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Eletro-Eletronica Automotiva Aplicacé6es Avangadas Humberto José Manavella ee, Eletro-Eletrénica Automotiva Aplicacdes Avancgadas Humberto José Manavella Engenheiro Eletronico Universidade de Buenos Aires Obra registrada na Fundagao Biblioteca Nacional com o nimero 373.730 de 11/04/2006 E proibida a reprodugao total ou parcial por quaisquer meios sem autorizagao escrita do autor Impresso no Brasil Printed in Brazil oe NOTICIAS i2/OFICINA z_s Oficina Brasil MTE-THOMSON ~CHm, " Para contatos: ‘Autotronica Rua Dr. Flaquer, 115 - conj. 338 - Paraiso h.manavella @ stafftec.com.br CEP 04006-010 Sao Paulo SP www.hmautotron.eng.br fone: (Oxx11) 3884 - 0183 Prélogo Este livro foi escrito levando em consideracéo as necessidades do profissional da reparacao automotiva quem cada vez mais, deve nao s6 aplicar os seus conhecimentos de mecanica, mas, complementé-los com aqueles de eletroeletronica. Estes uiltimos, mesmo que nao aplicados diretamente, contribuem de forma decisiva, para o entendimento abrangente do funcionamento dos sistemas de eletrénica embarcada. Desta associacao de Conhecimentos, se espera como resultado, um diagnéstico mais seguro e répido, Na apresentagao dos temas, que cobrem um leque muito amplo da eletroeletronica, tem-se evitado, na medida do possivel, 0 uso de formulas e o rigor cientifico em prol de uma explanago mais simples, que contribua com a compreensao plena dos conceitos. Os primeiros capitulos abordam assuntos basicos de eletricidade: conceitos de energia e poténcia, tensao, corrente e resisténcia elétricas (lei de Ohm), assim como, resistores especiais, capacitor e sinais elétricos. Prévio aos capitulos dedicados ao estudo das méquinas elétricas - transformador, motor e gerador elétricos (alternador tritésico automotivo) - sao apresentados os conceitos de eletromagnetismo e indugao eletromagnética. s capitulos a seguir tratam do diodo semicondutor (e suas variantes: diodo LED e Zener) e do processo de retificacao, com éntase na sua aplicagao no alternador automativo. ‘Trés capitulos abordam os conceitos relacionados ao transistor, seu funcionamento e a sua aplicagao como interruptor e amplificador. Com base no funcionamento do diodo e do transistor, os dois capitulos que se seguem abordam a regulacao de tensdo e a protecao de circuitos eletroeletrénicos, destacando os diversos tipos de perturbagdes que afetam os sistemas de eletrénica embarcada assim como, os métodos de supressao. A seguir é analisada a estrutura dos sistemas de eletrénica embarcada e a utllizacao do diagrama de blocos funcionais para sua representacao, conceitos estes conceitos, fundamentals para o entendimento abrangente das relagdes entre os diversos sistemas de eletrénica embarcada. O capitulo dedicado & andlise dos circuitos de entrada e saide apresenta as diversas configuragées utilizadas nas unidades de comando eletrénico. Ja nos capitulos finais, abordam-se, de forma suficientemente simplificada, os temas: Circultos Légicos ¢ Conversores A/D e D/A. Ainda que nao sejam de aplicacao frequente no diagnéstico de sistemas de eletronica embarcada, o conhecimento desses conceitos contribui para uma melhor compreensao do seu funcionamento. Finalmente, a obra _conclui com 6 anexos onde abordamos os seguintes temas complementares: + Simbologia: Apresenta alguns exemplos (os mais comuns) de simbolos utilizados nos esquemas elétricos. + Instrumentagao: Apresenta as caracteristicas basicas do multimetro e osciloscépio automotivos. = Par Bimetalico + Motor de Passo: Na sua utilizagao no controle da marcha lenta, suspensao eletrénica e sistemas de A/C. - Bateria: Com as caracteristicas relevantes relacionadas com os procedimentos de avaliagao do estado de operagao assim como, os parametros especificados para a caracterizacéo das baterias. = Questées: A maior parte dos capitulos possui questées de autoavaliagdo e as respostas correspondentes. ‘Como pode ser observado, é objetivo desta obra ser abrangente o suficiente como para oferecer um panorama ‘amplo dos conceitos que fundamentam a operacao dos sistemas de eletrénica embarcada. autor ‘S40 Paulo, margo de 2006 Agradecimentos ‘Ao amigo Moacyr Mendes de Morais, pelo incentivo. ‘Aos amigos Marcio Portella e Domingos Veiga Neto, pelas sugest6es de contetido e escolha do titul. Cassio Hervé, Emilene Pardo e Jocemar Albuquerque do jonal Oficina Brasil, pelo significative apoio ra divulgacao da obra. Obras do mesmo autor © Controle Integrado do Motor - Sistemas de Injegéo/ignigao Eletrénica Consta de 190 paginas, aproximadamente, e aborda, em seus 33 caitulos, temas que vdo desde os ‘conceitos de combustdo e emissdes automotivas, até a descricdo detalhada dos diversos sensores @ atuadores utiizados nos modemos sistemas de injecdo e igniedo eletronicas. Ainda que de caréter ‘conceitual, a obra aborda temas préticos de diagndstico, complementando o estudo com uma colecao ampla de sinais obtidos com o uso do osciloscépio automotivo e apresentando sequiéncias genéricas de verificagdo para a maioria dos sensores e atuadores tratados, Eletroeletrénica Automotiva Rel 3.1 Capitulo 14 - Retificacao ... Tens&o de Saida do Alternador Retificacao ... Capitulo 15 - Dispositivos Semicondutores - Transistor ‘Transistor PNP. Exemplos Capitulo 16 - Transistor - Aplicagées .. © Transistor como Interruptor.. Configuraco de Coletor Aberto «... 3 E Relé de Estado Sélido ses T8 Fototransistor Capitulo 17 - Transistor - Amplificador (0 Transistor como Amplificador de Sinai Capitulo 18 - Regulagao de Tens&0 .....-- Regulador Capitulo 19 - Protegao de Circuitos .. Capitulo 20 - Codificagao Codificag3o Binéria Capitulo 21 - Estrutura de Sistemas de Eletrénica Embarcada Diagrama de Blocos Funcionais Unidade de Comando Digital (UC) Diagrama Funcional do Astra G’99.. Diagrama Funcional do Sistema de Injecdo/gnicéo Bosch ME 7.9. ‘Conciusso Capitulo 22 - Circuitos de Entrada/Saida Gircuitos de Entrada ... Gircuitos de Saida .. Sinais de Entrada e saida Capitulo 23 - Circuitos Légicos “Tipos de Controle . Circuitos Légicos Capitulo 24 - Conversores A/D e D/A ‘Conversores Eletr6nicos... Conversor Analégico/Digital (A/D) . Conversor Digital/Analdgico (D/A) Processo de Digitalizaco/Reconstituicao de Anexo 1 - Simbologia Anexo 2 - Instrumentacao Multimetro.. Osciloscdpio Base de Tempo e Ganho Disparo ("trigger") Tipos de Osciloscopios .. Anexo 3 - Par Bimetalico Interruptores e Valvulas Bimetilicos.. Anexo 4- Motor de Passo Anexo 5- Bater Anexo 6- Questées == Eletricidade A Energia e Poténcia © conceito de energia identifica a capacidade de um sistema, de realizar trabalho. A maior energia, maior trabalho realizado. O trabalho realizado se manifesta através de um movimento mecénico, na gera¢ao de calor ‘ou na geragao de luz. De outra forma, energia é a propriedade que a matéria possui de realizar trabalho. trabalho realizado, ao liberar-se a energia de uma fonte (seja esta elétrica ou mec&nica), pode ser de forma rapida ou lenta, Assim, um motor, instalado em um veiculo, consegue transportar uma carga em um intervalo de tempo determinado. O mesmo trabalho poderia ser realizado por um outro veiculo com motor menor, no entanto, em um tempo maior (menor velocidad). O trabalho realizado (energia gasta) resulta igual em ambos os casos jé que 0 consumo de energia depende da carga transportada e nao do tempo utilizado. Adiferenga esté na poténcia dos motores; aquele maior possui uma poténcia maior e, portanto, pode realizar o mesmo trabalho em um tempo menor; mais rapido. No caso da energia elétrica, a sua manifestagao se dé quando um fluxo de cargas elétricas (corrente elétrica) circula por um consumidor de energia (consumidor elétrico) onde se transforma em movimento (motor elétrico), calor (aquecedor) ou luz (lampada) Resumindo: | - 0 trabaiho realizado depende da energia consumida e independe do tempo utiizado. ~Apoténcia, depende da energia consumida e do tempo utilizado. ipos de Energia = Mecnica: Se manifesta através do movimento ou deformagao de um corpo. Ex: compressao de uma mola; movimento de um veiculo. = Térmica: Se manifesta através da variagdo de temperatura dos corpos. Ex: maquina a vapor, onde a agua aquecida transforma-se em vapor que aciona o pistao. = Quimica: Se manifesta quando certos corpos so colocados em contato ¢ reagem quimicamente, liberando energia. Ex: pilha elétrica, - Elétrica: Se manifesta através da circulagao de cargas elétricas, o que provoca efeitos térmicos, magnéticos, luminosos, mecéinicos. Ex: motor elétrico, relé, aquecedor elétrico, |ampada. + Transformagao da Energia ‘Aenergia ndo desaparece, sempre se transforma. Ou seja, quando uma pilha se descarrega, e a sua energia € ‘consumida alimentando uma lampada, essa energia nao se perde. Simplesmente, a energia quimica armazenada nela, se transforma em calor e luz. seguir, apresentamos alguns exemplos de transformacdes de energia. étrica: nas pilhas e baterias. - Térmica em elétrica: termopares, os que, a0 serem aquecidos, geram energia elétrica -Mecnica em elétrica: usinas hidrelétricas. - Elétrica em mecénica: nos motores elétricos. = Quimica em - Quimica em térmica: na combustao; a energia contida no combustivel é transformada em calor. Importante!: Nas férmulas mateméticas apresentadas neste livro, quando necessério, 0 simbolo de diviséo “+" 6 substituido por uma barra inclinada “I” Humberto José Manavella- HM Autotrénica 1 Capitulo 1- Eletricidade Eletricidade A eletricidade pode ser criada de varias formas: - Fricgéo: triccionando dois materiais entre si (por exemplo, um pano de seda sobre uma barra de vidro) verifica- se 0 aparecimento de cargas elétricas no vidro; esta 6 a denominada eletricidade estatica. = Calor. dois metais em contato (soldados em um ponto) formam um termopar; quando submetido & ago do calor, produz eletricidade. - Luz. materiais fotoelétricos, quando submetidos & ago da luz, produzem eletricidade. = Pressao. materiais ‘piezo-elétricos”, quando pressionados, produzem eletricidade - Agdo quimica: a reagao quimica de certos produtos produz eletricidade; é o principio de funcionamento das pilhas e baterias. = Magnetismo: a interagao de campos magnéticos em movimento produz eletricidade; € 0 principio de funcionamento dos geradores elétricos: dinamo e alternador automotivos. Circuitos Elétricos Um circuito elétrico é um conjunto de dispositivos elétricos (geradores de energia, armazenadores de energia, fios condutores, interruptores, consumidores elétricos, etc) ligados de tal forma que a energia elétrica fornecida pelo gerador ou fonte, 6 consumida e/ou transformada nos consumidores elétricos presentes no circuito. + Fontes de Energia Elétrica jonditor No exemplo, a bateria é a fontefarmazenador de energia elétrica (denominada energia potencial elétrica) que fornece o fluxo de cargas elétricas que levam aenergia até a lampada; nesta, a energia é transformada em calor e luz (a limpada aquece e emite luz). O fluxo de cargas elétricas, que constitui a corrente elétrica (simbolizada com a letra "7, circula pelos fios condutores apés o fechamento do interruptor, o qual serve para controlar 0 fluxo de energia: - Com o interruptor aberto (circuito aberto) néo existe fluxo de cargas. O interruptor aberto (contatos separados) interpde um isolante elétrico (ar) no circuito. (fig) = Com 0 interruptor fechado (circuito elétrico fechado) as cargas podem fluirpara a lampada.(tig.