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www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto © MEDRESUMOS 2016 ® BIOETICA / ETICA MEDICA MedResumos: eS ‘Arlindo Ugulino Netto. RESPONSABILIDADE MEDICA E ERRO MEDICO Erros médicos, ou assuntos do género, é sempre bastante difundido na imprensa. Frequentemente, o julgamento das infragdes médicas sao tidas em duas esferas: uma esfera judicial e uma esfera administrativa, no ambito de 6rgaios pilblicos, Na esfera administrativa, 6 dever do CRM julgar e avaliar os processos que investigam falhas éticas do médico por meio de um processo administrative (o CRM pode aplicar sangdes como: adverténcia confidencial em aviso reservado; censura confidencial em aviso reservado; censura publica relatada em publicagao oficial; suspensdo do exercicio profissional por até 30 dias; cassagdo do registro profissional). Na esfera judicial, as consequéncias do erro médico sao refletidas em ambito ci indenizagdo para um particular) e penal (visa a aplicagao de uma pena ao profissional). I (no intuito de pagamentos de Gidig Gal Gil Peal Cig esa ica Las Adiinitrativas Perens Coin de Proceso Crt Codi te Proceso Penal (Caigp de proce ico profsional Lain9 78499 (alin de Defosa do Conounidior Teehlacio Especial Racolagderdo CYSte doe CRMs || Lei Complement 39 =| Particular a OBS': 0 médico pode responder aos quatro tipos de processos de maneira independente, de modo que um possa ndo estar ligado ao outro ERRO MEDICO x MAU RESULTADO. Mau resullado, segundo Barros, & qualquer resultado danoso a satide do paciente em face de um ato médico. diante de um mau resultado que 0 paciente ou familiares podem alegar um erro médico. O mau resultado pode ser dividido nas seguintes circunstancias: * Acidente imprevisivel: resultado lesivo a integridade fisica ou psiquica do paciente , supostamente oriundo de caso fortuito ou forga maior, durante ato médico ou em face dele, porém incapaz de ser previsto e evitado, nado 56 pelo autor, mas por outro qualquer em seu lugar (FRANCA, G.V., 2001). Séo situagées raras (como acidentes imprevisiveis e incontrolaveis em uma sala de cirurgia) que acontecem devido ao acaso. + Mal incontrotavel: resuitado danoso proveniente de sua propria evolugao (natural da doenga), em que as conidiges aluals da ciéncia e a capacidade profissional ainda nao oferecem solugdo (FRANCA, G.V., 2001). Ou até mesmo, 08 procedimentos cabiveis existem, foram uliizados, mas devido a natureza da ‘doenga, de uma forma ou de ouira, nao Seria possivel gerar um bom resultado para este quadro, Geralmente, em julgamentos de erros médicos, é essa a principal inha de defesa dos médicos. + Erro médico: quase sempre por culpa, é a forma atipica ¢ inadequada de conduta profissional que supde uma inobservancia técnica, capaz de produzir um dano a vida ou a satde do paciente. (FRANCA, G.V., 2001). Em outras palavras, é uma condula profssional que tenha causado dano a sade do paciente, sendo este dano decorrente pelo Tato que o profissional de sade néo ter seguido um determinado protocolo técnico RESPONSABILIDADE CIVIL DO MEDICO ‘A responsabilidade civil do médico representa 0 fato de que ele esta a responder algum processo em face de um possivel erro, sendo que deve ter sido necessariamente denunciado, Para que haja a responsabilidade civil, a conduta tomada pelo médico deve ser caracterizada por inobservancia de regra técnica, gerando um dano a sade do paciente 1 www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto © MEDRESUMOS 2016 ® BIOETICA / ETICA MEDICA (deve haver, nesse caso, um nexo causal: 0 dano deve ser fruto de uma conduta médica caracterizada por uma inobservancia de regra técnica), Com isso, 0 dano, ao ser denunciado pelo paciente (ou familiares), gera a responsabilidade do profissional, com o dever de indenizar a vitima do erro. ‘A violagao do dever juridico de nao lesar outrem (neminem laedere), imposto a todos no art. 186, configura 0 ato ilicto civil, que gera a obrigagao de indenizar (FRANCA, G.V., 2001). NOVO CODIGO CIVIL (LET N 10.406, DE 10 DE JANEIRO DE 2002) > Art. 186. Aquele que, por agao ou omissao voluntéria, negligéncia ou imprudéncia, violar direito e causar dano a ‘outrem, ainda que exclusivamente moral, comete ato ilicito. {0 ato ilicto gera o dever de indenizar. Este artigo remete as imprudéncias que nem sempre estado relacionadas com as condutas médicas, como por exemplo, um ‘médico atropelar uma pessoa: constitul uma acao ilicita a0 Cédigo Civil, e ndo a0 CEM] Art. 951. O disposto nos arts. 948, 949 950 aplica-se ainda no caso de indenizagao devida por aquele que no exercicio de atividade profissional, por negligéncia, imprudéncia ou impericia, causar a morte do paciente, agravar-lhe 0 mal, causar-Ihe lesdo, ou inabilité-lo para o trabalho. v CODIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR (LEI N" 6.076, DE 11 DE SETEMBRO DE 1990) [De ante mao, para o Cédigo de Defesa do Consumidor, 0 médico é um fornecedor de servico) > Art. 14. 