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NY eee Pprefacio Desamparo, acolhimento e parentalidade: praticas psicanaliticas ético-politicas junto ainfancia Miriam Debieux Rosa O livro Desamparo, acolhimentos e adogées: escutas psicanaliticas, organizado pelas psicanalistas Marcia Regina Porto Ferreira, Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi e Cynthia Peiter, reine praticas psi- canaliticas ético-politicas junto a infancia e adolescéncia, a maior parte das quais construida no Nucleo Acesso — Estudos, Interven- Goes e Pesquisa sobre Adocao, da clinica psicoldgica do Instituto Sedes Sapientiae. O Nucleo visa colocar o referencial e a pratica da psicandlise a servigo de criancas e adolescentes que tiveram rompi- dos os laos com suas familias de origem, vivendo com suas familias Ressalta-se no livro 0 compromisso coma infancia, mais parti- Cularmente a infancia que vive um|duplo desamparo} 0 constituinte do sujeito daquele promovido no lago.social.que nia cumpre sua funcao de investimento no recém-chegado, especialmente quando i, >) 10 PREFACIO e refere a criangas & adolescentes vindos das camadas 1s periféricas se SS jos marcadores sociais de classe ef; da sociedade € assimilados a iais de classe e rata, O.desamparo,é uma experiéncia estruturante do sujeito, relacio- idados de outrem no inicio da D da vida nada coma dependéncia dos ct ecoma vivéncia da sua auséncia ou da falta de eamparo, O SUjcito se protetoras a partir do « do des constitui tecendo borda io do’ outro e da transmissio da cultura recebida pela via da linguagem, Sao bordas que protegem’ do desamparo, marca sempre presente, remetendo & dimensao trigica da existéncia, ao-real de sua falta-a-ser, que é reat vada e revivida quando sao retiradas as coordenadas simbélicas que sustentam 0 sujeito, suscitando a angustia ea sidera¢do traumatica. A dimensao constitutiva do desamparo soma-se Fameaca perma- nente promovida no lago social quando o_lugar ocupado retira do sujeito a possibilidade de partilhar os bens materiais e culturais da sociedade e abre para a destituico dos seus direitos basicos. Este livro é bastante relevante, pois os autores preocupam-se discurso eo lugar social ocupado pelo-sujeito-na polis) bem como 0s enunciados sociais e juridicos, 0 romance familiar, 0 discurso da crianga e o de seus pais. Nessa medida, considera o expressivo desamparo social em nosso pais, pautado pela desigualdade social e racial. Mais ainda, faz proposigoes efetivas de acolhimento das crian- gas e dos adolescentes que sofrem por rupturas no laco parental e social. Nesse contexto{@ revigoracao da parentalidad@ independen- temente da modalidade de configuracao familiar que se apresente, € ponto de resistén: ia micropoliti 0 ao avango de tais processos de desamparo social. Tanto a reiterago do desamparo social « [quanto © efetivo acolhimento dependem do lugar politico-libidinal reser- vado a crianga. As instituigdes e 0 Estado podem promover mais desamparo quando, como exposto em alguns dos capitulos, seguem_ OS passos da biopolitica € naturalizam a arbitrariedade; em vez de em construir modalidades clinico-politicas que levem em conta 0 gy £ Visa eternizd-la n; je falada, we Es Ww ae RRL 6 Ml DESAMPARO, ACOLHIMENTOS E ADOGOES cuidados e educacio, culpabil m, patologizam ou criminalizam_ acrianga ou 0 adolescente em desamparo. Nos contextos das experigne’ as relatadas no livro, cujas traje- torias ndo correspondem ao ideal social, os autores poem em ana- lise os discursos sobre a crianga eo adolescente que perpassam as es de acolhimento, Tais discursos, historicas e politico-sociais, tm implicagdes equipes profissionais e nas experiéncias sul institui frutos de construgGes diretas nas praticas das bjetivas. Na contramao do desamparo social, 0 livro apresenta atos cli- nico-politicos que insistem na construgao de um territério de aco- a nas instituigdes socioeducativas, lhimento, sej de construcao da