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Altieres,+Avaliacao Do Sistema de Logistica Revers
Altieres,+Avaliacao Do Sistema de Logistica Revers
ISSN: 1981-223X
Resumo
O sistema de logística reversa é um importante instrumento voltado à mitigação da
problemática dos pneus inservíveis, visto que sua correta implementação propicia a coleta,
transporte e destinação ambientalmente adequada deste material. No entanto, embora previsto
na Resolução CONAMA 416/2009, a efetiva aplicação desse sistema ainda se configura em
um grande desafio para diversas cidades brasileiras. Neste contexto, o presente trabalho teve
como objetivo realizar uma avaliação sobre a logística reversa de pneus inservíveis em
Humaitá-AM a fim de contribuir para a formulação de futuras ações e políticas voltadas a
destinação ambientalmente correta desses resíduos no município. Para tanto, elaborou-se um
questionário com doze perguntas para os proprietários dos principais estabelecimentos do
ramo de pneus em Humaitá. Adicionalmente, foi elaborado um segundo questionário com sete
perguntas com a finalidade de analisar a percepção e posicionamento do Poder Público em
relação à temática da pesquisa. Os resultados apontaram que a maior parcela dos entrevistados
afirma não ter ciência da legislação dos pneumáticos e não realizam a prática da logística
reversa de pneus inservíveis em seus empreendimentos. O Poder Público, por sua vez, em
dissonância com a Resolução CONAMA 416/2009, realiza a coleta, o transporte e a
destinação inadequada dos pneus inservíveis. Portanto, os pneumáticos representam um
passivo ambiental em Humaitá-AM. Sendo assim, faz-se necessário a proposição e aplicação
de ações de conscientização e fiscalização acerca da Resolução CONAMA 416/2009 no
município.
1
Mestre em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal de Santa Maria (UFSM). Possui
graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Amazonas - UFAM e
especialização em Perícia e Auditoria Ambiental pelo Centro Universitário Internacional - UNINTER
(2013).
2
Mestre em Engenharia Civil e Ambiental pela Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS).
Possui graduação em Engenharia Ambiental pela Universidade Federal do Amazonas – UFAM.
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EVALUATION OF THE REVERSE LOGISTIC SYSTEM OF
INSECTIBLE TIRES IN SOUTHERN AMAZONAS
Abstract
The reverse logistics system is an important instrument aimed at mitigating the problem of
waste tires, since its correct implementation favors the collection, transportation and
environmentally adequate disposal of this material. However, although envisaged in
CONAMA Resolution 416/2009, the effective application of this system is still a major
challenge for several Brazilian cities. In this context, the present work had as objective to
perform an evaluation on the reverse logistics of waste tires in Humaitá-AM in order to
contribute to the formulation of future actions and policies aimed at the environmentally
correct destination of these wastes in the municipality. Therefore, a questionnaire with twelve
questions was elaborated for the owners of the main establishments of the tire branch in
Humaitá. Additionally, a second questionnaire with seven questions was elaborated with the
purpose of analyzing the perception and positioning of the Public Power in relation to the
thematic of the research. The results showed that the greater part of the respondents stated that
they were not aware of tire legislation and did not practice reverse logistics of waste tires in
their projects. The Public Power, in turn, in dissonance with CONAMA Resolution 416/2009,
performs the collection, transportation and improper disposal of waste tires. Therefore, the
tires represent an environmental liability in Humaitá-AM. Therefore, it is necessary to
propose and apply awareness and inspection actions regarding CONAMA Resolution
416/2009 in the municipality.
INTRODUÇÃO
Nas últimas décadas, a crescente geração de resíduos sólidos bem como a sua
inadequada disposição final tem se tornado uma das grandes preocupações da sociedade, visto
que o acúmulo desses materiais no meio tem resultado em uma série de danos sociais,
econômicos e ambientais ao ecossistema (CALDAS, 2007).
Dentre os diferentes tipos de materiais, os pneus têm ocupado papel de destaque no
âmbito das discussões relacionada à problemática dos resíduos sólidos (GARDIN et. al.,
2010). Segundo Greca e Morilha (2003), os pneus inservíveis constituem um passivo
ambiental, que resulta em sério risco ao meio ambiente e à saúde pública, tendo em vista suas
peculiaridades de durabilidade, quantidade, volume e peso.
