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Revista Critica de Ciéncias Sociais n° 18/19/20 Fevereiro de 1986 M, L, RODRIGUES DE AREIA* A INVESTIGACAO E 0 ENSINO DA ANTROPOLOGIA EM PORTUGAL APOS 0 25 DE ABRIL INTRODUCAO A ocasifio de abordar 0 tema em epfgrafe nasceu de uma inictativa da Revista Critica de Ciéneias Sociais de organizar um coléquio sobre os dez anos de transformagio social em Portugal (1974/84) No campo particular da Antropologia, as transformagdes foram importantes, talvez. até bem mais do que se pode observar no imediato, j& que a reformulaco do ensino, o Iangar de novos cursos e a orientagfo para novos campos de investigagao sio aceées cujo resultado s6 & assinalivel a prazo. Neste sentido, as linhas que se seguem devem ser entendidas mais como obser- vagées de ocasifo, criticas, como 0 préprio titulo da revista 0 sugere, e sobretudo com carfcter provisério 34 que nao esta de modo algum inventariado tudo o que em Portugal se faz neste momento de bom ou de menos bom no campo da investi- gacho e do ensino da Antropologia (*). Embora esteja por fazer a histéria da Antropologia em Portugal, sabemos que ela atingiu um desenvolvimento notével no primeiro quartel deste século, de que tera sido talvez indicador principal o Congresso de An- ‘tropologia de 1930, realizado em Coimbra (XV Congresso Inter- nacional de Antropologia e Arqueologia Pré-Historica) Tendo sido predominantemente uma antropologia fisica, sempre a componente cultural estava presente, nomeadamente na recolha dos objectos etnogréficos. As cixcunstincias politicas Coimhea, Professor do Instituto de Antropologia da Universidade de ‘oimbra, C) Este € aliés o tema do Coléquio «A Investigagio e 9 Ensino a Antropologia em Portugals, Colmbra, 28, 20.¢ 30 de Marco de 1985, organizado pelo Instituto’ de Antropologia da Universidade de Coimbra, 140 M.-L. Rodrigues de Areia e uma certa indefinigdo de estatuto terdo sido a causa de um menos notério desenvolvimento da Antropologia nos ultimos 50 anos. Por agora, e porque esse foi de facto o objectivo do coléquio referido, analisaremos apenas alguns aspectos da evo- Iugdo da Antropologia na tiltima década. Para isso olharemos em particular 0 que foi o passado recente, a sua reformulacio apés 0 25 de Abril, a produgao cientifica mais significativa e, naturalmente, os desafios que se pdem hoje aos antropélogos em Portugal. 1, O PASSADO RECENTE A Antropologia em Portugal entrou, apés 0 25 de Abril, numa fase de ampla re-defini¢ao no campo da investigacéo € na sistematizacao do ensino. Apés uma era (colonial) que mo- nopolizou em boa parte os estudiosos para trabalhos quase exclusivamente monograficos sobre os diferentes grupos étnicos das ex-colénias, a Antropologia Portuguesa volta-se de novo para temas predominantemente portugueses. A. época mais recente da Antropologia Portuguesa que Jorge Dias tinha designado por periodo antropol6gico-cultural e social incluia ja essa orientagdo, s6 que faltava o elemento humano para a manter e alargar simultaneamente a investi- gacho ao Ultramar ('), O objectivo de Jorge Dias era, efecti- vamente, fazer surgir uma nova equipa de profissionais que, partindo da experiéneia do grupo, se mostrasse capaz de repen- sar a articulacao da investigacao antropolégica com 0 ensino e de aliar & pesquisa museogréfica a dimensio estruturante que Ihe tem faltado, Por outro lado, havia também que dar vida a colecgdes valiosas ligadas aos antigos musous de Histéria Natu- ral onde se enquadrava nos séculos XVIII e XIX o ensino do Homem e da sua diversidade fisica ¢ cultural. Testemunho dessa orientagio, entre outros, so as preciosas coleccées recolhidas pelo naturalista da Universidade de