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‘G, yw ~~ WR T-he-ls(em= lie le ed Aula 1 - O emprego da virgula: consideragées iniciais; ordem direta; inversdo e intercalagéo Autora: Patricia Keico Honda Daher SU Meld ey Apresentacao do curso... al Aula 1-0 emprego da virgula: consideracées iniciais; ordem direta; inversao e intercalagao.5 1.1 A virgulacao obedece a critérios sinsaticoe) Nao sonoros... 1.2 Ordem direta. 1.3 Inversao e intercalacao... Consideracées finais.. Atividades avaliativas... Referéncias... Apresentagao do curso 014, seja bem-vindo! Hoje iniciaremos nosso estudo sobre a virgula, este sinal de pontuacao que causa tanta duvida na hora de escrever. Poderiamos apresentar varios motivos para esse fato, mas vamos nos ater a apenas dois. O primeiro deles é que a virgula pode ser utili ada de Forma correta em maior ou menor quantidade, a depender do estilo de quem escreve. Percebemos ai certo grau de subjetividade no uso da virgula, o que pode gerar muitos questionamentos, ndo é mesmo? segundo motivo seria a forma como ela é trabalhada no ensino tradicional, em que hé ainda a crenca de que a virgulacao obedece a critérios sonoros. £ muito provavel que vocé jé tenha ouvido falar que a virgula serve simplesmente para marcar uma pausa no discurso, um tempo para respirar, entre outras explicagées, quando, na verdade, ela € baseada em normas sintaticas. Vocé sabia que a palavra virgula origina-se do latim virgula, cujo significado é “varinha, pequeno ramo"? Podemos concluir que seu significado se deu pela semelhanca com a forma do sinal, certo? (Fonte: Housss, tno, Diconério Housss da Lingua Portugues io de Jono: Obietva, 2003) Cempregoda Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © EG eR CR eal Et Cet) Neste curso, abordaremos 0 uso da virgula em 4 licdes, de modo que trabalharemos questdes pontuais, em especial aquelas que causam maior dificuldade quando redigimos. Em outras palavras, nosso estudo nao tem como objetivo esgotar 0 assunto relacionado ao emprego da virgula. Ele foi criado com 0 intuito de esclarecer tépicos especificos referentes a virgulacao, a saber: ordem direta; intercalaco e inversao; nomes préprios; ispositivos de lel; oracdo subordinada adjetiva explicativa; oracéo subordinada adjetiva restritiva; orac3o subordinada adverbial; verbo subentendido. Vale acrescentar que, além de trazermos exemplos dados por estudiosos da Lingua Portuguesa, apresentaremos explicagées, exemplos e exercicios com base em textos produzidos no Tribunal. Desse modo poderemos desenvolver um trabalho voltado as necessidades reais, isto 6, relacionado as dificuldades que encontramos em nosso dia a dia. Contetido Programatic Aula 2 - Nomes préprios; vocativo; dispositivos de lei Aula 1-0 emprego da virgula consideracées iniciais; ordem dire inversao e intercalagdo ye Aula 3 - Oraco subordinada adjetiva Aula 4- Oracdo subordinada explicativa e oragdo adjetiva restritiva adverbial; verbo subentendido ‘ Elaborado pelo Supreme Tribunal Federal- Tados os direltos reservados © EO eR Re Cee oe Col Aula 1 - O emprego da virgula: consideracées iniciais; ordem direta; inversao e intercalagao Nesta Aula 1, trabalharemos os seguintes assuntos: 1a 1.2 1.3 1.4 A virgulacéo obedece a critérios sintaticos, e nao sonoros Ordem ta Inversao ¢ intercalacao Atividades avaliativas 0 objetivo desta aula é mostrar como a virgula é Frequentemente empregada com base no critério sonoro, isto é, tem-se a ideia de que ela serve apenas para marcar pausa no discurso. Essa crenga gera muitos equivocos na hora de virgular, e é a partir deste ponto que vamos iniciar 0 estudo de hoje. Em seguida, veremos como se dé a virgulacdo na ordem direta, na inversdo (ordem indireta) e na intercalacao de elementos. Quanto ao tépico Atividades avaliativas, que estara presente em todas as aulas, vale dizer que foi desenvolvido para praticarmos e, de certa forma, retomarmos o contetido. Ele é composto por exercicios de fixacéo, sempre relacionados ao assunto trabalhado na respectiva aula. Pronto para comecarmos? Entdo, vamos ld! Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © EG eR CR eal Et Cet) A virgulagao obedece a critérios sintaticos, e ndo sonoros Em primeiro lugar, vamos relembrar brevemente como trés dos principais graméticos definem a pontuacdo, sobretudo 0 que dizem a respeito da virgula? “Triplice “Avirgula marca uma éa finalidade pausa de pequena duracdo dos sinais de pontuacao: Emprega-se nao s6 para separar elementos de uma oracdo, mas também a) assinalar as pausas e as inflexdes da voz oracdes de um s6 periodo” (a entonacao) na leitura; b) separar palavras, expressdes e oracdes que (CUNHA, Celso; CINTRA, Luis F. Lindley. devem ser destacadas; Nova gramatica do portugués Q) esclarecer 0 sentido da frase, afastando contemporaneo. Rio de qualquer ambiguidade” Janeiro: Nova Fronteira, 1985). (CEGALLA, Domingos Paschoal. Novissima “Com Nina gramatica da lingua portuguesa. Sao Paulo: Catach, entendemos Editora Nacional, 2008). por pontuagéo um sistema de reforgo da escrita, constituido de sinais sintéticos, destinados a organizar as relacdes e a proporcao das partes do discurso e das pausas orais e escritas”. (BECHARA, Evanildo. Moderna gramatica brasileira. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001). © que podemos observar nos conceitos apresentados por essas trés citagées? Todos fazem referéncia 4 questdo da pausa no discurso. Notou como a pontuasio é tradicionalmente apresentada dessa forma? Vale lembrar que ndo se pretende questionar o que dizem os renomados gramaticos sobre a pontuaao. Nosso propésito é apenas estudar o emprego da virgula de um modo diferente, agora voltado para o critério légico-sintatico. Ee eo eM uet oet NCR Rua let De acordo com Luft (2014), a “ligagdo entre pausa e virgula deve ser a responsdvel pela maioria dos erros de pontuacao”. 0 autor sustenta que nao existem “virgulas de ouvido”, nao se pode utilizar uma virgula com 0 intuito de marcar pausa, respirar, tomar félego, como é tradicionalmente ensinado. Nesse sentido, quando lemos determinado texto, & possivel perceber que podemos fazer pausas onde nao hé o emprego de virgula e, por outro lado, a virgula pode ocorrer independentemente da chamada “pausa respiratéria”, pois é gramatical e obedece a critérios légico-sintaticos. Vamos observar os exemplos? Exemplo “Aorientacao jurisprudencial desta Suprema Corte |pausa| defende a concessdo da medida”. A orientagao jurisprudencial desta Suprema Corte defende a concessio da medida — T Sujeito Verbo Complemento Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Cempregoda ER eRe aa Exemplo 2: “As autoridades que me precederam |pausa| declararam a imprescritibilidade desses direitos”. As autoridades que me precederam declareram aimprescrtibilidade desses direitos Sujeito Verbo Complemento Logo adiante veremos que nao se coloca virgula entre sujeito e verbo ou entre verbo e complemento, uma vez que eles constituem uma ligacdo sintatica, no podem ser separados por virgulas. Sendo assim, mesmo que na leitura tenhamos que pausar, mudar a entonacao, “respirar”, € equivocado o uso da virgula para separar essas sequéncias sintaticas no texto escrito. VALE LEMBRAR! “a virgula, dizem alguns, é uma pausa para recuperar © Félego; outros preferem uséla de acordo com a intui¢ao auricular. E aqueles que séo gagos ou tém bronquite? Devem sair virgulando tudo [. Por isso, lembre-se de que 0 emprego da virgula requer mais do que a simples sensibilidade auditiva. E necessério que se levem em conta alguns aspectos seménticos e gramaticais; além disso, bom senso, coeréncia e reflexéo também ajudam" (SIMOES, 2012). Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todas os dirltos reservados © | Cempregoda \ | Ee eo eRe eee ciety Ordem direta Segundo Luft (2014), para se empregar a virgula de forma adequada, é importante que tenhamos uma boa intuigdo estrutural. Eo que seria isso? € saber identificar, ainda que basicamente, como cada termo de uma oraco exerce funcao sintatica especifica. © autor explica que a estrutura basica da frase pode ser composta por 4 casas. Cada casa representa os elementos na ordem natural da frase: sujeito + verbo + complementos + circunstancias. \ J Casa Casa 3: Casa 4: Verbo Complementos Circunstdncias (tempo, lugar, modo, entre outras) Quando dispostos dessa forma, diz-se que esto em ordem direta. Cempregoda Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Ee Re ORL Mn ee Cae eo ae Ce Vejamos os seguintes exemplos: casa3 Complemento @ Plenério do Supremo determinou a oitiva do interessado Tribunal Federal O deferimento do pedido exige a presenca desses requisitos A matéria do presente pedido é constitucional A manutencio da deciséo causaré transtornos (3a) 8 populacso atacada local (3b) Agora vamos ao que Luft (2014) chama de regra negativa da pontuacao: Nao usamos virgula entre as casas 1, 2 e 3; casas 1 e 2; casas 2 e 3. Em outras palavras, nao usamos virgula entre: X —_ osujeito, o verbo e o complement (casas 1, 2 e 3); X — osujeito eo verbo (casas 1 2); X —_ overbo e o complemento (casas 2 € 3). Veja exemplos de erros comuns apresentados pelo autor: + Virgula separando o sujeito (casa 1) do verbo (casa 2): Jaem gies Aguerra de hoje, serd a vitéria de amanha Oemprego. EO eR Cee Cu et ROS Rect) Quem nao passa, nao paga + Virgula separando o verbo (casa 2) do complemento (casa 3): Veja, aqui as oficinas que permanecerao abertas | eee baked casas Deu para perceber o uso equivocado da virgula? Se Féssemos seguir 0 critério sonoro, certamente pontuariamos desse modo. Entretanto, sabemos que a virgulacao obedece a critérios sintaticos, nao é verdade? Entao o correto seria nado utilizar essas virgulas: “A guerra de hoje sera a vitoria de amanha”. “Quem nao passa nao paga”” “Veja aqui as oficinas que permaneceram abertas” ou “Veja, aqui, as oficinas que permaneceram abertas”. Vocé pode estar pensando: e quanto @ Casa 4? Esta corresponde aos elementos complementares da estrutura frasal. Pode indicar circunstancia (tempo, modo, lugar e outras) e ser separada por virgula, principalmente nas frases longas, Vejamos: +“O Plenario do Supremo Tribunal Federal determinou, na tarde de ontem, a oitiva do interessad 0 Plenério do Supremo Tribunal Federal determinou, _natarde de ontem, _a oitiva do interessado Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Cempregoda ER eRe aa + “Na tarde de ontem, o Plendrio do Supremo Tribunal Federal determinou a oitiva do interessado”. © Plenario do Supremo Tribunal Federal +A matéria do presente pedido é, sem dai Na tarde de ontem, determinou a oitiva do interessado ja alguma, constitucional”. esac Ore ce é duvida al constitucional pedido , sem divida alguma, + "Sem divida alguma, a matéria do presente pedido é constitucional”. Sem davida alguma, a matéria do presente