A partir da constatação acerca dos riscos relacionados aos pneus inservíveis, tem-se
notado que diversas estratégias passaram a ser engendradas visando atenuar os seus efeitos
adversos. Neste sentido, destaca-se a promulgação da Resolução 416, de 30 de setembro de
2009, do Conselho Nacional do Meio Ambiente (CONAMA) que dispõe sobre a prevenção à
degradação ambiental causada por pneus inservíveis e sua destinação ambientalmente
adequada, e dá outras providências.
A Política Nacional de Resíduos Sólidos, instituída pela Lei 12.305 de 2 de agosto de
2010, também se configura em outra importante ferramenta voltada a mitigar a problemática
dos pneus. A partir da publicação desta lei, todos fabricantes, importadores e comerciantes de
pneus, e outros materiais, passaram a ser obrigados a estruturar e implementar sistemas de
logística reversa, mediante retorno dos produtos após o uso pelo consumidor, de forma
independente do serviço público de limpeza urbana e de manejo dos resíduos sólidos.
É plausível afirmar que ambos instrumentos legais têm, em linhas gerais,
impulsionado uma maior discussão acerca dos pneus inservíveis e permitido relativos avanços
acerca deste tema no Brasil. Contudo, em grande parte do país, esse passivo ambiental ainda
representa uma série ameaça a qualidade do meio ambiente e à saúde pública.
Na cidade de Humaitá-AM, por exemplo, a ausência de um Plano Municipal de
Gestão Integrada de Resíduos Sólidos aliado ao significativo crescimento de sua frota de
veículos, e por conseguinte aumento do número de pneus no município, representa um sério
risco à salubridade ambiental e à saúde da população. De acordo com dados do Departamento
Nacional de Trânsito (DENATRAN), em dezembro de 2012 a frota de Humaitá-AM estava
estimada na ordem de 2743 veículos, sendo uma das mais expressivas do estado do
Amazonas.
Diante do exposto, o presente trabalho tem como objetivo realizar uma avaliação sobre
o sistema de logística reversa de pneus inservíveis em Humaitá-AM, indicando suas
principais características bem como seus desafios, e assim contribuir para a formulação de
futuras ações e políticas voltadas a destinação ambientalmente correta desses resíduos no
município. Dentro dessa perspectiva, o estudo contempla uma sistemática revisão teórica
sobre a importância da logística reversa, impactos, destinação e legislação de pneus
inservíveis; apresentação e discussão dos questionários aplicado nas revendas, borracharias e
órgão da Prefeitura de Humaitá com a finalidade de alcançar os objetivos traçados na pesquisa
e, por fim, expõe algumas considerações finais acerca da temática do trabalho.
1 FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
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1.1 IMPORTÂNCIA DA LOGÍSTICA REVERSA
O pneu possui papel fundamental e indiscutível na vida diária das pessoas, tanto no
transporte de passageiros como no transporte de cargas. Esse papel torna-se ainda mais
importante nos países em desenvolvimento, como o Brasil, onde o transporte de bens é feito,
em sua grande maioria, por caminhões e carretas (SPECHT, 2004). No entanto, o pneu
também pode desencadear uma série de efeitos adversos no ecossistema quando o mesmo é
considerado inservível e não recebe uma destinação final ambientalmente correta.
Segundo o CONAMA (2009), os pneus inservíveis são aqueles que apresentam danos
irreparáveis em sua estrutura não se prestando mais à rodagem ou à reforma. Em relação aos
impactos ambientais dos pneus, Nohara e outros (2006) destacam que, mesmo classificados
no grupo de resíduos inertes – os que, em tese, representariam menor grau de periculosidade
ambiental – os pneus ocupam papel de destaque na discussão dos seus impactos reais sobre o
meio ambiente e a sobre saúde pública.
De acordo com Spreafico e outros (2012), apesar de proibido por lei, o descarte
indiscriminado de pneus na natureza ainda é recorrente no Brasil. A prática é comum,
principalmente em grandes centros urbanos que não cresceram de forma planejada e
ordenada. Nestes locais, por falta de infraestrutura ou mesmo instruções à população, os
pneus são jogados em lixões, aterros, lagos, rios e córregos, causando impactos negativos ao
meio ambiente, tais como contaminação do solo, através de liberação de substancias tóxicas,
enchentes e em alguns casos, surgimento de doenças, tais como a dengue e leptospirose.