Coimbra Alexandre Rodri- gues Ferreira em terras da Amazénia entre 1783 e 1792, de que uma boa parte se encontra no Museu e Laboratério Antro- polégico da Universidade de Coimbra e nas caves da Academia de Ciéneias de Lisboa (*) ©) Jorge Dias, 1952, p. 2, Note-se que Jorge Dias lutou arduamente pela renovagio da sua equipa sem ter obtido éxito. () Proximamente 0 Musou e Laboratorio “Antropologico da Universidade de Coimbra editara um catalogo da referida caleceho elaborado pela Prof Thekla Hartmann, do Museu Pavlista da Unl- versidade de Sto Paulo, A Antropologia em Portugal 141 Esta orientagdo correspondia em Portugal a escola cultu- ralista do apés-guerra em que a Antropologia pretendia dar um contributo a educagio pré-paz e procurava uma maior integra go com ciéncias afins acentuando a sua componente geral e comparativa, com predominio do método antropolégico-cultural e em detriment do método filolégico-etnogratico (*) ‘A opgio ultramarina aparece em Jorge Dias relativamente tarde (1957) e com iniciativas apoiadas pelo poder central como fa ¢Missio de Estudos das Minorias Etnicas do Ultramar Portu- gués» (1957) no quadro da Junta de Investigagdes do Ultramar, © Centro de Estudos de Antropologia Cultural (1962) e o Museu de Etnologia do Ultramar (1962), no ambito da mesma Junta; estes organismos vao incrementar as investigagées e a recolha de objectos vindos das colénias. Mas os dividendos destes in- vestimentos em termos de «politica ultramarina» nao foram 0 que o poder esperava. Jorge Dias teimava em perspectivar um museu universal tendo por base 0 povo portugues (as primeiras fichas utilizadas tém por titulo: «Museu do Homem Portugués»), © que confundia os responsaveis do poder, nomeadamente no Ministério do Ultramar. A enorme luta para obter instalagdes para 0 Museu de Etnologia do Ultramar (que ficou durante muito tempo em instalagdes precérias na rua Jau onde alguns © designavam como o «museu as prateleirass) e as recusas sis- temiticas as propostas para renovagio da equipa, esclarecem suficientemente esta problematica Sobre a situagio vigente 0 25 de Abril teve como efeito imediato, por um lado, a indefinigo e aparente colapso da Junta de Investigacdes e, por outro, uma imediata revalorizacao @ acentuada procura, sobretudo por parte de coleccionadores estrangeiros, do patriménio africano existente em Portugal. As colecgoes africanas em Portugal eram poucas, em geral mal cuidadas, mas algumas de grande valor. De facto nalguns casos ‘0 melhor estava If (entenda-se nas ex-colénias) ou para 14 tinha sido encaminhado. Recorde-se 0 caso exemplar da Diamang (Companhia de Diamantes de Angola), em que a recolha etno- gréfica na area da Lunda, que vinha desde os anos 30 com José Redinha, é completada com aquisigdes de pecas raras dos Cokwe (Quiocos) que sdo compradas nos mereados de Lisboa, Londres ou Bruxelas e enviadas para o Museu do Dundo (Angola) por dentro (0 signatério destas linhas estagiou no Museu de Etnologia do Ultramar em 1971), podemos dizer que a Antro- pologia em Portugal, & data do 25 de Abril, e tomando 0 grupo () Jorge Dias, 1952, p. 29, 142M. L. Rodrigues de Areia de Jorge Dias como paradigma, se orientava, a nivel de ensino € investigacéo, por um projecto de implicita oposigéo tedrica 80 poder politico e relativa conciliagdo pratica. Houve prejuizos e ambiguidades daf decorrentes mas, mesmo assim, e relativa- mente ao grupo referido, a obra foi notavel tanto em qualidade como em quantidade. Apés 0 25 de Abril, ¢ néo havendo lugar para qualquer tipo de conciliagéo de posigdes ou projectos ambiguos, surgem esquemas diversos de ensino até ao nivel de licenciatura sendo porém evidente nos curricula apresentados tanto