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; POLITECNICO POLITECNICO PORTAL DE PORTALEGRE es) ORTALEGHE — Escola Superior de Tecnologia eGestio Instituto Politécnico de Portalegre Escola Superior de Tecnologia e Gestao Projeto de Mestrado em Contabilidade e Finangas Implementagao do Sistema de Normalizacao Contabilistica para as Administragdes Publicas (SNC-AP): O Caso do Municipio de Elvas Ricardo José Macareno Ventura Projeto de Mestrado realizado sob a orientagao da Professora Doutora Amélia Cristina Ferreira da Silva do Instituto Politécnico do Porto e coorientagio da Professora Doutora Ana Cunha, Professora Adjunta convidada do Instituto Politécnico de Portalegre Julho 2022 Implementacdo do Sistema de Normalizagao Contabilistica para as Administracaes Pilblicas (SNC-AP): (0 caso do Municipio de Elvas Agradecimentos Depois de finalizado este projeto de mestrado, concluo que nada, ou quase nada, nesta vida & impossivel de aleangar. Com motivagdo ¢ empenho, acredito que & possivel. O processo que culminou com a finalizagdo do projeto de mestrado foi longo e érduo, durante © “caminho” percorrido aprendi, cresci, lutei ¢ trabalhei para que este momento fosse possivel. Porém, todo este proceso, nao se deve, apenas, ao meu proprio empenho e dedicagao. Houve varios intervenientes que, tanto a nivel pessoal como profissional, foram “ingredientes” fundamentais para que fosse possivel chegar ao final desta etapa da minha vida, aos quais, no posso deixar de agradecer. Primeiramente, quero agradecer aos meus pais, porque sem cles nao teria 0 apoio nos momentos dificeis da vida, Foram eles os exemplos de vida que tive e que me fizeram acreditar, que com trabalho tudo & possivel. Os pais so os alicerces fundamentais para a educagao e formagio de um ser humano, Aos meus, o meu muito obrigado! ‘Aos meus filhos Lucas e Vicente, por toda a forga e amor que me deram, Nascidos em pleno curso de mestrado, so parte integrante desta fase da minha vida e, consequentemente, desta investigag . Espero que 0 presente projeto de mestrado seja, um dia, exemplo motivo de orgulho para eles. A minha companheira, amiga, confidente, mae e esposa, Joana, o meu obrigado pelo incentivo e forga durante estes anos. A todos os verdadeitos amigos, que sempre me apoiaram quando era necessario e, em especial, ao meu colega ¢ amigo Eugénio Salgueiro, que me acompanha diariamente no trabalho e que iniciou este mestrado comigo. ‘Aos Professores de mestrado, pelo seu contributo e pela sua entrega, obrigado por nos fazem chegar mais além a nivel pessoal e profissional. As Senhoras Professoras Amélia Silva € Ana Cunha, pela orientago © coorientagdo deste projeto de mestrado, pelos seus contributos na sua elaborago, um muito obrigado. A Professora Doutora Ana Clara Borrego, pelo incentivo e apoio, tendo sempre uma palavra de motivagdio nos momentos em que foi necessirio. Obrigado! Por tiltimo, umas palavras de agradecimento a todos os meus colegas de turma, por toda a ajuda e motivagdo que me deram. 1 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); Resumo © Plano Oficial de Contabilidade Pablica materializou, em 1997, a grande mudanga de paradigma no sistema contabilistico do Setor Piblico Portugués. Porém, nao obstante o importante papel daquele normative contabilistico, 0 mesmo ndo conseguiu acompanhar os normativos internacionais, nem a evolucdo da Contabilidade do Setor Privado em Portugal. Tais, factos, acrescidos da multiplicidade de sistemas de contabilidade no setor piblico, ¢ da forte necessidade de harmonizar a contabilidade internacionalmente, conduziram, em 2015, & aprovago do Sistema de Normalizagao Contabilistica das Administragdes Piblicas. Assim, podemos afirmar que o aparecimento de novos desafios na Gestdo Publica foram a alavanca da mais recente reforma da Contabilidade Publica em Portugal: 0 Sistema de Normalizagio Contabilistica das Administragdes Piblicas ¢ a Lei de Enquadramento Orgamental. 0 novo normative contabilistico aplica-se a todas as instituigdes da Administrago Pablica central, regional ¢ local. De entre as entidades As quais se aplica 0 destacamos os municipios, pois 0 presente projeto de mestrado consubstancia-se num estudo de ca sobre a implementagio daquele normativo a um municipio portugués. No caso dos municipios, a transigio do Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais para o Sistema de Normalizagao Contabilistica das Administragdes Publicas anteviu-se como um processo moroso ¢ complexo, devido, entre outros entraves, & adaptacdo dos sistemas informaticos e ao numero elevado de procedimentos necessérios para concretizar essa transigao. Assim, este estudo tem como objetivo criar um manual que petmita analisar a base conceptual ¢ a implementagdo do novo normativo contabilistico no Municipio de Elvas. Do ponto de vista metodolégico, este trabalho foi desenvolvido numa perspetiva de investigagdo-agdo. Apés uma fase de diagnéstico do sistema de contabilidade do Municipio de Elvas, foi proposto um plano de intervengdo, o qual esperamos que © mesmo venha a permitir a reflexio interna no municipio e a preparagio para uma implementago com grande rigor © com um minimo de erros possiveis, para que 0 relato financeiro do municipio seja correto, verdadeiro e transparente. Como contributo geral deste projeto de mestrado, esperamos uma demonstracao tedrica e pritica dos processos de transigao, a nivel contabilistico ¢ informtico, no ambito do estudo de caso do Municipio de Elvas produzindo ensinamentos proveitosos para uma implementagdo de sucesso noutros municipios portugueses, Palavras-chave: Contabilidade Piiblica, Autarquias Locais, Normas Contabilisticas, SNC-AP mm Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizasiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} Abstract ‘The Official Public Accounting Plan materialized, in 1997, the major paradigm shift in the Portuguese public sector accounting system. However, despite the important role played by this, accounting standard, it was unable to keep up with international standards or the evolution of accounting in the private sector. These fact plus the multiplicity of accounting systems in the public s tor and the strong need to harmoni: ¢ accounting internationally, led, in 2015, to the approval of the General Government Accounting Standardization System. Thus, we can say that the emergence of new challenges in Public Management were the lever for the most recent reform of Public Accounting in Portugal: the Public Administration Accounting Standardization System and the Budgetary Framework Law. This applies to all central, regional, and local govertiment institutions. Among the entities to which it applies we highlight municipalities, since this master’s project is a case study on the implementation of that standard to a Portuguese municipality. In the case of municipalities, the transition from the Official Plan of Local Accounting - POCAL for the Public Administration Accounting Standardisation System — SNC-AP was expected to be a long and complex process, due, among other obstacles, to the adaptation of computer systems and to the high number of procedures needed to accomplish this transition. Thus, this study aims to create a manual that allows the analysis of the conceptual basis and the implementation of the in the Municipality of Elvas. From the methodological point of view, this work was developed in an action-research perspective. After a phase of diagnosis of the accounting system of the Municipality of Elvas, an intervention plan was proposed, which we hope will allow internal reflection and preparation for an implementation with great accuracy and with a minimum of possible errors, so that the financial reporting of the municipality is correct, true and transparent. As a general contribution of this master's project, we expect a theoretical and practical demonstration of the transition processes, at accounting and IT level, within the scope of the case study of the Municipality of Elvas, producing useful lessons for a successful implementation in other Portuguese municipalities Key words: Public Sector Accounting, Local Government, Accounting Standards, SNC- AP Vv Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizasiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} Sighas e Acronimos ADSE — Assisténcia na Doenga aos Servidores do Estado AIRC - Associagao Informatica da Regio Centro AFT — Ativo Fixo Tangivel CC 2 - Classificador Complementar 2 CCP - Cédigo dos Contratos Publicos CEE - Comunidade Econémica Europeia CGA - Caixa Geral de Aposentagdes CIBE - Cadastro e Inventitio de Bens do Estado CNC - Comissiio de Normalizago Contabilistica CNC-AP - Comissio de Normalizagio Contabilistica para a Administragao Pablica DFC — Demonstragao dos Fluxos de Caixa DGAL - Diregdo Geral das Autarquias Locais DGO - Dir ERP - Enterp io Geral do Orgamento ¢ Resource Planning FMI - Fundo Monetério Internacional GH - Grupo Homogéneo GOP - Grandes Opgées do Plano IAS - International Accounting Standards IASB - Intemational Accounting Standards Board IFAC - Internacional Federation of Accountants IERS - International Financial Reporting Standards INE - Instituto Nacional de Estatistica IPSAS - International Public Sector Accounting Standards IPs: - Instituigdo Particular de Solidariedade Social IRS — Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Singulares IVA - Imposto sobre 0 Valor Acrescentado LBCP - Lei de Bases da Contabilidade Publica LEO - Lei de Enquadramento Orgamental ME - Municipio de Elvas NCP — Norma de Contabilidade Piblica v Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizasiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas NGP - Nova Gestio Pablica OCDE - Organizagao para a Cooperagio e Desenvolvimento Econémico OP — Ordem(ns) de Pagamento PCM - Plano de Contas Multidimensional POC - Plano Oficial de Contabilidade POCAL - Plano Oficial de Contabilidade das Autarquias Locais POCP - Plano Oficial de Contabilidade Pablica RAFE - Regime da Admin RR — Reembolso ¢ Restituigdo S3CP - Sistema Central de Contabilidade e Contas Pablicas SCA - Sistema de Contabilidade Autérquico tragio Financeira do Estado SGF - Sistema de Gestio de Faturagao SIC - Sistema de Inventario ¢ Cadastro SIC/TFRIC - Standing Interpretations Committee/International Financial Reporting Interpretations Committee SISAL - Sistema de Informagao para o Subsetor da Administrago Local SNC-AP - Sistema de Normalizagdo Contabilistica para as Administragdes Publicas SNP — Sistema de Normalizagao de Patrimonio SNT - Sistema de Normalizagao de Tesouraria SOFC - SubUnidade Orginica Flexivel Contabilidade SOFCOM - SubUnidade Organica Flexivel Compras SOFP - SubUnidade Organica Flexivel Patriménio SOFT - SubUnidade Organica Flexivel Tesouraria TSU - Taxa Social Unica UE - Unido Europeia UNILEO - Unidade de Missio para a Implementagiio da Lei de Enquadramento Orgamental PT — Valor Patrimonial Tributario VI Ricardo José Macareno Ventura Implementasio do Sistema de Normalizago Contabilistica para as Administragdes Piblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas indice Geral Acrapecnetos. " RESUMOwosnonsnnnnnnnsnnnnnnmnnnnnnnninninnnnnntnaninnnnan Aastasct v SIGLAS E ACRONIMOS fvoice Gerat vi foie K foie x Inoice Xl foie xi INTRODUGAO .. CAPITULO I - REVISAO DE LITERATURA 8 1.1 Noa nrRoDUTORIA DA EVOLUGRO LEGISLATIVA DA CONTABIIDADE PUBLICA EM PORTUGAL 8 1.2—AGENESE OA NOVA ABOROAGEM DE GESTAO PUBLICA smn . 2 1.3-O Inicio Das MuDANCAS CONTABLISTICAS NA ADMINISTRACAO PUBLICA Fey 41.4 -AINFLUENCIA EXTERNA NO APARECIMENTO D0 SNC-AP EM PORTUGAL svsnnsnnsnnonsnn 15 1.4.1- As Principos linhos orientadoras do SNC-AP. 7 CAPITULO II - CARATERIZAGKO DO MUNICIPIO DE ELVAS. 20 2.10 Concetno o# E1vas. 20 2.2—ESTRUTURA ORGANIZACIONAL OA AUTARQUIA DE ELVAS - : . 20 2.2.1-A Divisio Financeira do Municipio de Elvas. 2 2.2.2 Estrutura Interna da Divisdo Financeira do Municipio de EMVOS.nurneusnsnanuranaonoansnane 22 2.2.35 Intervenientes na Area Contobilistca no Municipio de Elvas. 23 CAPITULO Ill ~ A TRANSICAO DO POCAL PARA 0 SNC-AP NO MUNICIPIO DE ELVAS. 3.1 InraoDucko. 24 3.2.~APREPARAGKO PARA A TRANSICAO. te o sennnnnnnnne 26 3.2.1 ~Legislacdo e Documentagao. 