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Manual Módulo 4
Manual Módulo 4
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................................................6
BIBLIOGRAFIA......................................................................................................................................................37
Considerando que o aproveitamento na FPIF certifica o indivíduo para o exercício profissional das
funções de formador, este quarto módulo tem como objetivo familiarizar o formando com a
importância das metodologias e estratégias pedagógicas no sucesso da formação.
Numa primeira parte, referente ao submódulo 4.1. Métodos e Técnicas Pedagógicas, objetiva-se dotar
os formandos dos conhecimentos necessários para escolher e aplicar técnicas e métodos pedagógicos
mais adequados aos objetivos, ao público-alvo e ao contexto de formação. A segunda parte, que incide
sobre o módulo 4.2. Pedagogia e Aprendizagem Inclusiva e Diferenciada, tem como propósito principal
dotar os formandos de conhecimentos sobre as principais técnicas pedagógicas a utilizar com públicos
diferenciados
A aprendizagem de adultos deve ser ativa, de modo a que o formando tenho um maior envolvimento
no processo de construção da sua própria aprendizagem mediante a manipulação, a experimentação e
a descoberta. A motivação e o interesse do formando aumentam à medida que este se torna mais ativo
e participativo, pelo que o formador deve recorrer aos métodos ativos para estimular a sua participação,
de acordo com uma perspetiva construtivista da aprendizagem. Por essa razão, é importante aproveitar
as experiências e conhecimentos dos adultos para desenvolver competências e estimular novas
aprendizagens.
Com efeito, a pedagogia ativa, ao potenciar o envolvimento do formando na sua própria aprendizagem,
permite que este identifique/ultrapasse as suas dificuldades através de atividades como a simulação, o
debate, o trabalho de grupo ou o estudo de caso. Neste sentido, o formador assume o papel de
moderador da aprendizagem, guiando o formando ao longo do seu percurso formativo.
De uma maneira geral, os métodos podem ser diretivos (expositivo e demonstrativo), semidiretivos
(interrogativo) e não-diretivos (ativo). Os métodos diretivos são aqueles orientados para o saber ou
saber-fazer segundo a perspetiva do formador, onde este assume o papel de depositário do
conhecimento e o transmite aos formandos sem que estes tenham um papel ativo no processo. Por sua
vez, os métodos não-diretivos (ativos) potenciam a apropriação do saber pelos formandos, na medida
em que desenvolvem a sua capacidade para criar o próprio percurso de aprendizagem, em função das
suas motivações e necessidades de formação.
O autoestudo promove a aprendizagem individualizada, de acordo com os ritmos de cada um, facilita a
atualização formativa e oferece um maior controlo à qualidade da formação. Contudo, este é um
processo trabalhoso que necessita de maior motivação do formando, que deve definir os seus próprios
objetivos e comprometer-se emocionalmente com eles.
Neste ponto, e antes de avançarmos para os próximos tópicos, convém fazer uma distinção entre
método e técnica, dois conceitos muitas vezes confundidos. O método reporta-se ao caminho utilizado
pelo formador para que os formandos atinjam os objetivos (a aquisição de conhecimento e
competências), definindo as linhas gerais de atuação para a consecução dos fins pedagógicos. São, de
uma forma simples, uma espécie de classes onde se inclui diversas técnicas, que constituem a forma
como vamos concretizar o método através de diferentes instrumentos auxiliares. Os métodos
pedagógicos requerem, assim, o uso de diferentes técnicas pedagógicas e condicionam as situações
formativas e os resultados da formação.
Os métodos podem ser mais orientados para o formando ou para o formador. Os métodos que colocam
o formando no centro do processo formativo são os não-diretivos (ativo), que têm o propósito de
facilitar a aprendizagem ao ritmo dos formandos, o que pressupõe um maior dispêndio de tempo e uma
menor necessidade de recorrer aos meios audiovisuais. Os métodos orientados para o formador são os
diretivos (expositivo e demonstrativo), uma vez que se baseiam na transmissão de saberes ao ritmo do
formador. Este tipo de método pressupõe um menor dispêndio de tempo e uma maior necessidade de
recorrer aos meios audiovisuais. Podemos, ainda, falar dos métodos semidiretivos, nomeadamente o
método interrogativo, que poderá assumir um papel mais ativo ou mais passivo consoante a maior ou
menor orientação do formador a este respeito.
