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REVISTA BRASILEIRA DE V BUIATRIA @ iiversidade Federal co Patan’ (UFPRD, Setor Paloina, Palatine, Peon’, Bresi Dokin ascorras sex one1 17 Associacio Brasileira de Bulatria REVEA BRASLERADE WBUIATRIA CIRURGIAS DE CABECA EM RUMINANTES SURGERIES OF THE RUMINANTS’ HEAD Geane Macie! Pagliosa’> RESUMO [A cabesa € uma regia de anatamia complex, riamente inervada e vascularizada, que abriga dzzios dos sentidos e mms calibrosos de nervos cranianos. Devido a estas cavacteristicas, as cinugias nessa segiio normalmeate slo eruentas, com alto nivel de dor e com potencial desenvolvimenta de complicasdes. As csurgias de cabesa eu suminantes estho ease as mais peaticadas na Bulatsiaespecialmenteem condisbes de campa,ecampreendem paincipalmente as descamas,procedimentas oftdlmieas e,em menar prevaléncia,as sbordagens em cavidade aasal © seive paranasais. O objedvo desta sevisio € derccever at cisurgias mais praticadase suas indicages, com detalhamenta da anatoinia selevane e das técnicas anestésicas © ciningicas visando un procedimento seguro com mnengr rico de complicayées e dentro dos priacipios icos ede bem~ estar animnal, Palaveas-chave:bavinas capsinos,descorna,enucleaysio,trepanagia ABSTRACT “The head has complex anatomy, vascularization and innervation, housing many sense organs and thick branches of ernial nerves. Due to these particulates, the surgical procedutes in this region are normally bloody; painfil and have poteatal to complications appearance. The surgeries of bead ae among the most pevformedin Buiatri practices,especally ia ied conclitions,comprising mainly deboraing ocular surgeries and, with lower prevalence, the nasal cavity and pasanasal sis proceduses, This eview aon to descibe the most prevalent head surgeries, focusing to discuss how to perform them with less isk of complications, andconceraed with the aainal ethics and welface principles, Keywords: bovine, caprine, dekorning, enucleation, wesbinniion. nen ue ae INTRODUGAO Merete tee ae tere Pte icea REIS RTT Trea eee EOR ro enn onan STi teled CCST ose Ore Re re cme eee Stet eon Caceres Cerne croft it cas também so prevalentes e, em sua maioria sio para © tratamento de lesdes oculares graves ¢ neoplasias, enna eerie ie ete ree tect Peretti (arte Ds Peet eee Tete nee ser tee De One ane Or nokta dirias 4 descorna,neoplasias, cistos ou larvas de parasi- tasas indicagbes cintirgicas mais comuns’. oe een ee oe Dettocer ee omecs ect nd See eee ee Revert rs tect eee creer Reena ne ei oha rencaty al citer Rstesns Coernces Pee eam CRCnce Cae ar Ro catn eta Prey ru enone eters tn erect Deen eres ORO cre rec Rose on nent roe tt ec Reni Nene eee Ur Tata Pence center ee cot eters eer tesa cirurgias oftélmicas, de cavidade nasal seios paranasa- Fr ey any oe Scorch aay pee ee eR ee ee ee nD veafizadh por um pritice ha quatro meses, devido fratura do como esquerdo, (A) Animal com emagrecimento progressivo pés procedimento, (B) deiscéncia de surura e desenvolvimento de infeccto severa e (C) secrecao punulenta fétida, necrose de pele, Ree eee an eee ne DESCORNA ® Anatomia ¢ fisiologia do como O como é uma estrutura tegumentar especiali- zada composta externamente por uma epiderme den- samente queratinizada e por um nucleo central dsseo que se projeta do processo cornual do asso frontal”, Em animais adultos,o corno tem funglo de defess con- tra predadores, de relagdes de domindncia na hierar~ quia social, de atrativo sexuale de termomegulagio"””, © desenvolvimento do corno acorre sob infiuencia genétice a partir do tegumento ¢ hipoderme que recobrem o processo cornual!™, Este local inicia sua diferenciag%o no inicio da vida fetal ¢, préximo a0 nascimento, caracteriza-se pela presenga de queratins- citos maduros ¢ terminagdes nervosas espessas, dife- rente do tegumento facial adjacente"’. No neanato,esta regio pode ser identificada por uma pequena elevacio cutdnea com menor densidade pilosa ¢ epiderme espessa™. O processo comual, nesta fase, € apenas uma disereta eminéneia dssea localizada na regio latero- caudal do osso frontal, no fusionada pele”. O crescimento do corno ovorte partir do nas- cimento”. A queratina que compae o revestimento externo ¢ formada na camada de e¢hulas basais da epi- derme, a exemplo de outros locais da pele. © nécleo 6sseo inicia seu desenvolvimento em um centro de ossi- ficagio localizado na detme ¢ hipoderme com am tecido subeutineo caleificado sem formagio de cartila- gem que, no sexto més de vida, fusiona-se 20 processo cornual do osso frontal estimulando este focal a um crescimento ésseo externo para o interior do estojo cérneo do corno em ereseimento'”. Simultancamente,o peridsteo do niicleo dsseo em desenvolvimento se fusi- ona A derme ¢ a mucosa do seio frontal migra para 0 processo comtal, iniciando o processo de pneumatiza- to do osso cornual, que ocorre em toda sua extensio, menos no dpice’. O crescimento dsseo € interrompido apds a maturidade, maso crescimento do estojo cémeo permanece por toda a vida do raminante, sendo inf enciado, principalmente, pelo estado nutricional ¢ pre~ heo"*", No animal adulto, a estrutura anatémiea do corno € constituida extemamente por uma epiderme altamente queratinizada, uma derme firmemente aderida ao periésteo ¢,internamente, tum osso peumé- ‘Sco com comunicagao direta 20 seio frontal.A vascula~ rizagao ¢ feita pela artéria e veia cornuais ¢a drenagem linfétice pelos Linfonodos parotideos"™”. A inervagio seri detalhada na descrigio da ancstesia. = Anestesia para descorna A contengio fisica associada 4 anestesia loco- regional é uma direttiz comumente recomendada para descorna de bovinos adultos, sendoacontengio qusmi- ca oricntada para animais mais reativos’”'*", No entanto, 0 uso de sedativos, mesmo em animais de temperamento décil, diminui o estresse naturalmente gerado durante 0 procedimento, refletindo em melhor manejo pés-operatério e menor chance de complica~ ges neste perfodo”. © cloridrato de xilazina a 2% nas doses de 0,01 2 0,05 mg/Kg causa sedlagio sem decitbi- toc de0,1 20,2 mg/Kg deciibito ¢ hipnose,devendo-se optar pelas doses mais baixas quando a via de escolha é 2 intravenosa (IV), independente do efeito desejado®. © tempo médio de agio dependers da dose e via esco- Ihidos, variando entre 20 ¢ 30 minutos".No entanto, é preciso salientar que a sedagdo demanda jejum de 242 48 horas © que os efeitos colaterais do cloridrato de xilezina so dose-dependentes, devendo-se tomar as medidas preventivas adequadas para minimiza-los”. Protocolos utilizando sedativose opidides asso- ciados on nao 2 agentes dissociativos para anestesia total intravenosa, também podem ser uma opgo pata descornas de animais adultos em condigdes de cam- po™. Em pequenos ruminantes, especialmente capri- nos, 0 uso de sedagao profund ou anestesia geral éreco~ mendlado em todos 0s casos devido ao temperamento mais reativo e20 risco de choque neurogenico””. Independente do uso on no de contengao qui- mica, a anestesia loco-regional deve ser utilizada. O corno € inervado principalmente pelo nervo cornual, um ramo do nervo 2igomitico-temporal, oriundo do nervo trigémeo. © nervo cornual emerge da regi posterior do globo ocular, sob uma espessa camada de gordura,e se ditige a base do como,ondeesté recoberto apenas pela pele ¢ musculatura frontal (Figura 4A).Os nervos supraorbital einfratroclear, em seu local de pas- sagem pelo seio frontal e 0 nervo cervical II, também inervam a regido™. As técnicas anestésicas para blo- queio desses nervos diferem em bovinos ¢ pequenos, ruminantes. Em bovinos, 0 bloqueio do netvo coraual é feito no centro da fossa temporal, entre o canto lateral, do olho ca base do corno com cloridrato delidocaina a 2% com ou sem vasoconstritor ou cloridrato de bupiva- caina 2 0,598” Variagoes desta técnica com a agulha aP™™* ou do posicionada mais préxima da erista front: arco zigomtico™ também sao encontradas na literatu- ca (Figura 4B). Em animais adultos, utiliza-se um volu- me de 5.2. 