26 3.2.2~0 Plano de Contas Multidimensional ~ Transicéo InformAtica... senennnnnnnnne 28 3.2.3~0 Registo de Informagao nas Sistemas Informaticos. 41 3.2.4 ~ 0 Processo de Reclassificagdio dos Ativos no Sistema de Inventério e Cadastro (SIC) wvsnnnnan 45 3.3.—A TRANSIGAO NAS APLICAGOES INFORMATICAS ERP-AIRC, 49 3.3.1 =A Instalagdo das Aplicag6eS .nrnnnmmnenrnmnnninene o vene A9 3.3.2—A Rotina Informética da Tesouraria. 50 3.3.3, ~A Rotina Informatica na Receita 53 3.3.3.1 —A€ntrada em Vigor do Orcamento.... 7 se rnnnnennnene 5B 3.3.3.2 ~A Transigdo de Ano no Sistema de Taxas ~ TAX. 55 3.3.3.3~A Atualizagao de Classificagdes. 58 3.3.3.4~A Atuolizagao de Artigos de Recelta 60 3.3.4—A Rotina Informatica na Tronsi¢Bo da Divide..un.uenninesnninennnianinenennnnsnness OL 3.3.5~A Preparagao das Folhas de Vencimento. 6 3.3.6 ~ 0 Economato. snnnennnnnnniininennannennannennne 8D 3.3.7.~A Transigdo do Patriménio POCAL vs. SNCAP. 70 3.3.7.1 ~A PreparacGo e Transictio Informética. senna van 70 337.2 ~AFase do Transigdo ~ Encerramento do Ano em POCAL.. n 3.3.7.3 ~ Procedimento e Recomendagées para 0 SNP-AP. 3 3.3.8. ~ A Preparacdo para o Balanco Inicial 7 3.3.8.1 ~ 0 Balanco Inicia (Abertura). 7 3.3.9 — 0 Encerramento do Ano em POCAL wrsusiesnnninsnnnninn snouts 83 vit Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); 3.4— UMA BREVE ABOROAGEM A CONTABILIOADE DE GTSTAO EM SNC-AP F SUA TRANSIGKO NO MUNICIPIO OE ELVAS vw 83 3.4.1 - Nota introdutéria 33 3.4.2 ~As premissas para a transigao e implementacdo da Contabilidade de Gestdo em SNC-AP — Método ABC... CAPITULO IV - A IMPLEMENTACAO E APLICACAO DO SNC-AP. 4.10 PnoctssoDe VeNeMenos,RETENGDESEDESCONTOS OBGATOROS 29 4.2- Garanras te CAUGDSS... . sna 9 4.3 AS MODIFCAGOES Ao OsGantenTo cn 9s 4.4, — Ret mousos RESTTUREES 100 44.1 — Receita Automatica : nnn 400 4.4.2— Recelta Manual 101 4.5 CONTABLZAGOES EXTITASPELOSNCAP rsa OL 45.1~Recelta Vital 101 45.2~Débitos ao Tesoureit nnn nnn 102 45.3~ Contos de Ordem 102 CAPITULO V — AS FASES, INTERVENIENTES E DIFICULDADES DE IMPLEMENTACAO DO SNC-AP NO MUNICIPIO DE ELVAS. 103 SAL APREPARAC vssnnnnininnniinnnnnnininnninninieninnne 13 5.2-ATuavsicko 103 5.3-AAmucacho nnn, 18 5.4 OsINTERVENNTES ba mdPEMENrAgKO 00 SNC-AP 104 5.5~ASDINCULDADES NA MPLEMENTACAO 00 SNC-AP NO CASO STU90 105 conc.usio. 108 REFERENCIAS BIBLIOGRAFICAS a2 LEGISLAGKO CONSULTADA 116 VIL Ricardo José Macareno Ventura Implementasio do Sistema de Normalizago Contabilistica para as Administragdes Piblicas (SNC-AP): 2 caso do Municipio de Elvas indice de Anexos Anexo I-Plano de Formasio em SNC-AP. 128 Anexo I~ Quadro Sintese do PCM. 130 Anexo IIT- Classe 4 desagregada 133 IX Ricardo José Macareno Ventura Implementasio do Sistema de Normalizago Contabilistica para as Administragdes Piblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas indice de Quadros ‘Quadro 1- Exemplo de Contailizagdo. 7 x Ricardo José Macareno Ventura Implementasio do Sistema de Normalicagio Contabilistica para as Administragdes Piblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas indice de Figuras Figura 1-Organograma da autarqula de vas, 2 Figura 2~ Replicagdo “automatica” de contas do POCAL para 0 PCM do SNC-AP vcrorn 31 Figura 3- Replicaglo “manual” de contas do POCAL para o PCM do SNC-AP voressnsninsnsnnsnnnan 32 Figura 4- Médulo de contas bancérias do Sistema Informatico SNC-AP. 46 Figura 5 ~ Abertura de contas de operagSes de tesouraria 40 Figura 6 — Natureza das operagées de tesouraria 40 Figura 7 - Menu de criagio de contrat0$...ssnsnonnn . 53 Figura 8 —Informagio requerida para a criagdo de contratos ses sens AD Figura 9 “lanela” de consulta e edigfo contratos 34 Figura 10 ~ LocagBes financeiras e operacionais 55 Figura 11- Assistente de incialzagio de tabelas st Figura 12 - Os trés passos de inicializagio da tesouraria em SNT. 52 Figura 13 ~ Menu de carregamento de saldosinciais de tesouratia = $NTocron 63 Figura 14 Entrada em vigor do orcamento -SNT ne) Figura 15~ Mensagem de confirmagdo da transiglo de ano, 6 Figura 16 ~ Mensagem de alerta por existéncia de contas sem correspondéncia - SG 6 Figura 17 - Mensagem de confirmaglo da transigéo de ano econémico - SGF. 68 Figura 18 ~ Menu de transigo das classificagbes de artigos de receta -SGF... sence Figura 19 — Atualizagio dos artigos de rect ovesnsmnnsnnnnnninninnnncnininnnsiinnnanann TR Figura 20 ~ Preenchimento automético dos valores das contas SNC ™ Figura 21 ~ Menu de correspondénc'a manual de contas- SNC. 5 Figura 22 ~ Tabela de manutengéo das “equivaléncias entre clasificadores” - SNP. 85 Figura 23 ~Clasificador complementar 2 ~ SNP smu : - oe 8 Figura 24 - Menu de regularizagdo de saldos iniciais -SNC.-ssnnsnsinnnninn . 92 Figura 25 - Menu de Modificagées Orcamentais- SNC. 108 Figura 26 - Menu de alteragio aos documentos previsionals - SNC 109 Figura 27 - Menu de modifcacso orgamental da receita -SNC no Figura 28- Menu de proposta definitiva de mosiicagao orcamental - SNC. 110 Figura 29 - Menu de reembolsos e restituigBes manuals ~SNC wnssnsinnnsnnninninnnnnnnnnnnnn MR Figura 30 - Cronograma implementagio SNC-AP sovinnin 1S XI Ricardo José Macareno Ventura Implementasio do Sistema de Normalicagio Contabilistica para as Administragdes Piblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas indice de Tabelas TTabela 1.Check List da transi¢do do POCAL para o SNC-AP — Fases, Tarefas e Software 36 Tabela 2~ Legslagso por drea e documentagSo SNC-AP. 38 ‘Tabela 3 — Reconcilago de Contas (movimentos de armazém) .. sons 37 Tabela 4- Classe 3 - Inventéros e Ativos Biolgtcos. . so 8 Tabela 5~ Apcio & transi das rubricas do tivo. 90 ‘Tabela 6 -Tabela de apoio 2 transicdo das rubricas do Patriménio Liquido e Passivo n Tabela 7 Patriménio Liquido 80 Tabela 8 -Relagio entre remuneragio e véros tpos de desconto 103 Tabela 9— Exemplo de relacdo entre abonos e descontos.. 104 Tabela 10 - Exemplo de relacio entre remuneragio base e descontos 105 XI Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizaia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN (0 caso do Municipio de Elvas AP} Introdugio 1, Justificagio e Relevncia do Tema © tema eleito para desenvolver este projeto de mestrado foi escolhido, nao s6 por se enquadrar na drea de estudo do mestrando, como também, por ser uma questo que, a data da escolha, estava em plena discussio na sociedade portuguesa, O estudo apresentado trata © caso da implementagdo e adaptagiio do Sistema de Normalizago Contabilistica das Administragdes Pablicas no Municipio de Elvas (ME), que decorre desde 2019, sendo esta implementagio de ambito obrigatério para as Autarquias Locais no ano de 2020 (por imposigao legal, conforme estipulado no artigo 98." da Lei n.° 71/2018, de 31 de dezembro (Orgamento do Estado para 0 ano de 2019), conjugado com o artigo 86.° do Decreto-Lei de Execugdo Orgamental para o ano de 2019. © SNC-AP é um tema que tem vindo a ser debatido, nos dltimos anos, pelos profissionais, nomeadamente no contexto da Ordem dos Contabilistas Certificados, sendo que, desde a sua aprovagio através do Decreto-Lei n.° 192/2015, de 11 de setembro de 2015, os especialistas nesta temética so undnimes em afirmar que “é urgente implementar 0 novo sistema de contabilidade publica, o chamado SNC-AP” (Martins, 2015, p.18). O principal objetivo do SNC-AP ¢ terminar com a desintegragio das diferentes reas da contabilidade que existem na administragio publica e, ao mesmo tempo, fazer a aproximagdo do sistema de contabilidade publica ao sistema de contabilidade do setor privado, Previamente 4 aprovagio do SNC-AP, a contabilidade piiblica encontrava-se desfragmentada, inconsistente e desatualizada, isto porque, o desenvolvimento do SNC do setor privado e das normas intemacionais de contabilidade adotaram técnicas diferentes das normas ja revogadas do POC (Plano Oficial de Contabilidade) A este propésito da pertinéneia de um novo sistema de contabilidade para a administragio piblica, o Presidente do Tribunal de Contas afirmou que, “apesar de muito se ter avangado, 0 proceso contabilistico piblico carece de desenvolvimento. ¢ aperfeigoamento [...” e “é essencial que modelo adotado se torne uma realidade efetiva para todos os organismos piblicos [...]” (Martins, 2015, p. 18). I Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizago Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas Ao nivel das instituigdes publicas, a implementagao do SNC-AP revestiu-se (e reveste~ ) de grande importincia, uma vez que a Diregdo Geral do Orgamento (DGO), a Diego Geral das Autarquias Locais (DGAL) e 0 INE (Instituto Nacional de Estatistica) tinham que analisar diversos normativos contabilisticos, tais como, o POCP e os planos sectoriais (IPSS — Instituiges Particulares de Solidariedade Social, Educagdo, Autarquias Locais e Saide). Para que todas as alteragdes necessirias se coneretizem, ¢ necessitio 0 apoio politico do governo e das autarquias. Mas, tal apoio, isoladamente, nao é o suficiente, pois & necessério, também, competéncias e conhecimentos técnicos a altura do desafio que os organismos piblicos esto a enfrentar. A aprovagio ¢ a implementagio do SNC-AP tém vindo a assumir uma grande importincia, porque, cada vez mais: — Hi necessidade de harmonizar os sistemas contabilisticos da administragao publica com 0 objetivo de atingir uma maior fiabilidade e comparabilidade de dados; — Se pretende uma convergéncia entre os sistemas contabilisticos do Setor Piblico do Setor Privado; — Aeconomia global e a crise financeira criaram uma elevada necessidade de melhorar a avaliagiio dos desempenhos financeiros e econémicas dos diversos Governos de cada pais; — Ha necessidade de reportar a informago financeira e contabilistica a entidades externas, aumentando a responsabilidade na prestagio de contas; exigindo-se um maior rigor e transparéncia na gestdo financeira das entidades piblicas; — Epreciso disponibilizar informagao financeira com maior credibilidade; — Enecessério dotar os utilizadores do setor piblico de informagao financeira credivel para apoio tomada de decisio; E importante harmonizar e diminuir a fragmentagao e¢ evitar a inconsisténcias existentes nos Planos Setoriais, por existirem grandes diferengas entre os varios planos, dificultando a comparabilidade de informagio; — © acesso a fontes de financiamento piblicas, nacionais e intemacionais, depende, cada vez mais, de informagdo econémico e financeira fidvel e oportuna, A acrescentar ao acima descrito, espera-se que a melhoria da qualidade da informa 0 produzida com o modelo SNC-AP venha a proporcionar uma melhor e mais eficiente gesto 2 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); interna de custos e um proceso de prestagao de contas mais fidedigno, a nivel local, regional enacional (e.g. dados contabili icos para o INE), contribuindo assim para melhores praticas de accountability na administragao piblica portuguesa, Neste contexto, tornou-se relevante estudar a aplicago do SNC-AP, neste caso, na administragdo local, no ME. Os Objetivos © objetivo principal desta investigagdo consiste no estudo pritico de transigGo, implementagao ¢ aplicago do SNC-AP, disposto no Decreto-Lei n.° 192/2015, de 11 de setembro, ao caso concreto do ME, isto &, a colocagdo em pratica da contabilidade financeira, de gestdo e orgamental, nos servigos da autarquia elvense. Objetivamente, pretendeu-se com esta investigagio, a compreenso a percegdo do processo de implementagio do SNC-AP no MI ', a nivel contabilistico ¢ informatico, demonstrando 0 proceso percorrido ¢ ainda a percorrer pelos colaboradores, para que a transigdo do normativo antigo POCAL para o novo SNC-AP seja efetuado com sucesso, Os procedimentos, tarefas ¢ fungdes foram alvo de anilise e estudo para que 0 SNC- AP fosse implementado corretamente, Ao mesmo tempo, pretendeu-se, ainda, facilitar a compreensio do funcionamento desta nova realidade de contabilidade pilblica a todos aqueles que, no desempenhar das suas fungdes, necessitam de informagao itil e fidvel para a tomada de decisdes. 