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Inventário de Fontes-Willian - História Do Operários
Inventário de Fontes-Willian - História Do Operários
Centro de Humanidades
Curso de História
Metodologia da Pesquisa História II
Inventário de Fontes
Fortaleza
2017
1
Sumário
Apresentação ............................................................................................. 3
Fontes .........................................................................................................4
Planos de governos......................................................................................5
Documentos sobre a implantação do distrito industrial de Maracanaú.......10
Discursos e conferências.............................................................................12
Livros primários..........................................................................................28
2
APRESENTAÇÃO
Contamos também com dois livros primários. São duas obras que revelam o
pensamento da classe patronal sobre a industrialização, trabalho e renda. Um dos livros
contém entrevistas com 4 industriais do D.I. de Maracanaú.
3
FONTES
1- PLANOS DE GOVERNOS:
No período de 1964 a 2002 os governos são marcados pela produção dos planos
de governo. Nesses planos eram realizados diagnósticos e definidos os objetivos para as
questões relativas ao estado. Entre essas questões está à industrialização, geração de emprego,
renda, etc.
Transcrições parciais:
4
artesanato e ao turismo, diretrizes consubstanciadas na implantação do III
PÓLO INDUSTRIAL DO NORDESTE (CEARÁ, PLAMEG II. 1979: 3).
“As diretrizes a que me referi e os objetivos específicos que lhe são inerentes, em ultima
instância, tem por escopo único: a construção de UM NOVO CEARÁ, de um Ceará mais rico
e mais feliz” (CEARÁ, PLAMEG II. 1979: 3).
Comentários:
Notemos que o plano da ênfase na indústria e que o III Polo Industrial do Nordeste é
apontado como meio de mudar o perfil da economia, a construção de Um Novo Ceará. As
citações acima demonstram claramente as intenções do governo, sobretudo, por trata-se de
uma manifestação pública, um compromisso que se quer almejar. Assim, tais trechos
representam o pensamento geral da política industrial no inicio do recorte temporal deste
projeto, 1979. Documento importante para compreender o que se pretendia com a indústria.
Transcrições parciais:
“A despeito dos esforços desenvolvidos pelo Governo na década passada, no sentido de melhorar o
perfil de repartição de renda pessoal, observa-se, no Ceará, um agravamento na sua concentração"
(PLANED. 1983: 37).
Comentários:
5
Na segunda citação notamos que o novo governo reconhece o agravamento da concentração
de renda.
1.3- Plano III- TASSO, Governo. Plano de mudanças: juntos mudando o Ceará. 1987-
1991.
Transcrições parciais:
“O programa do III Pólo Industrial do Nordeste, cujo objetivo principal consiste em gerar
emprego e renda em níveis que reduzam acentuadamente o quadro de pobreza da população,
obteve êxito apenas parcialmente” (Plano de mudanças: 1987: 115).
Observamos que a uma preocupação do novo governo com gerar emprego e renda
através, dentre outros, das indústrias, com o fim sempre de reduzir as desigualdades sociais.
6
Ainda, na terceira citação notamos que os investimentos em áreas-parques fabris constituem a
ampliação e crescimento do segundo setor. Portanto, o crescimento da industria e da classe
operária é uma constante no recorte temporal.
1.4- Plano IV- CEARÀ, Governo do Estado do. Plano de desenvolvimento sustentável:
avançando nas mudanças: 1995-1998. Fortaleza, 1995.
Transcrições parciais:
“Daqui para frente surge mais uma etapa. Um grande salto qualitativo deve ser
dado tanto no âmbito da educação e saúde, como no do combate à pobreza e criação de
empregos para promover a redistribuição de renda de mais equitativa” (PDS: 1995:
apresentação).
“O setor industrial, por seu turno, vem ampliando sua contribuição na formação
do PIB, tendo aumentado a participação de 26,83%, em 1985, para 35,82% em 1994,
firmando-se como o setor mais dinâmico da economia cearense” (PDS. 1995: 23).
