Professional Documents
Culture Documents
Dicas 111
Dicas 111
administrativa
P Ó L I S - I L D E S F E S
AA No 111 1998
mento hidráulico com fins de geração de ener- Atualmente as prioridades são determina-
gia elétrica, negligenciando o estabelecimen- das em função da importância econômica
CONSÓRCIOS to de legislação para os demais usos. Foram
focalizadas regiões estratégicas, como o Vale
de uma região e do nível de degradação em
que se encontra a bacia hidrográf ica. As
O
Não basta, no entanto, a prefeitura estabele- bem de domínio público, um recurso natural
cer uma infinidade de leis para proteger e re- limitado e dotado de valor econômico, traçan- s Consórcios de Bacia Hidrográfica
gular o uso dos seus mananciais se os muni- do as diretrizes da Política Nacional de Re- têm realizado um importante traba-
cípios vizinhos não tiverem controle algum. cursos Hídricos (PNRH), criando o Sistema lho nas regiões onde atuam, destacando-se a
Como o gerenciamento destes recursos exige Nacional de Gerenciamento dos Recursos conscientização da população sobre o uso ra-
uma atuação em toda a bacia hidrográfica, os Hídricos (SINGREH). Além disso, esta lei cional da água, o reflorestamento das matas
consórcios intermunicipais (ver Dicas nº 97) reconheceu a bacia hidrográfica como unida- ciliares, a formalização de convênios com os
facilitam a implementação das ações e per- de territorial para a implementação da PNRH órgãos estaduais, rateios para a realização de
mitem alcançar melhores resultados. e criou a possibilidade da cobrança pelo uso obras de saneamento e tratamento de esgotos,
da água. Os organismos integrantes do além de promover a integração dos municípi-
SNGRH são, basicamente, os Comitês de Ba- os para a realização de estudos que favore-
HISTÓRICO cia Hidrográfica e as Agências de Água, jun-
tamente com o Conselho Nacional de Recur-
çam a elaboração de um Plano Diretor da Ba-
cia Hidrográfica, indispensável para o enca-
D
sos Hídricos e os Conselhos Estaduais. No seu minhamento da gestão.
esde a criação do Código das Águas, esforço descentralizador, entretanto, além de A constituição de uma sociedade civil sem fins
em 1934, as políticas públicas sobre tais instâncias institucionais, a PNRH reco- lucrativos é a personalidade jurídica atualmen-
recursos hídricos seguiram um modelo cen- nhece os Consórcios Intermunicipais e outras te mais recomendada para os consórcios in-
tralizador, dando especial atenção à regula- associações regionais como organizações ci- termunicipais, dada a sua estrutura simples e
mentação das questões relativas ao aproveita- vis de recursos hídricos. desburocratizada. Os prefeitos devem inicial-
mente elaborar e encaminhar à Câmara Mu- dessas três instâncias, alguns consórcios op- técnica e não meramente administrativa, devem
nicipal um projeto de lei solicitando a apro- taram pela constituição de uma Plenária de ser consultados profissionais de competência es-
vação para que o município participe do con- Entidades, órgão consultivo formado por en- pecífica. Em todo caso, o consórcio deve sem-
sórcio. Após a autorização dos respectivos tidades da sociedade civil (universidades, cen- pre manter sua autonomia para contratar os fun-
Legislativos, deverá ser elaborado o estatuto tros de pesquisa, Comitês Municipais de Re- cionários que julgar conveniente.
regulamentando a participação dos consorci- cursos Hídricos, ONGs, etc.).
ados. É fundamental que todos os prefeitos Essa estrutura administrativa tem a vantagem
envolvidos no consórcio participem da reu- de garantir a agilidade necessária para a exe- RECURSOS
nião de aprovação do estatuto – devidamente cução dos trabalhos. Na medida em que pode
registrada em ata – durante a qual serão elei- ser difícil conciliar as agendas dos prefeitos
tos o presidente e o vice-presidente do con- consorciados, e as reuniões do CM devem Os recursos financeiros necessários para a ad-
sórcio. Seguem-se os procedimentos de pu- ter caráter deliberativo, a SE pode se articu- ministração do consórcio são definidos pelos
blicação no Diário Oficial do Estado, o regis- lar em uma Coordenadoria de Planejamento associados, tendo sido comum o repasse de
tro no Cartório de Títulos e Documentos da (CP) e Grupos Municipais de Trabalho uma pequena porcentagem do Fundo de Par-
cidade eleita como sede e a obtenção do CGC. (GMT), dos quais podem participar as enti- ticipação dos Municípios ou o estabelecimento
A estrutura organizacional do consórcio é bas- dades representadas na Plenária. A CP se de uma contribuição mensal, facultando à ini-
tante simples. O Conselho de Sócios ou dos encarregaria da elaboração dos planos de tra- ciativa privada a participação no Conselho Ad-
Municípios (CM) é constituído pelos prefei- balho a serem encaminhados ao CM, para ministrativo. Esse mecanismo garante aos mu-
tos, representando o órgão máximo de deli- posterior execução pelos GMT. Assim, a dis- nicípios consorciados um adequado grau de
beração. Mais recentemente os consórcios têm cussão sobre as prioridades para a bacia hi- autonomia frente ao Estado, garantindo tam-
também previsto em estatuto a participação drográfica contará com a participação da bém a continuidade administrativa indispen-
de representantes da sociedade civil no Con- sociedade civil nos vários estágios de funci- sável ao bom funcionamento do consórcio.
selho de Sócios, colaborando para aumentar onamento do consórcio, aumentando a legi- Uma vez decididas quais ações serão imple-
a transparência da administração pública. O timidade do processo e facilitando aos pre- mentadas na bacia hidrográfica, o consórcio
Conselho Fiscal é o órgão encarregado de feitos a implementação das decisões. deve buscar apoio nos níveis estadual e fede-
acompanhar a gestão e a fiscalização das fi- Inicialmente o consórcio pode contar com uma ral, que contam com agências específicas de
nanças e da contabilidade. Dele participam equipe formada por funcionários das prefeitu- financiamento e cooperação técnica. Mais uma
representantes das Câmara Municipais dos ras consorciadas e das entidades que participam vantagem para a constituição dos consórcios
municípios consorciados, podendo também da Plenária. Mas a experiência tem demonstra- intermunicipais de recursos hídricos é que eles
contar com representantes da sociedade civil do que, dependendo da natureza do consórcio e são reconhecidos como entidades de gestão de
e da iniciativa privada. A Secretaria Executi- das metas traçadas, aqueles que contam com uma recursos hídricos e, na inexistência de um Co-
va (SE), formada pela equipe técnica e admi- equipe exclusiva, plenamente dedicada aos pro- mitê de Bacia (ver box) na área de atuação do
nistrativa, assume a coordenação e a imple- pósitos estabelecidos, tendem a funcionar me- consórcio, cabe a eles a responsabilidade pela
mentação das ações definidas pelo CM. Além lhor. Quando se tratar de questões de natureza execução das obras de saneamento.