10 ml de anestésico local a uma profundidade média de 1,0 cm ou, para touros de porte grande, 2,5 em, Infileragdes em profundidades maiores resultardo em filha no bloqueio do nervo, que € superficial, com, consequente depésito do enestésico na aponeurose da musculatura temporal”. Em touros grandes também se recomenda uma anestesia adicional 1 em atrés da pri- meira, para dessensibilizar a divisio posterior do nervo cornual, Além do bloqueio do nervo cornual, deve-se realizar uma anestesia infltrativa (local) em toda a circunferéncia da base do corno para dessensibikizar os rarnos dos nervos cervical Ie infratroclear™™, Para descorna de bezerros, pode-se realizar o blogueio do nervo cornnal com a mesma téeniea des- °*,A agulha pode ser posieionada 2 0,5 em de profindidade ¢ 0 volume de anestésico local pode serde 1 ou 3 ml para bezerros com idadede até sessenta, cerita acima’ ou 180 dias, respectivamente. Nestes, também uma anestesia infiltrativa na base do corno deve ser pratica~ da, Para animais acima de seis meses pode-se utilizar as mesmas diretrizes relacionadas ao volume e posiciona~ mento de agulha de animais adultos”. Em pequenos ruminantes © bloqueio do nervo cornual € feito na regio posterior da érbita,ime- diatamente atvis da borda candal do processo frontal do osso zigomético, a1 ¢ 1,5 em de profundidade da borda cutinea (Figura 5). © nervo infratroclear tam- bem necessita ser individuelmente dessensibilizado, pois emite varios ramos para o coro”. Sen Mloqueio é Treen eet ears Sones rece Se pect ORM eet rer ce eee) Se TES ee ee eter eee Reerees a a c eae a crista frontal (seringa preta) o1 mais no centro da fossa temporal (seringa vermetha), A tinba ver anestesiainfltrativa que precisa ser praticada em todo odiimetro da base decom (Fonteradaptadode C feito na regio dorso-medial da 6rbite,2 uma profundi- dade de 0,5 cm da borda cutinea, de onde emerge, podendo ser palpado em alguns animais. Um volume de 2 ml de cloridrato de Hdocaina 2 296 sem vasocons- tritor deve ser utilizado em cada ponto™. Assim como em bovinos, recomenda-se, ainda, rma anestesia infl- trava em toda a cireunferéncia da base do coro’. E importante no se exceder 0 volume total de lidocaina, correspondente 4 dose téxica de 4 e 6 mg/Kg para ani- maisjovens ¢ adultos, respectivamente”.A mesma téc- nica anestésica praticada em adultos é recomendada para descorna deanimaisjovens’. = Descorna em animais jovens fires ne crenrageretr rear amerter No Brasil, descorna de animais jovens é tam- ee eee ies ae bem chamada de “amochamento”””, 0 equivalente a Sea EERERSIEM § — cxpressio disbudding em inglés". Como o termo des- Se eee eet eee ta corna também pode ser empregado’, neste artigo optor-se por esta expresstio para referir-se também a esses animais. A técnica de descorna em animais jovens varia de acordo com a idade e tamanho do corno em desen- volvimento, podendo ser quinica ox térmica’. A des- corna quimica é realizada principalmente com poma- das a base de hidréxido de sédio ¢ cileio. © hidroxido de sédio, comumente conhecide como soda, é uma base forte altamente corrosiva que produz.queimadura intensa quando em contato com a pele. Devide & essa caracteristica € necessirio usar luvas durante sua mani pulagao ¢ recomenda-se 0 isolamento do animal dos demais para cvitar lesées por contato ou lambedura’. ‘Também hé possibilidadede injiria da glandula mamé- riacm animais mantidos comas mics” A idade ideal para a descorna quimica em bezerros € de oito a catorze dias”, ¢ trés a cinco dias para cabritinhos”, © produto terd petmanéncia e até queda da peleno local de aplicagio, que ocorre em torno de quatro a seis semanas, perfodo no qual sua agdo corrosiva permanece’. Apés a tricoto- mia ¢ umedecimento da regio com Agua, aplica-se a pasta céustica com movimentos delicados de friegio ito durante sua incluindo a regio germinativa do corno ¢ seu edrion até cornar-se levemente avermelhada, Recomenda-se abrigar o animal da chuva eaplicar ereme ou unguento com substancias oleosas e de boa aderéncia ao redor da pasta céustica para evitar que escorra para Areas adja- centes ou pars os olhos” A descorna térmica € feita com ferro incandes~ cente ¢ deve ser praticada quando o como em desenvol- vimento nfo é maior que 1 cm de altura’ (Figura 6A).A. ‘dade varia de acordo com a espécie ¢ raga, mas a reco- mendagao € de quatro a seis semanas para bezerros” e até duas semanas para cabritinhos". Deve ser cauteriaa~ dz toda 2 pele e subcutineo da regio germinativa do corno incluindo 0 cérion, sem atingir 0 osso frontal” (Figuras 6B e C). Apés a cauterizagio, recomenda-se © uso tépico de pomadas cicatrizantes ¢ anti- inflematérios sistémicos para controlar a dor crdnica € 0 proceso inflamatério”™. Quando a cauterizagio é bem realizada, a regito fica enegrecida com tons doura~ dos (Figura 6D), sem secregio durante todo o proceso cicatricial ¢, logicamente, sem o desenvolvimento do corno ou de sua parte queratinizada’ (Figure 7). No animal adulto, a regido ter’ uma pequena cicatriz alo~ pécica, Em bezerros com cornos maiores que Jem de altura eaté seis meses de idade,a descorna térmica pre~ rete emetic eon eer D) aspecto da vegiao pés cauterizasao realizada de See ee ae DAS Se ee Ce ec ae eee ec re Oe a cea eo a ce et cer DoS ere Re cee Cece cisa ser associada a amputagto prévia que pode ser pra~ ticada com um bisturi, cortando-se o corno em sua base, 1 2.2 mm abaixo do eérion”. Na descorna de ani mais nesta idade, é necessirio o controle da hemorra- a, que pode ser feita por compresstio seguida de cau- com mais de seis meses possuem 0 niicleo dsseo aderi- do 20 asso frontal, motivo pelo qual 2 técnica de des- corna empregada pode sera mesma que para adultos’. Em caprinos jovens, outras alternativas para a descoma encontradas na literatura si a crioterapia t6pica com nitrogénio Liquide e 2 aplicago subcutdnea Figura 8. Deseorna era bezerto de 110 dias.(A} Como com mais de Lem de altura, (B) amputado (com o uso de bisturi) de 1 a2 mea ce ieee te Ren cee ec eno eee eee ae er ene een Kone Pee etre tte eee Secreta eC da esséacia do éleo de cravo”"*"", Essas técnicas alter~ nativas foram comparadas com a pomada edustica ¢ a cauterizagZo com ferro incandescente,no que se verifi- cou tempo de cicatrizagao similar em todas. mais pro- longado com 2 pomada céustica”. © Descorna de caprinos adultos A descorna em pequenos ruminantes € pouco praticada no Brasil,sendo limitads prineipalmente nos casos de fratura de corno em caprines, motive pelo qual neste t6pico seri discutida a descoma apenas desta espécie. Uma tricotomia ampla em todaa base do corno e correta antissepsia devem ser praticadas. As diferengas anatomicas ¢ de temperamento entre hovi- nos e caprinos fazem as descornas cinirgicas nestes animais teenicamente mais delicadas, além de exigit um protocolo anestésico diferenciado’. Os comos de caprinos sio proporcionalmente maiores, mais préxi- mos da 6rbita e entre si,e possuem um erajeto caudal cm relagio 20 crinio quando comparados aos de bovt nos" o que acarrets mais dificuldade para dermorrali- ae, Existem duas t€caicas de descorna cirirgica para caprinos descritas na literatura consultada, sendo a principal diferenga entre elas a cicatrizacao por pri- meira ou segunda intengio. Nesta, é feita uma incisio circular de pele a uma distancia de 1 em da base germi- nativa do coro ou cérion, para gjuste do fo sesra ou obstétrico e corte transversal do corno, A hemostasia deverd ser feita com pingamento e/ou cauterizagio eo seio frontal exposto limpo de qualquer fragmento ésseo ¢ coggulos e protegido por bandagem que deve ser trocada periodicamente até completa cicatrizagio, que pode demandes dias”. O animal precisa ser separa- do dos demais ¢ 2 alimentagio ofertada préxima a0 solo. O pés-operatério também demanda anti infamatérios e antimicrobianos sistémicos ¢ 0 soro antitetanico € recomendado, caso o animal nao seja vacinado™”. Na descorna de caprinos com cicatrizagio por primeira intengio, pratica-se uma técnica cindngiea que permite 2 dermorrafiz. Uma incisio eliptica de pele é feita 1 a2 mm ahaixo da base germinativa do corno ou cétion, seguida de disseegao do subcuténeo para expo- sigo do osso frontal no local de acesso 20 processo cor- ual. O corte do corno pode ser feito com serra manual ou fo serra (obstétrico) em uma regio imediatamente abaixo do inicio de processo cornual, o que aormal- mente gera uma hemorragia profiisa que necessite ser totalmente contida, Apés 2 hemostasia, caso a dermor- rafia ainda nfo seja possivel, pequenos cortes nz mar- gem do osso frontal podem ser realizades com uma golva. Pode ser feita, também, uma dissecgio de pele adicional nas bordas eefinio-medial e caudo-lateral da ferida ciringica”. Realize-se a dermorrafia com polia~ mida (ndilon) de calibre 0 ou 1, em padrio simples interrompido ou Reverdin®. Durante o pés-operatério, 0 paciente pode ser mantida no seu grupo social e a alimentago pode ser ofertada como de costume. Anti- inflamatérios, antimicrobianos ¢ soro antitetinico sio necessirios e a ferida cirdrgica nao demanda ataduras, s6 antissepsia até a retirada dos pontos de pele quinze a vinte diasapés o procedimento”. Nos casos de descornas em caprinos sem der- morrafia,as complicagdes esto relacionadas prineips mente 20 tamanho do corno removido, a8 condigdes clinicas do paciente eaos cuidados empregados na feri- da no pés-operatério. Como o tempo de cieatrizagio é longo € hi exposig2o do seio frontal, sinusites, pneu monias, necrose, tétano ¢ morte s30 complicagdes pos- siveis’. Nas descornas com dermorrafia, as complica ges so menos frequentes ¢ graves ¢ mais prevalentes em animais com cornos maiores ou nas feridas com. tensiio desutura alta”. = Descorna de bovinos adultos A técnica de descorna de bovinos adultos varia segundo autores, mas basicamente, todas seguem o principio de se empregar uma incistio que preserve 0 méximo de pele para rafia ¢ evite 0 crescimento do corno’* (Figura 9), Uma tricotomia ampla em toda a base do corno ¢ correta antissepsia devem ser pratica- des, Para bovinos adultos, um troneo adequado é indi- cado para os que scrao mantidos em estagao"™, deven- doa contengo quimica associada & fisica ser conside- rada quando este recurso é inexistente ou apresenta condigdesinadequadas deuso". Soe Sse Para a descorna de bovinos adultos pratica-se uma incisfo eliptics de pele e subcutineo no sentido da base do cornea 1 emdocérion, com bisturi mantido na posigo perpendicular & epiderme, para facilitar a