o imediatis- mo e personalismo dos novos docentes como até a ingenuidade (por vezes mesmo 0 espirito de cruzada) de cestranhos» que vém ocupar um espago que pensam vazio. A histéria do fun- cionamento do antigo LS.C.S.P.U. (Instituto Superior de Cién- cias Sociais e Politica Ultramarina) até ao seu encerramento pelo ministro Cardia ilustra bem esta fase da Antropologia Portuguesa Entretanto, a ruptura com a Antropologia Colonial faz perigar valores que despertam a cobica de negociantes de oca- sifo. Bons lotes de colecgdes so vendidos ou exportados ilegal- mente para o estrangeiro (numerosos aniincios, mesmo em Uingua estrangeira, em jornais portugueses, dio uma ideia do problema), nalguns casos havendo mesmo pecas roubadas em museus e negociadas no estrangeiro ao mesmo tempo que do- cumentagio diversa e valiosa leva descaminho, A falta de antropélogos portugueses (a tal escola que nio houve...) faz com que Portugal signifique uma possibilidade para antropélogos estrangeiros A procura de trabalho. A par dos muitos que néo traziam mais que a cartilha ideolégica e a falta de emprego no pais de origem, houve também os que vinham habilitados a dar contribuio valido e que perdura. Isto foi tanto mais importante quanto é certo que os poucos antro- élogos portugueses da ediisporas em geral nao regressaram € dos que vinham das ex-colénias alguns acusavam o trauma da sdebandada», Tudo isto deu a Antropologia Portuguesa da dé- cada em aniilise (1974/64) um caracter hibrido e complexo ¢ um certo ar de «terreno colonizado» que ainda em parte con- tinua a caracterizé-la. 2, ALARGAMENTO E DIVERSIFICACAO DO ENSINO A Antropologia comega a entrar em mais cursos superio- tes, quier sob a forma de ensino obrigatério, quer como cadeira optativa, Verifica-se até que a Antropologia Cultural é intro- duzida no ensino secundario e nas escolas de magistério, e, A Antropologia em Portugal 143 neste caso, com um programa bem estruturado e até um tanto ambicioso. 6 que a inceréncia de programar o ensino da An- tropologia sem ter para o efeito professores minimamente pre- parados teve reflexos negativos a todos os niveis. Esté ainda por fazer 0 levantamento exacto da situagao, mas 0 pouco que se vai sabendo é suficiente para concluir que ela néo é brilhante. A titulo de exemplo refira-se que, recentemente, numa escola secundaria do Centro do pais, o professor encarregado de leccio- nar Antropologia expunha detalhadamente aos alunos as supe- rioridades e inferioridades das diferentes racas humanas e esse era, dizia ele, 0 objectivo da Antropologia! ‘A nivel da universidade 0 ensino avancou até ao grau de licenciaturas diversas em Antropologia, sinal evidente de vita- idade, mas ainda nae foi possivel exoreizar os fantasmas dua- listas da natureza ¢ cultura que dividiram até a separagao quase institucional a Antropologia fisica e cultural nas iltimas décadas com prejuizo para as duas reas tradicionais do ensino e in- vestigacao da Antropologia. Este tributo pago ao velho (e pelos vistos nfo superado) dualismo .Antropologia Fisica/Antropolo- gia Cultural (reflexo da menos feliz articulaggo do binémio natureza/cultura) levou a que em recentes programas de licen- ciaturas em Antropologia nao se introduzisse um conjunto de conhecimentos fundamentais para o capaz entendimento da- quele conjunto de comportamentos humanos em que as com- ponentes biolégicas e culturais ou se estudam como um todo (comportamentos bioculturais) ou nao se estudam de maneira nenhuma (°) Ha ja uns bons pares de anos que, em coléquio sobre esta problemética, antropélogos franceses chamaram a atengio para © facto de no velho continente os especialistas de Antropologia Fisica fazerem apelos. cada