{b)) Outras fontes de energia elétrica sao as pithas (armazenador) € os geradores (alternadores e dinamos). fb) * Consumidor elétrico E todo dispositive que transforma energia elétrica em outta forma de energia como calor, uz, movimento. Assim, motores, aquecedores, lampadas sao consumidores elétricos. CObservar que para que circule corrente é necessério que o circuito esteja “fechado’; ou seja, que exista um ccaminho para que as cargas elétricas, saindo do terminal positivo da fonte e passando pelos consumidores, consigam retomar ao terminal negative. Materiais Elétricos Desde o ponto de vista elétrico, os materiais podem ser classificados como: = Condutores: principalmente os metais -Isolantes: mica, pléstico, borracha = Semicondutores: germénio, silicio + Condutores Elétricos ‘So materiais (principalmente os metais) que permite a passagem da corrente elétrica sem nenhuma restrigao; isto idealmente, Na realidade todo material condutor apresenta, ainda que de forma minima, um certo grau de resisténcia & passagem da corrente elétrica. Os condutores utilizados na indiistria, em geral, sao constituldos de cobre ou de aluminio, —— eee 2 Humberto José Manavella - HM Autotrénica Capitulo 1 - Eletricidade elétricas, depende: = Do comprimento L: a maior comprimento, maior resisténcia =: sail = Do diémetro d (érea ou seo do condutor): a maior diémetro, menor resisténcia = Do material de que esta constituido 0 condutor Aresisténcia, maior ou menor, que apresenta um condutor, & passagem das cargas 2 + Isolantes Elétricos ‘Sao materiais que impedem a passagem da corrente elétrica. O ar é um bom isolante elétrico. A mica, pldsticos, borracha, ceramica, S80 outros exemplos. + Semicondutores ‘Um material semicondutor é constituido basicamente, de silicio (areia) suficientemente purificado € ao qual the slo adicionadas pequenas quantidades de impurezas (carvao, por exemplo), de forma controlada, com o objetivo de conterir-Ine caracteristicas particulares. Estes materiais 880 os constituintes dos denominados “dlspositivos de estado sdlido” transistores e diodes. ‘Como seu nome indica, um semicondutor esta no meio termo entre um condutor e um solante, Ele oferece uma ccerta resisténcia a passagem da corrente elétrica, Como veremos adiante, 05 semicondutores sao utilizados na construgdo de dispositivos eletrénicos como diodos, transistores, citcuitos integrados. Dependendo do tipo de impureza que se difunde (de forma controlada) no silicio puro, o semicondutor pode ser do tipo P (positivo) ou N (negative). A utilidade destes conceitos seré esclarecida no capitulo 13, ‘Dispositivos Semicondutores - Diode’, dedicado ao estudo do diodo semicondutor. Tensao e Corrente + Tensao Elétrica Para que haja movimento de cargas elétricas ou fluxo de energia, do gerador/armazenador (bateria) para o consumidr (lampada), é necessario que haja alguma forca ou pressao para que essas cargas se movimentem. Essa pressio ou fora é denominada diferenga de potencial elétrico, tensao ou voltagem. Como sera visto adiante, a tens&o ou voltagem elétrica pode ser comparada com a pressao exercida pelo liquido nna caixa d'4gua de um circuito hidraulico domicilar. - Aunidade de medida da tensao elétrica é 0 Volt, que se representa coma letra “V’. Assim. a tenséo de bateria 6 12V para veiculos de passeio e 24V para pesados, - Para valores de tensdo muito pequenos se utiliza um submiitiplo do volt que é 0 milivolt (milésimo de volt) que se abrevia mV. Assim, 0,5 V = 500 milivolts ou 500 mV. ~ Para valores de tens&o muito altos (secundério da ignicao, por exemplo) se utiliza um muitiplo do volt que é 0 Kilovolt (mil volts) que se abrevia KV. Assim, 10.000 V = 10 KV. * Corrente Elétrica E a quantidade de cargas elétricas (fluxo de energia elétrica) que circula pelos condutores em um determinado intervalo de tempo. Como sera visto adiante, 0 conceito é andlogo ao fluxo do liquido de um circuito hidraulico domiciliar. Neste caso, Por exemplo, 0 fluxo 6 medido em litros por hora (Its/h) ou litros por minuto (Its/min). = No caso da corrente ou intensidade elétrica a unidade utilzada é 0 Ampere, simbolizada com a letra “A”. Nos esquemas e circuitos é identificada simbolicamente com a letra “l’ (maiiscula) ou i" (mintiscula). - Para valores de corrente muito pequenos se utiliza 0 submiltiplo: o ‘miliampere” (milésimo de ampere) que se abrevia mA. Exemplo: A corrente consumida pelo motor de partida esté em torno de 100 Amperes (100 A) ou até 150 A, dependendo do tamanho do motor. A corrente consumida por uma la mpada indicadora do paine! pode ser 0,1 A= 100 miliampere = 100 mA. a Humberto José Manavella - HM Autotrénica 3 Capitulo 1- Eletricidade Analogia Hidraulica Aanalogia hidrdulica serd utilizada para esclarecer os conceitos de energia potencial elétrica ou tensao, corrente elétrica e resisténcia elétrica A figura mostra um circuito hidraulico constituido de uma caixa d’agua, torneira, tubulagao e roda de palhetas. A caixa d’gua armazena energia potencial hidraulica rna forma de uma pressao de coluna d'égua (andlogo & tensao elétrica). Pela tubulagdo (andlogo aos fios condutores) circula 0 fluxo agua (andlogo a corrente elétrica). O jato d'agua faz girar @ roda; aqui, a energia hidréulica contida no jato, € consumida e transformada em movimento de rotagzio da roda (andlogo & lampada). Atomeira permite controlar 0 fiuxo de energia da fonte/armazenador (caixa) para 0 consumidor (roda). A fungéo da torneira é andloga aquela do interruptor no circuito elétrico. Na roda, a energia hidraulica é transiormada em energia mecdnica. Através da correla, @ roda movimenta © gerador elétrico (dinamo) 0 qual transforma a energia mecanica em energia elétrica que ¢ armazenada na bateria. Este é um exemplo que mostra como a energia potencial hidrdulica pode ser transformada em diversas outras, formas de energia. Por sua vez, uma bomiba, acionada por um motor elétrico poderia transformar energia elétrica novamente em energia potencial hidraulica no momento de carregar a caixa de agua perfeitos, ou seja, parte da energia é perdida na forma de calor. Assim, parte da energia hidréulica armazenada no tanque se perde no atrito do Iiquido contra a superficie intema da tubulagao; so as denominadas ‘perdas de carga’. ia Uma consideragao muito importante 6 que os processos de conversdo de energia apontados, néo so Uma forma de medir a energia potencial hidréulica, do liquido contido na caixa, ¢ utilizando um manémetro, ‘andlogo a utilizar 0 voltimetro para medir tenso, como sera visto adiante. A figura [a]exemplifica como influi a altura da caixa na energia potencial hidrdulica armazenada. A uma altura maior corresponde uma energia potencial maior; similar a uma bateria de maior tenséo. Observar que a medicao da pressao € feita com tomeira aberta, mas, sem saida de agua. ‘O manémetro emt] indica uma pressao que depende da coluna de agua (h1). Em [2], por serh2 menor que h1, a indicagao é menor. Em [3], a indicagdo ¢ igual & pressao medida pelo manometro 1 (h3 = ht), ainda que o didmetro da tubulagao de descarga seja bem menor. Isto € similar a medir a tenséo num circuito sem circulagao de corrente. {A figura [b] mostra como influ o di&metro da tubulagao de descarga no fluxo de saida. Em [1], 0 luxo tem um determinado valor que depende da altura da coluna de agua (ht) e do diametro da tubulacdo. Em [2], sendo a altura menor (com diémetro igual) ©, fluxo diminui jé que a energia potencial hidraulica € menor. Em [3], e com altura da coluna de agua igual aquela ‘em [1], 0 fluxo € menor devido a que o diametro menor 0 que provoca maiores perdas de carga. Em outras palavras, em [3] a “resisténcia’ do circulto Ib] hidraulico € maior. isto é similar & resisténcia do fio condutor num circuito elétrico, em que bitolas menores resultam em resisténcia maior. ss 4 Humberto José Manavella - HM Autotrénica Capitulo 1 - Eletricidade A figura [c] mostra como influi a capacidade. Observar 1 2 que ainda que a capacidade da caixa em [2] seja maior que aquela de [1], os fluxos sao iguais, isto devido a que as alturas de coluna de agua so iguais e por conseqiéncia, igual a energia potencial hidrdulica de ht} ambas caixas. ‘Andiogo a duas baterias de igual tenso, mas, de capacidades diferentes. O que resulta diferente é o tempo em que se esvaziarao as caixas. De forma similar, uma bateria de maior capacidade pode manter a circulagao de corrente no circuito, por um periodo mais prolongado. tl As figuras ao lado apresentam um outro. [ircumto Hlaaulico exemplo de analogia hidrdulica, com- “ parando 0 circuito de arrefecimento do omba Féquak>[[ motor com 0 circuito elétrico de acio- namento do ventilador. Uma diferenga a ser notada na analogia apresentada, 6 que, se 0 circuito hidraulico for aberto, Agua continuard a jorrar fenquanto @ bomba funcionar. Jé no caso do circuito elétrico, quando aberto, nao circula corrente, vonatacor>_ interruptor térmico Medicées em Circuitos ~ O instrumento utilizado para medir tenso ou voltagem é o voltimetro. Deve a ser ligado “em paralelo’ com os pontos do circuito cuja diferenca de potencial se deseja medir. [1] [1] Importante: Nos casos em que néo se conhece o nivel de tenséo a ser medio, deverd utilzar-se a maior escala que o instrumento permita; isto, por precaugao. bk Outro dispositive de teste utilizado freqdentemente como substituto do voltimetro, é a ponta de polaridade. € uma evolugao da antiga “iampada de POS teste". Permite efetuar a verificacdo répida da existéncia de tensao positiva ou massa, nos diversos pontos do circuito (terminais, conectores). Alampada de — teste somente permitia verificar @ existéncia de tensao, Jaa maior parte das pontas de polaridade encontradas no mercado, permitem verificar se 0 ponto testado esta conectado ao positive, & massa ou flutuando (nem ao positive nem & massa). = Para medir corrente se utiliza o amperimetro. Este deve ser conectado ao circuito da forma indicada. Ou seja, abrindo 0 circuito no ponto onde se deseja medir a corrente (ponto x) @ inserindo 0 amperimetro “em série’. [2] importante: Nos casos em que no se conhece o nivel de corrente a ser medio, por precaucao, deverd utilizar-se a maior escala que 0 instrument permita, Através do uso de pinga amperimétrica é possivel medir a corrente sem abrir 0 Circuito. [3] (ver Anexo 2, “Instrumentacao") (4 - Para medir alta tensao se utiliza 0 kilovoltimetro que se liga ao circuito do exemplo (bobina, distribuidor e vela), através de pinca indutiva, [4] (ver Anexo 2, “instrumentagao’) Para maiores detalhes sobre as caracteristicas basicas do multimetro automotivo e pontas de medicéo, ver 0 Anexo 2, “Instrumentacao". Capitulo 1 - Eletricidade * Tensao/Corrente Continua e Alternada A corrente elétrica pode ser classificada, quanto ao modo em que circula por um circuito, ern: - Corrente continua: circula somente, em um sentido. E produzida por uma fonte de tensao de polaridade Unica ou de tenséo continua, como € o caso de pilhas, baterias e geradores (dinamos) de corrente continua. Para a indicagao de um valor de tensao continua se utiliza a sigla Vale (volts de corrente continua). ‘Assim, uma bateria fornece uma tensao de 12 Vdc e para efetuar medigoes, o voltimetro deverd estar ‘ajustado na escala de tensao continua, identificada, geralmente, pela sigla VDC. - Corrente alternada: muda, alternadamente, 0 sentido de circulago. E produzida por fontes de tensao que mudam a sua polaridade periodicamente. Este é 0 caso dos alternadores e da rede de energia pblica Para a indicagdo de um valor de tensdo alternada se utiliza a sigla Vac (volts de corrente alternada), ‘Assim, uma tomada domiciliar pode fornecer 127 Vac ou 220 Vac e para efetuar medigoes, 0 voltimetro deverd estar ajustado na escala de tensdo alternada, identificada, geralmente, pela sigla VAC. Por sera corrente altermada, de aplicagao limitada no automével (atualmente s6 o alternador esta relacionado ao ‘assunto), no que Segue, somente sero abordados temas relacionados com corrente continua. Poténcia Elétrica Poténcia elétrica 6, conceitualmente, um idicador da quantidade de energia utilizada num intervalo de tempo. Os consumidores ou cargas elétricas consomem ou dissipam poténcia. Os geradores ou fontes de energia entregam poténcia. Também, poténcia pode ser definida como a relagao entre trabalho realizado (energia utiizada) © tempo consumido. Assim: Poténcia = Trabalho/Tempo = Trabalho realizado na unidade de tempo A.unidade de medida da poténcia elétrica € o Watt que na literatura se representa com a letra [W]. Para altos valores de poténcia, a unidade de representagao 6 [kW] (kilowatt) que equivale a 1000 W. + Poténcia Elétrica em Circuitos de Continua -A poténcia dissipada em um consumidor elétrico resulta igual @ tensao aplicada vezes a corrente que o circula. -A poténcia fornecida por uma fonte de energia elétrica resulta igual & sua tensdo vezes a corrente que circula pela mesma. Portanto: Poténcia elétrica [W] = Tensao [V] x Corrente [A] Assim: _- A poténcia consumida por um motor de partida pelo que circula uma corrente de 150A, &: 12V x 150A = 1800 W= 1,8 kW -A poténcia fornecida por uma bateria de 12 V que entrega 10 é 12Vx10A=120W Ainda que exista um instrumento para medirpoténcia elétrica (watimetro), este ndo esta suficientemente dituncido pelo que, a forma mais adequada de calcular a poténcia consumida por um dispositivo, é medindo a diferenca de potencial (voltagem) entre seus extremos e a corrente que por ele circula. © capitulo 3, “Aesisténcia Elétrica - Lei de Ohm’, complementa os conceitos acima apresentados com 0 de “poténcia dissipada em resistores’ Os conceitos acima podem ser aplicados também, aos circuitos de corrente alternada, No entanto, por nao ter estes Uiltimos, aplicagao nos sistemas de eletrénica embarcada atuais, nao serd aprofundado o conceito de poténcia em circuitos de alterna. NET 6 Humberto José Manavella - HM Autotrénica == Resisténcia Elétrica - Resistores Resisténcia Elétrica Resisténcia elétrica é a dificuldade que todo material (condutor, semicondutor, isolante) oferece & passagem da corrente elétrica. Desde o ponto de vista da sua resisténcia elétrica, os materiais podem ser clasificados da seguinte forma: - Condutores: Teoricamente, 0 condutor ideal ndo presenta nenhuma resisténcia a passagem da corrente létrica. - Isolantes: Teoricamente, o isolante ideal apresenta resisténcia infinita & passagem da corrente elétrica, - Semi-condutores: Apresentam uma resisténcia intermediéria (entre a dos condutores e dos isolantes) & passagem da corrente elétrica. Na natureza nao existem materiais condutores perfeitos e nem isolantes perfeitos. No caso dos fios condutores Utilizados na prética (constituidos de cobre ou aluminio), pode demonstrar-se que: ‘A resisténcia elétrica de um fio condutor é tanto maior quanto maior é o seu comprimento e tanto menor quanto maior é a sua secao transversal (seu diémetro). Lembrar que um condutor ideal apresentaria resisténcia nula, néo importando o seu didmetro ou comprimento, Portanto, no caso dos condutores utiizados na pratica: = Quanto maior o comprimento L do condutor, maior sera a sua resisténcia elétrica, = Quanto maior o seu diémetro d, menor a sua resisténcia elétrica. Uma conseqdéncia disto é que a grande maioria dos consumidores elétricos, sendo L Constituidos de condutores ou semicondutores, apresenta caracteristicas resistivas. Assim, \«— motores, lampadas incandescentes, aquecedores, entre outros, possuem, como obra que trata de sistemas de eletrénica embarcada onde as fontes de energia fomecem tensao continua. Além dos fatores mencionados: didmetro e comprimento, a resisténcia depende também, de uma outra caracteristica propria de cada material, denominada resistividade. Esta € a resisténcia que um determinado material oferece & passagem da corrente elétrica, por unidade de secdo (area) e de comprimento, Assim, um fio de cobre oferece uma resisténcia menor que um outro de ferro com as mesmas dimensdes (comprimento e diametro) devido a que 0 cobre possui uma menor resistividade. Por tltimo, a temperatura 6 um fator a ser levado em consideragao jé que pode afetar a resisténcia dos materiais, de diversas formas: + Os metais tém um coeficiente de temperatura positive: a resisténcia elétrica aumenta com 0 aumento da temperatura. = Os semicondutores podem apresentar coeficiente positivo ou negativo, dependendo do material e do processo de fabricacao. Assim, os que possuem coeficiente negativo, diminuem a sua resisténcia elétrica ‘com o aumento de temperatura. Os de coeficiente positivo se comportam como os metais. Na prética também, 6 possivel conseguir materiais que apresentam coeficiente nulo ou muito baixo. Neste caso, as variagdes de temperatura, dentro de certos limites, nao afetam a resisténcia elétrica do material, A resisténcia elétrica 6 representada, simbolicamente, nos circuitos elétricos com a letra “R" e a unidade de medida é o OHM (representado pela letra grega “t2"). Para altos valores de resisténcia (milhares de ohms) se utiliza 0 simbolo Kou KO. Uma outra propriedade elétrica dos materiais, em particular dos condutores, é a “conduténcia elétrica® que 6 0 inverso da resisténcia elétrica. Portanto, 0 valor de condutncia de um dispositivo elétrico é uma medida da facilidade que o mesmo oferece a passagem da corrente elétrica ss Humberto José Manavella - HM Autotrénica T Capitulo 2- Resisténcia Elétrica - Resistores Basicamente, a caracteristica de resisténcia pode ser apresentada por: - Todo componente que se comporta como carga ou consumidor elétrico = Condutores de um circuito - Contatos @ conexdes Este tiltimo caso € 0 de “resisténcia ndo desejada” produzida, por exemplo, pela presenca de zinabre ou oxidagao nas conexdes, + Medigao de Resisténcia O instrument utilizado para medir resisténcia é 0 ohmimetro. Para medir a resisténcia de um dispositivo, 0 instrumento deve ser igado em paralelo com o mesmo e com 0 circuito aberto, como mostra a figura ao lado. Ou seja, ndo deve circular corrente elétrica pelo dispositivo cuja resisténcia se deseja medir. Geralmente, 0 ohmimetro, juntamente com o voltimetro e amperimetro, faz parte do multimetro. (ver Anexo 2, “Instrumentacao") Exemplos Aresisténcia do primario de uma bobina de ignigao convencional é de 3 ohm a 4 ohm (30 a 40) = Aresist€ncia do primario de uma bobina de igni¢ao eletronica é de 0,5 ohm, aproximadamente. - Aresisténcia do secundario de uma bobina de ignigao € de aproximadamente: 7500 ohm = 7500 0 = 7,5KQ = 7K5 = 7,5 Kohm ‘As expressdes acima so todas validas para especificar uma resisténcia de 7500 ohms. * Verificagao de Continuidade e de Curto-Circuito © ohmimetro pode ser utilizado para verificar a presenga de avarias no chicote elétrico, decorrentes de curto- circuito, circuito aberto, conectores defeituosos. Nos exemplos a seguir, a sigla UC identifica a unidade de comando eletrénico. Basicamente, para determinar se 0 circuito elétrico de um sensor ou atuador do sistema est em ordem, devem ser veriicadas: 1. Continuidade elétrica entre os extremos dos condutores do circuito 2. Auséneia de curto circuito com @ massa ou com relagao a outros condutores do sistema 3. Identificagao de curto-circuito 1. A verificagao de continuidade € realizada medindo a resisténcia entre ‘extremos de um mesmo condutor. uc Uma providéncia muito importante, para a obtencao de resultados consistentes, é que o condutor deve estar desligado dos dispositivos que ele conecta, pelo menos em um dos seus extremos. Aleitura deve ser menor que 1,5 ohms. Emteoria, o valor deve ser 0, mas, devido as resistencias de contato das pontas do multimetro, esse valor raramente € obtido Se a leitura atingir algumas dezenas ou centenas de ohms, a continuidade m— 6 considerada defeituosa, e a causa pode ser oxidacao ou acumulagao de Zinabre nos terminas eletricos Se a leitura for resisténcia infinita, 0 circuito esté aberto (falta de continuidade) e a causa é 0 fio partido Ouinterrompido. Esta situagao é Genominada de eircuito aberto. 2. Esta verificagao deve ser efetuada, preferentemente, com o fio desligado de ambos extremos para evitar a deteogo de falso curto- uc m circuito. ‘Apresenga de curto-circuito é verificada quando sao obtidas leituras de baixa resisténcia, menores que 1 ohm, entre o condutor sob Medidor de Massa de Ar verificagao e qualquer outro fio do chicote Geralmente, a veriicagdo de curto-circuito é feita com relagao @ massa [2]. ‘Mas cabe lembrar que pode existir curto-circuito com a tensao de bateria ou com relagao a outros condutores do chicote [1]. A detecco de curto-circuito significa que existe continuidade elétrica, néo desejada, entre o condutor que esta sendo verificado algum outro fio ou elemento do sistema, como a massa, tensao de bateria ou tensao de referéncia. 8 Humberto José Manavella - HM Autotrénica Capitulo 2- Resistén 3. Esta verificagdo esta destinada a determinar a parte de umcircuito elétrico que apresenta curto-circuito com a massa. Para tal sera utilizado 0 exemplo da figura ao lado, Nele, a bateria alimenta o circuito das lampadas através de um fusivel que serve como elemento de proteco. O motor de partida 6 alimentado diretamente da bateria, através do solendide de partida, sem a utilizacdo de nenhum dispositive de protecao. Neste circuito podem ser verificadas as seguintes situagbes: = Seo fusivel abre (“queima") ao fechar o interruptor, 0 curto-circuito esta na parte 3 do circuito. ~ Seo fusivel abre com o interruptor aberto, 0 curto-circuito esté na parte 2 do circuito, = Quando o curto circuito se apresenta na parte 1, o cabo e/ou a bateria poderao ser seriamente danificados, se a situacao permanecer por um tempo prolongado. = Uma outra consideragao importante é que, quando existe um curto Elétrica - Resistores massa, 0 circuit fica dividido em duas partes (como indicado na Ane. figura): Uma com alimentago, pela qual pode circular corrente i (parte A), e uma outra sem alimentacao (parte B). | Narfigura ao lado, que apreserta ocruito de uma ventoinha com [=a limitador de corrente para obter a baixa velocidade, reparar que o Limtador. curtororculto nao necessariamente, provocars a “queima’ dO de connie’ fusivel. circuito Isto ultimo dependerd da corrente que circule, a qual, no caso do curto indicado, ¢ fixada, somente, pelo limitador de corrente. Por tanto, nao todas as condicées de curto-circuito provocarao o acionamento do dispositive de protegao. Para mais detalhes sobre protecdo de circuitos, ver 0 capitulo 19, “Protegao de Circuitos”. resultantes de zinabre nos contatos ou conexdes defeituosas. Estas resisténcias nao desejadas introduzem ‘quedas” de potencial elétrico (voltagem) no circuito (ver no capitulo 30 item "Associacdo Série de Resistores"). Assim, uma queda de 10% (1,2V) numa conexao defeituosa, no circuito das luzes, pode provocar uma perda de até 30% na eficiéncia de luminagao. Um aspecto muito importante é a verificacao de resisténcias nao desejadas nos circuitos, + Medicao de Continuidade em Circuitos de Alta Corrente A verificagao de continuidade utiizando 0 ohmimetro, somente é conclusiva em circuitos de baixa corrente. Isto, porque o ohmimetro que faz parte de grande parte dos multimetros automotivos, nao consegue medir, com preciso aceitavel, valores de resisténcia menores que 1 ohm. Geralmente, nesses circuitos, resistencias indesejadas, da ordem de 1 a 2 ohms, no interferem no funcionamento, Ja nos circuitos de alta corrente (104-20 ou mais), 0 ohmimetro automotivo ndo é conclusive na medigao de resisténcias de contatos cu conexdes, nem na verificacao de continuidade ‘Assim, para valores de resisténcia de 1 ohm ou menores, se utiliza o método de medir ‘a queda de tensao, enquanto circula corrente pelo dispositive ou conexao cuja resisténcia u continuidade se deseja medir. Portanto, como mostrado na figura, no caso de circuitos de alta intensidade de corrente, a veriicacdo consiste em medir a queda de tensao entre os extremos do condutor, que ndo deverd superar 0,5 V, durante o periodo de circulagao da alta corrente. No capituo 8, e aplicando a lei de ohm, o conceito acima sera complementado ‘com os caiculos correspondentes. ss Humberto José Manavella - HM Autotrénica 9 Capitulo 2- Resisténcia Elétrica - Resistores Resistores Sao dispositivos elétricos que possuem valores de resisténcia bem definidos. A figura ao lado, apresenta 0 simbolo geralmente utilizado nos diagramas elétricos. Os diversos tipos de resistores abrangem uma ampla gama de aplicagdes. Entre os usos mais freqientes podemos mencionar: 1a) Transformagao de energia elétrica em calor. Quando percorrido por uma corrente elétrica, todo resistor aquece e irradia calor. Se a corrente for Suficientemente alta, aquecimento ¢ tao intenso que o resistor pode se tornar incandescente e emitir luz, como é o caso das lmpadas incandescentes. Estas 40, na Tealidade, resistores que transformam energia elétrica em luz e calor. Geralmente, 0 aumento de temperatura provoca o aumento do valor de resisténcia do resistor. b) Como limitadores de corrente e divisores de tenséo, nos circuitos elétricos. Para este uso, 0 valor do resistor nao deve variar com a temperatura; isto, na medida em que o valor de maxima dissipagao de poténcia nao seja ultrapassado. ) Como sensores de temperatura, movimento, campo magnético e outros. Este 60 caso dos resistores especiais, alguns dos quais serao analisados mais adiante. A principal caracteristica dos resistores é a sua resisténcia elétrica. Uma outra caracteristica importante 6 que em todo resistor, percorrido por uma corrente elétrica, verifica-se uma “queda de tensao’ (diminuicdo da tens&o) a ou “diferenea de potencial elétrico’ entre seus terminais (fig{a)) Isto significa que a tens&o do terminal [+] de R1 12V com relac&o a massa. a Jao terminal [-} de Fit (que possul a mesma tensdo que o terminal [+] de R2) mede 6V com relagaio & massa. Ce Ou seja, entre os terminais de Fit existe uma diferenca de potencial de 6; aetna ou de outra forma, em Rt houve uma queda de tensao de 6V. © terminal por onde entra a corrente, possui uma votagem mais posttva ].12V com relagao ao outro. Na figura, como os resistores so iguais, as quedas de tensdo so iguais, como mostram as medigées [1] ¢ [2], e as polaridades sao as indicadas. fal O calculo da queda de tensao nos resistores, sera detalnado ao estudar a. leide Ohm. ; cn ror ufc, quand no soula corona tafe pe emma oo owt Ref FO EEN ee ee feo ous ere LN are th Segundo o material + Carvao: Utilizados como limitadores de corrente ou divisores de tensao nos circuitos