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Maria Fernanda Martins
Maria Fernanda Martins
CAPÍTULO 8
Essa concepção de justiça se resume a existência deveres dos cidadãos para com
a sociedade ou o bem comum. Desse modo, a justiça social terá de um lado os particulares
ou membros sociais (devedores) e de outro a sociedade (como credora), o devido é a
realização do bem comum, ou mais especificamente, a prestação de cada um para sua
efetiva realização e a igualdade que orienta é proporcional ou relativa.
Podendo ser denominada como Justiça legal, geral ou social, visto que esses
termos apresentam aspectos diferentes de mesma virtude, a pluralidade de pessoas
mostra-se dentro dessa relação a partir da diferenciação entre a sociedade- que é o
beneficiário ou pessoa moral- e o particular, que é a pessoa obrigada.
Ao abordar a sociedade, entende-se como beneficiaria toda e qualquer organização
que apresenta caraterística institucional. Além disso, a noção de particular estende-se a
todo e qualquer indivíduo (pessoa física ou jurídica) que em qualidade de membro tem
obrigação de dar a um coletivo social o que lhe é devido.
O devido no contexto debatido deve ser entendido em sentido estrito de dever
legalmente exigível (devido legal), abandonando desse modo a teoria individualista liberal
que considera as obrigações sociais como pertencente a moral, ou seja, a título de
liberdade ou assistência. Desse modo, os deveres são exigidos por lei e desassociam-se
da “boa vontade” individual, visto que são rigorosamente jurídicos e exigíveis.
A finalidade dessa modalidade de justiça e, também, das leis pode ser entendida
como o bem comum, o qual não deve ser entendido, somente, pela soma das vantagens e
dos benefícios oferecidos e pelo conjunto das leis, instituições, costumes e tradições de
cultura. Muito mais do que isso, o bem comum é a qualidade de vida inerente a população,
isto é, o necessário para atingir-se um viver dignamente humano.
Estruturalmente, o bem comum deve conter a participação equitativa de todos os
membros da comunidade, sem extinção de qualquer classe ou setor. Desse modo, sua
estrutura é caracterizada pelas relações de integração em que as consciências individuais
(do “eu” e do “ele”) abrem-se em uma nova unidade moral correspondente ao “nós” - que
indica com exatidão a participação de cada pessoa em prol da coletividade. É possível
dentro desse viés atribuir um caráter ao mesmo tempo pessoal e comunitário do bem
comum, afinal dentro de um bem definido como justo à comunidade deve-se destacar a
singularidade inerente a cada indivíduo.
A igualdade como pilar da justiça social é proporcional, nesse sentido, embora seja
essencial a todos arquitetar em prol do bem comum, é fato que essa responsabilidade é
proporcional à respectiva função e responsabilidade social, variando, também, conforme
as necessidades de cada comunidade. Entretanto, há também no vasto campo de atuação
dessa justiça- que abrange atos de todas as demais virtudes e suas espécies de igualdade
exigidas, inclusive a justiça comutativa e distributiva- situações regidas por igualdade
simples e absoluta.
No tocante a aplicabilidade significa, em resumo, considerar todas as modalidade
de atividade social para o bem comum. Dessa forma, destaca-se a Lei, que relaciona a
atividade do legislador, do administrados e do cidadão que a cumpre, a solidariedade
(consciência de cada homem, independente da determinação legal), a participação da
comunidade, a qual inclui o meio internacional.