0 fornecedor de servicos responds, independentemente da existéncia de culpa, pela reparagao dos danos causados aos consumidores por defeitos relativos & prestago dos servigos, bem como por informacdes insuficientes ou inadequadas sobre sua fruigdo e riscos. § 3° A responsabilidade pessoal dos profissionais liberals sera apurada mediante a verificagéo de culpa. ©BS*: O sentido de culpa (om Jato senso) pode ser dividido em duas esferas explicativas: culpa em stricto sensu © 0 dolo (vontade deliberada de produzir 0 resultado danoso). Quando falamos em culpa no que tangencia a responsabilidade profissional, nos voltamos para a definigdo em stricto sensu de culpa, que se da por impericia (incapacidade técnica de fazer o procedimento, 0 que gera o dano), negligéncia (omissiéo que causa o dano) ou Imprudéncia (ado displicente que causa 0 dano). OBS"; Segundo FRANGA (2001), 0 médico nao pode ser tratado como imperito uma vez que ele, por possuir o diploma de médico, 6 capaz de realizar qualquer conduta médica, sendo, portanto, um perito em medicina, Porém, a maioria dos autores pensa diferente: o diploma é apenas uma habilitagao legal, que deixa o médico apto legalmente a realizar qualquer que seja o procedimento médico, desde que ele tenha aplidao (e para isso, deve o médico se especializar de maneira especifica). Porém, o médico pode sim ser imperito para determinados atos profissionais. OBS": Ha algumas empresas de seguro contra erros médicos que pagam a indenizagao aos pacientes que sofreram danos por médicos associados, desde que atendessem a certas exigéncias contratuais, como: no realizar procedimentos técnicos que ainda nao tenham eficdcia comprovada; nao trabalhar em ambientes hospitalares sem recursos; nao assumir 0 erro profissional diante a familia. Segundo FRANGA (2001), 0 Seguro de Responsabilidade Civil apresenta as seguintes vantagens e desvantagens: + Vantagens: Liberdade e seguranga no trabalho; Forma de justiga soci médico; Socializa o risco. + Desvantagens: Aumenta o numero de processos; Facilta 0 erro médico; Deletério para a relagéio médico- aciente; Fomenta a industria das indenizagdes. Independe da situagao financeira do RESPONSABILIDADE PENAL DO MEDICO CODIGO PENAL (DECRETO-LEIN. 2848, DET DE DEZEMBRO DE 1940) > Art. 121. Matar alguém Pena ~ reclusdo, de 6 a 20 anos. § 3° Se o homicidio é culposo: Pena detengao de 1 a 3 anos. § 42 No homicidio culposo, a pena 6 aumentada de um tergo, se o crime resulta de inobservancia de Tegra técnica de profissdo, arte ou oficio. > Art. 129, Ofender a integridade corporal ou a satide de outrem: Pena - detengao, de 3 meses a 1 ano. § 3° Se a lesdo é culposa: Pena - detencio de 2 meses a 1 anos. § 7° Aumenta-se a pena de um tergo, se ocorrer qualquer das hipéteses do art. 121, § 4° CONDUTA EM RELAGAO AO DANO Quando ja se tem o mau resultado, deve-se assumir certas condutas para prevenir o surgimentos de demandas judiciais ou administrativas. So as seguintes condutas: www.medresumos.com.br Arlindo Ugulino Netto « MEDRESUMOS 2016 © BIOETICA / ETICA MEDICA ‘+ Prevengdo do mau resultado (ou dano): evitar a sobrecarga de trabalho; evitar substituigbes por outros profissionais; nao realizar procedimentos sem comprovagao ou nao recomendados pela literatura cientifica; néo trabalhar em ambientes sem recursos; ndo realizar alos profissionals quando néo houver um bom relacionamento com o paciente e seus familiares e com a equipe citurgica ou sem consentimento. + Condugao do mau resultado ~ Prevengao da demanda: Manter um bom relacionamento com o paciente seus familiares; Informar detalhadamente ao paciente, aos seus familiares e aos demals membros da equipe acerca do mau resultado e da terapéutica instituida; Registrar minuciosamente as suas impressdes clinicas acerca do evento e suas circunstdncias; Usar todos os meios para promover a recuperagao do paciente; ‘Acompanhar pessoalmente a recuperagdo do paciente, anotando no prontuario as avaliagdes didrias, os pedidos de pareceres a terapéutica instituida e a resposta terapéutica; Promover conforto, alivio e fazer-se presente sempre que requisitado; Nao assumir ou confessar possiveis deslizes técnicos; Nao apontar falhas na estrutura hospitalar; Nao apontar ou alegar falta de recursos técnicos; Nao imputar a outros profissionais a responsabilidade pelo mau resultado; Nao oferecer “vantagens” ao paciente ou aos seus familiares. + Conduta diante da demanda: Nao negligenciar a sua defesa; Fazer-se assistir por advogado; Avaliar a possibilidade de um acordo.

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