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Aula 04
Aula 04
AULA 4
CONTEXTUALIZANDO
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munícipes que apresentem algum tipo de irregularidade em seus imóveis
construídos até julho de 2014 e se enquadrem nas regras da lei, que poderão se
regularizar e se adequar às normas da prefeitura (São Paulo, 2019a).
Apesar do nome popular, a prefeitura não está perdoando as
irregularidades das edificações construídas até julho de 2014, mas apresentando
uma alternativa de ajuste aos que estiverem em desacordo com a legislação
municipal de ordenamento do território.
Saiba mais
CAPÍTULO IV
DA REGULARIZAÇÃO AUTOMÁTICA
Art. 5º Independentemente da solicitação ou de protocolamento de
requerimento serão consideradas regulares as edificações residenciais
das categorias de uso R, R1 e R2h de padrões baixo e médio e que
conste com isenção total na notificação de Imposto Predial e
Territorial Urbano – IPTU referente ao ano de 2014. (São Paulo,
2019a, grifo nosso)
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TEMA 1 – EXCLUSÃO DO CRÉDITO TRIBUTÁRIO: ISENÇÃO
A isenção está prevista nos art. 175, inciso I, 176 a 179 do CTN:
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d. isenção de impostos para compra de produtos da linha branca
(geladeiras, fogões etc. – Decreto n. 7.567/2011, revogado pelo Decreto
n. 7.819/2012) (Brasil, 2011, 2012);
e. isenção pelo Programa de Incentivo à Inovação Tecnológica e
Adensamento da Cadeia Produtiva de Veículos Automotores (Inovar-
Auto) (Decreto n. 7.819/2012, aplicado até 31 de dezembro de 2017)
(Brasil, 2012).
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Diz-se que há incidência de tributo quando determinado fato, por
enquadrar-se no modelo abstratamente previsto pela lei, se juridiciza e
irradia o efeito, também legalmente previsto, de dar nascimento a uma
obrigação de recolher tributo.
A par do fato gerador de tributo, outros fatos há que podem ser
matizados por normas da legislação tributária, sem que haja incidência
(de tributos) sobre eles. É o que se dá com as normas de imunidade
ou de isenção, que juridicizam certos fatos, para o efeito não de dar a
eles a aptidão de gerar tributos, mas, ao contrário, negar-lhes
expressamente essa aptidão, ou excluí-los da aplicação de outras
normas (de incidência de tributos).
Quando se fala de incidência (ou melhor, de incidência de tributo),
deve-se ter em conta, portanto, o campo ocupado pelos fatos que, por
refletirem a hipótese de incidência do tributo legalmente definida,
geram obrigações de recolher tributos. Fora desse campo, não se pode
falar de incidência de tributo, mas apenas da incidência de normas
de imunidade, da incidência de normas de isenção etc.
Todos os fatos que não têm a aptidão de gerar tributos compõem o
campo da não incidência (de tributo). (Amaro, 2011, p. 305, grifos
nossos)
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O período de duração da isenção pode estar previsto na legislação que a
instituiu; ou, se no caso não houver um prazo fixado, ela continuará vigendo por
prazo indeterminado. Vimos, no caso dos produtos da linha branca, que foi
revogada a isenção com a criação de outra norma (Brasil, 2011, 2012). Já no
caso da isenção do Inovar-Auto, havia prazo determinado (31 de dezembro de
2017) (Brasil, 2017). Sobre as outras isenções, elas estão vigentes até o
momento, como a isenção de Imposto de Renda de Pessoa Física no caso de
doenças graves, instituída em 1988 e ainda vigendo (Brasil, 1988a).
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dispensa de pagamento de determinado tributo. No caso da anistia, o fato é
tributável, tanto o é que ocorreu a obrigação tributária, o lançamento, a
constituição de crédito tributário, porém, esse tributo não foi pago, o contribuinte
encontra-se inadimplente e essa falta de pagamento irá gerar juros e multas.
Nesse momento aparece a figura da anistia, que é o perdão das penalidades
(juros e multas), ou seja, o contribuinte não precisará pagar os juros e as multas,
mas continuará devendo realizar o pagamento do tributo. No caso da isenção,
há a não incidência de um tributo e, na anistia, há a não incidência de uma
penalidade sobre a ausência de recolhimento do tributo.