Os métodos pedagógicos não têm uma hierarquia diferenciada de importância e o uso isolado de cada
um deles não é considerado infalível. O importante é que o formador saiba experimentar e escolher
vários métodos tendo em conta os aspetos descritos acima, relacionados com as características e
condicionantes de cada situação formativa.
O formador pode, inclusive, colocar algumas questões antes da escolha do método pedagógico a
utilizar:
Os métodos mais comuns são o expositivo, demonstrativo, interrogativo e ativo, que serão descritos a
seguir.
MÉTODO EXPOSITIVO
A comunicação é unilateral (o formador fala e o formando escuta), pelo que não deve ser utilizado de
forma muito frequente nem por longos períodos de tempo, principalmente se considerarmos que o ser
humano apenas retém 20% do que ouve. Além disso, este processo está relacionado com a eventual
perda ou distorção da informação, devido a características como a má colocação de voz do formador,
aos ruídos existentes na sala, ao cansaço dos ouvintes, ao quadro de referência dos formandos, ao seu
conhecimento lexical ou à própria ambiguidade de vários termos.
A utilização do método expositivo pode ser útil em algumas situações, designadamente quando:
Num curso cuja metodologia não assente neste método, breves sessões expositivas podem
alterar o ritmo e despertar maior interesse dos participantes;
A sessão expositiva for a única forma de responder a questionários ou dúvidas dos formandos
e ainda acrescentar informação;
O método for adequado aos seguintes objetivos: motivação do auditório para um tema novo,
aquisição de conceitos, diretrizes para a execução de uma atividade, reforço de informação;
Fonte: http://formacao.fikaki.com
A aplicação do método expositivo deve ter em conta as três etapas fundamentais de uma exposição:
preparação, desenvolvimento e conclusão.
Preparação
Criação de auxiliares de memória apenas com os pontos-chave do tema (nunca escrever textos
completos) e visualmente apelativos;
Análise prévia das condições materiais existentes e recursos disponíveis (como a sala ou os
equipamentos técnicos);
Desenvolvimento
Exposição dos conteúdos por blocos temáticos, do mais simples para o mais complexo;
Síntese da apresentação (que pode ser feita em conjunto com a técnica das perguntas aos
formandos);
VANTAGENS DESVANTAGENS
Transmissão de vários conteúdos em pouco tempo; Enfoque no formador e nos conteúdos a transmitir;
Expressão de raciocínio lógico sem interrupções. Perda de muitos conteúdos formativos (retenção de
apenas 20% do que se ouve);
Este método, por si só, não apela à participação dos formandos na descoberta do saber-fazer, mas
potencia o desenvolvimento de automatismos e aptidões motoras. O formador explica e mostra em
simultâneo, associando o saber-saber e o saber-fazer. A utilização deste método é fundamental em
certas aprendizagens de carácter técnico.
Explicitar. O formador deve explicar o formando em que consiste a tarefa a realizar e o seu
propósito, questioná-lo acerca do seu grau de conhecimentos e articulá-la com a sua
experiência, criando as melhores condições possíveis para a sua realização;
Demonstrar. Nesta etapa, o formador demonstra e explica como se realiza a tarefa, dando
destaque às ideias-chave. A demonstração deve ter uma sequência lógica e contemplar as
diferentes formas de realizar a tarefa, respeitando os ritmos de aprendizagem dos formandos;
VANTAGENS DESVANTAGENS
Promoção do diálogo e do ensino prático de uma Dispêndio de muito tempo na execução do método:
tarefa;
MÉTODO INTERROGATIVO
O método interrogativo pode ser aplicado nos domínios do saber-fazer e do saber-saber, aplicando-se
ao conteúdo de uma exposição ou demonstração. Neste sentido, pode ser aplicado em diferentes
situações formativa, designadamente quando se pretende verificar o nível de conhecimentos dos
formandos sobre um determinado tema, para rever assuntos e verificar pré-requisitos, para recordar
ideias-chave, para consolidar a aprendizagem, para garantir a participação dos formandos e captar a
sua atenção ou para variar o método pedagógico, imprimindo maior dinamismo à sessão.