vez mais frequentes aos antropé- logos sociais no sentido de se inverter e suprimir os efeitos claramente negativos resultantes do pereurso divergente das duas Antropologias (*). Em geral, as universidades americans foram bem mais pragméticas ao criar os seus departamentos de Antropologia sem mais especificagio. Ai se desenvolvem as grandes dreas do ensino e investigagdo que vio desde a etno- Brafia 4 evolugao do Homem e da cultura, da problematica do () Lévi-Strauss chamou a atencéo para o tipo de fenémenos em que la nature sociale rejoint trés directement Ia nature biolo- glque de hommes mas nunea Ievou as ltimas consequencias essa Intuiggo de génio, (Ver Sociologie et Anthropologie, p. XV, P. U. F., Paris, 1950), (©) Ver ‘Situation actuelle et avenir de I'Anthropologie on Frances, Colloques Internationaux du C,.N.R. S, no 513, Paris, 1979 144M, L. Rodrigues de Areia biocultural sistemética do social, passando pela Paleontologia ‘Humana e Antropologia aplicada ‘a0s problemas actuais (*) ‘A vitalidade do movimento antropolégico do pos 25 de Abril nao teve ainda folego suficiente para uma reformulacdo de fundo da problematica da investigacao antropolégica no nosso pais como o fizeram, aliés de forma muito moderna para a €poca, os antropélogos da Primeira Repiblica. Na maioria dos casos copiaram-se alguns dos titulos das matérias ensinadas em Paris, Bruxelas ou Londres e a realidade portuguesa ficou quase sempre marginal ao elenco das disciplinas. Assinale-se contudo, como nota particularmente positiva, a orientacao mais recente da Antropologia, em termos de Antropologia Social, voltada para estudos da’ sociedade portuguesa e de que ¢ exemplo a mencionar, nao como caso tinico mas sem davida o mais signi- ficativo, o trabalho de Brian O'Neil acerca de uma aldeia trans- montana (*). Embora no seja possivel analisar os contetidos dos diversos programas do ensino da Antropologia actualmente vigentes em Portugal no ambit destas breves notas, considero importante ‘enunciar ao menos 0s nomes das matérias programadas nas dife- Tentes instituigdes de ensino: a) Instituto Superior de Ciéncias Sociais e Politicas (IS.C.S.P.), Universidade Técnica de Lisboa. 1—Licenciatura em Antropologia (+) 18 ano—Introdugfo as Citnelas Socials Principios Gerais do Direito Histéria Eeonémica e Social ‘Matemética e Estatistica para as Ciéncias Sociais 1 Inglés para as Ciéneias Socials T ©) Ver U. CL. A. (Universidade da California), Prospecto Informativo, 1972. (©) Ver apreciacdo mais detalhada deste estudo em Antropo~ tooia, Portuguess, 1084, (Instituto de Antropologia da Universidade (©) “Em nota introdutéria 16-se: «A Heenciatura em Antro logia destina-se a preparar para 0 exereicio de fungdes qualifica: ‘na docneia do ensino seeundirio, — hos museus e organismos que se dedicam a actividades de desenvolvimento regional ¢ ordenamento do terri tério, — em, Organismos ligados & cooperacio com os paises lafricanos de expresso portuguesa e com outros paises». (Eztraido do prospecto informativo). A Antropologia em Portugal 149 28 ano—Introdupdo & Metodologia das Citneias Sociais “Antropelogia Sociologia Geral ‘Economia Demografia Inglés. para as Ciénolas Socials 89 ano— Geografia Humana das Regides Tropicais Antropobiologia Historia da Antropologia Povos e Culturas de Africa Cadeira. de opeio 49 ano—Soclologia Rural (1.° semestre) ‘Analise Regional (2° semestre) Sistemas Politicos @ Juridieos Tradicionais (1.