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Fonologia e Variação
Fonologia e Variação
FONOLOGIA DA
LÍNGUA PORTUGUESA
Introdução
A aquisição da língua materna ocorre ao longo do crescimento da criança
e por meio de diferentes processos fonológicos. Todavia, esses processos
são sempre iguais? Sofrem influências das variações linguísticas dos adul-
tos que fazem parte da comunidade linguística da criança? A fonologia
revela aspectos cruciais sobre o processo de aquisição da linguagem,
seja na língua materna, seja em língua estrangeira.
Neste capítulo, você estudará sobre os processos variáveis na aquisição
de língua materna e a construção do conhecimento fonológico. Além
disso, compreenderá os processos de aquisição da língua e suas variações,
bem como conhecerá o processo de aquisição de segunda língua e seus
aspectos fonético-fonológicos.
É importante salientar que essa ordem é um padrão que pode ser rompido.
De acordo com Matzenauer e Costa (2017, p. 65),
[…] outros padrões de aquisição têm também sido verificados com frequência
no PB, particularmente aquele em que as crianças adquirem em primeiro
lugar as obstruintes não vozeadas (/p t k f s ʃ/) e depois as vozeadas (/b
d ɡ v z ʒ/), ou seja, um percurso de desenvolvimento segmental em que a
especificação do traço de vozeamento ([±vozeado]) parece sobrepor-se à
especificação do traço [contínuo].
Traço/contraste
Substituições mais frequentes Exemplos
não adquirido
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de input linguístico.
https://qrgo.page.link/hUPsC
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[…] diversos estudos demonstram que existe uma correlação entre a regula-
ridade e o grau de exposição à língua e o desenvolvimento da competência
fonológica: num estudo realizado com falantes não nativos de inglês, Bongaerts
et al (1995) verificaram que, aplicando métodos de ensino adequados e asse-
gurando uma exposição prolongada e intensa à língua, é possível desenvolver
um nível muito avançado de competência fonológica na L2, ultrapassando
os efeitos de fossilização que seriam esperados em falantes que iniciam a
sua exposição à língua na adolescência ou já em idade adulta. Assim, o que
muitos dos trabalhos de investigação no domínio da aquisição da fonologia
na L2 mostram é que, apesar do papel incontestável da influência da L1 neste
domínio, é necessário considerar também outros fatores – tais como o tipo e a
quantidade de dados linguísticos a que o aprendente tem acesso – se queremos
compreender plenamente o modo como os falantes não nativos desenvolvem
competência fonológica.
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