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FISIOLOGIA HUMANA

AULA 5

Prof.ª Patrícia Carla de Oliveira

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CONVERSA INICIAL

Os hormônios são substâncias químicas produzidas pelas glândulas


endócrinas, que circulam na corrente sanguínea e atuam e órgãos-alvos
específicos, de forma a integrar e regular diversos mecanismos corporais,
atuando, portanto, na homeostase. Dessa maneira e de forma a alcançar os
objetivos descritos abaixo, elucidaremos os principais processos envolvidos na
fisiologia do sistema endócrino.

• Retomar as principais características anatômicas das glândulas que


compõem o sistema endócrino, os tipos de hormônios liberados na
circulação seu mecanismo de regulação;

• Destacar as principais características e funções do eixo hipotálamo-


hipófise no controle das glândulas endócrinas, bem como a identificação
dos principais hormônios hipofisários;

• Entender o processo de liberação e as funções fisiológicas dos hormônios


da tireoide e da paratireoide no metabolismo corporal e na regulação dos
níveis plasmáticos de cálcio;

• Compreender o mecanismo de regulação da concentração de glicose na


corrente sanguínea por meio dos hormônios pancreáticos;

• Descrever como atuam os hormônios das glândulas suprarrenais e o seu


papel no controle da resposta corporal ao estresse e no equilíbrio hídrico
e de sais no sangue.

TEMA 1 – ORGANIZAÇÃO DO SISTEMA ENDÓCRINO E HORMÔNIOS

Diferentemente dos sistemas cardiovascular, respiratório e urinário, as


glândulas endócrinas não têm conexão anatômica e estão distribuídas por todo
o corpo, como representado na figura 1. Neste caso, a comunicação entre o
sistema endócrino e os diferentes órgãos é assegurada pela liberação de
substâncias químicas denominadas hormônios ou neurotransmissores.

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Figura 1 – Organização do sistema endócrino

Créditos: Designua/Shutterstock.

Dentre as funções do sistema endócrino, destacam-se a regulação do


equilíbrio de sais e de água, preservando suas concentrações extracelulares,
promovendo, dessa maneira, o controle do volume sanguíneo e da pressão
arterial; a regulação do balanço energético por meio da mobilização, utilização e
armazenamento de energia, assegurando o suprimento das demandas
metabólicas celulares; a coordenação das respostas contrarreguladoras
hemodinâmicas e metabólicas do organismo ao estresse; a regulação da
reprodução, do desenvolvimento, do crescimento e do processo de
envelhecimento.
O sistema endócrino é constituído essencialmente por três componentes
básicos: glândulas endócrinas, hormônios e órgãos-alvo. Em relação às
glândulas, vale lembrar que as glândulas exócrinas secretam seus produtos em
um ducto, a partir do qual as secreções saem do corpo ou entram no lúmen de
outro órgão, enquanto as glândulas endócrinas são aquelas que não possuem
ductos e, portanto, liberam seus hormônios no líquido intersticial, a partir do qual

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se difundem para o sangue no sangue. Contudo, as moléculas que atuam como
hormônios são secretadas não apenas por glândulas endócrinas clássicas, mas
também por células endócrinas isoladas (hormônios do sistema endócrino
difuso), por neurônios (neuro-hormônios) e, ocasionalmente, por células do
sistema imune (citocinas).
Os hormônios podem ser classificados de acordo com a sua origem, com
o tipo de receptor no órgão-alvo ou pela sua classe química, conforme tabela 1,
adaptada de Silverthorn, 2017.

Tabela 1 – Classificação dos hormônios

Hormônios Hormônios Hormônios amínicos (derivados


peptídicos esteroides da tirosina)
Catecolaminas Hormônios da
tireoide
Síntese e Síntese prévia; Sintetizados a Síntese prévia; Síntese prévia;
armazenamento armazenamento partir de armazenamento precursor
em vesículas precursores, de em vesículas armazenado em
secretoras acordo com a secretoras vesículas
demanda secretoras
Liberação pela Exocitose Difusão Exocitose Proteínas
célula-mãe simples transportadoras
Transporte no Dissolvidos no Ligados a Dissolvidos no Ligados a
sangue plasma proteínas plasma proteínas
carreadoras carreadoras
Meia-vida Curta Longa Curta Longa
Localização do Membrana Citoplasma ou Membrana Núcleo
receptor celular núcleo; alguns celular
também tem
receptor na
membrana
Resposta geral Modificação de Indução de Modificação de Indução da
do alvo proteínas síntese de proteínas síntese de novas
existentes e novas existentes proteínas
indução da proteínas
síntese de
novas proteínas
Exemplos Insulina, Estrogênio, Adrenalina, Tiroxina (T4)
hormônio da androgênios, noradrenalina,
paratireoide cortisol dopamina
Fonte: Patrícia Carla de Oliveira.