° semestre) Desenvolvimento e Mudanga. Cultural (2° semestre) Economia das Regides Tropicals Historia da Colonizapio Moderna e da Descotonizagko Cadeira variével Seminirlo de Tnvestigagdo Il_Mestrado em Ciéneias Antropolégicas Areas cientificas ¢ disciplinas Unidade de crédito or semestre 1—Problemas de Metodologia Antropolégica: 1 TT IV Planeamento de trabalho de campo em Antropologia .. ‘ Funcionalisme ‘Antropolaies Cadeira. Varidvel —"Reorias Antropolégicas: Gomunidade ¢" Redes ‘de. Relasbes ‘Toorias do. Parentesco Cadeira ‘Varidvel 3—Btnologia Africana: Povos ¢ Culturas da Africa Austral ... 2 Problemas do Direlto Africano Tradi¢ional = — 4—TTradigio e Tnovacio: ‘Tecnologias Tradicionals Peninsulares a = Boblemas de Hvolugto e Mudaga Cultursi = — YF 5 —Seminarios . 285 a Vl wl 1 b) Instituto Superior de Ciéneias do Trabalho e da Empresa, @S8.C.T.E) Liceneiatura em Antropologia Social (#9) 1. ano—Introduelio A Antropologia Social Sociologia Geral A Historia Econémica ¢ Social Matemftica para as Cignelas Sociais (9) eAntropologia Social, entendendo-se englobada por esta fa Antropologia Cultural> (p, 4 da proposta de Janeiro de 1942). 146 M.-L, Rodrigues de Areia 29 ano—Teorias Sociclégicas ‘Teoria © Método em Citnelas Socials Estatistica para as Ciénelas Socials Antropologia Social T Historia da Anteopologia 39 ano— Antropologia Social II Etnografia Portuguesa Antropologia das Sociedades Complexas Semiologia e¢ Linguistica Opsio_ ‘Opeao ano— Antropologia Politica “Antropologia Econémica ‘Antropologia do Simb6lico ‘Métodos e Técnicas de Investigag#o Antropol6gica ‘Opeao Opctio ©) Universidade Nova de Lisboa Licenciatura em Antropologia (+) 19 ano— Sociologia Geral "Teoria e Método em Ciéncias Sociais Matematica e Estatistica para as Ciéncias Sociais Introduglo & Economia Introdugo 4 Antropologia Demografia (gemestral) 1° ano — Histéria Eeonémica ¢ Social ‘Antropologia. Linguistica Geogratia Humana Biologia Aplicada as Ciencias Sociais Antropologia Social e Cultural I Etnografia Geral 89 ano—Antropologia Social e Cultural IT Povos e Culturas Nio-Europeias I Semiologia Histéria da Antropologia Geografia Regional Etnografia Portuguesa 49 ano—Antropologia Social e Cultural 1 Povos e Culturas Nio-Europeias Tl Povos ¢ Culturas Thérieas Historia da Etnologia Portuguesa ‘Museologia Seminiios ‘—Geogratia de Portugal Etno-Histéria —Histéria das Religibes —Arqueologia —Demografia Social ¢ Politicas Demograficas ‘wtnografia Portuguesa (2) Do prospecto informative de 1980/81. A Antropologia em Portugal 147 d) Universidade do Minho Liceneiatura em Histéria e Antropologia Social (#2) 12 ano 1° Somestre —Antropologia Arqueologia © Pré-Histéria T Historia T “Antropologia e Histéria 1 Sociologia e Historia T Fundamentos de Matemética ¢ Estatistiea Deseritiva Correntes Fundamentals de Pedagogia 29 Semestre—Antropologia, Arqueslogia ¢ Pré-Histéria TI Historia TE ‘Antropologia e Histéria 11 Antropologia Psicologica, Psicologia Social e Histériea T Sociologia e Historia TI Anilise da Relag#o Pedagégica 29 ano 1° Somestro— Historia IN Historia IV Historia de Portugal 1 Eeologia Humana e Antropologia Cultural 1 Antropologia Politica e Historia T ou—Antropologia Econémica e Histéria 1 Psicologia T Pratiea Pedagégiea 1 2¢ Semestre—Histéria V Histéria de Portugal It Historia VI Sociologia e Histéria I Antropologia ¢ Histéria INL ‘ou—Antropologia Psicsl6gica, Psicologia Social fe Histéria IT Psicologia IT Pritica Pedagégica 3° ano © Semestre—Histéria VII Historia de Portugal 111 Histéria de Portugal IV Antropologia Politica ¢ Histéria IL ‘ou—Antropologia Econémica e Historia II ‘Teorias de Aprondizagem ¢ Modelos de Ensino Desenvolvimento Curricular Pritica Pedagégica IIT (2) Gula da Universidade do Minho, pp, 54-58, 1979/00. 