epo- sigtio cutdnea posterior, Apés esta incisio, realiza-se a dissecgio do subcutaneo para exposigio do proceso cornual do oss0 frontal. Esta disseego € normalmente feita com bisturi ¢ nado com tesoura romba devido a escassez de tecido subcutineo ¢ & espessura da pele nesta regio. A hemostasia deve ser realizada simulta neamente 2 estas manobras (Figuras 10 a D).A arté- tia cornual € calibrosa situa-se na tegido rostro- ventral dz incisio de pele e sua hemostasia pode ser feita com pinga hemostitica por alguns minutos ou com ume ligadura com fio absorvivel de preferéncia sintético, caso seja necessiria’. Apés exposigio dssea,o como deve serampu- tado na regitio um pouco absixo do processo cornual com uma serra manual ou fo serra, cuidando-se para que 2 superficie dssea amputada fique regular. Previa~ mente 2 dermorrafia, todo 0 cofgulo ou ftagmentos Gsseos devem ser removidos do seio frontal que pode set lavado com soro fisiolégico, caso necessério. A rafia de pele deve ser realizada com fio de nilon n” 1 ou 2, em padrio simples interrompido, Reverdia ou duplo Reverdin (Figuras 108 a1). Caso haja demasiada ten~ so de pele que dificulte a sutura, pode-se dissecar um pouco mais o subcutineo com cuidado na regiio cau- do-ventral onde esto os miisculos auriculaces ou tam- bem seccionar um pouco mais o osso frontal com uma serra manual’ A sutura de subeutaneo no é necesséiria. O pés-operatério deve incluir anti~inflamaté- ios € antimicrobianos de amplo espectro por és a cinco a dias ¢ cuidados com a ferida até 2 retirada da suturacom quinze dias. ‘As complicagées mais frequentes nas descor- nas de bovinos adultos sto as fraturas do osso frontal,a deiscéncia de pele por excesso de tensio da sutura, a sinusite ¢ a pneumonia’. As fraturas podem ser evita- das, frmando-se 0 corno durante 2 seegiio dssea e posi- cionando-se adequadamente 2 serra manual ow fo serra (Figuras 10E ¢ F). A tensdo excessiva da sutura deve ser evitada com preservago maxima posstvel ¢ segura de pele, correta dissecgio de subcutaneo ¢ corte do 0ss0 frontal abaixo do proceso cornual Pigura 10H).A sinusite e pneumonia podem ser evitadas com adequada profilaxia da infecgao ciriingica, hemostasia ¢ retirada de codgulos e fragmentos 6sseos do seio fron- talantes da dermorratia’. ‘Uma técnica alternative a previamente deserita € a descorna sem emprego de sutura para bovinos com cicatrizagdo por segunda intengio. Nesta técnica, emprega-se o fio serra para.o corte simultaneo de pele e amputago do corno, posicionado a 1em do eérion a eee et een een referéncia para (B) incisa See Peer partir de uma incisio de pele ¢ subcutineo realizada com bisturi na regiiio caudal do corna,de comprimento suficiente para alojar o fio para o corte (Figuras 11 & 12). a t€enica demanda tempo inferior que 2 técnica convencional com a vantagem adicional de hemorragia menor porque o fie serra também realize a hemostasia de pele 4 medida que a corta (Figura 13). CEC ete germin: ee eter ee aoe cna ee eee eee eee ee eee ee eee ee at Ey A hemostasia de vasos maiores pode ser feita por pin- gamento seguida on nao de cauterizagio com ferro incandescente. No entanto, téeniea possui a desvanta~ gemd tempo maior de cicatrizaco que a descorna tradicional e, quando empregada em animais con ‘dade acinna de seis meses, em que a pneumatizacto do processo cornual jé iniciou, implica na exposigao do seio frontal“. Por isso, modificagdes desta técnica foram propostascom objetivo de proteger o seio expos- to cnquanto. cicatrizagao da ferida ciningica ocorre. Saree Leet: . poe cic Sete ees Peres Corer neh ere rent PROS onan eer eee rer ter eed Pee ETE a carat eet ea Scolari e¢ al. utilizaram a resing erilica para fechar o scio exposto com evolugio satisfatoria da cica~ izagfo nos catorze dias de pés-operatério avaliados. Outro material alternativo éatadura gessada para sclar 0 seio frontal”. Este material é de baixo custo e forma- do de céleio di-hidratado, que € um material relativa- mente inerte e que se incorpora no osso frontal durante sua cicatrizagio. A atadura é cortada em comprimento estimado para 2 formacao de um tampio que possa ser acoplado no didmetro do seio ésseo exposto. Este peda- co deatadura éumedecido com soro fisiolégico acresci- do de 30% de iodovinilpirrolidona tépica e comprimi- do de forma que o material fique adequadamente imido sem excesso e agregado de forma uniforme, for- mando um material homogéneo. Este material &entio, inserido na abertura éssea do seio frontal apenas na sua superficie, sendo cuidadosamente bem ajustado a esta abertura para que, quando se solidifique, fque perfeita- mente aderido a0 osso, Um detalhe importante €queo gesso no deve ultrapassar 2 altura da pele adjacente, eee undaintengio. Comoa een eet Geer ete eee Figura 13. Descoma de bovinos adultos pela nSenica de cicatrizacto por segunda intencao. (A) Comos pequuenos de animal de oito meses de idadie, em que ainda nao houve a pneumatizarao do micleo deseo commual,{B) exposican do osto do avicleo cornual (seta verde) apés retrada do como e, devido a pouca hemorragia, com hemostasiavealizado apenas em locais pontas da feria cinirgica, por caterizagio com feo incandescente (setas brancas) e (C) fevida cicatiza por segunda intencao, exigindo miuimos cuidados no Seo sob orisco de retardar ou evitara cicatrizagZo cutineae —_ material, sem necessitar de abrigo da chuva™. que tenha sua superficie o mais regular posstvel (Figura A ferida ciringica de bovinos submetidos & 14). © animal pode ser mantido a campo com esse _descorna com cicatrizagao por segunda intensio preci- Ce a et eae ce eee ce ee ee ed Re eee ee an ees ea eet Le ee eee Pee re eee en ee eae PE ee (D) apticacao de atzdura gessada umedecida com soro fisilgico acrescido de iodovinilpiolidona em diluigao de 30%, ajustada a abertura dssea, (E) aspecto da ferida cirargica apés 0 ajuste do gesso seco e solidificado com superficie regular uma poco abaixo da Dens eae at eee eo ee a ee cas sa ser inspecionada diarlamente e produtos cicatrizan- tes repclentes devem ser aplicados até final da clea trizago cutines, que pode demorar de trés 2 quatro semanas, Durante este tempo deve estar scca ¢ limpa, podendo ter a crosta superiicial perdida, mas sob ela devers ter um tecido de granulagao saudivel (Figura 15). Uma das complicagées do uso destes materiais € sua possivel queda quando ago bem ajustados & aber tura do seio frontal (Figura 16). Natéca’ ca empregada pela autora como uso da a Demeat ete Neate eee ee d atadura gessada,em um total de 57 animais,em spenas trés houve a queda unilateral do gesso™, Em dois des- sesanimais isto ocorreu durante os cinco primeiros dis de pés-operatério, com desenvolvimento de sinusite secundaria. Nestes animais {01 feito tratamento com antimicrobianos sistémicos por cinco dias ea regiao da descoma foi limpa com solugio fisiolégica e o scio novamente fechado com gesso nz mesma técnica empregadano dia da cirungia,sem complicasaes poste~ ores e com cicatrizagio completa. No ontro bovino,a queda do gesso ocorren quinze dias apés o procedi- ete Sree eee Ree eee eet ee ee oe ets ae téonica de cicatrizagao porsegunda intensao. frees ce oo ie FT ny ee ere prc! mento, no qual optou-se pela antissepsia didria da feri- dascma colocagio do gesso devidoao tecido degranu- Iago formado em quantidade e aspecto adequados nz regio de abertura do scio frontal (Figura 15), no qual desenvolveu cicatrizagto adequada sem mais compli- cagdcs. Scolari ct al.”* testaram a resina acrilica em seis animais,com o desenvolvimento de sinusite em apenas um”. A autora nao tem experiéncia do uso desta téeni- caem ruminantes com cornos de didmetro superior 25 cm, biifalos ou caprinos”*e no foi encontrado registro do uso desta técnica nestes animais aa literatura con sultada. * Consideragées sobre a pritica de descorna em animais jovens No Brasil, a descorna de bezerros € normal- mente praticeda sem anestesia"™.No entento,as respos- tas fisiolégicas agudas de dor eestresse podem perma- necer por até oito horas em animais de um més ou seis meses de vida submetidos a descorna térmica sem ou com amputagdo prévia, respectivamente, o que prova quea descorna tem um nivel de dorelevado mesmo em animaisjovens™. A descorna térmica em bezerros envolve a pro~ dusdo de uma queimadura de terceiro grau, ou seja, una nectose térmica que atinge 2 pele € o subeutineo, causando uma lesio capa, nfo apenas de causar dor aguda, mas também erdnica ¢ neuropatica”, o que é verificada na redugdo do ganho de peso por até seis semanas em bezerros”. A dor aguda ¢ crénica ¢ todas as suas Consequéncias no ocorrem em ruminantesjovens submetidos 2 descorna sob anestesia loco-regional isolada ou combinada com sedativos eanti=inflamaté- rios, respectivamente, independentemente da idade © técnica empregada”?” Embora a descorna quimiea nfo provoque dor € estresse logo apés a aplicago do produto, inicia ‘uma resposta posterior e mais prolongada que a caute- rizago, mesmo com 0 emprego de anestesia local, pois seuefeito dlgico é tardioe permanece apés 0 término da ago do anestésico local. A diminuigio da dor gerada, por esse método, no entanto, foi possivel com o uso da anestesia local combinada com uma dose de funixio, meglumine”. CIRURGIAS OFTALMICAS