eletrosletronicos. Comercialmente, os resistores séo encontrados numa gama de valores Resistor de cara padronizados, tanto em resistencia como em dissipagao de poténcia, Aseguit, exemplos de valores e poténcias disponiveis comercialmente: 27, 33, ...270, ...820, ...1K5, ...4K7, ..22K, ...470K, ...820K, @ assim por diante. Para teste tipo de resistor as opgdes de dissipacao: 1/4W, 1/2W e 1W. Neste tipo de resistores, o valor de resisténcia ¢ definido pelas faixas coloridas que ‘obedecem a um cédigo de cores. O comprimento varia de 0,5 a 1 cm. 10 Humberto José Manavella - HM Autotrénica Capitulo 2- Resisténcia Elétrica - Resistores + Arame: Principalmente utlzados como aquecedores. Aproveitam Resistor de Arame a caracteristica de alta resisténcia (por metro de comprimento) de algumas ligas metalicas especiais, para transformar a energia elétrica em calor. O resistor de arame ¢ utilizado como elemento aquecedor em foros e aquecedores elétricos, (Uma outa aplicagaio é como elemento limitador em circuitos de alta corrente. Por exemplo, como limitadores de corrente para obter as duas velocidades do ventilador do radiador em veiculos com A/C. Na alta velocidade ventilador é alimentado com os 12V da bateria. Para obter a baixa velocidade, um resistor é inserido em série. Assim, 0 ventilador recebe uma vottagem menor |é que, uma parte da tensao aplicada “cai no resistor limitador. Para este tipo de aplicacao (como no caso dos resistores de carvao), 0 mercado oferece resistores com valores padronizados de resisténcia e dissipacao de poténcia. Quanto a esta ultima caracteristica, os principais valores padronizados, para este tipo, so: SW, 10W e 15W. * Semi-condutor. Utlizados como resistores que variam a sua resisténcia em fungao de uma outra magnitude fisica como: temperatura, tensao elétrica, tendo mecanica (variagao da forma), luz, movimento mec&nico. => Segundo as suas caracteristicas fisicas e mecénicas: “+ Resistores fixos: Possuem dois terminais e seu valor no se modifica sensivelmente com a variagao de tensao aplicada (logicamente, sempre que nao seja ultrapassado o seu limite maximo de corrente). Geralmente, so de arame ou carvao. + Resistores varisveis: Modificam 0 seu valor de resisténcia com a variagao de uma outra magnitude fisica como: temperatura, tensao elétrica, tenséio mecénica (variagao da forma), luz, movimento mec&nico, 1. Temperatura Na atualidade s4o constituidos de material semicondutor; sao de dois tipos: « Termistores ou resistores NTC (coeficiente negativo de temperatura): Diminuem sua resisiéncia com o aumento jy da temperatura. Utilizados principalmente, como sensores Pre [a] de temperatura. NTC) - Resistores PTC (costiciente positivo de temperatura): ‘Aumentam sua resisténcia com o aumento de temperatura. Utilizados principalmente, na fungao de aquecedores ou re} para protegeroutros componentes de um circuito eletrico Os gréficos mostram as curvas caracteristicas, de variagaio de resisténcia em funcao da temperatura. 2, Luminosidade oR Moditicam a sua resisténcia com a incidéncia de luz; com iro maior luminosidade, diminui a resistencia. Recebem a [= denominagao de resistores LDR (do inglés: Ligth material Dependent Resistor ou resistor dependente da luminacao). fotosensivel grafico mostra a curva caracteristica, de variagao de resisténcia em fungo da luminosidade. Jumin 3. Tensao Elétrica ‘Sao denominados “varistores” ou VDR (resistor dependente da voltagem); sua resisténcia diminui com 0 aumento da tensdo aplicada quando esta ultrapassa o valor nominal do VOR. E instalado na entrada de circuitos alimentados pela rede publica. Na presenga de picos de tensao na linha, a resistencia do varistor diminui, criando um caminho de baixa resisténcia a massa (um curto-circuito momentaneo) que limita a sobretensao. No entanto, isto provoca um aumento da corrente (e de temperatura do varistor) 0 qual, se Persistir, pode danificar o VDR. Portanto, o varistor esta, geralmente, associado a um fusivel que devera abrir antes de que o VOR ultrapasse o limite maximo de temperatura, 4. Deformagao mecénica Variam sua resisténcia em funcao do esforeo _GreutoEetricn mecanico aplicado: compressao ou tracdo. Utilizados geraimente, colados sobre uma membrana, como por exemplo, nos sensores de presséo. A figura apresenta 0 exemplo do sensor de (fone de vacuo) pressao absoluta de coletor (MAP). ‘Humberto José Manavella - HM Autotrénica 1 Capitulo 2- Resisténcia Elétrica - Resistores Em aplicagées industriais (na fabricacao de balangas, por exemplo) so utilizadas também, as denominadas “tiras extensométricas' (‘strain gage" em inglés) Sao constituidas de um filme resistivo colado numa base submetida ao esforgo mec&nico. Ou seja, a0 se deformar a base, varia o comprimento do filme ¢ com isto, a resisténcia do mesmo. Através de circuito eletrénico ampificador, esta variagao de resisténcia é convertida numa variagao de tenséio. 5. Movimento mecénico ‘Sao denominados de potenciémetros ou reostatos. Neles, um resistor de carvao, ligado a 1 terminal (resotato) ou a2 terminais (potenci6metro), serve de ‘pista’ sobre a qual desliza um outro terminal mével, denominado cursor. Segundo as suas caracteristicas mecanicas, os potenciémetros e reostatos podem ser: - Circulares (0 cursor gira): Podem ser de 1, 2 0u 3 pistas. (Os potencidmetros circulares sao utilizados como sensor de posigo da borboleta (3 terminals elétricos) ‘0u sensor do padal do acelerador (nos sistemas “drive-by-wire"). Estes Ultimos sao de 2 ou 3 pistas (4 ‘0u 6 terminais) para assegurar redundadncia no envio do sinal de posigao, fato que é de vital importancia para o funcionamento do motor. . Lineares (0 cursor se desioca linearmente): Utilizados, por exemplo, nos sistemas eletrénicos de estabilidade ou suspensio pilotada, para medir o deslocamento da suspensao. + Potenciémetro ‘Acaracteristica principal destes resistores é que a resisténcia medida entre o cursor e quaisquer um dos ‘outros dois, varia conforme a posigao do cursor. [As figuras mostram a constituigao de um potenciometro circular (sensor de posigao da borboleta) e os simbolos geralmente utiizados nos diagramas elétricos, para representar potenciémetros e reostatos. O grafico apresenta a curva de tensdo de saida (medida entre 0 cursor € um dos terminais fixos) em fungao do Angulo girado. Simbolos Pista iva _ CuBr 7 ie oni ones enecor Reostato _Potenciémetro ees Ex °. |_| Sh at ot a0 0 Ba nso te cro. do cursor * Reostatos Dependendo da aplicacéo, o cursor gira ou se desioca linearmente): Sao resistores vaiaveis de 2 terminais. Utiizados, por exemplo, na medicao do nivel de combustivel (unidade do tanque), onde a bdia movimenta © terminal mével do reostato. Uma outra aplicacao é no controle da ventoinha de ventilacao interna (fig.[al) ou na regulacao do nivel de iluminagao do painel (tig.[b)). 12 Humberto José Manavella - HM Autotrénica == Resisténcia Elétrica - Lei de ohm 3 Lei de Ohm Veritica-se que, entre os extremos de um resistor R, pelo qual circula uma corrente |, existe uma tensdo ou diferenga de potencial elétrico, V. Precisamente, é a lei de ohm que relaciona essas grandezas elétricas: Tensao, Corrente e Resisténcia. ‘Assim, conhecendo 0 valor de duas delas é possivel calcular a outra. A lei de Ohm relaciona essas trés grandezas com as seguintes formulas: Assim, medindo a corrente que circula por um resistor e a tensdo entre seus terminais, é possivel conhecer 0 valor do mesmo. Da mesma forma, conhecende o valor de R e medindo a voltagem entre seus terminais resulta possivel calcular acorrente I. Aplicaremos as formulas da lei de ohm ao circuito da figura: 1. Supondo Vbat = 12V, R = 100 ohms Resulta: | = 12 V/100 ohms = 0,12 A= 2. Supondo | = 0,14, R= 60 ohms: Resulta: Vbat = 0,1 Ax 60 ohms = 6V 3. Supondo Vbat = 12V, i= 0,58 Resulta: R= 12V/0,5 A= 24 ohms Aaplicagao da lei de ohm sera de grande utilidade no calculo dos resistores limitadores em circuitos com diodos etransistores. Associacao de Resistores Nos circuitos elétricos, tanto os resistores fixos como os variéveis podem ser conectados de diversas formas, para obter: - Limitagao de corrente - Divisdo de tensdes + Divisdo de correntes Essas formas sao: 1. Associagao Série Nesta configuracdo, os resistores esto ligados um apds 0 outro. A resisténcia equivalente da associagao, medida entre os extremos do conjunto, é igual soma dos valores de cada um. No circuito [1], com resistores Ri = 10 ohms e R2 = 14 ohms conectados em série, resulta em uma resisténcia equivalente, Requiv = 24 ohms. Considerando Vbat = 12V resulta |= 0,5 A. Ri=100, Requi=24Q, 10] Humberto José Manavella- HM Autotrénica 13, Capitulo 3 - Resisténcia Elétrica - Lei de Ohm * Divisores de Tenséo A conexao em série permite obter divisores de tensao. Nestes, a tensdo aplicatia ao conjunto de resistores se reparte em partes proporcionais aos valores dos mesmos. Ou seja’ O resistor de menor valor apresenta uma menor diferenca de potencial ou “queda” de tensao, entre seus extremos; a maior valor, maior diferenea de potencial ‘A coneluséo anterior resulta do fato que, na conexo série, o conjunto de resistores é percorrido pela mesma corrente. Portanto, conhecendo esse valor de corrente e os valores dos resistores, é possivel conhecer a “queda” ou diminuigdo da tenso em cada um deles e, por conseguinte, o valor de tenso em cada ponto do circuito. Assim, na figura [al - Aresisténcia série total é 24 ohms. Portanto, a corrente é: t) 12V28 ohm = 0,5. -Aqueda de tenséo em Ri é: [x At =0,5A x 10 ohms = 5V (1) A 7 = A queda provocada por R26: Ix R2=0,5A x 14 ohms = 7V ((2]) R110 @ al -Somando as 2"quedas’: 7 +5V = 12V= Vbat =O circuito é um divisor de tensao jé que a tenso no ponto A pode i] Sha ser qualquer valor entre OV © Vbat; isto, dependendo dos valores re relatives de Re R2. Aa a Exemplos, ” Na figura [b], obtero valor de Reque permita ocorreto funcionamento da kampada: R Acorrente que circula pela lémpada é: |= 15W/6V = 2,5 A Esta também, € a corrente que circula em R, tw - Como a lampada deve ser alimentada com 6V, 0 resistor R deve produzit ' wv tom quoda Ze 6 « permiira passaper de 2.54. 2 Portanto, R= 6V/2,5A = 2,4 ohms. Rdissipara: 6Vx2,5A= 15 W - Arresisténcia da kimpada 6: 6V/2,5A = 2,4 ohms - Aresisténcia série total é 4,8 ohms. Multiplicando este valor de resisténcia pelo valor da corrente J resulta: 4,8 ohms x 2,5A = 12V, que é a tensao aplicada ao conjunto. Este Ultimo calculo serve como verificagao. Um outro exemplo é o da figura ao lado, que apresenta 0 circuito do sensor de temperatura. O resistor fixo de calibragao (Ri), interno & unidade de ‘comando, forma, com o sensor de temperatura (de resisténcia Rt), uma associagao série de resistores ou divisor resistivo. Lembrar que o sensor 6 tum resistor semicondutor (NTC) variavel com a temperatura (diminui com o aumento da temperatura). Portanto, a tensao Vt varia na mesma proprogao, - Aresisténcia total é: i+ At. =A corrente que circula 6: It= Vret/(Ri + Rt). “A tensdo Vt é @ que mede a unidade de comando para calcular a temperatura, e que resulta: Vt = It x Rt. Com 0 aumento da temperatura diminui Rte com isto, a tensao Vt. 2. Associacao Paralela y Nesta configuragdo os resistores sao ligados um ao lado do outro, A ambos ¢ aplicada a mesma tensao, A resistencia equivalente, medida entre os extremos do conjunto, resulta igual ao produto dos valores de resisténcia, dividido pela soma de ambos valores. ‘ RyxRp R= S 2° Ri +R2 —— sess 14 Humberto José Manavella - HM Autotrénica Capitulo 3 - Resisténcia Elétrica - Lei de ohm Com referéncia & figuralb), F12 é a resisténcia equivalente do paralelo de Ri e Re: Com os dados do exemplo: R12 = (16 x 8 )/24 = 5,33 ohms Na conexo paralela, a corrente fornecida pela fonte (bateria, no exemplo) é a soma das correntes que percorrem cada resistor. Como a tensao entre os extremos do conjunto é a mesma para cada resistor, conhecendo o valor de tenso e os valores de resisténcia dos resistores, ¢ possivel calcular a corrente que circula por cada um doles. ‘Também, conhecendo a resisténcia equivalente do conjunto, é possivel calcular a corrente total. * Divisores de Corrente Aconexéo em paralelo permite assim, obter divisores de corrente. A corrente se divide de forma inversamente proporcional ao valor das resisténcias. Ou seja: Pela resisténcia de menor valor circula a corrente de maior valor Assim, com referéncia & figura [a], da pagina anterior, resulta: A corrente total resulta: 458 As correntes em Fi e R2 resultam: 15A © b=24V/8ohms=3A ~ Como comprovagao dos célculos: I=l1+12=1,5A+3A=4,5A 3. Associagéio Mista (série/paralelo) E composta por grupos de resistores conectados em série e em paralelo. Para o célculoda R142 Va resisténcia equivalente, 0 circuito divide-se em partes que possam ser calculadas como associagdes série ou paralela ‘As associacSes paralelas se resolvem de a pares © que pode resultar em novas associagoes série de 2 ou mais resistores. Estas, por sua vez, poderao fazer parte de novas associacées paralelas, que se resolvem de a pares, até obter 0 valor do resistor equivalente do conjunto, Com referéncia a figura lal: - R2.