148 Mv: Rodrigues de Areia 2° Semestre— Historia VITL Histéria de Portugal V Histéria de Portugal VI Historia de Portugal VIL Miétodos e Técnicas de Ensino Educaclo e Sociedade Pritica Podagégica IV 42 ano 1° Semestre— Historia 1X Histéria de Portugal VIIT Historia de Portugal IX Antropologia e Historia IV ou—Antropologia ¢ Historia V ‘ou — Organizagio © Administragdo Escolar Pratica Pedagégica V 2° Semestre—Histéria X Historia de Portugal X Hist6ria de Portugal XI Ecologia Humana’e Antropologia Cultural II Antropologia ¢ Historia VI ou—Didictiea de Histéria e Antropologia Social Prética Pedagégica VI 59 ano Le Semestre— Temas Integrados Estigio 26 Somostre— Temas Actuais de Pedagogia Estigio €) Outras instituigdes © ensino de Antropologia aparece ainda integrado em di- versas licenciaturas que adoptam uma ou duas cadeiras de Antropologia, nuns casos Antropologia Fisica (caso da licen- ciatura em Biologia), noutros casos a Antropologia Cultural (casos das lieenciaturas em Geografia, Psicologia, Arqueologia € Historia, pelo menos em Coimbra) © que se verifica, com algum escindalo, 6 que, numa altura em que se afirma a orientagio regional ¢ se fala da ne- cessidade da descentralizagao, 0 estudante que em Portugal pretenda obter o grau de licenciatura em Antropologia tera que se deslocar para Lisboa onde alids tera dificuldade em escolher qual das trés licenciaturas vigentes Ihe interessa. A incapaci- dade das universidades cléssicas em acertar, neste campo da aigneia, o relogio da histéria é outra constatagdo preocupante. A Antropologia.em Portugal 149 3. ACTIVIDADE BDrTORIAL Um dos aspectos mais positivos da Antropologia em Por- tugal nos iiltimos anos é a actividade editorial, que tem sido rica e progressivamente diversificada. A maioria dos trabalhos editados em portugués apareceram ou na colecgio «Portugal de Pertov das edigoes D. Quixote ou na colecgio «Perspectivas do Homem (as culturas, as sociedades)», das edigées 70, neste caso com um ote de numerosas tradugdes em geral com inte- esse didactico. Ao mesmo tempo é bom no esquecer trabalhos de real valor, resultado de investigacao de qualidade, de que me apraz recordar, em particular, os de Ernesto Veiga de Oli- veira e de José Redinha (") Sao também um contributo significative as diversas teses de doutoramento elaboradas nesta década, algumas j4 concluf- das e até publicadas, outras em vias de concluséo. Embora nao esteja completo o inventério (ainda em curso) eis alguns titulos: A. G. Mesquitela Lima — Les Kyaka (histoire, parenté, organisation olitique et territoriale), Paris, 1980. L. A.D. Polanah—Camponeses de Sayago, Estrutura Social ¢ Repre- sentardes Simbélicas de uma Comunidade Rural, Braga, Univer- idade do Minho, 1984 (mimeografado) 4. C, Gomes da Silva— Variations du sens pour Gusli d’Brable; essai sur les ebyliness, Lisboa, Universidade Nova, 1980, M. L. Rodrigues de Areia—Les symboles divinatoires, Coimbra, Ins- tituto de Antropologia, Universidade de Coimbra, 1984, B. O'Neil — Proprietérios, Lavradores ¢ Jornaleiros, Ed, D. Quixote, Lisboa, 1984. A.C. Gongalves — Kongo. Le lignage contre V'état. Dynamique poli- tique du Congo du XVI au XVIII sigcle, Instituto de Investi- gagdo Cientifica Tropical, Lisboa, 1985. J, Pais de Brito —Produetion de espace et reproduction sociale, Le village de Rio de Onor, Aix-en-Provence, 1985. ‘M, Moutinho — Contribution a Uhistoire des Lapons esuddoiss, appro- che historique et anthropologique, Universidade de Paris VIL, Paris, 1978. R, Iturra— "Strategies of production in a galician village (N, W. ‘Spain), Cambridge, 1973. (9) De Emesto Veiga de Oliveira, destacam-se em particular: Instruments Musicais Populares Portugueses, Fundagio Calouste Gulbenkian, Lisboa, 1982; Alfaia Agricola Portuguesa, em colaboragdo com Fernando Galhano e Benjamima Pereira, Instituto de Alta Cultura, Centro de Bstudos de