3. A Metodologia © estudo de caso, metodologia escolhida para este estudo, & vista como uma abordagem qualitativa, sendo muito utilizado na drea das ciéncias sociais. Optimos por realizar um estudo de caso, poi implementagio do SNC-AP na administragdo local, & data de inicio deste estudo, era uma realidade nova, sobre a qual néo existia, ainda, experiéncia de aplicagdo. Acresce que, a0 realizar um estudo de caso estariamos a estudar uma realidade 3 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); conereta de modo aprofundado, o que permitiu recolher, tratar e refletir sobre informag nio facilmente aleangaveis de outra forma (Stake, 2001). Nao podemos, todavia, deixar de realgar que estudos de caso ‘inico devem ser elaborados com precaugao, principalmente no que diz respeito as generalizagées que sio feitas a partir dos mesmos. Assim, tem de haver especial cuidado aquando da generalizagao deste caso para outros municipios, pois cada um tem a sua especificidade. A este propésito Yin (2001, p. 32-33) afirma que “... uma investigacdo empirica que investiga um fendmeno atual dentro de seu contexto da vida real, especialmente quando os limites entre 0 fenémeno e 0 contexto nao estiio claramente definidos; enfrenta uma situagio tecnicamente tinica em que haveré muito mais varidveis de interesse do que pontos de dados e, como resultado, baseia-se em varias fontes de evidéncia...” ¢ beneficia-se do desenvolvimento prévio de proposigdes teéricas para conduzir a coleta e andlise dos dados. Para alcangar os objetivos pretendidos, seguiremos os seguintes principios orientadores 1, Descrigdes de realidades complexas ¢ holisticas de modo sistematizado, integrado simplificado, procurando identificar © grande conjunto de procedimentos contabilis cos e informéticos; 2. Estes procedimentos serdo descritos basicamente por instrugdes € passos a seguir, de cordo com o software ¢ normas contabilisticas do SNC-AP; 3. O estilo de relato ¢ técnico, narrativo e explicativo, ‘Um estudo de caso é mais indicado para aumentar a compreensio desta area de estudo do que para delimité-lo. Quanto delimitago temporal, 0 Método do Estudo de Caso bastante amplo, pois permite que esta matéria seja estudada com base em. situagdes contemporineas e atuais, que ocorram no momento, ou em situagdes passadas que sejam importantes para a compreensio das questdes de pesquisa colocadas Podemos afirmar que um projeto de pesquisa que envolva o Método do Fstudo de Caso envolve trés fases distintas: + A-escolha do referencial tedrico sobre o qual se pretende trabalhar (Yin, 1993), que neste caso incide sobre a estrutura conceptual do SNC-AP, em particular os conceitos associados A contabilidade financeira, orgamental e de gestio; 4 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); + A selegdo dos casos e 0 desenvolvimento de protocolos para a coleta de dados. No presente caso, nio foram desenvolvidos protocolos, mas as recolhas dos dados foram efetuadas com base no anterior sistema contabilistico POCAL, instrugdes da UniLEO, da DGAL e do Manual de implementag3o do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Publicas 2* Versio; + A anilise dos dados obtidos a luz da teoria selecionada, interpretando os resultados (Yin, 2001). Este autor prope quatro métodos principais de andlise para os mesmos: 1. Adequagao ao padro, onde se comparam os padrées empiticos encontrados no tudo com os padrdes prognosticados; 2, Construgio da explanagdo, procurando, efetivamente, relagdes de causa e efeito entre os dados; 3, Anilise de séries temporais, onde a comparagdo de padrées se dé a partir de uma variavel ao longo de um espaco de tempo; este tipo de analise s6 se aplica se for necessério entender “como” e “porque” um evento se modificou ao longo do tempo; neste estudo, se justifica a utilizago desta andlise, porque o estudo & meramente descritivo e técnico; 4, Andlise dos dados a partir de modelos previamente formulados; isto € especialmente importante quando a anélise envolve um encadeamento complexo de eventos a0 longo do tempo. Esta anslise também nao se adequa a este projeto de mestrado. Este estudo enquadra-se no primeiro método de andlise de dados, isto é, a comparagao de padrées. Esta permite-nos a identificagio de determinados padres e a sua comparagio com os conceitos tedricos previstos. Assim, 0 resultado de todas as fases de implementagao e transigao do POCAL para o SNC-AP devero ser baseadas nas NCP, em conceitos tedricos de contabilidade, em instrugdes da DGAL e da UniLEO e em parametrizasées informéticas. Nao esquecer as competéncias adquiridas pelos intervenientes em formagdes adquiridas antes do processo de transigao. Ainda de acordo com Yin (1994), os estudos de caso sé generalistas em hipéteses tedricas. Por este motivo, os estudos de caso, assim como as experiéncias, no sio uma *, € 0 objetivo do investigador é melhorar e generalizar teorias ndo especificando nem ‘0s. Segundo Yin (1994), os moldes da pesquisa 5 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); através de estudos de caso apresentam-se em 4 tipos. Este modelo tem duas dimensdes: 0 njimero de casos tudados ¢ o nimero de unidades escolhidas para andlise. Assim, temos quatro tipos de moldes ou desenho: + desenho do Tipo I~ realiz: 1¢ um estudo de caso ¢ opta-se por uma fonte de anzlise; + desenho do Tipo Il -realiza-se um estudo de caso, mas adotam-se mais do que uma fonte de anilise; + desenho do Tipo Ill —realizam-se mais do que um estudo de caso mas adota-se uma fonte de andlise; + desenho do Tipo IV — realizam-se mais do que um estudo de caso e adotam-se mais do que uma fonte de anilise. Podemos afirmar que o presente estudo se enquadra no Tipo II, com 0 caso do ME, utilizando maltiplas fontes de investigagdo: reunides, observagdes ou andlise documental, ferramentas informaticas essenciais para o desenvolvimento desta transigdo e instrugdes emos relatar € emitidas pelas entidades competentes como a CNC e DGAL. Desta forma, i descrever situagdes concretas da implementago e transigio do POCAL para o SNC-AP, possibilitando o conhecimento, experiéncia e técnicas acerca deste tema. Neste estudo de caso, pretende-se que todas as operagdes realizadas nas diversas fases possam ser repetidas com sucesso noutro municipio, permitindo a melhoria ¢ desenvolvimento dos conceitos previstos no SNC-AP. Assim, por tudo o que atris foi exposto, elegemos o estudo do caso como o melhor método para permitir obter os melhores procedimentos de transigdo e implementagiio do SNC-AP, ajudando os servigos dos municipios a realizar este desafio com o menor nimero de erros possivel. No que diz respeito as técnicas de recolha de informagiio e dados, numa primeira fase, foi realizada uma pesquisa bibliografica, por livros publicados, teses, dissertagSes, dados estatisticos e sites relacionados com o tema “Contabilidade Publica”, Esta fase da pesquisa foi fundamental para identificar os conceitos téenicos e tedricos mais relevantes no dmbito do processo de implementago do SNC-AP, para enquadrar a nivel histérico, juridico, econémico e social todo o processo de evolugdo da Contabilidade Pablica que culminou com a aprovagéio do SNC-AP. 6 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); 4, Estrutura do projeto de mestrado © presente projeto de mestrado encontra-se estruturada em cinco capitulos, acrescentando a introdugio, Na introdugao descreve-se a justificagdo do tema, objetivos, metodologia e estrutura Apés a introdugdo, temos 0 capitulo I, onde se apresenta a revisio da literatura efetuada, comegando por caracterizar a contabilidade publica em Portugal, referindo, de seguida, o aparecimento da ge piiblica, Num terceiro ponto, dentro do capitulo I, apresenta-se 0 inicio das mudangas contabilisticas na administragdo pablica. Este primeiro capitulo culmina com uma resenha histérica sobre a influéncia externa no aparecimento do SNC-AP em Portugal, No capitulo TI carateriza-se 0 ME e 0 concelho onde este se insere, No capitulo TIT sera apresentada a proposta de plano de transigdo do POCAL para 0 SNC-AP, deserevendo pormenorizadamente os procedimentos necessérios para essa transigo No capitulo IV desenvolve-se a implementagio e aplicagdo do SNC-AP, no caso do ainda, abordado, no capitulo V, 0 cronograma de implementagdo, de forma a esquematizar a implementagio e transigdo a executar. Finalmente, na conclusdo, apresentam-se as consideragdes gerais sobre o trabalho desenvolvido e as principais conclusdes alcangadas, dando particular énfase aos ensinamentos que possam ser tteis para outros estudos. 7 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} CAPITULO I -REVISAO DE LITERATURA, 1.1 —Nota introdutéria da evolugio legislativa da Contabilidade Publica em Portugal De forma a enquadrar a tematica em estudo, comegamos por caraterizar a evolugio legislativa da contabilidade piblica em Portugal, desde a criagdo da Carta de Lei de 1761 até ao século XX, durante todo o periodo que precede a aprovagao do SNC-AP, em 2015. © primeiro grande acontecimento para a contabilidade piiblica em Portugal surgiu a 22 de dezembro de 1761 onde foi constituida a Carta de Lei, a qual criou o Tesouro Real ou Erdrio Régio. Ao mesmo tempo extinguiu-se a Casa dos Contos e os Contos do Reino, que desde 1296 estavam institucionalizados. O seu objetivo era agregar as contas da fazenda real fiscalizando a execugio das despesas e receitas do reinado, surgindo a técnica das partidas dobradas, tomando-se mais eficiente a arrecadacdo de receita, isto &, os impostos piblicos. Até esse momento, a contabilidade piblica era baseada em partidas simples, onde continham as contas oficiais registadas em livros de receita e despesa do reino (Gongalves, Lira & Marques, 2017), No terramoto de Lisboa de 1755, a Casa dos Contos foi destruida, assim como todos os registos arquivados. Nesse ano, a Junta do Comércio, era a entidade reguladora das atividades econémicas e patrocinou a primeira escola de ensino de contabilidade piblica. Era a denominada Aula do Comércio, em 1759. Foi Marqués de Pombal que fundou esta Aula, tendo na sua estratégia politica a preparagdo de profissionais para exercer fungdes especificas nesse servigo publico, 0 denominado Tesouro Real ou Erdrio Régio (Gongalves, Lira & Marques, 2013). Mais tarde, no ano 1832, surgiu o Tesouro Publico que substituiu o Erdrio Régio, levando a um retrocesso da forma como se efetuavam os registos contabilisticos, Voltava-se novamente as partidas simples (Lira, 2011), Segundo Gongalves, Lira & Marques (2017), 0 setor privado utilizava um modelo de escrituragdo (para este mais favordvel), utilizando um livro de didrio, um copiador de cartas de comércio ¢ balangos, tal como constavam no primeiro cédigo comercial portugués, surgido no ano 1833. Comegou aqui a aproximagio da contabilidade publica & contabilidade privada. O seguinte cédigo comercial portugués, surgiu no ano 1888, permitindo a orientago 8 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizasiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} da contabilidade pelos préprios comerciantes e empresérios. Fxistia a possibilidade de terceiras pessoas participar na atividade contabilistica dos préprios comerciantes € empresarios (Silva, Rodrigues & Guerreiro, 2016). ‘Nos anos seguintes, os contributos dados contabilidade piblica foram escassos, derivados da implantagdo da Repiblica em 1910. Os poucos contabilistas republicanos existentes pretendiam utilizar as partidas dobradas na contabilidade piblica, mas sem sucesso. Manteve-se a contabilidade unigréfica (Silva, Rodrigues & Guerreiro, 2016). Mais tarde, no periodo do Estado Novo, desde 1926 até 1974, surgiram algumas reformas na contabilidade publica, nomeadamente na area orgamental. Adotava-se 0 modelo de Orgamento Geral do Estado, agregando este mapas sintéticos de compreensio as finangas das Autarquias Locais e das Colénias. Foi definida assim a estrutura do orgamento geral do Estado, a classificado por receita e despesa com algum grau de autonomia financeira. O decreto n.