@ R3 esto em conexao paralela e este conjunto, por sua vez, estd em conexao série com R1 ~ Para o célculo da resisténcia total, primeiramente, calcular a R23 que 6 a R equivalente de R3 e R2 (figura [b]), e que resulta: 23 = R12 = (RS x R2)/(R3 + R2)= (16 x8)/24=5,3 ohms ~ Aresisténcia total do circuit é: 1 + R23 = 12 ohms + 5,3 ohms = 17,3 ohms -Acorente: I= 24 V/17,3 ohms = 1,384 - Atensao em Va (com relagao ao negativo) é a tensao de bateria menos a queda de tenséo em R1 que é: Ix RT = 1,38 A x 12 ohms = 16,6V (quedaem Rt) Portanto: Va ~Acorrente i2: 12 = Va/R2=7,4V/ 16 ohms = 0,46A - Acorrente ig: 19 = Va/R3 = 7,4V/8 ohms = 0,924 = Como vetificagéo: I= 12 +13 = 0,46A+0,92A 138A = Humberto José Manavella - HM Autotrénica 15 Lei de Ohm Um segundo exemplo de conexao mista é o da figura [1] que se compde do conjunto do exemplo anterior ao qual foi adicionado o resistor Ri em paralelo. ‘Assim, para 0 célculo da resisténcia equivalente total, proceder de acordo com a sequéncia das figuras: - Em [2] € calculado o valor de resisténcia do paralelo R2/R3 que resulta na resisténcia equivalente R23. - Em [3] € calculado 0 valor do equivalente R23 em série com R4 e que resulta no equivalente R234 - Finalmente, em [4] 6 calculado o valor do paralelo de R1/R234 e que resulta em Fiiz34 = 6,3 ohms - Acorrente I= 24V/6,3 ohms = 3,8 A -Ascorrentes: f= 24V/10 ohms =2,4A lea = 24 V/17,3 ohms = 1,38 A Como Ri {oi introduzido em paralelo com o conjunto anterior, a tensao Va nao se modifica. Portanto, Va =7,4V. Como resultado: l2=7,4V/16 ohm = 0,46A ¢ I3=7,4V/8 ohm = 0,924 R120 Va R4 120 i| SP 630 [4] Poténcia Dissipada Dado um determinado circuito composto de resistores conectados das formas acima descritas, ¢ possivel calcular ‘a poténcia elétrica dissipada em cada um deles. (ver conceito de “Poténcia Elétrica no capituo 1) Lembrando que a poténcia dissipada em um resistor de valor R é:| _P [watt] = V [volts] x! [ampere] _ (1) Sendo V = tensdo entre seus terminais e | = corrente que 0 circula. Aplicando a lei de Ohm a formula anterior, resulta: - Substituindo V pelo seu equivalente (lei de Ohm) em fungao dele R:| P[W]=ixRxi=i?xR (2) - Substituindo I pelo seu equivalente (lei de Ohm) em fungao de Ve R:|_P[W] = V?/R @) Ou seja, conhecendo o valor de resisténcia e da tensAo aplicada ou da corrente que circula, é possivel calcular a poténcia dissipada no resistor (ou dispositivo resistivo). Das férmulas apresentadas podemos conclu: = Segundo [2], a poténcia dissipada é proporcional ao quadrado da corrente e proporcional a resisténcia do Circuito, Ou seja, aumentando a corrente, para um mesmo valor de resisténcia, a poténcia dissipada aumenta segundo o quadrado da corrente. ~ Segundo [3], a poténcia dissipada é proporcional ao quadrado da tensao aplicada e inversamente proporcional a resisténcia do circuito. Ou seja, mantendo consiante a tensao aplicada, quanto menor a resisténcia, maior 0 consumo de poténcia. = Por sua vez, de [1] resulta que, conhecendo a poténcia dissipada por um consumidor (lampada, motor, aquecedor) e a tenséo nominal de trabalho, pode ser calculada a corrente que circula quando em funcionamento. Isto é de fundamental importancia no cilculo da bitola dos condutores de alimentagao do dispositvo. se 16 Humberto José Manavella- HM Autotrénica Capitulo 3 - Resisténcia Elétrica - Lei de Ohm (© exemplo da figura ajudara na aplicacao destes conceitos. Assim: -A poténcia dissipada no aquecedor de r resisténcia R= 12 ohms é: (24VF/12 ohms = 48 W - A poténcia dissipada pela lampada L1 é: P224Vx1A=24W -A corrente iL2 que circula por L2 é: iL2 = 12 W/24 V=0,5 A= 500 mA A poténcia total fomecida pela bateria éasoma das poténcias individuais Ptotal =12 W +48 W+24 W= 84 W - A corrente total fornecida pela bateria é: total / Vbat = 84 W/24V=3,5A A poténcia total dissipada num circuito, 6 igual @ soma das poténcias dissipadas em cada consumidor, independentemente do tipo de associagao (série ou paralela) utilizada. Como extensaio do concsito de poténcia apresentado acima, pode-se dizer que: Todo componente elétrico que apresente caracteristicas resistivas dissipard poténcia. O valor resultaré igual & tensdo aplicada entre seus terminais, multiplicada pela corrente que o circula. AA dissipagao de poténcia provocard o aumento de sua temperatura. No caso dos aquecedores, o aumento é necessdrio ao cumprimento da sua funcao. Em todos os outros casos, esse aumento de temperatura representaré energia desperdicada. Exemplos de Aplicagao * Resisténcia Interna de Fontes de Energia Uma caracteristica muito importante das fontes de energia elétrica é a sua resisténcia interna. Em teoria, uma fonte de energia elétrica (pilha, bateria, gerador) deveria fornecer a mesma tensao de saida independentemente de estar ou néo, conectada a um consumidor. Este seria o caso de uma fonte ideal, No entanto, verifica-se na pratica, que toda fonte de energia experimenta uma diminui¢ao na tensao de saida ao ser ligado um consumidor, ou seja, quando hé circulagao de corrente pelo circuito. Essa queda de tensao é tanto ‘mais acentuada quanto maior € 0 valor da corrente que circula. Isto se deve & existéncia de uma resisténcia interna na fonte de energia. A resisténcia interna sé se manifesta sob carga. No caso de pilhas e baterias, é minima quando a fonte esta totalmente carregada e aumenta assim que a mesma se descarrega. (Os exemplos apresentam circuitos onde a bateria foi substituida pelo seu circuito equivalente, composto de uma fonte ideal mais a sua resisténcia interna Ri. Reparar que os bornes dessa fonte ideal nao podem ser acessados diretamente, Os dados para os exemplos ([a], [b] € [c]), sao: ~ Bateria de 12V com Ri = 0,5 ohms; lampada de 21 W e motor de partida de 1200 W Destas especificagdes resulta: = Quando ligada a lémpada (fig,[0)), circularia uma corrente le, em teoria, de: 21W/12V=1,75A ~ Durante a partida (fig.[c)), pelo circuito circularia (em teoria) uma corrente de: 1200W/12V = 100A 1. Como interruptor aberto (fig {al circuito sem carga), 0 valor medido resulta igual ao da fonte ideal jé que pela Ri ndo circula corrente. 2. Como interuptorfechado (fig [b};citcuito ‘com carga), 0 valor medido resulta inferior aquele da fonte ideal, j& que ha uma queda de tenso na Ri igual a: 0,5 ohms x 1,75A = 0,875V Portanto, a tensdo medida é: 12V- 0,875V = 11,125V Humberto José Manavella - HM Autotrénica 17 3. Com uma carga maior (fig.{c}; circutto com alta carga), 0 valor medido resulta ainda menor, devido @ alta corrente que circula. ‘A queda na Ri seria igual a: 0,5 ohms x 100A = SOV, 0 € que impossivel Portanto, a resisténcia interna de 0,5 ohm é tao alta (para esta aplicacao) pela Ri poderia ser suficientemente alta como para provocar 0 aquecimento da bateria. Assim, conclui-se que a resisténcia interna de uma bateria automotiva em bom estado devera ser bem inferior a 0,5 ohm, Concluséo Como se conclui do exemplo, uma bateria com Ri = 0,5 ohms permittia alimentar algumas luzes do veiculo, de forma quase normal, mas evidentemente, no conseguitia movimentar © motor de partida. Aexisténcia de resisténcia intema é a causa de que 0 valor de tensao com carga, sempre é menor que ‘aquele sem carga; também é a causa do aumento de temperatura das baterias (aquecimento). Para mais detalhes sobre os instrumento utilizados no diagnéstico de sistemas de eletrénica embarcada, consultar 0 Anexo 2, “Instrumentagao”. + Medi¢ao de Continuidade em Circuitos de Alta Corrente Come foi mencionado no capitulo anterior, a veriicagao de continuidade utilizando o ohmimetro, somente é conclusiva em circuitos de baixa corrente. Isto, porque o ohmimetro que faz parte de grande parte dos multimetros automotivos, no consegue medir, com preciso aceitavel, valores de resistencia menores que 1 ohm. ‘Assim, para valores de resisténcia de 1 ohm ou menores, se utiliza 0 método de medir a queda de tensao, enquanto circula corrente pelo circuito ou conexao cuja continuidade se deseja verificar. Neste capitulo, e aplicando a lei de ohm, seré demonstrado porque a verificagao de continuidade, utilizando o ohmimetro, nao é conclusiva nos circuitos de alta corrente (10A-20A ou superiores). Na verificagdio de continuidade do circuito de massa de um motor de partida, ‘suponhamos que a resistencia da conexAo entre 0 motor e a massa (incluindo cabo e conexées) seja de 0,5 ohms, o que seria indicagao de boa continuidade ou resisténcia muito baixa No entanto, durante a partida e com uma circulagao de corrente de 100A, a queda de tensao, na conexao a massa, aplicando a /e! de ohm , seria de 50 V, o que é impossivel, ‘Aplicando novamente a lei de ohm, a corrente maxima que poderia circular, seria: 412V/0,5 ohm = 24 A. Este valor de corrente nao permitria o giro do motor. Reparar que coma circulagao de corrente, e devido a resisténcia do condutor @ conectores, ‘© terminal negative do motor de partda resulta positivo com relagao & massa do veicule, Conclui-se, portanto, que o circuito de conexao & massa deverd ter uma resisténcia bem inferior a 0,5 ohm. Portanto, no caso de cicuitos de alta intensidade de corrente, a verficagio consiste em medir a queda de tensao entre os exiremos do condutor, que néo deverd superar 500 mV, durante 0 periodo de circulacao da alta corrente. E recomendavel incluir os conectores na medicao. Assim, como mostra a figura, a medigao poderia ser feita entre o terminal negativo do motor de partida e © borne negativo da bateria, por exemplo, para incluir todos os condutores e conectores envolvidos no circuito de massa. eee 18 Humberto José Manavella - HM Autotrénica = Capacidade Elétrica - capacitor 4 Capacitor Externamente as unidades de comando, o capacitor é utilizado basicamente, como supressor de perturbacdes € tuldo elétrico. Em fungao dessa utilizacdo restrita nos sistemas de eletrnica embarcada, somente serao apresentados os conceltos basicos e algumas aplicacdes relevantes. © capacitor é um dispositive elétrico que armazena energia. E constituido de duas laminas metélicas separadas por uma fina camtada de material isolante, denominado dieléctrico. O conjunto é enrolado (ou sanfonado) dentro de um invélucro. Para introduzir 0 conceito seré utiizado 0 circuito da figura. Nele, as placas metalicas estao separadas de uma distancia d. Ao fechar o interruptor comega a movimentagao de cargas que, na forma de corrente elétrica, se acumulam na placa superior (positiva). Um numero igual de cargas negattvas, fica acumulado na placa inferior (negativa). Como resultado, 0 conjunto das placas se carrega a uma tenséo igual @ da bateria (12 V) Se, nesse instante, o interruptor 6 aberto, a energia potencial elétrica contida nas cargas, fica armazenada no dispositvo formado pelas placas, que recebe a denominacdo de capacitor ou condensador. © nimero de cargas eiétticas armazenadas e, conseqlientemente, a energia elétrica armazenada, depende de uma caracteristica propria do capacitor denominada “capacidade” ou “capacitancia’. Nos capacitores verificam-se as seguintes caracteristicas: ~ Aumentando a area das placas, aumenta a capacidade do capacitor (aumenta a capacidade de armazenar energia); diminuindo a area, diminui a capacidade. + Diminuindo a distancia d (que separa as placas) aumenta a capacidade; aumentando a distancia, diminui a capacidade. ‘Simbotos | Em todos os casos, a tensa final do capacitor carregado seré aquela dafonte a qualesta | way ok ligado. A figura ao lado apresenta os simbolos geraimente utilzados nos esquemas elétricos. Th Como comprovagao do armazenamento de cargas eletricas pode ser utlizado © aK a Br an experiment da figua. =a => No circuito, o interruptor esta inicial- == /2200uF =v '2200UF ~ weg - mente, na posigao [a] pelo que, o - T PA oS capacitor se carrega a tensao da bateria. Esta @ a fase de carga ou armazena- ead » mento de energia. Com o interruptor na posieao [b], 0 capacitor se descarrega sobre o Led o qual acende com luminosidade maxima, para depols, 2pagar-ee lentamente * Unidades de Medida ‘Aunidade utilizada para definir 0 valor de capacitancia de um capacitor, o Farad. Por ser esta uma unidade ‘demasiado grande para representar 0s valores de capacidade comiumenie utiizados, fol escolhida uma unidade menor que é 0 microfarad (milhonésimo