Comentários:
Transcrições parciais:
Comentários:
8
JUSTIFICATIVA DA ESCOLHA DESSAS FONTES E COMO ELAS
AJUDARÃO NA PESQUISA:
Mais do que informar o que aconteceu, os planos mostram aquilo que se desejava
fazer. Então, a partir do cruzamento com a realidade ocorrida, podemos observar o que deu
certo ou não nos planos e elaborar explicações para os êxitos e os fracassos. Essas fontes
abrangem uma serie muito ampla de metas e meios. Por isso, nosso objetivo é analisar
somente as justificativas para a indústria nesses planos.
9
2- DOCUMENTOS SOBRE A IMPLANTAÇÃO DO DISTRITO INDUSTRIAL DE
MARACANAÚ.
Transcrições parciais:
1
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico (BNDE), segundo Octavio Ianni (1989) foi criado
em 1952, dentro de um contexto em que as ações do estado estavam voltadas para o estimulo e a
diversificação das atividades produtivas. Assim, o BNDE tinha “o objetivo de realizar operações que
tenham por fim o desenvolvimento da economia nacional” (Octavio Ianni. 1989: 42).
10
Observa-se grande concentração da população em alguns poucos municípios
onde as condições econômicas se apresentam mais promissoras. Com efeito,
pouco mais de um quarto da população reside na capital do estado e cerca de
42% residem nas micro-regiões de Fortaleza, Sobral, Iguatu e Cariri. A
excessiva concentração populacional na RMF tem contribuído sobremaneira
para elevar as necessidade de dispêndios em infraestrutura econômica e
social, afim de propiciar condições adequadas a vida para essas populações,
o que reconhecidamente não tem sido atingido. (GTI. 1979: 14).
A mão-de-obra liberada (em termos relativos) pelo setor primário não tem
encontrado condições satisfatórias de ocupação em atividades urbanas,
observando-se, no meio urbano, proliferação de atividades informais,
especialmente no setor de serviços, mas também no setor industrial, onde
ocorre baixos níveis de produtividade. Além disso, uma parcela
relativamente grande da população simplesmente não encontra oportunidade
de trabalho, permanecendo desempregada ou, de outra forma vinculando-se
a atividades marginais onde fica caracterizado o subemprego. (GTI. 1979:
15-16).
Comentários:
3- DISCURSOS E CONFERÊNCIAS.
11
Essa fonte foi coletada na biblioteca do Arquivo Público. Foi coletada e xerocada.
Esse documento é uma obra que reuni vários discursos de V. Távora. Existem vários
discursos de Tasso e outras figuras. Mas, por enquanto, me restringe a apenas está. Caso seja
necessária, na medida em que a pesquisa for tomando forma, poderei agregar outros
discursos.
3.1- Virgílio Távora. Palavra e Ação: Discursos e conferencias de 1979 a 1982. Fortaleza-
CE, 1982.
Transcrições parciais:
Comentários:
12
4- FONTES ESTATÍSTICAS SOBRE A INDÚSTRIA, EMPREGO E RENDA:
Local de consulta/coleta: Biblioteca do Museu da Indústria do Ceará: Rua Dr. João Moreira,
143 – Centro – Fortaleza – Ceará – CEP: 60030-000.
5.2- Anuários: Dorian Sampaio. Anuário do Ceará. 1978/79; Dorian Sampaio. Anuário do
Ceará. 1994/95; Dorian Sampaio. Anuário do Ceará. 1996/97; Dorian Sampaio. Anuário
do Ceará. 1997/98; Dorian Sampaio. Anuário do Ceará. 2002/2003.