A produção hormonal se baseia no equilíbrio entre estímulo e inibição da


síntese e secreção do hormônio. Na maioria dos casos, esse controle é exercido
por meio de mecanismos de retroalimentação negativa (feedback negativo) que
garantem um nível adequado da atividade hormonal no tecido-alvo. Nesse
sentido, íons, nutrientes orgânicos, neurotransmissores e outros hormônios
atuam como estímulo e promovem a liberação do hormônio, enquanto os
produtos resultantes da ação desse hormônio tendem a suprimir sua liberação

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adicional, ou seja, o hormônio (ou um de seus produtos) exerce um efeito de
feedback negativo para evitar a secreção excessiva do hormônio ou a
hiperatividade no tecido-alvo. Em alguns casos, ocorre um feedback positivo
quando a ação biológica do hormônio causa sua secreção adicional. Um
exemplo de feedback positivo é o aumento do hormônio ocitocina durante a
contração uterina que promove o parto natural. O aumento das contrações
estimula a liberação de mais ocitocina e esta, por sua vez, promove mais
contrações.
Os hormônios liberados na circulação podem circular em sua forma livre
ou estarem ligados a proteínas de ligação. O hormônio livre constitui a forma
ativa que se liga ao receptor hormonal específico. Sendo assim, a ligação de um
hormônio a sua proteína carreadora serve para regular a atividade hormonal,
estabelecendo a quantidade de hormônio livre para exercer uma ação biológica.
A remoção dos hormônios da circulação também é conhecida como taxa de
depuração metabólica e, normalmente, é feita por enzimas encontradas
principalmente no fígado e nos rins. Os metabólitos são então excretados pela
bile ou na urina. A taxa de degradação hormonal é indicada pela meia-vida do
hormônio na circulação, ou seja, o tempo necessário para reduzir a concentração
do hormônio pela metade. Portanto, a meia-vida é um indicador de quanto tempo
um hormônio fica ativo no corpo.

TEMA 2 – EIXO HIPOTÁLAMO-HIPÓFISE E HORMÔNIOS HIPOFISÁRIOS

O hipotálamo é uma estrutura anatômica presente no sistema nervoso


central (SNC) e que presenta grupamentos neuronais que se relacionam ao
controle da função endócrina na glândula hipófise, apresentando uma interface
entre os sistemas nervoso e endócrino. Por essa razão, está envolvido na
coordenação das respostas fisiológicas que mantêm a homeostasia corporal,
exercendo influência na ingestão de líquidos e alimentos, no consumo de energia
e no peso corporal, no ciclo de sono e da vigília, na pressão arterial e temperatura
corporal. Para desempenhar essa função, o hipotálamo recebe e processa os
sinais recebidos, estimulando as respostas neuroendócrinas apropriadas.
O eixo hipotálamo-hipófise é a unidade morfofuncional formada pelo
hipotálamo e a glândula hipófise (figura 2), responsável pelo controle da função
de várias glândulas endócrinas, como as gônadas, a tireoide e as suprarrenais,
determinando uma série de funções orgânicas envolvidas em todos os
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processos fisiológicos. O hipotálamo secreta hormônios que são liberadores ou
inibidores dos hormônios hipofisários.

Figura 2 – Eixo hipotálamo-hipófise

Créditos: Alila Medical Media/Shutterstock.