de farad) e que se simboliza com a sigla [UF] * Construcao Construtivamente, 0 capacitor consiste de duas cintas metélicas enroladas, separadas por uma lémina isolante denominada “dielétrico’; cada lamina esta conectada a um terminal elétrco. Diferentes valores de capacidade sao conseguidos variando a érea das cintas (comprimento ¢ largura) assim como 0 material e espessura do dielétrco (distancia a). ‘Uma outra forma construtiva é a dos capacitores cerémicos, onde as placas positivas e negativas estéio separadas por finas léminas cerémicas. ‘Humberto José Manavella - HM Autotrénica 19 Capitulo 4- Capacidade Elétrica - Capacitor * Analogia Pneumatica (conan Para auxiiarno entendimento do [Girl Preumético funcionamento do capacitor podemos apelar a analogia Pneumatica ou do tanque de ar. No exemplo, a bomba aspira ar %,, € 0 introduz, com pressao Pb, no tanque, 0 qual esta, inicial- valve (irierupon) pressdo no tanque _ xa de volume de ar mente, vazio (presso atmost \ se tases rea ace) = oN Portanto, o fluxo (taxa de volu- e meds sf 6 macere no stants twa = inicial (tempo 0), ‘Acompanhar o grafico de carga do tanque. Assim que o bombeamento continua, a pressao no tanque aumenta e consequentemente, 0 fluxo diminui, Quando a pressao no tanque iguala a pressao da bomba, o fluxo se interrompe (instante tmax). A restri¢&o na tubulagao apresenta como uma “resisténcia’ & passagem do ar. Diminuindo o diametro da restrigéo (ou seja, aumentando a sua ‘resisténcia"), o tempo tmax aumenta Fazendo a analogia entre 0 circuito pneumatico e 0 circuit elétrico, podemos concluir que: - A bomba 6 a fonte de energia (bateria) -Apressao 6 equivalente & tensao -Arestricdo & equivalente 4 resisténcia ~ O tanque é andlogo ao capacitor = Os manémetros so andiogos aos voltimetros. Processo de Carga do Capacitor: © grafico de carga apresenta as curvas de tensfo e corrente no capacitor, em fungao do tempo, para o citcuito elétrico da figura. - Corrente: Quando ¢ fechado o interruptor, no instante 0 (tempo zero), as cargas elétricas fluem, inicialmente, para as placas, em grande quantidade (alta corrente elétrica), para aos poucos, diminuir até zero ampere. A partir desse momento, o capacitor fica carregado com 0 numero maximo de cargas que a sua “capacidade” permite. A tensao entre as placas (terminais do capacitor) ¢ a tensao da fonte (12 V). {ensio no capacior Ve} corrente,no capacitor le) Tensaio: Quando o intertuptor é fechado, no instante 0, a tens8o nos bornes do capacitor € 0 V ja que ainda ndo ha cargas, acumuladas. A partir desse momento, e em fungao das cargas Que vao se acumulando, a tensao comeca a aumentar até atingir 0 valor da tens&o aplicada entre as placas que, neste caso, é a tensao de bateria. A carga do capacitor nao ¢ instantanea; demanda um tempo de carga te. Ou seja, a tensdo do capacitor nao muda instantaneamente quando se modifica a tensdo aplicada nos seus terminais. Se, com 0 capacitor carregado, é aber o interruptor, aquele ficaré carregado com a tensao aplicada nos seus terminais, no momento de abrir o interruptor. ‘Aumentando a resisténcia R, aumenta o tempo de carga te. O tempo de carga fe 6 o necessério para o Capacitor ating a tensao Vbat Na realidade, 0 exposto acima é valido somente, para um capacitor ideal. Os capacitores normaimente utilizados, ndo possuem isolamento perfeito entre as placas pelo que, verifica-se, sempre, a existéncia de correntes parasitas de perda, que provocam a descarga do capacitor depois de um certo tempo. Este tempo depende da qualidade do dielétrico utilizado. Como exemplo podemos citar 0 caso dos capacitores (intemos & UC) utilizados nas unidades de comando do sistema de injecdcvignicao G7 (Fiat). A memoria intema consome téo pouca corrente que 0s capacitores de filtro (internos) instalados na linha de alimentagao permanente, mantém os dados na memoria por 8 ou mais horas, apés desiigar a bateria EEE 20 Humberto José Manavella - HM Autotrénica Capitulo 4~- Capacidade Elétrica - capacitor Filtros Sao disposttivos inseridos em circuitos elétricos, hidréulicos ou pneuméticos, com o objetivo principal de atenuar ou suprimir perturbagdes nao desejadas. Ainda que © foco principal deste item seja o estudo do capacitor @ algumas das suas aplicagdes, achamos pertinente abordar o tema de forma abrangente pelo que também, serdo apresentados os conceitos de fitros pneumatico e hidraulico. iltros Pneumaticos (© conceito serd apresentado com base num exemplo pratico de aplicagao. Nele, um sensor MAP (pressao absoluta) esta ligado ao coletor de admissao, através, de uma mangueira de pequeno diémetro. Em fungdo dos ciclos de admissao, a pressao no coletor apresenta variagdes. No entanto, 0 objetivo do sensor é medir a pressao absoluta média presente no coletor, sem oscilagbes. Ou seja, estas oscilagdes devem ser “fltradas’. Isto é conseguido conectando o sensor através da mangueira de pequeno diémetro a qual funciona como “filtro”; como resultado, as variagdes S80 eliminadas e 0 sensor somente recebe a pressao média, Em sistemas modemos de controle integrado do motor, o sensor MAP esté instalado no proprio coletor de admissao. Nestes casos, a “iltragem” do sinal de pressao é realizada através de circuitos eletrénicos internos & unidade de comando. * Filtros Hidréulicos Como exemplo, sera utilizado 0 amortecimento das vibragbes presentes em ‘sai) muitos circuitos de alimentacao de combustivel de sistemas de injecao eletrénica, Nesses sistemas, 0 funcionamento da bomba e/ou dos injetores, pode of produzir um nivel elevado de tuido, isto, devido as flutuacdes de pressaona — bonbe linha de combustivel. A atenuagao e/ou eliminagio, se consegue colocando —enreda) ffatagme um amortecedor de vibragdes na linha. Com ele, as oscilagdes de pressao 880 absorvidas pelo conjunto mola/diafragma. Ou seja, as variagdes de pressao “morrem’ no amortecedor. Ao aumentar a pressao na entrada, 0 diafragma pressiona a mola, aumentando © volume da cémara que assim, absorve o aumento de pressao. Ao diminuir a pressao, a mola pressiona o diafragma 0 que reduz o volume da cémara, aumentando assim, a pressao na saida. Desta forma, as variagdes de pressao na entrada nao se transmitem a saida. * Filtros Elétricos Sinal de Entrada O capacitor como Dispositivo de Filtragem Para apresentar 0 conceito seré utilizado o exemplo da f Ic=2200uF figura, onde uma fonte de tensdo alternada alimenta um | circuito formado por um resistor Fre um capacitor os quais [el formam o filtro, que possui uma entrada Ee uma saida S. Os valores de tensdo e freqlénoia do sinal de entrada, de resisténcia e de capacitancia sao meramente ilustrativos ‘e=1000ue ‘com o objetivo de apresentar o conceito. (ver cap.6, "Sinais Elétricos’) Os oscilogramas da esquerda mostram que o sinal entrada permanece constante, com relagao amplitude e freqiéncia, enquanto que os oscilogramas da direita mostram o sinal de saida para 3 valores de capacidade. Observar que, na medida em que aumenta o valor do | capacitor, diminui a amplitude do sinal de saida. Nos 3 casos, a freqiiéncia do sinal de saida permanece a mesma, Ou seja, assim que o valor de C aumenta, o mesmo vai se transformando num “curto-circuito” para o sinal alternado. De uma outra forma, o conjunto resistor-capacitor se comporta como um “filtro” para o sinal alternado, = (sina de entrada) = Humberto José Manavella - HM Autotrénica 21 Capitulo 4- Capacidade Elétrica - Capacitor Por outro lado, mantendo constante o valor do capacitor, e variando a frequéncia do sinal de entrada, sem modificara sua amplitude, verifica-se que o sinal de sada vai atenuando-se (diminui a sua amplitude) na medida que a frequéncia do sinal de entrada aumenta. Neste caso, 0 capacitor se comporta como um filro que alenua as freqdéncias altas do sinal de entrada, fa) | Atitulo de exempo, 28 figuras a seguir apresertam os oscllogramas da linha de | | alimentagdo de um dispositivo eletrénico, o radio, por exemplo. O oscilograma [a] (sem capacitor) mostra a perturbacao induzida pelo sistema de ignig&o. O periodo T ‘sem capacitor € 0 tempo entre dois ciclos sucessivos de ignigao. Ao colocar 0 capacitor no circuito, a perturbagao 6 quase totalmente eliminada (fig.[b). * Aplicagées do Capacitor + Supressor de ruido. Quando o capacitor esta Instalado na linha de ‘alimentago de circuitos sensiveis a interferéncia, absorve toda a energia de Perturbacao emitida pelos circuitos de alta tenso (bobina de ignigao, cabos de alta tenséo, etc.). O capacitor evita, assim, que tais emissdes perturbem 0 circuito por ele protegido. Por exemplo, a linha de alimentago do radio como mostra a figura ao lado. Também, so instalados (internamente) nas linhas de alimentacao das unidades de’comando de eletrdnica embarcada, para eliminar as perturbagdes que eventualmente, possam ser induzidas pelo circuito de alta tensao. = Armazenamento de energia de frenagem. Nos veiculos hibridos com tragao elétrica, a energia elétrica ‘gerada durante as frenagens, é armazenada em super-capacitores (capacitores de grande capacitancia) utilizada posteriormente, nas aceleragées. - Supressor de faisca em sistemas de ignico com platinado. Instalado entre os contatos do platinado, evitava a formagao de faisca no momento da abertura dos contatos. Assim, toda a energia armazenada no primario da bobina € transferida totalmente, ao secundério, e no, perdida na formacao da faisca * Tipos de Capacitores Entre os muitos tipos de capacitores existentes no mercado, a figura mostra dois dos mais utlizados. = Ceramico: Constituido por um conjunto de discos condutores separados por dieléttico de material ceramico. Os capacitores cerdmicos sao de baixo valor de <= capacidade (até 0,1 microfarad). Seu tamanho oscila entre 0,5 cme 1 cm. Utlizados na fitragem de sinais de alta frequéncia. cerdmico eletrolitco -Eletrolitico: Constituido de um eletrodo de aluminio imerso num eletrélito em ‘contato com a carcaca do capacitor. O dielétrico é uma finissima camada de Oxido depositada sobre 0 eletrodo de aluminio. Os capacitores eletroliticos so de alto valor de capacidade (até 10.000 microtarad). ‘Seu diametro oscila entre 0,5 cm e 1 cm .Utilizados na filtragem de sinais de baixa frequéncia nas fontes de alimentacao, por exemplo. — Sse 22 Humberto José Manavella - HM Autotrénica == Sinais Elétricos As unidades de controle dos sistemas de eletrénica embarcada funcionam utilizando sinais elétricos. Ou seja, sinais varidveis de tensao ou de corrente. Nesses sistemas, os sensores medem os valores das diversas variveis (temperatura, pressAo, rotagao, etc) que definem o estado de funcionamento do sistema, e os convertem em sinais elétricos; na maioria dos casos, tais valores sao convertidos em sinais de voltagem ou tenséo elétrica (Os sensores podem enviar tais sinais elétricos na forma de: 1. Sinais continuos ou analégicos 2. Sinais digitais 1. Sinais Analégicos Um exempio de sinal analdgico e aquele enviado pelo sensor de posicao da borboleta de aceleracao. O potenciémetro recebe alimentacdo de Vplte fern] 5 volts entre seus terminais extremos Atenséio medida entre o terminal central 2 (correspondente ao cursor) e massa, _Borboleta +5 depende da posicao da borboleta, ‘Como mostra 0 grafico, 0 sinal medido no cursor & continuamente variével de 7 O volts a 5 volts. Na medida em que a borboleta gira, a ‘Sobor de Posico tensao no terminal do cursor também (botencomer). se modifica, sem experimentar nenhum tipo de salto ou descontinuidade. Um sinal elétrico com esta caracteristica € denominado sinal analégico. ule de Rotagso "Go Cursor * Sinal Analégico Alternado Um tipo particular de sinal analdgico & aquele enviado por um sensor de rotagao de relutancia magnética variavel E um sinal analogico alternado. Ainda que se apresente com variagdes abruptas, o sinal é continuamente variavel; nao apresenta saltos de descontinuidade; o sinal varre todos os valores de tensao entre o pico positive (Vmax) 0 negativo (Vmin). Uma caracteristica destes sinais analégicos alternados é a sua “freqiiéncia’ Freqiiéncia de um sinal analdgico altemado é a quantidade de impulsos presentes na unidade de tempo; geralmente, a unidade utiizada 6 1 segundo ou 1 minuto, Quando a unidade utilizada é 0 {segundo}, 0 valor da frequéncia mede-se em “ciclos por segundo’ ou Hertz (abreviado Hz), No exemplo da figura ao lado, 0 conhecimento da frequéncia do sinal permite calcular a velocidade de rotagao do eixo. Pode ser observado que existem 4 impulsos alternados ‘em cada periodo de 1 segundo, correspondentes a 1 giro de rotagdo da roda dentada. Por tanto, a frequiéncia do sinal é igual a 4 pulsos por segundo ou 4 Hz. A velocidade de rotacao do eixo 6, portanto, de 1 giro Por segundo ou de 60 giros por minuto; o que resulta em 60 rpm. $$ SSS Humberto José Manavella - HM Autotrénica 23 inais Elé! Capitulo 5- 0S Outras duas caracteristicas importantes dos sinais alternados sao: - Amplitude. Na figura ao lado é 0 valor Ap-p ou valor pico-a-pico. Por exemplo, se 0 valor Ap-p de um sinal é 7, a notacao utlizada para indicar © valor pico-a-pico é 7V p-p. - Period (7). E 0 valor em segundos, entre dois picos sucessivos do sinal ‘ou duas passagens por zero, com o mesmo sentido de variagao (ou crescente ou decrescente). * Onda Senoidal um caso particular de sinal alternado. Este é 0 tipo de onda de tensao_ gerado pelo alternador e pelo sistema piiblico de distribuigao de energia elétrica. A freqléncia deste sinal é, para o Brasil, fixa em 60 Hz (60 cicios, por segundo). Em outros paises, a freqUéncia do sinal da rede publica é 50 ciclos por segundo (50 Hz). 