° 18381, em 1930, veio elencar alguns procedimentos para uma reforma das contas piblicas. © ano econémico tinha inicio a 1 de julho terminando a 30 de junho do ano seguinte, devendo registar-se na conta anual do Estado todas as despesas ¢ todas as receitas executadas em cada ano, Mais tarde, em 1935, 0 ano econémico passou a coincidir com o ano civil. Apesar das reformas durante o Estado Novo, a contabilidade piblica, era ainda essencialmente orgamental, em base de caixa, unigrafica, onde se registavam os movimentos de tesouraria e as operagdes dos fluxos financeiros (Nogueira, $.P. & Carvalho, J.B., 2006). Na década dos anos 80, surgiram internacionalmente miiltiplas reformas, como 0 caso do Reino Unido, Nova Zelandia, Australia e os Estados Unidos da América, onde se tentava alcangar Estado mais “emagrecido” e uma Administragio Paiblica com mais rigor, eficaz ¢ eficiente. Surge entio, o New Public Management, em que 0 objetivo é a Administragio Pablica deixar de ser tio burocratica e encarada como entrave ao desenvolvimento econdmico (Carvalho, 2008). Foi com a entrada de Portugal para a CEE (Comunidade Econémica Europeia) que se evidenciou a necessidade de reformar o sistema contabi ico piblico existente. Assim, na década de 90 do século pasado, deu-se inicio ao processo de reforma da Administragio Pablie: Pablica (LBCP)]; da Lei n.° 6/91, de 20 de fevereiro (Lei de Enquadramento Orgamental); da Lei n° 155/92 de 28 de julho (Regime da Administrago Financeira do Estado); ¢ do Decreto-Lei n.” 232/97 de 3 de setembro. com a publicagao da Lei n.° 8/90, de 20 de fevereiro [Lei de Bases da Contabilidade 9 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); A LBCP apresentava-se como 0 novo regime financeiro dos servigos da administragao central, estabelecendo as regras de execugdo orgamental e de controlo, mostrando a forma de contabilizagdo das receitas ¢ despesas piblicas. Apresentava, para aos servigos com autonomia administrativa, a implementago de um sistema de contabilidade unigrifico, numa ética de contabilidade de caixa, que poderia levar a uma mais adequada ¢ correta administragio dos recursos financeiros. Consubstanciou-se, também, como 0 aparecimento de uma contabilidade de compromissos, que veio permitir uma gestio de tesouraria antecipada e mais rigorosa, bem como uma andlise mais detalhada das necessidades de financiamento dos diferentes servigos. Quanto 4 LEO (Lei de Enquadramento Orgamental), & nesta lei que se encontra definida a estrutura do orgamento e os seus principios, assim como os métodos para a gestio orgamental. Estes eram o pilar basilar para uma adequada gestdo e racionalizagio dos dinheiros piblicos, atribuindo aos dirigentes e chefias a responsabilidade da execugdo orgamental, contribuindo ao mesmo tempo, para a criagdéo de uma nova Conta Geral do Estado (Nogueira & Carvalho, 2006; Rodrigues, 2015), ‘A publicagio da RAFE (Regime da Administragio Financeira do Estado) veio complementar a estrutura legislativa da LBCP. Assim, naquela legislagdo é estipulado, mais detalhadamente, as premissas necessarias para a introdugdo da contabilidade de compromissos para que seja cfetuada uma gestdo mais eficiente dos recursos financeitos (Nogueira & Carvalho, 2006). Adotou-se também, um novo sistema de pagamentos de despesas piiblicas através da Diregdo Geral do Orgamento. E importante referir que, previamente 4 aprovagio da legislagao referida, no que diz respeito 4 administragao local, em 1987, foi aprovada a nova lei das finangas locais (Lei 1/87, de 6 de janeiro), que reforgava a autonomia financeira das autarquias locais, dando- Ihes os poderes de elaborar, alterar e aprovar os planos de atividades e orgamentos; deter receitas préprias e efetuar as respetivas despesas determinadas na lei e que foram destinadas 4s autarquias locais. Foi nesta Lei que se dispés determinar a uniformizagio, normalizagéo simplificagao nas autarquias locais, de modo a permitir uma anilise fidvel da execug’o. orgamental patrimonial (Pascoal & Ribeiro, 2002). No entanto, a contabilidade principal da administragio local continuou a ser o regime de caixa. Nao se alcangou, pois, um plano de contas que permitisse uma andlise patrimonial. 10 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); Com as muitas lacunas existentes, e de forma a fazer face as deficiéneias da informagao. existente, verificou-se que se tornara necessério implementar um normativo contabilistico de referéncia para todas as entidades da Administragdo Piblica. Foi entdo publicado o Plano Oficial de Contabilidade Publica através do Decreto-Lei n.° 232/97, de 03 de setembro). © POCP permitiu o acompanhamento da execucdo orgamental com base de caixa e de compromissos, de forma a obter a informagdo contabilistica precisa, necessiria aos dados agregados da contabilidade nacional, permitindo ainda 0 acesso informagio relativa a situagdo patrimonial de cada entidade. Com este normativo, comesou a utilizar-se o método digrafico nas trés éticas: orgamental, patrimonial e analitica © eédigo de contas do POCP, abarcava a classe 0 para o controlo orgamental, a class 1a 8 para a contabilidade patrimonial e a classe 9 para a contabilidade analitica. Uns meses apés a entrada em vigor do Decreto-Lei n.” 232/97, existiu a necessidade de coordenar a implementagéo do POCP, tendo sido criada a Comissio de Normalizagdo Contabilistica da Administragdo Publica, conforme disposto no Decreto-Lei n.° 68/98, de 20 de margo. Mais tarde, surgitiam os planos setoriais, como por exemplo o POCAL Com a problemética da desagregagao ¢ inconsisténcia contabilistica existente, mesmo com 0 POCP, assim como o convergir das normas nacionais com as normas intemacionais de contabilidade piblica, e procurar informar e demonstrar a verdadeira situagio das entidades piblicas, ajudando na tomada de decisées (Carvalho, J., Gomes, P., Fernandes, M., 2015), foi aprovado em 2015 © SNC-AP. Os membros do Comité de Normaliza io Contabilistica Pablico, permitiram que fosse possivel num curto espago de tempo (dois anos) desenvolver um modelo contabilistico totalmente novo para a administragao piblica, levando a uma das mais importantes reformas estruturais no setor piblico em Portugal. De acordo com o Decreto-Lei n.°192/2015, de 11 de setembro e conforme consta no seu predmbulo “A aprovagao do SNC -AP permite implementar a base de acréscimo na contabilidade e relato financeiro das administragdes ptiblicas, articulando -a com a atual base de caixa modificada, estabelecer os fundamentos para uma orcamentacao do Estado em base de acréscimo, fomentar a harmonizacao contabilistica, institucionalizar 0 Estado como uma entidade que relata, mediante a preparagdo de demonstragées orcamentais € financeiras, numa base individual e consolidada, aumentar 0 alinhamento entre a contabilidade ptiblica e as contas nacionais e contribuir para a satisfagdo das necessidades i Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); dos utilizadores da informacao do sistema de contabilidade e relato orcamental e financeiro das administracées piiblicas”. 1.2—A génese da Nova Abordagem de Gestio Piblica A fungdo do Estado, a sua organizagdo e funcionamento, tém sido alvo de debate nas iiltimas décadas (Carvalho, 2009), sendo uma drea muito realgada no seio do debate politico académico De acordo com Araéjo (2007) existem dois grandes modelos de funcionamento dos Estado, como a seguir se descreve: 1. Estado Liberal: Modelo muito comum no séc. XX, o Estado Liberal caracteriza-se por uma intervendo quase neutra do Estado na vida econémica e social da sociedade. Corresponde a um modelo de Administrago Publica que se limita a executar as decisdes do Governo, tendo em conta s regras de gestao. 2. Estado de bem-estar social: Este modelo, predominante no pés Il Guerra Mundial, caracteriza-se, principalmente, pelo facto de haver intervengao do Estado na vida econdmica e social da sociedade, Nota-se um aumento das fungdes do Estado e uma maior profissionalizagao, bem como o aumento de poder dos funcionérios. Este segundo modelo de Estado era visto como o grande instrumento para resolver os problemas socioeconémicos existentes, bem como para assegurar o bem-estar da sociedade. Neste modelo, o Estado tem um peso muito grande na sociedade. A grande dependéncia da sociedade em relagdo ao Estado teve um dos seus principais marcos na crise do petréleo da década de 1970, que terminou numa recessdo econémica a nivel mundial. ‘A dependéncia da sociedade para com o Estado, também a tomou mais critica em relagdo a sua atuagao ¢ funcionamento. Entio, questionou-se a forma como a Administragdo. Piblica estava a ser gerida, argumentando-se que foi construfda com principios errados, sendo necessiria uma reestruturagdo das instituigdes sob a sua algada. A este propésito, Araiijo (2004) defende que as criticas ao funcionamento da Administragdo Pablica derivam do facto de a mesma ter uma estrutura pesada, inefi 12 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); ineficaz; com despesas elevadas e burocracia elevada; com pouco sentido de responsabilizago e com regras excessivas. Foi, neste context que, no inicio dos anos 90 do sec. XX, a Contabilidade Publica alcangou uma grande mportancia, principalmente pela necessidade de os Governos demonstrarem, com transparéncia, resultados financeiros aos seus érgdos legislativos ¢ populagdo, nas democracias modernas de economia de mercado (Chan, 2003). 1.3- O Inicio das Mudangas Contabilisticas na Administrago Publica De acordo com Hood (1991), a partir dos finais da década de 1970, surgiu no setor publico a denominada Nova Gestdo Publica (NGP). O modelo de gestdo, que até esse periodo tinha vindo a ser utilizada, foi reestruturado nas Ultimas décadas, derivando num novo modelo de gestéo. A este propésito, Hood (1991, 1995), defendeu que a NGP, como habitualmente surgia nas designagdes para procedimentos administrativos, era um termo vago, e que se caraterizava por um conjunto de alteragées administrativas muito parecidas, que prevaleceram na reforma burocratica de paises membros da Organizago para a Cooperagao ¢ Desenvolvimento Econémico (OCDE), desde a década de 70 do século passado. Todavia, Polidano (2001), argumentou que virios paises preferiram para esta Nova Gestio Publica, nao adotar todas as medidas. Verifica-se, assim, que existiam distintas abordagens por parte dos varios paises, no que diz respeito a implementagio dos ideais da NGP, A NGP tem como objetivo a resolugio dos problemas da Administtago Péblica, partindo do principio que os procedimentos utilizados na gestio privada eram melhores do que as do Setor Pablico. Portanto, procurava- se persuadir a administragdo piblica a aplicar as técnicas da gestio privada. Pretendia-se, no s6 melhorar a eficiéneia e reduzir gastos, como também, redistribuir melhor os recursos disponiveis, maximizando o bem-estar social Este novo modelo de gestio para a administragao piiblica deriva de diversas teorias, baseadas em ideias liberais, neoliberais, reformas administrativas e téenicas utilizadas na gestio privada, representando as bases da reforma em varios paises da OCDE, a partir dos finais dos anos 70 (Araiijo, 2004), 13, Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); A reforma da Administragdo Péblica foi um processo global que se desenvolveu nos Governos que estavam perante répidas mudangas socioeconémicas ¢ tecnolégicas. Estas reformas tinham como objetivo construir uma estrutura de forma a incentivar ¢ promover valores como a eficiéneia, eficécia, economia © uma maior transparéncia na informagio (Araiijo, 2004), A falta de dados ¢ de relatos financeiros fidveis poderia levar a uma posigao menos adequada, ou menos eredivel, da verdadeira posigdo financeira e do desempenho financeiro de uma qualquer administragao piblica. Nestas circunstincias, a tomada de decisio, na administragio publica, poderia estar posta em causa, estando em risco a qualidade dos servigos prestados. Esta necessidade de obter informagées reais, verdadeiras © mais completas sobre a gestio do Governo ¢ o aumento da insatisfagao dos stackholders da informagdo financeira da administragao piiblica levaram a alteragdes na Contabilidade Piblica em diversos paises, bem como a adogdo de técnicas baseadas na gestdo privada Assim, 0 aparecimento da NGP foi um fator muito importante para estimular as novas reformas da Contabilidade Publica (Hood, 1995). Mais tarde, a grave crise da divida piblica, que se alastrou por varios paises da Zona Euro, em 2009, fez com que estes, repensassem a forma de apresentar os seus relatos financeiros. Foram muitas as economias atingidas, as quais tiveram que reequilibrar as suas finangas pablicas através de novas politicas, medidas restritivas e reformas, como foram os casos das economias da Grécia, Irlanda ¢ Portugal. Neste contexto, o Fundo Monetirio Internacional (FMI) foi um importante mecanismo na melhoria das contas piblicas de alguns paises pertencentes a Unido Europeia (UE), tendo como objetivo promover a estabilidade orgamental ¢ reduzir o défice publico (Monteiro, 2016). Foi entdo, com a crise financeira na Europa, ¢ como consequéneia desta que houve a intervengdo da TROIKA em alguns paises como Portugal; essa intervengdo revelou a urgéncia de reformular e convergir os sistemas Contabilisticos da Administragao Pablica, aumentando o rigor na prestagdo de contas e na gestio financeira desta, exigindo, informagdes mais completas e fidveis. 