pedido é constitucional nn casa? casa3 Da mesma maneira, Piacentini (2012) afirma que nao “se coloca virgula entre sujeito e verbo, entre verbo e complementos”. A autora exemplifica da seguinte forma: a ‘ ___ Sujeito verbo Complemento | ‘Jane Maria comprou um novo livro”. | “0 prezado amigo deve enviar sua proposta em 20 dias para ganhar”. | “Todos n6s vamos a Brasilia na préxima semana”. Esses exemplos mostram os elementos basicos dispostos em uma ordem natural, isto é, eles seguem uma sequéncia légica: sujeito + verbo + complementos. Nesse caso, nao se coloca virgula entre eles. Elaborado pelo Supreme Tribunal Federal- Tados os direltos reservados © Cempregoda — ru EO eR Cee Cu et ROS Rect) Sobre a Autora: Maria Tereza de Queiroz Piacentini formou-se em Letras pela UFSC e possui Mestrado em Educagio pela mesma instituic’o. Foi redatora e revisora de correspondéncia oficial por mais de 20 anos. Atualmente é professora de Portugués, revisora de textos e responsavel pela coluna semanal “Nao tropece na lingua”, cujo contetido pode ser acessado aqui: linguabrasil.com.br/nao-tropece.ph; Ainda que o sujeito seja longo, nao é possivel colocar virgula entre ele e o predicado. Vejamos os exemplos apresentados pela referida autora: + "As diversas praticas que o Estado impée com suas politicas e planos de estabilizacéo da economia engrossam os conflitos”. As diversas praticas que o Estado impde com suas politicas e a engrossam _os conflitos planos de estabilizacdo da economia at casa1 casa2 casa3 + "Um mundo que faz da mudanca a sua Gnica certeza permanente impée desafios a todos". Um mundo que Faz da mudanca a sua Unica certeza permanente impoe desafios a todos casa casa2 casa3 Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Cempregoda ER eRe aa Agora vamos aos exemplos de auséncia de virgula entre verbo e complementos: + “A violéncia dessa nova epidemia chamada Ebola transcendeu os limites do continente africano”. ‘os limites do continente africano ia" — + "A inobservancia das obrigacées estabelecidas nesta lei sujeitard o infrator as penas previstas na legislacao”. Avioléncia dessa nova epidemia chamada Ebola —_transcendeu A inobservancia das obrigagées estabelecidas oo o infrator s penas ; sujeitara . hens nesta lei previstas na legislaco Agora é sua vez! Considere a frase a seguir. Como vocé separaria os componentes basicos (sujeito, verbo, complemente, circunstancias) de acordo com cada casa (casa 1, casa 2, casa 3, casa 4)? “O procedimento investigatério instaurado pelo Ministério Publico apurou suposta pratica de atos criminosos”. Vamos 4 resposta? Elaborado pelo Supreme Tribunal Federal- Tados os direltos reservados © Cempregoda _ <= EO eR Cee Cu et ROS Rect) 4 Casa 1: O procedimento investigatério instaurado pelo Ministério Publico 4 Casa 2: apurou Casa 3: suposta pratica de atos criminosos Veja que os elementos estéo dispostos em sua ordem natural, sem intercalagées. Assim, ndo podemos empregar virgulas entre eles, ainda que a frase seja extensa. Que tal mais um exercici Classifique os componentes Frasais do trecho abaixo: “Por essa razo diante da auséncia de comprovacao de constrangimento ilegal o pedido Formulado € manifestadamente incabivel". Vocé realizou o exercicio desta forma? Casa 1: 0 pedido formulado > D> Casa 2:6 Casa 3: manifestadamente incabivel u Casa 4: Por essa razo, diante da auséncia de comprovagio de constrangimento ilegal, »> Cempregoda Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © EG eR CR eal Et Cet) Aqui empregamos as virgulas para separar os elementos pertencentes & casa 4. Como eles possuem natureza