parentalidade na adogio, Posicao de pertinéncia para ac direitos. Agamben (2005) pro muda” da infancia marca os li seja no trabalho a fim de reinstaurar a Tanga como sujeito de desejo ede Pde a nogao de que a “experiéncia *) | ; a | mites do campo da linguagem, bem i como explicita o modo como um Sujeito p. Presenca do outro no corpo ena lingua. a experiéncia, se nao houvesse um: a lingua seria um ‘jogo; ode advir e inscrever a Afirma que “se nao houvesse ‘a infancia do homem, certamente Cuja verdade coincidiria com o seu uso cor- {£10 segundo regras gramaticais”(p. 62) Q infantil seria essa “patria transcendental da histéria” (p. 65) Scus atempor que institui o ponto de abertura Psicanilise, o inconsciente, © » OU Seja, esse locus atemporal para o singular da enunciacio - na A logica/violéncia de impor discursos generalizantes 4 crianga @ posigao infantil daquela que nao fala,ymas é quando nao ignorada e invisibilizada para melhor d minar € controlar, instituindo, se possivel, a mera via nua, sem valor so € descartavel. E nesse ambito que se instituem modos de exercicid, do poder que abalam a poténcia da experiencia compartilhada, ”\, Concebidas assim, infancia e experiéncia Constituem pressupos- {08 éticos que dizem respeito aos dominios da politica ( as 0 lago com os | } i We 12 PREFACIO outros) e da cultura (a relagdo como outro). Os atos lini iCO-Polit cog bidos, localizar og © politi visam justamente desnaturalizar olhares Preconce| diversos discursos e seu campo de forgas histéricas 9 campo lingua. a construgao da histo do seu tempo, dizendo, ao modo de Agamben (2005), do es, s geiro onde 0 outro nao sé fala como permite ; a curo do seu tempo. Assim, sao as experiéncias e os atos com € no cam ; A : po social - trabalho que opera na contramio do discurso hegemonic , ; _ 2 e discriminatério da sociedade brasileira - que permitem romper exilios ¢ exclusdes naturalizados, bem como a degradacao do ourrg a condicao de objeto descartavel. Tal trabalho exige estratégias inovadoras e é necessariamente coletivo, temas trazidos nos varios capitulos do livro. Um dos que aborda diretamente 0 tema é 0 capitulo de Celina Giacomelli;que destaca a construgao- coletiva.do singular por meio da montagem de dispositivos grupais de discussao de casos. Desse modo, ela sus- tenta, da-se suporte as angustias e aos sentimentos de impoténcia do analista advindos da escuta no trabalho com a adogao, em que perpassam relatos de violéncias e violagdes dos direitos da crianga.O delineamento do caso na dimensao social e na poténcia do singular torna possivel criar novas alternativas. A importancia do coletivo também é central no capitulo “Instalagées clinicas: direito ao ter- Titério e estratégias de cuidado”, desta feita na escuta de filhos de militantes de movimentos sociais por moradia, opondo-se a crimi- naliza¢do do suposto “monstro desabrigado” presente no discurso social. Marilia Franco e Silva Velano e Silvia Lopes de Menezes escrevem sobre o desafio e a invengao das instalagées clinicas, nome emprestado do “valor heuristico do conceito de insta 6 13 DESAMPARO, ACOLHIMENTOS E ADOGOES A importancia das equipes das instituigdes e de sua inclusdo.na invengio de dispositivos clinicos e coletivos est presente nos capi- tulos que tratam da const Tucao da parentalidade diante das rupturas que precipitam vivéncias traumaticas di je abandono e desamparo, bem como do trab alho de construir e ressignificar a parentalidade para propiciar o acolhimento ea adogao das criangas. A construgio da parentalidade no processo de adogio, questo que tem atraves- samentos importantes na realidade social brasileira marcada pela desigualdade, é tema relevante do Ponto de vista subjetivo, fami- liar e social, na medida em que atribui um lugar para a crianga no lao social, nas malhas discursivas e desejantes. Entendemos que lugares discursivos em que com- is, sociais e Politicos, Tais lugares S0 instituidos por