Dentre as principais características da anistia, devemos verificar que:
Assim, temos que a anistia: “[...] está prevista nos arts. 180 a 182, do CTN.
Corresponde a um benefício, estipulado em lei, que exclui a possibilidade de o
contribuinte ter que pagar as penalidades pecuniárias devidas por
irregularidades no pagamento de sua obrigação tributária” (Fabretti; Fabretti,
2014, p. 130).
Portanto, entendemos que a anistia significa a dispensa de penalidade
sobre a ausência de recolhimento do tributo, destacando que, mesmo com a
concessão de anistia, o tributo continua sendo devido, porém, será excluída a
aplicação das penalidades.
Como a anistia é o perdão das penalidades pecuniárias (multas e juros),
é importante lembrar que essas penalidades só ocorrem depois da infração,
sendo essa infração o não pagamento de um tributo. Dessa forma, o
contribuinte não pagou um tributo, o que é uma infração, essa infração gerou
penalidades (multas e juros), de modo que somente a entidade tributante (União,
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estados, Distrito Federal e municípios) poderá conceder a anistia (perdão)
mediante lei, depois do cometimento da infração, desde que essa infração não
seja um crime contra a ordem tributária (exemplo: fraude, sonegação,
apropriação indébita).
Para uma visualização prática, digamos que um estado resolva aumentar
a sua arrecadação e por isso conceda anistia em relação aos devedores do
Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPVA). Dessa forma, por
lei estadual, concede-se a anistia, que irá se referir às multas e juros pelo atraso
no pagamento do IPVA, ou seja, o IPVA continuará sendo devido e será
cobrado esse crédito tributário; o que não irá ser cobrado será o valor referente
às penalidades pecuniárias (multas e juros) decorrentes do inadimplemento do
IPVA. Outras multas que tiverem ocorrido em decorrência de descumprimento
do Código de Trânsito Brasileiro (Brasil, 1997) continuarão sendo cobradas, pois
não são de natureza tributária.
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Os artigos do CTN correspondentes às garantias e privilégios do crédito
tributário referem-se a meios assecuratórios com a finalidade de ver o crédito
tributário pago, ou seja, visam diminuir o inadimplemento das obrigações
tributárias após a constituição do crédito tributário exigível (Brasil, 1966).
Dessa forma, constituído o crédito tributário, ele se torna exigível e, caso
não seja realizado o pagamento, há a inscrição do sujeito passivo
(devedor/contribuinte) em certidão de dívida ativa. Essa dívida ativa pode ser
executada por via judicial e, sendo um processo de execução, deverá observar
as regras de garantias e privilégios, para que, assim, o sujeito ativo (credor/fisco)
consiga ter seu crédito tributário adimplido pelo devedor.
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do tributo de que se tratar, a competência e os poderes das autoridades
administrativas em matéria de fiscalização da sua aplicação.
Parágrafo único - A legislação a que se refere este artigo aplica-se às
pessoas naturais ou jurídicas, contribuintes ou não, inclusive às que
gozem de imunidade tributária ou de isenção de caráter pessoal.
(Brasil, 1966)
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encontra fundamento legal nos art. 165 e seguintes do CTN (Brasil, 1966).
Dispõe o art. 165:
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tributo em face de lei existente passará a ter o direito subjetivo somente no
momento da publicação do acórdão que declarar a inconstitucionalidade da
exigência tributária (Cassone; Cassone, 2006, p. 41).
O contribuinte tem ainda o direito de ser restituído quando o fato gerador
previsto não for constituído, encontrando respaldo legal para tanto no parágrafo
7º do art. 150 do CTN. Por exemplo, em caso de pagamento de Imposto sobre
Serviços (ISS) quando não houve prestação de serviço, ou seja, quando o fato
gerador (verbo mais complemento – prestar serviço) não foi constituído. Nesse
caso, quando não ocorrer o fato gerador e ocorrer o pagamento, o contribuinte
terá direito à restituição dos valores.