complementar, podem ser separados por virgulas, em especial quando so muito longos e prejudicam a clareza textual. Observe que apresentamos como se dé uma sequéncia sintatica bésica: sujeito + verbo + complementos, uma vez que nosso intuito nao é o de analisar sintaticamente cada elemento, mas mostrar esses componentes em uma ordem direta, natural, légica. Quando esto assim dispostos, ndo empregamos virgula entre sujeito e verbo (casas 1 e 2) nem entre verbo e complementos (casas 2 € 3). Vale lembrar que disponibilizamos exercicios de fixacao referentes a esse assunto em nossa plataforma, caso voce considere necessério praticar mais um pouco! Literatura de Cordel Vocé jé ouviu falar da Literatura de Cordel? E uma modalidade impressa de poesia, cuja linguagem é regionalizada e informal. Para saber mais sobre o assunto, este é 0 link da Academia Brasileira de Literatura de Cordel: http://able.com.br/. Aqui temos um exemplo de cordel que aborda o que acabamos de estudar: ENTRE O VERBOEO “ENTRE O SUJEITO E O VERBO COMPLEMENTO Avirgula entre o sujeito Avirgula também nao ha @ 0 verbo da oracao entre o verbo e o complemento nao deve ser colocada (ano ser que haja um termo se juntos eles esto: thes dando distanciamento): em ‘Joel, chutou a bola’ “Eu comprei, hoje, os tijolos’, ha erro de pontuagao. mas ‘Eu comprei o cimento’”. (PANTAS, 2009). sitmatepaosivane itwaltetnattodrorcetoreenate (AB EO eR Cee Cu et ROS Rect) Inversao e intercalagao No tépico anterior, vimos que nao se colocam virgulas entre sujeito e verbo ou entre verbo e complementos. E muito comum as pessoas pensarem que sempre se deve usar virgula quando ha INVERSAO dos elementos da frase, isto ¢, quando eles nao esto em sua ordem direta: sujeito + verbo + complementos. No entanto, como afirma Piacentini (2012), 0 fato de ocorrer inversso nao quer dizer necessariamente que devamos usar a virgula. Analise os exemplos a seguir: Frase invertida Frase na ordem direta Emprego inadeguado da virgula Sem virguls | Contra essa decisao, ajuizou acdo ordinaria. | Ajuizou aco ordindria contra essa deci Informa, o requerente, que a medida liminar | O requerente informa que a medida liminar foi deferida. foi deferida. Jue permite a progresséo de regime Nao vigorava até entao, a lei que permite a Al progressao de regime. nao vigorava até entao. Varias tentativas de retomada da posse Ocorreram também, varias tentativas de também ocorreram. retomada da posse. Deu para visualizar como a simples inversdo dos elementos ndo implica 0 uso da virgula? Na ordem direta, € Facil perceber que no utilizamos as virgulas. Com a inversdo, a regra & a mesma: se 0 sujeito, verbo ou seus complementos estiverem invertidos, nao se emprega a virgula. Mesmo que estejam em posicao invertida, a sequéncia légica é a mesma, nao ha quebra, por isso nao ha virgula. Falamos muito sobre a sequéncia légica da frase: sujeito + verbo + complementos, nao é mesmo? Comentamos também que a simples inversao desses componentes nao exige a virgula. Agora, 0 que ocorre quando ha uma quebra dessa Fluéncia? O que acontece quando usamos a intercalagdo por meio de uma palavra, frase ou expresso? A resposta é: isolamos esse elemento com duas virgulas. E isso o que chamamos de INTERCALACAO. Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Cempregoda EG eR CR eal Et Cet) Vamos aos exemplos? *”O requerente alega, em sintese, que a decisao acarretaré mais prejuizo do que beneficios aos encarcerados’. * “Nao vislumbro, de imediato, a referida ocorréncia de grave lesdo 4 ordem publica”. ‘sta Suprema Corte, em recente decisao, reafirmou esse entendimento”. Observe como essa intercalacao é caracterizada pela mobilidade, isto é, é possivel deslocar a expresso intercalada dentro da ora¢do. + Em sintese, o requerente alega que a decisao acarretaré mais prejuizo do que beneficios aos encarcerados” * “De imediato, nao vislumbro a referida ocorréncia de grave lesdo a ordem publica”. * “Em recente decisao, esta Suprema Corte reafirmou esse entendimento”. VALE LEMBRARI "N3o & preciso necessariamente saber se 3 intercalago configura um aposto, adjunto adverbial, conjungao, uma oragéo reduzida de gerindio etc., para pontuar corretamente. Basta ver se hi ou no uma \terFeréncia no pensamento, uma quebra da estrutura légica da frase. E é a virgula o sinal grafico que serve para marcar essa interrupgao de uma sequéncia sintética” (PIACENTIN, 2012), (18 EO eR Cee Cu et ROS Rect) Essas intercalagées so chamadas por Luft (2014) de ENCAIXES, que, segundo ele, sdo “faceis de compreender e Féceis de usar. $6 exigem um minimo de atengao". Vamos analisar, a seguir, os exemplos dados pelo autor? *“Amanha, quero the avisar, vou almocar no Centro”. * 0 patio, devido a chuva, ficou alagado”. * “Comunicamos a todos os interessados que, devido ao grande nimero de cartas recebidas, a divulgacao do resultado sera feita no dia 30”. * “Mas, apesar de todas as promessas, nada ainda foi Feito”. * "Poderd inscrever-se todo Funciondrio que, na data da respectiva incluso, esteja em plena efetividade e tenha, nesta ocasigo, idade nao superior a 50 anos”. Um Gltimo comentério sobre a intercalacéo! Piacentini (2012) nos lembra que a virgula é facultativa nos casos em que os elementos intercalados so curtos e principalmente quando aparecem logo depois do verbo. Observe as seguintes sentencas: “Encaminho-lhes, em anexo, o mapa da regido”. “Encaminho-lhes em anexo o mapa da regio”. “Havers, por certo, muita comida e diverso”. “Haverd por certo muita comida e diversao”. Percebeu que, em situacdes como as descritas acima, a intercalagdo é tao curta que ndo é necessério separé-la por virgulas? Nesse caso, 0 emprego das virgulas se justificaria para dar €nfase ao termo intercalado ou simplesmente por questo de estilo do autor. Tem-se, portanto, aquela questo da subjetividade que falamos la no inicio da aula. Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Cempregoda EG eR CR eal Et Cet) Ficou claro como cada termo exerce uma funcdo especifica na frase? Quando esses componentes estao dispostos em uma ordem direta, sem intercalacdes, nado se admite a virgula entre eles. Agora, se determinada sentenca apresentar intercalacgo, esta deve estar entre virgulas, com excecao dos casos em que a intercalacao é tdo curta e nao se tem o objetivo de enfatizé-la. Esses so conceitos basicos da virgulacao. Nosso ponto de partida! Tenha isso em mente! PARA COMPLEMENTAR: Este é um texto bem interessante a respeito do emprego da virgula, pois nos mostra como esse pequeno sinal de pontuacao interfere no sentido damensagem. Vocé pode clicar aqui para assistir ao video que ilustra o referido texto. AVirgula Avirgula pode ser uma pausa. Ou nao. Nao, espere. Nao espere. Avirgula pode criar herdis. Isso sé, ele resolve. Isso, 56 ele resolve. Ela pode forcar 0 que vocé nao quer. Aceito, obrigado. Aceito obrigado. Pode acusar a pessoa errada. Esse, juiz, é corrupto. Esse juiz é corrupto. Avirgula pode mudar uma opiniao. No quero ler. Nao, quero ler. (ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE IMPRENSA ~ ABI, 2008). Elaborado pelo Supreme Tribunal Federal- Tados os direltos reservados © EO eR Cee Cu et ROS Rect) Nesta aula, comecamos a estudar conceitos bésicos sobre