Asafcogoes cirtirgicas de globo ocular c tecidos periorbitais so comuns em ruminantes e passiveis de serem tratadas a campo. No entanto, € imperativo 0 conheeimento anatomico ¢ semiolégico para um cor- reto diagnéstico, escolha da técnica operatéria adequa~ da e definicdo do progndstico”. Um histérico detalha- do eum exaime fisico completo e sistemético sfo indis- pensdveis, pois muitas lesbes sto refiexo de més condu- tas terapéuticas prévias ou afecgdes sistémicas”. Para o cxame oftilmico é necessitio material especifico,além, de adequada contengio fisicz ou farmacolégica, quan- do necessaria®, = Anatomia do olho OQ olho éum érgio sensorial localizado na 6rbi- ta constituido pelo globo ocular ¢ estruturas anexas.O. globo ocular éformade por uma tinica fibrosa externa~ mente (cérnes e esclera),uma tiniea vascular interme~ didria (cordide, iris ¢ corpo ciliar),¢,internamente,uma ttinica nervosa (retina), que se comunica com o sisterna nervoso central pelo nervo éptivo, As estraturas anexas so a fiscia orbital, a musculatura extrinseca,as glandu- las lacrimais, 08 vasos sanguineos ¢ nervos, todos cir- cundados pels gordure periorbital, além das pélpe~ bras", ‘A musculatura exteinseca € responsével pelo movimento do globo ocular, sendo composta por qua- tro miisculos retos (dorsal, ventral, medial ¢ lateral), dois miisculos obliquos {dorsal ¢ ventral), e o misculo retrator do globo ocular, localizado préximo a0 forame 6ptico,que eavolve completamente o nerve éptica.Os miisculos retos tém origem retrobulbar, préxima a0 forame éptico e fissura orbital e se inserem na esclera, préximo 4 cérea. Os miisculos obliquos ventral e dor- sal também tém origem na regio retrobulbare se inse~ rem abaixo da insergdo dos muisculos retos lateral € dorsal, respectivamente. Tados esses miisculos atuam de forma coordenada movimentando 0 globo ocular em trés diregdes", © miisculo elevador da pilpebra superior também compée 2 musculatura extrinseca’” (Fgura?) AAs pillpebras sf0 uma extensio da pele shcial com fangdo de cobtir a superficie anterior do globo ocular, formando uma barreira mecdniea, além de con trolaraentrada deluze auxiliar na manutengto daumi- dade da cérnea. Os ruminantes passuem trés pélpe- bras: superior, inferior ¢ terecita pailpebra ou membra~ na nietante ou nictitante.As pélpebras superior e infe- rior so formadas por trés camadas: a pele extcrnamen- te, a [mina musculofibrosa central ¢ a membrana ‘Conjuntiva palpebral Conjuntiva bulbar Pupila Esclera “ Ree ee ene ese pee se eee een eae aa Mascule Seen en scr mucosa internamente. A pele palpebral possui intime- ras gkandulas sebéceas e sudorfparas que seeretam seus produtos na pele e na margem palpebral. No entanto, algumas glandulas sudorsparas modificadas,as glandu- las tarsais, secretam seus produtos na regio superficial do filme préecrimal”. A camada musculofibrosa é constituida por musculatura lisa, pelo miisculo estriado orbital, ¢ © misculo elevador da pilpebra superior. A mucosa, também chamada de conjuntiva palpebral, conteibui com a formagio do filme lacrimal”. A terceita pélpebra € uma prega conjuatival localizada no ngulo medial do olho com fungio de recobrit a cérnea durante a retragao do globo ocular. Possui uma cartilagem hialina em formato de “T*, aumerosos addulos linfiticos ¢ uma glandula lacrimal acess6ria que contribui significativamente com a pro~ dugdodo filme pré-lacrimal”. O filme pré-lacrimal recobre 2 c6rnea ¢ € for- mado por trés camadas: uma externa oleosa, uma een- tral aquosa ¢ uma interna de glicoproteina, A camada Gordura retrobulbar Nervo éptico Eee ener Rete eet cleose, formada pelas glindulas tarsais, lubrifca oérnea eprevine a evaporagao e perda da camada aquo- sa subjacente. Esta camada, por sua vez,é formads pela sccregio da glandula da terecira pilpebra c da glindula lacrimal, localizada na regio dorso-temporal da érbi- ta, A camada aquosa do filme pré-lacrinral € a mais abundante ¢ responsivel por nutrir € umedecer 2 cét~ nea. A camada interna de glicoproteina € formada pels células globosas da mucosa conjuntival ¢ auxilia na aderéncia do filme pré-lacrimal a cornea", A litera~ tura consultada nao reporta o desenvolvimento de cera toconjuntivite seca apds a remogio cirirgica total da terceira pélpebra em ruminantes, como ocorre em outras espécies™. O aporte sanguinea do olho é feito principal mente pela artéria oftilmica externa, um ramo da arté- ria mavilar. Esta artéria chega 20 globo actlar pela regido posterior da érbita, onde se ramifica em nume- rosas artérias ciliares cnttas posteriores, que envolvem © nervo éptico™. A secsao dessas estruturas durante a retirada cintingica do globo ocular provoca uma hemor- ragia profiusa e de dificil hemostasia por pingamento ¢ ligaduras”, Oolho e estruturas anexas so ricamente iner~ vados. Os prineipais nervos so 0 6ptico (nervo crania- no II), responsivel pela visio; ¢ os nervos oculomotor (nervo craniano IID), troclear (nervo craniano IV), ¢ abducente (nervo eraniano VI), que inervam os miis~ culos extrfasecos ¢, portanto, sio responsiveis pelo movimento do globo ocular. Hi também ago do nervo facial (nervo eraniano VID) na fangao motora do miis~ culo orbicular ¢ na formagio das fibras parassimpaticas do nervo petroso maior, que inerva as glandulas kacri- mais. O rrigémeo ¢o oftdlmico sto nervos seasitives da 6rbita e do olho,o frontal atus como nervo sensitive da palpebra superior eo lacrimal inervaa pelee conjuntiva do canto latersl do olho”. Esta rica rede nervosx moto a ¢ sensitiva exige, para as cirurgias oftdlmicas, a asso- ciagdo de mais de uma técnica anestésica, visando nao 96 a analgesia, mas também a aquinesia {imobilidade) das estruturasoculares™*. = Anestesia para as cirurgias oftalmicas Muitos procedimentos cinirgicos oftélmicos podem ser realizados com animal em estagZo com con- tengo fisica ¢ ancstesia regional, No entanto, depen- dendo do temperamento ¢ instalagses, uma sedagio eve on profunda ou anestesia geral poclem ser necessi- ras, devendo-scevitar seu uso em Sémezs preahes”*.E importante ressaltar, todavia, que mesmo que o pacien- te tenha temperamento calmo,2 sedacdo leve pode ser benéfica para diminuir o estresse durante o preparo ¢ manipulagio cirtirgicas. Como citado anteriormente, para as cirurgias oftélmicas normalmente é necessétia a associagdo de mais de uma técnica anestésica (Tahela 1). A anestesia para as estruturas intra-orbitais pode ser realizada pelo bloqueto retrobulbar de quatro pontos,com o depésito de 10.2 15 mL. de cloridrato de lidocaina a 2% ou cloridrato de bupivacaina a 0,5% com agulha hipodérmica, tamanho 40 x 12 mm, em cada um dos fémices dorsal, medial, lateral e ventral, diretamente na regio retrobulbar, com euidado para do perfuraro globo ocular” (Figura 18), Para peque~ 10s ruminantes, o volume de anestésico local pode ser de3.a5 mle agulha tamanho 30% mm. Outra varia~ gio desta técnica é o depésito do mesmo volume em apenas dois pontos, nos férnices medial e lateral” (Fi- gura18B). Noentanto, pode haver dificuldade no emprego desta técnica em casos de infeegao grave ou neoplasias Figura 9) Outta opgio para anestesia de estruturas intra oculares é 0 bloqueio de Peterson realizado com o dep: sito de anestésico local préximo aos forames dptico ¢ orbitorotundum com uma agulha de 10a 12 em (120 x 12 mm) ou 5.26 em (60x 12 mm) de comprimento, para bovinos e pequenos ruminantes, respeetivamente (Figura 20A). A agulha & inserida imediacamente Tabela 1, Técnicas anestésicas recomendadas para os diferentes. procedimentos ciningicos © terapéuticos oftilmicos em ruminantes, 1 Bloqueia retrabulber au Bloqueiode Peterson ' Bloguelo nero auriculopalpabral Enucleario au exenteracdo * Anestesiainfltrativa das pal pebras superior e inferior ou Anestesia inflata pdlpebra inferior e bloquelo do nervo supraarbitario Anestesia infiltrative ou Bloquelo do nervo supraorbitéria [quando a lacerago far em palaebra superior} 1 Bloque nerve suriculopalpebral Tersorrafia para reparo de laceragBies palpebrais 1 Anestesia infiltrative Somesinsencenlo 1 Bloqueia nerve aurculepalpebral * Blogueio nervo auriculopalpebral © Anestesia tépica com colina anestésico 1 Anestesia infiltrativa com aguiha de insulina fopcional) Excérese de neoplasia em tereeira palpebra Bloqueio nervo auriculopalpebral Anestesia tGpica com cairo anestésica Anestesia infiltrativa com agubha de insulina (opcional) Anestasiainfilirativa da papebra superior ou Sloqueia do nerva supreorbitério Flap de terceira pélpebra * loqueio nerve auriculopalpebral nestesia infiltrativa das palpebras superiar e inferior ou Tarsorrafia Anestesia Infiltrativa pélpebra inferior e bloquelo do nervo supraorbitério, 1 Avestesia tépica (opcional} # Anestesia tépica ‘Terapialsuboonntval 2 Bloqueio nerve Auriculapalpebral (opcional) Saree Reece nat) SMe Ua Ean erent (B) dois pontos para analgesia e aguine eaten see Se ect eae Pea beets posterior érbita no Angulo formado entre o arco zigo- mitico e o processo facial do osso frontal inclinada cranialmente em um dngulo de dez 2 quinze graus até atingiro osso,para depésito de 152.20 ml ou 58 mide anestésico local para bovinos e pequenos ruminantes, respectivamente (Figuras 20B a D). Para qualqueruma dessas téenicas é importante testar