A hipófise é anatomicamente dividida em porção anterior ou adeno-


hipófise e porção posterior ou neuro-hipófise e está ligada ao hipotálamo por
uma região denominada infundíbulo. Os axônios de alguns neurônios que saem
do hipotálamo descem pelo infundíbulo e terminam em vasos sanguíneos da
neuro-hipófise. Essa conexão neural entre hipotálamo e hipófise permite que
hormônios produzidos pelo hipotálamo sejam armazenados por essa porção da
glândula hipófise. Esses hormônios são a ocitocina e o hormônio antidiurético
(ADH).
A ocitocina está envolvida em reflexos relacionados com a reprodução.
Receptores de estiramento existentes no colo do útero emitem sinais para ao
hipotálamo e este libera a ocitocina como resposta. A ocitocina, por sua vez,
estimula mais contrações das células musculares lisas do útero até ocorrer o

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nascimento da criança. A ejeção de leite das mamas também é influenciada por
esse hormônio, pois os mamilos possuem receptores que são estimulados
durante o aleitamento, encaminhando a informação até centros nervosos e ao
hipotálamo, que secreta a ocitocina e esta promove a contração das células
musculares lisas nas mamas.
O hormônio antidiurético (ADH) também pode ser chamado de
vasopressina, pois promove a contração de vasos sanguíneos, aumentando a
pressão arterial em situações de perda do volume sanguíneo. Além disso, esse
hormônio possui propriedades antidiuréticas, pois diminui a perda de água na
urina, retendo líquido no corpo a fim de manter o volume sanguíneo e evitar a
desidratação.
Não existe conexão neural entre o hipotálamo e a adeno-hipófise,
entretanto existe uma conexão vascular importante entre essas suas duas
estruturas, que promove a recepção dos hormônios hipotalâmicos pela adeno-
hipófise, de forma a regular de modo eficiente e específico a liberação de
hormônios por essa porção da glândula hipófise. Os hormônios tróficos
produzidos pela adeno-hipófise são liberados na circulação sistêmica e
alcançam seus órgãos-alvo para produzir uma resposta fisiológica, bem como os
hormônios produzidos pelos órgãos-alvo afetam a função da adeno-hipófise e do
hipotálamo, mantendo um sistema integrado de controle da função endócrina por
retroalimentação. A tabela 2, adaptada de Guyton e Hall (2021), apresenta os
hormônios da adeno-hipófise e suas principais funções.

Tabela 2 – Hormônios da adeno-hipófise e suas funções

Hormônios Ação fisiológica


Hormônio de crescimento Estimula o crescimento corporal; estimula a secreção do
(GH) (somatotrofina) fator de crescimento de insulina-1; estimula a lipólise; inibe
as ações da insulina sobre o metabolismo dos carboidratos
e dos lipídios
Hormônio adenocorticotrófico Estimula a produção de glicocorticoides e andrógenos pelo
(ACTH) (corticotrofina) córtex adrenal; mantém o tamanho da zona fasciculada e da
zona reticular do córtex
Hormônio estimulante da Estimula a produção de hormônios da tireoide pelas células
tireoide (TSH) (tireotrofina) foliculares da tireoide; mantém o tamanho das células
foliculares
Hormônio foliculoestimulante Estimula o desenvolvimento dos folículos ovarianos; regula
(FSH) a espermatogênese nos testículos
Hormônio luteinizante (LH) Provoca a ovulação e a formação do corpo-lúteo no ovário;
estimula a produção de estrogênio e a de progesterona pelo
ovário; estimula a produção de testosterona pelo testículo
Prolactina (PRL) Estimula a secreção e a produção de leite
Fonte: Patrícia Carla de Oliveira.

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TEMA 3 – TIEROIDE E PARATIREOIDES

A glândula tireoide é uma glândula localizada na parte anterior do


pescoço, em frente à traqueia, consistindo em um lobo direito e um lobo
esquerdo conectados pelo istmo. Na composição celular da glândula tireoide,
destacam-se as células foliculares, responsáveis pela produção dos hormônios
triiodotironina e tiroxina, comumente chamados de T3 e T4, respectivamente. As
células C da tireoide estão envolvidas na produção do hormônio calcitonina.
Os efeitos fisiológicos dos hormônios tireoidianos são mediados em
diferentes órgãos-alvo (figura 3) e consistem, principalmente, em estimular o
metabolismo celular, desempenhando, dessa forma, importantes funções na
regulação do consumo de energia e manutenção da homeostase.

Figura 3 – Hormônios da tireoide

Créditos: Designua/Shutterstock.

