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Aula 05
Aula 05
AULA 5
Tributos em espécie
Impostos
Impostos sobre comércio exterior
Imposto de Importação (II)
Imposto de Exportação (IE)
CONTEXTUALIZANDO
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II;
IE;
Imposto sobre Circulação de Mercadorias (ICMS);
Imposto sobre Serviços (ISS);
Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), na revenda de produtos
importados (IPI).
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sua manutenção, por exemplo, as taxas. Os indiretamente vinculados não se
relacionam apenas à manutenção do Estado, mas também necessitam de um
fato adicional, que é a valorização imobiliária, por exemplo, a Contribuição de
Melhoria.
Nos tributos não vinculados, como impostos, o fato gerador se realiza pelo
próprio particular e não se relaciona com o comportamento do Estado. Dessa
forma, o pagamento é realizado quando o fato gerador se realiza, como no caso
de emissão de passaporte.
Ainda sobre essa matéria, os insumos doutrinários dos constituintes
acerca da teoria dos fatos geradores vinculados e não vinculados verificam que
o vínculo ocorre em relação a uma atuação estatal, ou seja, os tributos
vinculados a uma atuação estatal são as taxas e contribuições, já os não
vinculados são os impostos (Brasil, 1988). Isso significa dizer que, no caso das
taxas e das contribuições, há a necessidade da atuação do Estado, pois o seu
fato gerador implicará sempre uma atuação estatal.
No caso dos não vinculados, o fato gerador irá se constituir de situações
que não implicam a atuação estatal, pois se desvincula do fato gerador uma
manifestação do Estado, como se pode verificar no CTN, em seu art. 16, que faz
referência ao imposto e a sua não vinculação (Coêlho, 2007, p. 60-61): “Art. 16
- Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação
independente de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte”
(Brasil, 1966c).
Destaca-se também a diferença entre os tributos diretos e indiretos, sendo
que os tributos diretos são aqueles que recaem sobre o contribuinte que está
direta e pessoalmente ligado ao fato gerador e os indiretos, aqueles que, a cada
etapa econômica, são repassados para o preço do produto/mercadoria/serviço.
Dessa forma, observa-se que a Constituição atribui à lei complementar a
função de conceituar o tributo e também suas espécies (Brasil, 1988), sendo que
as espécies tributárias dependem dos princípios tributários, de modo que estão
sujeitas a eles, pois, por meio de sua aplicação, pode-se modificar ou inviabilizar
uma exigência.
TEMA 2 – IMPOSTOS
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§ 1º É facultado ao Poder Executivo, atendidas as condições e os
limites estabelecidos em lei, alterar as alíquotas dos impostos
enumerados nos incisos I, II, IV e V. (Brasil, 1988)
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Como o que se busca é a regulação da economia, mediante alteração das
alíquotas, incentivando ou coibindo comportamentos, é compreensível que o
Executivo federal possa fazer essas alterações e que não seja necessário
esperar 90 dias ou o próximo exercício financeiro para que as alterações
comecem a fazer efeito, pois é preciso instrumentos rápidos para regular o
comércio internacional.
Para maior esclarecimento do texto do professor Coêlho (2010), alguns
conceitos devem ser explicados, sendo o primeiro deles o que se refere a
políticas antidumping. Essas políticas têm como objetivo coibir práticas que
prejudiquem produtores nacionais por importações realizadas a preços desleais,
em termos de comércio.
Já o contingenciamento significa retardar ou até mesmo não realizar parte
da programação de despesa que se está prevista na lei orçamentária, por causa
da insuficiência de receitas. Por meio de decreto de contingenciamento, há a
apresentação de limites orçamentários para determinação de limites financeiros.
Por fim, entende-se como crise cambial a alta desvalorização das moedas locais
em razão de não ser possível cumprir com o pagamento de dívidas externas.
Tais situações interferem diretamente nas importações e exportações, podendo
inclusive comprometer a importação de produtos essenciais (exemplo: itens
necessários para produção de medicamentos). Assim, buscando evitar ou
contornar situações oscilantes na economia, como as que foram descritas, é que
II e IE, na figura de tais mecanismos, são exceções aos princípios da
anterioridade e anterioridade nonagesimal.
Dessa forma, verificando a importância daqueles dois impostos, vamos
estudar cada um deles separadamente, destacando que, no CTN, o Capítulo II
versa sobre impostos sobre o comércio exterior, dividindo-se em duas seções –
a Seção I – Impostos sobre a Importação e a Seção II – Impostos sobre a
Exportação (Brasil, 1966c).
CAPÍTULO II
Impostos sobre o Comércio Exterior
SEÇÃO I
Impostos sobre a Importação
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Art. 19. O imposto, de competência da União, sobre a importação de
produtos estrangeiros tem como fato gerador a entrada destes no
território nacional.
Art. 20. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada
pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto,
ou seu similar, alcançaria, ao tempo da importação, em uma venda em
condições de livre concorrência, para entrega no porto ou lugar de
entrada do produto no País;
III - quando se trate de produto apreendido ou abandonado, levado a
leilão, o preço da arrematação.
Art. 21. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do
imposto, a fim de ajustá-lo aos objetivos da política cambial e do
comércio exterior.