Neste tipo de método, é possível recorrer a técnicas como o interrogatório (perguntas específicas do
formador para avaliar a aquisição de conhecimentos), a argumentação (o formador determina o tema
e os formandos têm de encontrar os argumentos para o discutir com o formador) ou o diálogo (o
formador lança o diálogo sobre um tema e pede ao grupo que dê a sua opinião sobre o mesmo).
O tipo de perguntas colocado aos formandos deve ser claro, objetivo e simples, de modo a evitar
distorções por parte dos formandos, e as questões devem estar em articulação com as experiências do
grupo. Deste modo, é possível falar em diversos tipos de perguntas:
Perguntas dirigidas à memória: são aquelas que implicam o relembrar de informação específica;
Perguntas dirigidas ao raciocínio: são perguntas que levam o formando a pensar e a desenvolver
a sua informação;
Perguntas abertas: são aquelas perguntas cujas respostas se conseguem através de uma
elaboração diferente de indivíduo para indivíduo. Podem ter uma ou várias respostas aceitáveis;
Perguntas fechadas: são perguntas que apenas têm uma única resposta correta à qual só se
chega através de processos mentais semelhantes.
Fonte: http://formacao.fikaki.com
VANTAGENS DESVANTAGENS
Incentivo à comunicação verbal e à participação de Cansativo no caso de ser utilizado de forma excessiva;
todos;
Maior facilidade na avaliação contínua e no controlo Necessidade de capacidade de planificação por parte
das aprendizagens; do formador;
MÉTODO ATIVO
O método ativo reporta-se à aprendizagem do formando através da sua experiência pessoal e de uma
forma interativa, baseando-se na atividade, liberdade e autoexpressão. O formador assume o papel de
orientador, mediador e observador da formação. Este tipo de método abrange os domínios cognitivo
(saber-saber), afetivo (saber-ser) e psicomotor (saber-fazer), incluindo em si todos os outros métodos.
O processo de aprendizagem é grupal, ativando uma comunicação multilateral e uma troca dinâmica de
informações, opiniões e experiências. O objetivo é criar situações o mais semelhantes possível à
realidade profissional dos formandos e potenciadoras da descoberta de soluções.
Neste processo, há uma maior autonomia e responsabilização do formando pelo seu próprio processo
de aprendizagem, na medida em que este constrói o seu saber recorrendo a atividades significativas e
em articulação com os seus interesses e motivações. Este método tem em conta o formando na sua
M4. METODOLOGIAS E ESTRATÉGIAS PEDAGÓGICAS |Página 17 de 38
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globalidade e prevê o exercício da sua autonomia e liberdade num contexto dinâmico, seguro e aberto
à diversidade.
O método ativo é o mais adequado quando pretendemos desenvolver nos formandos competências
cognitivas, comportamentais e sociorrelacionais, como é o caso do trabalho em grupo, dos processos
de tomada de decisão, da capacidade de liderança, das competências comunicacionais ou da
criatividade. Além disso, potencia a aquisição de conhecimentos teóricos através do trabalho de grupo.
Neste sentido, o formador atua como um gestor pedagógico, cooperando com o grupo (estimula),
ajudando os formandos (clarifica) e conduzindo os esforços do grupo (orienta). Desta forma, os
formandos têm uma nova postura perante a formação, discutindo, analisando os temas, procurando
soluções e interagindo com o grupo e com o formador, de acordo com uma perspetiva
socioconstrutivista da aprendizagem.
VANTAGENS DESVANTAGENS
Promoção da liberdade e do espírito de iniciativa dos Pouca adequabilidade a grupos heterogéneos (pode
formandos; quebrar os ritmos de aprendizagem);
Troca de experiências entre os elementos do grupo; Grande variação de resultados em função das
características do grupo;
A diversificação e a aplicação sequencial das técnicas são fatores essenciais para o sucesso da formação
e a consecução dos objetivos propostos. A utilização correta das técnicas pedagógicas contribui para
que o método desempenhe a sua função de gestão da formação, pelo que é importante o domínio das
técnicas que garantam que o método adotado seja um fator efetivo de aprendizagem e sucesso.