13
PIB CEARÁ
Ano/números 1950 1960 1975 1980 1990 1993 1997
Agricultura 46.8 45.7 27.3 15.04 13.56 6.16 6.36
Indústria 8 8.7 23.8 25.49 25.64 35.35 38.07
Serviços 45.2 45.6 48.9 59.47 60.8 58.49 55.57
Total 100 100 100.0 100 100 100 100
Fontes: Diagnóstico do Ceará. 1964 e Anuário-Ce: 1950-1997/98.
TABELA 2:
População do Ceará: 1950-2000
Ano/números 1950 1960 1970 1980 1991 2001
Total 2695450 3337856 4361603 5380432 6660410 7430661
Rural 2015846 2213027 2581510 2502877 2455681 2115343
Urbano 679604 1124829 1780093 2877555 4204729 5315318
Fontes: Anuários-CE: 1981/1982-2002/2003.
TABELA 3:
População de Maracanaú: 1950-2000
Ano/números 1981 1991 2000
Total 37942 157151 179732
Rural 7019 741 562
Urbano 30923 156410 179170
Fonte: Anuário-CE. 1981/1982-2002/2003.
Comentários:
A primeira tabela mostra a evolução do PIB por setor, evidenciando que o setor
que mais cresceu no Ceará, na segunda metade do século XX, foi à indústria. A segunda e
terceira tabelas mostram as mudanças nos perfis populacionais do Ceará e Maracanaú. Temos
em conta que o crescimento industrial está diretamente ligado ao crescimento urbano. Se o
crescimento da indústria não foi determinante, foi pelo menos um dos principais fatores e em
meio século a economia e a característica demográfica do Estado mudou radicalmente. Tudo
isso refletiu na 3º tabela, que apresenta o enorme crescimento urbano de Maracanaú para onde
afluía o povo em busca de moradia e trabalho.
14
Tabela 4:
PEA/ setores do Ceará: 1950-1980
Ano/números 1950 1960 1970 1980
Total 820811 1042871 1255440 1717165
PEA Agricultura 608470 688353 749090 742221
PEA Industrial 58171 129637 163754 311447
PEA Serviços 154170 224881 342596 629076
Fonte: Anuário-CE: 1983/1984
Tabela 5:
População Ocupada, segundo Setores de Atividade no Ceará
1985 1990 1995 1998
SETORES
ABS % ABS % ABS % ABS %
Agrícola 943272 41.00% 828787 33.33% 1170780 38.51% 1081708 35.49%
Indústria 477017 20.74% 482401 19.40% 483797 15.91% 535315 17.56%
Comércio 218530 9.50% 297758 11.97% 375227 12.34% 385351 12.64%
Serviços 624728 27.16% 846702 34.05% 977013 32.14% 1012104 33.21%
Outros 36860 1.60% 31096 1.25% 33094 1.09% 33490 1.10%
Total 2300407 100.00% 2486744 100.00% 3039911 100.00% 3047968 100.00%
Fonte: coletada no Plano de Desenvolvimento Sustentável. 2000: 32- Tabela 11: fontes: IBGE; PNAD, 1985, 1990, 1995 e 1998.
Comentários:
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absorveu as ocupações, ao contrário, teve algumas oscilações e certo decréscimo, em relação
aos outros setores, de 1985, 20,74%, a 1998, 17,56%.