se nenhum vaso foi atingido antes da injegio do anestésico local, pois a regio retrobulbar é muito vascularizadz e, préximo a0 forame orbituro-redondo situa-se a artéria maxilar interna”. Os bloqueios de Peterson e de quatro pontos promovem analgesia aquinesia do globo ocular ¢ sna cficigncia & comprovada pela auséncia de sensibilidade corncana,midriase ¢ proptose™ A analgesia das palpebras superior ¢ inferior See eer en caterer ee eet pode ser feita com anestesia infiltrava ou, para a palpe- bra superior, o bloqueio do nervo supra-orbital em seu local de emergéncia do forame supraorbitério com 1 ou 5 mldecloridrato de fidocaina 2 2% em pequenos rumi- nantes e bovinos, respectivamente, Este bloqueto tem asvantagens de minimizaro edema gerado pela aneste~ sia infiltrative e demandar um menor volume de frma~ co”. Por fim, o bloqueio motor das pélpebras superi- or cinferioré itl nas cirungias de globo ocular, na tera~ pia subconjuntival, nos flaps de terceira palpebra e nas tarsorrafias. A aquinesia palpebral é obtida pelo blo- queio do nervo auriculopalpebral depositando-se 5 a 10 ml deanestésico local entre a base da orelha ¢ canto lateral do olho, sobre 0 arco zigomatico”. etre log Seve ants teen pantera ees enor nema: poorer ea ee eesc See Se ee eee Peon: ae reer eS Ue Ee eee eta Er ere eet ee ieee mroriee eon rea eyes See Os colitios anestésicos sio utilizados para 2 anestesia tépica com efeito na edrnea, tereeiza palpe- bra, limbo ¢ mucosa conjuntival, sendo limicado para poncos procedimentos (Tabela 1), _Embora sna ago seja limitada e superficial, a administragio repetida do farmaco em intervalos de quinze a trinta segundos durante tr@s a cinco minutos aumenta o seu potencial anestésico naquelas estruturas “, Para a dessensibiliza~ fo da terceira pilpebra, também pode-se empregar uma anestesia infiltrativa com 1.25 ml de cloridrato de Iidocaina a 2% com agulha de insulina disetamente na regito aser operada, Esta anestesia deve ser feita apéso uso tépico de colirie anestésico pois 2 terceira pilpebra precisa ser fixada e tracionada com ums pinga anaté- mica ou hemostitica para ser possivel a introdugZo da agulha na membrana nietante,o que causa desconforto edor® © Procedimentos cirirgicos do olho Para todos os procedimentos descrites a seguir, uma tricotomia ampla e antissepsia préviz de pele nos locais de acesso sto necessirias, com excegiio dos pro- cedimentos em terceira ppilpebra, em que o preparo ciningico serd detalhado. No caso das cirurgias em que o globo ocular seré mantido,€ importante o cuidado de se evitar que solugées alcoélicas,a base de iodo ou clo~ rexidine tenham contato com os tecidos intra-orbitais. Nestes casos, pode-se realizar a antissepsia com solu- go fisioldgica (NaCI 2 0,994). © paciente deve estar com boa contencio fisica e a eabega posicionada ade- quadamente para cada procedimento. A contengio farmacologica deve ser empregada dependendo do temperamento au para garantir a seguranga e precisio dos procedimentos. As t€cnicas anestésicas para cada abordagem estio detalhadas na Tabela 1 B érese do globo ocular Aexérese ou remogio cirtitgiea do globo ocular €acirurgia oftélmica mais praticada em ruminantes’”. Este procedimento pode ser realizado pela técnica de enucleagao (EN),com a remogao do globo ocular, ter~ ceita pilpebra e conjuntiva € manutengzo dos demais, tecidos da érbita; on pela exenteractio (EX), que é a retirada de todas as estruturas™”*" (Figura 21). A EN, pode ser praticada quando se deseja um resultado mais estético ¢ quando a afecgio cinirgica permite, pois os, tecidos que permanecem na 6rbita a preentchem parei- almente apés acicatriza¢a0, Por ontrolado,a EX éindi- cada nos casos de neoplasias malignas, lesécs oculares graves com ou sem infecglo © na ceratoconjuntivite infecciosa bovina associada a trauma do globo ocular ¢ panoftalmite com riseo de infecgdo ascendente a0 qui asma 6ptico’. Como estas aftegdes cirtingicas so mais prevalentes em ruminantes, normalmente emprega-se 2 EX para remogio do globo ocular nestes animais que tem, ainda, como vantagem, consumirum tempo cinir— gico menor quea EN", ‘Tanto a EN quanto a EX podem ser realizadas es pees cea co pela técnica de incisio transpalpebral, com ousem sutu- ra prévia entre as pilpchras superior e inferior™. Esta blefarorrafia evita 2 exposigie do olho durante sua remog30,0 que é vantajoso nos casos de sepse e neopla- sas, embora nem sempre possa ser praticada (Figura 2). A incisio na EN e na EX inicia-se a 1 em das margens palpebrais em pele ¢ subcutineo sem abran- ger a conjuntiva bulbar. Os ligamentos cantais lateral ¢ medial que fixam o globo ocular na érbita devem ser seccionados para facilitar a trago e dissecgio dos teci- dos periorbitais com tesoura romba curva,com cuidado para niio cortar a conjuntiva ¢ exteriorizar seu conted~ do. A profundidade desta disseegio € que varia entre as téenicas de EN c EX (Tabela2). Na EX, a dissecgio deve ser realizada o mais proximo possivel da drbita, seccionando-se cuidadosa- mente 2 fscia e os misculos extrinsecos progressiva~ mente em todo o contorno dsseo pare a retirada homo- génea do olho. Durante essa manobra, € normal uma hemorragia considerivel, especialmente nos casos de neoplasia, devendo ser contida com pincas ¢ ligaduras, Se eee eee ee ia.(C) Carcinoma decétulas escam Pee ea a quando necessétio. Durante a disseegio ¢ seego da fiscia © musculatura, deve-se sempre empregar uma trag%o delicada do globo ocular no sentido oposte a0 que estas manobras estio sendo realizadas. Ao sc aleangar a regio posterior da érbita,é possivel palpar o ncrvo éptico ea musculatura retratora do globo ocular, sem conseguit-se visualizi-los devido a hemorragia eo tecido adiposo que os envolve. Esses tecidos devem todos ser seecionados para liberagao. retirada comple- ta do globo ocular, o que normalmente gera uma hemorragia profisa que deve ser contida por compres- siio seguida de pingamento ¢ ligadura. A hemostasia normalmente demanda tempo, mas ¢ imperative que todo o sangramento seja contide antes da sutura de pele, Esta técnica cinirgica permite a remogiio de todas 2s glandulas lacrimais, evitando-se o desenvolvimento de lacrimocele™, A blefarorrafia pode ser feita em padrio sim- ples isolado com néilon n’ 1 ou 2. Para um efeito mais, estétieo pode-se realizar uma sntura prévia com o mesmo ou outro fio inabsorvivel sintético em padrio simples continuo no peridstco das margens superior ¢ inferior da érbita, que servird de apoio mecanico para sutura de pele minimizando a aparéncia cncava apés sua cieatrizagio” (Figura 23). O pés-operatério deve incluir antimicrobianos € anti-inflamatérios por cinco € trés dias, respeetiva- mente, ¢ antissepsia da ferida cirirgica até a retirada dos pontos com quinze a vinte dias. O prognéstico & reservado nos casos de CCE extenso e bom nos casos de panoftalmite sem infeegao de quiasma éptico”*”, Tabela 2.Sequéncia cintingica da remogio do globo ocular poremacleasiio (EN) c exentetaco (EX) em ruminantes. Bleferarrafia er padria simples cantinuo (quanda passiveb. Blefarortafia em padrao simples continue fquande possivel). Incisdo elfpticaem pele @ subcuténea a 1 emda borda palpebral, preservande conjuntiva Transecgiio dos ligamentos medial e lateral e misculos retos no local de insercao. Dissecsda ramba em tarna da glabo ocular, secclananda ‘8 musculos extrinsecos obliquas e retos no local de sua insersa na esclera Incisda elfpticaem pele @ subcuténea a 1.cmda borda palpebral, preservande conjuntiva Transecglo dos ligamentas medial e lateral e misculas retas na local de inserga, Dissecgda ramba da glabo acular préxima 20 asso da dita, seerionando e trecionandio todas as estrutures nela contidas em blaca, Transeeitio do milsculo retrator do globo ocular e bainha donerve ptico Transeogéo des musculos extrinsecos obliquos, etos ¢ retrator do gabe ocular ne local de sua origem rerrobulbar juntamente com a bainha do nerva optico © mais préximo possielda regis posterior da orbits, Blefararrafia com fia sintético inabsorvivel manafilamentar fem paditdo de aposiria, camo simples isolado ou simples continuo. Blefararrafia cam fia sintética inabsarvvel manafilamentar ‘em padrée de apasicdo, cama simples isolado ou simples continuo. Cirurgias de terceira pdlpebra (membrana nictante ou nictitante) Em ruminantes, a exérese de neoplasias € principal afecgzo cirirgica em terceira pdlpebra, sendo o CCE o mais pr Frequente € 0 fap de terceira palpebra como adjuvante lente'”*"**", Outro procedimento no tratamento de tilceras de cérnea'™, Para ambos, apenas a contengdo Asica é suffeiente com adequado posicionamento da cabega, utilizando-se a sedagio em casos especificos’. A tricotomia € necessiria apenas na pilpebra superior na cirurgia de fap de terceira pélpe bra eas anestesias para os procedimentos esto especi- ficadasnaTabela 1. Para exérese de CCE, a terceira pilpebra deve set fixada ¢ tracionada delicadamente com uma pinga hemostitica, sendo feito o corte da membrana nictante com uma tesoura romba curva ou de Metzenbaum 2 uma margem segura da neoplasia’” (Figura 24). Dependendo do tamanho da massa tumoralya terecira pélpebra pode ser excisada em sua totalidade. Para isso, aplicam-se duas pingas hemostéticas, unma dorsal ¢ outra