A síntese e a liberação dos hormônios da tireoide são reguladas por


retroalimentação negativa pelo eixo hipotalâmico-hipofisário-tireoidiano (figura
4). Dessa forma, o TRH (hormônio liberador de tireotrofina) produzido pelo

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hipotálamo, estimula a liberação do TSH (hormônio tireotrófico) pela adeno-
hipófise, que é transportado pela corrente sanguínea até a glândula tireoide,
estimulando a síntese e liberação dos hormônios T3 e T4. Quase toda a tiroxina
é eventualmente convertida em triiodotironina nos tecidos, estimulando a
absorção de carboidratos pelo intestino delgado e aumentando a liberação de
ácidos graxos dos adipócitos, o que ajuda a manter o metabolismo em uma taxa
elevada.
Para formar quantidades normais de tiroxina, é necessário que iodo seja
ingerido na forma de iodetos e, por esse motivo, o sal comum de cozinha é
suplementado com iodeto de sódio para prevenir a deficiência de iodo. O estado
clínico resultante da diminuição da função tireoidiana é denominado
hipotireoidismo, e os sintomas incluem aumento da sensibilidade ao frio e
tendência a ganhar peso, fadiga e alterações no apetite, função gastrintestinal e
neurológica. A função excessiva da tireoide caracteriza o hipertireoidismo, cujos
pacientes apresentam intolerância ao calor, perda de peso e aumento do apetite,
além de sinais envolvendo o sistema nervoso simpático, como ansiedade,
tremores e aumento da frequência cardíaca.
As glândulas paratireoides estão localizadas no pescoço, inseridas na
superfície posterior da glândula tireoide e produzem o paratormônio (PTH),
importante para a regulação dos níveis plasmáticos de Ca2+ e consequente
função normal das células, transmissão dos impulsos nervosos, contração
muscular, estrutura óssea, coagulação sanguínea e sinalização intracelular. Na
verdade, essa regulação depende das interações entre o PTH, a vitamina D e a
calcitonina produzida pela glândula tireoide (figura 4). O PTH é responsável pela
elevação dos níveis plasmáticos de cálcio por meio do aumento da reabsorção
renal desse íon, da mobilização do Ca2+ dos ossos e da absorção intestinal de
Ca2+ (indiretamente pela vitamina D). Ao mesmo tempo, o PTH aumenta a
secreção tubular de fosfato, fazendo com este seja eliminado na urina e não haja
a formação de cristais indesejados. A calcitonina, de forma contrária, inibe a
reabsorção óssea e aumenta a excreção renal de Ca2+.

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Figura 4 – Metabolismo do cálcio

Créditos: Designua/Shutterstock.

TEMA 4 – PÂNCREAS ENDÓCRINO

O pâncreas é uma glândula designada como mista, pois apresenta uma


porção exócrina composta pelos ácinos pancreáticos e uma porção endócrina
formada pelas ilhotas de Langerhans. As enzimas produzidas pelos ácinos são
lançadas no lúmen da segunda porção do duodeno por meio do ducto
pancreático, e os hormônios sintetizados e secretados pelas ilhotas caem no
interstício de onde partem para a circulação sistêmica. Os principais hormônios
produzidos pelo pâncreas são a insulina, o glucagon e a somatostatina,
responsáveis pela regulação da concentração de glicose na corrente sanguínea
e sua consequente disponibilização aos tecidos, principalmente àqueles com alta

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produção e consumo de energia, como a musculatura, bem como o fígado e o
tecido adiposo.
A maior parte da glicose ingerida é independente da insulina e chega
rapidamente a tecidos, como o nervoso, para suprir suas necessidades
energéticas. Porém, a insulina produzida pelas células β do pâncreas
desempenha um papel importante no armazenamento do excesso de energia,
no caso, excesso de carboidratos, fazendo com que eles sejam armazenados
sob a forma de glicogênio, principalmente no fígado e nos músculos. Quando
não há mais a possibilidade do armazenamento de glicose sob a forma de
glicogênio, a insulina converte seu excesso em gorduras que serão
armazenadas no tecido adiposo. A insulina também exerce um efeito importante
na formação das proteínas, promovendo a captação de aminoácidos pelas
células. Ao chegar nos tecidos, a glicose se desloca para o interior da célula por
meio de receptores da família GLUT e, no caso da musculatura esquelética e do
tecido adiposo, o mediador GLUT 4 é o principal transportador de glicose
responsivo a insulina
O glucagon possui efeito antagonista à insulina na homeostasia da glicose
sanguínea. Produzido pelas células α do pâncreas, sua liberação é inibida pela
hiperglicemia (níveis elevados de glicose no sangue) e estimulada pela
hipoglicemia (níveis baixos de glicose no sangue). O fígado é o principal órgão-
alvo do glucagon e nele acontece a degradação do glicogênio em glicose,
aumentando a glicemia. Outros estímulos para a liberação do glucagon são
refeições ricas em aminoácidos e não em carboidratos, além das ações do
sistema nervoso parassimpático. No tecido adiposo, o glucagon estimula a
degradação dos triglicerídeos, e os ácidos graxos livres resultantes podem servir
como fonte de energia para o fígado e o músculo esquelético.