Também é importante referir que há técnicas que podem ser aplicadas para a obtenção de
conhecimento, para a avaliação ou para a investigação, mas a mesma técnica pode ser útil para mais do
que uma habilidade.
De seguida, vamos descrever as seguintes técnicas pedagógicas: simulação, jogo de papéis, exposição,
demonstração, estudo de casos, tempestade de ideias, projetos, aprendizagem no posto de trabalho,
exercícios práticos, tutoria e dinâmicas de grupo.
SIMULAÇÃO/AUTOSCOPIA
A preparação de uma simulação deverá ter em conta alguns aspetos, nomeadamente as características
dos participantes, o clima do grupo no início da formação, a duração da ação, o local da ação e os
materiais técnico-pedagógicos disponíveis. Além disso, apesar de não haver um modelo único para a
aplicação desta técnica, é fundamental seguir algumas etapas, como é o caso da preparação da
intervenção pelo formando, a videogravação da simulação, o visionamento da intervenção (pelo
próprio, pelo grupo e pelo formador) e a análise (aspetos positivos, aspetos a melhorar e sugestões para
melhoria).
No que diz respeito às suas vantagens, esta técnica de autoavaliação permite que os participantes se
revejam e ganhem consciência daquilo que fazem bem e daquilo onde podem melhorar, contribui para
a alteração de atitudes e comportamentos e potencia a afirmação pessoal através da transmissão de
ideias. Por outro lado, o sucesso desta técnica depende de um profundo processo de autorreflexão que
dificilmente se consegue impor de fora para dentro.
Permite que o formando assuma um papel que não tem a ver com a sua personalidade, o que
facilita o treino de comportamentos que poderão ser aplicados a situações difíceis ou
conflituosas;
Para além das vantagens identificadas, refira-se o facto alguns participantes apresentarem resistência
a este tipo de técnica devido a fatores como a insegurança, a timidez ou o receio do fracasso. O jogo de
papéis pode, ainda, ser propício ao humor, pelo que os formandos poderão não o levar tão a sério
quanto se desejaria, o que coloca em causa os resultados esperados.
EXPOSIÇÃO
A exposição consiste na apresentação de um tema específico perante uma audiência. Esta é a técnica
mais ajustada a grupos grandes e pressupõe fatores como o dom da oratória e da apresentação
(domínio da voz, timbre, volume, gestos), a organização prévia dos materiais de suporte e de gestão do
tempo e a elaboração de esquemas/sínteses.
A demonstração é uma técnica que permite que os formandos observem como se realiza uma
determinada tarefa e que coloquem em prática aquilo que observaram, através da experimentação. É
uma técnica adequada para explicar processos ou operações, sobretudo psicomotores, podendo ser
direta (realizada pelo formador) ou indireta (demonstrada através de filmes, vídeos ou programas de
computador, por exemplo)
ESTUDO DE CASOS
O estudo de casos tem como objetivo criticar dados, opiniões e hipóteses e descobrir novas perspetivas
na apreciação dos problemas e na tomada de decisões. Quando falamos do conceito de caso,
reportamo-nos a uma situação concreta que exige uma resolução ou uma tomada de decisão. Esta
técnica é eficaz quando se pretende desenvolver aptidões como a análise de situações, a seleção de
informações importantes, a conceção de várias hipóteses de solução, a comunicação de ideias, o
diagnóstico de problemas e a tomada de decisões.
O caso pode ser apresentado de diversas formas, como a descrição, a narração, o diálogo, a
dramatização ou o filme. O mais importante é que tenha características que o tornem verosímil,
polémico e motivador. Esta técnica deve ser aplicada quando se pretende motivar os formandos,
desenvolver a capacidade de análise crítica, estimular o trabalho em equipa, promover a aquisição de
novos conceitos, desenvolver o reportório lexical e potenciar a capacidade de tomada de decisões.
A tempestade de ideias ou brainstorming é uma técnica de dinâmica de grupos que tem como finalidade
estimular a criatividade e criar o maior número possível de soluções para um tema ou problema
específico. Esta técnica permite colocar em evidência a criatividade dos formandos face a temas novos
ou a situações específicas. Porém, a sua aplicação correta exige a criação de um clima favorável e
propenso à liberdade de expressão e participação. Por esse motivo, o grupo deve libertar-se de ideias
pré-concebidas, de atitudes de acomodação e do medo da crítica.