De acordo com Souza (2009) a queima dos pneus também representa uma ameaça de
contaminação ao solo e aos lençóis freáticos, uma vez que os produtos químicos tóxicos e os
metais pesados liberados pelo pneu em sua combustão podem durar até 100 anos no meio
ambiente. Muitas vezes os pneus são jogados em córregos, lagos ou rios, o que provoca a
diminuição da calha desses locais que consequentemente ficam mais passíveis a enchentes,
causando inundações às vias e residências próximas, além das doenças eminentes a este tipo
de situação. Adicionalmente, a queima de pneus sem nenhum tipo de tratamento ou filtro da
fumaça emitida que libera substâncias altamente tóxicas, que podem representar riscos de
mortalidade prematura, deterioração das funções pulmonares, problemas do coração,
depressão do sistema nervoso e central.
Outra grande preocupação acerca dos pneus inservíveis refere-se à sua disposição em
aterros sanitários. Souza (2009) afirma que essa prática não é recomendada devido a forma e
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composição, dificuldade de compactação decomposição e redução na vida útil do aterro. Os
pneus podem reter ar e gases em seu interior, fazendo com que o pneu tenda a ir para a
superfície do aterro (como um balão) quebrando, assim, a camada de cobertura. Com uma
rachadura nessa camada, os resíduos se tornam expostos, novamente atraindo insetos,
roedores e pássaros, e permitem que os gases escapem sem controle. Além disso, o pneu é um
caminho, também, para que a água das chuvas entre, produzindo uma quantidade maior de
chorume.
legal (CIMINO, 2004; KAMIMURA, 2002). Por outro lado, Mattioli e outros (2009)
destacam que em alguns casos, faz-se necessário o controle de eventuais emissões de
poluentes atmosféricos, o que muitas das vezes é apresentado como uma desvantagem dessa
técnica.
Outra alternativa de destinação final dos pneus inservíveis é a desvulcanização,
também conhecida como regeneração. Neste processo a borracha é separada dos demais
componentes e desvulcanizada, passando por modificações que a torna mais plástica e apta a
receber nova vulcanização, mas sem as mesmas propriedades da borracha crua. (OLIVEIRA;
CASTRO, 2007).
Os produtos do processo de desvulcanização podem ser reaproveitado para a produção
de novos artefatos – tapetes, pisos industriais, quadras esportivas, sinalizadores de trânsito,
rodízios para móveis, rodos domésticos, tiras para indústria de estofados, câmaras de ar etc.
(BONENTE, 2005). Mattioli e outros (2009) enfatizam que a produção de artefatos de
borracha por meio dos pneumáticos inservíveis é cada vez maior no Brasil e tem como
vantagens a destinação adequada aliada à inclusão social e geração de renda.
Conforme visto acima, várias são as possibilidades de destinação de pneus inservíveis,
no entanto para Oliveira e Castro (2007) a solução mais promissora para os pneus inservíveis
é fazer o pneu velho voltar para as estradas. Mas sob a forma de asfalto. Os pesquisadores
descobriram que era possível adicionar à composição asfáltica um percentual de borracha de
pneu triturada. A medida aumenta em mais do que o dobro a durabilidade do asfalto. Os
fabricantes do asfalto-borracha prometem ainda outros benefícios, como uma maior aderência
e a redução sensível dos ruídos de atrito. Apesar de ter preço de mercado 30% acima do
convencional, o asfalto-borracha, segundo seus fabricantes, vale o investimento, porque chega
a durar até três vezes mais, dependendo das condições climáticas e da carga de tráfego nas
rodovias.
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2013). No âmbito da problemática dos pneumáticos, destaca-se que no final dos anos 90, mais
especificamente em 1999, foi publicada a resolução do CONAMA que introduziu o princípio
da responsabilidade do produtor e do importador pela destinação final ambientalmente
adequada de pneus. Em 1999 foi aprovada a Resolução nº 258/99 do CONAMA (Conselho
Nacional do Meio Ambiente) que instituiu a responsabilidade do produtor e do importador
pelo ciclo total do produto, ou seja, a coleta, o transporte e a disposição final. Desde 2002 os
fabricantes e importadores de pneus devem coletar e dar a destinação final para os pneus
usados. Os distribuidores, revendedores, reformadores e consumidores finais são
corresponsáveis pela coleta dos pneus servíveis e inservíveis, os quais devem colaborar com a
coleta (PARRA et. al., 2010).
Evidentemente, a promulgação de uma legislação específica representou um
significativo avanço na tentativa de mitigar os efeitos adversos dos pneus no Brasil. No
entanto, a partir deste ponto, reconheceu-se também que algumas lacunas ainda deveriam ser
preenchidas. Por essa razão, a Resolução CONAMA nº 258/99 entrou em revisão em 2006
pelo IBAMA e em setembro de 2009 foi aprovada a Resolução CONAMA nº 416/09,
substituindo a resolução anterior (BRASIL, 2009).