Quando existir uma relação em que ambas as partes sejam credoras e
devedoras uma da outra, será possível realizar uma compensação. Por exemplo,
supondo que o Fisco deva ao contribuinte 5 mil reais e o contribuinte deva ao
Fisco 5 mil reais, nesse caso compensam-se os valores devidos e extingue-se a
dívida que um tinha para com o outro, e o contribuinte não deverá mais nada ao
Fisco e o Fisco não deverá mais nada ao contribuinte, pois terá sido realizada
uma compensação, que é uma modalidade de extinção da obrigação
tributária. No caso descrito, o contribuinte que devia ao Fisco, depois da
compensação não lhe deve mais nada, ou seja, extinguiu sua dívida,
extinguindo a obrigação tributária mediante a sua compensação, pois se
guarda como pressuposto a existência de duas relações jurídicas inversas, nas
quais o credor, na primeira relação, apresenta-se como devedor na segunda e
assim por diante.
Essa compensação encontra-se prevista no art. 156 do CTN, que é o
encontro de débitos e créditos com as mesmas partes no âmbito tributário. A
compensação ocorre somente mediante lei que a autorize e, de acordo com suas
particularidades, como forma de extinção opera efeitos não somente sobre o
crédito tributário, mas também sobre o dever jurídico disposto pelo contribuinte,
o que encontra, ainda, disposição legal nos art. 170 e 170-A da mesma
legislação (Brasil, 1966).
De modo que a lei pode autorizar a compensação de créditos tributários
com créditos líquidos, certos, vencidos ou vincendos do sujeito passivo contra a
Fazenda Pública, porém, destaca-se que é vedada a realização da
compensação de tributos que estejam sendo discutidos judicialmente
(usualmente, a discussão é se o tributo é ou não devido e se a quantia cobrada
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está correta). Nesses casos, a matéria só poderá ser objeto de compensação
após o término do processo.
Sobre os tributos em que o próprio contribuinte faça o lançamento por
homologação, em que ele preencha os dados e realize o pagamento do tributo
– por exemplo, Imposto de Renda –, ao se falar em compensação por tributos
sujeitos a lançamento por homologação, cabe ressaltar que tais tributos são
aqueles aos quais a legislação atribui ao sujeito passivo o dever de antecipar o
pagamento sem prévio exame da autoridade administrativa. O lançamento se
opera pelo ato no qual a referida autoridade toma conhecimento da atividade
exercida pelo obrigado e a homologa expressamente, conforme o art. 150 do
CTN (Brasil, 1966). Por exemplo, no momento da realização do lançamento,
lançam-se os créditos que foram compensados (exemplo: Imposto de Renda
compensado).
Portanto, a compensação nada mais é do que uma espécie da restituição,
pois os dois institutos representam crédito do contribuinte em face do Fisco. E,
para que se possa realizar seu exercício, devem estar previstos requisitos
comuns e próprios, na legislação. Percebe-se, então, que tal instituto tem o efeito
de realizar a justiça tributária, assegurando ao contribuinte um direito
constitucionalmente previsto (Brasil, 1988b).
TROCANDO IDEIAS
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como por pessoas portadoras de deficiência física e dá outras providências
(Brasil, 1995).
Além disso, a título exemplificativo, no site do Departamento de Trânsito
do Paraná (Detran-PR, S.d.), é possível consultar informações sobre isenção de
impostos para pessoas com deficiência, conforme matéria no link:
<http://www.detran.pr.gov.br/servicos/Veiculo/Idosos-e-pessoas-com-
deficiencia/Consultar-informacoes-sobre-isencao-de-impostos-para-pessoas-
com-deficiencia-PlNa5JNO>.
Discutam sobre a regra-matriz de incidência tributária e, analisando
aquela lei (Brasil, 1995) e a notícia (Responsáveis, 2019), verifiquem a qual
aspecto se refere a isenção (material, espacial, temporal e/ou pessoal).
NA PRÁTICA
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durante certo período sobre uma região ou grupo de contribuintes ou todas as
regiões ou grupos que anteriormente alcançava); pessoal (que afasta o alcance
da lei de um grupo de pessoas físicas ou jurídicas); e material (que diminui o
alcance do fato gerador ou reduz a base de cálculo ou a alíquota aplicável ao
cálculo do montante do tributo devido).
FINALIZANDO
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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_____. Lei n. 9.503, de 23 de setembro de 1997. Diário Oficial da União,
Brasília, p. 21.201, 24 set. 1997. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9503.htm>. Acesso em: 8 fev. 2020.
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SÃO PAULO (Município). Meu Imóvel Regular. São Paulo, 2019b. Disponível
em: <https://meuimovelregular.prefeitura.sp.gov.br/>. Acesso em: 8 fev. 2020.
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