14 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); 1.4- A Influéncia Externa no Aparecimento do SNC-AP em Portugal Com a adesio de Portugal 4 UE em 1986, tomou-se primordial a adaptagdo da legislagdo interna aos normativos comunitérios, através da sua transposig¢ao. A UE, pelo poder vinculativo dos seus normativos nos Estados-Membros, ¢ o International Accounting Standars Board (IASB), cuja qualidade é reconhecida a nivel internacional, foram os grandes influenciadores do desenvolvimento de novas normas contabilisticas nacionais. Esta influéncia nao se restringiu s ao caso portugués , em termos gerais, a harmonizagio dos sistemas contabilisticos na UE, de cada Estado-Membro, tem sido um objetivo primordial, continuo ¢ permanente, Primeiramente, a UE comegou por publicar diretivas comunitérias, tendo como objetivo desenvolver a harmonizagdo contabilistica entre os seus Estados-Membros, inicialmente no setor privado. No entanto, as necessidades de informagio financeira harmonizada a nivel internacional, aumentaram no inicio da década de 1990, tendo-se irea, uma insuficiéncia verificado a alavancagem final para se reconhecer que existia, nes informativa na informagio contabilistica até entZo produzida, Em 1995, optou-se pela aproximagdo as International Accounting Standards/ International Financial Reporting ‘Standards (IAS/TFRS). Aquele, foi o inicio do grande percurso a percorrer, no sentido da harmonizagao intemacional, 0 qual culminou, em 2005, com a adogio das IAS/IERS pelas empresas cotadas. Foi aprovado pelo Parlamento Europeu e pelo Conselho Regulamento n° 1606/2002/CE, onde se estabelece a adogdo € a utilizagdo pelas entidades cotadas em bolsa na UE das IAS/IFRS e suas interpretagdes SIC/IFRICna consolidagdo de contas. Segundo Rodrigues ¢ Guerreiro (2006), 0 processo de integragdo da UE ao LASB esti intimamente ligado com a evolugao desta entidade na harmonizagdo contabilistica mundial. © IASB distinguiu-se pela sua presenga ativa no desenvolvimento de normas intemnacionais de contabilidade. Foram muitas as organizagées internacionais que reconheceram os seus contributos como o principal emissor de normas de contabilidade, abdicando de outras quaisquer normas ou diretrizes. A im, com a publicagdo das normas do IFAC (Internacional Federation of Accountants)para a administragdo piblica, baseadas nas normas do IASB, deram-se os primeiros avangos para a harmonizagdo no setor publico a nivel internacional, 15 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} © POC foi revogado em 2009, entrando em sua substituigao, em vigor, em Portugal, 0 Contabilistica (SNC), tendo por base as IAS/IFRS do [ASB.O Sistema de Normaliz: POCP, baseado no POC, derivado da revogagio deste, deixou de ter base concetual e de referencia Esta situago, complicou, ainda mais, a consolidagdo de contas entre entidades do setor empresatial do Estado (onde passou a aplicar-se o SNC) ¢ da administragao publica central, regional ou local (onde se aplicava 0 POCP ou POC setoriais). Apés 2009, a CNC-AP, criada através do Decreto-Lei n.°68/98, de 20 de margo reconheceu a necessidade de implementagdo de um sistema de normalizagdo contabilistica piblico (SNCP), baseado no SNC, tal como 0 POCP, que assentou no POC. A CNC-AP acabou por ser extinta, conforme disposto no n.” 3, alinea f) do artigo 27." do Decreto-Lei n° 117/201, de 15 de dezembro, sendo as suas atribuigdes integradas na Comissio de Normalizagio Contabilistica (CNC), de acordo com 0 estabelecido na alinea g) do artigo 2.° do mesmo decreto, Surgiu, assim, o SNC-AP, que integra trés vertentes da contabilidade orgamental, financeira € de gestio, permitindo conhecer, com maior certeza, os dados financeiros das diversas entidades piiblicas, bem como os custos de bens € servigos produzidos/prestados. Tendo como base as recomendagdes das entidades intemacionais, passaram a utilizar-se, na apresentagdo de contas das entidades do setor publico, os principios da Internacional Public Sector Accounting Standards (IPSAS). © objetivo principal da implementado do SNC-AP & 0 aumento da transparéneia na prestagdo de contas ¢ na responsabilizagdo dos intervenientes. A certificagZo externa das contas, no ambito do processo de prestagdo de contas, surge, também, como uma das consequéncias esperadas. Segundo Santos & Saraiva (2016), a principal mi do do SNC-AP & a melhoria do rigor de dados contabilisticos ¢ de relato financeiro, levando a eficd io de recursos ia da gi produtivos de bens e servigos piblicos, estabilizando a economia e melhorando 0 bem-estar social, a partir de uma melhor redistribuigdo da riqueza. Foi assim, 0 caminho para a harmonizagao do sistema de contabilidade em Portugal, tendo por base as recomendagées internacionais, através dos principios das IPSAS. 16 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); 1.4.1- As Principais linhas orientadoras do SNC-AP © SNC-AP & composto por varias linhas orientadoras, tendo as normas de contabilidade publica (NCP) um papel fundamental na sua definigao, Assim as prineipais linhas orientadoras do SNC-AP poderao dividir-se em 5 (Nunes, Rodrigues, & Viana, 2016): 1. Uma contabilidade financeira elaborada com base de acréscimo; 2. Um conjunto de 27 NCP (Gomes et al., 2015) préprias, incluindo uma norma especifica relativa 4 Contabilidade e Relato Orgamental; 3. Um plano de contas com um elevado grau de detalhe (PCM); 4, Um conjunto de modelos préprios e adequados para emitir demonstragdes financeiras e orgamentais; 5. A existéncia de uma estrutura conceptual em que tem prineipios basicos subjacentes 4 elaboragdo das normas de contabilidade piiblica (NCP). A Estrutura Concetual define como se prepara e apresenta as demonstragdes financeiras por parte das entidades abrangidas pelo Decreto-Lei n.°192/2015, de 11 de conilitos entre as setembro. Os conceitos esttio definidos nas NCP. Todavia, poderio exis NCP ¢ a estrutura concetual, prevalecendo as definigdes das NCP. Sao nestas normas que surgem definigdes que diferem o setor piblico do setor privado: as transag: S sem contraprestagdo, 0 orgamento, a execugdo orgamental, a natureza dos ativos e passivos nas Administragdes Publicas, o relato financeiro. A estrutura concetual reconhece quatro pilares fundamentais para a resolugdo de casos, na prética contabilistica, nas Administragdes Piilicas, 0 reconhecimento, a mensuragio, @ apresentago ¢ divulgagdio, A estrutura concetual, quanto ao reconhecimento apresenta critérios e a sua relagdo com as divulgagdes eas bases de mensuragdo. No ponto 16 do Anexo I do Decreto-Lei n.° 192/2015, estabelece as finalidades da estrutura concetual a) “Ajudar os responsdveis pelas demonstragdes financeiras na aplicagao das Normas de Contabilidade Publica na base de acréscimo (NCP) e no tratamento de matérias que ainda venham a constituir assunto de uma dessas normas; b) Ajudar a formar opinidio sobre a adequagao das demonstracdes financeiras as NCP; ©) Ajudar os utilizadores na interpretagdo da informagdo contida nas demonstragdes financeiras preparadas; 7 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizasiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} 4d) Proporcionar as entidades normalizadoras da contabilidade os conceitos necessarios 4 formulagao das NCP”. Importa referir que a estrutura concetual resolve os assuntos de ordem contabilistica financeira, nao incluindo elementos base da informagdo orgamental e de gestio (Pontos 19 € 20 do Anexo I do Decreto-Lei n.° 192/2015). No SNC-AP existem elementos que 0 POCAL nio define, como & 0 caso dos ativos contingentes, passivos contingentes e acordos de concessio de servigos. No capitulo 3.2.4 do presente projeto, é abordado o tema relacionado com os critérios de reconhecimento mensuragao dos ativos fixos tangiveis, dos ativos intangiveis, no processo de preparagdo de transigo do SNC-AP. Segundo (Rua, 2016) reconhecer ou incorporar um bem como ativo, este deverd obedecer a dois requisitos: cumpra 0 conceito de ativo e cumpra os critérios de reconhecimento destes © Plano de Contas Multidimensional (PCM) ¢ um pilar fundamental da contabilidade piiblica © do SNC-AP, dado que, permite garantir a classificagdo, registo, relato de acontecimentos ¢ transagdes de forma sistematizada, con: fente ¢ com elevado grau de normalizagao, tal como referido no Ponto 1 do Anexo Ill do Dec. Lei n° 192/2015. Como jé descrito acima, o SNC-AP & composto por 27 normas que podemos dividir em trés classes ou grupos: contabilidade financeira (NCP 1-25), contabilidade orgamental (NCP 26) e contabilidade de gestio (NCP 27). A contabilidade financeira permite que se contabilize os movimentos que determinam a situagdo financeira, conforme consta no artigo 4.° do Decreto-Lei 192/2015 de 11 de setembro que se transcreve: “... registar as transagdes e ‘outros eventos que afetam a posicdo financeira, 0 desempenho financeiro e os fluxos de caixa de uma determinada entidade.” A segunda érea & a contabilidade orgamental que regista a contabilizagdo dos processos orgamentais, desde a preparago do orgamento & sua execugio, também, estabelecido no artigo 4.° do Decreto-Lei 192/2015 de 11 de setembro. Por iiltimo, a contabilidade de gestio vai permitir uma andlise da relagdo custo/beneficio de servigos que as Autarquias Locais dispdem, num determinado 0 ano, para o municipe. Conforme consta no o artigo 4° do Decteto-Lei 192/2015 de 11 de setembro: “A contabilidade de gestéo permite avaliar 0 resultado das atividades e projetos que contribuem para a realizacdo das politicas piiblicas... 18 Ricardo José Macareno Ventura Implementacio do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); ‘Com estas 5 premissas basilares 0 SNC-AP deve apresentar, alguns objetivos que nos conduzem 20 cumprimento de objetivos de gestio, controlo, andlise e informagio. A finalidade e objetivos das linhas orientadoras do SNC-AP so: 1. Evidenciar a execugio e desempenho orgamental; 2. Permitir uma informagao real e verdadeira da posigao financeira, do desempenho: finaneeito ¢ fluxos de caixa; 3. Proporcionar informagao para a célculo dos gastos das atividades piblicas; 4. Proporcionar informagao para a elaboracdo de reportes, demonstragdes e documentos, que a entidades de tutela, controlo e supervisio; 5. Emitir informagdo para a preparagdo das contas conforme o Sistema Europeu de Contas Nacionais e Regionais; 6. Permitir 0 controlo financeiro; 7. Garantir a legalidade ¢ economia dos gastos piblicos; 8. Enmitir relatos para efeitos de tomada de decisdes de gestdo (Artigo 6.° do Decreto- Lei 192/2015). De forma a concluirmos este subcapitulo, verificamos que uma das mais importantes alteragdes do POCAL para o SNC-AP, é 0 aparecimento da estrutura concetual, que tem como objetivo auxiliar a aplicag’o das NCP, ajudando a analisar as demonstragdes financeiras. Constitui-se como ponto fuleral de partida para as NCP, fazendo a conexdo com as DF e estabelecendo critérios de mensuragdo, reconhecimento, divulgagio e apresenta No final, pretende-se o relato financeiro, para satisfazer as necessidades de informagdo dos utilizadores. No ponto 121 do Anexo I do Decreto-Lei n.