Tabela 6:
RENDIMENTO MENSAL DA POPULAÇÃO ECONOMICAMENTE ATIVA POR SETOR DE ATIVIDADE- 1980
PEA (2)
CLASSES DE RENDA (1) TOTAL PRIMÁRIO SECUNDÁRIO TERCIÁRIO
Abs. % Abs. % Abs. % Abs. %
Até 1/2 SM 490846 29.1% 242159 32.6% 73254 23.5% 175433 27.6%
Mais de 1/2 a 1 SM 521455 30.9% 256045 34.5% 114414 36.7% 150996 23.8%
Mais de 1 a 2 SM 277585 16.4% 74926 10.1% 77041 24.7% 125618 19.8%
Mais de 2 a 3 SM 94722 5.6% 14723 2.0% 21591 6.9% 58408 9.2%
Mais de 3 a 5 SM 68024 4.0% 6459 0.9% 11622 3.7% 49943 7.9%
Mais de 5 a 10 SM 48444 2.9% 4003 0.5% 7469 2.4% 36972 5.8%
Mais de 10 a 20 SM 23383 1.4% 2303 0.3% 1879 0.6% 19201 3.0%
Mais de 20 SM 9501 0.6% 626.0 0.1% 1898 0.6% 6977 1.1%
Sem rendimento 145535 8.6% 135912.0 18.3% 1916 0.6% 7707 1.2%
Sem declaração 9249 0.5% 5065.0 0.7% 363 0.1% 3821 0.6%
TOTAL 1688744 100.0% 742221 100% 311447 100.0% 635076 100.0%
Fonte: Anuário-CE. D.Sampaio. 1983/84. p. 83. Quadro 40: Fonte: Tabulações Avançadas do Censo Demográfico-1980-IBGE. -
Notas: 1. Renda baseada em salário mínimo. - 2. Inclusive as pessoas procurando trabalho (34.421).
Tabela 7:
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2002
PEA
Classes de renda SECUNDÁRIO
Abs. %
Até 1/2 SM 81969 20.4%
Mais de 1/2 a 1 SM 126830 31.5%
Mais de 1 a 2 SM 113629 28.2%
Mais de 2 a 5 SM 33677 8.4%
Mais de 5 a 10 SM 6327 1.6%
Mais de 10 SM 4989 1.2%
Sem rendimento 31871 7.9%
Sem declaração 2964 0.7%
Total 402256 100.0%
Fonte: Anuário do Ceará. 2002-2003:
Tabela 15.21
Comentários:
17
Gráfico 1: Fonte: IPECE. Síntese dos Indicadores Sociais (1992-2002/2003). Março /
2005
Comentários:
18
Essas duas últimas tabelas servem apenas para ilustrar o quadro social, geral, e
ainda preocupante em 2002. No final do recorte temporal. Levando em conta que todos os
planos de governo pretendiam resolver o problema da pobre e concentração de renda,
notamos que o século XX terminou com muito a se fazer e resolver. Esses gráficos fornecem
dados sobre a RMF onde se localiza Maracanaú.
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Vários são os operários que pode ser entrevistados. Por enquanto, temos apenas 3.
Abordamos na entrevista a história de vida desses trabalhadores. Abaixo, segue apenas alguns
trechos, de dois entrevistados, ambas as entrevistas realizadas em 2016:
Transcrições parciais:
Entrevista 1: Operário Francisco: (chegou a Maracanaú em 1988 para morar com irmã que
tinha um mercadinho e em 15/10/1990 conseguiu o primeiro emprego. A entrevista abaixo se
refere ao primeiro emprego na industria de Maracanaú).
Então você classifica como justo e não dar pra luxar. E isso é justo?
“Não é justo, até porque eu acho que classe é uma classe. A classe
que ta acostumada com a humildade, não vai ligar pra luxo. O luxo
dele é ta tudo bem com o filho, é fazer um esforço pra que esse
salário dê pra comprar um vitamina pro filho, pra que dê pra comprar
uma roupinha pro filho, enfim, eu acho que o funcionário que é
considerado da classe pobre, ele trabalha porque precisa. Então, ele
tem que fazer o salário dele render de acordo com o custo de vida
dele...
20
Existia insegurança/dúvida quanto ao tempo de trabalho?2
“Essa segurança quem faz é o próprio funcionário. Se ele quer passar
muito tempo na empresa, a segurança é você não faltar nunca, se você
não faltar nunca você é bem visto. Se você é bem visto, existem
reuniões pra isso,- o entrevistado reproduz uma cena- ‘ah fulano, você,
ah Assis você quer crescer na empresa? Quero, quero crescer’. É tanto
que esse tipo de funcionário além de não faltar, ele ainda pede pra
fazer extra. Ou seja, ele quer crescer. Existe funcionário que comprou
casa trabalhando, eu sei que existiu isso. Outros que comprou terreno
e construiu. Já existiu outros que passou muito tempo, mas que nunca
teve nada, foi o meu caso, eu nunca consegui comprar nem uma
casa”.