uma fungio simbélica, que supée atribuir a um acontecimento real ~ 0 nascimento de um Sascn Cursivos ~ a parentalidade, » mas bastante condizente com a realidade de criangas e jovens Periféricos no Brasil, A construgao da Parentalidade, Entre as disposigdes juridicas, subj Opera em milltiplos fios, Os capitulos sobre esse tema nos descor- tinam diferentes Angulos do processo, De um lado, Processo de adocio assombradas pelas vivenci que se concretiza no cruzamento. ictivas e intersubjetivas da adogio, as criancas em ‘as traumaticas, mas ewer nl, 14 pREFACIO ainda assim avidas por const tir paves lagos, como nos apresent Camila Deneno Perez. De outro, estio as idealizagées, fantasiag ambivaléncias de pretendentes a adogio que he apresentam Camila Deneno Pere?, Débora Gaino Albiero, Maring Galacini Massari e Saulo Aratijo Cunha, propondo um dispositive coletivo de construgao & ressignificagio das parentalidades, Facetas ais e pouco abordadas usualmente estéo também NOs capitu- Ges & origin: Jos sobre o pai, de Sandra Ungaretti, e sobre a relag: {aria Luiza de Assis Moura Ghirardi. fraterna na adogio, de M Outro tema central do livro refere-se a criangas e adolescentes com longo periodo de acolhimento pelo Estado e as modalidades de desacolhimento. Cristina Banduk Seguim aborda 0 que significa crescer na institui¢do e as relagdes que se tecem entre criangas e adolescentes os adultos/funciondrios/pais responsaveis pelos seus cuidados. Considera que o grande desafio nas instituigdes de aco- lhimento ¢ garantir no ambiente coletivo um espaco para o singular que reconhega os tracos préprios, a forma de ser e de se relacionar da crianga. O desacolhimento por maioridade expde um fracasso que nos remete ao tempo da permanéncia na instituigdo e, em geral, a falta da necessaria inser¢do na rede territorial e comunitdria. 0 capitulo sobre esse tema é fruto da dissertagao de Mariana Belluzzi Ferreira. Problematiza as repetidas situagdes de desprotegao e violéncia pre- sentes no processo de desacolhimento institucional de adolescentes por maioridade, debatendo, a partir da-psicandlise, a politica publica de assisté ia social. Trabalha com equipes de profissionais para redimensionar sua tendéncia a atribuir responsabilidade exclusiva ao adolescente Pelo fracasso do desacolhimento, nao sé reiterando a eee atores sociais envolvidos, como também s da politica publica. 6 15 DESAMPARO, ACOLHIMENTOS E ADOGOES Marcia Regina Porto Ferreira nos apresenta uma experiéncia alternativa para as criangas institucionalizadas: 0 apadrinhamento afetivo, desenvolvide no Niicleo Acesso. O apadrinhamento aposta em uma forma de lago social e expresso de amor que nao neces- sariamente se espelhe na familia nuclear, a qual pode vir a ganhar legitimidade no imaginério social, uma vez que amplia os repert5- rios de lagos sociais e amorosos possiveis para esses jovens e também os repertorios e as ofertas da comunidade em geral. Enfim, narrar é preciso, nos lembra o artigo de Cynthia Peiter. A histéria Pregressa da crianca adotiva costuma trazer embaracos e certo mal-estar, pro- duzindo siléncios enigm icos, especialmente considerando.que a adogao em nosso pais esté permeada de mistérios e pesares. A autora destaca que a crianga é, ela mesma, um documento de sua historia, “escrita” em linguagem inacessivel ou irrepresentada, Analisa os Albuns narrativos como um dos dispositivos da clinica psicanalitica, Proposta como espaco de construcao de narrativas capazes de trazer significacdo Aquilo que ressurge sintomaticamente de narrativas historicas em diferentes dimensdes. Nessa diregdo estd a narrativa do processo de desmedicalizagio de uma crianga acolhida, de Marina Galacini Massari e Maria Cris- tina Gongalves Vicentin. Elas criticam a medicalizacao das vidas, os diagndsticos e os tratamentos que calam os sujeitos, suas relagdes e nal esta a servigo do cuidado ou do controle da ¢ crianga, Propoem acompanhar a