2. Sinais Digital Sinais digitais so aqueles que apresentam descontinuidades no seu valor, quando @ quantidade medida varia. Ou seja, o sinal elétrico que o sensor envia, nao varia de forma continua quando se modifica o valor medido, ‘Temos na figura um interruptor térmico em contato com o liquido arrefecedor do motor. Esté constituido de um interruptor interno isolado da carcaca = Quando a temperatura é menor que 100 graus 0 interruptor permanece aberto - Quando a temperatura & maior que 100 graus o interruptor fecha e a lampada acende. ia ana oi Por tanto, no te relagdo & massa: - 12 volts: se a temperatura for maior que 100 graus; interruptor fechado, lémpada acesa. = 0 volts: se a temperatura for menor que 100 graus; interruptor aberto, lémpada apagada. inal [x] podemos medir os seguintes valores de tensao com Como vemos, 0 sensor néo tem condigdo de sinalizar outro tipo de informagao send O volts, ou 12 vols (ligado ‘ou desligado) Um sinal elétrico que apresente tal caracteristica 6 denominado sinal digital. €, também, conhecido como sinal “on-off (do inglés: “on-off’= ligado-desligado). Histerese Na sua aplicaeo pratica, este tipo de sensor nao abre ou fecha, para uma mesma temperatura. Se assim fosse, 0 sinal emitido pelo sensor oscilaria ao passar pela temperatura de abertura/fechamento. Portanto, eles sao projetados para fechar a uma temperatura mais alta que aquela correspondente & abertura. ‘Assim, para o exemplo apresentado, o interruptor fecharia com 100 graus e abriria com 98 graus. Desta forma, assegura-se um {unoionamento estavel, sem oscilagbes. Esta diferenca entre o valor fechamento e 0 de abertura denomina-se histerese do sinal * Sinal Pulsado Dentro dos sinais digitais, um tipo particular similar ao anterior, e muito utilzado nos sistemas de eletronica embarcada, 6 conhecido como sinal pulsado ou trem de pulsos, que é uma sequéncia continua de sinais digitas. Os pardmetros que caracterizam um sinal pulsado ou trem de pulsos so: se a ne Amplitude do sinal {A}: € a diferenga de tensao que ha entre o nivel alto do sinal (denominado nivel “1”) € 0 nivel baixo (denominado nivel “0"), este A) t bitimo, geralmente, 0 volt. Nos sistemas de eletronica embarcada o nivel 1 geralmente, 5 volts ou 12 volts. 24 Capitulo 5 - Sinais Elétricos Freqiiéncia {f): € a quantidade de pulsos que se sucedem na unidade de tempo. Quando a unidade de tempo considerada € o segundo, a freqiléncia de um sinal pulsado se expressa em Hertz [Hz Periodo {T]: ¢ 0 tempo em segundos (abreviado “seg’) entre 0 comego de dois pulsos sucessivos. O periodo de um sinal pulsado se expressa também, em milissegundos (abreviado “mseg") ou em icrossegundos (abreviado “useg’) Largura [L]: é 0 tempo em que, durante o periodo, o sinal permanece no nivel alto, No exemplo da figura ao lado, esta representado o sinal emitido por um ‘sensor de rotacao; nela observamos que’ 1 - Adiferenca de tensdo entre o nivel “1” (Vmax) e nivel ‘O" (Vmin) é: 12V- 1V'= 11V que 6 portanto, a amplitude do sinal - Também, podemos deduzir que, na unidade de tempo (1 seg), osinal 1V ' apresenta 4 pulsos. Portanto, a frequéncia do sinalé 4Hz (hertz). “tsb a fal - Com relacao ao periodo observamos que € 250 mseg ou 0,25 seg. fe . - A largura de pulso é 100 mseg, aproximadamente, AA frequéncia de um sinal pulsado (e em geral, de qualquer sinal alternado) resulta igual ao inverso do eriodo. Assim, no exemplo da figura: frequéncia = Uperiodo T = 1/0,25 seg = 4 Hz Para compreender melhor o conceito de sinal pulsado, analisaremos o exemplo da figura. Nela, uma lampada, alimentada por uma battria,ilumina toda vez que o interruptor fecha, acionado pelo came do rotor (toda dentada cde um dente) que gira com uma certa velocidade. Um voltimetro mede a tensao aplicada a lampada. - Na figura [a], com o interruptor aberto (lampada apagada), o voltimetro mede 0 volts. - Na figura [b], com 0 interruptor fechado (lampada acesa), 0 voltimetro indica 12 volts. - A figura [o]apresenta a forma da ondé de tensao aplicada a lampada em funcao do gio do rotor. \Notar que ao longo do tempo, o sinal aplicado (que 6 uma seqiéncia de impulsos elétricos) assume somente, os valores 0 volts e 12 volts. No exemplo, o conhecimento da freqdéncia do sinal permite calcular a velocidade de rotagao do eixo. Analisando a figura [c] vemos que existe um impulso em cada periodo de 1 segundo. Por tanto, a frequéncia é igual a 1 pulso por segundo. A velocidade de rotagao do eixo € de 1 volta por segundo ou de 60 giros por minuto; 0 que resulta em 60 rpm. ov. 1wv—| mae Tanto sinais pulsados como sinais analégicos alternados, sdo muito 10203040 Meal utilizados nos sistemas de eletrénica embarcada para medir, por [el ‘exemplo, a velocidade de rotagdo (do motor, do veiculo). Para isso, a unidade de comando “conta o nimero de pulsos recebidos na unidade de tempo (1 segundo, por ‘exemplo}, e conhecendo o nimero de impulsos emitidos pelo sensor a cada giro do eixo, consegue determinar a velocidade de rotagao em rpm. Humberto José Manavella - HM Autotrénica 25 Capitulo 5 - Sinais Elétricos a0 Exemplo ‘Suponhamos uma roda dentada (também denominada “roda fénica") de 62 dentes solidéria ao virabrequim de um motor. Num determinado momento a unidade de comando conta 3100 pulsos (enviados pelo sensor) durante 1 segundo, A partir deste dado, e sabendo que @ roda possui 62 dentes, a unidade de comando calcula a velocidade de rotagdo como segue: 3100 pulsos/62 pulsos por volta = 50 rotages por segundo Portanto, se em 1 segundo a roda gira 50 voltas; em 1 minuto (60 segundos) a roda gira 50 voltas x 60 segundos = 3000 rpm (rotagdes por minuto) ponto particular (de sincronismo) da posicao do virabrequim. No entanto, este fato nao invalida o fe Geralmente, as rodas fénicas utlizadas apresentam falta de 2 dentes. Isto, para sinalizar um cailculo apresentado neste exemplo. ‘+ Medigao de Freqiiéncia © freqiiencimetro & 0 instrumento utilizado. Geralmente, os multimetros automotivos possuem esta funcao na forma de medidor de RPM. Os mais moderos incluem ainda, escalas de medicao de frequéncia em Hz. Estas ‘so utilizadas para verificar 0 sinal de saida de sensores digitais como MAP, MAF e outros. diagnéstico (“scanner’) e as unidades de comando dos sistemas de eletronica embarcada e na ‘comunicacao entre os médulos que compéem os modemnos sistemas multiplexados. S4o os denominados “protocolos de comunicagao serial’. Por estar fora do escopo desta obra, o tema serd tratado em uma futura publicagao. Os sinais pulsados sa0 @ base dos protocolos utilizados na comunicacao entre o equipamento de Fase de Sinais Pulsados e Alternados Este conceito ¢ aplicado na comparagao entre dois sinais alternados ou pulsados e serd de utilidade ao abordarmosa andlise das ondas de tensao do alternador trifasico. Na figura estao representados dois sinais senoidais desiocados, um do outro, no tempo. ‘Tomando como referéncia um deles podemos dizer que existe uma diferenca de fase de 250 mS ([1}). Isto porque, para o calculo da fase, se toma como referéncia, o instante de passagem por zero no sentido das tensdes positivas; isto, para as duas ondas. ‘Também, poderia tomar-se como referéncia, a passagem por zero no sentido das tensdes negativas, como no caso [2} A diterenga de fase pode ser expressa em unidades de tempo, como no exemplo, ou em unidades de Angulo de giro. Assim, como veremos ao abordar o altemador trfésico, as ondas geradas tem, entre elas, uma diferenga de fase de 120 graus. © conceito de diferenca de fase pode ser aplicado, também, aos sinais pulsados, 26 == Ciclo de Trabalho - pwm © conceito de ciclo de trabalho ou ciclo de acionamento, é aplicado, geralmente, aos sinais pulsados retangulares ou trem de pulsos repetitivos, de freqiiéncia fixa. Utilizaremos, para a analise do conceito, a configuragao apresentada na figura [1] NNela, a unidade de comando controia a kmpada com um sinal pulsado, de periodoT. © periodoT eo tempo entre as bordas de comego de dois pulsos sucessivos. ‘Atrequéncia é, portanto, de 0,5 Hz @ a amplitude do sinal é 5 volts. segundos. Relembrando, ei Os pulsos tém uma largura ou duragio de t segundos. 5V—f : Durante esse tempo, a lampada permanece energizada. 4, fei L] asm Ee Em cada ciclo, portanto, a lémpada ficard acesa durante tO 8 ! ad ‘segundos e permanecerd apagada durante [T-f] segundos. 010 20 30 40 isa) Apartir desses valores & definido 0 ciclo de trabalho (ou ra] ciclo de acionamento) como: Ciclo de Trabalho |% Geralmente 0 ciclo de trabalho é expresso em porcentagem. Os sinais de ciclo de trabalho variével podem ser encontrados na literatura, com a denominacao de sinais PWM (do inglés: “Pulse Width Modulation” = modulagao por largura de pulso) Na figura [1], portanto, o ciclo de trabalho é de 50%. Notar, no entanto, que dependendo do periodo T do sinal, 0 resultado que se observa, no nivel de iluminacao da lampada, varia bastante, Assim, se for aplicada uma onda de tensdio, conforme a figura [1], com periodo de 2 segundos, a lampada permanece acessa durante 1 segundo, apagada durante 1 segundo; tempos estes, suficientes para que o filamento consiga acender totalmente e apagar-se totalmente. © oho humano consegue perceber os instantes durante os quais a lampada esta acesa e aqueles em que esta apagada. Se, numa outra experiéncia, for aplicado tum sinal como o da figura (2a a lampada permanece acessa por 100 milisse- gundos, ¢ apagada, também, durante 100 milissegundos. Portanto, cada evento iluminar/apagar tem um periodo de 200 mseg, Neste caso, e devido a inércia térmica, 0 filamento nao consegue se aquecer totalmente, nem esfriar completamente. A lampada fica, portanto, com uma temperatura (e luminosidade) de 50% com relagao aquela que teria quando submetida & tensao plena constante. Portanto, quando 0 periodo ¢ suficientemente longo, os nossos olhos conseguem perceber as oscilages de luminosidade da lampada. Na medida em que o periodo (tempo T) da onda de tensao diminui, as oscilagdes tornam-se cada vez menos perceptiveis. Soja isto, pela inércia propria do dispositive (lmpada), seja pela incapacidade dos nossos sentidos de perceber tais oscilagoes. ‘As mesmas consideragdes valem para 0 valor indicado num voltimetro analégico (de agulha) [3]. )) Humberto José Manavella - HM Autotrénica 27 Capitulo 6 - Ciclo de Trabalho - PWM Observar que o sinal [2a] possui uma freqdéncia de 5 Hz, enquanto que, a daquele da figura [1], € 0,5 Hz. Notar, no entanto, que em ambos os casos (figura [1] e figura [2a]) 0 ciclo de trabalho é de 50%. Explorando um pouco mais 0 conceito, podemos experimentar outros valores de ciclo de trabalho. Assim, se a largura de pulso for aumentada para 150 mseg (0,15 segundos) mantendo o mesmo perfodo de 200 mseg (caso [2b]), veremos que a lampada aumentaré sua luminosidade para 75% daquela obtida quando alimentada constantemente. Ja no caso [2c] 0 ciclo de trabalho diminui para 25%. Desta forma, a luminosidade da lampada pode ser controlada, entre 0% @ 100%, variando a largura do pulso e mantendo 0 periodo constante. Fieparar que os sinais da figura [2] possuem a mesma frequéncia (SHz); 0 Unico que varia ¢ 0 ciclo de trabalho. Repetindo as experiéncias e medindo, com um multimetro analégico [3], a tenso gerada pela fonte do sinal pulsado, poderemos observar que: = No caso da figura [1], 0 ponteiro oscilard entre 0 e 5 volts : = No caso da [2a], 0 ponteiro nao conseguiré acompanhar as oscilagdes do sinal e indicaré a tenso média que € 2,5 volts,ou Saja, 50% da tensao maxima. - No caso [2c], a tensdo indicada serd 1,25 volts (25% da maxima) no caso[2b], 3,75 V (75% da maxima) Controle por Negative © conceito de ciclo de trabalho foi introduzido utilizando 0 denominado controle por “positivo”. Assim, nos exemplos das figuras [1] ¢ [2], a lampada 6 ativada fornecendo-Ihe alimentag&o positiva. Ou seja, 0 atuador é controlado por “positive”. No entanto, o conceito de ciclo de trabalho ou ciclo de acionamento, pode ser estendido aos casos de controle por .J2V—p} : id i 73% negative". ee « Ou seja, pode ser aplicado também, nos - casos em que o atuador é ativado 7 01 02 03 04” Iseal fomecendo-Ihe massa. [4] A figura [4] resulta similar as figuras [1] € [2]. No entanto, a diferenga reside no fato que a UC fornece massa para acender a lampada (fig.