ventral, abaixo da cartilagem, de forma quesuaspontas sc encontrem na regio central da mem= brana nictante no local destinado ao corte, para orien- tar a incisio e auxiliar na hemostasia”. Uma s6 pinga pode ser suficiente em alguns casos (Figura 25). Apés a excisio,o olho deve ser lavado com solugio fisiolégica para retirada de sanguec cosigulos. Embora pouco frequente, pode ocorrer o pro- lapso da gordura retrobulbar logo apés o exérese total da tereeira palpebra, » qual deve ser seccionada com uma tesoura romba sem complicagdes adicionais™. Antimicrobianos ¢ anti-inflamatérios tpicos podem ser utilizados, mas a antora prefere o uso desses farma~ cos pela via subconji ratival, logo apés 0 procedimento. Nenhum cuidado pés-operatério adicional € nece io, O prognéstico é bom quando a margem de secsto for ampla para evitar recidiva em caso de tumor: Toda~ via, nas neoplasias extensas em que a massa tumoral visivel no consegue ser removida,a remogio do globo ocularéindicada™. O flap de terceira palpebra é um procedimento utilizado no tratamento de tlceras de eérnea graves ou profundas ato responsivas zo tratamento conservador, de descementocele ¢ de prolapso de iris, Neste proce= dimento, 2 membrana nictante € fixada na pélpebra superior ou na regifo dorsotemporal da conjuntiva bulbar, oferecendo melhores condigdes de repara ¢ pro- tegendo a lesao, Embora a fixagao na conjuntiva bulbar ior erate eect Der Rete ete eee ees anced eee eee eee ere reece ee nee oe ee eee tee) eee eee eee eee eee ofereca uma imobilizacio mais eficiente, a fxagio da terceira pilpebra no férnix da pilpebra superior € 2 téenica mais utilizada em ruminantes, pois além de ser mais rpida, tem menor risco de irtitagao da cérnea com a sutura ¢ pode permanecer mais tempo sobre a lesio”. Para 0 fap de terceira palpebra com fixagio na pilpebra superior, membrana nictante € fnada com uma pinga anatémica pela sua borda livre e gentilmen- te tracionada sobre a cérnea para orientar o posiciona- mento dis suturas de forma a cobrir totalmente alesio. Nz muioria dos casos, utiizarn-se duas a trés suturas em padrio Wolff captonada, na regito dorsotemporal do fornix da pilpebra superior com fo de Acido poligli- Pete ae eae See ee arcinoma de céhulas escamozas, (A) Extensa neoplasia ein terceira nbrana nictante e (C} manutencao da pinca para hemostasia apés a célico ou polidioxsnons de calibre 2-0 0u.0.A sutura é iniciada @ aproximadamente 1 em da margem da palpe- bra superior, atravessando pele e conjuntiva com cuida- do para a agulha no danificar a cérnea. A segunda passagem da agulha é com esta paralelaea2.a3 mm da borda livre da membrana nictante penetrando-a parci- almente,sem atravessé-le (Figuta 26). Esta sutura tam- bem pode abranger 2 cartilagem da terceira palpebra parcialmente, mas nunca na totalidade, para que o fo ciriirgico nao tenha contato com a cérnea. Por fim, a sutura de Wolff € terminada com uma terceira passa~ gem da agulha novamente na pilpebra superior inici- ando em sua conjuntiva ¢ terminando na pele,com uma distincia de 3.5mm ds primeira. As outras suturas si Cea Sis Seen onc eee eee eet aplicadas como a primeira,ern um total de trés, para s6 entéio se confeccionarcm os nés, de forma que fiquem firmes, mas sem excesso de tensio para eviter descon- forto ¢ edema no pos-operatorio”. Quando ha presen- ga de edema palpebral durante a cirurgia, no entanto, recomenda-se que sejam apertadas para que, quando 0 edema regredis,a sutura ndo fique frouxa'*, Normalmente,o fap de terceira pélpebra causa minimo desconforto quando bem aplicado, auxiliando no reparo da lesio, reduzindo a dor e prevenindo lesdes adicionais a cérnea durante seu reparo”. A autora tam- bém sempre associa esta técnica com 2 terapia subcon- juntival, realizandlo-a antes da colocagio das sutura ‘Uma desvantagem do flap, no entanto, é que durante o processo de reparo néo € possivel a inspegio direta da lesio,o que torna fundamental o exame clinico perié- ico. Quando ha formagio de exsudato, edema pro- di do hé formagio de exsudato, edema pi gressive e desconforto excessiva na regio ocular além le febre on depressio, deve-se cogitar 2 retirada preco- de febre ou depressio, d . aps ce das suturas, Caso contrérioestas podem ser removi- das duasa trés semanas apés a cirurgia’. Cirurgias das palpebras superior e inferior ‘As principais afecgdes cirtirgicas das pélpebras superior ¢ inferior em ruminantes incluem a entrépio, as laceragdes traumiticas es neoplasias'.A tarsorrafia temporiria é um procedimento indicado para tilcera de cornea”. As lacerages normalmente ecorrem por tsau~ ea ee eee etc See ee ee on ene See eee te mas em objetos pontiagudos presentes nas instalagdes, ou local de passagem dos animais. Quando a laceragio permite sutura, deve ser inicialmente limpa com solu- gio Asioldgica para debridamento, reavivamento de bordos esutura (Figura27}. Os planos de sutura vao variar com a profundi- dade do trauma devendo ser utilizados fios absorviveis, sintéticos (écido poliglicélico, polidioxanona) de cali- bre 2-0 ou 3-0 para todos os planos, inclusive pele,cui- dando-se para que a extremidade dos nés niéo fique préxima da margem palpebral com possibilidade de contato com a cérnea. © misculo orbicular pode ser suturado juntamente com o subcutaneo”. Em lacera- ges graves em que a sutura nao pode ser aplicada, é inclicada 2 remogao do globo ocular devido & possibil dade de desenvolvimento de ume ceratoconjuntivite crénica”. O CCE € a neoplasia palpebral mais frequen- te! Embors possa ser tratada com 2 erioterapia ou qui- mioterapia,a resseccao cindirgica € necesséria para mas- sas maiores que 1 em de didmetro'.A ressecgio cinirgi- ca dessas massas seré vidvel quando puderem ser feitas, com boa margem de seguranga ¢ suficiente tecido residual para manutengo funcional da pélpebra e, pre~ ferencialmente, cicatrizagio por primeira intencio”. entrépio é 2 inversio da margem palpebral em direg&o 4 odrmea, causando irritagiio ¢ desconforto com consequente blefiroespasmo, epifora e ceratocon— juntivite”. Esta condig%o € mais frequente na palpcbra inferior de pequenos ruminantes padendo ser congeni- ean ta ou adquirida™. Quando conggnito, pode ter regres~ silo espontines ou pode set tentada a terapia nfo cintir- ica com injegao subcutanes proxima a margem palpe- bral de solugdo fisiologica (NaCl.20,9%), antimicrobi- ano delonga ago, penicilina procaina ou éleo mineral, em volume de 1a 4 ml ou suficiente para provocar 2 eversio desejaca". Qutra opie de tratamento no entr6pio congénito é 2 técnica cinirgica de eversio temporiria™ Nesta técnica, realiza-seumaaduas sutu- ras abrangendo pele e subcuténeo em padrio de Lem- hert na regido central da pilpebra iavertida com fio absorvivel sintético ou ndilon de calibre 3-0 on 4-0 com a primeira insercao da agniha a 23 mm da mar- gem palpebral e 2 segunda 4.25 mm da primeira. A sutura deve ser tracionada o suficiente para promover a eversio necessiria para cortigir oentrépio, sem excesso de rensto (Figuras 28 ¢ 29), podendo ser mantida por dezavinte dias. ST ee eer oe ec ny Fonte: Gelatte Withley”. Tee eee reat) Senet Nos casos de entropio com eversito acentuada ou no responsivo 20s procedimentos anteriores, a remogio deum segmento de pele palpebral pela técni- cade Hotz-Celsus deve ser realizada™, Para esta téeni- ca,recomenda-se sedacio profunda ou anestesia gerale anestesia infiltrativa. O segmento palpebral a serremo- vido € incisado em formato de meiz lua em tamanho suficiente para comigir a inversio,avaliado previamen- te & incisio. A incisio dorsal € iniciada paralela ¢ a2 mm damargem palpebral em aproximadamente 2/3 de seu comprimento ¢ a ventral na margem anterior da primeira com um distanciamento entre elas de acordo coma quantidade de pelea ser removida,avaliadaante- riormente..Apés a remogao do segmento de pele,asutu- ra pode ser feita com ndilon ou fio absorvivel sintético n’2-Oou3- fio nao toquem a cérnea (Figura 30).O néimero de ),culidando-se para queas extremidades do pontos depende do tamanho do segmento de pele removido, masa distincia entre suturas deve ser curta, em média 3 mm, Cuidados com a ferida cirtirgica no cn ete ease < ae CCN eee) at6rio im 2 cee p6s-operatdrio siio minimos e anti-inflamatério sisté- micos deve ser administrado por dois a trés dias, Em casos de ceratoconjuntivite, o tratamento tépico preci- sa ser realizado. A autora utiliza a terapia suboonjunti- val para este finalidade,conforme jé deserito. Os pontos removidosapés quinze dias”. A tarsorrafia temporaria € uma opgao cirdrgica adicional para protegio ¢ reparo de lesées corneanas graves, assim como o Hap de terceira pélpebra, sendo também indicada nos casos de paralisia do nervo facial’ A técnica consiste em realizar uma sutura captonada em padrio de Wolff com fo de néilon n° 2-0 ou 3-0 unindo as pélpebras superior e inferior sem atravessar a conjuntiva palpebral. A sutura nao deve estar sob ten- so excessiva, mas suficiente para aposigio das pélpe- bras superior e inferior’ (Figura 31). Esta técnica pode ser associads 2 terapia subconjuntival com gentamicina, e flunixina meglumina™.O cuidado no pés-operatério &minimo e 2s suturas podem ser removidas apos cator- ze dias. Te ee ee ee ey Beste tee Copeaennne Re ue