trajetdria de uma crianga acolhida como dispositivo que permite observar o modo como os discursos profissionais ope- ram e produzem marcas na subjetividade de quem é objeto de sua enunciagao, O caso narrado evidencia uma historia de resistencia aos discursos medi antes na medida em que contou com uma equipe que se propos a desestabilizar 0 que parecia produit assu- jeitamentos, para ativar processos de subj Wvagao que constituissem 16 PREFACIO novas possibilidades de vida. A contengio que anulava . A “ cor crianca pode, aos poucos, ceder espago para aly: COrPO da Ga P P PAGO para algo que o Contornage ~Thasse, O livro, com suas narrativas de experiéncias e elabor, jami aboracée: remete a Benjamin (1994) quando este afirma quea oy We nos ; we i" stori objeto de uma construgao cujo lugar ndo éum tempo hom ma é ‘ogéneo e vazio, mas um tempo saturado de ‘agoras”, isto 6, “tepleto d le atua. s lidade” (p. 229). Ele usa a expresso “escovar a histéria : ‘ Contrapely” quando escreve sobre aquilo que nao esta relatado nos registros rompendo siléncios e traz: onto ei 8 oficiai: nos documentos ofic Jo elementos da historia dos oprimidos. Trata-se, portanto, de um livro atual e contemporaneo. Atual como Gagnebin (2008) propée, porque permite a ressurgéncia intempestiva de um elemento ocultado, esquecido dird Proust, recalcado dird Freud, do passado no presente - 0 que também pressup6e que o presente esteja apto, disponivel, para acolher esse ressurgir, rein- terpretar a si mesmo e reinterpretar a narrativa de sua historia a luz sibita e inabitual desse emergir. (p. 81) Contemporaneo pois, como diz Agamben (2009), “contempo- raneo é aquele que mantém fixo o olhar no seu tempo, para nele perceber nao as luzes, mas 0 escuro” (p. 62). No escuro esta o que nao é evidente, estao os nao ditos que permitem romper natura- lizagées e reler fatos tidos como dbvios e corriqueiros. Assit ser contemporaneo é ser um tanto estrangeiro em seu proprio tempo, posicao por exceléncia do psicanalista. DESAMPARO, ACOLHIMENTOS E ADOGOES — 17 Referéncias Agamben, G. (2002). Homo sacer: © poder soberano e a vida nua (Vol. 1). Belo Horizonte: itora da UFMG. Agamben, G. (2005), Infancia e histéria: destruigdo da experiéncia e origem da histéria, Belo Horizonte: Editora da UFMG. Agamben, G. (2009) - O que éo conlempordneo e outros ensaios. Chapecé: Argos. Benjamin, W. (1994). Magia e técnica, literatura e histéria da cultura ( (Série Obras Escolhidas) arte e politica: ensaios sobre ‘Vol. I). S40 Paulo: Brasiliense. Gagnebin, J. M. (2008). Documentos da cultura/documentos da barbarie. Revista Ide: Psicandlise e Cultura, 31(46), 80-82. Lacan, J. (2003). Notas sobre a crianga. In Outros escritos (pp. 369- 70). Rio de Janeiro: Jorge Zahar. Introducio Cynthia Peiter Marcia Regina Porto Ferreira Maria Luiza de Assis Moura Ghirardi Este ano completamos 26 anos de existéncia, insisténcia e resisténcia. Nada melhor para celebrar que lancarmos este livro, que, esperamos, contribua para que outros sejam escritos. Pode valer a pena contar como foi dificil para nés, organizadoras desta coletanea de produgées escritas sobre a clinica psicanalitica realizada no Niicleo Acesso do Instituto Sedes Sapientiae, comegar- mos a escrever esta introdugao. Até onde conseguimos entender, a riqueza dos trabalhos muito contribuiu para o adiamento de nossas palavras, porque nos colocou em uma prazerosa posi¢do contemplativa e admirada. Em tempos de pandemia e de dor-pais, como diria Silvia Bleichmar, extre- mamente gratificante depararmos com tao potentes praticas sendo transmitidas pela escrita. Um jeito insuficiente de apresentar esta coletanea de escritos sobre nossa clinica seria dizer que colocamos nossa escuta para aqueles que se encontram sem familia e, a partir de 2018, também para os sem-terra e sem-teto. Em vez disso, sustentamos a ideia de que a clinica que realizamos tem aver con itG ring eet SUititos em.b, de lugares: familia, teto, terra, territérios de Pert forma, a narrativa transforma a avas Tae, Paro diante de nece: dades primari, Levando muito a sério no: escritas e escutas estigmatizantes e dessubje truido dispositivos que nos defendam de cair tico, de ficar fixados e identificados exatamente nessag falt mentais e de ser capturados Por discursos Perversos que nate wines a violéncia. E um dos valiosos dispositivos é exatamente a en No livro anterior, Lagos e rupturas: leituras Psicanaliticas soby, . i instituci 5 adogao eo acolhimento institucional (Escuta, 2016), JA tinhamos dito isso. Escrever é preciso, para inscrever 0 que pode ficar vagando e fazendo ruido em nossos atendimentos, » temos Cons. NO fascinio do trauma. Mas muitos outros dispositivos sao construidos no Nucleo Acesso para cuidarmos de nés e melhor cuidarmos de nossos Pacientes. Achamos absolutamente fundamental buscarmos coletiva € permanentemente pela teoria, permeando nosso fazer clinico com mediadores simbdlicos que nos ponham numa saudével distancia do desamparo que a todos assombra e que nossos-pacientes tio escancaradamente expressam. E é ai que encontramos 0 estrangeiro, 0 de fora, que nos salva e nos alimenta. Miriam Debieux Rosa, que honrosamente prefacia nosso livro, ¢ uma consagrada referéncia por sua longa produgao, mas em particu- lar por sua escrita sobre A clinica psicanalitica em face da dimensdo _sociopolitica do sofrimento (Escuta, Fapesp, 2016) e as Historias que ndo se contam (Casa do Psicélogo, 2009). 5. 5 7 uma No posfacio deste nosso livro, também contamos com : i judar valiosa colaboradora, a quem temos recorrido para nos aj a isd : Maria Rita Kent. pensar alguns casos em supervisdes e eventos: Maria R 20 inrRopugAo de que a clinica que realizamos tem a cli AMOS teM a ver com Sujcitos. em, de lugares: familia, teto, terra, territérios de pei forma, a narrativa transforma a avassaladora falt paro diante de necessidades prima Levando muito a sério nosso temor de Teproduzirmos f, 1 7 falas, antes, temos cons. 10 fascinio do trauma. € nessas faltas funda. Perversos que Naturalizem os é exatamente a escrita, No livro anterior, Lagos e rupturas: leituras Psicanaliticas sobre adogao e 0 acolhimento institucional (Escuta, 2016), jd tinhamos dito isso. Escrever é preciso, para inscrever 0 que pode ficar vagando e fazendo ruido em nossos atendimentos. escritas e escutas estigmatizantes e dessubjeti truido dispositivos que nos defendam de cair ni tico, de ficar fixados e identificados exatament mentais e de ser capturados por discursos a violéncia. E um dos valiosos dispositiv Mas muitos outros dispositivos so construidos no Nucleo Acesso para cuidarmos de nés e melhor cuidarmos de nossos Pacientes. Achamos absolutamente fundamental buscarmos coletiva € permanentemente pela teoria, permeando nosso fazer clinico com mediadores simbdlicos que nos ponham numa saudavel distancia do desamparo que a todos assombra e que nossos-pacientes tio escancaradamente expressam. Eéai que encontramos 0 estrangeiro, 0 de fora, que nos salva e nos alimenta. Miriam Debieux Rosa, que honrosamente prefacia nosso livro, & uma consagrada referéncia por sua longa produgao, mas em particu- lar por sua escrita sobre A clinica Psicanalitica em face da dimensdo Sociopolitica do sofrimento (Escuta, Fapesp, 2016) e as Historias que ndo se contam (Casa do Psicélogo, 2009), . “No posficio de Ste nosso livro, também contamos com uma valiosa colaborado ra, a quem temos recorrido para nos ajudar a Pensar alguns casos em supervisdes e eventos: Maria Rita Kehl. DESAMPARO, ACOLHIMENTOS E ADOGOES — 21 Inevitivel buscar com ela didlogos sobre aquilo que narra em seu Bovarismo brasileiro (Boitempo, 2018), a clinica psicanalitica junto a militantes do Movimento Sem Terra (MST). Agradecemos a todos os parceiros que de forma direta ou and- nima nos ajudaram a tornar esta produgio uma realizagao.

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