[4]). Neste caso, a formula a ser aplicada para 0 calculo do ciclo de trabalho, permanece a mesma. O que muda éo tempo a ser considerado para 0 cdiculo, que agora é 0 tempo tem que o sinal é igual a OV Generalizando, podemos dizer que: Ciclo de trabalho é a relagao entre o tempo em que o atuador permanece acionado e o periodo do ‘sinal, independente do tipo de acionamento ser por “positive” ou por “negativo”. ‘Observar que para ciclo de trabalho = 50%, 0 tipo de acionamento ¢ irrelevante. Ja para outros valores, 0 calculo do ciclo de trabalho deve levar em consideragao o tipo de acionamento utilizado. Valor Médio (© conceito de valor médio de um sinal pulsado resulta importante na avaliagao do funcionamento, tanto dos sensores que fornecem sinais pulsados, como na andlise de sinais de ciclo de trabalho variavel. Comegaremos pela sua definigao. Ciclo de Trabalho [%] ial Vmax [V] © valor médio de um sinal pulsado retangular 6, por definigao, igual ao ciclo de trabalho vezes a tenséo maxima do sini Esta definigdo é valida para o caso em que o sinal oscila entre OV ea tensao maxima, como mostra a figura da préxima pagina. eee 28 Humberto José Manavella- HM Autotrénica Capitulo 6 - Ciclo de Trabalho - PwM Aplicando a férmula ao exemplo da figura, para V4. 15% 25% 50% 8 diversos ciclos de trabalho do sinal, resultam —, | emer, mee, romeo, 5 seguintes valores médios (VM): He 1] beatae lela 70H «70% / 100 x5 «700 I(T VM-259 = 25% / 100 x 5V 2h VM-50% = 50% / 100 x 5V 1.25 o Do conceito de valor médio e dos valores acima calculados, resultam as seguintes conclusdoes: 1. Quando a frequéncia do sinal pulsado é suficientemente elevada, com relagao & maxima frequiéncia de coscilagdes que o instrumento consegue detectar (acompanhar), este se comporta como se medisse o valor ‘médio do sinal. 2. Quando a freqiiéncia do sinal pulsado é suficientemente elevada, com relagao a maxima freqdéncia de oscilagdes que 0 atuador consegue acompanhar, este se comporta como se fosse alimentado com uma tens&o igual ao valor médiio do sinal de comand. 3. Modificando a frequéncia (ou periodo T) do sinal, mas, mantendo o mesmo ciclo de trabalho, nao se modifica © valor méalo. Lembrar que este ultimo depende do ciclo de trabalho e nao, do periodo ou trequéncia do sinal. v O conceito de valor médio, aqui apresentado para sinais digits pulsados, ode ser estendido a outros tips como mostram as figuras. Noentanto, & mp ty formula apresentada acima, para 0 céiculo do valor médio de sinais t pulsados, no se aplica a sinais como o da figura ao lado, 7 (Observar que a onda em [a] possui valor médio menor se comparada com | @ onda [. Isto, porque esta ultima, a cada ciclo (periodo T) tem valor Ym diferente de zero por um tempo maior. by Aplicacao de sinais PWM Os sinais pulsados de ciclo de trabalho variével podem ser utilizados de duas formas: ) Para controlar atuadores de forma varidvel e gradual, entre um méximo e um minimo. Pode ser 0 controle da sua posi¢do, velocidade de rotaco, luminosidade, temperatura, etc. Este comportamento resulta da aplicagao da conclusao2., no item anterior b) Para a troca de informagées entre médulos de controle. Neste caso, 0 que importa é 0 ciclo de trabalho do sinal e nao o seu valor médio. Esta caracteristica 6 utiizada, por exemplo, em alguns sistemas de injegdo eletrénica para informar o consumo de combustivel ao computador de bordo. Exemplos A seguir, alguns dos intimeros exemplos de utiizago de sinais de ciclo de trabalho variével em sistemas de eletrénica embarcada. 1. Controle da bomba de combustivel. O negativo da bomba é controlado pela UC do motor, com um sinal de poténcia de ciclo de trabalho variavel. Assim, a pressdo, e conseqiientemente, a vazao, podem ser variadas de acordo com as condighes de funcionamento do motor. No sistema aplicado em veiculos GM com motor 3.8 V6, existe um médulo de poténcia, instalado no porta-malas, que recebe um sinal PWM (ciclo de trabalho variavel) de baixa poténcia da unidade g So rear ) Pe ee s (cil de trabalho varisve) Em condig6es normais de funcionamento, 0 ciclo é 33%. Quando em condigao de alta carga (com sinal MAP indicando pressao de coletor superior a 90kPa) o ciclo passa para 100%. Também, a unidade de comando utiliza um ciclo de 100% para compensar situagdes de baixa tensdo de bateria. Humberto José Manavella - HM Autotrénica 29 Capitulo 6- Ciclo de Trabalho - PWM. 2. O motor de ajuste da marcha lenta (motor de continua) no sistema MonoMotronic ¢ controlado com um sinal pulsado de 12 volts e ciclo de trabalho variavel. Desta forma, a movimentagdo da haste resulta mais suave € A velocidade do seu deslocamento (0 deslocamento do batente da borboleta) pode ser cortrolada variando 0 ciclo de trabalho do sinal de acionamento, de forma a responder a diferentes solicitagbes. 3. Jéhé no mercado, sistemas de controle integrado do motor que controlam a velocidade de rotagao do ventilador {do radiador, com um sinal PWM de poténcia (de alta corrente). 4. Os modernos sistemas de injepdo/ignicdo que aderem ao padrao OBD I, requerem que a sonda lambda entre em ‘operacao no menor tempo possivel, apds a partida do motor. Isto requer um aquecimento rapido do sensor o que se consegue diminuindo a resisténcia do aquecedor HO2S banco 1 (aumento da corrente). No entanto, a manutengo desta corrente, apés a sonda alcangar sua temperatura de trabalho, provocaria 0 superaquecimento da mesma. Para contornar esta situagao, a estratégia utlizada é: = Ao ligar 0 motor, @ unidade aplica tensao plena de bbateria, isto para obter 0 aquecimento rapido da sonda. = Apés alcancar a temperatura de trabalho, a tensao (média) aplicada é diminuida utiizando um sinal pulsado de ciclo de trabalho variavel de valor inferior a 100%. A figura ao lado apresenta 0 circuito elétrico dos sensores de oxigénio do sistema EC-V, aplicado em motores Ford "ee de sina V6 e VB. 5. Pressao do A/C e temperatura do motorno Astra G ‘99. © médulo de “controle do arrefecimento e A/C" (MKM) fornece e recebe as informagées de carga (pressao) do circuito de A/C e de temperatura do motor, na forma de sinais PWM. 6. Controle de torque em veiculos com transmissao automatica. Para diminuir 0 torque associado a troca de marchas, nos veiculos equipados com transmissao automatica, é utilizade o sinal de “Solicitagao de Controle de Torque’. E um sinal de saida do médulo de controle da transmissao automatica (TCM) que, antes de fexecutar a mudanga de marcha, envia um sinal PWM (modulado em largura de pulso) para a UC do motor. ‘Como resultado da solicitagéo, 0 ponto de ignig&o é atrasado. fe 0 ponto nao for atrasado convenientemente (no caso de falha no sinal), podem acontecer mudangas “dificeis", e a vida util da transmissdo podera ser afetada. Como exempio, em veiculos Vectra (Motronic M2.8), equipados com transmisséo automatica, o médulo TCM envia sinais de 100 Hz ¢ largura entre 0,9 ms e 9,1 mseg. Isto, dependendo de qual a marcha, e conforme a mudanea seja ascendente ou descendente. 7. Sinal de consumo em veiculos Monza. AUC (unidade de comando) Multec 700 envia, para o computador de bordo, a informacao de consumo, na forma de sinal PWM, 8. Diregao hidréulica sensivel & velocidade (Omega 3.8). A linha de retorno & bomba da direcao hidréulica é ‘ontfolada com valvula solendide acionada com um sinal PWM de forma que, até 20 kri/h, a pressdo ¢ 300 kPa, fomecendo assisténcia maxima. A presso diminui gradualmente com 0 aumento da velocidade do veiculo de forma tal que, a partir de 80 km/h a assisténcia & minima, 9. Acelerador sem borboleta. Dispensa 0 uso da vaivula de aceleragao (borboleta). A rotagao @ poténcia desenvolvida pelo motor sao controladas pelo grau de abertura das valvulas de admissao. ‘A aberturas menores correspondem eficiéncias volumétricas menores e consequentemente, poténcias menores. {As hastes das valvulas (admissao e éscape) constituem o nlicleo de solendides controlados com sinais de Ciclo de trabalho variavel. Estes sinais sao de poténcia (alta corrente) ja que devem gerar campos magnéticos Suficientemente intensos capazes de vencer a resisténcia mecanica das molas, quando presentes. O'sinal PWM (ciclo de trabalho variavel) de controle produz uma corrente média variével nos solendides e com isto, um campo magnético variavel: = Quanto menoré 0 ciclo de trabalho do sinal de controle, menor é @ corrente média e a forca produzida, ‘© que resulta em uma abertura menor. - No caso contrdrio, quanto maior é 0 ciclo de trabalho do sinal de controle, maior é a corrente média @ a forea produzida, o que resulta em uma abertura maior. Nos sistemas em que nao existem as molas de fechamento, as valvulas sao acionadas por dois solendides: um para abrir e 0 outro para fechar. Com isto, 0 fechamento é controlado e suave. see 30 Humberto José Manavella- HM Autotrénica == Magnetismo - circuitos Magnéticos 7 Magnetismo e Eletromagnetismo © magnetismo é uma propriedade de certos materiais, denominados “imas”, de exercer atracao sobre materiais ferrosos, Esta caracteristica 6 encontrada na natureza, em alguns materiais como a magnetita Estes materiais geram, em tomo de si, um campo magnético responsavel por uma forga de atracdo sobre 0 ferro, ago e outros materiais denominados “ferromagnéticos’ O gletromagnetisme, por sua vez, 60 magnetismo que resulta da interagdo de certos materiais com a energia elétrica. E, precisamente, 0 eletromagnetismo que fornece uma ligagao entre as energias mecanica e elétrica. Assim, ultiizando principios de eletromagnetismo, o alternador converte energia mecanica fornecida pelo motor, em energia elétrica. Da mesma forma, a aplicagao dos mesmos principios, resulta na transformagao de energia elétrica em mecénica, no motor de partida. ima Ha trés tipos de imas: ~ Naturais: Encontrados na natureza; geralmente, pequenas pedras que tem como base, minério de ferro. - Antificiais: Feitos pela mao do homem; geralmente, pecas de ligas metalicas que foram, durante o processo de fabricagao, submetidas a intensos campos magnéticos. - Eletroimas: Utilizam corrente elétrica para gerar um campo magnético, Neste caso, verifica-se que, quando um condutor é circulado por uma corrente elétrica, ao seu redor aparece um campo magnético cuja forga depende da intensidade da corrente. Um ima possui dois pélos denominados “norte’ e ‘suf’. Em um ima com forma de barra, os pélos esto localizados Nos extremos opostos. Verifica-se que pdlos opostos se atraem; pélos iguais se repelem, * Campo Magnético ‘Todo ima forma em toro de sium campo magnético, responsavel pela geracao das _—fma Permanente forgas de atragao e repulsao. Como auxilio & compreensao do fendmeno, admite-se Nhe qué © reterido campo ¢ formado por linhas invisiveis denominadas “linhas de forga’ 2 . ou “linhas de fluxo”’. Por convencao, estas linhas saem de um dos pélos (“pélo norte”) e entram no outro ("polo sul"), concentrando-se neles e espalhando-se no espago ao seu redor. (Um ima traco (pouca forga de atracdo) possui poucas linhas de fluxo; 0 inverso ocorre com imas mais possantes. O numero de linhas de forca € descrito como “densidade I Lae de fiuxo magnetico’ Um ima de alta densidade de fluxo (muitas linhas de forga) resulta mais possante 4,// (exerce uma forga maior) que um outro de tamanho similar, de menor intensidade de gaa, ‘campo (menor numero de linhas de fluxo). Dois imas colocados frente a frente exercem uma forca de atracao muitua que depende da intensidade de cada um. As linhas de forga se concentram no espago entre os ims. * Forga Magnética {As linhas de forga magnélica atravessam todos os materiais; praticamente néo existem isolantes magnélicos. No entanto, a linhas de fluxo passam mais facilmente por materiais que podem ser magnetizados, ainda que nao permanentemente, que através daqueles no magnetizaveis, Materiais que nao permitem a passage facil das linhas de fluxo possuem uma alta “relutancia magnética’ (ver adiante), ou seja, uma alta “resisténcia” & passagem das linhas de fora. Assim, o ar possui alta relutancia magnetica enquanto que a do ferro ¢ baixa Humberto José Manavella - HM Autotrénica 31

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