ee ieee ee Fe oe Te ™ Consideragées sobre a terapia sistémica e local no pré e pés-operatério das ‘urgias oftélmicas Nos casos de remogio do globo oculat,a terapia sistémica com antimicrobianos e anti-inflamatérios é indicada tanto no pré quanto no pés-operatério por trés a cinco dias, dependendo de cada caso”. Para centrépio, lap de teresira pélpebra, remogio de neopla~ sias ¢ traumatismos palpebrais, alguns autores também recomendam a mesma terapia, especialmente com anti~ microbianos da classe das tetracicilinas, que possuem po box distribuigdo no filme pré-lacrimal””*** ou terapia Figura 32. Técnica de terapi ee en eee ete cet tee Sn eer ee eee tote rece oan eee een enns eee cee ere ne Senne ee OR ee ee en ee eee prot ence test etch fs ae Pee niet eos s6pica com colirios”. Na literatura consultada,a terapia subconjuntival é normalmente uttizada em casos de ceratoconjuntivite infeceiosa em ruminantes™*", nto sendo orientada nos casos cirtingicos em que o globo ocular € preservado. A antora, no entanto, sempre fiz, uso da terapia subconjuntival no pés-operatério imedi- ato destas cirurgias,associando o tratamento com anti inflamatorios sistémicos em casos particulares, mas sem fazer uso dos antimicrobianos parenter bons resultados clinics, Esta terapia, além de ter se mostrado cficazina terapia pés-opcratéria das citurgias, citadas, possui boa distribuigZo octlar ¢ no necessita descarte do leite™™” (Figura 32). Ontra opto para essa Pep ten teente eee te ee eter etna eee ey terapia € a injegdo na conjuntiva bulbar, que mantém niveis terapéuticos de antimicrobiano por mais tempo que na palpebral, mas exige uma contengio farmacols- gica em todos os casos para evitar perfuuragées na c6r- nea durante aadministragio”. Os firmacos para terapia subconjuatival deve ser de preferéncia hidréfilos ¢ no irvitantes. Antimicrobianos de solugio oleosa on de longa agio normalmente provocam irvitagées locas, edema e ble- faroespasmo, sendo contra-indicados’”*, Gentamicina ¢ cntofioxacina sio cxemplos de firmacos usados na terapia subconjuntival e que, na experiéneia da autora, no causam imritagto apés a aplicagio. A autora tam= bém tem obtido bons resultados com o uso da Slunixing meglumina subconjuntival como terapia anti- infamatéria no pés-operatério de cirurgias oftdlmicas que nao envolvem a remogao do globo ocular”. CIRURGIA DA CAVIDADE NASAL E DOS SEIOS PARANASAIS. * Anatomia da cavidade nasal ¢ seios paranasais A cavidade nasal estende-se das narinas até © osso etmoide ¢ é dividida pelo septo nasal nos lados direito ¢ esquerdo. Possui em seu interior 2s conchas nasais que sao estruturas dsscase cartilaginosas revest das pelo epitélio respiratério, com miiltiplas cireunvo- lugées que promovem uma superficie de contato ampla para fucilitar a depuragdo e umidificagto do ar inala- do", Os seios paranasais so extensdes da cavidade nasal preenchidas por ar e pelo mesmo epitélio respira trio pseudoestratificada, porém com cilios menos descnvolvidos ¢ ntimero inferior de eélulas calicifor- mes produtoras de muco®. Diferente dacavidade nasal, que possui uma microbiota sapréfita, os seios parana- sais deruminantes sao ambientes estéreis”. Os ruminantes possuem seis seios paranassis: frontal, mavilar, palatino, lacrimal, esfendide e conchal, que tém comunicagio direta coma cavidade nasal, com excegio dos scios lacrimal e palatino que sio divertion- Jos do seio manilar™. Apenas os seios frontal e maxilar tém relevancia clinico-cindirgica’. O seio frontal é o maior ¢ se comunica com a cavidade nasal através de intimeras fenestragdes no meato etmoidal. Possui cinco compartimentos, dos quais o caudal é 0 mais extenso, projetando-se para dentro do como no chamado diverticulo coraual em animsis adultos no mochos. Possui também dois outros diverticulos de importancia clinica: o nucal eo péstero-orbital. A presenga destes virios compard- mentos limita uma drenagem cinirgica eficiente, o que muitas vezes demanda vérios pontos de drenagem®. O seio manilar é formado pelos ossos maxilar € zigomitico, estendendo-se da regifo rostral e ventral dda Grbita até grande parte da regio de localizagio dos dentes pré-molares e molars”. E pouco desenvalvido em animais jovens, mas tem expansio continua em, adultos devido @ extrusio permanente destes dentes”. Apesar de comunicar-se com a cavidade nasal através de uma abertura nasomaxilar ampla,a drenagem passi- va de contetido do seio maxilar a narina € precéria, pois, esta abertura localiza-se em uma regiio medial alta da face", Em humanos, os scios paranasais possuem ati vidade mucociliar ¢ dividem com a cavidade nasal 2 fangao de umedecer, filtrat ¢ aquecer o ar inspirado, além de formar uma resposta imune contra agentes, potencialmente patogénicos ao sistema respiratorio”, Em ruminantes, sua fangto ainda ¢ incerta, mas alge~ mas hipdteses sugerem protege mecinica e térmica do cérebro on simplemente uma regitio com menor den- sidade e peso para servirde suporte paca estruturasfaci- ais", Outros autores sugerem que 0 scio frontal tem. influgaci na termorregulagao pela presenga de cornos Jongos em algumas ragas de ovinos adaptados a climas quentes”. No entanto, Murray et al.” verificaram em, bovinosa capacidade de geragio de oxide nitrico (ON) aos seio frontal e maxilar,uma importante molécula na resposta imune, também formada em humanos”. 0 ON € um mediador iaflamatério endégeno importan- tena resposta imune,que é produzido por diversas célu~ las, incluindo cpiteliais, endoteliais, nervosas ¢ infla~ matérias ¢, entre outeas fungdes, possui propriedades antibacterianas, antiftingicas ¢ antivirals, Sua presen- 52 nos seios paranasais auxilia na defesa contra patége- nos € na manutencio de um ambiente estéril, além de constituir um dos componentes do mecanismo dedefe- sa mucociliar™ © Cirurgias da cavidade nasal Cistos, granulomas, pélipos ¢ neoplasias sto as principais afecgdes cinirgicas da cavidade nasal de ruminantes”. Dependendo da gravidade dessas afec- gies, 08 achzdos clinicas sto dispneia, ruido respiraté- rio c, quando unilateral, diminuiggo ou auséncia do fuxo do ar exalado. © diagndstico deve ser realizado com base no exame clinico, radiografico ¢, quando possivel, endosedpico, para definir 0 tamanho do teci- do a ser excisado e 0 melhor local para abordagem Giningica™. Para remogiio de tecidos de tamanho pequeno, a trepanagao seguida de remogio ou secgdo com ins- trumentos longos com auxilio de termocautério € nor malmente suficiente”.A trepanagio pode ser realizada com o animal sob sedagio em estagio em tronco de contengdo, na mesma técnica que serd descrita para trepanagio dos seios maxilar ¢ frontal. Para alteragées maiores, no entanto, é necessétia realizagao de uma sinusotomia por ap nasal. Para sinusotomia ou trepa- nagio a referéncia anatomica de acesso da cavidade nasal éa mesma,como deserita a seguir. © flap nasal deve ser realizado preferencial- mente sob anestesia geral inalatéria"”.O paciente pode ser posicionado em deciibito lateral com o lado aferado para cima ou em esternal quando 2 lesio ¢ bilateral, com a cabega posicionada de forma que ficilte a dre~ ggem do sangue, evitando falsa via, O local cirirgico deve ser previamente determinado pelo exame fisico ¢ de imagem, o mais proximo do tecido a ser removido, perm indo um bom acesso & lesfio, ¢ preservando estruturas vitais da face. Dependendo do local da abor- dagem,os seios frontal ou maxilar podem ser acessados antesda cavidade nasal”. A sinusotomia com flap nasal inicia-se com uma ineisao em plano tinico abrangendo pele, subcut’- go e periésteo,em formato semicircular ou retangular. Esta incisto deve ser total em suas extremidades erani- al, caudal e lateral 20 corte,ndo abrangendo a face medi- al ou axial, que corresponderd ao flap que seri eriado. AApés esse primeiro plano, o osso nasal deve ser seceio~ nado com uma serra oscilatéria ou ostetomoe martelo nas mesmas extremidades, também mantendo-se 0 Jado medial intacto. A seguir, um ostestomo € posieio~ nado sob a face lateral do osso seccionado para servir de. alavanca,rebatendo gentilmente o fragmento ésseo em, sentido medial (axial}, mantendo-se esta extremidade presa ao restante do osso para exposiciio da cavidade nasal (Figura 33). Apés a remogio do tecido desejado hé normalmente uma hemorragia profisa devido A alta vascularizago da mucosa nasal,o que exige hemostasia por compressio”. Dependendo da intensidade da hemorragia, 2 compressa usada para hemostasia pode ser mantida na cavidade nasal com a extremidade exte- riorizads pela narina, por onde ser removida 24 2 48 horas apds cinirgica. Apés controle da hemorragia, 0 flap daseo deve ser reposicionado ¢ fxado com cercla~ gem nos angulos livres laterais caudal ¢ cranial. © peridsteo ¢ subentanco sto sutarados em mesmo plano com fio sintético absorvivel tamanho 0 ou 2-0 em, padrio simples continno. A pele ¢ suturada com fio de aéilon N° 1 em padrio simples isolado”. Os cuidados de pés-operatério da sinusotomia incluem 2 antissepsia da fetida cintirgica, terapiz com antimicrobianos anti-inflamatérios por sete trés a cinco dias,respectivamente,e confinamento do pacien~ te até a retirada da sutura de pele apés catorze dias do procedimento. © prognéstico € bom nos cases de remogao de corpos