Conforme ressaltado por Parra et. al. (2010), a Resolução CONAMA nº 416/09 tem
como base a Resolução CONAMA nº 258/99, porém com algumas alterações e acréscimos,
para uma melhor destinação, pontos de coleta e centrais de armazenamento que tem como
responsáveis os próprios fabricantes e importadores, visando uma melhor logística da
destinação.
Além da abordagem direta acerca da instalação obrigatória de pontos de coleta de
pneus em municípios com mais de cem mil habitantes, Silva Filho (2010), apud Brasil (2009)
considera como um avanço no setor a logística reversa, a responsabilidade compartilhada e o
princípio da hierarquia na gestão. Por outro lado, o autor, cita como negativo o fato da lei não
indicar as fontes de recursos para custear as mudanças, nem aponta as linhas de
financiamento, benefícios econômicos e fiscais para o setor. Ainda de acordo com o autor,
deve-se realizar um detalhamento para a implementação da logística reversa na prática,
responsabilidade compartilhada e os acordos setoriais.
2 METODOLOGIA
3 RESULTADOS E DISCUSSÕES
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A respeito do armazenamento de pneus inservíveis, o artigo 10 da Resolução
CONAMA 416/2009 apregoa que o armazenamento temporário deste resíduo deve garantir as
condições necessárias à prevenção dos danos ambientais e de saúde pública. Segundo dados
da pesquisa, os pneus inservíveis, após serem o recolhidos por parte dos proprietários dos
estabelecimentos, são dispostos no pátio ou em depósito coberto e arejado até o momento do
seu recolhimento pelos caminhões da Prefeitura. Salienta-se que o adequado armazenamento
dos pneus é de extrema importância, visto que esse material pode servir de abrigo para
procriação de vetores de inúmeras doenças, tais como a dengue e a leptospirose, por exemplo
(SANTOS et. al., 2002; MANO et. al., 2005; SOUZA, 2009; PARRA et. al., 2010).
Conforme observado anteriormente, não são todos os estabelecimentos que dispõe de
um lugar adequado para armazenar os pneumáticos. Uma parte dos entrevistados afirmam que
dispõe os pneus inservíveis na calçada para posterior coleta dos mesmo pela prefeitura.
Acerca dessa prática, Spreafico e outros (2012) destacam que o armazenamento dos pneus
inservíveis junto à calçada não é correto, pois ocasiona poluição visual podendo acarretar
acidentes por obstrução das ruas, avenidas e passeio, e bem como nos períodos de chuvas
criarem mosquitos da dengue, endemia local.
Tendo em vista a importância da coleta de pneus inservíveis dentro do sistema de
logística reversa, buscou-se avaliar junto aos entrevistados o seu grau de disponibilidade
quanto à questão do recebimento voluntário dos pneus inservíveis em seus estabelecimentos.
Cerca de 62,28% (sessenta e quatro vírgula vinte e oito por cento) dos pontos de comércio de
pneumáticos afirmaram que se um consumir se propor a devolver um pneus inservíveis no seu
ponto receberia o material espontaneamente. Por outro lado, os demais 35,72% (trinta e cinco
vírgula setenta e dois por cento) dos entrevistados declaram que não aceitaria os pneus
inservíveis em seu empreendimento e indicaria outro local para seus clientes acondicionar
temporariamente esse resíduo.
Uma das razões mais citadas pelos proprietários para justificar sua indisponibilidade
quanto ao recebimento espontâneo de pneus inservíveis refere-se a falta de um local adequado
para essa finalidade. Neste mesmo sentido, Spreafico e outros (2012) ao realizar um
diagnóstico da logística reversa de pneus inservíveis na região norte do Ceará também
observaram que grande parte das borracharias e demais pontos de revendas de pneumáticos
não dispunham de um local próprio para armazenar provisoriamente os pneus inservíveis e,
portanto, não realizavam a disposição voluntária destes resíduos nos estabelecimentos. A
partir desta constatação nota-se que uma parcela dos comerciantes de pneus ainda não se
considera parte integrante do sistema logística reversa dos pneumáticos comercializados. Esse
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Humaitá, o que torna a questão dos pneus inservíveis um passivo ambiental recorrente no
município.