Exposição de abertura, na qual o formador deve explicar a técnica, mostrando aos formandos
que estes podem expressar as suas ideias de forma concisa e clara e que devem eliminar
atitudes críticas;
Exposição de ideias, fase produtiva na qual os formandos podem expressar livremente as suas
ideias;
Seleção das melhores ideias, fase em que se apuram as ideias mais importantes e que têm
possibilidade de ser colocadas em prática.
Durante a aplicação desta técnica, o formador atua como moderador, não fazendo qualquer avaliação
sobre as ideias dos formandos e garantindo que não sejam emitidos juízos de valor pelo grupo.
Frequentemente, o formador regista as ideias proferidas, agrupa-as em classes e força uma
decisão/solução por parte do grupo, sem emissão de qualquer opinião.
PROJETOS
O projeto tem como base a participação does elementos de um grupo com o propósito de elaborar um
trabalho planificado e organizado em comum acordo. O trabalho encontra-se orientado para a
resolução de um problema e o projeto consiste em estudar um tema, responder a um problema e
concretizar uma ação. Este tipo de técnica relaciona-se com investigação-ação e pressupõe a existência
de uma motivação intrínseca.
A aprendizagem no posto de trabalho tem como objetivo formar pessoal especializado em situações
reais de trabalho. O desenvolvimento desta técnica requer a existência de um grupo de técnicos que
elaborem os programas de formação e de pessoas/monitores com competência técnica para a
transmissão desses programas.
Explicação do modo como o trabalho deve ser apresentado (de forma sequencial e com
insistência nos pontos-chave);
Demonstração da forma como o trabalho deve ser realizado e feedback (colocando o formando
numa situação em que este deve explicar a tarefa à medida que a executa e corrigindo os erros
no próprio momento);
EXERCÍCIOS PRÁTICOS
Os exercícios práticos, como o nome indica, permitem aplicar os conteúdos ministrados, verificando se
houve aquisição de conhecimentos e quais as dificuldades dos formandos. Esta é uma das técnicas mais
utilizadas na formação e frequentemente ocorre após a exposição dos conteúdos, sendo uma forma de
consolidar os conhecimentos. Contudo, se usada de forma excessiva, pode desmotivar os formandos,
principalmente aqueles com maiores dificuldades.
TUTORIA
A tutoria consiste numa ação de orientação e suporte aos formandos por parte de um tutor, sendo
realizada de forma sistemática e contínua. O tutor deve dedicar aos seus tutorandos uma atenção
privilegiada:
DINÂMICAS DE GRUPO
A dinâmica de grupos é uma técnica que promove a aproximação, conhecimento e partilha de ideias e
valores entre os intervenientes. Em contextos formativos, pode recorrer-se a estes jogos para alcançar
objetivos específicos em relação a um dado tema, para desenvolver competências concretas ou apenas
para descontrair e quebrara a monotonia, aliviando o ritmo da sessão e motivando. Este processo
permite enriquecer o potencial dos formandos ao nível da criação, formação e transformação do
conhecimento. As dinâmicas também promovem uma maior integração no grupo, o que contribui para
fatores como a segurança, a valorização, a autoestima ou a afiliação.
Existe um conjunto diverso de dinâmicas de grupo que incluem as técnicas de apresentação, integração,
animação ou capacitação. O recurso a este tipo de técnicas permite melhorar a assimilação de novos
conhecimentos e promover atitudes de aceitação face à atividade profissional dos formandos, sendo
fundamental a sua aplicação correta e articulada com os conteúdos ministrados. Por essa razão, as
dinâmicas devem integrar-se construtivamente na estrutura pedagógica da formação, não surgindo
como peças soltas no preenchimento de espaços vazios. Quando colocados em prática de forma
eficiente, os jogos criam interesse e motivação nos formandos, podendo funcionar como um ponto de
partida para outras atividades.