°192/2015 permite a uma entidade publica uma andlise e avaliagdo para: 8) “O custo dos servigos fornecidos nos perfodos corrente ¢ anterior; b) A capacidade operacional —capacidade de a entidade fomecer os servigos nos periodos futuros através da utilizagdo de recursos fisicos ¢ outros recursos; c) A capacidade financeira—a capacidade da entidade de financiar as suas atividades” Sao os munfcipes, contribuintes e cidadios os principais utilizadores deste tipo de informagio, sendo as entidades publicas através dos seus érgdos executivos ¢ deliberativos, os que t8m como responsabilidade representi-los ¢ zelar pela satisfago das suas necessidades com a maior economia de recursos possivel 19 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} CAPITULO II - CARATERIZACAO DO MUNICIPIO DE ELVAS 2.1—O Concelho de Elvas © concelho de Elvas insere-se numa area com 631,00 km2, com cerca de 23 mil habitantes. Pertence a 1 dos 15 municipios do distrito de Portalegre e tem 7 freguesias. Este concelho localiza-se no sul do distrito de Portalegre, tendo os distritos de Evora e Espanha como areas confinantes. A existéncia de dois excelentes lagos, a barragens do Caia e 0 Alqueva sio caraterizantes da sua geografia. O concelho & atravessado pela autoestrada A6, ligando Lisboa e Madrid, sendo esta o principal ponto de comunicagao rodovidrio. Acresce que, as vias rodoviarias que ligam aos concelhos vizinhos (Campo Maior, Arronches, Monforte, Portalegre, Estremoz, Borba, Vila Vigosa e Alandroal) apresentam boas condigdes de seguranga e circulagdo. Elvas apresenta um conjunto de equipamentos culturais, salientando-se 0 Coliseu Comendador Rondio Almeida e museus de Arte Contemporanea, Arte Sacra, Militar ¢ Fotografia. A monumentalidade de Elvas é impressionante, nomeadamente 0 Aqueduto da Amoreira, 0 forte da Graga e de Santa Luzia, trés fortins, muralhas seiscentistas, 0 castelo, as igrejas como os expoentes maximos de atragdo turistica. E de realgar que a Cidade-Quartel Fronteirica de Elvas ¢ suas Fortificagées foram classificadas como Patriménio Mundial pela UNESCO em 30 de junho de 2012. Segundo uma publicagdo do Jornal Expresso, em janeiro de 2007, com o tema “As melhores cidades portuguesas para viver em 2007”, relativamente & qualidade de vida destas, Elvas classificou-se como a 12.* melhor cidade de Portugal ¢ a 2* melhor do Alentejo. 2.2—Estrutura Organizacional da autarquia de Elvas, A organizagdo, a estrutura ¢ o funcionamento da autarquia e dos servigos deverd orientar-se por principios, sendo eles, da unidade e eficdcia, da melhoria dos servigos aos cidadios, da desburocratizagao, da racionalizagdo de meios e da eficiéncia na afetagdo de 20 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); recursos piiblicos, da melhoria quantitativa e qualitativa do servigo prestado e da garantia de participagdo dos cidadiios, bem como dos demais prineipios constitucionais. A agdo dos servigos do ME é referenciada a um planeamento global e setorial, definido pelos drgios executivos ¢ deliberativos, de forma a promover uma melhoria das condigdes de vida dos municipes e do desenvolvimento econdmico, social e cultural do concelho. Nos termos ¢ para os efeitos previstos no artigo 10., n.°6 do Decreto-Lei n.° 305/2009, de 23 de outubro, publicou-se a nova estrutura intema dos servigos do ME, aprovada pela Assembleia Municipal de Elvas, na sua sessio de 15 de novembro de 2019 e pela Camara Municipal de Elvas, na sua sessdo de 23 de outubro de 2019. Abaixo, na Figura 1, apresenta-se 0 organograma atual, sendo, todavia, de realgar que, este sofre alteragdes anualmente: Figura 1- Organograma da autarquia de Elvas Beanie Fonte: Disrio da Repiblica n° 4, 2+ Serie, Despacho n.° 199/2020 de 7 de janeiro 21 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC AP); 0 caso do Municipio de Elvas 2.2.1— A Divisio Financeira do Municipio de Elvas A Divisio Financeira do (ME), onde se operacionalizou 0 desenvolvimento do presente projeto de mestrado, reporta diretamente ao diretor de Departamento Financeiro de Desenvolvimento. a) b) ‘em as seguintes atribuigdes definidas pelo despacho n.° 199/2020: Gerir os recursos financeiros ¢ patrimoniais do Municipio em consondncia com as metas e objetivos fixados, designadamente nos programas anuais e plurianuais de atividade; Gerir as candidaturas, contratos-programa, protocolos e outros, que impliquem movimentos financeiros, Gerir a carteira de seguros do Municipio; Promover a rentabilizagdo dos recursos financeiros do Municipio e a captagao de financiamentos € patrocinios; Dinamizar os sistemas ¢ os processos de cobranca de receitas ¢ a liquidagao de créditos do Municipio; Organizar e manter os sistemas de contas do Municipio e um adequado sistema de informacao para a gestéo econdmica ¢ financeira do Municipio; Elaborar a reviséo anual da tabela de taxas ¢ tarifas; Elaborar o Plano de atividades e orcamento anuais; Elaborar o relatorio de atividades anual. 2.2.2 - Estrutura Interna da Divisio Financeira do Municipio de Elvas A Divisdo Financeira do M tas, niveis de sego, As subunidades so: Patriménio (SOFP), Contabilidade (SOFC), 3 & composta por 4 subunidades organicas flexiveis, tendo Compras (SOFcom) e Tesouraria (SOFT). A SOFP tem como principal atribuigio organizar e manter atualizado o inventario de ativos tangiveis ¢ intangiveis do Municipio. Area fundamental, na transi¢do da aplicagdo do POCAL para o SNC-AP. 22 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizago Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas A SOFC tem como atribuigdes proceder & classificagdo de documentos € ao seu registo, mantendo em dia o sistema contabilistico do Municipio, assim como processat autorizages de pagamento, gerir e controlar conta correntes, designadamente de fornecedores e da tesouraria, controlar os fundos de maneio, gerir as candidaturas, contratos- programa, protocolos ¢ outros, que impliquem movimentos financeiros. Compete, ainda, a esta subunidade orginica produzir estatisticas de apoio a gestio econdmica ¢ financeira, elaborar a conta de geréncia, preparar, rever ou alterar o orgamento da Camara Municipal, entre outras A SOFCom tem como atribuigées organizar e gerir o sistema de compras do Municipio, promovendo consultas a0 mercado, verificando o cumprimento das condigdes de fornecimento, organizar o procedimento de aquisigo de bens e servigos ¢ dar apoio ao departamento de obras e servigos urbanos, caso seja necessirio, nos procedimentos de empreitada. Compete, ainda, a esta subunidade organica gerir os consumiveis de escritério, de reprografia e de higiene e limpeza, bem como promover os necessdrios procedimentos a assinatura dos contratos que se mostrem necessérios 4 contratagio de bens, servigos & empreitadas. Por iltimo, a SOFT tem como atribuigdes arrecadar todas as receitas da autarquia, proceder a pagamentos, nos termos regulamentares e legais, controlar as contas de depésitos banedrios e elaborar relagdes de cobranga ¢ balancetes dirios de tesouraria. 2.2.3 — Os Intervenientes na Area Contabilistica no Municipio de Elvas Os colaboradores em fungdes na Area contabilistica so cinco, dividindo-se em trés assistentes técnicos e dois técnicos superiores, reportando-se a chefia de divisio financeira ¢ diretor de departamento. Existe, ainda, um técnico superior na area do Patriménio, Ha a percegdo de que os recursos humanos existentes possam ser insuficientes, derivado do elevado niimero de processos. Nao devendo ser, assim, de descartar, a incluso de mais um técnico, com conhecimentos em SNC-AP, ao qual sera disponibilizada a formagio necesséria, ao nivel do software, para que a passagem do POCAL para o SNC-AP seja efetuada com o menor niimero de erros possivel 23 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} CAPITULO III - A TRANSICAO DO POCAL PARA O SNC-AP NO MUNICIPIO DEELVAS 3.1 -Introdugio © inicio do periodo de preparagdo para a transigo para o SNC-AP surgiu com a publicagdo do Decreto-Lei n° 192/2015, de 11 de setembro, ¢ de toda a legislagio acerca da matéria em estudo, isto é, o inicio da preparagdo surgiu com a aprovagdo do SNC-AP. O ME deu inicio A preparaso da transigdo do POCAL, implementado desde 0 ano 2002, para o SNC-AP em novembro do ano 2019, comegando por administrar formagio aos todos os intervenientes do processo. No SNC-AP, encontramos um conjunto de trabalhos que as autarquias e outras entidades piblicas devem efetuar, tanto ao nivel dos seus sistemas contabilisticos, como ao nivel dos procedimentos administrativos, de forma a ajustar o seu funcionamento as normas introduzidas pelo SNC-AP. Esta é a fase que terminou no iiltimo dia do ano econémico de 2019 em que o municipio utilizou o POCAL, com tarefas de preparagiio executadas nos diferentes softwares do ERP! da AIRC (Associagao Informatica da Regio Centro), utilizado pelo ME, A fase da transigio iniciou-se no inicio do més de novembro do ano 2019, com a disponibilizagao final das novas aplicagdes do software ERP AIRC, que permitem a aplicago do SNC-AP. O ME tem disponiveis os sistemas informaticos nas seguintes reas pata apliear 0 SNC-AP: SNC (Sistema de Normalizago Contabilistico), SNP (Sistema de Normalizagio de Patriménio) e SNT (Sistema de Tesouraria para SNC-AP). este propésito, Monteiro (2016) verificou que o proceso de transigao para o SNC-AP deve ser acompanhado de um planeamento adequado e que passa por: a) um diagnéstico da posigdo contabilistica, nomeadamente a nivel do relato financeiro; b) definigfo de um plano de forma a implementar as diversas fases da transi implementagao. Seguiu-se a fase de aplicagdo e implementago, com inicio a 1 de janeiro do ano de entrada em funcionamento do novo normativo (inicialmente, tinha sido previsto para 2018, Enterprise Resource Planning 24 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); tendo sido alvo de sucessivos adiamentos, até 2020), Esta fase & marcada pela entrada em vigor do orgamento em SNC-AP, sendo este momento o arranque definitive do novo normativo contabilistico, Neste estudo, tentaremos descrever as tarefas didrias realizadas ¢ a realizar, bem como os detalhes mais relevantes da transi¢do. Deserevemos, a seguir, na Tabela 1, uma check list das fases de transigdo do POCAL para 0 SNC-AP: io do POCAL para 0 SNC-AP - Fases, Tarefas e Software Fases Tarefas Subunidades Orginicas | Aplicagies informéticas Legislagio e documentagao de | Dirigentes, Contabilista NIA suporte Pablico, Contabilidade, Informitica, Servigos Formagio Dirigentes, Contabilista, NA Publica, Contabilidade, Servigos Construgao do Plano SOFC 2 téenicos superiores | Sistema de Multidimensional Contabilidade Autérquica Anilise e Registo de Informago | SOFC—2 téenicos superiores | Sistema de dos Contratos Contabilidade Autérquica Reclassificagio ¢ valorizagio dos | SOFC—2 téenicos superiores | Sistema e Ativos SOFP—1 Técnico superior | Inventirio e Empresa externa Cadastro, Sistema de Contabilidade Autdrquica Transigio | Instalagdo do software SOFInformitica "Todas as aplicagdes ERP AIRC Rotina de inicializagio do SNC-AP | SOFC AIRC 2 téenicos superiores | SNC Definigio de Entidades no SNC | SOFC—2 técnicos superiores | SNC Encerramento da Tesouraria Tesoureiro SGT Entrada em vigor do Orgamento | SOFC— 2 téenicos superiores | SNC 25 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizago Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas Fases Tarefas Subunidades Orginicas | Aplicagées informéticas Abertura da Tesouraria Tesourciro SNT Transigdo da Receita SOFC 2 técnicos superiores | TAX, SGF, SOFAtendimento SNT, INC, SEF, GA, SGR Transigio da Divida e Seldos SOFC—2 técnicos superiores | SNC Iniciais Configuragio das Folhas de SOFC 1 téenico superior | SNC, SGP. Vencimento SOFRH ~ | técnico superior Encerramento dos Armazéns SOFCOM ~ 1 técnico superior] GES, OAD Transigdo do Patriménio SOFP 1 técnico superior | SNP, SIC SOFC 1 téenico superior Balango de Abertura SOFC 2 téenicos superiores | SNC Encerramento do POCAL, SOFC-2 técnicos superiores | SCA (Sistema de} Contabilidade Autérquico) [Aplicagio | Inicio de todas as tarefas ‘Todas as segdes ERP AIRC contabilisticas em SNC-AP Fonte: Elaboracio Propria 3.2.—A Preparagiio Para a Transigao 3.2.1 — Legislagaio e Documentagio Antes de mais, é necessirio compreender e interpretar todo um conjunto de legislago e documentagdo para que o trabalho de implementago do SNC-AP seja efetuado corretamente. Na Tabela 2 apresentamos cronologicamente a legislago ¢ documentagio relevante para a presente matéria: 26 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC AP); 0 caso do Municipio de Elvas ‘Tabela 2 — Legislagdo por area e documentagie SNC-AP. Area/Matéria Data Legislagio 11/09/2015 | Decreto-Lei 192/2015, de Aprova o Sistema de Normalizagdo Contabilistico para as Administragdes| Pablicas (SNC-AP); 14/07/2016 | Portaria 189/2016, de 14 de | Notas de Enquadramento ao PCM (Plano de Contas Multidimensional); julho. 