Entrevista 2: Operário Fernando. (O entrevistado mora em Maracanaú desde 1984. Mas seu
primeiro trabalho na fábrica da cidade foi em 1997. A entrevista abaixo se refere ao período
de 1997-2002)
21
Então, com esse meu primeiro salário de operador eu tinha dificuldade
se não fizesse hora extra. Por básico dava. Mas, digamos assim, se eu
quisesse fazer uma viagem pro interior, visitar minha família, só com
aquele salário, eu teria que cortar custos, ou seja, me privar de certas
coisas, pra poder conseguir uma viagem”.
Comentários:
22
7- JORNAL SINDICAL: Voz do Metalúrgico- Jan.1992 a Dez. 2002
Outros periódicos poderão ser consultados, mas veremos essa possibilidade durante a
pesquisa. Encontrei um jornal sobre de Maracanaú, tem os periódicos dos patrões e tem outros
jornais sindicais. Outros jornais sindicais serão coletados esse ano, 2017, como o do Sindicato
do Trabalhadores têxteis de Maracanaú.
Transcrições parciais/imagens:
23
Imagem 3: Ano II- Nº4- Janeiro de 1993.
24
Imagem 4:
25
Imagem 5: Ano II- Nº 5- Março de 1993, página 1.
Comentários:
O jornal foi coletado de 1991 até 2002. São várias as edições. O jornal do
sindicato representa os trabalhadores e funciona como um meio de informar e denunciar os
problemas dos operários. Nas imagens acima observamos o recurso de imagens como forma
de chamar a atenção para o piso salarial e para que cada operário fique atento. São muitas
imagens no jornal, não só sobre salários, e elas merecem uma análise. Além de muita imagem,
tem muito texto. Tais textos expressão o pensamento do sindicato sobre a sociedade, sobre o
papel dos trabalhadores, sobre o desemprego, sobre os governos, sobre as políticas salariais e
tudo o quanto envolve a temática do trabalho e sociedade.
26
perante as ações, visões, do Estado e dos patrões. Além disso, o jornal fala muito sobre os
operários de Maracanaú: denúncia e registra as condições de trabalho e renda, e ao mesmo
tempo luta, negocia para mudar as situações injustas. Como o periódico trata de muitos
assuntos, para esta pesquisa focaremos nas informações sobre negociações e lutas por
melhores salários. Por isso e muito mais, está fonte é essencial para escrever a história, de
lutas, dos trabalhadores de Maracanaú.
27
8- LIVROS PRIMÁRIOS:
8.2- Francisco Jóse lima Matos, Sérgio V. Souza Alcântara, Wânia Cysne Dummar. Cenários
de uma política contemporânea. Fortaleza, Edições Fundação Demócrito Rocha, 1999.
Essa obra traz uma série de entrevistas com os industriais. São entrevistas feitas e
publicadas no ano de 1999. Selecionamos os que possuíram empresas no DIF, no recorte
temporal definindo:
Transcrições parciais:
- E a concentração de renda?
- Uma coisa decorre da outra, mas já menor. Hoje, a concentração de renda
em Fortaleza é menor; aqui e no interior do estado, são menores. Agora, é
lenta, e de novo volto ao mesmo chavão: depende da educação. Isso nós
levantamos todo ano, no Governo. A relação renda e anos de escolaridade é
a relação mais direta e explicita que existe: abaixo da linha de pobreza, 99%
de analfabetos; linha de pobreza, 80% de analfabetos, e vai subindo; tantos
anos de escolaridade, tantos anos... é linha direta, direta à proporção. Por
isso nós também estamos desenvolvendo em paralelo; temos de ganhar
tempo, nós temos que fazer infra-estrutura, temos que fazer alfabetização de
primeiro grau e educação profissional. Nós estamos com quarenta CVT’s
sendo montados ao mesmo tempo. Temos que fazer tudo e todas as coisas ao
mesmo tempo e para renda também; sem infraestrutura, sem educação básica
e sem ensino profissionalizante não tem de crescimento de renda.
