta complacéncia é a conseqéncia necesséria de uma lei objetiva @ no significa sendo que simplesmente (sem intengdo ulterior) se nsada pisto 6, uma necessidade do assentimento de todos a um julzo que 6 mo exemplo de uma regra universal que nao se pode 7 Podor-se-a alagar, como instancia contra essa explcacso, que existem coisas ras quais se vé uma forma conforms a fins, sem reconhecer nelas um fim; por ‘examplo, 08 ulensfios de pedra, requentemente retrados de antigos timulos, ‘dotades de um otliclo como $8 fosse para um cabo, conquanto em sua figura taiam claramente uma conformidade a fins, para @ qual nfo se conhece o fim, e nem por |s90 sto dectarados belos, Todaviaofato de que sto considerados uma obra de arto 6) suficonte para er que admit que a gente rofere a sua figura. alguma intongo {qualquer @ a Um fim delerminado. Daf também a absoluta ausdncia de qualquer Complacéncia imeciata om sua intuigdo. Ao contrésio uma flor, por exemplo uma fulipa, € tida por bela porque om sua percepgao 6 encontrada uma carta Conformidade a fine, que do mado como a ejuizamos nfo ¢ referida a absolutamente ‘renhum fim. (K) 7 ¢:nos objetos. is, NBO fato de que a experiéncia difcilmente conseguiria documen- tos suficientemante numerosos, nenhum conceito de necessidade pode fundamentar-se sobre julzos empiricos. § 19. A necessidade subjetiva que atribuimos ao jutzo de gosto 6 condicionada. Procura-se ganhar 0 assentimento de cada um, porque se tem para isso um fundamento que 6 comum a todos; com esse assentimento”* tam- bém se poderia contar se apenas se estivesse sempre seguro de que 0 caso seria subsumido corretamente sob aquele fundamento como ragra da aprovagao. § 20. A condig&o da necessidade que um jutzo de gosto pretende 6 a idéia de um sentido comum. Se julzos de gosto (identicamente aos julzos de conhe- cimento) tivessem um principio objetivo determinado, entéo aquele que os profere segundo esse principio reivindicaria necessidade incondicionada de sou julzo. Se eles fossem desprovidos de todo principio, como os do simples gosto dos sentidos, entéo ninguém absolutamente teria a iddia de alguma necessidade dos mesmos. Logo, eles tém que possuir um principio subjetivo, o qual determine, somente através do sentimento @ nao da concaitas, @ contudo de modo universalmente valido, 0 que apraz ou desapraz. Um tal princ{pio, porém, somente poderia ser considerado como um sen- {ido comum, 0 qual 6 essencialmente distinto do entendimento ‘comum, que as vezes também se chama senso comum (sensus communis); neste caso, ele nao julga segundo 0 sentimento, mas ‘sempre segundo conceitos, se bem que habitualmente somente ao modo de principios obscuramente representados, Portanto, somente sob a pressuposicao de que exista um ‘sentido comum (pelo qual, porém, néo entendemos nenhum sentido textemo, mas 0 efeito decorrente do jogo livre de nossas faculdades de « 75 -essontimento” falta om A.

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