estranhos, pélipos ou granulomas ¢ reservado em casos de neoplasias™. Em animais sub- metidos & trepanagio, os cuidados sio semelhantes 208 que sero discutidos a seguir, nas cirurgias dos seios paranasais. © Cirurgia dos seios paranasais A terapia cintirgica nos selos paranasais em ruminantes pode ser necessaria em casos de acoplasias, polipos, cistos, tranmas, fraturas dentirias, granulomas ¢ verminoses, sendo os scios frontal ¢ maxilar os mais acometidos. A cansa mais comum de sinusite cinirgica do seio frontal éa descorna ou fratura de corno em bovi- nos ¢ larvas de Oestrus ovis em pequenos ruminantes™. A sinusite do seio maxiler € menos prevalente, tendo como principais afecgées cinirgicas as fraturas dentéri- sou dsseas eas neoplasias’. Osachadoselinicos das sinusitesincluem hipo- rexia ou anorexia, emagrecimento progtessivo, taquip- neia, febre, halitose, descarga nasal mucopurulenta unilateral, deformidade facial, exoftalmia, desvio de cabega e ruido respiratério”. Ataxia é um achado menos comum, mas possivel em casos de meningite bacteriana secundaria nas sinusites de seio frontal”. exame diinico, além de exame radiogréfico, quando possivel, so importantes para compor o diagnéstico ¢ definiro melhorlocal da abordagem c técnica ciringica. A coleta de exsudato pata cultura ¢ antibiograma apés 0 acesso cinirgico € recomendada especialmente cm casos crénicos que foram refratdrios 4 terapia conser- vadors’””. Os microrganismos mais prevalentes nas sinusites paranasais sto 2 Trueprella pyogenes € Prewdo- nonas aeruginosa”. A terapia invasiva das sinusites é indicada nos casos erdnicos nao responsivos ao tratamento conser~ vador on que apresentam acéimulo importante de exsu- dato com comprometimento respiratorio associado™”. A principal abordagem cindrgica nos seios paranasais & a wepanagZo para realizegio de drenagem ciringica, fimpeza ¢ lzvagem do contetido acumulado. Quando hé necessidade de remogio de neoplasias, cistos, fratu- rasdsseas on dentirias ou outros tecidos, deve-se reali- zara técnica de sinusotomia por flapésseo™. As trepanagdes podem ser feitas com o animal em estaciio em un troneo de content, sob sedacto ¢ anestesia local”, Para as sinusotomias por flap 6sseo recomenda-scanestesia geral’™. Para todass cirurgias, recomenda-se antimicrobianos ¢ anti-inflamatérios antes do procedimento ¢ no pés-operatério. Florfeni- cole cefiiofur possuem boa distribuigdo para a repido € podem ser usados antes do resultado da cultura ¢ anti biograma ou quando este exame nao foi possivel”. Trepanagao dos seias frontal e maxilar O seio frontal é maior e possui mais comparti- mentos que o maxilar, portanto, possui mais regides de abordagem para as trepanagées. O local a ser escothido depende da localizagio da afecgio, algumas vezes sendo nevessiria a realizagio de mais de uma abertura para melhorar a drenagem,dependendo da quantidade de conterido represado. O diverticulo postero-orbital & acessado 4 em caudal & borda posterior 2 drbita,exata~ menteacima da fossa temporal. regio rostral do seio frontal éacessada entre as duas érbitas, 2 2,5 em lateral 2 linha média da face e a regifo turbinada na regio candal de divergéncia do osso nasal também 8 2,5 em lateral a linha média da face. A regio principal do oss0 frontal é zcessada a partir da mesma distancia da linha médiz da face, ne regido mais convexa do seio frontal”, Esses locais de acesso estdo representados na Figura 34, Em casos de sinusites devido a fraturas de cor- no, pode-se realizar a lavagem do seio frontal inseria- do-seuma sonda pelo diverticulo coraual exposto, caso esta manobra resulte em drenagem do contesido pelas narinas. Em casos de obstrncio on exsudato espesso, ho entanto,orienta-sealavagem através do diverticula, mas com um ou dois locais de trepanaciio distais, para viabilizara drenagem cirtirgica”. A trepanacio do seio manilar ¢ realizada ime- diatamente dorsal e caudal 20 tubérculo facial, toman- do-se 0 euidado de se realizar 0 orificio em posi¢ao um pouco mais dorsal em caso de animais jovens, para no atingira raiz dos dentes pré-molares ¢ molares” (Figu- 12 34), © diémetro do orificio produzide na trepana~ at orgae principal do seo frontal ——“—-—@ Aly Selo mavlar 9} org turbinada do sei frontal ~ sto dependers da consisténcia e quantidade do exsuda~ to a ser drenado, podendo ser realizado com pino de Steimann de 4 mm, apés uma pequena inciséo retilinea de pele ¢ subeutineo, por onde pode ser introduzida uma sonda que pode ser fixada para varias levagens. ‘0 de diémetro Quando ha necessidade de um ori maior, utliza-seo trépano™. A técnica de trepanagio dos scios paranasais, com trépano necessita 2 remogéo de um fragmento circular da pele, subentaneo ¢ miisculo cutineo da face da regito de escolha, de mesmo ditmetro do trépano a ser utilizado. Um fragmento de peridsteo de mesma dimensio também deve ser incisado,elevado e retirado, O mépano &, entio, posicionado e girado em sentido horério para a remogao de um fragmento dsseo eexpo- sigio do seio, por onde uma sonda pode ser inserida para facilitar a lavagem, Esta pode ser feita com solugZo fisiologica pure, com 0,19% de iodopovidona, com dgua oxigenada a 3% ou com gentamicina’. Essa lavagem & realizada dizciamente até que todo o exsudato visivel, sejz removido. Em casos de osteomielite, debridamen— to e curetagem do seio paranasal podem ser realiza~ dos” © local de trepanacio cicatriza por segunda J) Ve intengdo em média entre trés € quatro semanas, perfo- do no qual sua ahertura deve ser protegida com banda- gens ou curativos e o animal mantido em ambiente arcjado e com o minimo de pocira,evitando-se alimen- tos como ferto ou gros muito moidos. O prognéstico € favordvel em casos agudos ¢ reservado em casos erdni- cos com desenvolvimento de osteomielite ou quando 2 técnica é realizada para remogio de pequenas massas neoplisicas’. Sinusotomia (asteatomia) por flap dsseo nos seins frontal e maxilar As sinnsotomias por ap 6sseo sio realizadas por meio de una incistio em formato retangular onde os lados lateral, cranial e caudal sero seceionados,men- tendo-se articulado ou intacto 0 lado medial (dorsal ox axial). Para o osso frontal, o limite caudal da incisio € tum ponto entre a base do corno ou processo cornual ¢ Limite lateral estencle-se do limite caudal atéo centro da 6rbi- forame supraorbitétio ¢ 0 centro da cabe (a,4.cm medial a esta para evitar o forame supraorbité- rio;¢ 0 limiterostral estende-se do centro da cabega até o limite lateral (Figura 35A). A técnica de acesso ¢ os planos de incisio e sutura si os mesmos do fap de cavidade nasal descrito anteriormente. Alguns autores recomendam 2 secgao do osso em um angulo de 45° (Figura 35B) para facilitar a aposi¢io éssca quando flap € reposicionado zo final do procedimento, o que melhora a superficie de contato para cieatrizagio dssca ¢ dispensa o uso de cerelagem para imobilizar 0 frag- mento dssco”, Para sinusotomia do seio maxilar o Limite cau dal do acesso cirtirgico € ums linha que inieia 4a 5 em distal do canto medial do olho até o n‘vel da tuberosi- dade facial; o Himite ventral 5 2 7 em a partir do limite candal, seguindo-se 2 mesma altura do arco zigomsti- 0,0 que iré corresponder 2 ume linhs imediatamente acima da tuberosidade facial; eo limite rostral estende- se do final do limite ventral 5 em em diregao dorsal e paralela 2o limite caudal” (Figuras 35Ce D). Os planos de sutura so os mesmos da sinuso- tomia da cavidade nasal, mas sem necessidade de cer- clagem do Hap ésseo apés sua recolocagao no local anatdmico, caso 2 secgio dssea seja praticada em um angulo de 45°, Os cuidados de pés-operatério também sfo semelhantes ea retirada da sutura de pele é realiza~ da14 dias apés o procedimento.O prognéstico ébom 2. reservado em casos de cistos ¢ granulomas ¢ reservado atuim em casos de neoplasias”. Pre: CONSIDERACOES FINAIS Neste artigo detalharam-se as principais cirurgia de cabega,discutindo os aspectos relevantes da ana~ tomiae téenicas operatérias dessa regizo deticada, Também procnrou-se enfatizar as téenicas anestésicas nao somente pars que os procedlimentos sejam praticados com qualidade e seguranga, mas também respeitando 0s prineipios éticos ¢ de bem-cstar animal. As caracteristicas comportamentais de ruminantes fxzem com que esses animais até permitam, com menos reatividade que outras espécies, que procedimentos invasivos scjam realizados com analgesia insuficiente, além de serem diseretos em manifestar dor erdnica ou no perfo- do pés-operatério, Devido a essas caracteristicas,o controle da dor durante e apésa cirurgia deve ser prior- zada ¢ valorizada pelo Médico Veterinario Buiatra, especialmente em locais ricamente inervamos como a cabega, onde dor exdnica e neuropiitica so passiveis de se desenvalver. O controle da dor deve sempre fazer parte da terapia cirtirgica, pois que promoverd melhor recuperagdo do paciente e, consequentemente, melhor resposta 0 tratamento invasivo. REFERENCIAS 6. WHITE, E. Caprine dehorning. In: FUBINI, $. DUCHARME,N. Farm Animal Surgery. 1¢ed. Phila~ delphia: Elsevie,2004.p.511-515. 1. WEAVER, A.D. et al. Bovine Surgery and Lame- ness. 3*ed, Oxford: Wiley,2018. 380p. 7, HENDRICKSON, D.A.; BAIRD, AN. 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