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Aula 2

Um mundo em recomposição 1750-1850: A política sob o signo da revolução

As novas linguagens da liberdade

- Séc. XVIII: pressões para a reforma em razão da identificação da circulação de pessoas,


ideias e bens no mundo atlântico;

- Ecos múltiplos do iluminismo;

- Transformação comunicacional, com consequências económicas e políticas: acesso


mais rápido, barato e fácil a informação facilita mobilização de recursos humanos e materiais,
processos de tomada de decisão, promoção de identidades;

- Prioridade a informação comercial e financeira, dados os custos do transporte;

- Mudança tecnológica, revolução no impresso, economia da comunicação expandida;

A expansão e diversificação do político: novos espaços públicos (expansão do impresso) e novas


vozes e argumentos, para lá dos reis, das cortes, da classe terratenente.

Revindicações reformistas generalizadas. Mary Wollstonecraft, Vindication of the Rights of


Woman (1792): publicado nos dois lados do atlântico (e em francês).

O atlântico como arena privilegiada, múltiplas geografias e atores.

Plano económico: questionamento do mercantilismo, exigência de redistribuição das novas


riquezas geradas pela intensificação das trocas globais e pelo associado crescimento económico;

Plano social e cultural: aumento da literacia conduz a novas exigências de justiça (aumento da
responsabilidade pública e abolição da tortura, por exemplo);

Soberania popular: redistribuição do poder e da representação;

Reivindicações para a redefinição do mundo das trocas: maior desregulação (maior crescimento
económico);

Comércio livre, mercado livre, trabalho livre;

Ideias centrais: nacionalismo e democracia;

Nacionalismo: os membros da “nação” detentores da soberania territorial do seu estado;

Democracia: os membros da “nação” devem escolher os seus representantes nesse estado e ser
governados por eles;

Constituições e parlamentos: exigência de novos quadros legais e institucionais;

O “Estado-Nação” como ideia;

Reivindicações não atendidas (revolução americana e revolução francesa);

Questões:

- Limites dos ideais nacionalistas e democrático? De atribuição de direitos de cidadania?

- Mulheres, escravos, comunidades nativas, não-europeus?


- Direitos e propriedade: que relação?

- Resposta maioritária das elites euro-americanas: não!

Reivindicações de liberdade coexistindo com defesa e benefício da escravatura, recusa de


tratamento igualitário para com as mulheres;

Excepções coloniais: preservação de privilégios proteccionistas;

Defesa da abertura e exploração forçada – “legítima” – dos mercados asiáticos e africanos aos
interesses e investimento europeus;

Reordenamentos políticos globais

Efeitos diferenciados dos novos princípios de imaginação política e económica à escala global;

Necessidade de uma abordagem global, em múltiplas geografias e temporalidades;

Contextos locais, regionais, globais: articulação de escalas de análise;

Estudo de conexões e influências, da circulação de ideias e repertórios de governo e contestação,


de redes transnacionais;

1792-1841, uma Era de Revoluções: 98 “situações revolucionárias”;

1842-1891 “apenas” 48;

América do Norte (1776-1783): revolta contra a dominação inglesa, instauração de uma


república (contra a monarquia);

Revolução francesa (1789-1799): abolição do feudalismo – liberté, égalité, fraternité;

Revolução do Haiti (1804): princípios da revolução francesa na génese da revolta dos escravos,
exigindo abolição da escravatura e Independência política;

Disseminação de princípios revolucionários por Napoleão na Europa (1799-1815);

Invasões francesas na península ibérica propiciam descolonizações nas Américas;

Dinâmicas abolicionistas no mundo atlântico lideradas pela Grã-Bretanha, integrando


gradualmente África no comércio “legítimo”;

Consolidação, com um misto de reformas e de repressão, da monarquia russa;

Disseminação da revolução industrial;

Expansão da East India Company no subcontinente indiano;

Muhammad Ali moderniza Egito e coloca em causa o domínio otomano;

Resistencia do Império Qing na China, apesar dos desafios colocados por potências europeias;

Aula 6

Revoluções, revoltas, insurreições na América do Sul

General José de San Martin (1778-1850) e a Argentina: educado no iluminismo e na razão


iluminista, admirador da França Napoleónica.
Simon Bolívar (1783-1830) e a Venezuela: filho de uma família de crioulos venezuelanos
endinheirados, educado em Madrid e Paris no iluminismo e na razão iluminista, admirador de
Napoleão e de George Washington. Preceptor Simón Rodrigues, apaixonado por Rosseau.

“Nações livres”, democráticas, independência económica, separação Estado e Igreja: intenções


versus realidades.

A era das revoluções: cronologias, geografias, problemas

Armitage e Subrahmanyam: nova análise da “era das revoluções”.