a virgulacéo. Relembramos rapidamente como graméticas renomadas conceituam a pontuacdo, em especial a virgula. Em seguida, vimos que seu uso se baseia em normas légico-sintéticas, isto é, ndo pode ser empregada de acordo com o critério sonoro. Ademais, falamos sobre a importéncia de se ter uma boa intuicéo estrutural da lingua e, por isso, iniciamos com os elementos basicos de uma frase: sujeito, verbo e complementos. Vimos que cada um deles exerce uma funcdo na sequéncia sintatica e, quando estao dispostos em uma ordem direta, légica, natural, nao se usa virgula entre eles. Abordamos também casos em que os componentes basicos ndo estao dispostos em sua ordem direta, isto 6, hd ocorréncia da inversdo dos elementos. Essa simples inverséo nao implica necessariamente o uso da virgula, lembra-se disso? J4 nas situacdes em que hé intercalaco entre os elementos, vimos que, na maioria das vezes, admite-se a virgula. Na préxima aula, trabalharemos a Li¢do 2, que diz respeito aos assuntos: nomes préprios; vocativo; dispositivos de lei; atividades avaliativas! Antes de nos despedirmos, vamos praticar um pouquinho? Cempregoda Elaborado pelo Supremo Tribunal Federal- Todos os direltos reservados © Ee Re ORL Mn ee Cae eo ae Ce No inicio desta aula, mostramos o significado d a palavra virgula. Ao pensar na acepcao do termo, nos lembramos de um personagem brasileiro bastante conhecido: o Lampiao, que se chamava Virgulino. Esse nome possui o mesmo significado da palavra virgula, isto é, ramo, vara. Assim, o personagem ilustrado que vocé visualiza em diferentes partes da aula fol inspirado no Lampiao. Quem foi o Lampiao? Virgulino Ferreira da Silva nasceu no Sertéo de Pernambuco em 1897. Devido & sua coragem, inteligéncia e grande habilidade como estrategista, é considerado o rei do cangaco e governador do Sertdo. Morreu aos 41 anos, juntamente com seu grupo de cangaceiros, apés uma emboscada policial. (Fone: itn eselo funda cov tieesculcarsrole niexahotonton-com conentiviewarlekid-2208ibemide g 2 “Atividades avaliativas” é um espaco presente em todas as aulas no ambiente virtual do nosso curso. Trata-se de uma parte pratica com exercicios relativos ao assunto trabalhado na respectiva licao. Vocé encontraré no Moodle as orientagées sobre como enviar sua atividade para correcéo. Cempregoda mu ru Elaborado pelo Supreme Tribunal Federal- Tados os direltos reservados © Ee Re ORL Mn ee Cae eo ae Ce ACADEMIA BRASILEIRA DE LETRAS. Vocabulario ortografico da Lingua Portuguesa. Sao Paulo: Global, 2009. ASSOCIAGAO BRASILEIRA DE IMPRENSA ~ ABI. Uma virgula muda tudo. Veja, Sao Paulo, Abril, 9 abr. 2008. BECHARA, Evanildo. Moderna gramatica brasileira. Rio de Janeiro: Lucerna, 2001. CEGALLA, Domingos Paschoal. Novissima gramatica da Lingua Portuguesa. Sao Paulo: Editora Nacional, 2008. CUNHA, Celso; CINTRA, Luis F. Lindley. Nova gramatica do portugués contemporaneo. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1985. DANTAS, Janduhi. Ligdes de gramatica em versos de cordel. Petrépolis: Vozes, 2009. FERREIRA, Mauro. Aprender e praticar gramatica, Sao Paulo: FTD, 2011 HOUAISS, Anténio. Diciondrio Houaiss da lingua portuguesa. Rio de Janeiro: Objetiva, 2001. LUFT, Celso Pedro. A virgula: consideragées sobre o seu ensino e o seu emprego. Sd0 Paulo: Atica, 2014. PIACENTINI, Maria Tereza de Queiroz. Sé virgula: método facil em vinte licdes. Sao Carlos: EDUFSCAR, 2012 SIMOES, Sérgio. A pontuagao sem segredo. So Paulo: Uninove, 2012. Elaborado pelo Supreme Tribunal Federal- Tados os direltos reservados © Cempregoda mu bud

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