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Figura 5 – Regulação dos níveis de glicose no sangue

Créditos: Designua/Shutterstock.

A somatostatina também é um hormônio pancreático, e sua liberação é


estimulada por refeições ricas em carboidratos, gorduras e proteínas, além de
estímulos vindos de hormônios gastrointestinais. Seus efeitos inibitórios são
múltiplos e incluem a diminuição da liberação de insulina e glucagon, diminuição
da motilidade do trato digestório e diminuição do processo absortivo,

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prolongando o período em que os nutrientes são assimilados pelo sangue, o que
evita o consumo imediato desses nutrientes.
Alterações nas secreções endócrinas do pâncreas, especialmente da
insulina, estão relacionadas a doenças de alta prevalência e atualmente
consideradas endêmicas, como o diabetes melito (DM), a obesidade e a
síndrome metabólica (SM). O diabetes melito tipo 1 é uma síndrome autoimune
causada pela ausência de secreção de insulina, enquanto o diabetes melito tipo
2 é causado pela diminuição da sensibilidade dos tecidos-alvo ao efeito
metabólico da insulina (resistência à insulina). Nos dois casos, a glicemia se
eleva, o que provoca perda de glicose na urina, desidratação, lesão nos vasos
sanguíneos, o aumento da utilização dos lipídios e consequente acidose
metabólica, que pode levar ao coma e a morte.

TEMA 5 – GLÂNDULAS SUPRARRENAIS

As glândulas adrenais são também conhecidas como glândulas


suprarrenais, pois estão localizadas no polo superior de cada rim,
desempenhando papel importante na regulação da resposta adaptativa do corpo
ao estresse, na manutenção do equilíbrio da água, sódio e potássio no sangue,
bem como no controle da pressão arterial. Anatomicamente, cada glândula é
composta por duas partes distintas, o córtex adrenal a medula adrenal, que
produzem hormônios corticosteroides e catecolaminas, respectivamente.
O precursor de todos os corticosteroides é o colesterol e no córtex adrenal
são produzidos os mineralocorticoides como a aldosterona; os glicocorticoides
como o cortisol; e os androgênios fracos como a deidroepiandrosterona ou
DHEA e a androstenediona que exibem os mesmos efeitos da testosterona. A
aldosterona aumenta a reabsorção tubular renal de sódio e simultaneamente a
secreção de potássio na urina, permitindo que quantidades ideais desses
minerais sejam preservadas no líquido extracelular. O desfecho desse controle
altera o volume sanguíneo e, por esse motivo, a aldosterona regula a pressão
arterial a longo prazo, como estudado anteriormente sobre o sistema circulatório.
Os estímulos para a secreção de aldosterona são as concentrações de
angiotensina II e de íons potássio.
O cortisol desempenha um importante papel na regulação da homeostasia
da glicose, estimulando a conversão de aminoácidos em glicose pelas células
do fígado; mobilizando aminoácidos dos músculos e aumentando a produção de
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glicose pelo fígado, além de diminuir a utilização de glicose pelas células, o que
pode levar à resistência à insulina quando o cortisol está elevado. O metabolismo
das proteínas também sofre influência do cortisol, pois ele aumenta a
degradação e diminui a síntese de proteínas nos tecidos, com exceção do fígado.
No tecido adiposo, o cortisol promove lipólise, disponibilizando ácidos graxos
para produção de energia, fator importante para a conservação, a longo prazo,
da glicose e do glicogênio corporais. A partir dessas informações, é possível
entender porque o cortisol é importante na resistência ao estresse (figura 6) e ao
processo inflamatório, visto que esse hormônio mobiliza nutrientes para a
geração de energia e de novos compostos celulares em caso de lesão.