A aplicação de dinâmicas de grupo em contexto formativo rege-se por alguns princípios básicos:
As regras devem ser definidas antes do início da dinâmica (não havendo lugar a alterações após
o seu esclarecimento), de preferência fazendo uso da espontaneidade, informalidade,
criatividade e humor;
A participação dos formandos não deve ser sujeita a juízos de valor ou interpretações, devendo
ser contextualizada no contexto da própria dinâmica e da relação grupal;
A seleção dos métodos e/ou técnicas de formação deve ter em consideração alguns critérios de seleção,
nomeadamente:
Desta forma, é necessário ter alguns cuidados nas atividades pedagógicas, intercalando as diversas
atividades (evita a monotonia) e conferindo dinamismo e ritmo à formação, o que contribuirá para que
os formandos se mantenham atentos e não fiquem cansados. No que diz respeito a técnicas como os
debates, as discussões ou a dinâmicas de grupo, também é necessário ter atenção a alguns aspetos
aquando da sua aplicação, já que estas apresentam alguns riscos, como a monopolização da
comunicação por alguns elementos, o surgimento de rivalidades, o sentimento no grupo de que se está
a perder tempo se não houver uma articulação clara com os objetivos pedagógicos ou a ansiedade ou
insegurança dos elementos mais introvertidos.
A formação tem como objetivo principal contribuir não só para a mudança ao nível dos conhecimentos
técnicos mas também ao nível do saber-estar. Em contexto de sala, é possível trabalhar novas formas
de relacionamento interpessoal, modos alternativos de trabalho em grupo e novas formas de
comunicação. Neste contexto, é fundamental considerar a experiência e o saber de cada um, abrindo
espaço para a expressão individual. As próprias questões sobre os conteúdos ministrados são
compostas por uma dimensão socioemocional. O esclarecimento de dúvidas permite aos formandos
satisfazer as suas necessidades sociais de reconhecimento do seu estatuto no grupo e de afirmação da
sua própria individualidade.
Muitas vezes, o formador apenas se preocupa em seguir linearmente o programa, relegando para
segundo plano o domínio socioafetivo e a necessidade de integrar esta componente no contexto
formativo. A este respeito, convém fazer notar que nem sempre os objetivos do formador
correspondem aos objetivos dos formandos, pelo que trabalhar a relação contribui para a facilitação da
transmissão dos conceitos teóricos e técnicos. Assim, o formador tem a responsabilidade de estar
permanentemente atento ao comportamento, atitudes e feedback do grupo, de modo a identificar
Neste sentido, e sobretudo no que diz respeito aos conflitos, o formador deve favorecer a expressão
das tensões negativas, porque só assim será possível contribuir para a sua resolução. O formador deve
orientar o grupo de uma forma racional e objetiva com o propósito de estabelecer uma reformulação
neutra e objetiva do dos conflitos e encontrar soluções funcionais. Este tipo de atitudes promovem a
compreensão racional dos fatores inerentes ao conflito, na medida em que obrigam os envolvidos a
distanciar-se da emoção e a analisar os comportamentos e atitudes de modo objetivo. Durante este
processo, o formador deve ser capaz de lidar racionalmente com a agressividade e evitar envolver-se
nos conflitos, competências adquiridas através da prática e da experiência acumulada.
Por fim, refira-se o papel importante a assunção de atitudes positivas face ao grupo, através de
estratégias como:
Dar atenção à relação interpessoal com o grupo, mas sem deixar de dar importância à teoria;
A criatividade consiste na capacidade de criar, produzir ou inventar ideias novas. Ser criativo é pensar
“fora da caixa” (“think outside the box”), sendo original e não imitando aquilo que já se encontra pré-
estabelecido ou que já foi feito milhares de vezes. Algumas características da pessoa criativa incluem a
autoconfiança, a flexibilidade, a coragem, a intuição, a capacidade de associação de ideias e conceitos,
a perceção aguçada, a imaginação, a capacidade crítica, o entusiasmo e a profundidade.
A criatividade é uma função humana intrínseca que pode ser aplicada à criação de objetos de qualquer
natureza ou à resolução de problemas. Esta função está dependente do meio onde crescemos e da sua
estimulação. Contudo, há técnicas individuais e de grupo que permitem estimular a criatividade.
Usualmente, as técnicas de grupo são as mais utlizadas, na medida em que são mais vantajosas: o
brainstorming, por exemplo, pode ser usado individual ou coletivamente, mas a sua aplicação em grupo
melhora significativamente os resultados e estimula a tolerância e a escuta ativa.