Art. 22. Contribuinte do imposto é:
I - o importador ou quem a lei a ele equiparar;
II - o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados. (Brasil,
1966c)
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A fim de regular a economia, pode o Executivo alterar a alíquota do II,
buscando evitar preços desleais em comparação com o comércio internacional,
tentando, assim, encontrar um equilíbrio entre os preços dos mercados interno
e externo (preços de referência).
Outro ponto a destacar é a expressão indicada no art. 153, inciso I, da CF:
importação de produtos estrangeiros (Brasil, 1988). Entende-se como produtos
tanto bens destinados tão somente ao uso ou consumo pelo importador, como
também as mercadorias que têm finalidade comercial. Produto estrangeiro é
qualquer bem produzido no exterior, pela natureza ou pelo homem, tangível ou
intangível, corpóreo ou incorpóreo.
Quanto aos contribuintes do II, consideram-se: o importador, seja pessoa
física, seja jurídica; o arrematante de produtos apreendidos ou abandonados
(nos casos em que tenha ocorrido a decretação da perda do produto ingressado
irregularmente, mediante contrabando ou descaminho; ou de produto
abandonado, assim considerado aquele não desembaraçado no prazo legal).
O Decreto-Lei n. 37/1966 “dispõe sobre o imposto de importação,
reorganiza os serviços aduaneiros e dá outras providências” (Brasil, 1966a). No
seu Capítulo VI, que versa sobre contribuintes e responsáveis, destaca-se que:
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importação não é o valor de aquisição do produto, resultante do negócio jurídico,
mas sim o valor aduaneiro, segundo as normas do Acordo Geral sobre Tarifas e
Comércio (Gatt, 1947).
A seguir, os cinco critérios da descrição da regra-matriz de incidência
tributária do II:
SEÇÃO II
Imposto sobre a Exportação
Art. 23. O imposto, de competência da União, sobre a exportação, para
o estrangeiro, de produtos nacionais ou nacionalizados tem como fato
gerador a saída destes do território nacional.
Art. 24. A base de cálculo do imposto é:
I - quando a alíquota seja específica, a unidade de medida adotada
pela lei tributária;
II - quando a alíquota seja ad valorem, o preço normal que o produto,
ou seu similar, alcançaria, ao tempo da exportação, em uma venda em
condições de livre concorrência.
Parágrafo único. Para os efeitos do inciso II, considera-se a entrega
como efetuada no porto ou lugar da saída do produto, deduzidos os
tributos diretamente incidentes sobre a operação de exportação e, nas
vendas efetuadas a prazo superior aos correntes no mercado
internacional o custo do financiamento.
Art. 25. A lei pode adotar como base de cálculo a parcela do valor ou
do preço, referidos no artigo anterior, excedente de valor básico, fixado
de acordo com os critérios e dentro dos limites por ela estabelecidos.
Art. 26. O Poder Executivo pode, nas condições e nos limites
estabelecidos em lei, alterar as alíquotas ou as bases de cálculo do
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imposto, a fim de ajustá-los aos objetivos da política cambial e do
comércio exterior.
Art. 27. Contribuinte do imposto é o exportador ou quem a lei a ele
equiparar.
Art. 28. A receita líquida do imposto destina-se à formação de reservas
monetárias, na forma da lei. (Brasil, 1966c)
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considerado produto nacionalizado aquele que foi importado e sofreu
transformação, beneficiamento ou acondicionamento, cabendo ao Poder
Executivo relacionar os produtos sujeitos a esse imposto, estando as
classificações fiscais das mercadorias dispostas no portal do Sistema Integrado
de Comércio Exterior (Siscomex, S.d.), divididas por seções, com acesso
mediante o seguinte link:
<https://portalunico.siscomex.gov.br/classif/#/sumario?perfil=publico>.
O critério espacial (de território geográfico) é definido no momento da
saída do produto nacional ou nacionalizado do território nacional e o fato gerador
ocorre com o registro da exportação no Siscomex. O contribuinte é o exportador,
seja pessoa física, seja jurídica (em nome de quem se realiza a exportação) ou
a quem a lei a ele equiparar.
Quanto à base de cálculo:
TROCANDO IDEIAS
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uma comparação desse imposto com a antiga Contribuição Provisória sobre
Movimentação Financeira (CPMF) (Mortari, 2019).
Em contrapartida, temos outra matéria, retirada do site da Associação
Nacional dos Auditores Fiscais da Refeita Federal do Brasil (Anfip, 2019):
“Desoneração da folha é um manual de ‘como não fazer’, alerta Anfip”, com
acesso pelo link: <https://www.anfip.org.br/noticias/historia-de-desoneracao-da-
folha-e-um-manual-de-como-nao-fazer-alerta-anfip/>. Ela traz à tona que a
forma como a desoneração da folha foi implementada acabou por provocar
muitas possibilidades de manobras fiscais.
Em respeito ao princípio da legalidade, em que se destaca que a criação
de um imposto só é possível mediante lei; e, considerando as notícias analisadas
(Mortari, 2019; Anfip, 2019), reflita sobre a questão da desoneração da folha de
pagamento e da criação de novos impostos com a finalidade de arrecadação de
dinheiro para o Estado.
NA PRÁTICA
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva, 2011.
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COÊLHO, S. C. N. Os princípios gerais do sistema tributário da Constituição. In:
MARTINS, I. G. da S. (Coord.). O tributo: reflexão multidisciplinar sobre sua
natureza. Rio de Janeiro: Forense, 2007. p. 55-86.
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