Figura 6 – Resposta ao estresse

Créditos: Designua/Shutterstock.

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A medula adrenal secreta adrenalina e noradrenalina, hormônios que
também estão envolvidos na resposta ao perigo e ao estresse, juntamente ao
sistema nervoso simpático, visto que o hipotálamo produz uma descarga
simpática por ativação do neurônio pré-ganglionar que chega à medula adrenal
para a liberação da adrenalina, que promove, entre outras, as seguintes
adaptações: ativação geral do estado de vigília; lipólise e aumento da glicemia,
a fim de fornecer combustível para o músculo; sudorese, para possibilitar melhor
eliminação de calor diante do estresse; vasoconstrição cutânea, a fim de
redistribuir o fluxo sanguíneo para a musculatura.

NA PRÁTICA

O hormônio do crescimento (GH), também chamado de somatotrofina, é


o hormônio mais abundante da adeno-hipófise e sua função é produzir fatores
de crescimento semelhantes a insulina (IGFs) ou somatomedinas em células dos
músculos esqueléticos, cartilagens e ossos. Esses fatores atuam aumentando a
síntese proteica e a divisão celular mitótica, o que contribui para o crescimento
e manutenção desses tecidos, bem como para o reparo tecidual e a cicatrização
de lesões. Outras ações dos IGFs incluem a decomposição de triglicerídeos e
aumento da disponibilidade de ácidos graxos na corrente sanguínea; e a
decomposição de glicogênio no fígado, aumentando a disponibilidade da glicose.
Alterações na produção do GH podem causas distúrbios conhecidos
como nanismo, gigantismo e acromegalia. Procure explicar como se
desenvolvem e quais são as principais características de pacientes com essas
condições.

FINALIZANDO

Consolidamos, nesta abordagem, os conhecimentos a respeito da


organização e funcionamento do sistema endócrino, suas glândulas e seus
hormônios. Iniciamos com a retomada das principais características anatômicas
e localização das glândulas endócrinas, diferenciando os tipos de hormônios
produzidos, segundo sua classificação a partir da sua origem, do tipo de receptor
no órgão-alvo ou da sua classe química.
A partir dessas informações, destacamos o eixo hipotálamo-hipófise como
o centro de controle neuroendócrino de todas as glândulas corporais, que são

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inibidas ou estimuladas dependendo do hormônio hipotalâmico ou hipofisário
recebido, no mecanismo de retroalimentação ou feedback negativo, na maioria
das vezes. Todos os hormônios da hipófise foram listados, bem como a ação de
cada um deles no organismo.
Os hormônios tireoidianos, T3 e T4, foram relacionados ao controle do
metabolismo corporal, enquanto o equilíbrio na concentração plasmática de
cálcio é de responsabilidade da calcitonina e do paratormônio produzido pelas
paratireoides. Alterações na concentração dos hormônios da tireoide podem
trazer distúrbios conhecidos como hipertireoidismo e hipotireoidismo.
A concentração sanguínea de glicose é controlada pelos hormônios
insulina, glucagon e somatostatina, produzidos pelo pâncreas endócrino, e a
diminuição da produção de insulina ou a resistência a esse hormônio estão
relacionadas ao diabetes tipo 1 e tipo 2, respectivamente.
Por fim, aprendemos que as glândulas adrenais produzem hormônios
mineralocorticoides, glicocorticoides e androgênios, responsáveis,
principalmente, pela resposta ao estresse e equilíbrio nas concentrações de
água e sais, com consequente controle da pressão arterial.

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REFERÊNCIAS

AIRES, M. de M. Fisiologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2018.

HALL, J. E.; GUYTON, A. C. Tratado de Fisiologia Médica. 14. ed. Rio de


Janeiro: Guanabara Koogan, 2021.

MOLINA, P. E. Fisiologia Endócrina. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2021.

MOURÃO JR., C. A. Fisiologia Humana. 2. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2021.

SILVERTHORN, D. U. Fisiologia Humana. 7. ed. Porto Alegre: Artmed, 2017.

WIDMAIER, E. P. et al. Fisiologia Humana. 14. ed. Rio de Janeiro: Guanabara


Koogan, 2017.

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