Os mapas mentais constituem um exemplo de uma técnica individual de criatividade. Esta é uma técnica
gráfica que, partindo de uma palavra-chave, ícones ou gráficos, se vai decompondo através de outros
elementos associados e complementares. Esta ramificação dá origem ao mapa mental, destacando os
aspetos mais importantes e levantando questões relacionadas com as vantagens e desvantagens, o
porquê, o como, o onde e o quando. Esta técnica facilita a criação e mostra de uma forma simples aquilo
que se pretende.
A técnica dos seis chapéus é o exemplo de uma técnica que potencia a criatividade em grupo e a tomada
de decisão. Os seis chapéus representam os diferentes pontos de vista com base nos quais se poderá
analisar uma situação ou um problema. O objetivo desta técnica é que todos os elementos do grupo
contribuam com ideias e colaborem no processo de tomada de decisão. Todas as pessoas devem usar
cada chapéu ou ponto de vista para analisar uma situação ou problema, sendo que cada chapéu tem
uma cor diferenciada em função da perspetiva acerca da temática. A relação entre as cores e os chapéus
é a seguinte:
Chapéu azul: exposição de uma visão geral sobre a temática, sintetizando o debate, avaliando
e ponderando as alternativas expostas.
Planeamento da dramatização. O formador dá o mote em relação a uma situação que deve ser
dramatizada (relacionada com as aprendizagens realizadas), construindo as características dos
papéis atribuídos a cada formando, prevendo os critérios de observação, negociando os papéis
a desempenhar por cada formando e o grupo que irá observar e explicando sumariamente a
situação e como dramatizá-la;
Preparação da ação. Os formandos decidem qual a melhor forma de encenar a situação, mas o
professor pode ajudar;
Análise. Todos os formandos dão a sua opinião acerca do assunto dramatizado, o grupo de
análise tece os seus comentários e o formador formula uma síntese das conclusões e da
resolução do problema.
A aprendizagem e a memorização são mais efetivas quando se aprende em grupo, devido à osmose
social (propensão para a aceitação das normas grupais) e à partilha de ideias. A interdependência entre
os elementos do grupo, a sua influência mútua e aceitação das regras/papéis a desempenhar são
aspetos essenciais para a consecução de objetivos comuns ao grupo.
Promoção da cooperação;
Por outro lado, os fatores que condicionam o desenvolvimento e a formação de um grupo coeso são os
seguintes:
Domínio do grupo por um elemento manipulador e que assume uma atitude de superioridade;
Através deste manual, procurou-se apresentar os principais métodos e técnicas passíveis de aplicação
no contexto formativo. De entre os aspetos apresentados, destaca-se a importância de reconhecer que
não há receitas milagrosas ou padronizadas que se apliquem a todos os grupos, sendo essencial
selecionar as metodologias com base nas características do grupo com quem se vai trabalhar.
Nesse sentido, o formador deve ter a flexibilidade necessária para adequar as suas formas de
intervenção ao grupo que tem à sua frente. Considerando que o desenvolvimento de competências
tangíveis é o principal propósito da formação, o modo de atuação do formador e as técnicas escolhidas
devem resultar de uma reflexão ponderada cujo fim último é promover as melhores condições para a
aprendizagem dos formandos.
Carmo, H., & Ferreira, M. (1998). Metodologia da Investigação – Guia para a autoaprendizagem. Lisboa:
Universidade Aberta.
Lopes, L., & Pereira, M. (2004). Métodos e Técnicas Pedagógicas. Lisboa: Fundação para a Divulgação
das Tecnologias da Informação.
Marques, R., & Roldão, M. C. (2001). Inovação, Currículo e Formação. Porto: Porto Editora
Rodrigues, D. (org.) (2008). Educação e Diferença: Valores e Práticas para uma Educação Inclusiva.
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Simões, E., & Rodrigues, J. (2010). Formação outdoor: Organização, métodos e instrumentos. Revista
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Zugman, F. (2008). O Mito da Criatividade – Desconstruindo Verdades e Mitos. Rio de Janeiro: Campus
Elsevier.
Webgrafia
http://formacao.fikaki.com