Btnologia, Lisboa, 1976. De José Redinha & de meneionar a obra de sintese de’ todas as suas anteriores publieagses: Einias e Culturas de Angola, I. 1, C. A, Luanda, 1975, 150M. L. Rodrigues de Areia J. Pina-Cabral— A peasant worldview in ite contez!: eultural unifor- ‘mity and differentiation in northwestern Porttigal, Oxford Uni- versity Press, 1985, : J. Freitas. Branco Quotidiano e trabalho camponés, Agricultura e ‘utitizagdo do espago no arquipélago da Madeira (1750-1900), 1984, W. Manemann — Riickkehr portugiesischer Arbeiter in ihr Heimatdor}. ‘Hine Studie in den Regionen Minho und Beira Baiza, ed. Peter Lang, Frankfurt, 1988. (O regresso de trabathadores portugueses @ aldeia natal. Estudo sobre o Minho e a Beira Baiza) A:T, Martinho —Les enfants d'imigrés portugaiss, «cde Ids, Nice, 1984 (8. Ciclo), Anote-se também o facto de aparecerem diversas publi- cages periédicas, umas antigas, nalguns casos com aspecto reno- vado, outras que surgem pela primeira vez, Das primeiras refiro as seguintes: 1. Revista Lusitana, Nova Série, Contro de Estudos Geogré- ficos, I. NT, C, Lisboa, Antropologia Portuguesa, Instituto de Antropologia da Uni- versidade de Coimbra Trabathos do Instituto de Antropologia «Dr, Mendes Cor- réas, Porto, Trabalhos de Antropologia e Etnologia (da Sociedade Por- ‘tuguesa de Antropologia e Etnologia). Porto, Relativamente a novas publicagées periédicas na area da Antropologia temos a publicaco Ethnologia do departamento de Antropologia da Universidade Nova de Lisboa e a Revista Internacional de Estudos Africanos, de ambito mais geral, ed. de Jill Dias; num e noutro caso tendo aparecido s6 0 primeiro niimero, Embora baixando a producdo cientifica, sio de referir as publicagdes do Instituto de Investigagao Cientifiea Tropical (ex- Junta de Investigagées), nomeadamente as do Centro de Estu- dos de Antropologia Cultural ('*) e a série de Antropobiologia recentemente criada na revista Garcia da Orta, (2 Apés 0 25 de Abril © Centro de Estudes de Antropologia Cultural publicou: Gerhard Kubik, Angolan Traits in Black Music, Games and Dances o} Brazil —- A study of African cultural extensions overseas, Lisboa, 1979; Mariano Feiv, Ae Costas Hindus de Goa. Lise boa, 1978; Anténio Carreira, O Trijico Portugués de Escravos na Cosia Oriental Africana nos Comecos do Sécuto XIX. (Estudo de un aso), Lisbos, 1979; Carlos Lopes Cardoso, UPI, Elementos para 0 Estudo de um Utensilio Angolano de Moagem, Lisbon, 1980; Antonio Carreira, © Trdfieo de Escravos nos Rios de Guinée Tthas de Cabo Verde (1810-1850) — Subsidios para o seu estudo, Lisboa, 1981. A Antropologia em Portugal 151 Seria injusto esquecer um néimero importante de trabalhos diversos aqui no referenciados, entre os quais considero 0s dos diferentes centros de estudos africanos, alguns de criagéo re- cente e cujas publicagdes nao estao ainda divulgadas ('*). 4. ALGUNS DESAFIOS Um olhar ainda que muito apressado sobre 0 que foi a Antropologia em Portugal na dltima década néo pode deixar de ser inquietante mesmo que o esboco aqui delineado seja posi- tivo. Na Tealidade, dois desafios importantes se pdern hoje & Antropologia Portuguesa, um a nivel de organizagio interna, outro a nivel de cooperacao. ‘Relativamente ao primeiro, ¢ forgoso verificar que um pals que criou de ha muito (essencialmente a partir de 1911) infra- -estruturas envolvendo projectos de instituigGes-museus em que fa investigagao andaria ligada as colecgdes, nao foi capaz. até hoje de dinamizar com meios humanos adequados essas infra- -estruturas. Ora, esse tipo de instituicao-museu revela-se 0 mais adequado em termos de Antropologia moderna, seja ela interna (

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