A destinação dos pneus inservíveis deve ser realizada de modo a evitar danos ou riscos
à saúde pública e à segurança bem como deve priorizar a mitigação dos impactos ambientais
adversos. Paradoxalmente, segundo dados obtidos neste trabalho, cerca de 57,14% (cinquenta
e sete e quatorze por cento) dos entrevistados disponibilizam seus resíduos pneumáticos para
ser coletado pela Prefeitura de Humaitá e posteriormente serem transportados e dispostos no
lixão municipal. Esse cenário representa um sério risco à saúde pública e ao meio ambiente,
pois pode favorecer o surgimento e proliferação de doenças e causar a poluição da água, o ar e
solo (MANO et. al., 2005; SOUZA, 2009).
Com relação a destinação dos pneus inservíveis nos demais estabelecimentos
analisados, constatou-se que cerca de 7, 14% (sete vírgula quatorze por cento) dos
entrevistados afirmam realizar a recapagem, outros 7, 14% (sete vírgula quatorze por cento)
asseguram que uma parte do resíduo é coletado pela prefeitura e a outra é destinada a defesa
de embarcações. A opção de dispor os pneus inservíveis sob uma cobertura de solo ou a
queima do mesmo foi relatada por outra 7, 14% (sete vírgula quatorze por cento) e 21,42%
(vinte e um vírgula quarenta e dois por cento) relatam não ter conhecimento sobre destinação
dos pneus comercializados em seus pontos.
Conforme pode ser constatado acima, as principais estratégias de destinação final dos
pneus inservíveis observadas em Humaitá não são compatíveis com as diretrizes gerais
preconizadas na Resolução CONAMA 416/2009, visto que essas formas de disposição final
não inibem, por exemplo, o abandono ou lançamento dos pneus em corpos d’água, terrenos
baldios ou alagadiços, a disposição em aterros sanitários e a sua queima a céu aberto.
Ressalta-se que todas as últimas formas de disposição final dos pneus inservíveis citadas
anteriormente são vetadas no art. 15 da Resolução CONAMA 416/2009.
Ao realizar uma análise sobre as tecnologias de destinação final de pneus inservíveis
praticadas pelas principais empresas do Brasil e que são citadas no Relatório de Pneumáticos
do IBAMA, percebe-se que praticamente nenhuma dessas medidas é realizada no município
de Humaitá (IBAMA, 2012). Sabe-se que tais tecnologias são amplamente aceitas pelos
órgãos ambientais competentes ao passo que as práticas de disposição final de pneus
inservíveis verificadas em Humaitá não estão em conformidade com a Resolução CONAMA
416/2009. Sendo assim, nota-se que essa temática ainda necessita avançar bastante no sentido
de garantir uma destinação final ambientalmente correta dos pneumáticos em Humaitá-AM.
Durante a pesquisa foi possível evidenciar que a maioria (64,29%) dos
consumidores/clientes finais de pneus não questionam acerca da destinação final deste
material. Somente 35,71% (trinta e cinco vírgula setenta e um por cento) dos consumidores
realizam algum questionamento sobre a questão da disposição final dos pneumáticos
comercializados nos pontos de revenda. Notou-se também que todos os revendedores de
pneus têm ciência sobre pelo ao menos um dos efeitos adversos deste material. Os principais
impactos negativos apontados pelos revendedores foram o aumento da poluição do meio
ambiente, surgimento e proliferação da dengue, abrigo para roedores e vetores de doenças e
obstrução de parte do sistema de drenagem urbana (boca de lobo). A partir do exposto acima,
é possível observar que, embora essa temática seja de extrema importância para a sociedade, a
população e os comerciantes ainda não estão devidamente sensibilizados e conscientes para
participar adequadamente do sistema de logística reversa de pneus. Diante disso, faz-se
necessário uma melhor orientação entre os diferentes segmentos envolvidos nesta temática.
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demais onze entrevistados afirmam não ter ciência de nenhum instrumento legal referente aos
pneumáticos. Outro dado importante notado nesta pesquisa refere-se à ausência de orientação
por parte do Poder Público. Segundo informações da Secretaria Municipal de Meio Ambiente
e Turismo (SEMATUR) de Humaitá, a Prefeitura não realiza ações específicas voltadas à
conscientização para a destinação correta dos pneus inservíveis. Sabe-se que o dever de
estruturar e implementar a logística reversa cabe aos fabricantes e importadores de
pneumáticos. Entretanto, é importante destacar que as ações de educação ambiental por parte
do Poder Público sobre essa temática poderiam contribuir bastante para mitigar os efeitos
adversos dos pneus na cidade de Humaitá. Além disso, a atuação do Poder Público
fortaleceria algumas campanhas importantes relacionadas à questão dos pneumáticos, tais
como a campanha da Vigilância Sanitária contra a dengue.
CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS
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