Da Guerra dos Sete Anos (1756-1763) entre a Inglaterra e França na América do Norte, na Europa
e no continente asiático, até à Guerra do Ópio entre a China e a Inglaterra (1839-1842). Antes da
Independência americana e depois da desintegração dos impérios ibéricos nas américas. Novas
cronologias, múltiplas geografias, expansão e diversificação do enquadramento analítico: uma
história global da era das revoluções.

Questionamento mais rigoroso das “cadeias de causalidade, modos de conexão e meios de


comparação”. Dupla abordagem: casos e regiões para lá das suas fronteiras, forças globais no
seu interior. O que engloba o termo “revolução”? Genealogias antigas, antes de 1776 e 1789.

Eurocentrismo e ocidentalismo: a era das revoluções democráticas com uma origem no mundo
norte atlântico, disseminando-se pelo globo.

A “revolução dual” (1789-1848): convergência entre as transformações ideológicas da Revolução


Francesa e as mudanças tecnológicas e económicas da revolução industrial. Democracia,
nacionalismo, liberalismo, industrialismo - efeitos políticos.

Aula 7

África e a era das revoluções

- Multiplicidade de estratégias de integração política, fragmentação política como regra (Miller);

- Ausência de ideologias universalizantes (cristianismo);

- Diferentes soluções de organizações e trocas económicas: comércio local predominante, muito


organizado;

- “Ethos comunitário” prevalecente: responsabilidade mútua e coletiva, laços familiares,


comunidades agrícolas e comerciais dispersas;

- Controlo de disseminação de capital comercial externo;

- Transição para formas de integração política determinadas pelo mercantilismo, com controlo
militar acentuado e papel crescente da dívida;

- O papel central do tráfico transatlântico de escravos, incluindo as exponenciações de dinâmicas


conflituais, redefinindo sociedades políticas locais;

A Ásia (Meridional) e a era das revoluções

- Questões semelhantes: Europa e “Ocidente” como motor da modernidade da época


contemporânea?

- Difusionismo? Que “centros” e “periferias”?


- Que aplicabilidade de categorias justificáveis para compreender …

- Fissuras no “Antigo Regime”: primeiro no Médio Oriente e na Ásia Meridional, com


desintegração parcial dos impérios otomano, safávida e mogol;

- Gunpowder empieres (Marshall Hodgson); o controlo da pólvora e das armas de fogo como
mecanismo essencial de integração política;

- Fissuras e crises sociais resultado de trajetórias similares às que ocorriam na Europa:


comercialização, militarização, novas formas de organização social;

- Era das revoluções? 1776 ou 1789? Fim do século XVII, princípio do século XVIII;

- O império Mogol sob ataque: invasões dos Maratas pelo general Maratha Bajirao (Batalha de
Deli 1736), do Xá persa Nadir Shah (1738-39), de Ahmad Shah Abdali, imperador afegão (1750)

- Intensificação de competição europeia na região, aproveitando conflitos regionais,


estabelecendo coligações locais (fragmentando o espaço político), promovendo burocracias
comerciais;

- Afirmação britânica: nova modalidade de imperialismo territorial;

- Ásia Meridional: duas revoluções imperiais relacionadas, com dinâmicas anteriores à revolução
francesa;

- Interseções entre o global e o regional e o local;

- Descentralização e reconfiguração política associada ao enfraquecimento do império mogol,


que não deixa de preservar o controlo de certas regiões;

- Competição anglo-francesa nos anos de 1750 e 1760, resultando na ascendência britânica e


associada à afirmação da centralidade da East India Company (companhia de comércio);

Reordenamentos económicos globais: revoluções “industriosas” e industriais

- A par da era das revoluções (políticas e sociais), uma nova era económica;

- Intensificação da produção especializada orientada para os mercados internacionais, com


expansão das trocas globais: (relativa). Globalização económica;

- Revoluções tecnológicas e comunicacionais centrais às dinâmicas de transformação política e


económica;

- Políticas comerciais e fiscais diferentes em certos pontos do globo: o papel do Estado enquanto
promotor e beneficiário da expansão comercial e económica (impostos e financiamento);

- Revoluções “industriosas” (segunda metade do século XVII e XVIII): menos lazer, mais trabalho,
maior produtividade (sem revolução tecnológica), aumento e diversificação do consumo, melhor
qualidade de vida: Múltiplos e acesos debates especializados; Fundações da revolução industrial
(fins do século XVIII e século XIX);

- Preservação de nível de vida: expansão da troca, integração do comércio global, crescente


especialização e divisão do trabalho;

- Círculos integrados: o exemplo do chá (folha da China, açúcar das Caraíbas, escravizados de
África, cerâmica/chávenas de Inglaterra);

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