09/08/2016 | Portaria 218/2016, de 9 de | Regime Simplificado do SNC-AP; agosto 211272016 | DL 85/2016 de 21 de Estabelece o Adiamento da entrada em vigor do SNC-AP; dezembro 05/04/2017] Portaria 128/2017, de 0S de | Estabelece a estratégia de disseminagao e implementagao do SNC-AP; abril 26/07/2017 | Manual de Implementagao V. | Aplica es Normas de Implementagio do SNC-AP com base na CNC. 20 (Comissio de Normalizagio Contabilistica); 17/10/2017 | Despacho9101/2017, de 17 de | Plano Global de Formagio para o SNC-AP; outubro 28/12/2017, cular SNI Novo adiamento entrada em vigor SNC-AP; 31/12/2018 | Orgamento de Estado 2019 | Ar.*98.°-“Em 2019, as entidades integradas no subsetor da administragio local aplicam o refereneial contabilistico que Ihes era aplicével em 2018" Novo adiamento na pritica para entrada em vigor SNC-AP 2710612022 | Orgamento de Estado 2022 | Art*105:- "NI Em 2022, todas as entidades integradas no subsetor da administragio local aplicam o SNC-AP. 1N.°2 — Nos anos de 2022 e 2023, nfo & obrigatria para as entidades da administragio local a elaboragio das demonstragdes financeiras previsionais previstas no paragrafo 17 da Norma de Contabilidade Pablica 1 (NCP 1) do SNC -AP” Fonte: laboragio prépria E importante salientar que, para além daquele conjunto de documentagio e legislagio necessérias, existem, também, obrigagdes de informagdo referentes a contas mensais a dar cumprimento. E a Diregdo Geral das Autarquias Locais (DGAL) que tal informagao & enviada, tendo aquela diregdo geral desenvolvido um novo sistema informatio, o Sistema de Informasio do Subsetor da Administragio Local (SISAL). Nesta plataforma todas as Entidades do setor da Administragdo Local passaram a submeter a informagdo sobre os reportes contabilisticos obrigatérios. As autarquias abrangidas pelo SNC-AP necessitaram obter credenciais de acesso a0 sistema de prestagao contas S3CP, da Unidade de Missio para a Implementagdo da Lei de Enquadramento Orgamental (UniL.eo). Esta unidade é 0 organismo do Estado que monitoriza 27 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizasiia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} © acompanha a implementagio do SNC-AP na Administragdo Pablica, Aqui passou a ser centralizada toda a informagdo prestada pelas autarquias ¢ outras entidades. Como referido acima, foi publicado, em 17/10/2017, 0 Despacho N° 9101/2017, para a Formagaio SNC-AP em regime de E-Learning. No caso do ME, essa formacio iniciou-se em outubro de 2017, tendo sido terminada a 15 de junho de 2018 (0 plano de formagao consta no Anexo 1), Como se constata da andlise ao contetido do Ancxo 1, 0 plano de formagiio foi do SNC-AP. Este plano de extenso, mas muito importante para uma correta aplics formagdo bascou-se na explicago de todas as Normas de Contabilidade Publica, sendo dada especial relevancia 4 NCP 26 — Contabilidade e Relato Orgamental e 4 NCP 27 — Contabilidade de Gestio. Efetuaram-se casos priticos para cada uma das NCP. 3.2.2 - O Plano de Contas Multidimensional — Transigao Informatica ‘Uma das primeit s tarefas que careceu de especial atengio, na fase de preparagdo, foi a adaptago do Plano de Contas Multidimensional? (PCM) que 0 Municipio de Elvas precisou construir com base no SNC-AP, adaptados as necessidades proprias da sua realidade, Aqui, estabel s correspondéncias com o antigo normative (POCAL). Este use processo foi assumido como sendo da maior relevancia, para o sucesso do processo em causa, dado tratar-se da parametrizagio do plano de contas, que acompanhou os registos contabilisticos. Importou, na execugdo desta tarefa ter alguns procedimentos fundamentais, tais como: * Desagregagdo das contas de clientes, fornecedores, outros devedores e credores; © Desagregacio das contas de operagées de tesouraria sem movimentos nos iiltimos anos, de forma a validar ¢ eliminar, antes do processo de conversao; * Verificagdo das contas bancérias de acordo com o tipo de banco e de depésitos; * Desagregagdo das contas 07 — Operagées de Tesouraria por natureza; * ligagdo de contas de gastos e rendimentos, com os diferentes eédigos de IVA. Este procedimento ocorreu antes da atualizago das classificagdes dos artigos de receita. ‘As contas de rendimentos foram ajustadas automaticamente. Argo 2° do Decreto-Lei* 1922015, de 11 de setembro, 28 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); Na conversio de planos de contas entre anos estardo refletidos, quer o iiltimo ano em POCAL, quer © primeiro em SNC-AP. A aplicagio SCA (Sistema de Contabilidade Autarquico) efetuard, automaticamente, as correspondéncias. Note-se, contudo, que existem contas do PCM que nao apresentam correspondéncia ¢ nao estio automaticamente convertidas. Por este motivo, no processo de estruturagéo do plano de contas do SNC-AP, 0 médulo do SCA criou uma correspondéncia entre os planos para as contas, que sejam geradas a partir da opso: “replicar contas a partir de relacéo personalizivel” Refira-se que a caracteristica da multidimensionalidade do plano de contas (PCM) pretende permitir que a partir do mesmo cédigo de con seja possivel, em simultaneo, informagao em “base de acréscimo” e em “base de caixa modificada” (anexo III do Decreto- Lei n° 192/2015), isto porque as contas que o compie so as utilizadas na contabilidade orgamental, financeira, nas contas nacionais e para efeitos do cadastro de bens e direitos (Cruz, 2015). Este procedimento seré explanado seguidamente, no referente ao plano de contas. A aplicagdo, pela primeira vez, do SNC-AP implicou efetuar a reconciliagio dos resultados relatados (conforme disposto no POCAL), relativo ao iiltimo periodo, que no caso do ME (¢ de qualquer outro municfpio) estamos a referir-nos ao relato das contas do iiltimo ano em POCAL. Esta informagdo s6 serd possivel de obter, se o plano contas das classes 6 (Gastos) ¢ 7 (Rendimentos) tiver correspondéncia entre os dois planos, o que aconteceu no médulo da conversio de planos entre anos, na area financeira, Para todas as restantes contas, o processo de funcionamento é idéntico ao que existia em POCAL. Assim, 0 utilizador, na aplicag3o de contabilidade SNC, acede e seleciona a selecionar a linha da conta correspondente ¢ escolhe a opgao “detathes”. Por fim, devera conta do plano SNC-AP para terminar a tarefa. Caso seja necessério, deve associar mais de ‘uma conta, basta, para tal, aceder 4 opciio - “Novo”. As componentes de despesa e de receita ‘tém uma conversio direta, uma vez que a estrutura das classificagSes econémicas é a mesma, © mesmo acontece para as grandes opgdes do plano. Com a entrada em vigor do orgamento em SNC-AP, a 1 de janeiro de 2020, foi necessdrio a elaboragdo do balango de abertura de acordo com 0 novo normative (SNC-AP), de forma a apresentar informagdo comparativa relativa ao iiltimo ano em POCAL, quer ao nivel do balango, quer ao nivel da demonstrago dos resultados, assim como em relagdo as 29 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); divulgagdes proprias ao processo de transigdo. Tal s6 foi possivel acontecer depois de as correspondéneias entre os planos estarem terminad: No que diz respeito aplicagdo SGF (Sistema de Gestio de Faturagio), houve necessidade de atualizar as classificagdes econémicas e patrimoniais para os artigos de receita. Note-se que é uma area muito importante que deve merecer toda a consideragio & atengio, porque & nesta aplicagio que se parametriza as classificagées patrimoniais ¢ ‘onémicas que ficam registadas no SNC-AP Se estas classificagSes nao forem corretamente atualizadas, a partir daquela data (1 de janeiro de 2020), existirdo erros contabilisticos de relevante importancia, essencialmente do lado da receita. Por exemplo o registo de um recebimento de um subsidio ao investimento através de fundos comunitétios, eram contabilizados em POCAL numa conta 2745 — Subsidios para Investimentos, sendo em SNC-AP contabilizados numa conta 593 — Transferéncias e Subsidios de Capital Por iiltimo, e de extrema importincia para a reclassificagdo dos cédigos de remunerago em SNC-AP, o processamento de vencimentos, 0 qual tem como base as atribuigdes de classificagdes orgamentais © patrimoniais existentes nos cédigos de remunera Com o SNC-AP, as referidas atribuigdes tm, obrigatoriamente, de softer alteragdes para as contas que constituem o PCM. Consequentemente, no primeiro acesso ao médulo da classificagio dos cédigos de remuneragio = Mov. Didria> Despesa> Ligacto a Vencimentos, a aplis Bo. processa 0 que existe nas correspondéncias, atribuindo classificagSes orgamentais ¢ financeiras que tenham correspondéncia ‘mica, ou seja, que tenha a atribuigdo de uma sé conta em SNC-AP. Para todos os restantes casos, 0 utilizador edita 0 cédigo de remuneragdo (folhas de vencimento) ¢ efetua a sua agregagto manualmente. As correspondéncias, apresentadas no menu Tabelas> Correspondéncias> Classificacées> Despesa e Receita, estio dispostas no quadro de correspondéncia entre as rubricas orgamentais as contas do PCM, que consta do Decreto-Lei n° 192/2015, de 11 de setembro Os documentos previsionais e a sua preparagdo ocorrem na aplicagio do SCA, utilizando 0 PCM do SNC-AP. © PCM configura-se a partir desta aplicagao no menu “Ferramentas> Preparacito Plano SNC-AP”. 30 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagia Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SN 0 caso do Municipio de Elvas AP} O plano de contas foi construido tendo por base o Decreto-Lei n° 192/2015, de 11 de setembro eo manual de implementagdo publicado pela CNC (Comissao de Normaliz Contabilistica), Simultaneamente, com a publicagdo da segunda versio do manual de implementagao, homologada em 18 de agosto de 2017, 0 PCM e as tabelas de correspondéncias entre as contas fiearam a constar no Portal da UniLEO Foram disponibilizadas no software do sistema contabilistico do ME funcionalidades para a estruturagdo do plano de contas, que permitiram a criagao de contas de uma forma pratica e célere. Nomeadamente, a opcio: Copiar do POCAL. Com esta opgao foi possivel criar contas no plano de contas do SNC-AP a partir das antigas contas do plano POCAL. Por exemplo, a conta 225 (no plano SNC- AP) correspondia a anterior conta 228 do POCAL (ver figura 2). Figura 2 — Replicagio “automatica” de contas do POCAL para o PCM do SNC-AP Replicar contas do plano POCAL para Plano Multidimensional de SNC-AP )contes Poca contas SNC-AP Fonte: Software Sistema de Contabilidade Autirquica/AIRC Sempre que se verificou existir uma indefinicao nas contas a corresponder entre ambos os planos, existe a opgdo: “replicar contas” (ver figura 3). Por exemplo a conta 221 — Fomecedores Conta Corrente em POCAL, desagregada por todos os fornecedores do municipio poderé efetuar-se uma replica para a conta 2211 — Forecedores Conta Corrente 31 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); em SNC-AP, permitindo transitar centenas de contas numa s6 passagem. Nestas situagdes, 0s utilizadores deverio escolher a conta (composta ou elementar) POCAL, que pretende replicar no SNC-AP, escolhendo também a conta de destino. No caso de ser escolhida uma conta composta, replicara a mesma estrutura na conta de destino (ver figura 3). Figura 3- Replicagio “manual” de contas do POCAL para 0 PCM do SNC-AP locum octave Fonte: Software Sistema de Contabilidade Autirquica/AIRC Neste ponto, para uma melhor compreensio, importa explanar a forma como se de transigo que o sistema informatico desagregam as contas do PCM, € quais as ops permite. Sem estes passos iniciais, ndo seria possivel uma construgio correta do PCM em SNC-AP. Transcrevemos, no anexo II, a sintese do PCM que consta do manual de implementago (2" versio) do SNC-AP, atualizado em 18 de agosto de 2017, da CNC (ver Anexo 2). Na sequéncia do que foi referido atrés, & importante fazer uma abordagem resumida as classes de contas no SNC-AP, o que se apresenta de seguida: 32 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); Classe 0 — Contas de Controlo Orgamental e de Ordem No SNC-AP, a classe 0 (controlo orgamental) do plano de contas da contabilidade orgamental, sendo a illtima versio de 21 de janeiro de 2020, mas ainda em POCAL, tem como base os documentos previsionais, previamente, carregados e aprovados. Desta forma, a0 nivel