- E aí resolveria o problema do desemprego?
- Ah, evidente. Resolver o problema do desemprego, nem a Alemanha
resolveu, mas a meta é minimizar o problemas do desemprego.
(Tasso: 1999: 169-170)
28
- Que políticas devem ser adotadas para o Brasil e o Ceará para o novo
milênio, principalmente, no que diz respeito à superação das desigualdades
sociais?
Precisamos de mudanças sérias, muito sérias, principalmente na área da
Educação, da Ciência e da tecnologia. Temos que ter coragem. Não basta
trazer para cá os braços e as pernas das indústrias porque a época da chaminé
passou [...] você vai mudar o social, se mudar a educação e incrementar o
conhecimento.
(Macêdo. 1999: 372-373).
Comentários:
8.2- Instituto Euvaldo Lodi – CE. Avaliação da política Industrial do Ceará: uma
contribuição ao debate. Fortaleza: FIEC, 1983.
Tal texto é importante, pois representa a visão da classe patronal industrial sobre o
processo de industrialização e sobre vantagens de um estado com uma indústria forte. É
possível perceber uma preocupação com a geração de emprego, renda e, mesmo, miséria da
população. Logo, tal como nos planos de governo, os empresários demonstram nesse
documento uma sensibilidade aos problemas sociais e apontam a indústria como saída.
Transcrições parciais:
29
Que Características a política industrial do Ceará deveria apresentar, quando
se propõe a mudar o quadro sócio-econômico do Estado? Ora, o ponto de
partida para assegurar eficiência a qualquer projeto de caráter sócio-
econômico é a compreensão das peculiaridades do agrupamento humano ou da
sociedade que se pretenda atingir. Nesse sentido, a dura realidade social do
Ceará deveria permear e influenciar profundamente os conceitos de política de
industrialização do Estado, que é costume considerar-se como extremamente
pobre e com poucas alternativas. Sabe-se, efetivamente, mesmo diante do
relativo esforço de desenvolvimento envidado nos últimos anos, o Estado do
Ceará apresenta quadro sócio-econômico dos mais graves. A estrutura
produtiva cearense continua evidenciando sinais de pouco dinamismo, cujas
causas fundamentais se encontram na rigidez de uma estrutura agrária
tradicional e retrógrada e no incipiente desempenho das atividades urbanas.
(FIEC-Instituto E. Lodi. 1983: 37).
Comentários:
30
Levando em consideração os planos de governo, percebemos quanto o
pensamento do estado e sua política industrial reflete, é semelhante, a visão da iniciativa
privada, sobretudo, em relação ao almejado impacto social da industrialização na geração de
emprego, renda, equilíbrio econômico, redução das desigualdades e miséria. Observemos na
segunda citação o reconhecimento da pobreza pelo empresariado. No terceiro e quarto trechos
percebemos que na visão dos empresários o principal desafio das políticas industriais foi à
geração de empregos e preocupação da classe patronal com o subemprego e desemprego. No
quinto e sexto trecho notamos o reconhecimento dos empresários de que a industrialização
por si só não resolveria os problemas sociais do povo cearense.
Como vimos, são documentos que revelam o pensamento da classe patronal sobre
a industrialização, sobre o trambalho, sobre as rendas, e outros problemas sociais. Portanto,
são fontes que nos fornecem a visão dos industriais. Ora! A história da classe operária não
pode ser feita isolada. É preciso compreender as distinções entre patrões e operários
evidenciando e analisando as posições de ambos.
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