das contas de controlo orgamental, a intervengao de utilizadores nao existiré, a ndo ser indiretamente pela estruturago do orgamento. As contas 092/093 (receita virtual) deixam de ter expresso na classe 0, em virtude de a receita virtual ter sido descontinuada no contexto do SNC-AP. Este classificador no foi revogado pelo Decreto-Lei n’ 192/2015. Contabilidade Financeira — Notas 4 Transi¢ao O plano financeiro* detém as contas das classes 1 a 8, O plano de base nao & passivel de alteragdo ou climinagdo, sendo por isso estitico. Mas, ha excegdes, relacionadas com a ctiagio de subcontas nas contas existentes No sistema contabilistico do ME, 0 utilizador deve recorrer as opgdes acima identificadas (Copiar do POCAL e Replicar contas) para restruturagao do plano, 0 que permite uma maximizagao de tempo e recursos. As contas de terceiros sofrem uma subdivisio de base, devolvendo informagao para 0 balango, com a distingdo entre Ativos ¢ Passivos (correntes e no correntes, curto longo prazo). As contas de movimento deverdo ser criadas como subcontas (ou contas de grau superior) em relaco aquelas, caso seja necessério. Classe 1 - Meios Financeiros A classe 1 contém a origem dos fluxos de caixa, considerando-se, como tal, ativos correntes, mas que perante 0 modelo de balango, nao sio de divulgar separadamente, Santos, etal, (2017) referem a este propésito que a desagregagdo destes ativos pode ser feita em trés itens distintos, sendo elas: a) Caixa e depésitos; b) Ativos Financeiros detidos para negociagio; * pontari n* 18972016, DR. P ie 134 (14.07.2016) 2166 -2207 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); ¢) Outros Ativos Financeiros. Acresce que, pelo disposto na Portaria 189/2016, de 14 de julho, a qual aprovou as Notas de Enquadramento ao Plano de Contas Multidimensional — Sistema de Normalizagao Contabilistica para as Administragdes Publicas, a conta 118 — Fundo Fixo deve apresentar a expressiio do departamento, divisdo ou servigo correspondentes. Assim, 0 utilizador deve, primeiramente, subdividir a conta 118 - Fundo Fixo, por aquelas dreas e s6 depois definir 0 detentor do fundo fixo ao plano de contas. Para a criagdo das contas das classes 12 — Depésitos a Ordem, 13 — Outros Depésitos, e 14 — Outros Instrumentos Financeiros de Curto Prazo, & necessirio aceder-se a opgao Contas Bancdrias (ver figura 4). Figura 4- Médulo de contas bancérias do Sistema Informético SNC-AP Gao anna ae ne Sere nce: na er ga-ga 4 ‘rc: maton eae Jobe: ncn ante aes: ance Cte gaa aha Fonte: Software Sistema de Contabilidade Autdrquica/AIRC No médulo de contas bancérias foi necessdrio selecionar uma das seguintes opgdes: @ ordem, a prazo, consignadas e garantias e caucdes, para cada conta bancitria, Desta forma, a aplicagdo cria automaticamente, as contas no plano. 34 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); A diferenga entre depésitos 4 ordem e a prazo, verifica-se através das contas, 122 — Depésitos Bancérios ¢ 131 — Outros Depésitos respetivamente. Ha, ainda, a possibilidade de se definirem contas de depdsitos consignados (operagdes de tesouraria ou receita proveniente de fundos comunitarios). Para a criagdo das contas referentes ao Fundo de Maneio, o utilizador deve aceder 4 opsio “Copiar do POCAL” ¢ escolher a linha referente & conta 118 — Fundo Fixo. A designagao é diferente em SNC-AP deixando de ser “Fundo de Maneio” ¢ passando a“Fundo Fixo”. Por fim, para a constituigio de contas de garantias ¢ caugdes, aplica-se 0 mesmo procedimento, isto é, a possibilidade de subdivisio em depésitos bancérios © depésitos do tesouro, através das contas, 1332 € 1331 Outros Depésitos Bancérios a Prazo e Outros Depésitos Bancarios no Tesouro respetivamente. A demonstrago dos fluxos de caixa tem origem no histérico de movimentos dos fluxos de caixa de atividades operacionais, de investimento e de financiamento, sendo que a mesma é elaborada de acordo com o prescrito na Norma de Contabilidade Publica (NCP) n° 1 —Estrutura e Contetido das Demonstragdes Financeiras. Classe 2 - Contas a Receber e a Pagar ‘As contas a receber no SNC-AP so desagregadas em: montantes a receber de contribuintes ¢ utentes, referentes a impostos e outros rendimentos de transagdes sem contraprestagdo, montantes a receber de partes relacionadas ¢ outros montantes. As contas a pagar no SNC-AP sdo desagregadas em: reembolsos de impostos a pagar, transferéncias a pagar e os montantes a pagar a fornecedores, assim como, outros credores. A conta 221 — Fornecedores C/C, encontr e desagregada pelas contas 2211 - Fomnecedores C/C ¢ 2212 - Fornecedores de Factoring, de acordo com o plano de contas conta 2711 — Acréscimos ¢ Diferimentos Juros a publicado pela DGAL. Relativamente Receber, ocorre o mesmo, estando cada subconta ja esta desagregada da seguinte forma: a) Fornecedores de investimento - Contas Gerais (subdividida em curto prazo e médio/longo prazo); b) Fornecedores de investimento de factoring (subdividida em curto prazo e médio/longo prazo). 35 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); Quanto as contas do POCAL 228 — Fornecedores-Faturas em recego e conferénc (que equivale 225 no SNC-AP), 2684 — Credores de Transferéncias das Autarquias Locais(que equivale a 202 no SNC-AP), 442 — Imobilizagdes em curso Imobilizagdes Corpéreas (que equivale a 453 no SNC-AP) e finalmente 445 — Imobilizagdes em curso Bens de Dominio Publico (que equivale 4 4501 no SNC-AP), aplica-se o principio da eépia direta, isto é, 0 software replicaré nas novas contas a estrutura existente em POCAL. Para os restantes casos, isto é, para as subcontas da conta 268 — Devedores e Credores Diversos, dado a sua natureza credora e devedora, sio impossiveis de antecipar a correspondéncia. Aqui, 0 utilizador recorre 4 op¢do: replicar contas a partir de relacio personalizavel. Tmporta, ainda, referir que o sistema permite a criagdo de contas de forma individualizada, Desta forma, é natural que o proceso seja mais moroso e por isso s6 deverd ser utilizado para um conjunto residual de contas, caso a opgio Copiar nio resolva estas situagdes. Classe 3 — Inventarios e Ativos Biolégicos Os inventarios desempenham um papel fundamental nas entidades municipais. Si0 importantes pois esto diretamente ligados a duas areas operacionais quer de empresas, quer de municipios: compras e saidas de armazém por vendas. Neste Ambito Almeida (2014), a propésito dos problemas de auditoria a inventdrios, refere que os inventirios sio uma drea importante sujeita a uma grande instabilidade, derivado do risco associados. Os inventérios, na medida em que as suas diminuigdes implicam gastos para a empresa ou entidade, siio determinantes para o apuramento dos resultados, Estas rubricas, da classe 3 — Inventirios Ativos Biolégicos, sio uma componente importante do Balango, sendo por isso, necessdrio um rigor no seu controle. As suas especiti idades, no que respeita as entidades piblicas, esto patentes na NCP 10 - Inventirios do SNC-AP, de onde se realca o seguinte: - Uma especificidade a ter em atengdo € 0 custo dos inventirios que devem ineluir: “os custos de compra, os custos de transformacéo e outros custos suportados para colocar os inventarios no seu local e condigdo atuais” (§16, NCP 10). 36 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagao Contabilistica para as Administracaes Pilblicas (SNC-AP): ‘0 caso do Municipio de Elvas - Os sistemas de custeio previsto na NCP 10 so a “Identificagdo especifica (§30, NCP 10) € 0 Custo Médio Ponderado (§33 ¢ 34 NCP 10)”. Voltando ao cere da questi, ou seja, 4 transigdo para as contas da classe 3 do SNC- AP, importa referir que no novo normativo se aplica o mesmo principio do POCAL. A tabela 3 que se segue, permite obter um automatismo na reconciliagdo de movimentos no armazém: ‘Tabela 3 — Reconeiliagio de Contas (movimentos de armazém) Matérias-primas, Matériay- 381 Matériae-primas | 3121 iidrias ede 3431 Matérias primas ot a Matérias Matérias Matérias a2 saat sie) Matin 3832 | Matérassubsiaivins ©6122, Mating 333, | Embalagens 3123. | Embalagens 3833 Embalagens 6123, Embalagens esas ¢ outros esas e outros resasc outros aa | muterinis de) | 3124 | materia de ose Fomcoutrosmaterits| 1a patra de ‘manutengio rmanutengio ! smanutengio Consumos Consumes Consumes Consumos 341 | Méquinase Vanras| 31241| Méguinase Viawras| 34341 | Méguinare Viawrar| 612s) | Maqunare 3412 Pheus 312412|—Pneus 383412 Pneus 612512 Paes 43413 | Combustiveis. 312413, Combustiveis 583413 Combustveis 612513 Combustveis 43414 | Manutencdo | 312414) Manutencdo 383414 Manutengao 612514 Manutencio Consumo par Consumes para Consumas para outros Consumas | 3302 ‘outrosfins | 31242) outros{fins 38382 fins oras2 | 37 Ricardo José Macareno Ventura Implementacdo do Sistema de Normalizagao Contabilistica para as Administracaes Pilblicas (SNC-AP): 0 caso do Municipio de Elvas Atimentasto Atimetaso Alimentasio Atimestasto sas | tneron para | 3125 | géneron para 3 séneros para 6126 | baer para confeclonar confeionar confelonar confecionar T | T Matias em 336 tense T | T outros materia} outron mate otros mater ures 338 versonde 3129 | averse de 238 iverson de 629 ros ge t T Feonomato Feonomat Feonomate Eeonomato 281 | opsuma terme | 312°" | consimoimero | 3838 | Consimormteo | 01281 | Consuma Outros Materiais Outros Materiais Outros Materiais Outros 3382 31292 (38382 61292 Materiais Divers Dieses Dieraos ee Classe 4 — Investimentos Frade (2003) afirmou que umas das maiores problemiticas iniciais de implementagao em POCP foi a determinagdo do titular do imobilizado de cada entidade e quais os critérios que deveriam ser usados, nomeadamente nos Bens de Dominio Pitblico. Continua ainda em SNC-AP, ser uma das preocupagées. Como ja anteriormente foi afirmado, no subcapitulo 1.4.1, segundo (Rua, 2016) em SNC-AP devera reconhecer-se ou incorporar-se um bem como ativo, obedecendo a dois requisitos: cumprindo 0 conceito de ative e cumprindo os critérios de reconhecimento destes ativos. Quanto A questo do controlo dos ativos no §93 da estrutura conceptual do SNC-AP (2015) vem referido que 0 controlo de um ative por parte de uma entidade publica implica: 4) “A capacidade para utilizar 0 potencial de servigo ou os beneficios econémicos provenientes do recurso em causa; 4) A capacidade da entidade publica em determinar a natureza ¢ forma de utilizagao que outras entidades fazem dos beneficios originados pelo recurso”. 38 Ricardo José Macareno Ventura Implementacao do Sistema de Normalizagio Contabilistica para as Administragdes Piiblicas (SNC 0 caso do Municipio de Elvas AP); sta classe, as contas do PCM tém uma correspondéneia predefinida, como ocorre, por exemplo, para as contas 4501 — Bens de Dominio Publico ¢ 453 — Outras Construgdes Infraestruturas. Para todas as outras, o utilizador deverd escolher a opgao: replicar contas a partir de relago personalizavel. Classes 6 e 7 — Gastos e Rendimentos Para as contas das classes 6 e 7, a software house que criou o sofiware utilizado para este fim, preparou algumas alteragdes, para fazer face as necessidades relacionadas com a existéncia da contabilidade analitica (POCAL). Estas alteragSes passaram pela incluso de um médulo préprio para ligagdo da contabilidade analitica & contabilidade patrimonial, criando detalhes nas contas 6 ¢ 7 para permitir afetagdo a bens, servigos e centros de responsabilidade. Acresce que, no que se refere ao IVA: a associagio dos eédigos de IVA ¢ efetuada nos det es. Acrest hes de cada conta destas cl contudo, que, para as contas da classe 7, devem ser escolhidos eédigos de regularizagio de IVA, pois, no SNC-AP deixaram de existir as contas de anulagdes e reembolsos, sendo necessirio a agregacdo de base dos cédigos. Recorrendo ao sistema informatico de faturagaio (SGF), que trabalha em rede com o sistema de contabilidade, pode verificar-se que a associagdo acima efetuada sera espelhada no SGP, para que na secgdo de contabilidade a reconciliagio de documentos de receita seja efetuada de forma automitica, tal como acontecia no POCAL. Contas de Operagdes de Tesouraria Para as contas de Operagdes de Tesouraria, existem informagdes acrescidas, que 0 utilizador devera definir na construgio destas operagdes (ver figura 5): 39 Ricardo José Macareno Ventura

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